Vícios construtivos alimentam indústria de ações: como evitar?
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) iniciou uma série de debates sobre o impacto jurídico que os vícios construtivos têm causado no segmento de construtoras e incorporadoras. Apenas no âmbito da faixa 1 do programa habitacional Minha Casa Minha Vida - recentemente substituído pelo Casa Verde e Amarela - existem em todo o país 51 mil ações relacionadas a vícios construtivos tramitando na 1ª instância e outras 13 mil e 700 na 2ª instância do Judiciário.
Segundo os advogados convidados para opinar sobre o que as empresas chamam de “indústria de ações”, o ideal seria criar uma legislação que definisse claramente o prazo de garantia da construção. O consultor jurídico da CBIC, Carlos Del Mar, destaca que isso não é suficientemente transparente atualmente. “Hoje não há prazo-limite para o surgimento de falha construtiva ou vício. Assim, a possibilidade de reclamação da garantia fica em aberto, estimulando a industrialização das ações”, explica.
Por exemplo, a ABNT NBR 13752 (Perícias de engenharia na construção civil) define que os vícios construtivos são aqueles provenientes de falha do projeto, de execução ou de informação defeituosa sobre a utilização ou a manutenção. Já o artigo 618 do Código Civil (responsabilidade em contratos de empreitada), os artigos 31 e 43 da Lei 4.591/1964 (responsabilidade do incorporador) e o parágrafo 1º do artigo 25 do Código de Defesa do Consumidor estimulam interpretações diferentes sobre o que são vícios construtivos.
Norma de Desempenho pode ser usada como mediadora dos impasses
Na prática, há várias jurisprudências sobre o tema. Umas consideram que o consumidor tem 1 ano para reclamar de vícios ou defeitos de fácil constatação, a partir da entrega das chaves. No caso de vícios ocultos, o prazo se estende por 5 anos. Mas aí já surge o primeiro impasse: 5 anos a partir da entrega do imóvel ou a partir do momento em que o vício construtivo se manifesta? Dependendo do juiz do processo, pode ser dada uma ou outra interpretação. Existem também entendimentos jurisprudenciais que ampliam esse prazo para 10 anos.
A Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575), cujas partes relacionadas ao desempenho acústico estão em processo de revisão, tem parâmetros que definem a responsabilidade de cada agente envolvido na obra, e também cria condições de rastreabilidade para ver se a falha construtiva está no projeto, na execução ou na manutenção equivocada do empreendimento. Por isso, o advogado Alexandre Gomide entende que a norma pode ser usada como mediadora em casos de vícios construtivos.
Gomide recomenda também que as construtoras atuem preventivamente contra eventuais processos. De que forma? Fazendo o acompanhamento da obra por pelo menos 2 anos, para orientar os moradores a usufruir corretamente de suas unidades. O presidente do conselho jurídico da CBIC, José Carlos Gama, acompanha esse raciocínio. “As construtoras não querem entregar obras com problemas. Custa 125 vezes mais voltar a um empreendimento entregue para consertar um vício construtivo”, revela. O objetivo da CBIC é, através dessa série de debates, coletar sugestões que possam resultar em uma legislação mais clara sobre o tema.
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Reportagem com base na reunião virtual promovida pela CBIC, intitulada “Como enfrentar a indústria de ações sobre vícios construtivos”
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Construção pesada se conecta à Engenharia 4.0 e à IIot
Na construção civil, máquinas já substituem homens em uma quantidade razoável de tarefas. À transformação impulsionada pela robótica convencionou-se chamar de Engenharia 4.0. Agora, esse processo dá um passo adiante. Com a aplicação da IIot (do inglês, Industrial Internet of Things [Internet Industrial das Coisas]) os equipamentos podem ser operados remotamente de longas distâncias. Quem mais tem se beneficiado destas novas tecnologias é a construção pesada, principalmente quando o projeto de execução requer serviços de engenharia em áreas com elevado risco para a vida dos trabalhadores.
Obras em barragens são as que mais têm utilizado esse processo disruptivo aqui no Brasil. É o que foi revelado no recente workshop virtual promovido pela Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração) intitulado “Engenharia 4.0: operação remota de equipamentos”. Engenheiros que participaram do debate mostraram cases bem-sucedidos da aplicação dessas tecnologias na descaracterização de barragens. Isto ocorre quando o reservatório de resíduos atinge seu ciclo de vida útil e precisa ser descontinuado. A intervenção geralmente requer reforço da estrutura para estabilizá-la e reincorporá-la ao relevo e ao meio ambiente.
