Para evitar aglomerações, será o fim dos prédios superaltos?

Prédios superaltos não tendem a ser extintos, mas seguirão um novo protocolo de sustentabilidade. Crédito: Fu Xing
Prédios superaltos não tendem a ser extintos, mas seguirão um novo protocolo de sustentabilidade.
Crédito: Fu Xing

Por causa da pandemia de Coronavírus, projetos de prédios superaltos enfrentam empecilhos governamentais nas principais economias do mundo. A começar pela China, que lidera o ranking desse tipo de construção. Em 2019, os chineses entregaram 57 edificações com mais de 200 metros de altura. No entanto, o risco de aglomerações e contágios fez a China rever sua legislação para esse tipo de empreendimento. Coincidentemente, o país foi o primeiro a ser alvo da COVID-19. 

Em decisão tomada em maio de 2020, o governo chinês simplesmente proibiu construções que superem os 500 metros e restringiu severamente as que ultrapassarem 250 metros. O comunicado partiu do ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural, que também definiu uma política restritiva à atuação de grandes escritórios internacionais de arquitetura no país. A medida, alinhada com opiniões expressas do presidente Xi Jinping, busca valorizar a arquitetura chinesa e pôr fim ao período de construções suntuosas.

Já nos Estados Unidos - berço dos arranha-céus -, novos projetos de edifícios superaltos também estão passando por um pente-fino governamental. Um exemplo é o Tribune East Tower, cujas obras devem começar em 2022. O prédio, que deve alcançar 433 metros de altura, precisou se submeter a uma série de exigências da prefeitura de Chicago, nos Estados Unidos, para ser aprovado. Após 2 anos de negociações, sua construção foi liberada mediante a garantia de que o empreendimento empregará 5.500 pessoas no canteiro de obras.

Edificações de grande porte podem oferecer dificuldades para medidas sanitárias

Outro obstáculo para esse tipo de construção está no quadro recessivo que as principais economias devem enfrentar na pós-pandemia. Uma série de projetos de arranha-céus foi simplesmente adiada no Canadá, na França, no Japão, no Reino Unido e até nos países árabes, outro pólo de grandes arranha-céus. Organismos como OMC (Organização Mundial do Comércio) e FMI (Fundo Monetário Internacional) estimam que a recessão global em 2020 deve ser negativa de 3%, podendo chegar a -10% em algumas economias do G20.

Outra razão para que os projetos de prédios superaltos sofram retração está no fato de que essas edificações oferecem dificuldades para medidas sanitárias. Durante a epidemia de COVID-19 na China, uma construção habitacional localizada em Hong Kong, e com mais de 30 pavimentos, teve que ser totalmente colocada em quarentena depois que verificaram que as tubulações de água e esgoto do edifício estavam contaminadas pelo Coronavírus. No prédio foram confirmados 23 casos da COVID-19.    

No entender de um grupo de especialistas em mobilidade urbana, urbanismo e arquitetura, ouvido recentemente pelo Fórum Mundial do Ambiente Construído (do inglês, World Built Environment Forum), apesar das novas barreiras, os prédios superaltos não tendem a ser extintos, mas seguirão um novo protocolo de sustentabilidade. Para os analistas, as virtudes dessas edificações devem ser absorvidas por projetos de edifícios menores e até casas. Entre elas, as janelas hermeticamente fechadas e sistemas sofisticados de ar-condicionado e purificação do ar.

Entrevistado
Fórum Mundial do Ambiente Construído (World Built Environment Forum) (via assessoria de imprensa)
Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano Council on Tall Buildings and Urban Habitat) (via assessoria de imprensa)

Contato
ricschina@rics.org
press@ctbuh.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Para FMI, construção civil retoma crescimento em 2021

É consenso entre as análises sobre a construção civil que setor terá crescimento negativo em 2020, mas retomará viés de alta em 2021. Crédito: Via Assessoria
É consenso entre as análises sobre a construção civil que setor terá crescimento negativo em 2020, mas retomará viés de alta em 2021.
Crédito: Via Assessoria

Estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a construção civil vai cair 5,2% no continente latino-americano em 2020, com boa perspectiva de retomada em 2021, podendo crescer 3,4%. O levantamento usa dados da Federação Interamericana da Indústria da Construção (FIIC) e se aproxima de levantamentos divulgados pela consultoria GlobalData, que estima retração de 5,5% do setor em 2020.

Antes da pandemia de Coronavírus, a projeção era que a construção na América Latina cresceria, em média, 2,3% neste ano. Porém, independentemente da queda prevista para 2020, o presidente da Federação Interamericana da Indústria da Construção (FIIC), Sergio Toretti, confia na retomada do crescimento em 2021. Por um simples motivo: o setor é fundamental para que a economia do continente supere a crise na pós-pandemia.

