Ciclovia brilhante inspirada em Van Gogh é atração na Holanda

Ciclovia recria obra-prima de Van Gogh.
Crédito: Daan Roosegaarde

Uma das maiores obras-primas de Vincent van Gogh (1853-1890) serviu de inspiração para a construção de uma ciclovia iluminada e cheia de poesia na cidade de Eindhoven, na Holanda. Inaugurada em novembro de 2014, a Van Gogh Path continua sendo um dos principais atrativos turísticos do local, província de Brabante, onde o pintor holandês viveu por dois anos, de 1883 a 1885.

As cores marcantes e as pinceladas circulares do quadro "A Noite Estrelada" (1889) estão presentes na ciclovia, produzida com milhares de pedras cintilantes inseridas no concreto ainda no estado fresco, que, depois, foi polido e escovado para garantir uma pista perfeita para os ciclistas.

Van Gogh Path é feita com concreto e milhares de pedras cintilantes.
Crédito: Daan Roosegaarde

A tecnologia inovadora desenvolvida pelo artista holandês Daan Roosegaarde, fundador do Studio Roosegaarde, e pela empresa de construção holandesa Heijmans faz com que as luzes se "carreguem" durante o dia e brilhem no período da noite. O projeto ganhou vários prêmios internacionais, como o Best Future Concept, o Dutch Design Award, o Accenture Innovation Award e o Index Award Denmark.

Ao Massa Cinzenta, o Studio Roosegaarde contou que o principal desafio na idealização e na construção da ciclovia foi definir qual tipo de material usar para a iluminação da via. "Os materiais fosforescentes já existentes não brilhavam muito bem e contavam com materiais tóxicos em sua composição, então tivemos que redesenhar o material e descobrir como aplicá-lo no pavimento", explicaram os representantes do estúdio.

Projeto Glowing Lines cria faixas brilhantes em rodovias.
Crédito: Daan Roosegaarde

A equipe também destacou a preocupação com o entorno da Van Gogh Path, que possui cerca de 600 metros de extensão, em meio ao verde. "A ciclovia fica em uma área em meio à natureza, portanto, a iluminação de baixo nível era importante para não prejudicar o ambiente. Mas, ao mesmo tempo, queríamos ter o efeito mágico de poder percorrer uma pintura brilhante. Encontrar o equilíbrio criou uma verdadeira magia." Em relação à manutenção do local, o Studio Roosegaarde disse ser necessário apenas uma limpeza periódica.

A ciclovia faz parte de um projeto maior chamado Smart Highway, que tem como proposta criar vias sustentáveis e mais seguras, sempre com um diferencial moderno.

Pista de concreto ganhou milhares de pedrinhas cintilantes que recriam a obra "A Noite Estrelada"
Projeto Gates of Light ilumina 60 edifícios com faróis dos carros.
Crédito: Daan Roosegaarde

Uma das iniciativas é a Glowing Lines, que segue na mesma linha da ciclovia, criando, nas rodovias, faixas de segurança que brilham por até oito horas durante a noite, garantindo maior visibilidade e, consequentemente, segurança aos motoristas. O projeto funcionou durante um período de três meses na Holanda e está em processo de desenvolvimento para ser lançado internacionalmente.

Outra realização do Studio Roosegaarde é o Gates of Light, uma instalação permanente que ilumina 60 edifícios de 1932 na barragem Afsluitdijk, no norte da Holanda do Norte, por onde passam diariamente cerca de 20 mil carros. As construções, que foram renovadas com a utilização de camadas de microprismas e de concreto, brilham a partir do reflexo dos faróis dos carros, criando uma paisagem futurística sem o uso de eletricidade.

Fonte
Studio Roosegaarde

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Câmara de Porto Alegre aprova projeto que reduz imposto para a construção civil

Proposta reduz alíquota do ISSQN para a construção.
Crédito: Ederson Nunes/CMPA

No dia 18 de dezembro, a Câmara Municipal de Porto Alegre (CMPA) aprovou o projeto de lei complementar nº 998 que altera o Código Tributário da Capital e reduz o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) para a construção civil.

Segundo a proposta aprovada, a alíquota cobrada para os serviços do setor, que, atualmente, é de 4%, passa a ser de 2,5%. A nova taxação entra em vigor em 1º de junho de 2024 e fica válida até o final de 2038.

Quais serviços são afetados?

A mudança na alíquota afetou dois grupos de serviços:

  • Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres;
  • Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos.

Nas duas situações, a redução de alíquota não se aplica em caso de fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços fora do local da prestação, ficando sujeito ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Motivos da proposta de redução de imposto

De acordo com a Prefeitura de Porto Alegre, o objetivo do projeto de lei complementar é promover o alinhamento da legislação municipal à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que restringiu a dedução da base de cálculo do ISSQN para a construção, restabelecendo a tributação sobre o preço total do serviço.

Rodrigo Fantinel, secretário da Fazenda de Porto Alegre, explica que a redução da alíquota busca equilibrar o impacto da revogação da receita presumida como preço do serviço. "São alterações que visam manter a conformidade com a legislação e a jurisprudência, garantindo a adequada arrecadação municipal", afirma.

A prefeitura, no entanto, garante que, apesar da diminuição na alíquota, não haverá impacto sobre a arrecadação projetada, pois a diminuição da receita será "compensada com o incremento na arrecadação advinda da revogação da receita presumida", segundo informações da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Estimativa de renúncia para os próximos anos

Os números referentes às renúncias para os próximos anos ganharam estimativas divulgadas pela Prefeitura de Porto Alegre. De acordo com os dados, em 2024, a renúncia será de R$ 36.904.965,02 devido à redução das alíquotas, compensada por R$ 37.259.906,04 advindos da supressão da base de cálculo presumido.

As estimativas para 2025 ficam em R$ 38.196.638,80 de renúncia e R$ 38.564.002,75 de compensação, enquanto os dados para 2026 apontam para R$ 39.533.521,15 de renúncia e R$ 39.913.742,85 de compensação.

Projeto abrange rodovias e pedágios

O projeto aprovado pela Câmara Municipal também vale para os serviços de exploração de rodovia mediante cobrança de preço ou pedágio dos usuários. Agora, haverá a remoção da redução na base de cálculo existente no município, e a base passará a ser "a receita bruta de todos os pontos de cobrança de pedágio da rodovia explorada, dividida na proporção direta da extensão da rodovia explorada dentro do território do município", explica o Executivo.

Ainda de acordo com o Executivo, a mudança tem o objetivo de harmonizar a legislação municipal com a lei complementar federal nº 116/2003, que aborda o ISSQN. E, segundo a Câmara, "não haverá impacto no valor do pedágio cobrado pela concessionária do serviço aos cidadãos". 

Fontes
Câmara Municipal de Porto Alegre
Prefeitura de Porto Alegre

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Câmara aprova projeto que regulamenta o mercado de carbono no Brasil

Projeto de lei prevê monitoramento das operações que geram mais de 10 mil toneladas de CO₂ anualmente.
Crédito: Envato

A proposta que visa regulamentar o mercado de carbono no Brasil (PL 2148/15) recebeu aprovação da Câmara dos Deputados. O conteúdo da medida institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), o qual define limites para as emissões e estabelece um mercado para a comercialização de títulos.

