No século 19, Paraíba teve protótipo de fábrica de Cimento Portland

Fachada externa do forno da fábrica de Cimento Portland construída na região perto de João Pessoa-PB 
Crédito: José Alysson Dehon Moraes Medeiros
Fachada externa do forno da fábrica de Cimento Portland construída na região perto de João Pessoa-PB

Crédito: José Alysson Dehon Moraes Medeiros

Tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), coordenada pelo engenheiro civil José Alysson Dehon Moraes Medeiros, revela que em 1892 operou na Ilha de Tiriri, perto de João Pessoa-PB, o protótipo de uma fábrica de Cimento Portland no Brasil. A unidade funcionou por 6 meses e faliu por causa de falhas na gestão e pela dificuldade na logística e na manutenção dos equipamentos, apesar de a região ser rica em calcário e argila - matéria-prima para a produção do material.

Documentalmente comprovada a existência da fábrica, ela coloca o país como pioneiro na América Latina em produção de Cimento Portland. No mundo, fica atrás apenas de países europeus e dos Estados Unidos. No entanto, a ABCP e o SNIC, por causa da longevidade na produção, reconhecem como a 1ª fábrica no Brasil a Companhia de Cimento Portland de Perus, em São Paulo-SP. A unidade iniciou as operações em 1926 e foi completamente desativada em 1987, conforme tese de doutorado apresentada na UNESP, em 2001.

A pesquisa coordenada por José Alysson Dehon Moraes Medeiros contou com uma força-tarefa formada por equipes do Laboratório de Tecnologia de Novos Materiais (Tecnom) da UFPB e especialistas em ciência forense. Descobriu-se que a fábrica da Ilha de Tiriri usou tecnologia alemã em seus fornos e foram coletados vestígios de cimento na área de 9 mil m2 que eram ocupadas pela fábrica. A investigação contou com recursos de fotogrametria aérea em 3D. As análises permitiram confirmar a fabricação de Cimento Portland no local.

Prédio da fábrica que muda o curso da história sobre a produção de Cimento Portland na América Latina
 Crédito: José Alysson Dehon Moraes Medeiros
Prédio da fábrica que muda o curso da história sobre a produção de Cimento Portland na América Latina

Crédito: José Alysson Dehon Moraes Medeiros

Para José Alysson Dehon Moraes Medeiros, independentemente de a fábrica ter prosperado ou não, como a de Perus, não há como negar que a unidade de Tiriri foi a primeira a produzir Cimento Portland no Brasil, e na América Latina. “Apesar do termo ‘protótipo’, não foi isso que revelei na pesquisa. Para mim a fábrica não foi idealizada como um teste ou modelo para a construção de outras. Ela foi idealizada e construída para operar normalmente em escala industrial, ainda que pequena para a época”, afirma.

O estudo também serve de ponto de partida para outras pesquisas. Entre elas, sobre o envelhecimento do Cimento Portland e a evolução do material até os tempos atuais. “Isso é fantástico na ciência e torna as ruínas de Tiriri ainda mais especiais para este tipo de estudo”, diz o coordenador da descoberta. A pesquisa despertou o interesse de pesquisadores de países como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Irlanda, Canadá, China, Austrália, China (Hong Kong) e Panamá. O orientador da tese é o professor Sandro Marden, chefe do Tecnom.

Investigações para comprovar a existência da fábrica na Ilha de Tiriri duraram 4 anos

As investigações para comprovar a existência da fábrica na Paraíba duraram 4 anos e a conclusão da tese muda o curso da história sobre a produção de Cimento Portland na América Latina. Antes, creditava-se a uma fábrica cubana de 1895 o pioneirismo dessa atividade no continente. Porém, ela entrou em operação depois da unidade paraibana, que produzia o “Cimento Portland Brazileiro”. O material foi usado em obras como a construção da cadeia pública de João Pessoa, reservatórios de água e na conclusão do teatro Santa Rosa.

Os pesquisadores defendem que a descoberta na Ilha de Tiriri seja reconhecida como sítio de arqueologia industrial e aceito no conjunto de patrimônios culturais do Estado da Paraíba. “É um bem que atende plenamente aos requisitos necessários para se constituir como parte integrante do patrimônio cultural, devendo, assim, receber o reconhecimento e proteção legais, visando sua preservação”, alerta José Alysson Dehon Moraes Medeiros.

Leia a tese sobre a descoberta da fábrica de cimento na Ilha de Tiriri

Veja a tese sobre a Companhia de Cimento Portland de Perus

Entrevistado
Reportagem com base na tese de doutorado “Cimento Portland na Ilha de Tiriri: História, Vestígios e Caracterização dos Materiais”

Contato
alysson.jadmm@gmail.com

 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Nos EUA, pré-fabricados e pré-moldados têm uso ilimitado

Museu da Estátua da Liberdade: estrutura tem 347 elementos e é capaz de suportar furacões e inundações 
Crédito: PCI
Museu da Estátua da Liberdade: estrutura tem 347 elementos e é capaz de suportar furacões e inundações

Crédito: PCI

O Precast/Prestressed Concrete Institute (PCI), equivalente norte-americano à Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto), elegeu recentemente as 25 melhores obras do biênio 2019/2020 em pré-fabricado e pré-moldado dos Estados Unidos, além de 5 menções honrosas. Para o presidente do organismo, Bob Risser, a premiação mostra que a versatilidade da construção industrializada nos EUA já está ao alcance de todos os tipos de projetos. “O concreto pré-moldado não é apenas uma solução prática para muitos desafios de construção, mas também uma solução estética”, diz.