“Não há qualquer dúvida de que a construção será o vetor para superar a crise. Por várias razões. Primeiro, é um grande gerador de empregos; segundo, é um motor de reativação econômica muito importante e de efeito imediato, por causa do tamanho da cadeia produtiva que envolve. Vai desde grandes construtoras até microempresas prestadoras de serviço, passando por fabricantes de materiais e de equipamentos”, diz.

 No continente latino-americano, o maior declínio esperado é para a já combalida Venezuela, com expectativa de queda de 15%. Em seguida, virá a Argentina, cuja construção civil deve cair 10%, acompanhada de México e Brasil, que poderão retroceder entre 6% e 8%. Já os países onde o impacto será menor são Chile, Peru e Uruguai. Guatemala, El Salvador, Honduras e Paraguai também sentirão com menos força os danos da crise, estima a FIIC.

Infraestrutura pode ser promissora ferramenta para que governos gerem emprego

No continente latino-americano, o FMI avalia que o segmento voltado à construção habitacional deverá ter queda de até 50% nas vendas. No plano da infraestrutura, também se projeta um recuo equivalente a 45%. Porém, o Fundo Monetário Internacional considera que a infraestrutura pode ser uma promissora ferramenta para que os governos contratem mão de obra e alavanquem as economias de seus respectivos países. 

“A crise vai aumentar o déficit de infraestrutura em nosso continente. Isso obrigará ações conjuntas do setor público e do setor privado. É a única maneira de conseguir viabilizar obras, pois sozinho o poder público não terá recursos. Tampouco o setor privado. Será a oportunidade para produzir eficazes parcerias público-privadas em nossos países”, cita o presidente da Federação Interamericana da Indústria da Construção.

Apesar do otimismo emitido pela FIIC, a economista Dariana Tani, da GlobalData, acredita que os desafios não serão pequenos para a América Latina. "A demanda global mais lenta deve derrubar os preços das commodities e desvalorizar moedas. Também haverá queda significativa nos níveis de turismo e de serviços, aumentando o desemprego. São fatores que devem impactar a indústria da construção civil no curto prazo após a pandemia", analisa a consultoria, em seu mais recente boletim. 

Entrevistado
Federação Interamericana da Indústria da Construção (FIIC) (via assessoria de imprensa)
GlobalData consultoria (via assessoria de imprensa)
Fundo Monetário Internacional (via assessoria de imprensa)

Contato
fiic@fiic.la
pr@globaldata.com
RR-BRA@imf.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Blocos de concreto ganham a primeira biblioteca BIM

Setor de blocos de concreto é o primeiro da indústria da construção a abranger todos os seus produtos na tecnologia BIM.  Crédito: Pinterest
Setor de blocos de concreto é o primeiro da indústria da construção a abranger todos os seus produtos na tecnologia BIM.
Crédito: Pinterest

Parceria entre ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), BlocoBrasil (Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto) e SENAI permitiu a criação da primeira biblioteca brasileira de blocos de concreto dentro da plataforma BIM (Building Information Modelling, na sigla em inglês). O lançamento ocorreu em maio de 2020 e possui várias interfaces para as fases de planejamento, projeto e construção de empreendimentos com sistemas construtivos que utilizam blocos de concreto. A biblioteca desenvolvida está adequada à ABNT NBR 6136:2016 (Blocos Vazados de Concreto para Alvenaria - Requisitos). 

A plataforma contempla todas as famílias de blocos de concreto de vedação e estrutural produzidas no Brasil. Segundo o supervisor de projetos e tecnologia do Instituto SENAI, Rogério da Silva Moreira, que coordenou o desenvolvimento da ferramenta, a biblioteca BIM teve a preocupação de ser a mais abrangente possível. “Ela envolve a totalidade das famílias de blocos de concreto atualmente disponível no mercado brasileiro, e validada pelos fabricantes. Isso garante critérios de segurança, confiabilidade e qualidade aos projetistas, construtoras, arquitetos e engenheiros de cálculo. Também dá mais agilidade a todo o processo construtivo”, diz.  

Rogério da Silva Moreira destaca ainda a importância da ferramenta. “É um marco do uso do BIM no setor da construção civil. É o primeiro case de uma biblioteca completa sobre um produto. O setor de blocos de concreto também é o primeiro segmento da indústria da construção a desenvolver uma ferramenta que abrange a totalidade de seu uso em alvenaria estrutural”, ressalta. Para reforçar, o presidente da BlocoBrasil, Lúcio Silva, vê a ferramenta como uma inovação importante para o setor. “Destaco dois aspectos estratégicos da biblioteca BIM: redução dos custos da obra e a chamada do setor para a inovação”, completa.

Ferramenta desenvolvida pelo SENAI prioriza edificações residenciais com 4 pavimentos

A edificação modelada no BIM para blocos de concreto é do padrão residencial multifamiliar, composto por 4 apartamentos por andar, com 43 m² cada. O prédio possui 4 pavimentos e a circulação vertical conta com escadas e guarda-corpo na parte interna das paredes. Para o supervisor de projetos e tecnologia do Instituto SENAI, a ferramenta atende 3 desafios para que a tecnologia BIM ganhe cada vez mais espaço na construção civil brasileira. “Esses desafios são os seguintes: disponibilidade de bibliotecas, profissionais conhecedores da tecnologia e normalização. Para disseminar o conhecimento, o SENAI oferece cursos de treinamento”, revela.