“Em 2023, o Governo retomou o protagonismo desta agenda e se posicionou de forma contundente de que iria implementar o mercado de carbono no país. No ano passado, o Governo Federal reuniu dez ministérios para rascunhar um projeto de mercado de carbono no país. O PL foi aprovado pela Câmara em 21 de dezembro de 2023, com mais de 300 votos a favor. Agora, ele passa a tramitar no Senado. É um texto que traz como base uma minuta elaborada pelo Executivo”, afirma Gonzalo Visedo, head de sustentabilidade do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). 

Como funciona a PL 2148/15?

O propósito do projeto é estabelecer um teto para as emissões de gases de efeito estufa por parte das empresas. Aquelas que apresentarem maiores índices de poluição serão obrigadas a compensá-los por meio da aquisição de títulos. Por outro lado, as companhias que não ultrapassarem o limite receberão cotas que poderão ser comercializadas no mercado.

Haverá monitoramento das operações que geram mais de 10 mil toneladas de CO2 anualmente. 

Sistemas de precificação de carbono

Os sistemas de precificação de carbono estão concentrados em dois tipos: taxação de carbono e o mercado de carbono, que é o comércio de emissões. “Resumidamente, na taxação de carbono, você paga tributos conforme as emissões. Se você emite menos, você paga menos. E se emite bastante, paga altos tributos. Já o sistema de comércio de emissões estabelece um teto de emissão, também chamado de ‘cap and trade’. Quem estiver acima deste limite terá que comprar créditos de carbono. E quem está abaixo poderia vendê-los. É uma forma de incentivar não apenas descarbonização como a competitividade ”, explica Visedo. 

Todo o setor produtivo e industrial, não apenas a indústria do cimento, sempre defendeu o mercado de carbono em detrimento da simples taxação. “A taxação apenas onera e não necessariamente tem um impacto positivo sobre a descarbonização das diferentes atividades. É algo que o setor industrial como um todo sempre defendeu. Por algum tempo, o Brasil discutiu a possibilidade da taxação de carbono, na época da Reforma Tributária se falou alguma coisa neste sentido, uma nuvem pairava no ar sobre este tema. Mas esta linha foi abandonada e o que foi aprovado agora na Câmara foi o sistema via mercado de carbono. A taxação de carbono é uma prática que não é tão comum e cada vez tem sido menos implementada. Infelizmente, temos um precedente ruim – os países que optaram pela taxação são os da América Latina. Por muito tempo, ficamos preocupados de o Brasil seguir esta tendência e adotar um sistema mais fácil de implementar, porém mais obsoleto e difícil de ser mudado”, pontua Visedo. 

Pontos discutidos no PL 2148/15

Visedo lembra que uma das questões bastante debatidas no Congresso e no Executivo foi a da proporcionalidade. “O ideal é que o setor seja responsável pela sua parcela de emissões e não pelo total. Na realidade brasileira, apenas 10% de todas as emissões no país são oriundas do setor industrial. Na outra ponta, tem o desmatamento e agropecuária que concentram 70% das emissões. Um ponto muito discutido e defendido pela indústria é uma vez que somente este setor seria regulado, que a responsabilidade não seja maior do que o tamanho da participação nas emissões nacionais. Isso foi bastante discutido e na última redação do texto foi inserido esse conceito”, afirma o head de sustentabilidade.

Outra questão é com relação à gradualidade. “O sistema de precificação não pode ser implementado da noite para o dia. É preciso acontecer aos poucos, para ter um período de maturação tanto para os entes regulados como para os entes regulatórios. Esse prazo de quatro a cinco anos para o sistema passar a vigorar é interessante”, esclarece Visedo. 

Por fim, também deve-se ter um olhar atento para as questões de penalidades. “Aqui ele sugere um teto de 3% sobre o faturamento bruto, mas as emissões não estão necessariamente atreladas ao faturamento”, contesta o head de sustentabilidade.

De maneira geral, Visedo acredita que o texto é bastante positivo e alinhado com os pleitos que os diferentes setores produtivos vinham trabalhando. “É um ganho para o país e um caminho inevitável. Estávamos ficando para trás não só num contexto mundial, como na América Latina. Afinal, México, Colômbia, Chile, Argentina e Uruguai já estavam precificando, e o Brasil não avançava nesta agenda”, opina.   

Impactos na construção civil

Pelas diretrizes da legislação brasileira, inicialmente as grandes indústrias serão impactadas, como as indústrias de cimento, aço, cerâmica e alumínio, segundo Lilian Sarrouf, coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente (Comasp) do SindusCon-SP. “Estas terão que buscar reduzir e compensar suas emissões”, afirma Lilian.

Para Lilian, os fabricantes deverão buscar investimentos para melhorar os processos produtivos para se adequarem às novas regras, tanto internas quanto externas. “Para as indústrias citadas acima que têm grande parte de sua produção para a exportação, devem ser céleres para que não percam competitividade”, sugere.

De acordo com Visedo, o setor de cimento já possui uma metodologia de medição de emissões bastante consolidada. “É o maior banco de dados sobre emissões do mundo. Não é algo novo para o setor. Então é importante que esta metodologia de monitoramento e verificação de emissões seja considerada”, destaca.   

Regulamentação x inovação

A regulamentação do mercado de carbono pode estimular a inovação no setor da construção civil? Na opinião de Lilian, os fabricantes deverão buscar reduzir suas emissões, seja na fabricação de produtos mais sustentáveis como também na melhoria do seu processo produtivo. “As construtoras começarão a ser mais seletivas na definição dos sistemas construtivos e materiais utilizados. Além disso, a industrialização da construção é um caminho que deve ser mais explorado”, justifica Lilian.

Ainda, outro ponto a ser observado é que o sistema brasileiro converse com aqueles adotados por outros países. “Desta forma, garante-se que as receitas oriundas deste sistema sejam aplicadas para inovação, pesquisa e desenvolvimento, além de tecnologias alternativas para redução de emissões. Houve casos de países que usavam o sistema taxativo e o dinheiro arrecadado era para cobrir o rombo da saúde. Este é um ponto que o setor industrial defendeu muito justamente para que não se perca a finalidade. 75% destas receitas do sistema seriam alocadas através do BNDES para apoiar projetos de inovação de descarbonização. E os outros 25% distribuídos para operacionalização do sistema e outros fatores. Ao mesmo tempo em que isso estimula investir em tecnologias de baixo carbono, pode favorecer ou onerar. Tudo isso estimula a competitividade e a inovação. Hoje existem tecnologias que ainda não se pagam. No entanto, quando houver essa precificação do carbono, elas podem ser viabilizadas”, relata Visedo.

Entrevistados:
Gonzalo Visedo é head de sustentabilidade do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). 
Lilian Sarrouf é coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente (Comasp) do SindusCon-SP

Contatos
SNIC:
SindusCon-SP

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Laboratório brasileiro planeja imprimir cozinha com tecnologia 3D

Equipe desenvolve concreto ideal para impressoras 3D.
Crédito: Divulgação

A impressão em três dimensões na construção civil vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil e no mundo afora, com projetos idealizados especialmente para este tipo de tecnologia. Com uso de máquinas especializadas e softwares de última geração, profissionais já conseguem construir estruturas completas em 3D, abrindo possibilidades importantes para o setor. 

O hubIC, hub de inovação e construção digital, tem o objetivo de desenvolver e criar ambientes cooperativos especializados na promoção de soluções inovadoras na área da construção civil, com ênfase em pesquisas sobre cimento. A iniciativa surgiu de um convênio de cooperação técnica entre a Universidade de São Paulo (USP) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

No laboratório, um dos segmentos estudados é a área de impressão 3D, cuja meta é desenvolver soluções para viabilizar técnica e economicamente o uso da tecnologia na indústria da construção. Com a participação de diversas empresas do setor, o projeto atual consiste em imprimir uma cozinha completa em três dimensões, em março deste ano. A previsão é de que o processo dure cerca de 18 horas para ser concluído. 

