Revisão da ABNT NBR 6118 é a mais esperada de 2021

Sob a coordenação da engenheira civil Suely Bueno, e tendo como secretário o engenheiro civil Alio Kimura – ambos integrantes da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) -, a comissão de revisão encerrou o prazo para receber sugestões em 31 de dezembro de 2020. Ocorreram 108 propostas, que seguirão em análise antes que a ABNT NBR 6118 vá definitivamente para consulta pública. Em palestra no Concrete Show Xperience, que aconteceu no ano passado, Alio Kimura revelou quais as principais novidades que devem ser agregadas à revisão da norma.

Entre as possíveis mudanças, estão as que abordam a avaliação de conformidade do projeto e o uso indiscriminado do controle rígido dos cobrimentos. Também serão excluídas algumas tabelas redundantes e melhoradas fórmulas de cálculos, especificações e simbologias. No item “imperfeições globais” optou-se por uma definição mais clara. Da mesma forma, deverá ser revisada parte do texto de “estruturas de nós fixos e estruturas de nós móveis”. Idem para os itens sobre “consideração aproximada de não-linearidade física”.

Haverá ainda a retirada de parte da definição de sapatas flexíveis, a fim de evitar subjetividade. “Existem várias outras modificações e estimamos mais cinco reuniões para analisar as sugestões finais antes de encaminhar a revisão para consulta pública”, comenta Alio Kimura. “Não haverá alterações impactantes. O que se espera dessa revisão são melhorias e ajustes pontuais, reforçando a maturidade da norma. Obviamente, futuras revisões virão, quando poderemos abordar questões como sustentabilidaderobustez, novos materiais e melhorias dinâmicas, entre outros temas”, completa. Uma possível data para a publicação da nova ABNT 6118 seria 15 de julho de 2021.

História da norma coincide com a fundação da ABNT, em 1940

A norma nasceu em 1940, e se confunde com a fundação da ABNT. Surgiu com o nome de NB-1 (Norma Brasileira Número 1). Depois evoluiu para NBR 6118, recebendo atualizações em 1960, 1978, 2003 e 2014. Atualmente, ela abrange vários segmentos da engenharia civil, indo de projetistas a construtores até fabricantes. Também engloba uma ampla gama de obras, como a construção de residências, pontes, viadutos e barragens de hidrelétricas. Vale destacar que o Brasil é o único país da América Latina que possui uma norma técnica própria para estruturas de concreto.

Após a mais recente revisão, a ABNT NBR 6118:2014 foi reconhecida pela ISO (International Organization for Standardization) como norma de padrão internacional pela ISO/TC71 por atender aos requisitos da ISO 19338 – “Performance and assessment requirements for design standards on structural concrete”. O documento estabelece os parâmetros mundialmente aceitos para as normas de projeto de concreto estrutural, conferindo à norma-mãe a oportunidade de ser aceita em todo o mundo.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Revisão da NBR 6118: a visão de quem entende do tema”, concedida dentro da Concrete Show Xperience pelo engenheiro civil Alio Kimura, secretário da comissão da ABNT que cuida da atualização da norma técnica

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Norma brasileira para prevenir etringita tardia dá 1º passo

Dormente de concreto com etringita tardia e reação álcali-agregado: patologias podem ocorrer simultaneamente em estruturas. Crédito: LNEC
Dormente de concreto com etringita tardia e reação álcali-agregado: patologias podem ocorrer simultaneamente em estruturas.
Crédito: LNEC

Em uma das reuniões-técnicas de 2020, o IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) decidiu pela elaboração de um guia com medidas preventivas contra a formação de etringita tardia. “Será formado um comitê para a edição do guia, e, paralelamente, a ideia é que seja trabalhado um documento dentro da ABNT/CB-018 (Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados) para resultar em uma futura norma”, revela o geólogo Arnaldo Forti Battagin, gerente de tecnologia da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). 

No final de 2020, ao conceder videoaula para o canal da ABCP no YouTube, Arnaldo Battagin disse da importância dessa medida. “Não existe norma técnica brasileira para prevenção da DEF. Atualmente, a ABCP se baseia em guias da França e de Portugal, elaborados pelo LCPC (Laboratoire central des ponts et chaussées) [Laboratório Central de Pontes e Estradas]) e pelo LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil)”, comenta. Esses guias destacam 6 ações preventivas importantes:

– Limitar temperatura máxima do concreto e da cura (o LCPC define 3 níveis de prevenção).
– Evitar contato da estrutura com água e umidade.
– Limitar teores de sulfato e C3A no cimento.
– Limitar teor de álcalis no concreto.
– Realizar ensaios de desempenho de traços (ciclos térmicos).
– Controlar teor de hidróxido de cálcio (usar adições). 

Mas o que é a etringita tardia? Resumidamente, trata-se de uma patologia do concreto de difícil diagnóstico, e que é causada pela reação química dos sulfatos presentes dentro do material. No longo prazo, pode causar danos irreversíveis às estruturas por ela atingidas. Conhecida internacionalmente como DEF (Delayed Etringite Formation [formação de etringita tardia]) a patologia é diferente da Reação Álcali-Agregado (RAA) mas em condições de campo elas se confundem. “São muito similares e podem induzir a diagnósticos incorretos. Além disso, os fenômenos podem ocorrer simultaneamente”, explica Arnaldo Battagin. “Por isso, um diagnóstico mais preciso deve ser feito em laboratório”, completa. 