Por se tratar de uma operação de risco para os humanos, a construção pesada tem usado escaneamento de alta precisão, máquinas automatizadas e profissionais com várias horas de treinamento para intervir nas barragens a serem desativadas. “São processos que possuem uma complexidade maior, e é necessário trabalhar essa mudança também na equipe que irá atuar na obra, como operadores, encarregados, profissionais de apoio e a alta liderança”, diz o engenheiro mecânico Carlos Magno Schwenck, da Construtora Barbosa Mello.
Tecnologia 5G tende a aproximar ainda mais as novas tecnologias ao canteiro de obras
A adoção da Engenharia 4.0 acoplada à IIot aumenta a segurança na obra, reduz custos e oferece ganho de produtividade, asseguram os debatedores. Os participantes do workshop também avaliam que esta é a via do futuro na construção civil. “Independentemente da área de atuação e da questão do investimento, essa é uma tendência que vai se tornar cada vez mais próxima de nossas obras. É um fato irreversível, ainda mais com a proximidade da aplicação da tecnologia 5G. Esses equipamentos se tornarão comuns para todos”, avalia Hugo Pereira Soares, diretor da Construtora Vale Verde.
Um fato curioso revelado pelos participantes do workshop é que a possibilidade de utilizar máquinas operadas à distância tem aberto o mercado de trabalho para profissionais com deficiência motora nas pernas dentro da construção civil. “Isso gera inclusão social, com a possibilidade de contratar pessoas com deficiência (PcD) para esse tipo de trabalho, uma vez que a operação ocorre de forma remota. Diversos operadores, que possuem, por exemplo, lesões na coluna podem ser reintegrados para atuar em operações não-tripuladas”, finaliza o engenheiro eletrônico Tiago Barros, gerente-técnico da SITECH Brasil.
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Reportagem com base no conteúdo apresentado no “Engenharia 4.0: operação remota de equipamentos”, promovido pela Sobratema
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DNIT relata aprendizado com pavimento de concreto
O diretor de planejamento e pesquisa do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Guilherme Rodrigues de Mello, revela em webinar do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) que o organismo responsável pela construção e a manutenção de rodovias no Brasil tem aprendido constantemente com os projetos que priorizam o pavimento de concreto. Segundo ele, a cada obra a qualidade é aprimorada.
Um campo de aprendizagem foi a BR-101 Nordeste. Trata-se do maior trecho do país com pavimento rígido, e que irá alcançar pouco mais de 1.000 quilômetros quando concluída a duplicação. “Tivemos questões relacionadas a projeto no trecho que passa pelos estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. O principal aprendizado foi o de que não faremos mais acostamento com pavimento flexível em rodovia de concreto. Revisamos protocolos quanto a isso, pois as juntas entre o rígido e o flexível levaram a infiltrações, causando quebras de placas”, cita o diretor do DNIT.
O DNIT investiu em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) para se qualificar nesse tipo de revestimento e atualizar seus protocolos. De acordo com Luiz Guilherme, as medidas têm dado confiança ao mercado para adotar o pavimento de concreto nas licitações de obras públicas. Ele cita que as BRs 163 e 364, no Mato Grosso, e que foram concedidas à iniciativa privada, já foram pavimentadas seguindo os novos protocolos de pavimento rígido. Da mesma forma, estão em execução as duplicações da BR-222, no Ceará, e da BR-381, em Minas Gerais.
Além disso, a maior durabilidade da tecnologia, aliada à sustentabilidade e ao menor custo na comparação com o pavimento flexível (asfalto), tem levado o DNIT a expandir a quilometragem do revestimento em concreto nas rodovias brasileiras, inclusive com a adesão dos empreiteiros. “A BR-381, em Minas Gerais, é um exemplo. O empreiteiro propôs a alteração do projeto e considerou o pavimento rígido mais vantajoso”, diz Luiz Guilherme Rodrigues de Mello.