Além disso, a BlocoBrasil disponibiliza o download gratuito do manual para operar a biblioteca BIM para blocos de concreto. O trabalho de montagem da ferramenta começou em setembro de 2019. “A principal característica dessa biblioteca BIM em relação a outras bibliotecas é que ela contempla toda a família de blocos de concreto. Além disso, as informações estão parametrizadas para que o projetista, de maneira prática e simplificada, possa cruzar todas as informações relevantes para o seu projeto”, resume Rogério da Silva Moreira.

Se inscreva e faça o download diretamente no site da BlocoBrasil

Se preferir baixe o pdf.

Veja vídeo sobre como funciona a biblioteca BIM para blocos de concreto

Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Biblioteca BIM da Indústria de Blocos de Concreto”

Contato
todospelaconstrucao@ethos.solutions

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


“Novo normal” impulsiona conceito de Construção Enxuta

Lean Construction: na pós-pandemia, metodologia tende a ganhar espaço nos canteiros de obras. Crédito: Banco de Imagens
Lean Construction: na pós-pandemia, metodologia tende a ganhar espaço nos canteiros de obras.
Crédito: Banco de Imagens

Lean Construction, ou Construção Enxuta, é um conjunto de procedimentos que busca melhorar processos, reduzir desperdícios e criar novas formas de projetar e construir. Segundo os que seguem o conceito, a metodologia funciona como uma lupa para detectar atividades que não agregam valor à obra. Dentro do quadro de “novo normal” imposto pela pandemia de Coronavírus, a Construção Enxuta tende a potencializar futuros projetos das construtoras. 

Porém, alertam os especialistas, Lean Construction não é uma caixa de ferramentas, mas uma filosofia de produção. Eles também avisam que a implantação se dá a médio e longo prazo - normalmente, de seis meses a um ano. “Quando os resultados são obtidos, geram dados interessantes na gestão da produção, no cumprimento de prazos, na eliminação de restrições. É possível reduzir o desperdício no canteiro de obras em até 10%”, assegura o engenheiro civil André Quinderé. 

No webinar “Lean Construction na prática”, do qual participou, Quinderé afirma que não há restrição para aplicar os procedimentos em pequenas construtoras. “A Lean Construction se adapta à realidade da empresa”, assegura. Também foi comentado que o maior desafio para o sucesso da metodologia está nos serviços terceirizados dentro do canteiro de obras. Dados mostram que movimentos errados da mão de obra geram aumento de 16% nos gastos e no atraso do cronograma da construção.

Inspirada em conceitos japoneses, metodologia tem 11 pontos primordiais

A terceirização é vista como a vilã da Construção Enxuta por que ocorrem muitas mudanças de time de uma obra para outra. Com isso, fica difícil fazer a mão de obra absorver os conceitos e adequar a metodologia à cultura da empresa. Os especialistas que participaram do webinar disseram que, quando isso ocorre, a Lean Construction pode gerar mais ônus que bônus, além de não conseguir cumprir seus 11 pontos primordiais, que são:
1. Reduzir atividades que não agregam valores ao produto.
2. Aumentar o valor do produto, de acordo com as necessidades do cliente.
3. Redução da variabilidade dos produtos e das entregas.
4. Redução no tempo de ciclo de produção.
5. Simplificar através da diminuição do número de passos ou partes de um processo.
6. Aumentar a flexibilidade do produto, tornando-o mais customizável.
7. Aumentar a transparência do processo.
8. Controlar o processo global, e não somente suas partes.
9. Introduzir a melhoria contínua no processo.
10. Balancear as melhorias entre o fluxo e as conversões.
11. Aplicar o benchmarking para estar sempre acompanhando as melhores práticas do setor.

Criados em 1992, os conceitos de Lean Construction chegaram recentemente ao Brasil. Em 2016, o Sebrae lançou uma cartilha para orientar os primeiros passos da metodologia. Apesar de ter sido idealizado pelo finlandês Lauri Koskela, a Construção Enxuta segue muitos conceitos surgidos no Japão, como o próprio sistema Toyota de produção.  Baseia-se também em ferramentas como Kaizen (melhoria contínua), 5S (senso de utilização, senso de organização, sendo de limpeza, senso de saúde e senso de autodisciplina) e Kanban (controle de fluxo de produção).

