Brasil busca “selo verde” para ferrovias, a fim de atrair investidor

Ambientalmente sustentáveis, ferrovias nacionais buscam fundos de investimento com recursos que chegam a 700 bilhões de dólares Crédito: Valec
Ambientalmente sustentáveis, ferrovias nacionais buscam fundos de investimento com recursos que chegam a 700 bilhões de dólares
Crédito: Valec

governo brasileiro busca o "selo verde" da Climate Bonds Initiative para 3 eixos ferroviários no país: a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) e a Ferrogrão. Com o “selo verde”, os projetos poderão acessar financiamento no mercado de green bonds (títulos verdes) que envolve fundos internacionais direcionados a obras sustentáveis. Estima-se que esses fundos tenham cerca de 700 bilhões de dólares para investir em empreendimentos que comprovem menor emissão de CO₂ na atmosfera. No entanto, eles só se interessam por projetos que tenham o aval da Climate Bonds Initiative. Trata-se de um organismo internacional que certifica obras de infraestrutura que contribuem com a sustentabilidade ambiental.

documento a ser encaminhado à Climate Bonds Initiative mostra que a FIOL, a Ferrogrão e a FICO reduzirão a emissão de CO₂ em 84%, 77% e 74%, respectivamente. As razões estão relacionadas com a retirada de caminhões das rodovias, ao fato do modal ferroviário reduzir o uso de asfalto como pavimento e à construção industrializada de concreto na fabricação de dormentes e nos projetos de pontes, viadutos e túneis. O estudo a ser encaminhado à Climate Bonds Initiative foi elaborado pela Empresa de Planejamento e Logística, a pedido do ministério da Infraestrutura. “A medida busca aumentar a atratividade dos projetos de infraestrutura do governo federal”, explica Arthur Lima, diretor-presidente da EPL (Empresa de Planejamento e Logística). Duas das 3 ferrovias - a FIOL e a Ferrogrão - irão a leilão até o final do 2ª trimestre de 2021.

No começo de março, a Norte-Sul teve mais um trecho inaugurado

Para o ministério da Infraestrutura, a FIOL é a prioridade das prioridades neste ano. “Prioridade absoluta para nós é a FIOL. Temos uma previsão de 488 milhões de reais na lei orçamentária de 2021. Mas isso não é suficiente para avançarmos na velocidade que a gente quer”, diz o ministro Tarcísio Gomes de Freitas. Quando concluída, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste irá se conectar com a FICO e com a Norte-Sul no estado de Tocantins. No começo de março, a Norte-Sul teve mais um trecho inaugurado. Agora ela vai de São Simão-GO até Estrela D'Oeste-SP sem interrupção. Já as obras da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste estão previstas para começar em abril. A FICO tem orçamento previsto de 4 bilhões e a expectativa é que seu 1º trecho entre em operação em 2026.

Quanto à Ferrogrão, a ferrovia terá extensão de 933 quilômetros, conectando a região produtora de grãos do Mato Grosso ao Pará, desembocando no Porto de Miritituba. A expectativa é que o projeto seja licitado ainda no 1º semestre de 2021. “A Ferrogrão será um grande corredor ecológico, uma barreira verde que vai ligar o norte do Mato Grosso aos portos do Pará e reduzir em 1 milhão de toneladas por ano a emissão de CO₂ da atmosfera”, atesta Tarcísio Gomes de Freitas. O governo espera que, com o “selo verde”, a Ferrogrão possa atrair 12 bilhões de reais em investimentos privados. “Cada vez mais os fluxos financeiros estarão atrelados aos padrões ambientais. Por isso, precisamos fazer projetos sustentáveis para atrair esses fundings”, completa o ministro.

Entrevistado
EPL (Empresa de Planejamento e Logística) (via assessoria de imprensa)

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Altair Santos MTB 2330


Itália homenageia Lina Bo Bardi, a arquiteta do concreto armado 

Lina Bo Bardi: homenagem póstuma da Bienal de Veneza confirma reconhecimento internacional da arquiteta Crédito: Instituto Bardi
Lina Bo Bardi: homenagem póstuma da Bienal de Veneza confirma reconhecimento internacional da arquiteta
Crédito: Instituto Bardi

Nascida na Itália, a arquiteta Lina Bo Bardi radicou-se no Brasil no período pós-Segunda Guerra Mundial. No país, consolidou um estilo e deixou seu legado construído fundamentalmente com concreto armado. Foi assim que concebeu o projeto do MASP, da Casa de Vidro e do SESC Pompéia  suas obras mais icônicas na cidade de São Paulo-SP. Como homenagem póstuma à arquiteta, que morreu em 1992, a Bienal de Arquitetura de Veneza, na Itália, concede o prêmio Leão de Ouro pelo conjunto da obra de Lina Bo Bardi.  

O curador da 17ª edição da bienalHashim Sarkis, definiu assim a arquiteta: “Sua carreira como designer, editora, curadora e ativista nos lembra o papel do arquiteto como organizador e, mais importante, como construtor de visões coletivas. Lina Bo Bardi também exemplifica a perseverança da arquiteta em tempos difíceis, sejam guerras, conflitos políticos ou imigração, e sua capacidade de permanecer criativa, generosa e otimista o tempo todo. Seus edifícios exprimem isso, pela forma como unem arquitetura, natureza e vida.” 