Patologia foi descoberta nos anos 1980 e hoje se sabe que existem 3 tipos de etringita  

Descoberta nos anos 1980, na Alemanha, a etringita tardia passou a ter repercussão internacional em 1987, na Inglaterra, após a patologia ser diagnosticada em dormentes de concreto de linhas férreas expostas às intempéries. A partir daí, os estudos se aprofundaram e hoje se sabe que existem 3 tipos de etringita. Além da tardia, a secundária e a primária. “Ataques de sulfatos ocasionados pelo ambiente geram a etringita secundária, que também é de longo prazo. Já a etringita primária ocorre nas primeiras horas de hidratação do concreto”, diz Battagin. 

Em sua mais recente revisão, de 2015, a ABNT NBR 12655 (Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle e recebimento) recomenda usar cimentos resistentes a sulfatos, na prevenção contra etringita tardia. Mas essa norma técnica não traz um aprofundamento sobre como prevenir a DEF, como faz a ABNT NBR 15577-1 (Agregados – Reatividade álcali-agregado) com relação à manifestação de RAA. Além disso, em sua videoaula Arnaldo Battagin salienta que a Reação Álcali-Agregado não depende só do traço do concreto e de seus agregados, mas também das condições de exposição da estrutura, seu tipo e suas dimensões.  

Por tudo isso, explica o geólogo, é importante o Brasil ter uma norma específica de prevenção contra a etringita tardia, assim como tem uma que orienta como se precaver da RAA. Por fim, ele destaca onde não se pode aceitar em hipótese alguma a ocorrência da DEFA patologia deve ser evitada em estruturas para usinas nucleares, barragens, túneis e dormentes de vias férreas, além de pontes e viadutos construídos em condições e em ambientes excepcionais”, conclui. 

Assista à íntegra da videoaula

Entrevistado
Reportagem com base na videoaula “Prevenção de fenômenos expansivos no concreto. Formação da etringita tardia”, concedida pelo geólogo Arnaldo Forti Battagin, gerente de tecnologia da ABCP 

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Casa Verde e Amarela terá concurso de projetos em 2021

Casa Verde e Amarela está em fase de transição do Minha Casa Minha Vida e em 2021 só passará a aceitar projetos concebidos na plataforma BIM. Crédito: Agência Brasil
Casa Verde e Amarela está em fase de transição do Minha Casa Minha Vida e em 2021 só passará a aceitar projetos concebidos na plataforma BIM.
Crédito: Agência Brasil

O Casa Verde e Amarela vai lançar no 1º semestre de 2021 um concurso público, para que engenheiros civis e arquitetos apresentem projetos inovadores que ajudem a melhorar a qualidade, a produtividade e a sustentabilidade das moradias financiadas pelo programa habitacional. A informação é da arquiteta e urbanista Rhaiana Bandeira Santana, nova coordenadora do PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat) e secretária-executiva do Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação (CTECH).  

O anúncio do concurso aconteceu durante a participação da integrante do governo federal na edição virtual do 92º ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção). O concurso também vai buscar sistemas construtivos inovadores. “Assumi o PBQP-H em abril deste ano (2020) e ainda estamos em fase de transição do Minha Casa Minha Vida para o Casa Verde Amarela. Mas uma das novidades será a realização do concurso para qualificar as futuras habitações que vierem a ser construídas dentro do programa”, diz Rhaiana Bandeira Santana. 

A gestora do PBQP-H revela que será dada prioridade aos projetos que atenderem conceitos de construção sustentável, como reúso de água e eficiência energética. Outra novidade do Casa Verde e Amarela para 2021 é que, a partir do próximo ano, o programa só vai contratar projetos que sejam apresentados na ferramenta BIM. Decreto assinado em abril de 2020 torna obrigatório o uso da tecnologia em obras públicas de qualquer natureza. “É compromisso da Secretaria Nacional de Habitação (SNH) disseminar e induzir o uso do BIM nos projetos de habitação de interesse social”, afirma a arquiteta.  

A implantação do BIM em projetos relacionados com o Casa Verde e Amarela será em 3 etapas. Na primeira fase, envolverá estruturahidráulicaaquecimentoventilação e ar condicionado e elétrica. A partir de janeiro de 2024, o BIM deverá ser utilizado na execução e na gestão de obras. Por fim, em 2028, será obrigatório no gerenciamento e na manutenção do empreendimento após a construção, desde que o projeto tenha sido desenvolvido dentro da plataforma. 

Qualificar os materiais de construção usados nas edificações é outra meta do programa  

Gestão do programa Casa Verde e Amarela é feita dentro do ministério do Desenvolvimento Regional, comandado pelo ministro Rogério Marinho. Crédito: Marcos Côrrea/PR
Gestão do programa Casa Verde e Amarela é feita dentro do ministério do Desenvolvimento Regional, comandado pelo ministro Rogério Marinho.
Crédito: Marcos Côrrea/PR

Rhaiana Bandeira Santana também revela que outra meta do PBQP-H é fazer com que 90% das empresas contratadas para atuar no Casa Verde e Amarela utilizem materiais de construção em conformidade com as normas técnicas. Desde a criação do programa, em 1998, o percentual vem subindo. Nos anos 1990, a conformidade atingia 40% das obras. Atualmente, está em 82%. O PBQP-H também conta atualmente com 1.984 construtoras credenciadas para atuar no Casa Verde Amarela e que utilizam materiais dentro da conformidade. “A construtora certificada torna-se indutora da melhoria de qualidade e influencia as demais”, comenta a coordenadora. 

