Durabilidade norteia os avanços tecnológicos do pavimento de concreto
Pavimentos de concreto que possam suportar 50 anos sem manutenção e que tenham um ciclo de vida útil de 100 anos é o novo alvo dos pesquisadores envolvidos com essa tecnologia. Por isso, a palavra-chave é durabilidade, avaliam dois conhecidos especialistas da engenharia de pavimentos rígidos na América do Sul: o professor-doutor José Tadeu Balbo, da Escola Politécnica da USP, e Maurício Salgado Torres, do Instituto del Cemento y del Hormigón de Chile. Eles participaram recentemente do webinar “Avanços tecnológicos em pavimento de concreto”, promovido pela Sociedade dos Técnicos Universitários do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem do Rio Grande do Sul, a SUDAER, em parceria com a revista Estradas.
Em sua palestra, José Tadeu Balbo fez a defesa do pavimento de concreto com armadura contínua. Para ele, trata-se da tecnologia mais eficaz para se obter estradas altamente duráveis. Ao contrário do pavimento rígido convencional, que utiliza juntas de dilatação e barras de transferência, o PCCA (Pavimento de Concreto Continuamente Armado) reduz quase a zero o risco de fissuras. A técnica não é nova e reveste cerca de 40 mil quilômetros de rodovias nos Estados Unidos. Porém, para os padrões brasileiros, ela tornaria o projeto de uma estrada 40% mais caro. Qual seria a inovação neste caso? Segundo Balbo, o desafio é igualar o custo do PCCA ao do pavimento rígido convencional. “Em rodovias de alto tráfego, a baixa manutenção compensa o custo de projeto e de execução”, diz.
O professor-doutor da USP, que é autor do livro “Pavimentos de Concreto” (Oficina de Textos, 472 páginas), entende também que o Brasil pode ampliar a durabilidade de seus pavimentos de concreto se melhorar os processos de texturização. “O Brasil começaria inovando na pavimentação de concreto se controlasse a irregularidade. No país, existe uma dificuldade grande para atingir níveis de irregularidades aceitáveis. Uma medida simples é parar de vassourar o concreto. O correto é usar pentes para criar o gripping no concreto. Uma texturização mal feita pode responder por até 60% da irregularidade no pavimento”, alerta José Tadeu Balbo.
Pavimentos de concreto bem-sucedidos seguem os parâmetros definidos em projeto
Perguntado sobre tecnologias como pavimento de concreto permeável, uso de cimentos expansivos e a utilização de sensores que emitem ondas de baixa frequência para evitar fissuras durante o processo de cura do concreto, Balbo avalia que, por enquanto, elas estão limitadas a nichos. “O pavimento permeável é mais recomendado para ciclovias e estacionamentos. Os cimentos expansivos foram usados na Austrália e no Japão, mas o Cimento Portland e o cimento com pozolanas atendem bem projetos de pavimento rígido”, explica. Por fim, sugeriu o que se deve fazer para conseguir uma pavimentação com ciclo de vida longo. “É simples: construam pavimento em que a base dure 100 anos”, resume.
Mauricio Salgado, que é chefe da área de pavimentação do Instituto del Cemento y del Hormigón de Chile, aproveitou sua participação para expor uma tecnologia inovadora aplicada nas rodovias de baixo tráfego na região de Santiago. Trata-se da técnica das “losas cortas”. São placas cimentícias delgadas, com até 14 centímetros de espessura, e que medem 2 m x 2 m. A inovação está no fato de que não utilizam barras de transferência. “Esse projeto experimental já completou 11 anos e se mantém com bom desempenho nas rodovias secundárias de Santiago e também em trechos urbanos da capital chilena. A única vulnerabilidade que percebemos é que, em curvas acentuadas, a força exercida pelos veículos causou deslocamento das placas em alguns trechos, mas foi um problema pontual”, revela.
O engenheiro civil chileno também fez questão de destacar que o projeto de um pavimento de concreto e a execução obediente ao descritivo são decisivos para que a obra atinja a durabilidade projetada. “Existem pavimentos e pavimentos de concreto. Uns são desenhados para durar 20 anos, mas com 8 anos já exigem restauração. Outros, de fato, cumprem com o que foi definido em projeto, ou seja, duram 20 anos. Os bem-sucedidos, com certeza foram executados de acordo com os parâmetros definidos por um bom projeto. Isso é compromisso com a qualidade, com a tecnologia e com a durabilidade”, define.