Rafael Pileggi, coordenador de pesquisas do hubIC e professor da Escola Politécnica da USP, diz que a escolha de se construir uma cozinha se deu pelo fato de que o cômodo inclui diferentes subsistemas de uma edificação, como a parte elétrica e hidráulica, por exemplo, colocando à prova diferentes aspectos técnicos. Um dos desafios é conseguir desenvolver o tipo de concreto ideal para cada necessidade de impressão, já que o produto deve ser compatível com a sua rota de produção e com a aplicação: ele deve "suportar o peso das camadas na velocidade esperada e desenvolver as propriedades mecânicas previstas", segundo Pileggi.

O coordenador conta que cerca de 30 pessoas estão envolvidas no processo. "O projeto de impressão 3D tem diferentes frentes de atuação, envolvendo pesquisadores e alunos da USP, startups, equipe de coordenação do hubIC e apoio das empresas parceiras."

Leia entrevista com Rafael Pileggi, coordenador do hubIC:

Impressão em 3D é um dos segmentos estudados no hubIC.
Crédito: Divulgação

Há, no Brasil, investimento suficiente para o desenvolvimento desta tecnologia? Você acha que o setor da construção deveria focar mais nesta área de impressões 3D? 

Rafael Pileggi: Diria que o Brasil tem todo o potencial e estrutura de fomento para o desenvolvimento dessa tecnologia. Contudo, as experiências brasileiras até a inciativa do hubIC têm sido descentralizadas e com recursos específicos. Uma das metas do projeto capitaneado pelo hubIC está em organizar os diferentes agentes da cadeia produtiva em torno de um projeto integrador com diferentes agentes interessados, criando base para decisão de investimentos mais pesados na tecnologia.   

Em relação ao setor de construção focar em impressão 3D, posso afirmar que as tecnologias necessárias e que terão sucesso no futuro precisam trazer resultados financeiros positivos conjugando aumento de produtividade em um cenário de mudança da pirâmide etária, desmaterialização, descarbonização, eficiência de projeto, adequação às mudanças climáticas e às novas demandas do ambiente. O fato é que técnicas de manufatura aditiva têm potencial para tudo isso, e por essa razão estão recebendo tanto esforço e atenção em um cenário global. 

Quais características o concreto para impressão 3D precisa ter, que o difere do concreto comum? 

Rafael Pileggi: É sabido que concretos precisam ter sua “trabalhabilidade” adequada ao uso. Efetivamente, significa dizer que o comportamento reológico de um concreto deve ser compatível com sua rota de produção e aplicação. No caso de impressão 3D, acrescenta-se o fato que suas características também devem ser compatíveis com o projeto do componente desde o estado fresco e com a velocidade de impressão.

Para exemplificar, existem soluções onde o material misturado fluido é bombeado, extrudado e depositado diretamente no local onde se deseja para formação das camadas. Em uma outra tecnologia, o concreto seco é misturado de maneira contínua e recebe a incorporação de novos aditivos diretamente no bocal de extrusão. Sendo assim, cada rota de fabricação leva ao desenvolvimento de materiais distintos, mas que, ao final, precisam ser depositados com precisão no local previsto, suportar o peso das camadas seguintes na velocidade esperada de impressão e desenvolver as propriedades mecânicas previstas.  

Em relação à cozinha que será construída, é a primeira vez que vocês colocam em prática a construção de um cômodo inteiro em 3D?  

Tecnologia de ponta é utilizada na construção em 3D.
Crédito: Divulgação

Rafael Pileggi: No caso do hubIC, sim. A cozinha foi idealizada pelo grupo de trabalho em impressão 3D do hubIC, sendo definida por incluir diferentes subsistemas de uma edificação, como elétrica, hidráulica, limpabilidade, estanqueidade, cobertura, entre outros. O grupo de trabalho inclui pesquisadores e representantes de diferentes empresas do setor de construção.  

Uma vez que o projeto da cozinha impressa em 3D se torne realidade, quais serão os próximos passos, as próximas metas? 

Rafael Pileggi: O primeiro grande resultado da cozinha é a integração dos diferentes agentes do setor da construção em torno de uma solução construtiva inovadora. A cozinha, em si, será alvo de estudos de desempenho e durabilidade, além de todo um estudo de custo de produção. Sendo o projeto da cozinha hubIC pré-competitivo, as empresas envolvidas poderão utilizar o aprendizado, preparando-se para o mercado.  

Quando você imagina que a impressão 3D possa ser, de fato, uma realidade comercial para a construção civil? Tanto no Brasil quanto no mundo. 

Rafael Pileggi: Essa é a grande pergunta, cuja resposta está cada vez mais próxima. Sabendo que as primeiras operações comerciais no Brasil já estão em andamento, é fato que o uso de 3D no mercado está muito próximo. Importante dizer que a construção é muito mais que impressão 3D e se imagina que essa tecnologia ocupará seu lugar, sem competir com as tecnologias robustas e competitivas atualmente presentes no mercado.

Confira outros projetos em 3D pelo mundo

Vila de casa em 3D nos EUA. Em julho de 2023, foi inaugurada uma vila chamada Wolf Ranch, localizada em Georgetown, no Texas, com 100 casas construídas com impressoras 3D. A comunidade foi idealizada pela Lennar, uma das principais construtoras residenciais dos Estados Unidos, e pela ICON, empresa especializada em construções em 3D. O escritório de arquitetura dinamarquês BIG-Bjarke Ingels Group também fez parte do projeto.

Ponte de 29 metros em 3D é inaugurada na Holanda.
Crédito: Reprodução/michielvanderkley.nl

EUA constrói 1ª casa de dois andares em 3D. Houston, também no Texas, foi a cidade escolhida para a construção da primeira casa de dois andares nos Estados Unidos com o uso de impressora 3D. O local conta com três quartos divididos em dois pavimentos, em uma área total de 370 metros quadrados.

Startup dinamarquesa imprime casa em 3D. Ao utilizar a tecnologia de impressão 3D, a empresa 3DCP Group criou, em 2022, uma casa de 37 m² usando concreto real de baixo custo (não argamassa). O projeto teve como prioridade criar uma construção totalmente habitável no menor número de metros quadrados possível.

Ponte de concreto em 3D é atração na Holanda. O chamado Projeto Bridge foi uma iniciativa que teve como meta construir uma ponte de 29 metros em 3D na cidade de Nijmegen, na Holanda. Inaugurada em 2021, a obra contou com colaboração da empresa de engenharia Rijkswaterstaat, do estúdio Michiel van der Kley e da Univerdade de Tecnologia de Eindhoven.

Fontes:
Rafael Pileggi, coordenador de pesquisas do hubIC

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Itambé lança websérie original e exclusiva sobre cimento

Processo de produção do cimento Itambé é tema de websérie.
Crédito: Cimento Itambé

Apresentar o mundo do cimento de uma forma inédita e arrebatadora. É o que pretende a Itambé com a websérie "Cimento. Uma Grande Obra", composta por 9 episódios lançados de agosto a novembro de 2023 em suas plataformas digitais - e que já acumulou aproximadamente 700.000 visualizações, tanto no YouTube quanto nas redes sociais.