Dentro do PBQP-H existem três sistemas para avaliar e qualificar métodos construtivos e materiais de construção. São o SiAC (Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas e Serviços e Obras da Construção Civil), o SiMAC (Sistema de Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos) e o SiNat (Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Produtos Inovadores). 

Tanto o PBQP-H quantos seus sistemas avaliadores e de controle de qualidade foram mantidos no Casa Verde e Amarela. Dia 4 de dezembro, a medida provisória (MP) que criou o novo programa passou na Câmara e no dia 8 de dezembro foi aprovada no Senado, indo à sanção presidencial para se tornar lei.      

Entrevistado
Reportagem com base nas informações passadas dentro do painel “O impacto de normas, certificações e programas de qualidade sobre os materiais”, realizado na edição virtual do 92º ENIC 

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Construção comemora juro baixo e prevê crescer 3,8% em 2021

Ciclo contratado na construção imobiliária garante bom volume de obras para 2021. Crédito: Banco de Imagens
Ciclo contratado na construção imobiliária garante bom volume de obras para 2021.
Crédito: Banco de Imagens

O que esperar de 2021? Essa é a pergunta que todos os segmentos ligados à cadeia produtiva da construção civil estão fazendo. Com a possibilidade de o Brasil iniciar uma vacinação em massa contra a epidemia de COVID-19 ainda no primeiro semestre do próximo ano, o que se percebe entre os organismos representativos do setor é que existe um otimismo moderado. As recentes projeções coordenadas pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) confirmam isso. Um dos dados mais relevantes é que o PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil deverá crescer 3,8% em 2021. 

O que leva a essa previsão positiva são os lançamentos de empreendimentos que estão saindo do papel. Por conta dos juros baixos, a construção imobiliária ficou com estoque muito reduzido e, diante da alta demanda, acelerou a execução de obras. “Boa parte do crescimento projetado para 2021 será para atender os contratos firmados em 2020”, avalia o presidente do SindusCon-SP, Odair Senra. A coordenadora de projetos da construção do FGV IBRE confirma a análise. “Há um ciclo contratado na construção, com obras que entrarão em atividade. A preocupação é com a sustentação desse ciclo de crescimento”, completa a economista Ana Maria Castelo. 

O que os empreendedores do setor mais temem é que o governo federal não consiga implementar as reformas necessárias e, consequentemente, não possa sustentar os juros baixos. Essa preocupação foi exposta pelo presidente do conselho administrativo da MRV Engenharia, o engenheiro civil Rubens Menin, durante painel realizado na edição virtual do 92º ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção). O empresário comemora o fato de, em plena pandemia, o país ter conseguido reduzir as taxas de juros, o que permitiu um crescimento surpreendente no volume de negócios do mercado imobiliário, mas tem receio de que a construção tenha que voltar a pisar no freio.  

“O juro baixo é extremamente inclusivo, pois permite acesso de um grande número de pessoas à casa própria. Porém, ele precisa ser sustentável e tem um fantasma que pode ameaçá-lo em 2021: a inflação. Para que isso não ocorra, e para que a construção civil não tenha mais um voo de galinha, as reformas são fundamentais. Além disso, não é hora da construção civil ter de pisar no freio novamente. Pelo contrário, ela precisa dobrar de tamanho em um país que tem tanta carência de obras. Temos de modernizar a agenda do Brasil com as reformas, porque o mundo está se modernizando e não podemos ficar para trás”, afirma Menin.  

Há indicativos de que 2021 possa assegurar crescimento sustentável do setor 

Para Rodrigo Navarro, presidente-executivo da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), se existem temores também há sinais de que se pode alcançar um crescimento sustentável em 2021. “Com muito trabalho, estamos retomando o crescimento que tivemos nos dois anos anteriores (2018 e 2019). Este ano tem sido de desafios e superações. Porém, a demanda alta no varejo, o aquecimento da construção imobiliária e o lançamento do programa Casa Verde e Amarela trazem indicativos de que poderemos ter sustentabilidade do crescimento em 2021″, observa. 

Geraldo Defalco, presidente da Anamaco (Associação Nacional de Comerciantes de Material de Construção) coloca mais um ingrediente, que, segundo ele, tende a sustentar o crescimento em 2021. “Trata-se da consolidação da venda digital, que já alavancou o varejo durante a pandemia e tem condições de manter as vendas em um cenário positivo”, diz, ao participar de recente fórum virtual da Anamaco (Desenhando cenários e construindo caminhos para o MATCON em 2021). Por fim, o presidente do SNIC/ABCP (Sindicato Nacional da Indústria de Cimento e Associação Brasileira de Cimento Portland), Paulo Camillo Penna, consolida o sentimento de otimismo moderado do setor. “Acreditamos que o bom desempenho deve continuar, mas a médio prazo ainda contamos com um horizonte de incertezas”, conclui.     