Entre os premiados pelo PCI estão o museu da Estátua da Liberdade, em Nova York, e o monumento às vítimas do voo 93, de 11 de setembro de 2001, que caiu na Pensilvânia após os passageiros entrarem em confronto com terroristas dentro da aeronave. Uma ponte, um hospital, um edifício-garagem, prédios residenciais e outras obras completam o amplo espectro de atuação da construção industrializada nos Estados Unidos. O segmento, aliás, está cada vez mais vinculado a projetos que utilizam a modelagem BIM e conceitos de obra sustentável.

Entre as construções eleitas pelo PCI, duas se destacam: o museu da Estátua da Liberdade e a ponte Marc Basnight, na Carolina do Norte. No caso do museu de 4.650 m2, o concreto pré-fabricado atendeu os requisitos de conforto térmico solicitados no projeto e também viabilizou a instalação de um telhado verde sobre a edificação. Outro fator que influenciou é que instalar um canteiro de obras na ilha onde se encontra a estátua seria muito desafiador e caro. Optou-se, então, por transportar as peças pré-moldadas através de embarcações e montá-las na área em que seria construído o museu.

Estruturas capazes de suportar furacões e fortes correntes marítimas

Ponte Marc Basnight: com 1.459 elementos, obra é a terceira maior superestrutura de concreto industrializado da América do Norte
 Crédito: PCI
Ponte Marc Basnight: com 1.459 elementos, obra é a terceira maior superestrutura de concreto industrializado da América do Norte

Crédito: PCI

Foram 347 elementos, montados em 6 meses. A estrutura da edificação foi projetada para suportar furacões e inundações na ilha. No subsolo do museu há 84 compartimentos retangulares de concreto para receber águas de enchentes e expeli-las por bombeamento. "Após o furacão Sandy [que atingiu a costa leste dos EUA em 2012] calculamos as estruturas para suportar os mais rigorosos fenômenos climáticos em 500 anos”, explica o projetista Dan Piselli, que complementa sobre o sucesso da obra: “Só uma solução com pré-fabricados de concreto permitiu viabilizar esse projeto.”

Quanto à ponte Marc Basnight, ela corta o canal Oregon Inlet, conhecido por suas correntes marítimas que mudam constantemente e pelos ventos fortes. Por isso, suas 669 estacas de concreto pré-moldado estão a 40 metros abaixo do fundo do mar. A obra foi projetada para ter vida útil mínima de 100 anos e sua construção envolveu o uso de 1.459 elementos, com comprimentos que variam de 25 metros a 106 metros. Com 4,5 quilômetros de extensão, a ponte é considerada a terceira maior superestrutura de concreto industrializado da América do Norte. Seu custo foi de 252 milhões de dólares.

Principais projetos vencedores do PCI Design Awards 2020

  • Museu da Estátua da Liberdade, em Nova York
  • Ponte Marc Basnight, na Carolina do Norte
  • Teatro da Murphysboro High School, em Illinois
  • Centro médico Mount Sinai, em Miami-Flórida
  • Edifício-garagem St. Armands, em Sarasota-Flórida
  • Memorial ao Voo 93, na Pensilvânia
  • Biblioteca pública de Wichita-Kansas
  • Hotel Indigo, em Madison-Wisconsin
  • Edifício residencial 1323 Morse Avenue, em Chicago
  • Edifício corporativo Millwright Building, em Minneapolis
  • Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em Tucson-Arizona
  • Estádios de beisebol SunTrust Park, em Atlanta
  • Prédio do Júri de Nashville, no Tennessee

 

Entrevistado

Precast/Prestressed Concrete Institute (PCI) (via assessorial de imprensa)


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tbagsarian@pci.org

 

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Japão faz concreto substituindo areia por cinza vulcânica

Por causa de sua resistência (em torno de 20 MPa) o concreto desenvolvido no Japão tem sido usado apenas na construção de casas com até dois pavimentos Crédito: Jérémie Souteyrat
Por causa de sua resistência (em torno de 20 MPa) o concreto desenvolvido no Japão tem sido usado apenas na construção de casas com até dois pavimentos
Crédito: Jérémie Souteyrat

Com o auxílio de pesquisadores da Universidade de Tóquio, uma construtora japonesa especializada em projetos residenciais passou a substituir o concreto armado convencional por um concreto alternativo. O material usa cinzas vulcânicas da ilha de Kyushu, no sul do Japão - um recurso natural disponível em grandes volumes na região -, em vez de areia como agregado fino. 