A superprodução conta com imagens cinematográficas, entrevistas com especialistas da empresa e detalhes sobre o processo de produção do cimento, que ressalta os diferenciais da Itambé e fazem com que a companhia, inaugurada há 47 anos, permaneça até hoje como uma das mais importantes do mercado da construção.

Rafael Mattioli, fundador da Legs Consultoria, foi responsável pelo conceito,  identidade visual e roteiro da websérie, acompanhando a produção e o processo de filmagem. "A intenção da série é mostrar e reforçar a ideia de que a Itambé faz um cimento superior", explica. "Cada capítulo aborda uma etapa de produção. Mostramos que, na maior parte delas, a Itambé faz algo diferente dos concorrentes. Quem assiste à série descobre que a Itambé adota práticas e procedimentos exclusivos e que esses diferenciais somados resultam em um cimento sem igual."

Mattioli destaca o fato de a websérie ser 100% digital, e também a particularidade de mesclar entretenimento e conteúdo.

Imagens cinematográficas fazem parte do conceito visual da obra.
Crédito: Reprodução/websérie

Em relação à importância desta obra audiovisual para o setor da construção civil, cita o resgate do valor do cimento e de quem constrói. "Ainda existe muita desinformação sobre o cimento. Tem quem acredite que basta explodir uma rocha, moer, ensacar e vender. Nossa websérie prova que não, que a realidade é o oposto disso", afirma Mattioli. "A fabricação do cimento Itambé envolve muita gente, muitos equipamentos, muita tecnologia. Às vezes, coisas que parecem filme de ficção científica (como o forno que alcança a temperatura de um vulcão em erupção). Apresentar isso de forma tão bonita e respeitosa é um resgate do valor desse produto e de toda a comunidade que constrói."

Diferenciais da Itambé no cenário da construção civil

Na avaliação de Marcio Lobo, diretor comercial da Itambé, os principais diferenciais que fazem com que a empresa se mantenha no patamar atual são "a modernização do parque fabril, profissionais capacitados, comprometidos e com vasta experiência no mercado de cimento e, principalmente, entender as reais necessidades dos clientes". Assim, segundo ele, é possível ofertar, além dos produtos, serviços que possam agregar valor tanto ao cimento quanto aos clientes.

"A Itambé sempre buscou destaque no mercado apresentando produtos de qualidade, com baixo desvio padrão e focados nas aplicações dos consumidores técnicos de cimento", ressalta Lobo. No último episódio da websérie, ele também cita "a precisão do traço, a durabilidade e a resistência" como características obtidas por meio de altos investimentos em tecnologia.

Laboratório da Itambé ganha destaque em um dos episódios.
Crédito: Reprodução/websérie

"Queremos cada vez mais ser reconhecidos pela qualidade dos nossos produtos e serviços, e, para isso, os investimentos na nossa fábrica são constantes, com equipamentos de ponta e aperfeiçoamento dos nossos colaboradores, buscando melhor desempenho dos nossos cimentos e aumentando o coprocessamento de resíduos de outras indústrias e de resíduos urbanos, que são aqueles que não podem ser reciclados, reduzindo, assim, o consumo de combustíveis fósseis e a emissão de CO2", exemplifica Lobo.

"A indústria do cimento está sempre em busca de novas tecnologias, sejam elas para melhoria ou otimização dos produtos, redução de custos e, hoje, principalmente, na redução de emissões de CO2, onde o Brasil é um dos líderes mundiais", completa Lobo. "A Cimento Itambé vem acompanhando e apresentando aos seus clientes e à sociedade soluções que possam colaborar com produtos mais eficientes e alinhados com questões ambientais."

Confiança dos clientes e longas parcerias

O lançamento da websérie "Cimento. Uma Grande Obra" teve grande repercussão dentre os profissionais do setor da construção. Miguel Angelo Weschenfelder, CEO da Cimencenter, cliente da Itambé há mais de 30 anos, destacou a importância da iniciativa audiovisual. "O projeto que a Itambé utilizou, através das webséries, foi muito útil para demonstrar o processo de produção do cimento, desde sua extração, passando pela qualidade dos processos no laboratório e concluindo com o sistema comercial e logística. Nos mostrou a seriedade no processo de produção e a qualidade de cada tipo de cimento produzido."

Ele conta que a Cimencenter utilizou os vídeos da websérie durante sua participação em uma feira de construção, em outubro do ano passado. "Foi muito legal para nosso stand, e o público gostou muito de conhecer como o cimento é produzido. Parabéns à Itambé pela iniciativa. E que venham outros."

Marcio Lobo, diretor comercial da Itambé.
Crédito: Divulgação

Weschenfelder também destaca a conexão de sua empresa com a Itambé, que já dura mais de três décadas. "Neste período todo, passamos por muitas fases diferentes de mercado e de economia nacional, e a Itambé sempre foi parceira de nossos projetos, e a confiança em sua equipe comercial e técnica faz com que confiemos em seu produto."

Rodrigo Dhein, gestor de estruturas pré-fabricadas da Kerbermix, enaltece o fato de a websérie apresentar o mundo do cimento de uma forma que grande parte das pessoas desconhece. "Projetos audiovisuais desse nível são um excelente meio de transmitir o que, na maioria das vezes, o grande público não vê, que é o processo como um todo, sua complexidade, seu cuidado", avalia. "Mas o mais importante é que mostra as pessoas e seus sentimentos que são aplicados ao produto e que chegam até nós, principalmente se tratando de cimento e construção civil, que, para muitos, não passa de um produto bruto e uma atividade de processos simples."

Dhein conta que sua relação com a Itambé teve início em 1998, quando foi contratado pela Kerbermix, que, na época, segundo ele, estava iniciando sua concreteira e ainda tinha pouco conhecimento sobre concreto usinado, apesar de já trabalhar com britagem e pré-fabricados. "A Itambé trouxe a técnica e a segurança que precisávamos para iniciarmos aquele novo desafio. Disponibilizaram seus melhores técnicos para desenvolver nossos produtos.”

Sobre os produtos oferecidos pela Itambé, Dhein diz que os considera excelentes. "Entretanto, não é somente isso que mantém nossa relação coesa até hoje, mas, sim, na minha visão, o conjunto das pessoas que fazem do processo como um todo uma relação de respeito mútuo e confiança que resiste ao tempo."

Assista aos 9 episódios da websérie "Cimento. Uma Grande Obra":

Capítulo 1 - Bem Mais Que Pedra

Neste primeiro capítulo, você verá imagens cinematográficas, equipamentos colossais, paisagens espaciais, aventura, adrenalina, emoção e muito mais.

https://www.youtube.com/watch?v=NCJzv9bmip0

Capítulo 2 - O Cimento Vem de Marte

Com este vídeo, é possível entender como uma matéria-prima superior resulta na fabricação de um cimento superior.

https://www.youtube.com/watch?v=HN1Bj_I5MTk

Capítulo 3 - Ingredientes Melhores, Cimentos Melhores

Confira a chegada do calcário à fábrica, a formação das imensas pilhas de pré-homogeneização e os testes químicos e estatísticos para a certificação da qualidade do material.

https://www.youtube.com/watch?v=KKv52k0tIrM

Capítulo 4 - Avaliação Sem Fim

Veja respostas sobre a importância do laboratório para a produção do cimento com o traço mais regular do mercado.

https://www.youtube.com/watch?v=Cz_DnZwNM3o

Capítulo 5 - Conhecimento e Ferramentas que Só a Gente Tem

Saiba como as técnicas e os métodos utilizados pela Itambé garantem maior precisão a todas as etapas de produção, o que resulta em um cimento melhor para os clientes.