Confiança na tecnologia faz aumentar número de projetos com pavimento de concreto
O DNIT ganhou confiança também para aplicar o pavimento rígido em projetos mais ousados, como o da BR-285, em Santa Catarina, que cruza a serra da Rocinha, na divisa com o Rio Grande do Sul. O organismo também desenvolveu tecnologia de recuperação de pavimentos rígidos antigos. Como aconteceu na BR-408, em Pernambuco. A estrada foi duplicada e uma das pistas já tinha revestimento de concreto com quase 40 anos de uso. Para que oferecesse o mesmo conforto para o tráfego de veículos que a pista nova, foi aplicada a técnica conhecida como diamond grinding, que faz o micronivelamento do pavimento com discos de diamante.
Luiz Guilherme afirma que o DNIT evoluiu significativamente em aspectos técnicos do pavimento rígido, como a correção de irregularidade longitudinal. “Antes não havia limites definidos e agora temos normativas e protocolos para isso”, afirma. “Também evoluíram os critérios relacionados à operação das pavimentadoras, aos projetos de drenagem e ao posicionamento das barras de transferência para evitar esmagamento das juntas”, completa o diretor do DNIT.
No webinar, o dirigente aproveita para elencar as futuras obras com pavimento rígido que já estão contratadas ou em fase de projeto. Envolvem a BR-135, no Maranhão (whitetopping); o contorno de Três Lagoas (BR-158) no Mato Grosso do Sul; a BR-163, no oeste de Santa Catarina, e a BR-230, na Paraíba. “Há muito espaço para o pavimento de concreto avançar no país, seja em novas rodovias, duplicações ou restaurações de estradas. De 100% de nossa malha rodoviária com revestimento, apenas 2% é em pavimento rígido. Queremos aumentar isso”, finaliza Luiz Guilherme Rodrigues de Mello.
Assista à palestra do diretor do DNIT (entre 1h16min e 1h42min)
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Reportagem com base na participação do diretor de planejamento e pesquisa do DNIT, Luiz Guilherme Rodrigues de Mello, no webinar “Infraestrutura no Brasil: estruturação de negócios e obras icônicas”
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Nova Lei das licitações entra em vigor só em 2023
Sancionada em 1º de abril de 2021, a nova Lei das Licitações (14.133/2021) tem prazo de 2 anos para entrar integralmente em vigor. Durante o período de transição, segue valendo a legislação atual, que inclui a Lei de Licitações (8.666/1993), a Lei dos Pregões (10.520/2002) e a Lei do Regime Diferenciado (12.462/11). O prazo de 2 anos é para que os organismos públicos possam se adequar às novas regras. A partir e 1º de abril de 2023, passa a valer exclusivamente a nova lei.
Apenas a parte dos crimes licitatórios substitui, de imediato, as regras anteriores. Com 194 artigos, o texto da nova lei considera fatos desvendados pela operação Lava Jato e aumenta as penas para crimes relacionados a licitações e contratos. Além disso, passa a exigir seguro-garantia para obras de grande porte. O seguro é de até 30% do valor da licitação, e permite que as seguradoras assumam obras interrompidas. Essa medida reduz o risco de que projetos sejam paralisados ou abandonados durante a fase de execução.
A nova Lei das Licitações também abre espaço para que empresas estrangeiras concorram por obras públicas. Agora, os editais de licitação poderão trazer a modalidade “licitação internacional”. Quando a definição estiver inclusa significa que será admitida a participação de licitantes estrangeiros. Ela também abre espaço para a cotação de preços em moeda estrangeira e facilita o uso de tecnologias inovadoras na execução de obras em território nacional.
Manutenção do menor preço desagrada setores da construção civil e da arquitetura
Um ponto bastante criticado pelos organismos ligados à construção civil e à arquitetura está relacionado com a manutenção do menor preço na nova lei. Isso foi interpretado como um erro, pois mantém o risco de que obras de baixa qualidade possam ser viabilizadas com recursos públicos. Por outro lado, a nova lei endurece as regras para dispensa de licitação e inclusão de aditivos contratuais quando a obra já estiver em andamento. Também foram mantidos pontos da Lei 12.462, como a contratação por tarefa, a contratação integrada e a semi-integrada.
A legislação nova determina que os projetos concorrentes nas licitações devem ser apresentados em BIM (Building Information Modeling). “Nas licitações de obras e serviços de engenharia e arquitetura, sempre que adequada ao objeto da licitação, será preferencialmente adotada a Modelagem da Informação da Construção (Building Information Modeling – BIM) ou tecnologias e processos integrados similares ou mais avançados que venham a substituí-la”, diz o parágrafo 3º do item V do artigo 19 da lei.
