Novo Plano Diretor de São Paulo traz avanços para habitação, mobilidade e áreas verdes
Durante dois anos, de 2021 a 2023, a Administração Municipal de São Paulo realizou debates com diversos segmentos da sociedade para formular a revisão intermediária do Plano Diretor Estratégico (PDE), que é uma lei municipal em vigor desde 2014 (Lei 16.050/14), para orientar o crescimento e o desenvolvimento urbano da cidade.
Sancionada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) em julho do ano passado, a revisão (Lei 17.975/2023) traz alterações que buscam aprimorar diretrizes relacionadas a diferentes setores. Na área habitacional, por exemplo, uma das mudanças permite que empreendimentos de habitação popular (localizados na chamada Zona Especial de Interesse Social) ganhem mais espaço em regiões mais bem servidas de transporte público: agora, será possível construir 50% de imóveis a mais nestes locais em relação ao que era previsto no PDE de 2014.
Haverá, também, um rigor maior do que diz respeito ao controle das destinações de unidades populares às famílias de baixa renda. Mesmo que, posteriormente, o local seja comercializado, ele deverá continuar a atender ao perfil de família inicial, com faixa de renda similar ao declarado no licenciamento do imóvel.
Além disso, a revisão ampliou a gama de instrumentos para o combate a imóveis ociosos na cidade, colocando à disposição chamamentos públicos para a realização de consórcio imobiliário e a desapropriação amigável, nos casos em que o valor da dívida relativa ao IPTU supere o valor do imóvel.
Mobilidade e áreas verdes
O estímulo ao adensamento populacional é outro ponto de destaque da revisão do Plano Diretor. As novas medidas buscam reduzir os deslocamentos entre moradia e emprego ao ampliar as áreas dos chamados Eixos, localizados no entorno de transportes públicos. Nestes espaços, é permitida a construção de prédios mais altos. Antes, o Eixo nas proximidades de estações de trem e de metrô compreendia um raio de 600 metros, e, agora, passou para 700 metros. No caso de corredores de ônibus, o círculo foi ampliado de 300 para 400 metros.
A nova atualização do PDE também prevê a elaboração de um Plano Municipal Hidroviário, algo que não existia na versão anterior. O projeto deverá ser realizado em conjunto com os Planos Municipais de Mobilidade Urbana, de Saneamento Ambiental Integrado, de Drenagem e de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.
Já em relação às questões climáticas, agora, a Lei incorpora as diretrizes e os princípios que integram o Pacto Global das Nações Unidas, adotando ações necessárias para o enfrentamento das mudanças no meio ambiente. Para isso, novas áreas foram incluídas na lista de possíveis parques para a cidade, com incentivo para a criação de parques em bairros periféricos.
O marco legal do saneamento básico, aprovado em 2020, também passa a ser a base para a Política de Saneamento Ambiental de São Paulo, enquanto o mapa de Ações Prioritárias no Sistema de Drenagem, criado com a revisão, detalha quais são as infraestruturas planejadas neste setor.
Lei de Zoneamento é aprovada pela Câmara
A Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, conhecida como Lei de Zoneamento, também passou por uma revisão, aprovada em dezembro de 2023 pela Câmara Municipal de São Paulo. Complementar ao Plano Diretor, a lei tem como objetivo garantir o crescimento ordenado da capital, adequando as políticas públicas, urbanas, sociais e econômicas à realidade do município.
Um dos pontos do projeto propõe uma maior concentração de pessoas em determinados espaços. Dentro das Zonas de Centralidade, que são locais mais centrais dentro dos bairros, com grande presença de atividade empresarial, mas distantes do transporte público, os prédios poderão chegar a 60 metros - antes, o limite era de 48 metros. Já nas Zonas Mistas, locais que privilegiam construções medianas, os prédios agora podem passar de 28 para 42 metros de altura.
As regras em relação aos estacionamentos também estão presentes na revisão da Lei de Zoneamento. Hoje, qualquer apartamento pode ter espaço para estacionamento, independentemente do tamanho do imóvel. Com a nova versão, locais de até 30 metros quadrados só terão direito a uma vaga, e, no caso de residências maiores, será permitida uma vaga a cada 60 metros quadrados de área construída.
Agora, a nova Lei aguarda a sanção do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.
Fontes
Câmara Municipal de São Paulo
Prefeitura Municipal de São Paulo
Site dedicado ao Plano Diretor de SP: https://planodiretorsp.prefeitura.sp.gov.br/
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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Pavimento de concreto ganha cada vez mais espaço em rodovias do Paraná
O projeto de restauração da PRC-280 com o uso de pavimento de concreto continua sendo ampliado, agora com o anúncio da aplicação da tecnologia entre os municípios de Palmas e Clevelândia, no Sudoeste do Paraná. O trecho possui 45 km, e o investimento será de R$ 188 milhões.
A iniciativa faz parte de um programa mais amplo que prevê a revitalização completa da rodovia, que possui 45 anos e é a principal ligação entre as regiões Oeste, Sudoeste, a capital e o litoral do Estado, onde está localizado o Porto de Paranaguá.
Durante o evento de divulgação deste novo trecho, o governador do Paraná, Ratinho Júnior, também confirmou a pavimentação em concreto até Pato Branco, que irá contemplar mais 37 km. A previsão é de que a conclusão dessas obras dure até 15 meses, após a conclusão da licitação.
Ao todo, 142 km da PRC-280 serão aprimoradas com a utilização de pavimentação de concreto - 60 km de restauração já foram concluídos, entre Palmas e Trevo Novo Horizonte, no acesso à BR-153.
“O primeiro trecho que inauguramos já trouxe mais segurança aos caminhoneiros e aos demais motoristas que trafegam pela rodovia, reduzindo drasticamente os acidentes”, disse Ratinho Júnior. O governador também falou sobre a importância das mudanças e como isso pode influenciar outros Estados. "Depois de concluída, a nova PRC-280 vai se transformar em um dos mais modernos corredores logísticos do Brasil. Isso tem despertado, inclusive, a visita de técnicos de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo ao Paraná para conhecer o modelo construtivo.”
Alex Maschio, diretor do Instituto Ruas (Curitiba), Mestre em Planejamento Urbano, Especialista em Gestão Pública e especialista no Brasil em pavimentação em concreto, destaca o investimento do Estado neste tipo de pavimento. "O Paraná talvez seja hoje o Estado que mais investe na solução em pavimento de concreto, a partir da percepção do governador, com essa obra da PRC-280, do retorno de investimento", diz. "Com aquele primeiro trecho de 60 km, entre o entroncamento da 153 até Palmas, ele percebeu que conseguia, com economia de recursos, possibilitar uma obra de mais qualidade e uma melhor entrega para a população. E a partir disso ele definiu não só que a maioria dos projetos, todos aqueles possíveis, sejam realizados em concreto, como também estendeu isso para outras obras urbanas."
O especialista ressalta que o Distrito Federal e alguns Estados do Nordeste também estão investindo e realizando uma quantidade significativa de obras com pavimento de concreto. "O diferencial é que as obras que estão acontecendo pelo Brasil, em sua maioria, são realizadas pelo DNIT [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, vinculado ao Ministério dos Transportes]. Porém, no Paraná, as obras são do Estado, do DER [Departamento de Estradas de Rodagem] do Paraná."