Entrevistados
SindusCon-SP, AbramatAnamaco, SNIC/ABCP, FGV IBRE e opiniões empresariais dentro do 92º ENIC (via assessoria de imprensa) 

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Industrializar a construção será inexorável até 2030

Produção modular começa a ser usada no Brasil, mas na Finlândia, Suécia e Noruega é o sistema construtivo mais empregado. Crédito: BPM Pré-Moldados
Produção modular começa a ser usada no Brasil, mas na Finlândia, Suécia e Noruega é o sistema construtivo mais empregado.
Crédito: BPM Pré-Moldados

Na próxima década (2021-2030) será possível assistir a uma grande transformação da construção civil. Segundo os participantes do painel “Industrializar é preciso – Construção 2030”, os conceitos de indústria 4.0 irão se impor ao setor. Não por modismo, mas por necessidade. Para eles, só o emprego da tecnologia conseguirá fazer frente aos desafios envolvendo sustentabilidadedéficit habitacional, obras de infraestrutura, escassez de mão de obra e preservação de recursos naturais 

Esse cenário é projetado tanto para o espectro internacional quanto para o Brasil. “A construção civil estará cada vez mais pressionada a construir mais com menos”, prevê o professor-doutor da Escola Politécnica da USP, Vanderlei John, um dos debatedores do seminário que aconteceu na edição virtual do 92º ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção). 

Para conseguir se transformar, a construção civil terá que se industrializar, ou seja, adotar processos que resultem em melhor produtividade nos canteiros de obras, gerando menos desperdícios e menor volume de resíduos. “Para a construção civil, a grande inovação é industrializar”, diz Vanderlei John, que completa seu raciocínio usando uma frase do economista Paul Krugman – Prêmio Nobel de Economia em 2008: “Produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo.”  

O professor da Poli-USP lembra que na década que está batendo à porta a alvenaria tende a deixar de ser o sistema construtivo mais barato e viável. “A alvenaria tem 5 mil anos e não é uma solução de alta produtividade. Ela exige um bom volume de emprego de mão de obra, que na construção civil tende a se tornar cada vez mais escassa. Vide o Brasil, que a partir de 2035 terá população economicamente ativa decrescente, por conta do envelhecimento”, comenta.  

Construção modular é o melhor exemplo de como a tecnologia vai mudar o jeito de construir 

Para fazer frente a essa nova realidade, e ao volume de obras, a construção civil terá que absorver tecnologia e aderir aos processos industrializados. E essa transformação já está em curso. A adesão aos sistemas pré-fabricados, ao uso do BIM, à realidade aumentada e aos drones está aí para comprovar. Segundo Vanderlei John, a construção modular é atualmente o exemplo melhor acabado de como a tecnologia vai modificar o jeito de construir. “Finlândia, Suécia e Noruega estão conseguindo mostrar isso na prática”, cita.  

O professor da Poli-USP lembra ainda que esses países estão conseguindo transformar seus processos construtivos investindo em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e em startups da engenharia civil. No Brasil, o SENAI CIMATEC – a escola de engenharia do SENAI, com sede em Salvador-BA – está desenvolvendo um estudo com foco na construção modular para habitação de interesse social. “Essa será a fase um, mas queremos avançar para edificações industriais e obras de infraestrutura”, revela Luís Alberto Breda Mascarenhas, diretor de operações e vice-reitor do SENAI CIMATEC. 

A solução buscada pelo centro universitário de engenharia do SENAI está concentrada na construção modular com concreto armado. “A ideia é construir mais rápido e com redução de retrabalho, pensando na economia circular”, resume Breda Mascarenhas. Para complementar, Vanderlei John lembra que nem sempre os processos construtivos inovadores são propostos por quem constrói, mas sim por quem fornece o material. “Hoje há muito mais P&D no fornecedor do que no construtor, e é ele quem induz a inovação para dentro do canteiro de obras”, finaliza.   

Entrevistado
Reportagem com base nas informações passadas dentro do painel “Industrializar é preciso – Construção 2030”, realizado na edição virtual do 92º ENIC 

Contato: comunica@cbic.org.br 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Quem constrói alto padrão constrói habitação popular?

Tecnologia de paredes de concreto começou a ser utilizada no Minha Casa Minha Vida e migrou para prédios de alto padrão.  Crédito: prefeitura de Caratinga-MG
Tecnologia de paredes de concreto começou a ser utilizada no Minha Casa Minha Vida e migrou para prédios de alto padrão.
Crédito: prefeitura de Caratinga-MG

No painel “Indicadores Estratégicos de Produtividade”, realizado dentro da edição virtual do 92º ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção), os engenheiros civis Roberto de Souza, diretor-presidente do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações), e Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, professor da Escola Politécnica da USP (Poli-USP), abordaram a questão da produtividade na construção civil. No centro do debate, trouxeram à tona as diferenças da engenharia que constrói empreendimentos de alto padrão e a engenharia que constrói habitação de interesse social.  