Por recomendação da Advocacia-Geral da União (AGU), a Presidência da República vetou 26 artigos da nova Lei das Licitações. Os vetos serão analisados em sessão conjunta do Congresso Nacional, com data ainda a ser definida. Para a rejeição, é necessária a maioria absoluta dos votos dos parlamentares, ou seja, 257 deputados e 41 senadores, computados separadamente. Registrada uma quantidade inferior de votos pela rejeição em umas das Casas, o veto será mantido.
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Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República, Senado Federal e Câmara Federal (via assessoria de imprensa)
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Como o concreto pode captar CO₂ sem comprometer a armadura?
Na Europa, o tema é sensível à indústria da construção civil, pois existem metas a serem alcançadas até 2030, e que se tornarão mais exigentes em 2050. Por isso, já existem ensaios comprovadamente eficazes que permitem ao concreto captar CO₂. O problema é que há um limite para essa captação, pois o excesso de CO₂ numa estrutura tende a levar à carbonatação das armaduras, o que é considerado uma patologia do concreto. Segundo relata Carmem Andrade, hoje a resposta mais viável para esse problema é o uso de armaduras em aço inoxidável. Porém, o custo da obra encarece significativamente. Atualmente, esse é o foco da pesquisadora: desenvolver uma armadura imune à carbonatação e que possa caber no orçamento das construções.
Indústria do cimento minimiza emissão de CO₂ com o uso de cinzas volantes e escórias de alto-forno
Enquanto o resultado dos estudos não permite à indústria do aço fornecer um material compatível com concretos que retêm CO₂, a indústria cimenteira faz a sua parte: reduz a emissão de CO₂ com o uso de cinzas volantes e escórias de alto-forno na produção de cimento. A Europa também começou a testar o uso de concreto reciclado na fabricação de novos cimentos, como explica Carmem Andrade. “O processo que usa restos de demolição na industrialização do cimento já se mostra viável e revela a eficácia da economia circular. Tem também os cimentos com escórias de alto-forno e pozolanas, que emitem menos CO₂. Agora, o próximo passo é chegarmos a uma armadura resistente à carbonatação”, diz.
Coparticipante da palestra virtual promovida pelo CICS-USP, o professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, e também da Universidade Federal de Paraíba (UFPB), Gibson Rocha Meira, avalia que é possível as pesquisas chegarem a armaduras resistentes à carbonatação. “O processo de corrosão por carbonatação se dá através da infiltração do CO₂ na armadura. É uma patologia menos agressiva que o ataque por cloretos, e que depende muito das características microambientais. Se houver baixa umidade no ar, a armadura vai durar por um tempo significativo, mesmo sob efeito da carbonatação. Há casos em que, ao longo de 60 anos, houve redução mínima da cessão da armadura, com variações de 1% a 2%, independentemente da espessura. Então, há sim como a pesquisa desenvolver armaduras imunes”, avalia.
Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Captura de carbono no concreto e a durabilidade das armaduras”, promovido pelo Centro de Inovação em Construção Sustentável (CICS-USP) com a engenheira química Carmen Andrade Perdrix e com o engenheiro civil Gibson Rocha Meira
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Plano transforma EUA no maior canteiro de obras do mundo
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou em 31 de março de 2021 o que a imprensa do país já batizou de “New Deal do século 21”. Com investimento que pode chegar a 2 trilhões e 230 bilhões de dólares, o governo dos EUA pretende modernizar o país, com forte investimento em infraestrutura, habitação, tecnologia e energia limpa. Entre os pontos do plano está a readequação de 32 mil e 200 quilômetros de rodovias para a circulação de carros elétricos.
O pacote de obras também projeta reconstruir ou recuperar as 10 pontes por onde mais transitam veículos no país e fazer o mesmo com outras 10 mil pontes menores. Ainda estão previstas a readequação da malha ferroviária para receber trens de alta velocidade, a recuperação das tubulações de saneamento básico, a melhoria da mobilidade nos principais centros urbanos dos EUA, além da construção de novos aeroportos, portos e hidrovias.