Assista ao webinar “Avanços tecnológicos em pavimento de concreto”
Entrevistado
Reportagem com base no webinar “Avanços tecnológicos em pavimento de concreto”, promovido pela SUDAER, e com participação dos engenheiros civis José Tadeu Balbo e Maurício Salgado Torres
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Contratações da construção no PR voltam à fase pré-pandemia
No Paraná, a construção civil gerou 11.603 novas vagas formais no primeiro trimestre de 2021. O número reconduz o volume de contratações no estado aos patamares da pré-pandemia, ou seja, comparáveis ao quarto trimestre de 2019. O ritmo de abertura de empregos tem duas razões: o Paraná possui atualmente 4 bilhões de reais em investimentos em obras de infraestrutura, somando recursos dos governos estadual e federal, e a construção imobiliária segue com alta produtividade tanto em Curitiba quanto nas principais cidades do interior.
Das 11.603 vagas criadas pela construção civil paranaense durante os meses de janeiro, fevereiro e março de 2021, 7.562 se concentraram na capital, segundo dados do Caged (Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). As demais 4 mil contratações foram pulverizadas pelo interior, com destaque para Londrina. A segunda principal cidade do estado tem 18 mil unidades de habitações populares em fase de projeto ou construção, o que, segundo o SindusCon Paraná Norte, devem gerar mais 4 mil novas vagas diretas até o final de 2021.
O sindicato, que engloba 88 municípios, estima que, se contabilizadas as construções de alto padrão e as obras de infraestrutura em Londrina e região, a expectativa de geração de emprego pode crescer pelo menos mais 50% ao longo do ano. Quem também demonstra otimismo é o SindusCon Noroeste, que acompanha o setor em Maringá e em outros 125 municípios. Na região, a construção civil emprega atualmente 11.056 trabalhadores com registro em carteira.
Oeste se destaca como a 3ª região do Paraná que mais gera empregos na construção civil
Situação semelhante é detectada pelo SindusCon Oeste do Paraná, que engloba Cascavel e outros 21 municípios. A região se destaca como a 3ª do estado que mais gera empregos na construção civil. Dois de seus municípios aparecem no top 10 da abertura de vagas em canteiros de obra. A lista completa inclui Curitiba, Londrina, Cascavel, Maringá, Ponta Grossa, Araucária, Pinhais, Pato Branco, Apucarana e Toledo.
Os recentes dados do Caged também mostram que dos 399 municípios do Paraná, 231 ampliaram o número de vagas formais na construção civil no 1º trimestre de 2021, enquanto 12 se mantiveram inalterados e 156 perderam postos com carteira assinada. Os números se assemelham aos medidos pelo SindusCon-PR, que é o maior do setor no estado e abrange 153 municípios.
O bom desempenho da construção civil na maioria dos municípios paranaenses nos primeiros 3 meses do ano fez o estado se destacar nacionalmente, tornando-se o 3º do país que mais gera vagas no setor, atrás somente de São Paulo e Minas Gerais, ficando à frente de Bahia, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Ceará. Atualmente, a construção civil emprega 2.360.889 trabalhadores com carteira assinada no Brasil. Vale destacar que no 1º trimestre deste ano o setor abriu mais 100 mil novas vagas em todo o país.
Entrevistado
Programa de Disseminação de Estatísticas do Trabalho (PDET) – organismo vinculado ao ministério da Economia -, SindusCon-PR, SindusCon Paraná Norte, SindusCon Noroeste e SindusCon Oeste do Paraná
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Certificação LEED faz 15 anos: o que mudou na construção civil?
A principal certificação de sustentabilidade para edificações, a Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), completa 15 anos no Brasil. Ela tornou-se referência para projetos de prédios verdes no país e foi tema do debate que aconteceu na versão digital da ConcreteShow – a ConcreteShow Digital Series. O evento teve como principais participantes o CEO da GBC Brasil, Felipe Faria, que é advogado por formação, e o diretor do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), o arquiteto e urbanista Rafael Lazzarini.
Para os especialistas, são flagrantes os impactos positivos que a certificação trouxe à construção civil brasileira. Os números falam por si, diz Lazzarini: “Hoje temos mais de 1.000 edificações com a certificação no país e a LEED fez a régua subir na cadeia produtiva da construção civil. Passou a influenciar tanto quem projeta quanto quem constrói e fabrica materiais. A indústria de materiais de construção e a mão de obra evoluíram com a chegada da certificação LEED e de outras certificações.”