Sarkis também aponta Lina Bo Bardi como grande influenciadora da arquitetura no século 20. Naturalizada brasileira, ela torna-se a terceira do país a ter seu trabalho reconhecido pela Bienal de Arquitetura de Veneza. Antes, haviam sido homenageados Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha, que foram agraciados em 1996 e 2016, respectivamente. O prêmio póstumo do Leão de Ouro coincide com a celebração dos 70 anos da Casa de Vidro - primeiro projeto de Lina Bo Bardi no Brasil 

Concreto é um material que sabe manifestar o pensamento do arquiteto 

Casa de Vidro, construída em 1951 no bairro Morumbi, em São Paulo-SP, é hoje sede do Instituto Bardi, criado em 1990, e onde ficará o Leão de Ouro quando chegar ao Brasil, provavelmente em julho deste ano. Mas a obra mais emblemática de Lina Bo Bardi é o Museu de Arte de São Paulo, o MASP, considerado um marco da arquitetura brutalista no Brasil. A Bienal de Arquitetura de Veneza define assim a obra: “Trata-se de um grande paralelepípedo de concreto e vidro que surge suspenso no vazio, a 8 metros do solo, sustentado por dois pilares vermelhos gigantes. O museu é concebido como um espaço pensado para as pessoas, com os seus espaços abertos, paredes móveis, suportes transparentes rodeados de espaços relacionais de encontro que favorecem o convívio social.” 

Entre 1977 e 1986, também em São Paulo-SP, Lina Bo Bardi aproveitou a estrutura de uma antiga fábrica de tambores de óleo para projetar o centro social SESC - Fábrica da Pompéia. Do projeto saiu um gigantesco centro comunitário, recreativo, cultural e esportivo. Mais uma vez, a arquiteta não economizou no uso de concreto aparente. Uma vez, perguntaram sobre o que a inspirou projetar o MASP e o SESC Pompéia, Lina Bo Bardi confessou que via nos conceitos do “movimento brutalista” o resumo do que imaginava ser a arquitetura. Sobre o concreto, ela o definiu assim: “É um material que se manifesta como o efetivo meio de expressão para unir quem vê a obra ao pensamento do arquiteto e ao processo criativo que na obra foi materializado." 

Entrevistado
Bienal de Arquitetura de Veneza e Instituto Bardi

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Altair Santos MTB 2330


Consumidor de imóvel no Sul está mais cauteloso em 2021

Construção civil do Sul do país prioriza bons produtos para estimular consumidor a ir às compras Crédito: Governo de SC
Construção civil do Sul do país prioriza bons produtos para estimular consumidor a ir às compras
Crédito: Governo de SC

Pesquisa divulgada pela Brain Inteligência Estratégica, sob encomenda da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) mostra que o consumidor de imóveis nos 3 estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) é o mais cauteloso para investimentos em 2021. Em comparação aos compradores de outras regiões do país, os sulistas são os que têm a menor intenção de compra para os próximos meses. O percentual de quem quer trocar de imóvel está em 35%, dos quais 9% já abriram negociação e 26% encontram-se na fase de pesquisa pela internet. No período pré-pandemia de COVID-19, a intenção de compra no Sul estava em 43%.

centro-oeste é o que registra a maior taxa de intenção de compra, com 47%, seguido do Nordeste, com 46%. Nos estados do Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo) o desejo pela troca de moradia está em 41%. De acordo com os representantes de construtoras que atuam no Sul do país, os fatores que mais influenciam os consumidores do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul estão relacionados à expectativa futura da taxa de juros para financiamento imobiliário, ao preço e à qualidade dos imóveis. “Sempre há bom mercado para bons produtos. O que esse consumidor quer é a oferta de imóveis que possam tirá-lo da zona de conforto”, avalia Leandro Melnick (presidente do conselho da Melnick e CEO da Even).

Já Thales Silva, diretor comercial da Rôgga, e Leonardo Yoshii (presidente do grupo A.Yoshii), acreditam que a tecnologia será capaz de despertar o comprador no Sul do país. A Rôgga passou a investir fortemente na construção industrializada para manter seus preços competitivos, enquanto a A.Yoshii fez um investimento forte em tecnologia para venda online, confiando em que as vendas se manterão aquecidas devido ao baixo estoque de imóveis, principalmente nas capitais da região sul. “Achamos que se as taxas de juros se mantiverem baixas elas continuarão funcionando como injeção na veia do mercado. Por isso, encaramos 2021 com otimismo, mas com os pés no chão”, revela Leonardo Yoshii.

Pesquisa mostra que demanda por moradias passa de 900 mil unidades na região

Para Rodrigo Putinato, diretor nacional de vendas da Cyrela e CEO da regional sul, o que mais preocupa o setor no momento é o descolamento do INCC de outros índices inflacionários. “Há um receio de que ele possa vir a prejudicar futuros projetos voltados para o Casa Verde e Amarela”, avalia. O INCC (Índice Nacional de Custo de Construção) é uma taxa calculada mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para medir o aumento dos custos dos insumos utilizados em construções habitacionais. O índice é utilizado para reajustar as parcelas dos contratos de compras de imóveis em fase de construção.