Veja a cartilha do Sebrae sobre Lean Construction

Assista ao webinar “Lean Construction na prática”

Entrevistado
Reportagem com base nas informações expostas no webinar “Lean Construction na prática”

Contato
ascom@softplan.com.br
lean@lean.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Na pandemia, imóveis diferenciados mantêm mercado

Com a adoção do home office permanente, escritórios tendem a encolher na pós-pandemia. Crédito: Cushman & Wakefield/Divulgação
Com a adoção do home office permanente, escritórios tendem a encolher na pós-pandemia.
Crédito: Cushman & Wakefield/Divulgação

O distanciamento social por causa do Coronavírus trouxe uma nova realidade para o mercado imobiliário. Segundo a Buildings, especializada em pesquisa imobiliária corporativa, 80% das empresas brasileiras estimam ter escritórios menores na pós-pandemia. O motivo está relacionado ao fato de que boa parte de seus colaboradores passará a trabalhar em home office, efetivamente. Por outro lado, esses profissionais que serão deslocados para atuar em casa se movimentam para dar um upgrade em suas residências, ou seja, buscam unidades maiores, mais confortáveis e que sejam diferenciadas. 

Entre as características que se destacam, estão espaço para home office e garden. “Veremos a busca por escritórios menores e casas maiores”, diz Fernando Didziakas, sócio da Buildings. A análise é confirmada por Marcos Kahtalian, sócio da BRAIN e vice-presidente de banco de dados do SindusCon-PR. Segundo ele, imóveis diferenciados que oferecem qualidade de vida estão mantendo o mercado, mesmo na crise. O especialista aponta ainda que casas e sobrados tendem a ter maior demanda que apartamentos, por causa do distanciamento social. Porém, ressalta que apartamentos de alto padrão seguem em alta, seja para morar ou investir.

Velho depósito nos fundos de uma casa inspirou a construção de um home office. Crédito: MW Architects
Velho depósito nos fundos de uma casa inspirou a construção de um home office.
Crédito: MW Architects

Quem destaca o investimento em imóveis é Fernando Razuk, vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO). “Em um momento de taxas de juros baixa, é comum os investidores buscarem investimentos de maior risco, em busca de mais rentabilidade. Porém, ações de empresas listadas na Bolsa de Valores, fundos multimercados e títulos públicos, entre outros, costumam sofrer grandes oscilações em momentos de crise, podendo gerar perdas aos investidores. O mesmo não ocorre com o valor dos imóveis, que têm oscilações de valores muito menores que ativos financeiros”, diz. 

Pesquisa mostra números do mercado imobiliário, após impacto da COVID-19

No entanto, os analistas de mercado compartilham da tese de que o “novo normal” vai exigir espaços diferenciados nos imóveis, a fim de que eles se diferenciem. Segundo opiniões, os conceitos de antes da pandemia vão mudar. “Vínhamos de uma tendência muito forte dos apartamentos compactos, grandes escritórios e espaços de trabalho compartilhado. A pandemia fez refletir sobre esse modelo imposto e nos levou a focar na qualidade de vida. Agora, a prioridade é por soluções direcionadas à melhoria da nossa moradia”, afirma Thomaz Assumpção, CEO da Urban Systems.

Home office passou a ser peça diferenciada para quem projeta, compra ou investe em imóveis. Crédito: MW Architects
Home office passou a ser peça diferenciada para quem projeta, compra ou investe em imóveis.
Crédito: MW Architects

A fim de entender o impacto da COVID-19 no mercado imobiliário, a Brain Inteligência Estratégica realizou duas pesquisas (com empresários do setor da construção civil e consumidores) e obteve os seguintes números: 78% dos empresários vão manter os lançamentos, mas atrasá-los, enquanto 13% pretendem lançar sem atrasos e apenas 2% vão cancelar o lançamento. Quanto aos clientes, 55% mantiveram a intenção de comprar após a pandemia, mas apenas 16% efetivaram o negócio. Entre os que ainda vão comprar, 42% prorrogarão por tempo indefinido o prazo para decidir a aquisição. A pesquisa intitula-se “Coronavírus: impactos e desafios no mercado imobiliário”.

Veja a pesquisa completa

Assista ao vídeo “Coronavírus: impactos e desafios no mercado imobiliário” - parte 1

Assista ao vídeo “Coronavírus: impactos e desafios no mercado imobiliário” - parte 2

Acompanhe a vídeo-aula “Vendas imobiliárias no momento atual”

Entrevistado
Buildings Pesquisas Imobiliárias (via assessoria de imprensa)
Marcos Kahtalian, sócio da BRAIN e vice-presidente de banco de dados do SindusCon-PR

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contato@buildings.com.br
e-brain@brain.srv.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Indústria do cimento perto da alforria do coque de petróleo

Caroço de açaí tem sido utilizado na região norte como combustível alternativo no coprocessamento da indústria de cimento. Crédito: ASCOM SEDEME
Caroço de açaí tem sido utilizado na região norte como combustível alternativo no coprocessamento da indústria de cimento.
Crédito: ASCOM SEDEME

Ao participar de webinar promovido pela Concrete Show, o presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), Paulo Camillo Penna, anunciou que o setor está cada vez mais próximo de se libertar da dependência do coque do petróleo como principal combustível para os fornos das cimenteiras. Segundo Penna, a pandemia de Coronavírus tende a acelerar a “alforria”, através de investimento maior no coprocessamento de combustíveis alternativos e resíduos industriais. 