https://www.youtube.com/watch?v=HzbgASLBZLk

Capítulo 6 - Um Vulcão na Fábrica

O vídeo mostra como a produção do cimento Itambé parece até ficção científica, apresentando um forno extremamente poderoso, capaz de alcançar inacreditáveis 1450 °C.

https://www.youtube.com/watch?v=WW-LSmxnMYw

Capítulo 7 - Um Ideal em Forma de Cimento

Aqui, você pode conferir o aguardado momento em que todos os esforços das etapas anteriores resultam no cimento com o traço mais regular do mercado.

https://www.youtube.com/watch?v=o6tHuPuRw_o

Capítulo 8 - Obrigado

Descubra que prestar o melhor serviço e o mais respeitoso tratamento é o jeito Itambé de agradecer a todos que confiam na empresa.

https://www.youtube.com/watch?v=H2D538z5Qdc

Capítulo 9 - Cimento High Tech

Neste último capítulo da websérie, conheça as mais modernas tecnologias que fazem do cimento Itambé um produto completamente high tech.

https://www.youtube.com/watch?v=j1cb-iSpbLU

Fontes:
Marcio Lobo, diretor comercial da Itambé
Miguel Angelo Weschenfelder, CEO da Cimencenter
Rafael Mattioli, fundador da Legs Consultoria
Rodrigo Dhein, gestor de estruturas pré-fabricadas da Kerbermix

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience


Arranha-céu mais alto de Miami está em construção

Dentro da estrutura, haverá tanto um hotel cinco estrelas quanto residências privadas.
Crédito: Carlos Ott Architects

Em 2026, Miami, nos Estados Unidos, deverá ter seu primeiro arranha-céu. A marca de hotéis Waldorf Astoria tem um projeto de um edifício que terá 100 andares e atingirá uma altura de 319,7 metros. Se não houver atrasos no cronograma, a previsão de conclusão é para 2026. 

A Sieger Suarez Architects está colaborando com a Carlos Ott Architects para realizar o projeto em conjunto com a PMG, a desenvolvedora por trás do 111 West 57th Street, o arranha-céu mais estreito do mundo recentemente concluído em Manhattan.

"O Waldorf Astoria é uma marca lendária e queríamos que o design da torre imponente continuasse seu legado em Miami", disse Charles Sieger, co-fundador da Sieger Suarez Architects. "O sentimento de transcendência guiou grande parte do nosso processo de design, e é isso que buscamos alcançar com a Waldorf Astoria Residences em Miami”, complementou.

Dentro da estrutura, haverá um hotel cinco estrelas, bem como residências privadas, ambos gerenciados pelos Serviços de Gerenciamento da Hilton. Na parte mais alta, as suítes terão 3,40 metros de altura. Suítes de um, dois, três e quatro quartos foram incorporadas aos planos.

A base da torre terá uma estrutura de estacionamento com 10 andares, enquanto muitas comodidades, incluindo restaurantes, estarão localizadas nos cubos superiores.

Design: cubos empilhados

A estrutura será localizada no número 300 da Biscayne Boulevard, no centro de Miami, e consistirá em nove cubos deslocados, destinados a enfatizar a suspensão e altura da estrutura.

"O conceito era criar uma escultura icônica, que desafiasse as leis da gravidade, posicionando os diferentes blocos em posições distintas, o que, além disso, criou vistas únicas de cada espaço. O volume muito esguio requer um núcleo central para lidar com a torção causada pelos fortes ventos da região", disse Carlos Ott.

Em entrevista ao Massa Cinzenta, Luiz Roberto Prudêncio Junior, professor e doutor em Engenharia Civil, além de sócio proprietário da PWD – Consultoria em Concretos, informou que edifícios mais esbeltos costumam enfrentar o desafio do excesso de carga nas fundações e nos primeiros pavimentos.

As fachadas de cada cubo serão planas e revestidas com o que os arquitetos descrevem como uma "pele de vidro". Ainda de acordo com Prudêncio, este tipo de revestimento é muito comum em edifícios altos. “Se fosse usado um revestimento argamassado, com a movimentação das estruturas, haveria uma grande chance de desplacamento”, alerta.

Andamento das obras

Segundo os desenvolvedores, os registros para a estrutura já foram apresentados, com aprovações iminentes. A construção está prevista para começar ainda em 2024.

Boom da construção em Miami

Miami está atualmente vivenciando seu maior boom de construção de edifícios altos na história. A cidade possui mais de 300 edifícios de grande altura, sendo que 45 deles ultrapassam 149 metros de altura. Um destes prédios é o Okan Tower, que terá 70 andares e 275 metros. Outra construção notável é o Baccarat Residences, com 75 andares, 252 metros e três torres. Já o Aston Martin Residences é um edifício de 66 andares em forma de veleiro, com fachada em frente a água de 150 metros. Ainda, o 1 Southside Park está em construção e deverá ter 50 andares e 230 metros. Com 213 metros e 65 andares, a torre E11EVEN Hotel & Residences lançou as vendas em 2021 e rapidamente esgotou suas unidades. Outro grande edifício de Miami é o 830 Brickell, com 50 andares e 224 metros – o prédio conta com inquilinos como Microsoft, Blackstone, Citadel, WeWork, Marsh Insurance, e muitas outras empresas de alto nível.

Fontes:
Carlos Ott Architects possui mais de quarenta anos de experiência excepcional no design de projetos arquitetônicos. A empresa é dedicada ao design e a projetos de grande escala nos campos da arquitetura, design de interiores e planejamento urbano.

O professor Luiz Roberto Prudêncio Junior é doutor em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP (com Bolsa sanduiche IRC/NCC – Ottawa). Realizou pós-doutorado na Loughborough University, Inglaterra (2000-2001) e na Universidade da Califórnia – Berkeley (2014-2015). É professor titular emérito do Departamento de Engenharia Civil da UFSC. Sócio proprietário da PWD – Consultoria em Concretos, é consultor de empresas de pré-fabricados, de produção de agregados e de grandes construtoras nacionais na especificação, dosagem e controle de concretos utilizados na infraestrutura e superestrutura de grandes obras, principalmente relacionadas a edifícios altos.

Contato
Carlos Ott Architects - info@carlosott.com
Luiz Roberto Prudêncio Junior - prudenciouk@hotmail.com

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


Seconci-SP passa a usar aplicativo nos levantamentos técnicos nas obras

Técnico de segurança não precisará mais anotar as informações nem voltar ao Seconci-SP para passá-las a limpo.
Crédito: Envato

Desde o dia 02 de janeiro, a equipe técnica de segurança do trabalho do Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci-SP), vem utilizando o aplicativo Btime em seus levantamentos e análises de risco nos canteiros de obras, em todo o Estado de São Paulo.

O app foi desenvolvido especialmente para as necessidades da entidade, proporcionando agilidade, qualidade e rastreabilidade das informações, de acordo com José Bassili, gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP, e Ricardo Marcon, coordenador de Engenharia de Segurança do Trabalho.

“Nos levantamentos técnicos nas obras, o técnico de segurança não irá mais anotar as informações, voltar à entidade e passá-las a limpo, para encaminhamento posterior à central da digitação do Seconci-SP. No celular corporativo, ele abrirá o aplicativo que espelha os laudos e programas, e introduzirá as informações, transmitindo-as on line diretamente à central de digitação”, explicam Bassili e Marcon.