A pesquisa da Brain Inteligência de Mercado também mostra quais são as preferências dos consumidores do sul. A maioria, 48%, prefere imóveis novos, dos quais 32% buscam os já construídos, enquanto 16% optam pela compra na planta. Outro dado apresentado é que o déficit habitacional nos 3 estados (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) representa 11,69% do índice nacional. Significa que há uma defasagem de 912.045 moradias na região (331.920 no Rio Grande do Sul, 324.522 no Paraná e 255.603 em Santa Catarina). Segundo o presidente da ABAINC, Luiz França, a manutenção da mais baixa taxa de juros da história tende a ajudar a combater esse déficit. “Estamos falando do melhor momento para o tomador de financiamento imobiliário. A tendência é que continue assim em 2021”, finaliza.

Veja o vídeo completo da apresentação

Acesse a pesquisa completa

Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Expectativa do mercado imobiliário na região Sul do Brasil”, promovido pela Brain Inteligência Estratégica, junto com a ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias)

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Altair Santos MTB 2330


Começa a construção do mais longo túnel imerso do mundo

Primeira aduela para a construção do maior túnel imerso do mundo foi transportada em fevereiro de 2021 Crédito: Femern Link Contractors
Primeira aduela para a construção do maior túnel imerso do mundo foi transportada em fevereiro de 2021
Crédito: Femern Link Contractors

Dia 2 de fevereiro de 2021 marcou o início da construção do mais longo túnel imerso do mundo. O Fehmarnbelt Tunnel vai cruzar 17 quilômetros e 600 metros do Mar Báltico, ligando a Alemanha à Dinamarca. A obra leva o título de túnel imerso mais longo por causa da forma como será construído. Grandes aduelas pré-moldadas de concreto serão submersas e encaixadas no fundo do mar para formar a estrutura. O EuroTúnel, que liga a França à Inglaterra, apesar de ter uma extensão de 50 quilômetros para vencer o Canal da Mancha, trata-se de um túnel escavado no subsolo marítimo e não imerso no mar.

O amadurecimento do projeto do Fehmarnbelt Tunnel levou 12 anos. Vem desde 2008, quando Alemanha e Dinamarca assinaram um tratado para viabilizar a obra. Em seguida, demorou mais de uma década para que a legislação necessária fosse aprovada pelos dois países e para a realização de estudos de impacto geotécnico e ambiental. O governo dinamarquês deu mais agilidade ao processo, enquanto a Alemanha precisou enfrentar judicialmente uma série de organizações - empresas de balsas, grupos ambientais e prefeituras - que apelaram contra o projeto.

Trecho em que será construído o túnel é o mais curto entre a Alemanha e a Dinamarca Crédito: Femern Link Contractors
Trecho em que será construído o túnel é o mais curto entre a Alemanha e a Dinamarca
Crédito: Femern Link Contractors

A um custo de 7 bilhões de euros, o Fehmarnbelt Tunnel ficará submerso a 40 metros em seu ponto mais profundo. Foi escolhido o trecho mais estreito entre a Alemanha e a Dinamarca para sua instalação: o Fehmarn Belt, um estreito entre a ilha alemã de Fehmarn e a ilha dinamarquesa de Lolland. A joint venture Femern Link Contractors é a responsável pela obra, e tem a liderança da francesa Vinci - a 5ª maior empreiteira do mundo. As obras foram iniciadas no lado dinamarquês, onde também está a fábrica de pré-moldados que fornecerá as aduelas para o túnel. A construção vai empregar 2.000 trabalhadores no auge da produção.

Obra será de duplo modal e travessia entre os países será feita em 10 minutos

Fábrica para a produção dos elementos pré-moldados de concreto foi instalada em território dinamarquês Crédito: Femern Link Contractors
Fábrica para a produção dos elementos pré-moldados de concreto foi instalada em território dinamarquês
Crédito: Femern Link Contractors

O Fehmarnbelt Tunnel será de duplo modal: rodoviário e ferroviário. Atualmente, a travessia mais utilizada entre os dois países é por balsa e leva 45 minutos. Com a nova obra, prevista para ficar pronta em 2029, o trajeto de trem levará 7 minutos e de carro 10 minutos. O túnel terá 8,9 metros de altura e 42,2 metros de largura. A estrutura submersa será formada por 89 elementos pré-moldados de concreto. Cada peça pesará 73.500 toneladas e medirá 217 m de comprimento. Antes das aduelas serem lançadas ao mar serão dragados 15,5 milhões de m³ do solo marítimo para fazer a “terraplanagem” do terreno.

O volume de concreto para a construção dos elementos pré-moldados é estimado em 2.480.000 m³, segundo cálculos que constam na especificação do projeto. Outras obras que exigirão concreto na construção do túnel consumirão mais 570.000 m³. A tecnologia para viabilizar o Fehmarnbelt Tunnel não é nova. Já foi aplicada com sucesso na construção do Öresund, que também cruza o Mar Báltico e liga Copenhague, na Dinamarca, a Malmö, na Suécia. Essa obra tem 16 quilômetros de extensão, incluindo o trecho de ponte estaiada e o túnel submarino. Inaugurado em 2000, o Öresund é uma das obras mais premiadas da engenharia moderna.