Em relação à experiência dos motoristas, Alex Maschio explica que o usuário comum, de imediato, vai perceber a tonalidade do pavimento, que fica mais clara, e conseguir ter uma sensibilidade em relação à segurança noturna, por exemplo, mas que ele talvez não tenha ideia dos benefícios que o pavimento de concreto irá trazer a longo prazo. "Que não vai ser necessário ficar fazendo manutenção nas mesmas vias ao longo dos anos, que o pavimento de concreto é muito mais eficiente do ponto de vista da sustentabilidade, em relação a outras soluções de pavimento, que ele absorve menos calor", explica.
"Então, para o usuário final, sem dúvida nenhuma, só tem benefícios a longo prazo. E com certeza essa solução só tem a multiplicar no Estado do Paraná e no Brasil todo, tanto nas obras rodoviárias quanto nas obras urbanas também, que é um trabalho que a gente tem feito bastante no interior dos Estados e nas cidades menores."
Fontes
Alex Maschio, diretor do Instituto Ruas (Curitiba)
Governo do Estado do Paraná
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Robô-escavadeira constrói muro sozinho e promete ser o futuro da construção
Pesquisadores da ETH Zurich (Laboratório de Sistemas Robóticos da Suíça), desenvolveram um robô-escavadeira capaz de realizar tarefas pesadas do setor da construção e, mais para frente, poderá construir prédios inteiros sozinho.
No primeiro experimento, divulgado em novembro do ano passado, o equipamento autônomo conseguiu construir uma parede com 6 metros de altura e 65 metros de comprimento, com a utilização de pedras que pesavam várias toneladas e também de concreto reciclado - isso tudo sem qualquer interferência humana.
Chamado de HEAP (Hydraulic Excavator for an Autonomous Purpose), o robô é capaz de desenhar de forma autônoma um mapa em 3D do canteiro de obras e identificar o material recebido através de sensores, chamados LiDAR (Light Detection and Ranging). Assim, o equipamento também consegue escanear e identificar o peso de cada material e seu centro de gravidade, para então, a partir de um algoritmo, determinar qual a posição ideal para cada uma delas - é possível colocar de 20 a 30 pedras de uma só vez, encaixando-as com precisão de centímetros.
O muro experimental foi construído em um parque industrial localizado próximo ao Aeroporto de Zurique, local administrado pela construtora Eberhard. A empresa está utilizando o local para testar diversas tecnologias da ETH Zurich e demonstrar outras possibilidades que possam agilizar o setor da construção e evitar desperdícios de tempo, além dos materiais utilizados.
O sistema de base da escavadeira foi projetado para ser facilmente manobrado e composto por estabilizadores. Permite também rotação e guinadas totais, tanto na base do equipamento quanto para a extremidade do braço. Os 23 eixos presentes são controláveis individualmente e permitem a manipulação de objetos com peso de até 3.000 kg, com alcance vertical de até 9 metros.
A máquina futurista foi criada a partir da modificação da escavadeira Menzi Muck Series M545, com o intuito de testar o potencial de máquinas autônomas em atividades da construção civil. Por seu grau de precisão, o robô também permite que nas construções de paredes, por exemplo, sejam usados pedras e entulhos de origem local, em vez de materiais novos, como tijolos.
Além da ETH Zurich, outras empresas pelo mundo também estão investindo em robôs-escavadeira, como é o caso da empresa Built Robotics, com sede na Califórnia, nos Estados Unidos. Criada exatamente para o desenvolvimento destes equipamentos para a construção civil, a companhia já anunciou, por exemplo, uma opção de robô autônomo para a criação de parques solares em grande escala.
Vídeo do processo do robô-escavador:
Fonte
ETH Zurich
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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Projeto realiza capacitação digital de profissionais da construção
Uma das grandes questões do setor da construção civil é a falta de mão de obra, além da qualificação destes profissionais. Com a necessidade cada vez mais latente da modernização do canteiro de obras, um dos grandes desafios é integrá-los ao uso de tecnologias. Para promover a inclusão digital dos colaboradores do canteiro de obras, o departamento de Recursos Humanos da Grupo A.Yoshii, em colaboração com o Instituto A.Yoshii e em parceria com o Senai Londrina, desenvolveu o Projeto Click.
O programa acontece regularmente, duas vezes por semana ao longo de todo o ano, oferecendo cursos introdutórios de informática, workshops e facilitando o acesso à internet para os participantes.
“O Projeto ‘Click - Inserção Digital’ teve início em 2010 com o objetivo de promover o acesso dos colaboradores do Grupo A.Yoshii ao universo digital, por meio de aulas de informática básica”, pontua Aparecido Siqueira, presidente do Instituto A.Yoshii.
De acordo com Siqueira, em 2024 os alunos darão início ao módulo II do curso, com aulas até o mês de abril. O projeto é divulgado nos canteiros de obras para todas as lideranças (mestres, contramestres, encarregados, almoxarifes e administrativos) e aqueles que tiverem interesse devem se inscrever conforme a disponibilidade de novas turmas.
“A expectativa é dar continuidade ao projeto no próximo ano, com uma nova turma em Londrina. A expansão dessa iniciativa para as outras praças onde o Grupo A.Yoshii atua - Maringá, Curitiba e Campinas - está em avaliação”, destaca Siqueira.
Resultados
Até o momento, o Projeto Click já beneficiou mais de 130 colaboradores, segundo Siqueira. Mas os resultados vão além de números.
“Adquirir conhecimentos básicos em informática é fundamental para a inclusão e o desenvolvimento pessoal e profissional de cada indivíduo. Com as aulas do ‘Projeto Click’, os colaboradores relatam avanços no trabalho diário, como na questão da digitação, no manuseio dos notebooks e em outras ferramentas digitais de trabalho, no acesso às planilhas de Excel e às ferramentas de pesquisa na internet, além de
envio de e-mails”, relata Siqueira.
O mestre de obras Emerson Aparecido de Jesus é responsável por coordenar todos os serviços no canteiro e se interessou pelo projeto porque nunca teve a chance de fazer um curso de informática. “Quero muito aprender para estar atualizado, poder responder e-mails de trabalho, montar planilhas, fazer pesquisas e buscar arquivos. Oportunidades como essa mostram que a empresa valoriza as pessoas, não apenas o trabalho. Para mim, todo esse aprendizado é mais um degrau rumo ao meu desenvolvimento pessoal e profissional”, comenta.
Da mesma forma, o mestre hidráulico Mauro Caetano sempre teve vontade de aprender, mas nunca encontrava o momento certo. “Como hoje em dia tudo está ligado ao meio digital, eu não poderia ficar para trás. Ainda estou me familiarizando com as teclas, mas já estou ganhando mais confiança com as aulas e muito motivado com esse novo aprendizado, pois, no dia a dia, tenho que me comunicar a todo momento com os mestres de obras e engenheiros para discutir os projetos, além de trabalhar com planilhas. Encaro essas aulas como uma grande oportunidade para me desenvolver profissionalmente e na vida pessoal também. É um conhecimento essencial”, afirma.