Felipe Faria avalia que a certificação, que no Brasil é concedida pela Green Building Council Brasil (GBC Brasil), fez as edificações buscarem metas de desempenho acima das normas técnicas convencionais. Também foi lembrado na palestra virtual que a busca pela LEED se tornou abrangente no setor. “Não são mais apenas edifícios corporativos e habitacionais de alto padrão que procuram se adequar à certificação. Ela estendeu-se para shopping centers, galpões industriais, centros de logística, escolas, hospitais e outros tipos de construções”, completa Rafael Lazzarini.
Os especialistas entendem que os consumidores têm papel preponderante nessa capilaridade da LEED dentro da construção civil. “Os clientes passaram a exigir conceitos de sustentabilidade nos projetos. Não por marketing, mas por causa do retorno real de eficiência energética das construções. E por que isso? Por que ambientes saudáveis geram mais produtividade. Então, o conceito hoje é buscar construir edificações com qualidade ambiental e baixo custo operacional. De olho nessa demanda, os incorporadores estão mais dispostos a investir em construções sustentáveis”, cita Lazzarini.
Pandemia de COVID-19 potencializa as construções sustentáveis
Com dados coletados pela equipe técnica da GBC Brasil, Felipe Faria mostrou na palestra que os prédios verdes registram ganhos de 8% a 11% em eficácia energética (menor consumo de água e menor consumo de energia elétrica, principalmente) na comparação com as edificações convencionais. O CEO da GBC Brasil também lembra que a evolução da LEED, que atualmente possui várias categorias e expertises, possibilita que um projeto de prédio verde possa se viabilizar sem aumento do custo da obra.
No entender de Rafael Lazzarini e de Felipe Faria, a pandemia de COVID-19 potencializa as construções sustentáveis. “A qualidade do ar tornou-se uma exigência nos ambientes construídos. Além disso, a síndrome do edifício doente fica cada vez mais evidente com a epidemia”, avalia. O arquiteto e urbanista entende que, em breve, o poder público passará a exigir que as edificações comprovem eficácia no âmbito da qualidade do ar e do baixo consumo energético. “Quando os governos começarem a sobretaxar as construções que geram impactos ambientais, construir edificações eficazes energeticamente será obrigatório. Isso já começa a acontecer em alguns países europeus”, informa.
Atualmente, 180 países estão integrados com a certificação LEED. O Brasil é o 5º que mais emite certificações, atrás de Estados Unidos, China, Canadá e Índia. “Praticamente todos os projetos de edifícios corporativos que são registrados nas prefeituras das grandes capitais brasileiras já o fazem requerendo a LEED. O mesmo já começa a acontecer com prédios residenciais de alto padrão, e queremos estender isso para todos os segmentos”, revela Fábio Faria.
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Reportagem com base no seminário sobre sustentabilidade na construção civil, promovido dentro do Concrete Show Digital Series
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Casas com impressão 3D se multiplicam no mundo. E no Brasil?
Em Eindhoven, na Holanda, um conjunto habitacional para casais da terceira idade foi projetado para ter predominantemente residências construídas com impressão 3D em concreto. As primeiras 5 casas foram entregues no final de abril de 2021. Na Califórnia, nos Estados Unidos, um bairro sustentável terá apenas casas viabilizadas com a tecnologia 3D em concreto. Na Alemanha, o mercado imobiliário já constrói com impressoras 3D. O mesmo acontece no estado do Texas, nos EUA. E no Brasil?
O país ainda engatinha na tecnologia. As iniciativas se restringem ao universo acadêmico. A melhor vem do Rio Grande do Norte, onde estudantes de engenharia civil da Universidade Potiguar (UnP), em parceria com pós-graduados da UFRN, construíram a impressora e viabilizaram uma casa-protótipo de 66 m² na cidade de Macaíba-RN. Praticamente acabam aí os exemplos. Para o engenheiro de estruturas Luiz Henrique Ceotto, isso se deve ao fato da construção civil brasileira ainda estar fortemente atrelada a processos artesanais.