Túnel imerso terá aduelas com mais de 200 metros de comprimento e pesando 73.500 toneladas Crédito: Femern Link Contractors
Túnel imerso terá aduelas com mais de 200 metros de comprimento e pesando 73.500 toneladas
Crédito: Femern Link Contractors

Acesse o projeto detalhado do Fehmarnbelt Tunnel

Assista ao vídeo de como será construído o túnel

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Femern Link Contractors, joint venture de construtoras para executar a obra do Fehmarnbelt Tunnel (via departamento de comunicação)

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Altair Santos MTB 2330


Pesquisadores atuam para Brasil ter norma técnica de UHPC 

Na Áustria, na cidade de Völkermarkt, foi construída a 1ª ponte em arco do mundo com concreto UHPC Crédito: ZKP
Na Áustria, na cidade de Völkermarkt, foi construída a 1ª ponte em arco do mundo com concreto UHPC
Crédito: ZKP

No Brasil, o concreto de ultra-alto desempenho ainda está delimitado ao campo das pesquisas. Conhecido pela sigla UHPC - abreviação do termo em inglês Ultra-High Performance Concrete -, esse tipo de concreto precisa de uma norma técnica para ganhar credibilidade e conquistar o mercado nacional. É isso que o grupo de trabalho 5 (GT5) do comitê técnico 303 do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) passou a priorizar.

O GT5 trabalha na elaboração de 3 documentos que servirão de texto-base para uma futura norma técnica brasileira de UHPC. O trabalho abrange especificações, dimensionamento, produção e classificação do concreto de ultra-alto desempenho. Atualmente, França, Japão e Canadá são os países que possuem as normas técnicas mais consolidadas para a aplicação desse tipo de concreto.

A informação sobre o trabalho do GT5 foi passada pelo pesquisador Roberto Christ, em palestra virtual realizada dentro do 1º Seminário Nacional de Obras Civis. O evento foi promovido pelo Instituto de Engenharia do Paraná, em parceria com o Grupo IDD. Engenheiro civil, Christ faz parte da equipe do ittPerformance, da Unisinos-RS, e estuda o concreto de ultra-alto desempenho há 11 anos.

pesquisador resume o que faz do UHPC um concreto especial: “Trata-se de um concreto que apresenta grande resistência mecânica, possui alta fluidez e elevado desempenho. Ele incorpora propriedades de 3 tipos de concretos: reforçado com fibra, de alto desempenho e autoadensável. Os conceitos desses materiais originaram o UHPC.”

Veja outras características do UHPC mostradas por Roberto Christ em sua palestra:

- O UHPC é um concreto de matriz cimentícia, homogêneo com baixa porosidade e elevadas resistências à compressão e à tração na flexão.
- O desempenho do UHPC é devido principalmente à sua elevada densidade da matriz cimentícia, onde praticamente não existe capilares. Os constituintes deste tipo de concreto são predominantemente finos, onde o tamanho máximo dos grãos são de 2 mm.
- A utilização de aditivos nas misturas de UHPC são de fundamental importância, devido à baixa relação água/aglomerante presente na mistura.
- A utilização de fibras neste tipo de concreto também é de fundamental importância. Elas auxiliam tanto no controle das diversas retrações que podem ocorrer quanto na capacidade de suportar elevadas cargas sofrendo baixas deformações.

Os ensaios realizados no ittPerformance usam como base a NFP18-470 - a norma técnica francesa sobre o UHPC, publicada em 2016. Ela define os campos de aplicação do UHPC:

- Estruturas pré-fabricadas e elementos estruturais;
- Estruturas e elementos estruturais pré-moldados;
- Partes de estruturas submetidas a reparos;
- Estruturas para edifícios;
- Elementos não estruturais ou arquitetônicos pré-fabricados ou pré-moldados.

Concreto de ultra-alto desempenho esbarra no custo das microfibras de aço

No Brasil, enquanto não tiver uma norma técnica específica, o concreto de ultra-alto desempenho se submete à ABNT NBR 16935 (Projeto de estruturas de concreto reforçado com fibras - Procedimento). Essa norma é uma das mais novas vinculadas ao CB-002 (Comitê Brasileiro da Construção Civil) e foi publicada dia 18 de fevereiro de 2021. No país, o UHPC também atende pela designação de CUAD.

Além de carecer de norma técnica própria, o concreto de ultra-alto desempenho esbarra também no custo de seu principal agregado: as microfibras de aço, com no máximo 13 milímetros de comprimento e 0,2 milímetros de diâmetro. O Brasil ainda não fabrica esse material e seu uso necessita de importação, o que torna a produção altamente cara - o valor de 1  do UHPC se aproxima de 1 mil dólares. “A fibra é nosso principal gargalo para a produção em escala do UHPC”, reconhece Roberto Christ.

Fora do Brasil, o material tem aparecido cada vez com mais frequência em obras especiais. Recentemente, o chefe do departamento de engenharia civil da Universidade Internacional da Flórida (Florida International University [FIU]), o professor-doutor Atorod Azizinamini, declarou que o “futuro das pontes está no CUAD”. Desenvolvido nos anos 1990, em parceria entre pesquisadores franceses e canadenses, o concreto de ultra-alto desempenho surgiu como uma encomenda especial da engenharia militar, para a construção de pontes pré-fabricadas com elementos esbeltos.

Veja a apresentação do professor Roberto Christ

Entrevistado
Reportagem com base na palestra virtual do pesquisador Roberto Christ, dentro do 1º Seminário Nacional de Obras Civis, promovido pelo Instituto de Engenharia do Paraná, em parceria com o Grupo IDD

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Por que Elon Musk está transformando a indústria da construção?