Antes de testar o concreto em obras, os pesquisadores realizaram vários ensaios em laboratório, durante 1 ano. O que inspirou o estudo foram as experiências romanas de 2.000 anos atrás. “Os construtores do Império Romano usaram cinzas de fluxos piroclásticos em estruturas de concreto como o Panteão, há 2.000 anos, o que nos inspirou a criar uma versão japonesa”, diz Yasuhiro Yamashita, arquiteto-chefe da construtora Atelier Tekuto. 

Na ilha de Kyushu, as erupções têm um fenômeno chamado de fluxo piroclástico, que mistura gás quente, matéria vulcânica, cinzas e fragmentos de rocha. Isso gera um agregado mais consistente que a areia, dizem os pesquisadores. “Conseguimos um concreto de alta densidade, além de grande capacidade de absorção e reação pozolânica natural. Isso o torna particularmente forte e durável”, explica o engenheiro.

Outra razão para o uso do concreto alternativo é que a areia de rio está cada vez mais escassa no Japão e a importação também é restrita. Além disso, o país estuda banir o uso de areia de origem marítima nas construções. Por isso, tanto a construtora que incentivou a pesquisa quanto a Universidade de Tóquio retiraram o sigilo do estudo para que outros construtores possam utilizar o concreto alternativo. 

Casal de médicos estimulou a reativação da pesquisa e o uso prático do concreto inovador

Tanto a construtora que incentivou a pesquisa quanto a Universidade de Tóquio retiraram o sigilo do estudo para que outros construtores possam utilizar o concreto alternativo Crédito: Jérémie Souteyrat
Tanto a construtora que incentivou a pesquisa quanto a Universidade de Tóquio retiraram o sigilo do estudo para que outros construtores possam utilizar o concreto alternativo
Crédito: Jérémie Souteyrat

Os dados estão na plataforma digital Rede Regional de Utilização de Material (RMUN). “Estamos convictos de que o concreto Shirasu (nome com que o material foi batizado no Japão) pode trazer grandes benefícios econômicos para a região", avalia Yasuhiro Yamashita, que ao procurar a Universidade de Tóquio desengavetou uma pesquisa que havia iniciado nos anos 1990, mas não avançou. Na época, o principal objetivo do estudo era encontrar um substituto para o uso de areia do mar em obras.

Em 2006, a prefeitura de Kagoshima lançou o “Manual para projeto e construção do concreto Shirasu com agregado fino vulcânico”. Porém, não houve avanços. A pesquisa foi reativada em 2016, quando um casal de médicos bioquímicos procurou a construtora Atelier Tekuto e propôs um projeto de casa em concreto aparente, mas com baixa emissão de CO2. “Eles queriam uma peça desafiadora de arquitetura que não agredisse o meio ambiente. Com a ajuda de engenheiros e arquitetos recuperamos o estudo e conseguimos viabilizá-lo”, responde Yasuhiro Yamashita.

Ao mostrar a viabilidade de um concreto mais sustentável, o arquiteto e sua equipe ganharam três prêmios internacionais: o WAN Concrete, concedido pelo Japan Concrete Institute; o excelência em construção, do American Concrete Institute, e o concretos especiais, da fib (Federação Internacional do Concreto). Por causa de sua resistência (em torno de 20 MPa) o concreto desenvolvido no Japão tem sido usado apenas na construção de casas com até dois pavimentos. Desde a sua aplicação prática, o material já foi usado em mais de 20 projetos de residências em Tóquio e região.

Entrevistado
Construtora Atelier Tekuto (via área de comunicação)

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info@tekuto.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Como está a durabilidade das estruturas de concreto?

Vertedouro da barragem de Itaipu: hidrelétrica de 46 anos é exemplo de que a engenharia brasileira sabe construir com durabilidade Crédito: Itaipu Binacional
Vertedouro da barragem de Itaipu: hidrelétrica de 46 anos é exemplo de que a engenharia brasileira sabe construir com durabilidade
Crédito: Itaipu Binacional

Quatro reconhecidos acadêmicos e pesquisadores participaram recentemente de uma live promovida pelo IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) para debater o estágio atual da durabilidade das estruturas de concreto em obras no Brasil. Cesar Daher, José Marques Filho, Daniel Véras Ribeiro e Edna Possan entendem que houve um avanço significativo nos métodos de projetar e na concepção de materiais, mas avaliam que a engenharia civil tem esbarrado na execução e na manutenção, o que compromete a durabilidade. 

Para José Marques Filho, professor-doutor da UFPR, o concreto é uma cadeia produtiva baseada em ciência e tecnologia e, para dominá-la, é preciso ter conhecimento. Porém, segundo ele, melhoraram as ferramentas, mas pioraram os engenheiros, o que também afeta a durabilidade. “Durabilidade tem uma grande complexidade. Para que obras sejam duráveis é necessário conhecer esses processos. Será que alguém que projeta hoje sabe o que deixa uma estrutura mais ou menos porosa, sabe o que significa tamanho do cobrimento, domina as regras para que o concreto passe entre as armaduras?”, questiona.