“Tenho insistido que a industrialização da construção é uma necessidade premente para viabilizar o setor, e que já temos toda a tecnologia disponível no Brasil. Mas infelizmente, não a usamos (…). Precisamos analisar essas tecnologias, suas interferências e complementariedades, com o uso de engenharia e da gestão. Precisamos transformar nossa cadeia de suprimentos (empresas do setor) numa real cadeia de valor. Temos um potencial de multiplicar nossa produtividade por 5 a 10 vezes”, escreve Ceotto, em artigo publicado em sua conta no Linkedin, intitulado O que podemos esperar da impressora 3D para a construção de edifícios?.
Velocidade torna tecnologia adequada para combater déficit habitacional
Existe a expectativa de que a impressão 3D em concreto dê um salto no país quando entrar em funcionamento o Hubic – Hub de Inovação e Construção Digital. Parceria entre USP (Universidade de São Paulo) e ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), o Hubic contará com uma impressora de grande escala para alavancar a tecnologia não apenas para o setor da construção imobiliária, mas também para obras de infraestrutura. Além da entidade universitária e do organismo de classe, o Hubic terá a participação de 14 empresas, o que abre caminho para que as construtoras possam incorporar a tecnologia em suas linhas de produção.
Por causa da velocidade na construção, a impressão 3D em concreto está se revelando também uma tecnologia adequada para se combater o déficit habitacional. No estado de Tabasco, uma das regiões do México mais vulneráveis a abalos sísmicos, 50 casas foram construídas para atender famílias carentes e outras 200 estão em fase de planejamento. A vila escolhida para o projeto tem média per capita de 3 dólares por dia – cerca de 90 dólares por mês ou aproximadamente 500 reais. O plano tem à frente a ONG chamada New Story, a qual pretende expandir a construção de casas impressas em 3D para outros países da América Latina, inclusive o Brasil. A meta sempre é substituir as obras precárias de favelas e palafitas por residências que combinem durabilidade e sustentabilidade, virtudes incorporadas na tecnologia 3D em concreto.
Entrevistado
Construtora Michael Rupp Bauunternehmung GmbH, ICON Build, departamento de engenharia civil da Universidade Potiguar, engenheiro de estruturas Luiz Henrique Ceotto, Hubic (Hub de Inovação e Construção Digital)
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Veja o que muda na principal norma técnica para pontes e viadutos
Em palestra virtual para o Instituto de Engenharia, o engenheiro civil Julio Timermann, vice-presidente do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto), explica as principais atualizações promovidas pela comissão encarregada de revisar a ABNT NBR 7187 – Projeto de pontes de concreto armado e pontes de concreto protendido. O texto já esteve em consulta pública e agora prepara-se para uma segunda consulta pública, ainda sem data definida.
A nova versão da norma técnica torna-se mais abrangente, o que leva a alterações em sua nomenclatura. Agora passa a se chamar ABNT NBR 7187 – Projeto de pontes, viadutos e passarelas de concreto – Procedimento. Timermann define a importância da norma para projetistas e construtores. “Para os engenheiros de estruturas de pontes, viadutos e passarelas de concreto, ela é tão importante quanto a 6118 (ABNT NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento). A 6118 é a norma-mãe, mas diria que a 7187 é a ‘6118’ para as estruturas de pontes, viadutos e passarelas”, resume.
A expectativa é que a versão atualizada da ABNT NBR 7187 entre em vigor ainda em 2021 -provavelmente no segundo semestre. Antiga NB 2, que dominou os cálculos e execuções de pontes de concreto armado entre 1946 e 1981, a 7187 foi publicada pela primeira vez em 1982. Desde então, já sofreu 3 revisões. Em 1987, quando passou a abranger também o concreto protendido, em 2003 e, agora, em 2021.