Elon Musk: CEO da Tesla atua em frentes que vão desde enviar humanos a Marte até pesquisas com concretos especiais Crédito: Tesla
Elon Musk: CEO da Tesla atua em frentes que vão desde enviar humanos a Marte até pesquisas com concretos especiais
Crédito: Tesla

CEO e fundador da Tesla Motors - líder mundial na fabricação de veículos elétricos - Elon Musk é visto como o empreendedor mais visionário do mundo na atualidade. Seu espectro de atuação vai desde a corrida espacial para levar o homem ao planeta Marte até o investimento em startups com foco na construção sustentável. Ele é sócio da Solar City, empresa que fabrica telhas fotovoltaicas, e também está à frente da Boring Company, cuja especialidade é desenvolver concretos especiais para túneis, capazes de gerar elementos mais esbeltos e resistentes. Além disso, comanda a Hyperloop, que projeta o trem mais rápido do mundo para trafegar sobre estruturas de concreto de ultra-alto desempenho.

Através da Tesla, Musk também quer consolidar o mercado de caminhões elétricos, entre eles caminhões-betoneiras. Esses veículos serão produzidos nas gigafactorys que a empresa constrói simultaneamente em Xangai, na China; Austin-Texas, nos Estados Unidos, e Grünheide, na região metropolitana de Berlim-Alemanha. Os projetos dessas fábricas estão diretamente relacionados aos investimentos feitos por Musk em novos modelos de construção industrializada. O segundo homem mais rico do mundo selecionou empresas que produzissem elementos pré-fabricados de concreto com baixa emissão de CO₂ e fabricassem as peças consumindo menor volume de água.

Fábrica em construção na Alemanha usa elementos pré-fabricados de concreto com baixa emissão de CO₂ e que consomem menor volume de água Crédito: @Gf4Tesla
Fábrica em construção na Alemanha usa elementos pré-fabricados de concreto com baixa emissão de CO₂ e que consomem menor volume de água
Crédito: @Gf4Tesla

Com a fortuna avaliada em 190 bilhões de dólares, Elon Musk tem pressa. Por isso, acredita que a construção industrializada é a única capaz de atender seus projetos. Inaugurada em janeiro de 2020, a gigafactory de Xangai foi construída em 11 meses. As que ainda estão em construção nos Estados Unidos e na Alemanha devem começar a operar em julho de 2021 - 17 meses após o início das obras. No caso da gigafactory alemã, trata-se atualmente do maior canteiro de obras em território germânico. A obra não parou em nenhum momento da pandemia, e surpreendeu o próprio Musk, que a visitou em janeiro de 2021. “Estou impressionado com a velocidade da construção”, disse.

Gigafactory na Alemanha economizou 15.000 m³ de concreto por usar estruturas mais esbeltas

Gigafactory da Tesla, na região metropolitana de Berlim deve ser inaugurada em julho de 2021, após 17 meses de construção Crédito: @Gf4Tesla
Gigafactory da Tesla, na região metropolitana de Berlim deve ser inaugurada em julho de 2021, após 17 meses de construção
Crédito: @Gf4Tesla

Só a fábrica de Berlim irá custar 4,4 bilhões de euros para entrar em operação, com subsídio de 1 bilhão do governo alemão. O poder público do país também realizou obras para atender a logística da fábrica, como estender um ramal de linha férrea até o canteiro de obras e melhorar as condições das estradas no entorno da gigafactory para a circulação de caminhões. Os números da GF4, como é chamado o empreendimento da Tesla na Alemanha, são superlativos. A área do terreno mede 1.522.300 m². A planta ocupará 587.721 m². Outros 891.920 m² serão alocados para estacionamentos, estradas, ferrovias e pistas de teste da fábrica.

Por dia, no pico da obra, o canteiro recebeu 326 caminhões carregados de materiais e 4 trens com 25 vagões para transportar os elementos pré-fabricados até a GF4. A construção chegou a mobilizar 2.828 operários em 3 turnos. O volume de concreto usado nas estruturas pré-moldadas é estimado em 75.000 m³. Projetistas e construtores avaliam que a economia de concreto chegou a aproximadamente 15.000 m³, em função do uso de estruturas mais esbeltas e de insumos com melhor desempenho. As tecnologias desenvolvidas para a construção da GF4 serão transferidas para a construção industrializada do concreto na Alemanha.

Gigafactory da Tesla, na Alemanha: no auge da obra, canteiro recebeu 326 caminhões carregados de materiais e 4 trens com 25 vagões para transportar os elementos pré-fabricados de concreto Crédito: @Gf4Tesla
Gigafactory da Tesla, na Alemanha: no auge da obra, canteiro recebeu 326 caminhões carregados de materiais e 4 trens com 25 vagões para transportar os elementos pré-fabricados de concreto
Crédito: @Gf4Tesla


Entrevistado
Centro de mídia da Tesla

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Altair Santos MTB 2330


IPT usa termografia em drones para diagnosticar patologias

Imagem sem uso de câmera termográfica mostra fachada de edifício com área danificada e área aparentemente saudável (quadrado menor) Crédito: IPT
Imagem sem uso de câmera termográfica mostra fachada de edifício com área danificada e área aparentemente saudável (quadrado menor)
Crédito: IPT

Com o uso de câmera termográfica embarcada em drone, o Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC) do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) desenvolveu ferramenta que ajuda a diagnosticar patologias do concreto em edificações. Segundo os pesquisadores, o equipamento melhora também os processos de manutenção de edifícios, pois consegue detectar problemas ainda em fase inicial, em especial as fissuras. É através delas que ocorre a penetração de água da chuva para o interior das estruturas. "Estas fissuras podem ser de pequena abertura e não-detectáveis em imagens convencionais ou a olho nu, mas são identificáveis pelas imagens termográficas", diz Osmar Hamilton Becere, pesquisador do LMCC.