Entrevistados
Aparecido Siqueira é presidente do Instituto A.Yoshii.
Emerson Aparecido de Jesus é mestre de obras.
Mauro Caetano é mestre hidráulico.
Contato
Assessoria de imprensa Instituto A.Yoshii - analuiza@centralpress.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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Como a academia e as empresas podem trabalhar juntas pela inovação?
A inovação é fundamental para a evolução do setor da construção civil. Durante o 8º Congresso Brasileiro do Cimento, Vahan Agopyan, secretário de Ciência e Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, ressaltou: “não tem jeito de nos mantermos competitivos como uma indústria se não investirmos pesadamente em inovação”. Dentro deste contexto, como promover uma integração entre o Estado, as universidades e as empresas para incentivar o desenvolvimento de novas técnicas e produtos?
Na opinião de Agopyan, o Brasil enfrenta alguns problemas com relação a este tópico, mas vem evoluindo muito. “Talvez as pessoas não saibam, mas as principais universidades paulistas recebem suporte das empresas equivalentes às principais universidades do mundo. Do orçamento da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 6 a 7% vem das empresas. Similar ao que acontece com o MIT, por exemplo”, afirma.
Neste sentido, Agopyan vê o papel do Estado como um articulador das parcerias. “Buscamos fortalecer a articulação, ampliar a compreensão e promover o desenvolvimento de ambientes inovadores em nosso Estado. A parte científica conta com apoio consistente, como demonstrado recentemente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que, há três meses, destinou quase meio bilhão de reais para laboratórios multiusuários”, esclarece Agopyan.
As universidades e as empresas estão preparadas para o desafio?
Para Agopyan, a academia brasileira passou por transformações significativas durante as últimas cinco décadas em que esteve envolvido. “Havia, em um passado recente, certo receio de colaboração. As empresas viam a universidade como excessivamente burocrática, enquanto as universidades suspeitavam do desejo das empresas de controle. Felizmente, isso já mudou. Essa mentalidade é agora parte de um passado superado”, defende.
Por outro lado, Agopyan aponta que é preciso aprimorar os canais de comunicação nas empresas. “É notável que ter um representante dedicado à área de pesquisa e desenvolvimento pode facilitar esse contato. Além disso, acredito que as empresas devem cultivar pequenos grupos de pesquisa e desenvolvimento, pois nem todas as questões precisam ser resolvidas por meio da universidade ou do instituto de pesquisa. Existem desafios pontuais que podem ser enfrentados internamente. Ter um pequeno grupo de P&D pode aprimorar significativamente a implementação de inovação dentro das empresas. Atualmente, esse tipo de grupo não demanda necessariamente grandes investimentos, já que os laboratórios das instituições de pesquisa estão disponíveis para a indústria.”, justifica.
Hub de Inovação na Construção Civil (hubIC): Estratégias e Desafios
Durante o 8º Congresso Brasileiro do Cimento, Carlos Massucato, Membro do Comitê Gestor do hubIC, falou sobre esta iniciativa, um convênio de cooperação técnica entre a USP e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). O objetivo é desenvolver e criar “ambientes cooperativos de inovação especializados na promoção de soluções inovadoras de construção digital, em particular para a cadeia de valor do cimento, que sejam competitivas para países em desenvolvimento e que apresentem baixa pegada ambiental, alta produtividade e qualidade e difundam soluções bem como ações que preparem o setor e a sociedade para a transição para uma economia digital e circular”, segundo informa a entidade.
De acordo com Massucato, o hubIC funciona, pois apresenta uma proposta bastante clara sobre como conduzir essa transformação no setor. As premissas seguidas pelos projetos desenvolvidos pela entidade são:
- Competitividade, atendendo às demandas do mercado brasileiro;
- Necessita aumentar a produtividade;
- Priorizar a rentabilidade;
- Compromisso com performance e qualidade em todo o processo envolvido.
Um dos pontos chaves para chegar a soluções é ouvir os concorrentes. “Nós unimos um pool de empresas e começamos a compreender suas dores. Não há desafio que seja enfrentado apenas pelo CEO da empresa; ao invés disso, há uma estruturação desse processo para quem realmente enfrenta e busca solucionar essas questões. No hubIC, não abrimos mão do termo ‘pré-competitivo’ e investimos esforços diários nesse aspecto. É simples trazer inovação para um ambiente controlado com seus próprios profissionais, mas é fundamental também dialogar com seus concorrentes. Essa é a grande estratégia do hubIC. É relevante porque muitas questões e desafios são comuns entre os competidores. Por vezes, sentimos receio de admitir que nossos problemas são semelhantes aos dos outros concorrentes. No entanto, ao reunir esses problemas em uma mesma mesa, torna-se muito mais fácil encontrar soluções e reduzir custos”, explica Massucato.
Fontes
Vahan Agopyan é secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo. Engenheiro Civil pela EPUSP - Escola Politécnica da USP (1974), Mestre em Engenharia Urbana e de Construções Civis pela mesma instituição (1978) e PhD (Civil Engineering) pela University of London King’s College (1982). Docente da EPUSP desde 1975, sendo professor titular de Materiais e Componentes de Construção Civil da EPUSP e Reitor da Universidade de São Paulo, na gestão 2018-2022. Fundador e atual conselheiro do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), participou de diversos conselhos como o do Instituto de Engenharia (IE), Instituto Mauá de Engenharia (IMT), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e Conselho Superior de Estudos Avançados da FIESP. Foi Diretor da Escola Politécnica da USP, Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP, Diretor-Presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e Coordenador de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. Foi conselheiro e vice-presidente do International Council for Research and Innovation in Building and Construction (CIB), conselheiro da FAPESP, do IPT, da CAPES e do Centro Paula Souza. Orientou 22 Teses de Doutorado, 23 Dissertações de Mestrado e 7 alunos de Iniciação Científica. Tem experiência na área de Construção Civil, com ênfase em Materiais e Componentes, atuando principalmente com materiais reforçados com fibras. Mais recentemente, dedica-se aos estudos da qualidade e sustentabilidade da Construção Civil. Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, Eminente Engenheiro do Ano.
Carlos Massucato é mestre em Engenharia Civil pela Universidade Estadual De Campinas (Unicamp). É diretor do Instituto Brasileiro do Concreto e Coordenador do CT 101 – Comitê Técnico IBRACON/ ABECE/ABCIC de Sustentabilidade do Concreto. Membro do Comitê Gestor do hubIC, parceria entre Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli USP) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Consultor Técnico da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração – CBMM, líder mundial na produção e da tecnologia do Nióbio.
Contatos
Carlos Massucato: Carlos.massucato@massucato.com
Vahan Agopyan: vahan.agopyan@poli.usp.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Agenda: veja os principais eventos da construção civil em 2024
Para qualquer profissional, é fundamental estar sempre atualizado e de olho nas tendências e tecnologias que vão surgindo. E no setor de construção civil, isso se intensifica ainda mais já que todo ano aparecem novas técnicas construtivas e materiais diferenciados. Para quem quer acompanhar de pertinho todas estas inovações do mercado, vale a pena ficar de olho no calendário de eventos do setor e já se programar para visitar as principais feiras.