O plano terá duração de 8 anos e tem a pretensão de transformar os Estados Unidos no maior canteiro de obras do mundo. De acordo com nota oficial divulgada pela Casa Branca, a proposta a ser encaminhada ao Congresso norte-americano se divide nos seguintes tópicos:
1. How We Move – Como nos movemos (inclui infraestrutura de transporte, com investimento de 600 bilhões de dólares).
2. How We Live at Home – Como vivemos em casa (inclui distribuição de água potável, banda larga e construção de habitações de interesse social, com investimento de 650 bilhões de dólares).
3. How We Care – Como cuidamos (inclui aumento de salários e benefícios para trabalhadores que atuam como cuidadores em domicílio, com investimento de 400 bilhões de dólares).
4. How We Make and Create – Como fazemos e criamos (inclui aumento de gastos com P&D [Pesquisa e Desenvolvimento], com investimento de 580 bilhões de dólares).
O diretor–executivo da Associated General Contractors of America, Stephen E. Sandherr, emitiu a seguinte declaração sobre o plano do governo dos EUA. “Saudamos a nova proposta de infraestrutura, principalmente no ponto em que se concentra na reconstrução de uma ampla gama de obras antigas e sobrecarregadas. Esses investimentos criarão um número significativo de novas oportunidades na construção civil, que tradicionalmente emprega bem mais que outros setores industriais”, avalia.
Recursos virão dos impostos corporativos e dos que ganham acima de 400 mil dólares por ano
Para conseguir recursos para os investimentos, o governo norte-americano enviou ao Congresso uma proposta de aumento de alíquota do imposto corporativo e do imposto de renda para quem ganha acima de 400 mil dólares por ano. Isso, segundo a Casa Branca, pouparia principalmente os trabalhadores que atuam como terceirizados na construção civil dos EUA, e que representam o maior volume de empregos do setor, assim como devem ser os mais beneficiados pelo plano de Joe Biden.
Ao longo da pandemia, a construção civil dos Estados Unidos fechou mais de 108 mil vagas nas 236 principais cidades do país, segundo levantamento da Associated General Contractors of America. Por isso, o novo plano do governo é chamado de “New Deal do século 21”. O New Deal foi implantado em 1933, para recuperar os EUA da crise de 1929. O governo de Franklin Delano Roosevelt realizou forte intervenção na economia, estimulando principalmente a construção de obras públicas, com destaque para as hidrelétricas e as rodovias, além da agricultura e da industrialização.
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Sala de imprensa da Casa Branca e Associated General Contractors of America (via assessoria de comunicação)
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Indústria de materiais de construção mantém plano de investimento
O termômetro Abramat de março de 2021 mostra que a indústria de materiais de construção mantém o projeto de investir no aumento da capacidade produtiva e na modernização de suas unidades nos próximos 12 meses. Segundo apurou a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) 67% dos empresários consultados em todo o país responderam positivamente à intenção de seguir investindo. O percentual é 10% inferior ao registrado em fevereiro, mas, mesmo assim, se mantém alto.
Comparativamente, em março de 2020, ou seja, no início da pandemia, o percentual dos que tinham planos de investir encontrava-se em 38%. Segundo o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, os 67% de intenção de investir na produção mostram o compromisso da indústria de material de construção com a retomada do crescimento e a geração de empregos. “Apesar das incertezas, nosso setor vive um momento importante de modernização, aumento de produção e investimentos. A busca é pelo aumento da produtividade”, resume.
No mês de março, as indústrias associadas à Abramat chegaram a utilizar 80% de sua capacidade instalada, frente aos 81% registrados em fevereiro. São dados que, de acordo com Rodrigo Navarro, demonstram que o setor mantém a confiança no país. Porém, o dirigente da Abramat avalia que a demanda pode ser reflexo do aquecimento observado no final de 2020. “É necessário aguardar para fazer um prognóstico mais assertivo. O panorama ainda é muito incerto, mas precisamos ter cautela”, completa.
Em março de 2020, a capacidade instalada das indústrias associadas da Abramat encontrava-se em 65% - 15% a menos que o percentual apontado na mais recente edição do termômetro Abramat. Por conta dos números atuais, a associação mantém a previsão de que o setor de materiais de construção crescerá 4% em 2021. Em dezembro do ano passado, quando fez a projeção, a associação condicionou a expectativa a 2 fatores: a imunização em massa contra a pandemia e o avanço da pauta de reformas no Congresso Nacional.