“O coque é dolarizado e isso encarece o processo industrial. Com maior investimento no coprocessamento, reduzimos o custo e criamos alternativas para enfrentar a crise, como sempre fizemos. Somos um setor irrequieto e inovador e estamos próximos de substituir mais de 50% do coque por resíduos. Esse percentual tende a aumentar, conforme parcerias com as prefeituras permitam que utilizemos também resíduos sólidos urbanos”, destaca o dirigente, frisando que a indústria de cimento no Brasil é a mais sustentável do mundo.

Paulo Camillo Penna cita que a indústria de cimento brasileira alcançou esse estágio de sustentabilidade alicerçada em 4 pilares: adições, combustíveis alternativos, eficiência energética e tecnologia de captura e estocagem de carbono, o que explica os baixos percentuais de emissão de CO2 do setor. “No mundo, a indústria de cimento é uma das que mais emite CO2, responsável por cerca de 7% do total de emissões. Mas no Brasil, o setor emite menos da metade disso, ou seja, um percentual inferior a 3,5%”, explica.  

Para sustentar o compromisso com o coprocessamento de resíduos, a indústria de cimento não para de se reinventar. Ela mapeia cada vez mais os combustíveis alternativos nas várias regiões do país. “Hoje, usamos casca de babaçu e caroço de açaí nas indústrias localizadas na região norte; no sul, palha de arroz; no centro-oeste, cavaco de madeira, e em Minas Gerais, moinha de carvão. Ao agregar esses resíduos na produção de cimento, o que estamos fazendo é gestão de risco”, afirma Camillo Penna. 

Ele compara o movimento constante da indústria de cimento, na busca de soluções que mitiguem os impactos por ela causados, ao que a pós-pandemia de Coronavírus vai impor ao planeta. “A pandemia vai exigir uma nova indústria, um novo país e um novo mundo. Ao se adaptar constantemente às mudanças que a economia e a sociedade impõem, a indústria cimenteira está habilitada aos desafios desse momento”, completa o presidente da ABCP e do SNIC.

Pavimento de concreto e coprocessamento ajudam a reduzir impacto do Custo Brasil  

Indústria de cimento integra o Movimento Brasil Competitivo, cujas propostas foram apresentadas recentemente ao governo federal. Crédito: Marcos Corrêa/PR
Indústria de cimento integra o Movimento Brasil Competitivo, cujas propostas foram apresentadas recentemente ao governo federal.
Crédito: Marcos Corrêa/PR

Com a visão estratégica peculiar do setor, a indústria de cimento se aliou ao estudo coordenado pelo Movimento Brasil Competitivo e pelo Boston Consulting Group, o qual busca avaliar a performance do país em 12 itens que são inerentes à atividade industrial. Entre eles, tributo, mão de obra, infraestrutura, crédito etc. Os números levantados foram comparados à média das nações que integram a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O resultado é que o chamado Custo Brasil drena anualmente 1,5 trilhão de reais - equivalente a 22% do PIB nacional -, o que demonstra o quanto o país perde em competitividade na comparação com o grupo da OCDE - organismo do qual o Brasil pleiteia ser país-membro.

Para melhorar a performance nacional, a indústria de cimento apresentou dois projetos relacionados com a infraestrutura: investimento em pavimento rígido e em coprocessamento. “O custo de uma rodovia em concreto é mais vantajoso que o asfalto em qualquer circunstância. Isso vale também para o pavimento urbano. Quando ao coprocessamento, ele também ataca diretamente o Custo Brasil, já que mitiga impactos ambientais e enfrenta o consumo do coque do petróleo, reduzindo nosso custo de produção”, finaliza Paulo Camillo Penna. 

Assista ao vídeo completo do webinar “Como o setor cimenteiro está se preparando para a retomada pós-crise”

Conheça os programas de Responsabilidade Socioambiental da Itambé 

Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Como o setor cimenteiro está se preparando para a retomada pós-crise”, promovido pela Concrete Show, e que entrevistou Paulo Camillo Penna, presidente da ABCP e do SNIC

Contato
dcc@abcp.org.br
snic@snic.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Áustria cria tecnologia que acelera construção de pontes

Equipamento tem movimento inspirado no abre-fecha dos guarda-chuvas e dispensa fôrmas. Crédito: TU Wien
Equipamento tem movimento inspirado no abre-fecha dos guarda-chuvas e dispensa fôrmas.
Crédito: TU Wien

O departamento de engenharia da Universidade de Tecnologia de Viena (TU Wien), na Áustria, desenvolveu uma fôrma hidráulica que permite acelerar a construção de pontes e viadutos de concreto moldados in loco. O equipamento foi inspirado no mecanismo de abre-fecha dos guarda-chuvas. De que maneira? Uma estrutura vertical oca recebe as armaduras de aço e se move até alcançar a posição horizontal em que a viga será construída. Quando o processo de alinhamento termina, as fôrmas são preenchidas com concreto para conceber a superestrutura da ponte. 