O professor-doutor da UFPR aproveitou para alertar sobre a qualidade do ensino da engenharia civil no Brasil. “Melhoramos as ferramentas de projeto, mas pioramos os engenheiros que usam as ferramentas. Por quê? Porque o estudo de engenharia civil no país está inadequado. Engenharia deve ser baseada em resolução de problemas e na interligação de conceitos. Porém, veja só o que acontece atualmente: o estudo das patologias do concreto passou a ser disciplina optativa em alguns cursos de graduação. Isso numa época em que durabilidade é um dos eixos da sustentabilidade. Então, o Brasil, que já foi campeão mundial do concreto armado, precisa se reencontrar com sua melhor engenharia”, diz.

Construção industrializada do concreto é caminho para viabilizar obras duráveis

Cesar Daher, sócio-fundador do grupo IDD e diretor do IBRACON, salienta que seguir a normalização é fundamental para projetar concreto pensando na longa durabilidade. Já Daniel Véras, que é professor da UFBA e diretor-regional da ALCONPAT Brasil e do IBRACON, cita que recentemente houve um avanço fantástico de cálculos estruturais, criando estruturas cada vez mais esbeltas, mas que passaram a ficar muito próximas dos limites. “Isso acaba colocando a durabilidade em risco. À medida que a estrutura é mais esbelta, cresce a preocupação do projetista com os materiais e com a execução”, alerta.

Por fim, a professora-doutora Edna Possan, da Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA), acredita que a construção industrializada do concreto possa ser um caminho para aumentar a durabilidade das estruturas. “Resistência, durabilidade, desempenho, vida útil, ciclo de vida e sustentabilidade são variáveis com as quais a construção industrializada se preocupa bastante”, afirma. A engenheira civil lembra ainda que a qualidade do cimento também pesa na durabilidade do concreto. Para concluir, ela frisa que a hidrelétrica de Itaipu, que recentemente completou 46 anos, é o grande exemplo de que a engenharia brasileira sabe construir com durabilidade. “Todas as virtudes da boa construção estão naquele monumento da engenharia”, finaliza.

Assista ao vídeo “Durabilidade das Estruturas de Concreto - Mitos e Verdades”

 

Entrevistado
Reportagem com base em live promovida pelo IBRACON, intitulada “Durabilidade das Estruturas de Concreto - Mitos e Verdades”

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office@ibracon.org.br

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Setor imobiliário segue imune a distratos e inadimplência

A pandemia de Coronavírus não fez crescer o volume de distratos de contratos imobiliários nem aumentou o volume de inadimplência entre os que financiam imóveis. A constatação está na pesquisa nacional realizada pela consultoria KPMG, com as principais construtoras e incorporadoras do país. Os dados apresentados revelam que 57% das empresas não sofreram impactos relevantes com distratos e que 43% disseram não ter registrado aumento de inadimplência. Porém, 57% admitiram renegociações com clientes.

Outra informação relevante trazida na pesquisa é que 67% das que responderam não enfrentam nenhum risco de liquidez. Da mesma forma, 76% não estimam alguma quebra de covenants financeiros, ou seja, não possuem indicadores que possam influenciar negativamente em seus balanços. Para Alan Riddell, sócio da KPMG Corporate Finance São Paulo, construtoras e incorporadoras estão tomando as decisões certas ao capitalizar com venda de ativos não-estratégicos, diversificar fundings, prolongar dívidas e analisar oportunidades de crescimento.

A pesquisa também revelou que a maior preocupação dos CEOs e CFOs das empresas é com a pós-pandemia. Grande parte dos entrevistados revelou que fará mudanças relevantes nos projetos a serem lançados. Por isso, 57% das respondentes disseram que postergarão novos empreendimentos até que exista um cenário mais claro. Segundo Eduardo Tomazelli, sócio do departamento de auditoria e membro de Financial Services da KPMG, essa já era uma situação esperada no setor da construção civil.

Com dados obtidos através da pesquisa, o especialista avalia que as empresas saíram da zona de impacto com a pandemia e estão, no momento, atravessando as etapas de resiliência e reação, que envolvem preocupação com a gestão de caixa, manutenção de liquidez, adesão a medidas governamentais, estabilização operacional, bem-estar de funcionários e manutenção do trabalho remoto. Quanto à posição de reavaliar projetos, Eduardo Tomazelli disse que essa é uma tendência mundial no mercado imobiliário.

Cenário internacional de real estate é de adaptação ao “novo normal”

De acordo com os coordenadores da pesquisa no Brasil, os entrevistados nos Estados Unidos percebem a busca por apartamentos maiores, a fim de adequar uma área de home office ou de casas mais espaçosas em regiões suburbanas dos grandes centros urbanos. Já na Europa observa-se um movimento contrário, ou seja, investidores e demais interessados em comprar imóveis estão sinalizando que preferem novas unidades nas regiões mais centrais das cidades para facilitar os deslocamentos. Percebeu-se isso mais intensamente em Portugal, Espanha e França. 