Pnad Contínua mostra que construção civil voltou a empregar mais de 6 milhões de trabalhadores
Simultaneamente à mais recente edição do termômetro Abramat foram divulgados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) relativos aos meses de novembro e dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Eles mostram que a cadeia produtiva da construção civil emprega atualmente 6 milhões e 88 mil trabalhadores. Houve alta de 3% em relação aos três meses imediatamente anteriores (agosto, setembro e outubro de 2020) quando o setor contabilizava 5 milhões e 910 mil ocupados.
A Pnad Contínua contabiliza o número de ocupados formais e informais no Brasil e é medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde o início da pandemia, a cadeia produtiva da construção interrompeu quase 700 mil vagas. “O número de pessoas ocupadas na construção (pelos dados recentes da Pnad) é o maior desde o início da pandemia, mas ainda está muito inferior ao registrado há um ano (6 milhões e 781 mil)”, frisa a economista do Banco de Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos.
Entrevistado
Reportagem com base nos dados divulgados no termômetro Abramat, da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat)
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FGV responde: existe bolha no mercado imobiliário brasileiro?
Economistas do Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE) foram convocados para responder a seguinte pergunta: existe bolha no mercado imobiliário brasileiro? Em webinar realizado dia 31 de março de 2021, eles foram tácitos: não há bolha. Ana Maria Castelo, Paulo Picchetti e Alberto Ajzental, respectivamente pesquisadores e professor da Fundação Getúlio Vargas, também foram didáticos nas explicações sobre o que vem acontecendo no setor da construção imobiliária no país.
Para Alberto Ajzental, 3 perguntas devem ser respondidas afirmativamente para que se caracterize o princípio de uma bolha: “Há aumento exagerado nos preços dos imóveis? Vem ocorrendo um desequilíbrio entre oferta e demanda? Existe risco de oferta de crédito imobiliário?”. Para todas elas, o professor da FGV responde que não. Para completar, Paulo Picchetti apontou que uma das características de bolha é quando o preço de um imóvel descola do fluxo de renda que ele pode gerar. “Isso definitivamente não está acontecendo”, diz.
Os questionamentos infundados sobre a existência de uma bolha no mercado imobiliário brasileiro estão relacionados com o aquecimento do setor em um período de recessão da economia nacional, enquanto outras áreas enfrentam baixa atividade. Ajzental dá uma explicação clara sobre esse cenário: “O que acontece é que o mercado imobiliário segue funcionando, na comparação com outros setores da economia. E por que isso acontece? A construção civil tem ciclo longo, em média de 5 anos em 5 anos. Então, quando ocorre um fenômeno causador de recessão, como acontece com a epidemia, e esse ciclo está em andamento, ele passa por cima e segue seu ritmo”, responde.
Outra justificativa para o mercado imobiliário se manter aquecido está relacionado com a queda da taxa Selic e a elevada oferta de crédito. “A construção civil precisa de muito capital para viabilizar seus projetos. De agosto de 2015 a setembro de 2016, a taxa Selic estava em 14,25%. A partir de agosto de 2020, chegou ao seu patamar mais baixo: 2%. Essa queda na taxa básica de juros possibilitou que 5 milhões de famílias se tornassem potenciais compradores de imóveis, principalmente os da faixa entre 250 mil reais a 350 mil reais. A parcela do financiamento ficou, em média, 650 reais mais barata. Isso atraiu o comprador e aqueceu o mercado”, cita Alberto Ajzental.
Investimento em tijolos e busca por home office também estimulam a construção civil
Paulo Picchetti destaca outro fator que impulsiona o mercado imobiliário: o setor voltou a ser atrativo para o investidor. “Com a renda fixa rendendo pouco, e com o risco de perda inflacionária, o investidor promoveu um ‘revival’ dos anos 1980, e correu para os imóveis. Ou seja, as pessoas voltaram a investir em tijolos”, explica. Acrescente a esse cenário, a necessidade das famílias terem de se adaptar ao home office. Os economistas da FGV relatam que 8% da força de trabalho do país passou a atuar de forma remota. Isso também movimentou o mercado imobiliário, com as lajes corporativas e os conjuntos comerciais sendo trocados por imóveis que comportassem um home office. “Isso foi estimulado pelas empresas. Cada vaga de trabalho em uma laje corporativa custa entre 1.500 reais e 2.000 reais por mês. As companhias fizeram essa conta e incentivaram o home office”, comenta Ajzental.