Nova norma se relaciona com outras 10 normas técnicas
O processo de revisão da ABNT NBR 7187 é fruto de 38 reuniões, com participação de 92 especialistas que representam 55 organismos vinculados à construção civil. Julio Timermann relata que a nova norma se relaciona com outras 10 normas técnicas em seu texto de 75 páginas. São elas:
– ABNT NBR 7188:2013 – Carga móvel e rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas
– ABNT NBR 9452:2019 – Inspeção de pontes, viadutos e passarelas de concreto
– ABNT NBR 16694:2020 – Projeto de pontes rodoviárias de aço e mistas de aço e concreto
– ANBT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento
– ABNT NBR 6122:2019 – Projeto e execução de fundações
– ABNT NBR 6123 (em processo de revisão) – Forças devidas ao vento em edificações
– ABNT NBR 8681:2004 – Ações e segurança nas estruturas
– ABNT NBR 9062:2017 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado
– ABNT NBR 14931 (em processo de revisão) – Execução de estruturas de concreto
– ABNT NBR 15421:2006 – Projeto de estruturas resistentes a sismos
O processo de revisão da ABNT NBR 7187 começou em 2016 e está a cargo da comissão de estudo especial de pontes de concreto simples, armado e protendido – a ABNT/CEE-231. Julio Timermann explica as duas principais razões que levaram à revisão da norma técnica. Uma delas é que a versão de 2003 não contempla pontes estaiadas. A outra é que os novos protocolos da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) recomendam revisões periódicas das normas técnicas em períodos de 5 anos. Caso contrário, correm o risco de ser canceladas.
Assista ao conteúdo completo da palestra
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Reportagem com base na palestra virtual “Revisão da NBR 7187 – Projetos”, concedida pelo engenheiro civil Julio Timermann, e promovida pelo Instituto de Engenharia
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Pequeno varejo da construção volta a ver consumidor na loja
Para o pequeno varejista de materiais de construção, os números de abril do Termômetro Anamaco mostram que as vendas diretas na loja alcançaram um patamar positivo pela primeira vez em 2021. O saldo foi de 1% contra um percentual negativo (-24%) registrado em março. Para esse tipo de comércio, que não conta com drive-thru e tem pouca adesão ao e-commerce, o aumento das vendas na loja física é motivo de comemoração. A razão é que, no mês passado, o segmento foi impactado pelo lockdown imposto ao varejo da construção em algumas cidades do país, em função do recrudescimento da pandemia de COVID-19.
Na ocasião, o superintendente da Anamaco (Associação Nacional e Comerciantes de Material de Construção), Waldir Abreu, disse que o fechamento impositivo das lojas poderia quebrar muitos comerciantes. Porém, os dados recentes revelam que o pequeno varejista foi resiliente. “Isso foi fruto do fortalecimento das parcerias com os fabricantes de materiais de construção, que entenderam o momento e mexeram nos seus prazos de pagamento, dando mais fôlego para o comerciante”, avalia Abreu. A medição do Termômetro Anamaco define como pequeno varejista aquele que tem até 4 funcionários.
No Brasil, dos 131.146 CNPJs vinculados ao varejo de materiais de construção, 67% são de pequenos comerciantes, lembra Waldir Abreu. Por isso, a importância do comércio para toda a cadeia produtiva – principalmente, os estabelecimentos de bairro. “Esse segmento é que dá capilaridade às vendas”, cita o economista Robson Gonçalves, da FGV IBRE, que coordena o levantamento do Termômetro Anamaco. O especialista também lembra que no Brasil as famílias representam mais de 50% da demanda por materiais de construção, ou seja, é pelo varejo que escoa boa parte da produção dos fabricantes no país.
Varejo da construção tem bom desempenho nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sul
Por regiões do país, o Termômetro Anamaco mostra que Centro-Oeste e Nordeste foram onde as vendas do varejo de materiais de construção mais cresceram em abril – contabilizando pequenos comerciantes, lojas de médio porte e home centers. Os números somados de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul revelam crescimento de 16% no volume de vendas, na comparação com março. Entre os estados do Nordeste, a alta chegou a 9%, em média. Outra região que apresentou crescimento foi o Sul. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul tiveram saldo positivo de 5% nas vendas.
Já as regiões Sudeste e Norte registraram queda em abril. Nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, o saldo ficou negativo em 4%. No Norte, as vendas caíram 9%. A expectativa da Anamaco é que, a partir de maio, o varejo da construção encontre um ponto de equilíbrio, por causa do auxílio emergencial de 250 reais pago pelo governo federal. Em 2020, quando esses recursos chegaram a 600 reais por família, o impacto positivo no comércio de materiais de construção chegou a alavancar as vendas em até 75%, segundo dados divulgados pela própria Anamaco no final do ano passado.