Para Sonia Moreira, responsável pelos Projetos de Tecnologia da Informação no Seconci-SP, o Btime está alinhado com a estratégia da diretoria da instituição de promover inovação, implementando novas ferramentas, automatizando procedimentos e aprimorando a qualidade e produtividade dos serviços oferecidos pela entidade.

Vantagens do Btime

Segundo Bassili e Marcon, as vantagens do uso do aplicativo são várias:

  • Prevenção de equívocos que eventualmente poderiam ocorrer ao transcrever informações a partir de anotações feitas em papel;
  • A obtenção de velocidade tanto na digitação quanto na transferência das informações;
  • A produtividade é incrementada, pois, após inspecionar um local de construção, o técnico pode seguir diretamente para outro canteiro, eliminando a necessidade de retornar à sede do Seconci-SP;
  • Ao abolir o consumo de papel e ao economizar combustível devido à diminuição das viagens dos técnicos, ocorre uma redução nas emissões de gases de efeito estufa.

Gestão de atividades

Sobretudo, uma das grandes vantagens do Btime é que ele oferece uma perspectiva de gestão das atividades em andamento e concluídas, conforme destacado por Bassili e Marcon. Ele fornece detalhes sobre quem executou as tarefas, a localização geográfica, bem como os horários de início e término. Além disso, possibilita a inclusão de imagens e vídeos para a elaboração dos documentos necessários. As informações transmitidas são sincronizadas com a plataforma central onde todos os dados pertinentes são armazenados.

Fontes:
José Bassili é gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP. 
Ricardo Marcon é coordenador de Engenharia de Segurança do Trabalho.
Sonia Moreira é responsável pelos Projetos de Tecnologia da Informação no Seconci-SP.

Contato
Assessoria de imprensa Seconci-SP - rafael.marko@seconci-sp.org.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
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Urbanismo verde pode ser um aliado ao combate às enchentes

Parque Barigui, em Curitiba (PR), foi projetado para receber o excesso de água do rio e evitar o fluxo para as áreas residenciais.
Crédito: Prefeitura de Curitiba

Ultimamente, com as mudanças climáticas, várias cidades no Brasil vêm sofrendo com os efeitos causados pelas chuvas e enchentes. No último final de semana, um temporal atingiu o Rio de Janeiro e deixou 12 mortos. De acordo com Felipe Guerra e Débora Ciociola, arquitetos do Jaime Lerner Arquitetos Associados (JLAA), para além dos piscinões, reservatórios que captam o excesso de água das chuvas nos bairros, existem soluções urbanísticas multifuncionais e integradas ao meio ambiente que as cidades podem adotar para evitar os alagamentos. 

Para Guerra e Débora, as soluções para lidar com o escoamento de chuva incluem a implementação de sistemas integrados de drenagem, como jardins, áreas permeáveis para a absorção de água da chuva, parques e lagoas artificiais. Essas estratégias não apenas abordam a questão do escoamento pluvial, mas também desempenham um papel significativo ao oferecer espaços de lazer valiosos para a comunidade.

Os arquitetos citam o exemplo do Parque Barigui, em Curitiba (PR). Segundo Débora e Guerra, ele foi projetado para receber o excesso de água do rio de mesmo nome e evitar o fluxo para as áreas residenciais. Por isso, alguns dias depois da enchente que ocorreu em outubro de 2023, o local estava praticamente “recuperado” e voltando a receber pessoas.

Outros parques de Curitiba também foram projetados em áreas estratégicas para receber o excedente de água das chuvas. No Bairro Novo do Caximba, por exemplo, está prevista a construção de um parque linear, como forma de absorção para as grandes chuvas. Guerra e Débora apontam que a solução curitibana está dentro do conceito de “cidade-esponja”, que consiste no uso de equipamentos verdes, como jardins e canteiros que cumprem a função de micro drenagem da água, e parques com lagoas para formar o ecossistema de macrodrenagem, que atuam como canalizadores da água excedente da chuva.

Como funciona este sistema que une macro e micro drenagem?

A incorporação de elementos de infraestrutura verde promove práticas que visam à sustentabilidade da gestão da água de forma conjunta com a manutenção de áreas urbanas vegetadas, o que contribui com o microclima e com a qualidade ambiental urbana em sua totalidade, segundo Débora. 

“A macrodrenagem envolve o gerenciamento de grandes volumes de água pluvial em áreas extensas, o que inclui a criação de bacias de detenção - geralmente associadas a parques urbanos - e outras estruturas planejadas para controlar o fluxo da água em momentos de altos índices pluviométricos. Já a micro drenagem tem foco em superfícies menores como ruas, calçadas, praças e terrenos particulares em que técnicas diversas são aplicadas, como pavimentação permeável e diversos dispositivos de retenção para gerenciar a água em uma escala mais localizada”, afirma Débora. 

Débora relata que esse sistema é inovador ao lidar com os desafios relacionados ao gerenciamento de águas pluviais em áreas urbanas de forma sistêmica. 

“Essa abordagem busca gerenciar não apenas as águas pluviais, mas também melhorar a qualidade ambiental urbana e criar cidades mais resilientes. Ela requer uma abordagem colaborativa entre governos, comunidades e setor privado, além de um planejamento urbano que priorize a sustentabilidade com a incorporação de diretrizes de zoneamento que incentivem práticas sustentáveis e o desenvolvimento de infraestrutura verde nas áreas urbanas”, opina Débora. 

Vantagens x desafios

Débora destaca que os sistemas que incorporam macro e micro drenagem com infraestrutura verde têm o potencial de maior eficácia, pois permitem a infiltração da água no solo, reduzindo o escoamento superficial. 

“A infraestrutura verde também ajuda a filtrar poluentes da água pluvial, melhorando a qualidade da água que chega aos corpos d’água. Ainda, abordagens verdes tendem a ser mais adaptáveis às mudanças climáticas, pois podem lidar melhor com eventos climáticos como chuvas intensas, enquanto métodos tradicionais podem ser mais vulneráveis, com maior propensão a inundações e danos”, justifica a arquiteta.

Débora também aponta que o custo inicial das infraestruturas verdes ou “soluções baseadas na natureza” pode ser mais alto devido à necessidade de implementação do sistema que inclui pavimentos permeáveis, canteiros de infiltração, arborização, praças e parques, lagoas e sistemas de retenção de água. Por outro lado, os métodos convencionais podem ter custos iniciais mais baixos, uma vez que são amplamente utilizados; porém, no longo prazo a infraestrutura verde tende a ter custos operacionais mais baixos já que muitos dos seus elementos exigem menos manutenção.

Manutenção das áreas verdes

São diversos os desafios relacionados à manutenção de áreas verdes urbanas e sistemas de macro e micro drenagem, uma vez que demandam uma abordagem integrada que envolva a colaboração entre governos locais, comunidades, setor privado e especialistas em meio ambiente, de acordo com Débora. 

“A educação ambiental e o engajamento comunitário são cruciais para promover a conscientização e a sustentabilidade no longo prazo. A aplicação de políticas públicas ambientais e a integração de soluções inovadoras podem contribuir para enfrentar esses desafios de maneira mais eficaz. Alguns destes desafios são a poluição do solo por contaminação química por meio da exposição a poluentes atmosféricos e resíduos urbanos, o acúmulo de resíduos sólidos com sua deposição inadequada e a pressão urbana com o crescimento rápido e desordenado das cidades que pode ameaçar áreas verdes. Além disso, as alterações climáticas podem potencializar inundações devido a eventos extremos como chuvas intensas, sobrecarregando os sistemas de drenagem. Com relação à manutenção técnica, os custos financeiros e a integração de tecnologias avançadas para monitoramento em tempo real e gerenciamento são também desafios relevantes e precisam ser considerados para o sucesso das infraestruturas verdes e sistemas integrados de drenagem”, recomenda a arquiteta.