Ana Maria Castelo complementa e afirma que os novos empreendimentos residenciais já ofertam em suas plantas o espaço para home office. “Mudou o conceito de residência”, diz. Isso também irá refletir no mercado imobiliário pós-pandemia. “Em termos comportamentais, acredito que o que veremos será um modelo híbrido. O trabalhador ficará entre trabalhar em casa e comparecer um ou dois dias da semana no escritório para reuniões e outras tarefas. Isso possibilitará a sobrevivência das grandes lajes corporativas, ainda que elas tenham que se reinventar, mas não acredito que as salas comerciais sobrevivam a essa nova realidade. Os profissionais liberais foram para casa, e lá permanecerão”, conclui a professora da FGV.
Assista ao webinar “Há bolha no mercado imobiliário?”
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Reportagem com base no webinar “Há bolha no mercado imobiliário?”, promovido pela FGV IBRE
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Chegada da pandemia pegou ciclo da construção em evolução e setor seguiu em frente, sem risco de bolha
Crédito: Banco de Imagens
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Veja como a alvenaria estrutural atende a Norma de Desempenho
A Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) pode ser bem atendida pela alvenaria estrutural com blocos de concreto, desde que requisitos de normas técnicas específicas para o produto e para o sistema construtivo também sejam observados. O alerta é do engenheiro civil Cláudio Oliveira, que integra o corpo técnico da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).
Em recente webinar, Cláudio Oliveira destacou que, além das normas técnicas, existem manuais elaborados pela ABCP e pela BlocoBrasil que orientam como construir com alvenaria estrutural atendendo a Norma de Desempenho, e como executar o método construtivo adotando boas práticas. O engenheiro civil também ressalta que é o conjunto de materiais que precisa atender a norma e não apenas um produto.
“Quando falamos em Norma de Desempenho, estamos falando em sistema, ou seja, dos blocos de concreto, da argamassa de assentamento e do revestimento. Quem atende a norma é o conjunto de elementos que vão formar a parede. O bloco sozinho não consegue atender a norma. Quando se fala de bloco isoladamente, fala-se da qualidade do bloco”, destaca.
Cláudio Oliveira frisa ainda que quem tem que cuidar para que a Norma de Desempenho seja seguida nos canteiros de obras são as entidades de classe, como ABCP, BlocoBrasil, Sinaprocim (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento), os SindusCons e, obviamente, as próprias construtoras.
Para cumprir desempenho termoacústico, paredes precisam de blocos em conformidade
Mesmo fazendo parte de um sistema, a qualidade dos blocos de concreto é crucial para que o projeto que se propõe a atender a ABNT NBR 15575 atinja seu objetivo. Neste quesito, o engenheiro do corpo técnico da ABCP destaca que é preciso adquirir produtos de fabricantes que cumpram duas normas técnicas: a ABNT NBR 6136:2016 (Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Requisitos) e a ABNT NBR 12118:2017 (Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Métodos de ensaio).
São os blocos fabricados dentro dessas normas que permitirão ao sistema de paredes de alvenaria estrutural alcançar dois quesitos relevantes da Norma de Desempenho: o desempenho térmico e o desempenho acústico. “São aspectos que só serão atendidos se o produto tiver as especificações corretas”, reafirma.
Vale lembrar ainda que a alvenaria estrutural tem, desde agosto de 2020, uma norma técnica revisada, que é a ABNT NBR 16868 (Alvenaria estrutural - partes 1, 2 e 3). Além disso, quando executado com blocos de concreto, o sistema de alvenaria estrutural deve seguir também a ABNT NBR 6118 (Projeto de estruturas de concreto - Procedimento). “São essas normas que vão garantir a segurança estrutural e o cumprimento da vida útil do projeto, que é de 50 anos”, comenta Cláudio Oliveira.
Em sua palestra, o engenheiro civil também desfez mitos e reforçou cuidados que devem ser tomados quando se opta pela construção em alvenaria estrutural. Mito número 1: “A versão de que o tijolo cerâmico tem melhor desempenho térmico do que o bloco de concreto é equivocada”. Mito número 2: “Problemas que possam ocorrer com relação à estanqueidade não devem ser atribuídos aos blocos em conformidade. Geralmente, os pontos vulneráveis são o sistema de revestimento e a argamassa de assentamento, não o bloco.”