Segundo eles, cada uma tem as suas especificidades. No que se refere à engenharia para moradias populares a complexidade é maior, por causa do orçamento apertado e dos protocolos exigidos por quem financia – no caso, o poder público. Por isso, entendem os debatedores, abre-se um amplo campo para que sistemas construtivos industrializados e novas tecnologias sejam explorados primeiramente nos projetos de habitação de interesse social, os quais trabalham com escalas maiores de produção, para depois migrarem para o alto padrão. Isso já foi visto no Minha Casa Minha Vida (MCMV). 

O programa recentemente substituído pelo Casa Verde e Amarela chegou a 65% de seus projetos utilizando a tecnologia de paredes de concreto. A eficácia do sistema construtivo migrou para quem constrói casas e edifícios de alto padrão com mais de 20 pavimentos. Para Roberto de Souza, esse é um bom sinal. “As empresas (construtoras e incorporadoras) estavam em uma zona de conforto. Mas algo está mudando, até por conta de novos consumidores que chegam ao mercado e de novos comportamentos. Isso está desafiando as empresas a mudarem e a pensarem em inovações”, avalia.  

Produtividade da construção civil no Brasil é um problema macroeconômico 

Para o diretor-presidente do CTE, no centro do debate está o aumento da produtividade. Neste ponto, a intervenção do professor Ubiraci Espinelli trouxe dados interessantes mostrados no painel. Primeiro, o professor da Poli-USP entende que produtividade no Brasil é um problema macroeconômico. Ele avalia que deveria haver um pacto da construção civil brasileira, a fim de que o setor conseguisse fazer a produtividade crescer de 3% a 4% ano, ao longo de uma década. Se isso ocorresse, seria possível atingir patamares perto do que hoje já é realidade em países como Estados Unidos, Canadá e Alemanha, por exemplo.  

Para ilustrar a defasagem nacional no quesito produtividade em canteiros de obras, Spinelli apresentou números que são frutos de uma pesquisa realizada em parceria entre USP e SindusCon-SP. Foram coletados dados de 16 das 20 principais construtoras do estado São Paulo. O resultado a que se chegou é o seguinte: entre as empresas que fizeram parte da pesquisa, 1 pedreiro gasta, em média, 1 hora para erguer 1 m2 de parede de alvenaria. Quando se trata de estrutura de concreto armado, o levantamento apurou que, entre montagem das fôrmas, colocação das ferragens e concretagem, o tempo varia de 6 horas a 19 horas (média, 9 horas) por m3.  

Comparativamente, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), os trabalhadores da construção civil de países europeus, da América do Norte e da Ásia são, em média, 40% mais produtivos que os do Brasil. Ou seja, no exterior 1 m2 de alvenaria pode ser erguido em 36 minutos e 1 m3 de concreto finalizado em 5 horas e 24 minutos. “Obviamente, essa diferença no tempo de produtividade pode mudar para mais ou para menos, pois depende de um conjunto que envolve projetosistema construtivo, processo de produção e organização do trabalho. Mas o que se constata é que a construção civil brasileira tem como melhorar esses números”, finaliza o professor da USP.    

Entrevistado
Reportagem com base nas informações passadas dentro do painel “Indicadores Estratégicos de Produtividade”, realizado na edição virtual do 92º ENIC 

Contato: comunica@cbic.org.br 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Obras em taludes e encostas requerem especialização

Obras da Brasecol utilizam Cimento Itambé e concreto da Concrebras Crédito: Brasecol
Obras da Brasecol utilizam Cimento Itambé e concreto da Concrebras
Crédito: Brasecol

Quem viaja pelas rodovias brasileiras já viu uma série de obras de contenção, seja em taludes ou encostas. Seus projetos requerem cálculos precisos, emprego de técnicas específicas e engenharia especializada. Quando não executadas de maneira correta, podem causar desmoronamentos. Por isso, a escolha de empresas com tradição nesse segmento é o primeiro passo para assegurar obras com qualidade. Parceira da Cimento Itambé e da Concrebras, a Brasecol, com sede em Santa Catarina e 48 anos de experiência, está entre elas. Na entrevista a seguir, o corpo técnico da companhia, liderado pela engenheira civil Cynthia Minatto Brandão Richter, explica quais são atualmente as tecnologias disponíveis para a contenção de taludes e encostas e como elas também podem ser utilizadas em obras urbanas. Confira:

Quantas tecnologias de contenção de taludes e encostas são aplicadas atualmente no Brasil, e qual é a mais usada?

Existem vários tipos de contenção disponíveis atualmente, desde um simples muro de gabião até cortina atirantada. Não há como saber ao certo qual é

Talude recebe uma calha, onde a queda da chuva é amortecida por degraus para conter o volume de água Crédito: Brasecol
Talude recebe uma calha, onde a queda da chuva é amortecida por degraus para conter o volume de água
Crédito: Brasecol

a mais utilizada, pois o país é extenso e cada região tem suas peculiaridades. A escolha do tipo de contenção depende das características do talude e demanda de materiais, assim como a mão de obra disponível no local. Por exemplo, se está em uma rodovia onde é possível fazer retaludamento e tem espaço para realizar um gabião, essa pode ser a mais adequada. Agora, se em outro trecho desta rodovia não é possível fazer escavações e retaludamentos, pode ser necessário utilizar solo grampeado com ou sem concreto projetado.