Na Ásia e na Austrália, há cenários diferentes. Países como Japão e China, por exemplo, acreditam que o período de resiliência será maior. No mercado japonês existe ainda um fator que tem pesado no mercado imobiliário: o adiamento dos jogos olímpicos para 2021. Houve grande investimento em construção de hotéis e unidades residenciais na região de Tóquio, os quais agora não encontram consumidores. Quanto à China, onde o mercado imobiliário representa 25% do PIB do país, existe a expectativa de que uma fatia maior de chineses invista suas economias em imóveis no pós-pandemia. Antes da COVID-19, 80% da riqueza dos chineses já era alocada em imóveis. Com relação à Austrália, o país vive sua primeira recessão em 40 anos e a KPMG detectou que o mercado imobiliário precisará de um período maior para reagir ao impacto da crise.  

Assista à apresentação detalhada da pesquisa

Entrevistado
Reportagem com base na pesquisa “Cenários e perspectivas do mercado imobiliário residencial”, realizada pela KPMG

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csertorio@kpmg.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Construção civil será modelo na volta ao trabalho

Considerada atividade essencial, construção civil tem seguido todos os protocolos estabelecidos para a prevenção contra o Coronavírus nos canteiros de obras Crédito: Banco de Imagem
Considerada atividade essencial, construção civil tem seguido todos os protocolos estabelecidos para a prevenção contra o Coronavírus nos canteiros de obras
Crédito: Banco de Imagem

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, juntamente com outros ministérios do governo federal, está definindo protocolos para que todos os setores produtivos do país possam voltar às atividades normais quando a curva de contaminação por Coronavírus decrescer. Segundo ele, o modelo a ser seguido será o da construção civil, considerada essencial para a economia do país e que não paralisou durante a pandemia. 

A construção civil soube se proteger, diz Guedes, citando que o setor opera com 93% da capacidade produtiva. Atualmente, segundo levantamento da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste estão com todas as obras em andamento, assim como Amapá e Amazonas, na região norte. Já no nordeste, as construtoras de Pernambuco estão apenas com obras públicas em andamento. 

Ainda na região nordeste, a Paraíba está dividida. Em João Pessoa e na região metropolitana, as obras estão paralisadas, mas no interior operam normalmente. Os únicos estados em que as obras estão totalmente paradas são Piauí e Sergipe. Por outro lado, Alagoas, Rio Grande do Norte e Maranhão operam com 100% na construção civil, enquanto Bahia e Ceará retomaram as atividades no começo de junho.    

Segundo o ministro da Economia, ao saber controlar o ritmo de operação dos canteiros de obras, a construção civil teve uma taxa de contaminação baixíssima na comparação ao volume de trabalhadores envolvidos. “O setor soube proteger, testar, monitorar e tratar, reduzindo drasticamente os contágios”, afirma. Desde o início da epidemia no Brasil, 10 trabalhadores da construção morreram em função da COVID-19, em um universo de 2 milhões de pessoas que atuam com carteira assinada, e diretamente no segmento.

Segurança no trabalho é lei dentro da construção civil bem antes da COVID-19

Sobre os protocolos que estão em análise no governo federal, o ministro Paulo Guedes defende que o retorno seguro ao trabalho seja segmentado. “Não vai ser todo mundo ao mesmo tempo. Será por unidades geográficas. Nas regiões com maior densidade demográfica, o risco de contágio é maior. Então tudo isso vai ser examinado, com base em relatórios. Quando a saúde permitir, e der o sinal de que está na hora de avançar, avançaremos”, diz.

A presidente da comissão de responsabilidade social da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ana Cláudia Gomes, revela porque o setor serve de modelo para que o governo federal defina protocolos. “As entidades de classe da construção civil e as empresas estão indo além das medidas protetivas e sanitárias estabelecidas. Elas se preocupam também com o trabalhador no trajeto de volta ao lar e com ele no contato com sua família”, revela.

Vale lembrar que bem antes da pandemia se instalar no Brasil, a segurança no trabalho é lei dentro da construção civil. A presença de trabalhadores no canteiro só é permitida mediante o uso adequado de equipamentos individuais de proteção (EPIs). Por isso, objetos como máscara, luvas, óculos de segurança e capacete não são novidades para quem atua em obras. É o que permite ao trabalhador do setor sair na frente no que se refere à proteção contra a COVID-19.

Entrevistado
Ministério da Economia (via assessoria de imprensa)

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imprensa@economia.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Trinta anos depois, Exército volta a construir ferrovias

FIOL conta com fábrica de dormentes de concreto protendido e consome 1.600 peças a cada quilômetro. Crédito: Agência Brasil
FIOL conta com fábrica de dormentes de concreto protendido e consome 1.600 peças a cada quilômetro.
Crédito: Agência Brasil

A entrada do Exército brasileiro em um trecho da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) marca o reencontro da engenharia militar com obras para o tráfego de trens, após 30 anos. Desde 1990, quando participou da construção da Ferroeste, no Paraná, o Exército não atuava em projetos ferroviários. “A mesma competência que tivemos com a participação do Exército nas obras da BR-163 estamos trazendo para a Ferrovia Oeste-Leste”, comemora o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.