Por outro lado, a alvenaria estrutural com blocos de concreto ainda não consegue atender completamente os parâmetros de desempenho acústico estabelecidos na ABNT NBR 15575. Para chegar próximo do que exige a norma, os construtores têm utilizado blocos com 19 centímetros de largura e aplicação de argamassa com camada de até 22 milímetros, tanto externa quanto internamente. Outro cuidado é com a laje. “A laje tem papel importante. O desempenho acústico não depende apenas da vedação vertical, mas também da vedação horizontal”, finaliza Cláudio Oliveira.
Acesse o manual sobre como executar alvenaria estrutural com bloco de concreto
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Reportagem com base no webinar "Alvenaria Estrutural com bloco de concreto - Norma de Desempenho"
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Na Infra Week, aeroporto de Curitiba e FIOL são protagonistas
O governo federal faz nesta semana (dias 7, 8 e 9 de abril) o maior leilão de infraestrutura do país em 2021. O evento que acontece na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) foi batizado de Infra Week. A intenção é conceder à iniciativa privada 22 aeroportos, 5 terminais portuários e uma ferrovia. Os protagonistas do certame de concessões são o aeroporto internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais-PR, na região metropolitana de Curitiba-PR, e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, em um trecho de 537 quilômetros, na Bahia.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, prevê grande competição entre grupos internacionais pelos leilões dos aeroportos e pela FIOL. A expectativa do governo federal é arrecadar até 10 bilhões de reais, que serão revertidos para outras obras de infraestrutura em andamento no país. “Veremos um grande interesse de operadores internacionais e espero algumas boas surpresas com a entrada de empresas nacionais também", avalia.
Os leilões dos aeroportos estão divididos em 3 blocos, e acontecem quarta-feira (7 de abril). Os cabeças-de-chave são os de Curitiba-PR, Manaus-AM, Goiânia-GO e São Luís-MA. Para arrematá-los, o investidor terá que, obrigatoriamente, ficar com outros aeroportos regionais ou localizados em capitais com menor fluxo de passageiros. Já manifestaram interesse em participar dos leilões a alemã Fraport, a suíça Zurich e a francesa Aéroports de Paris, além da argentina Inframérica e dos brasileiros Fundo Pátria e grupo CCR.
Confira como estão divididos os blocos dos aeroportos:
Sul
Paraná
Curitiba, Bacacheri, Foz do Iguaçu e Londrina
Santa Catarina
Navegantes e Joinville
Rio Grande do Sul
Pelotas, Uruguaiana e Bagé
Central
Goiás
Goiânia
Tocantins
Palmas
Maranhão
São Luís e Imperatriz
Piauí
Teresina
Pernambuco
Petrolina
Norte
Amazonas
Manaus, Tabatinga e Tefé
Rondônia
Porto Velho
Roraima
Boa Vista
Acre
Rio Branco e Cruzeiro do Sul
Na quinta-feira (8 de abril), vai a leilão o trecho da FIOL. Para fechar a Infra Week, na sexta-feira (9 de abril) acontecem as concessões dos terminais portuários. Serão 4 no porto de Itaqui, no Maranhão, e 1 no porto de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Os terminais maranhenses armazenam granéis líquidos e funcionam como distribuidores para as regiões Norte e Nordeste. Já o terminal gaúcho é estratégico para a indústria madeireira.
Nos próximos meses de 2021, o ministério da Infraestrutura espera levar a leilão pelo menos mais 22 ativos. Com o pacote Infra Week, os cálculos do governo são de que as privatizações possam gerar 48 mil empregos ao longo dos 30 anos de contrato. Só no aeroporto internacional Afonso Pena, o investimento mínimo previsto é de 586 milhões de reais. A exigência do edital para quem ganhar a concessão é a construção de uma terceira pista com 3 mil metros de extensão, além de adequações para que o terminal possa operar 24 horas por dia, e em quaisquer condições climáticas.
Entrevistado
Ministério da Infraestrutura (via assessoria de imprensa)
Contato
aescom@infraestrutura.gov.br
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330