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Associação Nacional e Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) (via assessoria de imprensa)
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Investimento em infraestrutura é “vacina” contra a crise
Estudo encomendado pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada-Infraestrutura (SINICON), e realizado pela LCA Consultores, mostra o efeito multiplicador das obras de infraestrutura no Brasil. O levantamento coordenado pela diretora de regulação econômica e políticas públicas da consultoria, Claudia Viegas, revela que esse tipo de investimento funciona como “vacina” contra a crise. Segundo a economista, cada 1 bilhão de reais injetado em grandes obras gera mais 1,44 bilhão de reais dentro da cadeia produtiva da construção civil e de outros setores.
Claudia Viegas revela que se fossem investidos 28 bilhões de reais em infraestrutura os recursos injetariam outros 40 bilhões no PIB nacional, com capacidade de gerar perto de 1 milhão de empregos diretos e indiretos – precisamente, 943,5 mil vagas, de acordo com o estudo. A pesquisa da LCA Consultores mostra também que o poder de empregabilidade das grandes obras poderia gerar 14 bilhões de reais em salários e 6,4 bilhões de reais em impostos. “Só o investimento em infraestrutura tem capacidade de alavancar o PIB do Brasil. Cabe ao setor público criar condições de investimentos nessa área”, diz a economista.
O estudo traz outra projeção: se o Brasil se transformasse em um canteiro de obras, o PIB cresceria, em média, 7,1% e o país alcançaria o top 5 no ranking de infraestrutura, medido pelo Índice de Competitividade Global. Atualmente, a posição brasileira é a 78. Em alguns subíndices do relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa colocações ainda mais inferiores. Por exemplo, é 116 em qualidade das rodovias, 104 em eficiência marítima, 102 em eficácia da rede elétrica, 86 em desempenho ferroviário e 85 em eficiência do setor aéreo.
Até 2023, governo federal pretende ampliar fatia de investimentos privados na infraestrutura
O levantamento da LCA Consultores considera ainda que a retomada de grandes obras impactaria também na massa salarial do Brasil, já que a construção pesada é a 5ª que melhor remunera no país, entre 31 setores avaliados. Para Claudia Viegas, a guinada no volume de investimento em infraestrutura só será possível se houver uma melhora no ambiente de negócios, que sinalize crescimento sustentável e ganhos de produtividade e competitividade. “Obviamente, no atual momento do país e do mundo, isso só será alcançado se, primeiramente, atingirmos um volume considerável de vacinação em massa da população”, ressalta a economista.
Provocado ao debate, o secretário-executivo do ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, afirma que, até 2023, o governo federal pretende ampliar a fatia de investimentos privados na infraestrutura do país, chegando ao percentual de 76% – 48% em novos projetos e 28% em contratos vigentes. O segundo homem na hierarquia do MInfra admite que, atualmente, o orçamento da pasta é insuficiente para atender as demandas do país. De acordo com Marcelo Sampaio, a saída encontrada pelo ministério é modernizar, digitalizar e transferir os ativos do sistema público para o privado.
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Reportagem com base no estudo “SINICON: Raio-X do setor de infraestrutura brasileiro”, apresentado em live do SINICON e replicado na recente edição da Paving Virtual 2021
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Construção civil cria mais de 100 mil novos empregos em 2021
Impulsionada pelo mercado imobiliário e pelo segmento de reformas, a construção civil fechou o 1º trimestre de 2021 com 111.987 novas vagas ocupadas, segundo dados recentes do Caged (Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Em janeiro, ocorreram 43.498 novas admissões; em fevereiro, 43.469, e em março, 25.020. O Caged mede o saldo mensal entre contratações e demissões no mercado de trabalho formal, ou seja, entre os empregados com carteira assinada.
O desempenho da construção civil no 1º trimestre de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020, registra crescimento de 166,05%. Entre janeiro, fevereiro e março do ano passado, o setor abriu 42.092 vagas formais diante das 111.987 atuais. Os dados do Caged são apurados pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, vinculada ao ministério da Economia.
Com os resultados do 1º trimestre, a construção civil segue em 3º lugar entre os setores que mais ofertam vagas formais no país, atrás da indústria e do comércio, e à frente do agronegócio e do setor de serviços. Para o presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Luiz França, isso demonstra que o setor tem sido pujante no enfrentamento da pandemia. “Independentemente das restrições impostas pelo COVID-19, milhares de postos de trabalho são criados continuamente na área, mês a mês, o que demonstra o potencial de geração de empregos da construção civil”, diz.