O processo de diagnóstico usa luz infravermelha para captar dados de temperatura da superfície da fachada. "Quando há algum tipo de irregularidade no material, o fluxo de calor é alterado. Isso permite destacar as anomalias", revela o pesquisador. A explicação é reforçada por outro pesquisador do LMCC, Alexandre Cordeiro dos Santos. "Essa tecnologia possibilita a inspeção em regiões da edificação de difícil acesso, registrando anomalias de maneira rápida em imagens de alta definição, que subsidiam os pesquisadores para a tomada de decisão quanto ao estabelecimento de diretrizes corretivas", completa. Os pesquisadores também destacam que é necessária mão de obra qualificada para operar os equipamentos.

Interpretação das imagens termográficas requer profissionais treinados

No entanto, com o uso de luz infravermelha o diagnóstico muda: verifica-se há danos também na área que antes aparentava estar preservada (quadrado menor) Crédito: IPT
No entanto, com o uso de luz infravermelha o diagnóstico muda: verifica-se que há danos também na área que antes aparentava estar preservada (quadrado menor)
Crédito: IPT

Segundo Caio Cavalhieri, pesquisador do Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental (Labgeo) do IPT, a maior dificuldade que esse tipo de solução oferece está relacionada à interpretação das imagens termográficas. “Isso ocorre porque nossos olhos não estão acostumados a esse tipo de representação gráfica. É necessária uma análise criteriosa para compreender o significado exato da energia infravermelha emitida por diferentes objetos", destaca. O ideal é que as inspeções com drones sejam realizadas sempre por dois profissionais: um dedicado à operação do equipamento e outro com conhecimento técnico para interpretar as imagens.

O processo de análise desenvolvido pelo IPT tem 4 etapas:

- Análise do projeto arquitetônico e avaliação visual da edificação.
- Seleção do equipamento e definição de um plano de voo para obter as melhores imagens das regiões a serem avaliadas.
- Transferência das imagens para o computador e análise dos dados obtidos.
- Diagnóstico da manifestação patológica, que, dependendo do grau de evolução, pode levar ao aprofundamento da investigação, através de ensaios laboratoriais específicos.

As atividades do IPT com drones começaram em 2013, com o propósito de auxiliar as equipes do instituto em projetos de acompanhamento ambiental de empreendimentos de grande porte. Em 2017, começou a operar com análises termográficas. A tecnologia foi incorporada às inspeções do LMCC em 2019.

Assista ao vídeo que mostra como a termografia consegue detectar microfissuras em edificações

Entrevistado
Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC) do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) (via assessoria de imprensa)

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Industrialização do concreto caminha para a verticalização

Complexo Parque da Cidade, em São Paulo-SP: uso de elementos pré-moldados em edifícios comprova tendência de verticalização da construção industrializada do concreto Crédito: Matec
Complexo Parque da Cidade, em São Paulo-SP: uso de elementos pré-moldados em edifícios comprova tendência de verticalização da construção industrializada do concreto
Crédito: Matec

Na década passada, o setor da construção industrializada do concreto viveu sua fase de amadurecimento no Brasil. Os eventos esportivos realizados no país - Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016) - serviram de impulso para que pré-fabricados e pré-moldados ganhassem os canteiros de obras. “O protagonismo do pré-fabricado intensificou na década passada, em função dos eventos internacionais que o Brasil sediou. Agora, o momento atual aponta para a verticalização das estruturas pré-fabricadas, com a adesão da construção imobiliária à industrialização do concreto”, afirma a presidente-executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto) Íria Doniak.

engenheira civil participou recentemente do fórum “Concreto Pré-Fabricado no Brasil: cenário atual e perspectivas para o futuro”. Em sua análise, Doniak lembra que, apesar dos obstáculos tributários, as estruturas pré-fabricadas estarão cada vez mais presentes na construção de edifícios altos. Não apenas como elementos estruturantes, mas também nas fachadas. “O aprimoramento da construção industrializada do concreto incrementou o portfólio do setor”, lembra. Para a presidente-executiva da ABCIC, isso se deve ao fato da indústria de pré-fabricados e pré-moldados seguir rigorosamente a normalização. “Há uma série de normas que balizam nosso setor”, completa.