O equipamento, que dispensa guindastes, foi testado pela primeira vez no trecho da nova rodovia que liga a Áustria à Hungria. Os engenheiros envolvidos com a tecnologia asseguram que ela garante mais agilidade na construção de pontes e viadutos com até 120 metros de comprimento. “A maneira tradicional de construir uma ponte pré-moldada acontece com a montagem de peça por peça. Neste caso, é necessário utilizar andaimes e pilares para sustentar as vigas. Com o novo sistema, construir pontes é muito mais simples, mais rápido, mais barato e gera menos impacto ambiental”, diz Johann Kollegger, do Instituto de Engenharia Estrutural da TU Wien.

Armaduras das vigas são montadas dentro do mecanismo, que após se alinhar horizontalmente pode receber concreto. Crédito: TU Wien
Armaduras das vigas são montadas dentro do mecanismo, que após se alinhar horizontalmente pode receber concreto.
Crédito: TU Wien

O engenheiro civil explica como a nova tecnologia pode tornar mais ágil a construção de pontes e viadutos. “O processo de montagem do equipamento leva cerca de três horas e os elementos podem ser configurados entre dois a três dias, ao contrário das pontes convencionais, que levam meses para serem montadas”, destaca. Os primeiros testes foram realizados em 2010 e a tecnologia - garantem os pesquisadores da TU Wien - está totalmente desenvolvida e já foi usada na construção de duas pontes na Áustria, ambas na autopista conhecida como S7. A primeira em outubro de 2019, sobre o rio Lahnbach, com 100 metros de comprimento; a segunda em fevereiro de 2020, cruzando o rio Lafnitz, com 116 metros.

Sistema permite construir obras de arte de médio porte com vãos de até 72 metros

Cada viga construída com a tecnologia pesa cerca de 50 toneladas e permite vão de até 72 metros entre os pilares de sustentação. “Está provado que a tecnologia funciona perfeitamente. Esperamos sua consolidação na construção de pontes em todo o mundo", prevê Johann Kollegger. Outra vantagem da estrutura é que o custo da manutenção é baixo. “A construção em si é extremamente sustentável e a manutenção dessas pontes também é menos complexa", explica Andreas Fromm, diretor-administrativo da concessionária que administra a S7.

Construção ocorre rapidamente e a estrutura de uma ponte ou viaduto pode ficar pronta em semanas. Crédito: TU Wien
Construção ocorre rapidamente e a estrutura de uma ponte ou viaduto pode ficar pronta em semanas.
Crédito: TU Wien

A construção das duas pontes custou 17,3 milhões de euros (cerca de 105 milhões de reais). Já o trecho de toda a rodovia está estimado em 700 milhões de euros (aproximadamente 4,2 bilhões de reais). As obras eram para ser concluídas em 2021, mas a pandemia de Coronavírus que também atingiu a Áustria adiou o cronograma para 2023. Outro desafio da obra de infraestrutura é a construção de dois túneis para vencer uma cadeia montanhosa na região, ambos com 3 quilômetros de comprimento. A S7 foi projetada para suportar tráfego de 29 mil veículos por dia, a fim de atender principalmente o turismo na região.  

Assista vídeo que mostra a montagem de vigas para pontes

Entrevistado
Johann Kollegger, engenheiro civil e professor do departamento de estruturas da Universidade de Tecnologia de Viena

Contato
johann.kollegger@tuwien.ac.at

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Impressão 3D em concreto viabiliza eólicas com 170 m

O braço robótico e impressora 3D já estão em teste na Universidade da Califórnia. Atualmente, a startup, em parceria com outra universidade - a Universidade de Purdue, na Indiana-EUA - trabalha na pesquisa do concreto especial que será usado para erguer as torres eólicas. O estudo envolve tipos de cimento, de areia, de outros agregados e de aditivos químicos. O desafio é controlar a estabilidade do concreto quando ele ainda estiver em estado fresco, haja vista que a impressão dispensa o uso de fôrmas.

Em seguida, serão construídas duas torres como protótipos, com 140 metros e 170 metros de altura. A metade inferior das estruturas será em concreto e a metade superior em aço com formato de cone. Já as fundações das torres serão construídas através do método convencional, que utiliza concreto armado. O local em que serão erguidas as torres ainda não está oficialmente definido, mas a Califórnia é o mais cotado.

O projeto de construção das eólicas com o uso de impressoras 3D surgiu em 2017 e a previsão é que os envolvidos no desenvolvimento da tecnologia estejam prontos para executá-lo em 2022. A expectativa é que as torres permitam gerar energia a um custo 60% mais barato que as usinas eólicas convencionais. Uma das razões é que a logística de transporte das peças pré-moldadas de concreto até o local de instalação das usinas encarece a produção de energia eólica.