O Massa Cinzenta fez uma seleção dos principais eventos de construção civil, concreto e cimento ao longo do ano. Confira abaixo!
JANEIRO
World of Concrete
Data: De 23 a 25 de janeiro de 2024
Local: Las Vegas Convention Center – Las Vegas, Estados Unidos
Site para inscrição: https://www.worldofconcrete.com/en/home.html
Valor para participar: a partir de US$ 90
Com 50 anos de serviço às indústrias globais de construção de concreto e alvenaria, o World of Concrete é um evento pioneiro. O objetivo é oferecer conexões, conhecimento e oportunidades para impulsionar o crescimento, os negócios e decisões mais informadas nesta indústria. É o principal evento anual para profissionais em concreto e alvenaria, oferecendo soluções inovadoras, competições e um programa educacional abrangente. O WOC360, em colaboração com a World of Concrete, fornece recursos e educação essenciais para o sucesso empresarial, cobrindo temas como segurança, tecnologia e estratégias comerciais.
ABRIL
Feicon Batimat - Salão Internacional da Construção
Data: De 02 a 05 de abril de 2024
Local: São Paulo Expo - São Paulo (SP), Brasil
Site para inscrição: https://www.feicon.com.br/pt-br/Visitar/Credenciamento.html
A FEICON se destaca como uma das feiras mais abrangentes no ramo da construção civil e arquitetura na América Latina, fornecendo oportunidades para todos os elos da indústria. Ao reunir os principais participantes e uma ampla variedade de produtos em acabamentos, estruturas, instalações e áreas externas, a FEICON não só dá o tom das tendências, mas também apresenta tecnologias e produtos inovadores. Além disso, oferece uma programação diversificada e atrações destinadas a varejistas, distribuidores, engenheiros, construtores, arquitetos e outros profissionais do mercado da construção civil.
M&T Expo - Part of bauma network
Data: De 23 a 26 de abril de 2024
Local: São Paulo Expo - São Paulo (SP), Brasil
Site para inscrição: https://www.mtexpo.com.br/
Valores para inscrição: gratuito
A M&T Expo é um evento líder na América Latina para os setores de Construção e Mineração desde 1995. Funciona como um ponto de encontro para fabricantes, usuários e fornecedores, impulsionando o desenvolvimento dessas áreas através de negociações, compartilhamento de conhecimento e networking durante todo o ano. A feira costuma ser um palco para lançamentos e inovações das principais indústrias de máquinas e equipamentos.
Em 2024, o evento se torna ainda mais relevante diante das novas concessões previstas para o transporte terrestre em 2024 e aos investimentos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). A M&T Expo contará com uma série de atividades, incluindo a Arena de Demonstração para visualização de equipamentos em operação, bem como o Congresso Nacional de Valorização do Rental. Além disso, a M&T Expo terá iniciativas voltadas para sustentabilidade e qualificação da mão de obra, como o Prêmio Mais Sustentável, focado em reconhecer práticas responsáveis, e o M&T Expo Capacita, que visa treinar operadores e supervisores. Outras atrações incluem cursos gratuitos de treinamento de operadores e o Museu de Máquinas do Brasil, uma exposição de equipamentos antigos.
MAIO
XX International Conference on Building Pathology and Constructions Repair - Cinpar 2024
Data: De 29 a 31 de maio de 2024
Local: Centro de eventos do Ceará - Fortaleza (CE), Brasil
Site para inscrição: https://sites.google.com/view/cinpar-2023/home
Valor para participar: a partir de R$ 350 até R$ 550
A compreensão dos aspectos-chave na patologia e reabilitação estrutural é essencial para profissionais nessa área, incluindo expertise em materiais como pedra, madeira, aço e concreto, além do conhecimento em testes e comportamento estrutural. O campo tem experimentado um notável crescimento devido à conscientização no setor da construção e à inovação em materiais e técnicas, refletido pelo aumento dos investimentos. O CINPAR evoluiu de focar em danos para abordar temas avançados como materiais de ponta e mudanças climáticas, consolidando sua posição como líder na área. O evento de 2024 oferece uma oportunidade ímpar para expansão de conhecimento e networking, mantendo sua reputação internacional como um dos principais encontros na área.
JULHO
CBPAT 2024 - 6a. Edição do Congresso Brasileiro de Patologia das Construções
Data: De 17 a 20 de julho de 2024
Local: Unichristus – Campus Dom Luís - Fortaleza (CE), Brasil
Site para inscrição: https://www.cbpat.org.br/
Valor para participar: a partir de R$ 305 até R$ 600
Este evento é um fórum de discussões que aborda o controle de qualidade, patologia e reabilitação de estruturas e sistemas construtivos, aplicáveis tanto em edificações tradicionais como em projetos de infraestrutura. Seu principal objetivo é promover a divulgação de pesquisas científicas e tecnológicas relacionadas a esses temas vitais e áreas afins. O congresso visa promover a integração dos profissionais atuantes na construção civil, visando aprimorar o desenvolvimento profissional no setor. O congresso também possibilita aos participantes submeter artigos científicos a respeito de temas como mecanismos de deterioração, ensaios não destrutivos, técnicas e materiais de reparo e recuperação, fundações, levantamento de manifestação patológica, educação e ensino sobre a patologia das construções, entre outros.
AGOSTO
Concrete Show
Data: De 06 a 08 de agosto de 2024
Local: São Paulo Expo - São Paulo (SP), Brasil
Site para inscrição: https://www.concreteshow.com.br/pt/home.html
Há 15 anos o Concrete Show vem fomentando o mercado, ao combinar exposição, experiências, debates, networking e conteúdo técnico e qualificado, gerando grandes oportunidades de negócios. Para 2024, a organização prevê um evento ainda mais expressivo devido ao número significativo de empresas que estão renovando sua participação da edição atual e à crescente demanda de outras empresas interessadas em ingressar na próxima edição. De acordo com os organizadores, mais de 40% das empresas que expuseram em 2023 já confirmaram presença no Concrete Show de 2024. Além da presença de vários expositores do setor de construção civil e ligados à área de concreto, o evento conta com uma série de painéis e palestras com muito conteúdo sobre tendências, novidades, tecnologias e técnicas. Na Arena 120 Ideias, por exemplo, ocorrem apresentações de 30 minutos gratuitas para os profissionais do segmento, dos temas mais atuais e relevantes do setor. Voltado para profissionais da cadeia construtiva. Já no Congresso ‘Construindo Conhecimento’, é possível ter acesso a conteúdo de qualidade, palestras exclusivas, convidados internacionais e troca de experiências.
Durante o Concrete Show, acontece também o Seminário de Estruturas Pré-fabricadas de Concreto, evento técnico sobre o setor de pré-fabricados de concreto com o tema “A Industrialização da Construção em concreto: Soluções sustentáveis para as edificações”. Este seminário é focado em empresários e profissionais que atuam no setor, clientes, fornecedores, professores universitários e estudantes de engenharia, arquitetura e tecnologia da construção.