A tecnologia do solo grampeado associado à aplicação de concreto projetado é utilizada desde quando pela Brasecol?

Reforço de talude com grampeamento e concreto projetado: técnica foi usada nas obras de supermercado em Itajaí-SC Crédito: Brasecol
Reforço de talude com grampeamento e concreto projetado: técnica foi usada nas obras de supermercado em Itajaí-SC
Crédito: Brasecol

Há relatos de que a primeira utilização da técnica de solo grampeado no Brasil tenha acontecido em 1970, por construtores de túneis, porém empiricamente. Recentemente, é que a técnica tem sido empregada com métodos de análise do seu comportamento. A Brasecol vem estudando a tecnologia desde 2019, e começou a aplicá-la em janeiro de 2020.

Independentemente da tecnologia, o concreto projetado é o mais utilizado para a contenção de taludes e encostas?

Normalmente, a escolha por concreto projetado ocorre mais em terrenos rochosos e em meio urbano, onde a inclinação do talude precisa ser mais acentuada. Em outros casos pode-se aplicar uma proteção vegetal na face do talude, ou telas de alta resistência para situações de quedas de blocos de rocha.

Em termos de especificações do concreto projetado para esse tipo de obra quais as peculiaridades?

Existem duas formas de executar o concreto projetado: via seca e via úmida. No preparo a seco, a adição de água é feita junto ao bico de projeção,

Mão de obra especializada é um dos requisitos para que obras em encostas e taludes sejam realizadas com qualidade Crédito: Brasecol
Mão de obra especializada é um dos requisitos para que obras em encostas e taludes sejam realizadas com qualidade
Crédito: Brasecol

alguns instantes antes da projeção. No preparo da via úmida, a adição de água é feita na hora do preparo do concreto e assim conduzido até o local da aplicação. Ambas as vias utilizam traços e equipamentos com características especiais.

Costuma-se pensar que apenas encostas de rodovias demandam esse tipo de obra, mas a contenção de taludes e encostas também está presente em projetos urbanos e imobiliários. Quando uma obra pede esse tipo de tecnologia?

Opção pelo concreto projetado é mais comum em obra cujo terreno é rochoso ou localizada em meio urbano Crédito: Brasecol
Opção pelo concreto projetado é mais comum em obra cujo terreno é rochoso ou localizada em meio urbano
Crédito: Brasecol

Sempre que a obra se deparar com diferentes níveis e solos sem capacidade de manter a estabilidade podemos pensar na aplicação do solo grampeado ou concreto projetado. Uma ideia muito comum entre as pessoas é que concreto projetado é somente utilizado quando o talude é inclinado, porém se as características do subsolo permitirem, pode ser utilizado para execução de cortinas em cortes a 90°. Um case sobre essa técnica foi a obra de contenção para a construção de uma unidade da rede de supermercados Giassi, em Itajaí-SC.

O projeto para a contenção de taludes é diferente do projeto para a contenção de encostas?

Os estudos (ensaios de campo, métodos de cálculos) são similares. As premissas e usos podem ser diversos, dependem das características do entorno e subsolo. Por isso, é importante ter um projetista especialista no assunto para definir a melhor solução. Também vale esclarecer as definições sobre os termos taludes e encostas. Taludes são terrenos inclinados que podem ser naturais ou criados com cortes ou aterros. As encostas são taludes naturais (encostas de morros). Outro ponto importante a ressaltar é que o projeto e a execução de contenções requerem mão de obra especializada e técnica, pois se não for estudado e executado corretamente podem ocorrer desastres como desmoronamentos. Também vale lembrar que as encostas e os taludes, depois de efetuada a contenção, precisam de monitoramentos e manutenção para garantir sua vida útil.

Existem normas técnicas para esse tipo de engenharia? Caso sim, como elas se encontram: atualizadas ou defasadas? Caso não, há movimentação da ABNT para normatizar a tecnologia?

Ainda não se tem uma norma brasileira específica para a solução em solo grampeado. Portanto, costumam ser usadas normas nacionais para outros tipos de contenção, como estabilização de taludes e tirantes, ou normas internacionais. Temos informação de que a ABNT está em processo de elaboração de uma norma.

Saiba mais sobre as obras de contenção realizadas pela Brasecol em Itajaí-SC

Entrevistada
Engenheira civil e administradora da Brasecol, Cynthia Minatto Brandão Richter, juntamente com corpo técnico da empresa

Contato
brasecol@brasecol.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Na pandemia, mercado imobiliário apresenta recuperação em “V”

Em sua 5ª medição sobre o comportamento do mercado imobiliário brasileiro no período de pandemia de COVID-19, a Brain Inteligência Estratégica mostra que o setor apresenta recuperação em “V”, após a doença ter atingido seu auge em abril de 2020, o que causou lockdown em várias capitais brasileiras. O termo recuperação em “V” ocorre porque as teorias econômicas definem a retomada do crescimento em 4 letras: “V”, “W”, “L” e “U”.

Em “V” é quando, após uma queda rápida da atividade econômica, acontece uma alta na mesma intensidade. O “W” ocorre quando a retomada econômica alterna fases de crescimento com contração. Já o “L” é o pior dos cenários: a atividade econômica cai e não se consegue prever a recuperação. Quanto ao “U”, indica que, depois de uma queda, há um período maior de abatimento da economia antes de uma retomada mais robusta.