Se tecnologia for bem sucedida, plano envolve construir usinas em alto-mar 

Se o resultado de construir com impressora 3D for promissor, os desenvolvedores da tecnologia já têm um novo desafio: viabilizar torres offshore, ou seja, para usinas que venham a ser instaladas em alto-mar. Jason Cotrell, fundador e CEO da RCAM Technologies, estima ser possível erguer torres 100% de concreto ao custo de 100 dólares por tonelada, enquanto no método tradicional, utilizando apenas aço, esse valor pode chegar a 6 mil dólares por tonelada.

As torres projetadas para o alto-mar teriam, em média, 50 metros de altura, o que ajudaria a reduzir o custo. As pesquisas contam com o apoio da Associação Americana de Energia Eólica (American Wind Energy Association [AWEA]), com o objetivo de dar competitividade a essa fonte de energia alternativa, frente à energia solar e energia de gás natural, bastante utilizadas nos Estados Unidos. 

Em 2019, a energia eólica, segundo a AWEA, superou a produção de 100 GW nos EUA, gerou investimento de US$ 14 bilhões em novos projetos e forneceu US$ 1,6 bilhão em pagamentos de royalties a proprietários de terras.  No Brasil, os dados mais recentes da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) apontam que 619 usinas estão em funcionamento no país, com capacidade instalada de 15,4 GW. O volume pode crescer mais 2 GW, após a entrada em operação de novos parques eólicos que estão em construção. 

Entrevistado
Jason Cotrell, fundador e CEO da RCAM Technologies (via assessoria de imprensa)
Associação Americana de Energia Eólica (American Wind Energy Association [AWEA]) (via assessoria de imprensa)
ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) (via assessoria de imprensa)

Contato
Contact@RCAMTechnologies.com
press@awea.org
abeeolica@abeeolica.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Para especialistas, cidades e jeito de construir vão mudar

Salas de aula a céu aberto na era pós-pandemia: arquitetos imaginam mudanças na forma de construir. Crédito: Curl la Tourelle Head
Salas de aula a céu aberto na era pós-pandemia: arquitetos imaginam mudanças na forma de construir.
Crédito: Curl la Tourelle Head

Engenheiros civis e arquitetos foram convocados a opinar sobre mudanças que devem ocorrer no urbanismo e na mobilidade urbana quando o período da pós-pandemia de Coronavírus chegar. Para eles, as cidades irão mudar. A tendência é que as metrópoles passem a ter múltiplos centros. A prioridade será evitar grandes deslocamentos, aglomerações e o uso intenso do transporte público. 

Outra alteração a caminho está relacionada à valorização dos espaços públicos a céu aberto, às adaptações nas estruturas habitacionais e às construções feitas para grandes concentrações de pessoas, como estádios e shopping centers. Isso, no entender dos especialistas, irá alterar também o jeito de construir. “É perceptível que estamos sentindo falta do espaço público e do ambiente aberto. Isso vai trazer uma valorização desse tipo de local”, diz o arquiteto Marcelo Nudel.

Restaurante com cúpula envidraçada e arejada: COVID-19 deve impor novas concepções arquitetônicas. Crédito: Dezeen
Restaurante com cúpula envidraçada e arejada: COVID-19 deve impor novas concepções arquitetônicas.
Crédito: Dezeen

O engenheiro civil Ulysses Mourão entende que a forma de usar os espaços públicos pela população será diferente pela mudança de hábito que tem sido provocada pela COVID-19. No entanto, ele avalia que as transformações não serão repentinas. “Podem ocorrer mudanças na forma de construir novos ambientes coletivos, mas isso levará um pouco mais de tempo, já que envolve investimentos, projetos e a construção propriamente dita”, analisa.

Já o arquiteto e urbanista Daniel Corsi, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, ressalta que o distanciamento social pode levar à descentralização de polos urbanos. “Isso é positivo, porque não é mais possível resolver tudo a partir de um único centro. A cidade precisa ser policêntrica, ou seja, ter uma estrutura mais diluída em que a pessoa consegue ter todos os serviços básicos e fundamentais perto de sua residência”, cita.

Novas estruturas comerciais podem nascer no lugar de áreas industriais desativadas

Escritórios menores, individualizados e permeados por áreas verdes: cidades e edificações terão que se adaptar ao “novo normal”. Crédito: Dezeen
Escritórios menores, individualizados e permeados por áreas verdes: cidades e edificações terão que se adaptar ao “novo normal”.
Crédito: Dezeen

Nesse sentido, o uso de brownfields (áreas industriais desativadas) para a construção de ativos imobiliários - parques, centros comerciais e edifícios residências - pode ajudar nessa descentralização. “Com a crise, as brownfields estão ficando mais baratas e podem ser uma oportunidade para o desenvolvimento desse tipo de produto. Esses locais podem ganhar um novo uso, se adequando à realidade que virá na pós-pandemia”, completa Ulysses Mourão.