SETEMBRO
10th International Conference on concrete under severe conditions - Environment & Loading - CONSEC 2024
Data: De 25 a 27 de setembro de 2024
Local: Chennai, Índia
Site para inscrição: https://consec24.com/
Valor para participar: a partir de USD 250 até USD 900
As conferências CONSEC têm como foco os avanços nas áreas relacionadas a projeto, construção, teste e preservação de diversos materiais e sistemas de construção expostos a condições ambientais e de carga severas. Com edições realizadas em países como China, Itália e Brasil, o evento agora será realizado no Instituto Indiano de Tecnologia Madras. A CONSEC24 fornecerá uma plataforma única para troca de ideias de maneira focada e holística para o projeto, construção e conservação de estruturas de concreto armado expostas a condições severas. A organização do evento também prevê alguns workshops pré e pós-conferência sobre tópicos relacionados.
Annual Meeting & International Symposium on Dams for People, Water - Environment and Development (ICOLD 2024)
Data: De 29 de setembro a 03 de outubro de 2024
Local: Nova Délhi, Índia
Site para inscrição: https://www.icold2024.org/#/home
Valor para participar: a partir de USD 500 até USD 1700
O tema do Simpósio Internacional da ICOLD 2024 será "Barragens para Pessoas, Água, Meio Ambiente e Desenvolvimento", enfatizando o papel crucial das barragens no desenvolvimento sustentável e na proteção ambiental. O evento contará com uma ampla gama de sessões técnicas, palestras e discussões em painéis, proporcionando uma excelente plataforma para os participantes compartilharem experiências, insights e melhores práticas, ao mesmo tempo que promovem a aprendizagem mútua. Além do programa técnico, haverá amplas oportunidades de networking e socialização, incluindo eventos culturais, tours técnicos e atividades sociais, permitindo que você se envolva na cultura da Índia.
Inclusive, o país conta com um impressionante histórico de mais de 6.300 barragens, com aproximadamente 411 barragens atualmente em construção. O país se destaca como líder global no desenvolvimento de infraestrutura hídrica vital, liderando projetos significativos como Bhakra, Koldam, Barragem de Tehri, Barragem de Bichom e projetos Inferior do Subansiri, além dos Projetos de Melhoria e Reabilitação de Barragens apoiados pelo Banco Mundial. Esses empreendimentos modernos de infraestrutura hídrica, apoiados pelo INCOLD, têm contribuído significativamente para o crescimento sustentável da agricultura, abastecimento de água e setores de energia da Índia, atendendo efetivamente às demandas crescentes de uma nação dinâmica.
OUTUBRO
Modern Construction Show
Data: De 01 a 04 de outubro de 2024
Local: Distrito Anhembi – São Paulo (SP), Brasil
O Modern Construction Show tem foco exclusivo na industrialização do setor da Construção e nas tecnologias relacionadas. A exposição abrange inovações e avanços tecnológicos, proporcionando espaços propícios para networking, mobilizando anualmente todo o setor da construção industrializada. Além disso, palestras e workshops ministrados por especialistas globais oferecem uma visão exclusiva das principais tendências, pesquisas e insights dessa área, orientando e impulsionando o planejamento estratégico de todas as empresas e profissionais participantes. Durante o evento, também será realizado o Seminário de Estruturas Pré-fabricadas de Concreto.
65º Congresso Brasileiro do Concreto
Data: De 22 a 25 de outubro de 2024
Local: Alagoas, Maceió
Site para inscrição: https://site.ibracon.org.br/event/65cbc2024/
Promovido pelo Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon), o Congresso Brasileiro do Concreto oferece a oportunidade aos participantes de ter acesso a palestras de especialistas renomados, seminários e apresentações técnico-científicas. Eles poderão visitar stands de fornecedores de equipamentos e serviços relacionados ao concreto. O evento oferece uma excelente chance para ampliar conhecimentos, networking e troca de experiências essenciais para profissionais e pesquisadores da área. Há também iniciativas para incentivar a participação de jovens estudantes e engenheiros, incluindo descontos na inscrição e concursos cujos vencedores serão premiados durante o evento.
NOVEMBRO
fib Symposium ReConStruct - Resilient Concrete Structures
Data: De 11 a 13 de novembro de 2024
Local: Christchurch - Nova Zelândia
Site para inscrição: https://confer.co.nz/fib2024/
Valor para participar: a partir de $NZD 545 (membros jovens)
Entre 2010 e 2011, a cidade de Christchurch passou por um terremoto devastador, que arrasou com o centro e centenas de prédios foram demolidos. Depois disso, a cidade reestabeleceu suas funções rapidamente e promoveu uma grande reconstrução, implantando técnicas resilientes a abalos sísmicos, além de tecnologias inovadoras. Por conta disso, o evento ganhou o nome de “Resilient Concrete Structures”, ou em português, “Estruturas de Concreto Resilientes”. Além disso, o evento também trará discussões a respeito da redução de emissões de carbono, já que a Nova Zelândia tem a meta de atingir o Net Zero até 2050 e vem trabalhando no seu Roadmap.
Fontes
FEICON
M&T Expo
CINPAR
CBPAT 2024
Concrete Show
ICOLD 2024
CONSEC 2024
Ibracon
ib Symposium 2024
World of Concrete
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Quão alto podemos construir?
Atualmente, o Burj Khalifa é considerado o mais alto arranha-céu do mundo, com 828 metros e 163 andares. Na Arábia Saudita, a Torre de Jeddah começou a ser construída com a promessa de superar os mil metros de altura. Sua construção ficou paralisada durante cinco anos e foi retomada em 2023. Outro edifício que também foi criado com o intuito de superar o Burj Khalifa foi o Dubai Creek Tower – só que assim como a Torre de Jeddah, teve suas obras paradas e a previsão é de que sejam retomadas em 2024.
Aqui no Brasil, os números são mais modestos – o edifício mais alto fica em Balneário Camboriú (SC), o One Tower, e conta com 290 metros de altura e 84 pavimentos.
Com tantos arranha-céus surgindo pelo mundo, a pergunta que fica é: o quão alto é possível construir? No entanto, a resposta para isso não é tão simples e depende de vários fatores. E, além disso, há que levar em consideração que, conforme as tecnologias evoluem, é possível aumentar a altura dos prédios. “Em 1890, um prédio com 10 pavimentos foi considerado o primeiro arranha-céu”, lembra Luiz Roberto Prudêncio Junior, professor e doutor em Engenharia Civil, além de sócio proprietário da PWD – Consultoria em Concretos.
Tipos de base
Um dos principais fatores que vai influenciar no tamanho do prédio é a largura de sua base. De acordo com Prudêncio, existem basicamente duas linhas de edifícios altos sendo construídas no mundo. A primeira segue o padrão China/Dubai, que normalmente são edifícios que têm uma grande base. “A planta baixa do térreo destes prédios ocupa uma quadra inteira ou até mais. Isso faz com que as cargas do edifício se distribuam por uma área bem maior. Então, é possível fazer prédios altos, mas a resistência que eu vou precisar na estrutura embaixo, do concreto, não é absurda”, explica Prudêncio.