Normalização dá respaldo técnico e ajuda a preparar o futuro dos pré-fabricados

Em especial, a ABNT NBR 9062 (Projeto e Execução de estruturas de concreto pré-moldado - Procedimento). “A 9062 é a nossa norma-mãe. Ela foi fundamental para o desenvolvimento tecnológico do setor. Deu respaldo técnico para os projetistas e estimulou o emprego da construção industrializada do concreto”, diz Íria Doniak. Em sua apresentação, a presidente-executiva da ABCIC elencou também outras normas técnicas importantes para o segmento, que são as seguintes:

- ABNT NBR 6118 (Projeto de estruturas de concreto);
- ABNT NBR 12655 (Concreto - preparo, controle e recebimento - Procedimento);
- ABNT NBR 14931 (Execução de estruturas de concreto - Procedimentos);
- ABNT NBR 15146 (Controle tecnológico do concreto - Qualificação de pessoal (parte 3));
- ABNT NBR 14861 (Lajes alveolares pré-moldadas de concreto protendido);
- ABNT NBR 16258 (Estacas pré-fabricadas de concreto - Requisitos);
- ABNT NBR 16475 (Painéis de paredes em concreto pré-moldado - requisitos e procedimentos);
- NR-18 (Norma Regulamentadora sobre condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção e outras correlatas).

Sobre o futuro da construção industrializada do concreto, Íria Doniak considera que o setor vai em direção ao concreto de ultra-alto desempenho (UHPC) o que possibilitará confeccionar peças semelhantes aos perfis de aço (menores e mais esbeltas) e com elevada resistência e vida útil. Também avalia que as fábricas caminharão para a automação e que os robôs ocuparão o segmento de montagem das peças nos canteiros de obras. Quanto aos projetos, ela crê que tudo estará conectado à ferramenta BIM e suas novas versões: 3D, 4D, 5D, 6D, 7D e 8D. “O cliente terá melhor entendimento das soluções apresentadas a ele, desde a concepção até a manutenção das estruturas”, prevê.

Assista à apresentação do fórum “Concreto Pré-Fabricado no Brasil: cenário atual e perspectivas para o futuro”

Entrevistado
Reportagem com base no fórum “Concreto Pré-Fabricado no Brasil: cenário atual e perspectivas para o futuro”, com participação da presidente-executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto) Íria Doniak

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Tecnologia autoadensável é a ideal para paredes de concreto

Aplicação de concreto autoadensável em obras com paredes de concreto traz segurança à execução do projeto Crédito: Pinterest
Aplicação de concreto autoadensável em obras com paredes de concreto traz segurança à execução do projeto
Crédito: Pinterest

Qual o melhor concreto para usar em paredes de concreto? Segundo os engenheiros civis Bernardo Tutikian e Rubens Curti, não resta a menor dúvida: a tecnologia do concreto autoadensável é a ideal para esse tipo de obra. Em live promovida pelo IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) ambos chegaram a questionar uma variante que o mercado da construção tem adotado, e que é chamada de “concreto superfluido”. “Concreto superfluido não existe, apesar do mercado usar essa nomenclatura. Ou o concreto é autoadensável ou é convencional”, afirmam.

Os engenheiros civis falam com conhecimento. Bernardo Tutikian foi coordenador da norma técnica ABNT NBR 15823 (Concreto autoadensável - classificação, controle e recebimento no estado fresco) tanto em sua primeira versão, em 2010, quanto na revisão de 2017. Além disso, é professor-doutor e pesquisador do ittPerformance da Unisinos-RS e autor do livro “Concreto autoadensável” (Editora PINI, edições 2008 e 2015, 240 páginas). Já Rubens Curti é supervisor-técnico da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) com especialização em tecnologias do concreto e argamassas.

Na live do IBRACON, além de abordarem as propriedades do concreto autoadensável, e de como promover os ensaios corretos na hora do recebimento, Tutikian e Curti alertaram para o uso incorreto de um concreto não adequado para paredes de concreto. “O risco mais comum é o material deixar vazios (áreas não preenchidas pelo concreto) o que também é conhecido como ‘bicheira’. Após a retirada das fôrmas, um operário pode ir lá e cobrir o vazio aparente com argamassa, mas isso não significa que aquela parede de concreto não vai apresentar manifestações patológicas futuras”, dizem.

Maior risco para a concretagem de paredes de concreto é a segregação do material

Existe ainda o risco de que o uso de um concreto que não seja autoadensável, porém autodenominado de superfluido, não seja resistente à segregação e comprometa toda a concretagem. “Concreto superfluido é um concreto segregável. Portanto, um ‘concreto auto-segregável’”, define Curti. Tutikian completa: “Além de todos os riscos, o uso de um concreto não adequado para paredes de concreto compromete o acabamento e pode se tornar uma experiência de tentativa e erro.”

Os debatedores salientaram a segurança que o uso do concreto autoadensável traz para a aplicação em paredes de concreto. “A norma técnica atualizada em 2017 (ABNT NBR 15823) pegou o que havia de melhor em normas internacionais e reuniu com o que faltava na norma de 2010 para deixá-la como uma das melhores do mundo. Ou seja, existe segurança tecnológica no uso do concreto autoadensável”, garante Tutikian. Rubens Curti lembra ainda que a indústria brasileira de pré-fabricados tem usado muito o concreto autoadensável, o que dá mais segurança para o emprego da tecnologia. “O segmento utiliza com cada vez mais frequência e já está difundido no meio”, assegura.

Quanto ao custo, tanto Bernardo Tutikian quanto Rubens Curti lembram que é necessário avaliar o concreto autoadensável após sua aplicação na obra. “Obviamente, o custo de compra está em torno de 20% mais caro que o de um concreto convencional. Mas é preciso avaliar as vantagens. Por exemplo, ele gera economia de mão de obra, pois dispensa a vibração. Além disso, é um material com qualidade garantida por norma técnica. Então, somadas as vantagens, ao fim da obra ele torna-se mais barato”, finalizam.