Outra tendência colocada no debate por Hewerton Bartoli, presidente da Abrecon (Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição), é que a forma de consumir também será revista. “Mais da metade do resíduo da construção é inerte (concreto e alvenaria). Isso significa que entre 50% e 70% é passível de beneficiamento. Precisaremos repensar a forma de consumo, porque os materiais são finitos, como a areia e a rocha, nesse caso. Podemos priorizar a aplicação dos materiais reciclados ao invés dos materiais naturais em diferentes áreas no setor”, analisa. 

Teatros ao ar livre e shopping centers com grandes vãos livres para a circulação das pessoas: distanciamento social vai exigir novos projetos. Crédito: Dezeen
Teatros ao ar livre e shopping centers com grandes vãos livres para a circulação das pessoas: distanciamento social vai exigir novos projetos.
Crédito: Dezeen

O grupo que participou do webinar “Impactos ambientais da Covid-19 no setor da construção” também avalia que as construções com certificações vão passar a dominar o mercado no pós-pandemia. “As certificações que levam em conta o ciclo de vida de materiais estarão em alta. Junto com elas, crescerá também a construção industrializada, pois tem o benefício de poder mapear melhor o ciclo de vida, já que a produção ocorre no ambiente fabril”, finaliza Nuldel.

Assista ao webinar “Impactos ambientais da Covid-19 no setor da construção”

Entrevistado
Reportagem com base nos debates mostrados no webinar  “Impactos ambientais da Covid-19 no setor da construção”, promovido pela Sobratema

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Só com ações conjuntas construção civil volta a crescer

Conseguir manter os canteiros de obras em atividade durante a pandemia foi uma das vitórias do setor da construção civil. Crédito: Agência Brasil
Conseguir manter os canteiros de obras em atividade durante a pandemia foi uma das vitórias do setor da construção civil.
Crédito: Agência Brasil

Dados apresentados em conjunto por CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção ) e AFEAL (Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio) mostram que 77% das empresas ligadas a essas associações de classe estão operando normalmente. 

O mesmo estudo revela que 55% estão preparadas para a retomada e 42% farão investimentos ainda este ano, mesmo com a crise desencadeada pela pandemia de Coronavírus. Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, trata-se de uma reação a uma crise em cima de outra crise.  “Estamos vivendo uma crise em cima da crise. Está difícil para todos, mas temos de olhar pelo lado da oportunidade. O Brasil só pode sair do buraco tendo a construção como locomotiva”, afirma.

Luiz Antônio França, presidente da Abrainc, concorda que estímulos à construção civil é que poderão puxar o PIB do Brasil. “Somos nós que temos condições de impulsionar a retomada”, diz. A mesma tese é compartilhada por Rodrigo Navarro, presidente da Abramat. “Precisamos agora planejar a retomada da retomada. A pandemia não estava nos planos. Estamos buscando novas formas de superar os desafios, e temos que ser protagonistas. Isso é um trabalho de todos”, ressalta.

Para o presidente da Anamaco, Waldir Abreu, o varejo da construção civil está se reinventando. “Nossa grande vantagem é que em nenhum momento as lojas pararam, porque o setor foi visto como uma atividade essencial. Estão todas ou abertas ou operacionais para dar conta dos atendimentos emergenciais”, relata. Todos os dirigentes participaram do webinar “Virando o jogo: a retomada da construção civil pós-COVID-19”.

Venda de material de construção cresceu em abril, na comparação com março

Por isso, juntas, as associações de classe apresentaram um plano estratégico com três linhas de ação: seleção e envio de informações qualificadas aos associados e membros; interação constante com os governos federal, estaduais e municipais e compartilhamento interno de melhores práticas entre associados, membros e outras entidades. 

Já o plano tático inclui reunião semanal do comitê de crise, disponibilização de dados em área específica nos sites das entidades e participação em grupos de trabalho e comitês, sejam eles governamentais ou não. "Com isso, apresentamos vários pleitos aos governos e fomos bem sucedidos, como, por exemplo, com os decretos que estabeleceram que o setor de material de construção e a construção civil são atividades essenciais", comenta Navarro.

São reações como essas que fizeram com que as vendas da indústria de material de construção crescessem 3,6% em abril, na comparação com março, quando eclodiu a pandemia no Brasil. Por outro lado, se levados em conta os números de abril de 2019, as vendas do mês anterior caíram 4,7%. Diante do quadro ainda incerto, a Abramat já revê as projeções lançadas no começo de 2020, quando estimava que o crescimento anual do setor seria de 4%. “Diante das incertezas sobre os rumos do país, ainda não conseguimos refazer as projeções para 2020, mas a expectativa de uma retração tornou-se um cenário mais provável”, finaliza Rodrigo Navarro.

Assista ao vídeo do webinar “Virando o jogo: a retomada da construção civil pós-COVID-19”

Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Virando o jogo: a retomada da construção civil pós-COVID-19”, com os presidentes da CBIC, Abrainc, Abramat, Anamaco e AFEAL

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