Cortes no Orçamento da União ameaçam ritmo de empregabilidade do setor
Há quem entenda, porém, que esse ritmo de abertura de vagas possa diminuir no 2º trimestre (abril, maio e junho). As razões citadas são a aceleração da pandemia no mês de abril – o que fez com que o lockdown em algumas cidades atingisse o varejo de materiais de construção – e os cortes promovidos pelo governo federal no Orçamento da União para 2021, que afetaram diretamente o programa Casa Verde e Amarela.
Compartilham dessa tese organismos como CBIC, Anamaco, Abramat e os SindusCons espalhados pelo país. “O que mais preocupa é a perspectiva de paralisação de obras de habitações populares, decorrente do corte de verbas no orçamento. Se não houver uma alternativa para repor esse corte no orçamento, a produção de 215 mil unidades habitacionais corre risco no país. Significa ameaçar mais de 400 mil empregos diretos e indiretos no setor da construção imobiliária”, avalia Odair Senra, presidente do SindusCon-SP.
Para entender os cortes, o Orçamento da União atingiu diretamente o FAR (Fundo de Arrendamento Residencial) e o FDS (Fundo de Desenvolvimento Social). O FAR subsidia a produção habitacional da iniciativa privada para o segmento de casas populares. Foram cortados 98% de sua dotação, que passou de 1,54 bilhão de reais para 30,8 milhões de reais. Já o FDS alimenta a produção de moradias gerenciadas por organismos como sindicatos e associações. O fundo teve corte superior a 50%, e foi reduzido de 720 milhões de reais para 360 milhões de reais. Esses recursos destinam-se ao pagamento de obras em execução ou que, após interrupções, haviam sido retomadas.
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Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, vinculada ao ministério da Economia e Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (via assessorias de imprensa)
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Índia bate recorde mundial de pavimentação em concreto
A duplicação da rodovia que liga as cidades indianas de Nova Déli, Vadodara e Mumbai entrou para o Livro dos Recordes como a estrada com o maior trecho de pavimentação em concreto no período de 24 horas. A empreiteira contratada pela Autoridade Nacional de Rodovias da Índia (National Highways Authority of India) pavimentou 2.580 metros entre 8h de 1º de fevereiro de 2021 e 8h do dia seguinte. Foram aplicados 14.613 m³ de concreto.
Detalhe: a concretagem ocorreu simultaneamente nas duas pistas da nova rodovia. A empresa responsável pela empreitada é a Patel Infrastructure Limited, que usou uma vibroacabadora Wirtgen SP 1600 especialmente modificada. A máquina foi adaptada para atender pistas com largura de 18,75 metros. Também foram utilizadas 3 pavimentadoras. O feito teve o reconhecimento do India Book of Records e do Golden Book of World Records. A homologação aconteceu dia 18 de abril de 2021.
Para conseguir o recorde de pavimentação em 24 horas, a empreiteira contou com 3 centrais de produção de concreto operando ininterruptamente por 20 horas. Uma tem capacidade para produzir 240 m³/hora, outra 112 m³/hora e a terceira 60 m³/hora. Também foram utilizados 120 caminhões para o transporte do material até o local da obra. A produção de concreto consumiu 4.676 toneladas de cimento, 1.169 toneladas de cinzas volantes e 350 toneladas de placas de gelo.
O projeto de duplicação da rodovia começou em 2018 e tem 63 quilômetros com pavimentação em concreto. Cada pista possui duas faixas de tráfego e a largura total da estrada, contando a área de rodagem dos veículos, o espaço para as barreiras New Jersey e os acostamentos, chega a 46 metros. Isso permitiu que cada uma das pistas tivesse 15 metros de largura, além de acostamentos com 5 metros de cada lado e mais 2 metros de acostamentos de terra. O pavimento tem inclinação de 2,5° para ajudar no escoamento da água da chuva.
Índia é o país que mais recupera e constrói rodovias atualmente no mundo
Como a nova rodovia que ligará Nova Déli, Vadodara e Mumbai terá grande fluxo de caminhões e automóveis - o projeto atende até 100 mil veículos por dia -, e também foi construída sobre uma área de solos moles, o trecho de 63 quilômetros de pavimento rígido conta com subleito de 50 centímetros, mais 10 centímetros de camadas superiores e 30 centímetros de pavimento de concreto.