Veja o vídeo do debate promovido pelo IBRACON

Entrevistado
Reportagem com base no evento online promovido pelo IBRACON, “Concreto para paredes de concreto: superfluido versus autoadensável”, com participação dos engenheiros civis Bernardo Tutikian e Rubens Curti

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Alemanha viabiliza 1º projeto comercial em impressão 3D

Após a fase da impressão 3D, que durou pouco mais de 1 mês, prédio já está com telhado instalado Crédito: Rupp Gebäudedruck
Após a fase da impressão 3D, que durou pouco mais de 1 mês, prédio já está com telhado instalado
Crédito: Rupp Gebäudedruck

A impressão 3D que utiliza o concreto como matéria-prima deixa a área da pesquisa e os laboratórios das universidades para ganhar o mercado real da construção civil. O primeiro projeto comercial de um prédio com 3 pavimentos e 6 apartamentos está em processo de construção na Alemanha. O empreendimento localiza-se na cidade de Wallenhausen, na Baviera. Trata-se da maior estrutura impressa em 3D da Europa. À frente está a construtora Michael Rupp Bauunternehmung GmbH, que atua há 25 anos na região, e que em 2020 montou a subsidiária Rupp Gebäudedruck para se dedicar exclusivamente à construção 3D.

O objetivo é construir edifícios habitacionais em larga escala, o que, segundo o diretor-executivo da empresa, Fabian Rupp, permitirá reduzir os custos de cada obra em 15%, inicialmente. “Acreditamos que essa nova tecnologia tem um enorme potencial para o futuro e queremos ajudar a moldar esse futuro”, completa Sebastian Rupp, diretor-administrativo da Rupp Gebäudedruck. O que mais impressiona os construtores é que o canteiro de obras, durante a fase de impressão das estruturas de concreto, só precisa de 4 trabalhadores especializados para operar o equipamento.

Desenho mostra como ficará o prédio depois de concluído: impressão 3D sai dos laboratórios e entra no mercado imobiliário alemão Crédito: Rupp Gebäudedruck
Desenho mostra como ficará o prédio depois de concluído: impressão 3D sai dos laboratórios e entra no mercado imobiliário alemão
Crédito: Rupp Gebäudedruck

Todo o projeto arquitetônico do prédio foi concebido em BIM, para que as passagens das instalações elétricas e hidráulicas fossem previstas durante a impressão. “Nenhuma fenda foi aberta na estrutura depois que ela foi impressa”, diz o escritório Ulm Mühlich, Fink & Partner, responsável pela arquitetura do prédio, cuja impressão 3D em concreto começou no final de outubro de 2020 e foi concluída em 4 de dezembro. Conforme a obra evoluiu, o ritmo da impressão tornou-se mais rápido. O 1º pavimento precisou de 9 dias para ficar pronto. Já o 2º foi concluído em 7 dias.

Impressão do edifício consumiu 125 m³ de concreto especialmente desenvolvido para a obra

Cada apartamento do edifício tem 380 m². Além de 2 pavimentos, possuem porão e ático. Esses dois componentes foram concretados convencionalmente. O porão é um caixote de concreto que funciona também como fundação para a estrutura impressa. Já o ático, por ter forma triangular, também precisou ser concretado artesanalmente. A escada é outro elemento não-impresso. Com peças pré-fabricadas de concreto, foi montada dentro da estrutura e encaixada nos pontos delimitados pela impressora. Idem para as lajes.

Edifício encontra-se na fase de acabamento e de colocação das esquadrias das janelas Crédito: Rupp Gebäudedruck
Edifício encontra-se na fase de acabamento e de colocação das esquadrias das janelas
Crédito: Rupp Gebäudedruck

Foi desenvolvido um equipamento exclusivo para o projeto, assim como um concreto com propriedades específicas para impressões em 3D. A COBOD, com sede na Dinamarca, fabricou a impressora 3D BOD2. O fundador da COBOD, Henrik Lund-Nielsen, avalia que o prédio alemão é um marco para a construção imobiliária mundial. “Esse projeto alemão é realmente um grande marco, pois a natureza comercial do edifício prova a competitividade da tecnologia de impressão 3D esse tipo de construção. A obra abre mercados inteiramente novos para as impressoras”, afirma.

Quanto ao concreto desenvolvido para o projeto, ele foi nomeado de 3D i.tech. Entre suas características estão o fácil bombeamento e o excelente desempenho na extrusão. A composição exata dos aditivos químicos é um segredo comercial do fabricante (HeidelbergCement). A impressão do edifício consumiu 125 m³ do insumo. O prédio encontra-se em fase de acabamento e, quando concluído, os apartamentos serão colocados para locação - uma prática do mercado imobiliário alemão, já que apenas a parcela mais rica da população costuma comprar imóveis no país.

Veja entrevista com o construtor Fabian Rupp

Escadas pré-fabricadas foram encaixadas nos pontos definidos em projeto e deixados pela impressora 3D Crédito: Rupp Gebäudedruck
Escadas pré-fabricadas foram encaixadas nos pontos definidos em projeto e deixados pela impressora 3D
Crédito: Rupp Gebäudedruck

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Construtora Michael Rupp Bauunternehmung GmbH (via redes sociais)

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