Como adaptar a diferentes cidades e biomas?

Débora destaca que várias cidades pelo mundo têm utilizado esta forma de planejar as cidades, principalmente na China e na Europa. “No Brasil, algumas cidades estão desenvolvendo ou já possuem planos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, mas é preciso implementá-los agora”, salienta.

Embora os conceitos da infraestrutura verde sejam os mesmos, cada região, cidade ou área urbana possui um contexto específico. “Uma cidade plana que se insere num bioma mais árido com baixo índice pluviométrico certamente demandará soluções divergentes daquelas elaboradas para uma cidade com topografia íngreme, banhada por cursos d’água e com regime intenso de chuvas. Uma cidade que possui grande quantidade de edifícios pode adaptar estes terraços com vegetação ou mesmo com hortas urbanas compartilhadas. O uso de tecnologias limpas na mobilidade poderá contribuir com a redução do lançamento de partículas poluentes e consequente melhoria da qualidade do ar e da saúde da população. O importante é observar características locais e construir soluções que sintetizem boas práticas de forma adequada”, pondera a arquiteta.

Entrevistados:

Débora Ciociola é arquiteta sênior da Jaime Lerner Arquitetos Associados. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, mestra em Leisure, Tourism and Environments pela WUR-Holanda e Doutoranda em Gestão Urbana na PUC-Paraná. Integrou a equipe técnica do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - IPPUC por oito anos. Desde 2010 na JLAA, participa da criação e coordenação de projetos em diversas escalas e localidades, especialmente desenvolvimento e desenho urbano, arquitetura e paisagismo e bairros planejados. É urban sketcher e aquarelista. 

Felipe Guerra é sócio da Jaime Lerner Arquitetos Associados. É arquiteto e urbanista formado pela Universidade Positivo, além de cenógrafo, diretor de arte, carnavalesco e designer de joias. Possui experiência em concepção, desenvolvimento e implementação de projetos em escalas que vão do urbano ao design. 

Contato
Assessoria de imprensa Jaime Lerner Arquitetos Associados - contato@betinicomunicacao.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
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Prédio de Curitiba será quase 5 vezes maior que o Cristo Redentor

Chamado OÁS, o edifício terá 50 andares e sua fundação tem 21 metros de profundidade.
Crédito: Divulgação GT Building

Com 179 metros, o OÁS está sendo construído em Curitiba (PR) com a promessa de ser o edifício mais alto da cidade. O empreendimento está localizado no bairro Champagnat e tem previsão de conclusão em abril de 2027. Se a construção fosse finalizada hoje, estaria no top 10 dos prédios mais altos do Brasil, superando o último colocado nesse ranking, que alcança 172 metros. Outra curiosidade sobre o empreendimento é que quando a obra for concluída, o OÁS será 4,7 vezes maior que o Cristo Redentor. O empreendimento é da incorporadora GT Building e está em construção pela Thá Engenharia.

Confira detalhes do projeto e da construção do OÁS:

Fundação

Em dezembro de 2023, foi concluída uma importante etapa da construção do OÁS: a sua fundação. Para suportar a estrutura de 50 andares do arranha-céu em Curitiba, que tem um peso estimado de cerca de 70 mil toneladas, a fundação foi construída com uma profundidade de 21 metros, o que corresponde à altura de um prédio de seis andares. A fundação escolhida para a obra foi estaca de grande diâmetro com lama, embutida na rocha. “O que motivou a escolha foi principalmente pelas cargas de fundação, em que tivemos que embutir as estacas de fundação na rocha para fazer frente aos grandes esforços de solicitação da estrutura”, comenta Heron Martinelli, engenheiro e gerente do Grupo Thá. 

Essa base é composta por três elementos principais. O primeiro deles é a cortina de contenção em parede de diafragma, com mais de 200 tirantes estrategicamente posicionados para garantir eficiência na contenção do solo. Já a composição, por sua vez, conta com estacas de 35 pés (o equivalente a 10,68 metros) de profundidade, ancorando o edifício com segurança nas características geológicas específicas da região. Por fim, estão os blocos estruturais, que atingiram o total de 23.300 m³ de concreto de alto desempenho e aproximadamente 2 toneladas de aço.

Dos 50 andares do empreendimento, os últimos três se destacam como uma verdadeira área de lazer para os moradores.
Crédito: Divulgação GT Building

O grande desafio da concretagem da fundação foi o volume: 1.144 m3, divididos em 143 caminhões, utilizados no bloco. “A equipe THÁ, em conjunto com a Daher e a equipe da Concrebras, precisou estudar a forma de concretagem para atender o volume. O resultado apontou que teríamos de dividir o volume em três dias de concretagem e assim tivemos que usar três tipos de concreto para cada dia. Usamos concreto fluido com e sem retardador de pega, concreto bombeado convencional, tudo com cerca de 100 kg de gelo por m3”, revela Martinelli.

A respeito do clima, o engenheiro Sergio Davidovicz, especialista técnico de concreto da Concrebras, conta que foi um desafio o lançamento do concreto abaixo da temperatura de 20 ºC, necessária para não ultrapassar o limite de 65 °C após hidratação do cimento. “A temperatura ambiente estava em torno de 30 °C, o que dificultou alcançar esse objetivo. Houve a necessidade da adição de 100 kg/m3 de gelo em substituição à água do traço. Foram utilizadas nesta concretagem 115 toneladas de gelo em escamas. A logística de atendimento, combinada com a adição de gelo e sílica ativa também foi um grande diferencial para a concretagem, o qual utilizamos duas bombas de concreto com vazões médias de 50 m3/hora cada”, lembra Davidovicz.

Desafios da construção de prédios altos

Ao construir edifícios altos, é comum ter que lidar com desafios como o transporte vertical de pessoas e materiais. Na construção do OÁS, Martinelli conta que o OÁS vai contar com uma grua, dedicada a estrutura, além de três elevadores de alta velocidade para a subida dos outros materiais e dos trabalhadores, sendo esses três elevadores escalonados.

Leia também: Quão alto podemos construir?

O 48º pavimento possui uma piscina que percorre todo o andar, juntamente com uma sauna e um espelho d'água.
Crédito: Divulgação GT Building

Em relação à altura do empreendimento, uma série de estudos foram realizados para projetar as possibilidades de construção. Um deles é relacionado ao túnel de vento, feito por uma empresa britânica que, por meio de dados coletados por institutos de meteorologia e da posição dos edifícios vizinhos à obra, simulou um ensaio climático para deduzir o vento que atingirá o edifício e seu entorno. 

“Durante a fase de projetos foi contratado o ensaio de túnel de vento da estrutura, em que a equipe de engenheiros da THÁ e de estrutura da Kalkulo Projetos Estruturais juntamente com a Nova Fluid Mechanics, fez as análises dos esforços de vento, estabilidade, conforto de usuário e sloshing, que é o ensaio para verificar se a aceleração do prédio, quando sobre o efeito do vento, não prejudica a permanência da água em recipientes como uma piscina”, relata Martinelli. 