A retomada do crescimento em “V” era uma expectativa da equipe econômica do governo, mas apenas alguns segmentos estão registrando essa tendência. O mais forte deles é o da construção imobiliária. A ponto do setor ter estoque para apenas 10 meses - o menor da década. Ou seja, se não houvesse nenhuma construção em andamento no país, o volume de apartamentos, casas e sobrados novos à venda acabaria por volta de setembro de 2021. O que explica essa intensa procura por imóveis no Brasil, principalmente no 2º semestre de 2020, são as baixas taxas de juros.

A nova realidade barateou o financiamento imobiliário de longo prazo e permitiu que quem morava de aluguel buscasse o 1º imóvel. “Além disso, apesar da pandemia, a vida continua. O Brasil tem, em média, 1 milhão e 100 mil casamentos por ano e 1 milhão e 500 mil pessoas mudando de cidade anualmente”, avalia o economista Fábio Tadeu Araújo, diretor da Brain Inteligência Estratégica. “Esse cenário fez o financiamento imobiliário crescer 34,8% no acumulado de 12 meses (novembro de 2019 a outubro de 2020)”, completa.

Comprador busca bem-estar e até imóveis de lazer estão com boa procura

Outro fator que estimula a corrida por imóveis é que a taxa Selic baixa tornou a renda fixa pouco atrativa. Isso fez com que os investidores migrassem para o mercado imobiliário, principalmente em busca de unidades de alto padrão. Essa avalanche de compradores faz organismos ligados à construção civil preverem que o setor possa crescer de 5% a 10% em 2020. “O setor vai crescer, provavelmente em dois dígitos em relação ao ano passado”, diz o engenheiro civil José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

O novo estudo da Brain Inteligência Estratégica mostra que a busca por imóveis novos tende a seguir em alta até 2022, pois 46% de potenciais compradores disseram que pretendem comprar imóvel em 2 anos. “O mercado impressiona, pois até imóveis de lazer estão com boa procura, como casas na praia e propriedades rurais (sítios e chácaras). As pessoas estão em busca do bem-estar”, cita Fábio Tadeu Araújo.

Para finalizar, tanto os analistas de mercado quanto os organismos ligados à construção civil estão convictos de que a venda digital também deu forte impulso para que o mercado imobiliário se mantivesse aquecido na pandemia. “Quando abrimos nossos números, percebemos o ganho de share das empresas mais estruturadas em venda digital, se comparadas com aquelas que não acreditavam que poderiam realizar vendas online para o cliente. O digital passou a ser uma realidade no dia a dia das construtoras e incorporadoras”, conclui o presidente da CBIC.

Assista ao vídeo da apresentação “5ª onda - COVID-19: o que esperar para 2021”

Entrevistado
Reportagem com base no webinar “5ª onda - Covid-19: o que esperar para 2021”, da Brain Inteligência Estratégica, com informações da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

Contatos
contato@brain.srv.br
ascom@cbic.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Coreia do Sul cria “curativo” para estruturas de concreto

Equipe do Instituto Coreano de Engenharia Civil e Tecnologia da Construção espera concluir testes com o TRM até o final de 2020 Crédito: KICT
Equipe do Instituto Coreano de Engenharia Civil e Tecnologia da Construção espera concluir testes com o TRM até o final de 2020
Crédito: KICT

Os curativos para pequenos ferimentos na pele inspiraram pesquisadores do Instituto Coreano de Engenharia Civil e Tecnologia da Construção (Korea Institute of Civil Engineering and Building Technology [KICT]) a criar um “band-aid” para estruturas danificadas de concreto. Batizado de TRM (Textile Reinforced Mortar [argamassa têxtil reforçada]) o invento consiste em placas que medem 1 m x 2 m cada uma, e que utilizam tecido de fibra de carbono com 2 centímetros de espessura como matéria-prima. Superleves, as placas evitam criar sobrecarga na área a ser recuperada. “Esperamos concluir a pesquisa até o final de 2020, mas os resultados, após testes em 130 corpos de prova, ao longo de 6 meses, nos deixam animados”, diz o pesquisador-chefe, o professor-doutor do KICT, Hyeong-Yeol Kim.

A equipe utiliza como elemento colante argamassa produzida à base de cimento com 50% de escória de alto forno em sua composição. Segundo os pesquisadores, o cimento com essas características tem alta resistência ao fogo e permite que o invento seja utilizado em estruturas que podem estar expostos a riscos de incêndio. Além disso, nos testes em laboratório, os corpos de prova em que foram aplicados os “curativos” se submeteram a métodos de envelhecimento acelerado e variáveis ciclos de umidade, seja em situação de alta temperatura ou congelamento-degelo. “As simulações consideraram condições ambientais adversas e mostraram que o TRM pode ser aplicado também em superfícies expostas constantemente à umidade”, explica Hyeong-Yeol Kim.