A participação da engenharia militar será no trecho entre Bom Jesus da Lapa e São Desidério, ambos municípios baianos. O comando das obras estará a cargo do 4º Batalhão de Engenharia de Construção (4º BEC), de Barreiras-BA, e do 2º Batalhão Ferroviário, de Araguari-MG. Segundo o ministro, a entrada do Exército busca dar agilidade à obra, a fim de que seu cronograma seja cumprido. “Planejamos trazer o Exército para dar impulso à FIOL e poder finalizá-la até 2022”, afirma.

A FIOL está dividida em 3 trechos. O 1º será concedido à iniciativa privada, através de concessão a ser definida até o final de 2020; o 2º está em construção e percorrerá 485,4 quilômetros, com execução liderada pela Valec e investimento de 3 bilhões de reais, e o 3º ligará a FIOL à ferrovia Norte-Sul, no Tocantins. O corredor ferroviário, que está com 39% de suas obras concluídas, é estratégico para escoar a produção agrícola, alcooleira e mineral das regiões nordeste e norte do país para os portos de Ilhéus, na Bahia, e Itaqui, no Maranhão. 

O projeto da FIOL prevê 1.527 quilômetros de extensão. Seu traçado passará por 64 municípios, dos quais 46 somente na Bahia. A construção da ferrovia exigiu que fosse montada em São Desidério-BA uma fábrica para a produção de dormentes de concreto protendido. Por se tratar de uma ferrovia exclusivamente para o transporte de carga, exige-se que o espaçamento entre os dormentes seja de 62,5 centímetros, ou seja, a cada quilômetro a ferrovia consome 1.600 dormentes.

Plano do governo federal é investir 30 bilhões de reais em ferrovias

De acordo com o ministério da Infraestrutura, o plano é investir 30 bilhões de reais em ferrovias, atraindo principalmente o setor privado. O primeiro contrato de concessão foi assinado em 2019, e envolve a Ferrovia Norte-Sul, no trecho entre Porto Nacional-TO e Estrela D'Oeste-SP. Em 2020, além da FIOL, está prevista também a concessão da Ferrogrão, projeto com origem em Cuiabá-MT e término em Santarém-PA. O objetivo é aumentar a malha ferroviária, que segundo estudo da Fundação Dom Cabral, responde por apenas 5,4% do escoamento da produção do país.

Independentemente dos trechos a serem colocados para concessão, a engenharia militar tende a ser parceira em várias das obras futuras. Recentemente, o governo do Paraná e o Exército abriram negociações para atuar na construção do ramal ferroviário entre Cascavel-PR e Foz do Iguaçu-PR, que vai unir a Ferroeste à futura Nova Ferrovia - obra com 1.370 quilômetros, entre o porto de Paranaguá e Maracaju, no Mato Grosso do Sul. Esse projeto também tem o interesse do grupo RZD International, que opera no sistema ferroviário da Rússia.

Confira o mapa ferroviário do Brasil (amplie imagem para ver detalhadamente)
mapa_ferroviario

Assista ao vídeo das obras da FIOL

Entrevistado
Ministério da Infraestrutura (via assessoria de imprensa)

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aescom@infraestrutura.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Pandemia é janela de oportunidades para engenheiros civis

Olhar flexível, resiliência e adaptatividade são características que beneficiam os engenheiros no mercado de trabalho. Crédito: Banco de Imagens
Olhar flexível, resiliência e adaptatividade são características que beneficiam os engenheiros no mercado de trabalho.
Crédito: Banco de Imagens

Em webinar promovido pelo Instituto de Engenharia, a psicóloga Cynthia Mastropacha sinaliza caminhos para que os profissionais da engenharia civil enxerguem na pandemia de COVID-19 “janelas de oportunidades”, a fim de abrirem novos caminhos profissionais e se reinventarem dentro da atividade. Na palestra, intitulada “Como se preparar para um novo normal profissional”, a especialista, que também exerce a função de coach de carreira, cita que o primeiro passo é se relacionar de forma diferente com a tecnologia.

“O mundo está online e todos os setores precisam diminuir a resistência e se adaptar às mudanças que se impõem. Um exemplo: antes da pandemia, as empresas tinham resistência ao home office. Hoje, todos já percebem que esse modo de trabalho remoto veio para ficar. Ou seja, paradigmas estão se renovando, tanto para as empresas como para os colaboradores e a sociedade em geral. Tudo mudou. De hábitos de consumo, a negócios, estudos, trabalho, saúde, higiene, religião, lazer, relacionamentos e ações de solidariedade”, diz.