Além disso, Martinelli destaca que, durante a fase de concepção do projeto arquitetônico, este foi submetido ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA) por intermédio de uma empresa especializada. O projeto incluiu detalhes específicos, como o cone do edifício, para obter a necessária liberação para a construção da edificação.

A Concrebras também participará da estrutura do edifício OAS. “O desafio será a realização das concretagens em alturas elevadas, o que exige equipamentos de bombeamento com grande performance, com alta pressão e com características de segurança compatíveis. Quanto ao concreto, deverá permanecer plástico durante todo o processo de bombeamento, para que mantenha as condições de lançamento, adensamento e acabamento compatíveis com a qualidade exigida da obra”, comenta Davidovicz. 

Crédito: Divulgação GT Building

Projeto arquitetônico 

Entre os 50 andares do empreendimento, os últimos três se destacam como uma zona de lazer destinada aos residentes. No 48º andar, encontra-se uma piscina que é acompanhada por um projeto paisagístico, sauna e um espelho d'água. Neste mesmo andar, uma área de balanço com piso de vidro proporciona uma vista panorâmica de 360º da cidade. Os andares 49º e 50º encantam com uma área gourmet, bar de champanhe e uma luneta para a observação das estrelas. Além desses espaços, o 5º e o 25º andar também serão ambientes compartilhados, oferecendo comodidades para as atividades do dia a dia.

Sustentabilidade

O empreendimento OÁS está comprometido com a sustentabilidade, sendo anunciado como um empreendimento Carbono Zero. De acordo com Martinelli, isto significa que ele busca compensar as emissões de carbono geradas durante todas as fases da construção por meio de iniciativas de recuperação de áreas degradadas e preservação de florestas nativas. Além disso, o OÁS conta com diversas certificações de eficiência energética e bem-estar, incluindo GBC Condomínio, LEED, PBE Edifica e Fitwel. Entre suas práticas sustentáveis, destacam-se a utilização de módulos fotovoltaicos para as áreas comuns, sistema de reaproveitamento de água de chuva e utilização de água cinza nas descargas. 

Crédito: Divulgação GT Building

O OÁS também é reconhecido por ter implementado tecnologias eficientes para atender às normas do EDGE, buscando uma redução significativa no consumo de energia, água e energia embutida em materiais. “O EDGE é composto por um software gratuito e que permite a avaliação de um projeto de construção de acordo com uma linha de base adequada ao país em questão. Para atender ao requisito mínimo para certificação estabelecido pela norma EDGE, precisamos demonstrar uma redução de 20% no consumo de energia, água e energia embutida em materiais. O software permite ainda a avaliação de diferentes tecnologias de construção sustentável, levando em consideração o custo de investimento, economias no período operacional e identifica as tecnologias com melhor retorno para aquele projeto”, conclui Martinelli.

Entrevistados
Heron Martinelli é engenheiro e gerente do Grupo Thá. 
Sergio Davidovicz é engenheiro e especialista técnico em Concrebras.

Contato
Assessoria de imprensa GT Building - giulie@excom.com.br
Sergio Davidovicz - sergio@concrebras.com.br

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Marina Pastore
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Reforma tributária será positiva para a construção civil, dizem representantes do setor

Plenário da Câmara foi palco da promulgação da reforma tributária.
Crédito: Jonas Pereira/Agência Senado

Discutida há mais de 40 anos, a reforma tributária foi aprovada pela Câmara dos Deputados no dia 15 de dezembro e promulgada pelo Congresso Nacional cinco dias depois, abrindo espaço para a mudança de todo o sistema de cobrança de impostos no Brasil.

A Emenda Constitucional 132, que instituiu a reforma, tem o objetivo de simplificar a tributação relacionada ao consumo, promovendo mais transparência e impulsionando o crescimento econômico. A partir de 2033, a ideia é que os cinco tributos cobrados atualmente (ICMS, ISS, IPI, PIS e Confins) sejam unificados e divididos entre os níveis federal (com o CBS: Contribuição sobre Bens e Serviços) e estadual/municipal (IBS: Imposto sobre Bens e Serviços). Em 2026, está previsto o início da fase de transição, com a aplicação de uma alíquota única de teste.

Em relação ao setor da construção civil, Rodrigo Navarro, presidente da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), avalia de forma otimista as mudanças propostas pela emenda. "O setor industrial brasileiro como um todo entende a reforma tributária como positiva e necessária, no tocante à simplificação, ao não aumento da carga tributária, à atenção aos regimes específicos de tributação existentes, à não cumulatividade de tributos e a um período adequado de transição."

Navarro destaca alguns itens de maior impacto da proposta, levando em conta a essencialidade do ecossistema da construção. "Como a inexistência do mecanismo atual de Substituição Tributária, o que para a indústria de materiais de construção é importante (consolidando a prática já adotada por alguns Estados hoje), a manutenção da previsão de regime específico para operações com bens imóveis (como construção e incorporação imobiliária) e a inclusão do saneamento além da concessão de rodovias dentre os segmentos se faz importante."

Durante o prazo estipulado para que as medidas entrem em vigor, as ações, segundo o representante da Abramat, terão que ser discutidas e implementadas. "Um exemplo é a equalização de tributação entre construção industrializada e tradicional. Certamente não poderemos aguardar o período de transição previsto de 10 anos para termos isso. Há muito trabalho previsto no caso das leis complementares que começam agora no primeiro trimestre, pois há preocupações importantes nessa área. Dentre elas, o grande número de exceções à alíquota de referência do IBS e CBS", afirma Navarro. 

Íria Doniak, presidente-executiva da Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), também ressalta o aspecto positivo da reforma tributária em relação à industrialização do setor. "Uma das grandes discrepâncias [do modelo atual] é a incidência de impostos entre obras com diferentes sistemas construtivos, como as realizadas no próprio canteiro de obras e as industrializadas, ou modernamente chamadas 'off-site', produzidas industrialmente e montadas no canteiro de obras", explica. "Independentemente de onde incide o tributo, o impacto se reflete em toda a cadeia produtiva e impede a modernização da construção civil e o aumento da produtividade", completa Doniak.

Para a presidente-executiva da Abcic, o período de adaptação para a efetivação das novas medidas será importante, já que muitas definições ainda estão por vir. "A expectativa é que não se alongue muito o período de transição, além do previsto, o que pode implicar em aumento de custos e dificuldade de se conviver com os dois sistemas. Precisamos resolver os obstáculos e desenvolver um caminho para produtividade e inovação."

O Massa Cinzenta aproveitou para perguntar sobre outras ações promovidas pelo governo e que podem mexer de forma mais direta com o setor da construção. "Destaco o Programa Construa Brasil, iniciado pelo governo anterior e adotado pelo atual MDIC [Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços], que trata de três eixos fundamentais para a construção civil no país: desburocratização, digitalização e industrialização", diz Íria Doniak.

Já Rodrigo Navarro enumera outras iniciativas importantes para a indústria, de forma geral. "Teremos a implementação do novo PAC, que contém muitas obras previstas; a continuidade da implementação do novo marco regulatório do saneamento; as ações relacionadas aos três eixos do Programa Construa Brasil (Desburocratização, Digitalização e Industrialização da Construção); a execução das moradias do Minha Casa Minha Vida; a retomada de obras paradas; o estímulo a lançamentos imobiliários, por meio de linhas de crédito diferenciadas; e ações que auxiliem emprego e renda, fundamentais para o nosso varejo."

Fontes
Câmara dos Deputados
Íria Doniak, presidente-executiva da Abcic
Presidência da República
Rodrigo Navarro, presidente da Abramat

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience

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