Outra linha é dos prédios presentes nos Estados Unidos, principalmente em Chicago e Nova York. Eles são parecidos com os prédios que temos aqui na região de Balneário Camboriú. “São terrenos pequenos, ou seja, a planta baixa dele é pequena em relação à altura. Então a esbeltez desse prédio é muito elevada. Isso vai causar dois problemas: o primeiro deles é o excesso de carga nas fundações e nos primeiros pavimentos. Então, será necessário um concreto com fck (resistência característica à compressão) de 100 MPa ou até mais para conseguir fazer um edifício”, pontua Prudêncio.
Principais desafios na construção de arranha-céus
Construir edifícios altos envolve uma série de desafios:
Estrutura e resistência
De acordo com Prudêncio, o primeiro grande desafio da altura é essa relação de resistência no concreto para os pavimentos inferiores. “Tem um limite – até quanto pode chegar um concreto? Existem estudos em laboratório e em algumas obras, em que se fala em 150 MPa ou até mais, mas isso em laboratório. Na hora de fazer um concreto, já começa a ficar muito difícil atingir esta resistência quando ele é produzido em central dosadora. Uma coisa é fazer isso em um laboratório, onde tudo é muito preciso. Outra é em uma central, onde existe uma variação natural dos materiais componentes – da brita, da areia, do cimento, etc. Haverá uma variabilidade muito alta que vai dificultar a obtenção de resistência muito elevada”, comenta Prudêncio.
Em Balneário Camboriú, por exemplo, Prudêncio conta que os edifícios que possuem maior demanda por resistência estão solicitando 70 MPa.
Bombeabilidade
Outro grande desafio ao trabalhar com concretos de alta resistência é o fato de que eles precisam ser produzidos com uma quantidade de cimento muito elevada e baixa quantidade de água. “Isso faz com que o concreto tenha uma viscosidade muito alta. Isso atrapalha bastante a bombeabilidade desse material. Não é como um concreto comum de 40-50 MPa. Ele fica tão pesado e viscoso que se torna difícil bombear em grandes alturas”, define Prudêncio.
Módulo de elasticidade
Uma terceira dificuldade ao construir prédios altos é a questão do módulo de elasticidade desses concretos. “Em edifícios altos, como estes de Balneário em que o índice de esbeltez é muito elevado, o esforço lateral do vento impõe deformações grandes. Para combatê-las, é preciso trabalhar na inércia das peças e no módulo de elasticidade deste concreto”, lembra Prudêncio.
De acordo com o professor, na região de Santa Catarina, por exemplo, o maior módulo de elasticidade que é possível encontrar comercialmente é na faixa de 40 GPa. “Acima disso, já precisa ter um conjunto de agregados de grande módulo, britas especiais e todo um esforço para reduzir a quantidade de pasta do cimento às custas de um aditivo superplastificante e de grande eficiência. Isso deve ter um grande comprometimento na reologia do concreto (ciência que estuda a relação entre os esforços e a deformação do material). Para fazer um módulo elevado, novamente, não é possível colocar cimento demais. Quando coloco pouca água e muito aditivo, o concreto fica viscoso, difícil de bombear. Então, hoje, a gente já conseguiu aqui na nossa região, em laboratório, módulos acima de 50 GPa. Mas a escala de aplicação em obra tende a ser 42,5 GPa, como num edifício que estamos concretando. É o mais alto módulo que temos hoje aqui na nossa região”, revela Prudêncio.
Fundações
Outro grande desafio são as fundações desse edifício. “Um edifício desses tem grande carga na base e é necessário que ela seja profunda. Normalmente, será preciso levar essa fundação até a rocha e usar concretos de alta resistência também nas fundações. E essa é uma dificuldade que vamos enfrentar hoje. Em cima destas estacas, há um bloco de coroamento (elemento complementar de fundações profundas). Se for trabalhar com resistências da torre de 100 MPa, será necessário ter no mínimo 70-80 MPa de resistência do concreto no bloco. E são blocos de 5.000 m3 para mais. Isso gera um problema térmico nesse concreto. Será necessário tratar essa dosagem com muita cautela para não ter problema. Provavelmente, será utilizado gelo e nitrogênio líquido para fazer um pré-resfriamento. Pós-resfriamento é uma coisa muito cara e difícil de se fazer, mas são todas as possibilidades para tratar com esse edifício”, justifica Prudêncio.
Transporte vertical de pessoas e materiais
Algo a se pensar ao construir um arranha-céu é o transporte vertical de pessoas e materiais: como levar armadura, concreto e tijolo lá para cima? São necessários elevadores de grandes dimensões. Também é possível levar o material pela grua, mas em dia de vento, ela começa a balançar e não é possível fazer isso. “Toda a logística de transporte precisa ser muito bem estudada e é muito difícil”, recomenda Prudêncio.
Revestimento
Nesses edifícios altos, não é possível trabalhar com revestimento argamassado. “É preciso trabalhar com pele de vidro, o que é difícil, ou com fachadas ventiladas. Se for colocado um revestimento, com a movimentação das estruturas, há uma grande chance de desplacamento”, afirma Prudêncio.
Divisórias internas
Outra questão é a parte de divisórias internas. Segundo Prudêncio, tem-se trabalhado mais com gesso acartonado/drywall, justamente para impedir que as movimentações que ocorram nesse edifício causem fissuras e trincas nas paredes de alvenaria.
Instalações
No caso das instalações hidráulicas e sanitárias em geral, tem-se grandes alturas de queda. “Além disso, é preciso levar a água lá para cima. Onde tiver um tubo de queda de esgoto, é preciso fazer sistemas especiais – não é possível “jogar” algo a partir de 500 metros de altura. Então existe toda uma preocupação quanto às instalações. Tem que ter projetos muito especializados”, comenta Prudêncio.
Incêndio
Na parte de incêndio, será preciso trabalhar com sprinkler em todos os andares, para não ter risco de mortes no caso de uma ocorrência. “É necessário também ter um esquema de evacuação eficiente das pessoas”, destaca Prudêncio.
Damper
No caso das estruturas, mesmo que seja utilizada uma com uma robustez adequada, que tem um módulo adequado no concreto, provavelmente será necessário colocar massas, chamadas de damper, em cima da cobertura.
“Na hora que bate o vento, cria-se um esforço contrário para amortizar o balançar deste edifício. Normalmente, é uma esfera metálica que fica presa com molas e amortecedores ou às vezes até água. Com o vento, aquela massa faz uma força contrária e vai amortizando. Quando não há esse sistema, os prédios balançam bastante e causa um desconforto – é possível ver a água da piscina movimentando e lustres balançando”, argumenta Prudêncio.
Mas afinal, quão alto é possível construir?
Considerando todos esses fatores, qual poderia ser a altura máxima de um edifício hoje? Para Prudêncio, no padrão brasileiro, que trabalha com edifícios mais esbeltos, os 150 pavimentos são o limite. Entretanto, para edifícios com base maior, poderia chegar a 1 km de altura
“Com o conhecimento que temos a respeito dos materiais hoje, acredito que seria algo em torno de 500-600 metros para prédios mais esbeltos e até 1 km para prédios com bases maiores. Pode ser que daqui a 20 anos, este número seja totalmente ultrapassado. Mas hoje e na próxima década, creio que seja isso”, conclui.