A empreiteira iniciou a concretagem em 2019 e prevê entregá-la em agosto de 2021. Ao todo, a rodovia que sai de Nova Déli e termina em Mumbai terá 1.300 quilômetros de extensão, mas também há trechos com pavimento mole (asfalto) em construção. O plano do governo indiano é que a maior estrada pedagiada do país seja concluída até o final de 2022.
A Índia é o país que mais recupera e constrói rodovias atualmente no mundo. Entre abril de 2020 e janeiro de 2021, foram pavimentados 8.169 quilômetros - média de 28,16 quilômetros por dia. No período 2019-2020, o país pavimentou 7.573 quilômetros - média diária de 26,11 quilômetros. A meta para o ano fiscal indiano 2021-2022 é alcançar os 11 mil quilômetros.
Entrevistado
Bureau de Imprensa do governo da Índia (Press Information Bureau) e National Highways Authority of India (NHAI)
Contatos
press@nhai.gov.in
press@pib.gov.in
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
Ponte sobre o rio Madeira une a última fronteira do Brasil
O Acre era o único estado do Brasil que ainda não estava ligado à malha rodoviária do país. Para se conectar às estradas que levam para outras regiões, os acreanos precisavam fazer a travessia do rio Madeira através de balsa. Desde 7 de maio de 2021, isso acabou. Foi inaugurada a Ponte do Abunã, que cruza o Madeira, ligando o Acre com Rondônia pela BR-364, e unindo a última fronteira rodoviária do Brasil.
A obra foi desafiadora sob o aspecto da engenharia. O projeto sofreu 3 alterações, duas delas já com a construção em andamento. Uma por causa das cheias do Madeira - a maior delas ocorreu em 2014 – e outra devido à correnteza do rio, que cruza a ponte a uma velocidade média de 25 km/h. Também houve escassez de recursos entre 2014 e 2018, e a obra só ganhou ritmo a partir de 2019. “A enchente de 2014 acendeu o alerta e a ponte voltou para a prancheta, a fim de que o projeto fosse revisado”, diz o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
Inicialmente, a ponte teria pouco mais de 1.047 metros de extensão, mas precisou de um prolongamento de 460 metros para ganhar altura e ficar protegida de futuras enchentes causadas pelo rio Madeira. O solo mole também exigiu que fossem cravadas 145 estacas para reforçar as fundações do elevado, além da necessidade de aterros com quase 3 quilômetros de extensão para ligar as cabeceiras da ponte à rodovia.
A obra consumiu o equivalente a 29 mil m³ de concreto, entre elementos pré-moldados e estruturas de concreto armado. Depois de todas as alterações no projeto e dos períodos de interrupções da obra, a execução final ficou a cargo da empreiteira Arteleste Construções.
Estima-se que 2 mil veículos vão circular diariamente pela Ponte do Abunã
No portfólio de apresentação da ponte, a empresa relata os desafios da construção: “O maior é a força do rio, que sobe 10 metros na época chuvosa. Isso tornou muito difícil a execução das estacas, principalmente na parte mais profunda do rio. Além disso, as águas trazem muitos detritos, principalmente madeira, que se acumulam nas estacas e blocos de fundação, o que fez com que o projeto sofresse alterações.”
Oficialmente, a Ponte do Abunã tem 1.507 metros de extensão e 14,9 metros de largura. Ela ganhou esse nome por estar no distrito de Abunã, em Rondônia. O custo chegou a 154 milhões e 124 mil reais. Além de ponte, foi construído um complexo viário de 2,7 quilômetros na BR-364, o qual permite o acesso aos dois lados da obra de arte especial. Estima-se que circularão 2 mil veículos diariamente pela estrutura recentemente inaugurada, dos quais 60% serão caminhões.
Por isso, o DNIT já reservou mais de 1 milhão de reais para promover a iluminação da Ponte do Abunã. Essa etapa deve começar no 2º semestre. De qualquer forma, o tráfego sobre a ponte que cruza o rio Madeira já está liberado e o tempo de viagem entre as capitais de Rondônia (Porto Velho) e Acre (Rio Branco) será encurtado em duas horas. A obra também deve impactar positivamente no custo de vida dos acreanos. A Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC) calcula que alimentos e materiais de construção fiquem cerca de 6% mais baratos para o consumidor, por conta da redução no preço do frete.
Entrevistado
Ministério da Infraestrutura, governo de Rondônia e Arteleste Construções (via assessorias de imprensa)
Contatos
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Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330