Sobre a engenharia e suas ramificações, a coach avalia que a pós-pandemia deve gerar alternativas novas de atuação dentro da carreira. “É importante mapear oportunidades profissionais, pois novos modelos de atuação devem surgir dentro da carreira com a pós-pandemia. Por isso, é necessário buscar a inovação, pois a imprevisibilidade do momento requer repensar os formatos atualmente em prática. Consequentemente, o novo normal profissional vai mudar o comportamento do mundo corporativo”, avalia.

Empresas também serão desafiadas a oferecer oportunidades a jovens engenheiros

Dentro da palestra, Cynthia Mastropacha realça qual o perfil dos que podem aproveitar as janelas de oportunidade. “Vai se destacar o profissional que sabe se autogerenciar. Por outro lado, estará ainda mais valorizado o trabalho em equipe”, afirma. A psicóloga ressalta também que os desafios estão colocados e que, nesse ambiente, os engenheiros civis e os demais profissionais de engenharia são peças importantes no mercado de trabalho para encontrar novas soluções.

A especialista vê mais um ponto a favor dos engenheiros com as mudanças causadas pela COVID-19. “Nas empresas, o foco será em resultados e não em controle de tarefas. Enfim, novas regras, novas formas de trabalhar e um novo mundo corporativo vão surgir a partir dessa pandemia. Por isso, os engenheiros terão papel importante. O profissional da engenharia tem um olhar mais flexível, mais resiliente e mais adaptativo, além de uma mentalidade de solução que o momento atual exige”, comenta. 

Perguntada se os jovens profissionais que estão entrando no mercado de trabalho encontrarão mais ou menos oportunidades na nova realidade, Cynthia Mastropacha entende que isso vai depender das empresas conseguirem desenvolver departamentos de RH mais estratégicos. “Já vejo isso em startups e nas corporações que atuam em novos negócios. A empresa é um ecossistema e a oferta de novas oportunidades gera um círculo virtuoso para a própria companhia”, conclui.

Assista ao webinar “Como se preparar para um novo normal profissional”

Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Como se preparar para um novo normal profissional”, concedido pela coach Cynthia Mastropacha ao Instituto de Engenharia

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www.youtube.com/channel/UCso5RlWuTdPJ1M7JYKUUaUA/videos

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


COVID-19 levará construção sustentável a novo patamar

Previsão é que prédios verdes tenham que cumprir mais exigências para garantir certificações. Crédito: Banco de Imagens
Previsão é que prédios verdes tenham que cumprir mais exigências para garantir certificações.
Crédito: Banco de Imagens

Já é certo que a pandemia de COVID-19 afetou o dia a dia, os hábitos da sociedade e as relações sociais e profissionais. Da mesma forma, as construções sustentáveis também vão sentir as mudanças. Especialistas do setor avaliam que as certificações ficarão mais rigorosas e ganharão novos critérios. Aspectos como qualidade interna do ar, conforto, biofilia (equilíbrio entre área construída e área verde), ventilação e iluminação natural, entre outras práticas que promovem a saúde e a qualidade de vida de quem ocupa uma edificação, sairão valorizados na pós-pandemia. 

Deverá ocorrer também um novo olhar para as certificações. Para Maíra Macedo, gerente de projetos e certificações do Green Building Council Brasil, os selos que abrangem residências tendem a se valorizar. Entre eles, o GBC CASA & Condomínio, que tem como objetivo questões de conforto, saúde e bem-estar dos moradores. "A casa agora monopoliza todas as atividades do indivíduo e de sua família, ou seja, trabalho, refeições, lazer e descanso. Mais do que nunca, a residência passou a ter uma importância vital em nosso dia a dia", destaca.

É previsto que o mercado de green buildings ganhará um novo patamar. Também é esperado que as exigências para que os prédios verdes mantenham seus certificados sejam revistas, preveem os especialistas. Para Marcos Bensoussan, diretor da divisão latino-americana da NSF International - organização norte-americana de teste, inspeção e certificação de produtos -, o rigor será maior para evitar a proliferação da síndrome dos edifícios doentes. “Os prédios estão vazios ou com atividades reduzidas, mas os sistemas hídricos e de ar-condicionado continuam lá, com águas paradas em seus encanamentos e acumulando poeira, podendo proliferar vírus e bactérias”, alerta.

Projetos residenciais, corporativos e de mobilidade urbana também terão um “novo normal”

Os especialistas em construções sustentáveis entendem que as escolas serão igualmente atingidas pelas mudanças que virão na pós-pandemia. As análises fazem parte do relatório do World Green Building Council (WorldGBC). Segundo o documento, a partir da nova realidade imposta pelo Coronavírus os edifícios escolares deverão buscar a excelência em itens como qualidade do ar, iluminação, temperatura e acústica. “São melhorias sustentáveis que não só ajudam a preservar a saúde como auxiliam alunos a alcançarem todo o seu potencial”, diz trecho do documento.