Entrevistado
O professor Luiz Roberto Prudêncio Junior é doutor em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP (com Bolsa sanduiche IRC/NCC - Ottawa). Realizou pós-doutorado na Loughborough University, Inglaterra (2000-2001) e na Universidade da Califórnia – Berkeley (2014-2015). É professor titular emérito do Departamento de Engenharia Civil da UFSC. Sócio proprietário da PWD – Consultoria em Concretos, é consultor de empresas de pré-fabricados, de produção de agregados e de grandes construtoras nacionais na especificação, dosagem e controle de concretos utilizados na infraestrutura e superestrutura de grandes obras, principalmente relacionadas a edifícios altos.
Contato
prudenciouk@hotmail.com
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Pesquisa inédita do SindusCon-SP mostra desafios do setor de RH na construção civil
Para mapear a área de Recursos Humanos de empresas da construção, o SindusCon-SP lançou uma pesquisa inédita em parceria com a Falconi, chamada Práticas de Gestão de Pessoas na Construção Civil. O estudo surgiu da necessidade de indicadores mais precisos para uma análise melhor do setor.
Apresentado no dia 12 de dezembro, o levantamento traz informações sobre o perfil dos trabalhadores, dados sobre turnover (taxa de rotatividade de colaboradores), remuneração e benefícios, com o intuito de mostrar o panorama atual e colocar em discussão o que pode ser melhorado.
"O principal objetivo é mapear e especialmente acompanhar nas próximas edições como o setor desenvolve e pode aperfeiçoar as suas relações com os seus colaboradores", diz Rodrigo Fairbanks von Uhlendorff, coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do SindusCon-SP. Já David Fratel, coordenador do Grupo de Trabalho Recursos Humanos (GTRH) do CTQ, afirma que "a análise nos levará a propor ações para tratar a escassez de mão de obra no segmento da construção civil”.
Dados da pesquisa inédita
Ao todo, 123 companhias do Estado de São Paulo participaram da pesquisa. Foram ouvidas empresas de diferentes tamanhos e com modelos de trabalho tanto híbridos quanto presenciais. Segundo os dados, quase metade dos entrevistados apontaram o desenvolvimento de líderes e a capacitação como sendo os principais desafios da área de RH. Ainda em relação ao tema, 46% disseram aplicar trilhas de desenvolvimento em seus processos internos, enquanto 42% garantem realizar programas para formação de liderança.
O SindusCon-SP, nesse sentido, busca fortalecer a área educacional com a realização de cursos rápidos de atualização para os profissionais, diretamente nos canteiros de obras, em convênio com o Senai-SP. Já a plataforma SindusCon-SP na Prática disponibiliza cursos on-line para estagiários e recém-formados.
A pesquisa também abordou o absenteísmo (porcentagem de faltas ao trabalho): 54% registram até 2% ao mês, 25% disseram ter entre 2% e 7% mensais e 21% das empresas calculam mais de 7%. Os principais motivos alegados para as faltas são saúde física (36%), questões familiares (15%) e saúde mental (6%), mas vale lembrar que uma em cada quatro empresas afirmaram não realizar o mapeamento dos motivos do absenteísmo.
Quando o assunto é o turnover, além do custo financeiro, as empresas com alta rotatividade de colaboradores apresentam perda de produtividade e de qualidade de produção, piora no clima e no engajamento, além da sobrecarga dos demais funcionários.
Na pesquisa inédita, 17% das companhias registram alto índice de turnover voluntário (quando o desligamento é decisão do colaborador), que é acima de 6% ao mês, o que significa aproximadamente 72% ao ano. Já em relação ao turnover involuntário (quando a iniciativa de desligamento parte da empresa), 19% das empresas dizem ter alto índice, acima de 6% ao mês.
No caso do desligamento voluntário, as principais causas são oportunidades de trabalho (43%), remuneração (18%), carreira (14%) e benefícios (7%). No involuntário, os entrevistados responderam desempenho (46%), alinhamento cultural (19%), absenteísmo (13%) e orçamento (11%).
Clique aqui para conferir a pesquisa do Sinduscon-SP na íntegra.
Fontes
SindusCon-SP
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Nova certificação GBC Zero Water pretende incentivar a construção sustentável
Especialistas e profissionais do setor da construção estiveram presentes no lançamento da Certificação GBC Zero Water, que ocorreu no dia 28 de novembro, em São Paulo. Durante o evento, apoiado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a nova ferramenta da ONG Green Building Council Brasil (GBC) foi apresentada como uma forma de incentivar a construção sustentável, por meio do reconhecimento de lideranças comprometidas com a alta eficiência hídrica, reaproveitamento, qualidade e preservação das nossas bacias hidrográficas.
Edificações novas ou já existentes, de qualquer tipologia, podem obter a nova certificação, desde que se enquadrem em requisitos como: redução mínima de 20% na demanda de água potável, medição de água em pelo menos 80% dos pontos de consumo, infraestrutura verde e iniciativas comunitárias.
De acordo com a GBC, adotar estratégias "zero água" pode levar à construção de empreendimentos que preservem recursos hídricos e contribuam para a melhoria de sua estrutura, com adoção de fontes alternativas de água, como a utilização de água de chuva, de água condensada de sistemas de climatização ou então de tratamento e reuso dos efluentes gerados na edificação.
A Certificação GBC Zero Water faz parte de um conjunto de ações que visa melhorar o ambiente natural, a saúde e o bem-estar dos ocupantes dos edifícios. Dentro deste contexto, também foi lançada, em 2017, a Certificação GBC Zero Energy, que busca o equilíbrio entre o consumo e a geração de energia por fontes renováveis.
O GBC Brasil integra o Programa Global Advancing Net Zero, do World GBC, que tem como objetivo cumprir as metas definidas no Acordo de Paris (COP 21). A intenção é conseguir zerar as emissões de carbono advindas do setor da construção civil até 2050. Até hoje, 2.359 empreendimentos se registraram para receber ao menos uma das certificações promovidas pelo GBC no Brasil (são cinco no total), e 1.005 deles já receberam a aprovação.
Abaixo, leia a entrevista concedida por Felipe Augusto Faria, CEO do Green Building Council Brasil, ao Massa Cinzenta.
Pelo seu conhecimento, há muitos projetos já concluídos que podem se enquadrar nos requisitos para a solicitação da nova certificação GBC Zero Water?
Felipe Augusto Faria: Sim, há projetos que se enquadram neste conceito de Zero Water defendido pelo GBC Brasil. Estamos falando de empreendimentos onde o consumo anual de água potável na operação é igual ou inferior ao consumo de fontes alternativas de água, além de garantir a devolução do recurso ao meio ambiente. A inovação no conceito está voltada para a proteção de bacias hidrográficas, permitindo o investimento em eficiência e infiltração em projetos comunitários pertencentes à mesma bacia, como forma de compensação e estímulo a projetos sociais.
Estamos discutindo o registro dos primeiros empreendimentos no Brasil. Trata-se de shopping centers, residências, centro de distribuição, edifícios comerciais e parques temáticos.