Invento pode reduzir em até 40% o custo de recuperação de pontes e viadutos

Uma das conclusões preliminares do estudo é que, ao contrário de reparos que usam barras de aço, o tecido de carbono não sofre corrosão, o que possibilita o uso do “curativo” em pavimentos de concreto, edifícios-garagem com estruturas pré-fabricadas, lajes, pilares ou mesmo plataformas marítimas, geralmente expostas a um ambiente rico em cloretos. Os pesquisadores também avaliam que o invento pode reduzir em até 40% o custo de recuperação de estruturas como pontes, viadutos e passarelas, além de triplicar a vida útil dessas construções. Eles se baseiam nos resultados dos ensaios de ruptura realizados no KICT, onde estruturas de concreto reforçadas com painéis de TRM ficaram 1,5 vezes mais resistentes do que antes de receberem o “curativo”.

Outra informação coletada pela equipe é que as placas de TRM podem ser usadas ​​como elementos de fachadas de edifícios, haja vista que funcionam como isolantes térmicos, e também como reforço de estruturas em regiões vulneráveis a abalos sísmicos. Isso estende as possibilidades geradas pelos concretos reforçados com tecidos de carbono, que desde 2000 são o centro das atenções de vários laboratórios de pesquisas voltados para a construção civil em todo o mundo. No Brasil, a primeira iniciativa aconteceu em 2015, no Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (LEME) da UFRGS, porém ainda sem aplicações práticas. Havia o projeto de construir duas passarelas para pedestres no campus da universidade, em Porto Alegre-RS, mas que acabou não se concretizando.

Entrevistado
Korea Institute of Civil Engineering and Building Technology (KICT) (via departamento de comunicação)

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webmaster@kict.re.kr

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330


Venda de máquinas para a construção cresce 14% em 2020

Venda de caminhões-betoneira novos teve expansão de 41,79% em 2020, na comparação com 2019 Crédito: Volvo
Venda de caminhões-betoneira novos teve expansão de 41,79% em 2020, na comparação com 2019
Crédito: Volvo

Números apresentados recentemente na 15ª edição do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção revelam que a venda de máquinas para o setor vai fechar 2020 com aumento de 14,30%. O percentual é em comparação com o volume de negócios de 2019. No ano passado, foram comercializados 26.943 equipamentos, enquanto neste ano as negociações atingiram 30.798.

Entre as máquinas mais utilizadas nos canteiros de obras, os destaques em venda em 2020 - até a conclusão do levantamento - foram guindastes, que saíram de 4 unidades em 2019 para 8 unidades neste ano, e caminhões-betoneira, que cresceram de 670 para 950 - expansão de 41,79%. Na avaliação dos especialistas que compuseram o estudo coordenado pela Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) dois fatores estimularam esse crescimento.

O primeiro foi o impulso que a construção imobiliária teve em 2020 e o segundo o movimento que o setor está fazendo no sentido de utilizar tecnologias alinhadas com a construção industrializada. O aumento no volume de vendas de caminhões-betoneira significa também maior consumo de concreto dosado em central. Da mesma forma, guindastes em obras imobiliárias indicam que o empreendimento utiliza elementos que precisam ser içados, como estruturas pré-fabricadas ou pré-moldadas de concreto.

O desempenho de máquinas para a construção civil poderia ser melhor se a compra de equipamentos importados não tivesse registrado uma retração em função da forte desvalorização do real frente ao dólar neste ano. A moeda nacional perdeu praticamente 40% de seu valor de compra e impactou em queda de 11% no mercado de máquinas como plataformas aéreas e manipuladores telescópicos - também bastante usadas na montagem de elementos pré-fabricados de concreto.

Crescimento estimado para 2021 é maior que o de 2020, e pode chegar a 25%

Para o próximo ano, o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção estima aumento de 25% para todo o setor de equipamentos para construção. O crescimento continuará puxado pela linha amarela, formada principalmente por tratores, retroescavadeiras, pás-carregadeiras e rolos-compressores, entre outras máquinas para movimentação de terra. Porém, o segmento de máquinas exclusivas para a construção civil terá uma fatia maior no volume de vendas, e pode chegar a 16%. Em 2020, a linha amarela cresceu 22% na comparação com 2019.

Esse cenário otimista está relacionado à aposta de que, finalmente, as obras de infraestrutura devem deslanchar no ano que vem. A expectativa é que o Brasil conseguirá viabilizar as concessões de rodovias, portos e aeroportos, além de destravar as 5 mil obras herdadas de governos anteriores e que continuam paralisadas. “O setor privado está investindo atualmente no setor. Mas a infraestrutura depende também do investimento público, que passa por uma série de dificuldades no atual cenário político-econômico. Então, uma saída é o investimento estrangeiro. Só que existe uma condicional importante, que é a garantia de segurança jurídica”, diz Afonso Mamede, presidente da Sobratema.

Diante da possibilidade da construção imobiliária seguir em alta em 2021, e com as perspectivas de que as obras de infraestrutura finalmente sairão do papel, o setor da construção civil revela confiança. Segundo o estudo, 67% das construtoras e locadoras de equipamentos estão otimistas com a economia brasileira para 2021. Já 70% acreditam que o setor continuará em crescimento, enquanto 86% dos empresários se mostram confiantes com o desempenho de suas empresas para o ano que vem.

Assista à apresentação do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção

Entrevistado
Reportagem com base no evento virtual da 15ª edição do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção

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sobratema@sobratema.org.br

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Altair Santos MTB 2330