Da mesma forma, engenheiros civis e arquitetos que atuam no segmento da construção sustentável avaliam que as cidades também serão impactadas pelo “novo normal”. Além dos projetos residenciais e corporativos, os processos construtivos e a mobilidade urbana serão revistos em uma série de pontos. Para os analistas, o momento é de reinvenção e duas palavras devem balizar o ambiente construído a partir de agora: saúde e bem-estar. 

Acesse a série de palestras no canal do Green Building Council Brasil

Entrevistado
Reportagem com base na série de palestras concedidas ao Green Building Council Brasil, sobre o impacto da pandemia na construção sustentável.

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


ABNT se abre às reuniões digitais para normas técnicas

Reuniões via web impediram que distanciamento social paralisasse revisões de normas técnicas nos comitês da ABNT.  Crédito: ABNT
Reuniões via web impediram que distanciamento social paralisasse revisões de normas técnicas nos comitês da ABNT.
Crédito: ABNT

O distanciamento social não paralisou a produção e a revisão de normas técnicas. Pelo contrário, os efeitos da COVID-19 aceleraram processos dentro dos comitês e das comissões de estudo da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) graças às reuniões digitais. Tanto o novo presidente da ABNT, o engenheiro civil Mario William Esper, como a nova superintendente do Comitê Brasileiro da Construção Civil (CB-002), a engenheira civil Lilian Sarrouf, passaram a apoiar o uso da tecnologia online. Para eles, os debates via web “agilizam os processos de normalização”. 

Um dos comitês da ABNT que primeiro aderiram às reuniões via web foi o CB-018 (Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados). Durante o início da pandemia de Coronavírus no Brasil, o grupo que atua na revisão da ABNT NBR 7212 (Concreto dosado em central) se encontrou virtualmente para dar prosseguimento aos trabalhos. A própria superintendente do comitê, a engenheira civil Inês Battagin, é incentivadora do uso da tecnologia. Trata-se de uma forma para dar celeridade aos 40 projetos de normas técnicas que aguardam para serem revisadas, publicadas e criadas, e que estão sob a guarda do CB-018.

Em junho de 2020, o Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados vai se encontrar 4 vezes através de reuniões à distância, para tratar das seguintes normas técnicas:  ABNT NBR 7212 (Execução de concreto dosado em central - Procedimento); ABNT NBR NM 124 (Cimento e Clínquer - Análise química - Determinação dos óxidos de Ti, P e Mn) e ABNT NBR NM 14 (Cimento Portland - Análise química - Método de arbitragem para determinação de dióxido de silício, óxido férrico, óxido de alumínio, óxido de cálcio e óxido de magnésio); ABNT NBR 15498 (Placa de fibrocimento sem amianto - Requisitos e métodos de ensaio); ABNT NBR 16886 (Concreto - Amostragem de concreto fresco); ABNT NBR 16887 (Concreto - Determinação do teor de ar em concreto fresco - Método pressométrico), e ABNT NBR 16889 (Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone).

Web é ferramenta para atualizar normalização defasada da construção civil

Recentemente, em webinar promovido pelo SindusCon-PR, o líder do Gant (Grupo de Acompanhamento de Normas Técnicas), Roberto Matozinhos, afirmou que a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) também tem incentivado as reuniões online, inclusive auxiliando os comitês para que tenham acesso às tecnologias disponíveis na web. “Os encontros online tendem a ser o ‘novo normal’ na pós-pandemia. Por duas razões: dão agilidade às decisões e tornam os processos mais democráticos, haja vista que amplia a participação de interessados de todo o país e não apenas dos grandes centros urbanos”, resume. 

No webinar, que debateu também os principais pontos da revisão da ABNT NBR 15575 (Norma de Desempenho), os participantes foram unânimes em afirmar que as reuniões digitais serão fundamentais para que o grande volume de normas técnicas que carecem de revisão seja atualizado. Matozinhos relatou que, atualmente, 40% das normas vinculadas ao CB-002 não são revisadas há 15 anos. “O procedimento será uma ferramenta útil para encaminhar esses projetos”, diz. O líder do Gant também destaca que os encontros online servirão para atender grupos de normas que estão defasados.

Roberto Matozinhos explica que atualmente, dentro das normas técnicas relacionadas com a construção civil, existem 484 que especificam materiais e sistemas construtivos, 421 de controles tecnológicos e 70 de execução de serviços. No entender do engenheiro civil, os comitês devem se concentrar em publicar mais normas sobre execução de serviços. “A meu ver é um número baixo o que existe hoje”, avalia. Para o líder do Gant, as reuniões via web vão auxiliar no enfrentamento dessa defasagem. 

Assista ao webinar “Normas Técnicas - Os principais pontos em revisão na Norma de Desempenho”

Entrevistado
- ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) (via assessoria de imprensa)
- Gant (Grupo de Acompanhamento de Normas Técnicas da CBIC) (via assessoria de imprensa)
- Webinar “Normas Técnicas - Os principais pontos em revisão na Norma de Desempenho”, promovido pelo SindusCon-PR

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330