Dar atenção ao uso da água é fundamental para o meio ambiente de forma geral. Qual é a maior dificuldade que as empresas da construção enfrentam na hora de adequar seus projetos a estes novos requisitos?
Felipe Augusto Faria: Dar atenção especial a água é fundamental seja nas discussões ambientais, sociais, mudanças climáticas ou econômicas. No Brasil, a população e a indústria estão concentradas em áreas hidricamente estressadas: 70% da população e 66,8% do PIB industrial disputam 9,3% da água doce. Somente 84% dos brasileiros são abastecidos de água tratada (SNIS 2020). Ainda, sofremos com situações de falta de tratamento de esgoto, mudanças nos regimes de chuva e superexploração das águas.
Sobre mudanças do clima, estamos vivendo períodos curtos e alternados de excesso ou escassez de água, que trazem perdas sociais e econômicas irreparáveis.
Em relação aos desafios do Zero Water, confiamos nas tecnologias e nos profissionais capacitados para liderarem essa transformação. O principal desafio está no comportamento do mercado ao discutir projetos de eficiência hídrica, reuso e tratamento.
Uma visão holística sobre o estado da arte da edificação, pensando na bacia hidrográfica, nos desafios e oportunidades locais em matéria de eficiência e tratamento, se faz necessária. Poucos implementam um projeto de gestão integrada de águas. A abordagem sobre os recursos hídricos tem que ocorrer de forma sistêmica, integrada e permanente. A coordenação deve envolver a gestão da água, do solo e dos recursos relacionados, com o objetivo de maximizar os benefícios econômicos e sociais.
Nos empreendimentos certificados pelo Green Building Council Brasil, a média alcançada de redução no uso da água nas edificações é de 50%. Hoje, vemos especialistas executando projetos de gestão integrada de águas, que reduz o orçamento prévio do proprietário, ao mesmo tempo que aumenta o seu desempenho em matéria de eficiência hídrica, reuso, reaproveitamento e infiltração.
Como você avalia a percepção e o empenho do mercado da construção no Brasil em relação à busca da sustentabilidade, comparado ao que se observa no mundo, de forma geral?
Felipe Augusto Faria: O interesse é crescente. Anualmente, estamos batendo o recorde de novos empreendimentos registrados nas certificações do GBC Brasil. Em 2022, atingimos o recorde histórico com 219 empreendimentos, e no mês de novembro de 2023 já contávamos com 223 novos registros no ano.
Os maiores segmentos são: escritórios, centros de distribuição e logística, varejo e o residencial. Temos empreendimentos em todos os Estados brasileiros, e cresce os pedidos nas cidades do interior, ou seja, o movimento de green building não está mais restrito aos principais empreendimentos das capitais.
Em matéria de certificação LEED [que incentiva a transformação de projetos com foco na sustentabilidade], presente em 186 países, o Brasil é o quinto com o maior número de empreendimentos, e nos destacamos frente ao nível de certificações. A certificação é dividida em quatro níveis, sendo o nível máximo a Platina. Enquanto no mundo apenas 8% dos empreendimentos certificados atingem o nível Platina, no Brasil já somos 11,5%.
Isso demonstra uma maior receptividade ao investimento de inteligência de engenharia e arquitetura. Investindo em projeto, viabilizamos economicamente o ingresso de inovação e tecnologia e maximizamos os resultados em eficiência, conforto e sustentabilidade - e a certificação é uma consequência.
Desta forma, há diversos empreendimentos certificados sem acréscimos de custos de construção, além de empreendimentos com níveis de eficiência e conforto tão elevados que fazem o GBC Brasil assumir o protagonismo em desenvolver certificações de desempenho "Zero" Water e Energy, que trazem a tempo presente alguns dos resultados expressivos almejados para 2050.
Fonte
Felipe Augusto Faria, CEO do Green Building Council Brasil
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Piso de cimento queimado é opção rústica e despojada para todos os cômodos
Definir um tipo de piso para uma casa, um apartamento ou um escritório é sempre uma escolha difícil, já que o material precisa estar alinhado ao estilo dos donos e também do ambiente desejado, unindo elementos estéticos e funcionalidade.
Versátil, o uso do cimento queimado vai bem tanto em projetos que buscam um estilo mais industrial quanto naqueles com um viés mais moderno. É isso o que diz Gabriel Souza, arquiteto especialista em gestão de obras e sócio da Mutabile Arquitetura, empresa fundada em 2008, com sede em Belo Horizonte, Minas Gerais. Segundo ele, o cimento queimado é uma solução aprovada por gerações. "Os clientes que escolhem este piso normalmente gostam de acabamentos rústicos e sempre têm esta solução como referência de casa antiga, de fazenda, edificações rurais, casas de praia."
Gabriel conta que seu escritório trabalha com o piso em diversos tons de cinza e também nas cores amarela, azul e vermelha, e ressalta que ele não é indicado para locais onde há alta incidência solar. "A dilatação do piso em áreas externas provavelmente causará trincas e desgaste acentuado em pouco tempo após aplicação. Então, indicamos sempre o uso interno."
É a mesma sugestão compartilhada por Henrique Coutinho, arquiteto e diretor do Bloco Arquitetos, premiado escritório fundado em 2008, em Brasília. "Só não recomendamos [o piso de cimento queimado] em áreas externas, para não perder a sua característica", explica. "Já utilizamos em todos os tipos de cômodos de uma residência (sala, quartos, cozinha e até em banheiros), inclusive em paredes."
De acordo com Henrique, o portfólio da empresa inclui muitos projetos com cimento queimado, que é uma alternativa com custo acessível e identidade moderna. "O piso cimentício vira uma opção para nossos projetos por razões de economia, em primeiro lugar, e, em segundo, pela estética despojada do material. Inclusive essas foram as razões principais para optarmos por ele em nosso escritório."
Ainda sobre o valor deste tipo de piso, o representante do Bloco Arquitetos diz que, atualmente, esta "é uma opção mais em conta que produtos como madeira, pedra, porcelanato e granilite", e que "o processo de aplicação com os produtos atuais é muito fácil e proporciona uma grande agilidade na obra".
Já Gabriel, da Mutabile, chama a atenção para o fato de que os custos dependem do acabamento final esperado. "Há uma confusão dos clientes, pois existem vários outros pisos cimentícios com o resultado estético similar ao cimento queimado", explica. "O microcimento (produto composto por cimento especial e polímeros), por exemplo, proporciona planos maiores sem emendas. Existem também pinturas e misturas prontas que acabam tendo o aspecto estético similar ao cimento queimado."
Segundo o arquiteto, o cimento queimado, em si, tem aspecto rústico e é bem irregular entre os planos, devido à forma artesanal de produção. "Como é uma nata de cimento (água, cimento e em alguns casos corante) misturada, ele é relativamente simples de execução. Mas, para que o acabamento se demonstre mais sofisticado, a solução demanda juntas de dilatação, controle da cura, executor cuidadoso e até uma proteção de verniz ao fim do processo. E isto pode acabar tendo um custo maior que um revestimento cerâmico."
Fontes
Bloco Arquitetos
Mutabile Arquitetura
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
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