Governo reabre crédito para gerir riscos e desastres climáticos
No final de janeiro, o Executivo autorizou a disponibilização de uma verba extraordinária no montante de R$ 380.400.708,00 para o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Essa liberação de crédito extraordinário busca atender às necessidades emergenciais do referido ministério em virtude dos desastres naturais que têm afetado diversas localidades pelo país. Assim, os recursos serão direcionados para a gestão de riscos e desastres, atividades de proteção civil nacional, bem como para projetos de infraestrutura viária. A Portaria GM/MPO nº 8, datada de 18 de janeiro de 2024, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).
Em dezembro de 2023, a Medida Provisória n° 1204 abriu créditos extraordinários destinados ao atendimento de despesas com ações de resposta e recuperação de infraestrutura destruída por desastres, devido ao agravamento dos eventos climáticos em função dos efeitos do fenômeno El Niño (o qual vem acentuando a estiagem na Região Norte, altas temperaturas nas Regiões Centro-Oeste e Nordeste, e agravamento das chuvas nas Regiões Sul e Sudeste), além do apoio à implantação, ampliação ou melhorias de infraestruturas de oferta de água para segurança hídrica, no norte do Estado de Minas Gerais.
De acordo com o texto da Medida Provisória n° 1204, os requisitos de relevância e urgência são justificados pela “necessidade de atendimento célere às populações afetadas pelos desastres naturais, que requerem ação de resposta imediata de forma a atenuar essa situação crítica. Já a imprevisibilidade, deve-se à ocorrência de desastres naturais graves, principalmente resultantes de chuvas intensas e de estiagem, de consequências imprevisíveis para a ordem pública e a paz social, haja vista a decretação de calamidade pública por parte dos Municípios afetados, elevando assim, a demanda por ações de resposta e recuperação em volume inesperado”.
Novo PAC: propostas para contenção de encostas e drenagem urbana
Durante o período de inscrições para o Novo PAC Seleções, o Ministério das Cidades recebeu um total de 6.721 propostas, das quais 1.395 estavam voltadas para obras de contenção de encostas e drenagem urbana. No que diz respeito à área denominada Prevenção a Desastres, o Novo PAC tem como objetivo garantir a proteção dos cidadãos que residem em áreas de alto risco.
Soluções para enchentes
Existem uma série de medidas que podem ser tomadas para evitar as enchentes e tragédias decorrentes das fortes chuvas:
Urbanismo verde: De acordo com Felipe Guerra e Débora Ciociola, arquitetos do Jaime Lerner Arquitetos Associados (JLAA), além dos piscinões, reservatórios que captam o excesso de água das chuvas nos bairros, existem soluções urbanísticas multifuncionais e integradas ao meio ambiente que as cidades podem adotar para evitar os alagamentos. Dentre elas estão a implementação de sistemas integrados de drenagem, como jardins, áreas permeáveis para a absorção de água da chuva, parques e lagoas artificiais. Essas estratégias não apenas abordam a questão do escoamento pluvial, mas também desempenham um papel significativo ao oferecer espaços de lazer valiosos para a comunidade. No Bairro Novo do Caximba, por exemplo, está prevista a construção de um parque linear, como forma de absorção para as grandes chuvas.
Obras de contenção de encostas: um exemplo disso é a Prefeitura de Maceió, que tem realizado obras de contenção de encostas em regiões com grande risco de deslizamentos. Para fazê-las, foi utilizada a tecnologia de recomposto de PVC, um revestimento seguro de longa durabilidade. De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (SEMINFRA), a intervenção consiste em aplicar o geocomposto, seguido de uma cobertura de concreto projetado, o que proporciona uma proteção duradoura. Em entrevista ao Massa Cinzenta, Alzir Felippe Buffara Antunes, professor titular do departamento de Geomática da UFPR, também comentou sobre a importância de um planejamento urbano, que não permite a ocupação de encostas, para evitar os desastres.
Ruas e avenidas como canais: a cidade de Barranquilla (Colômbia) sofre com um problema histórico de planejamento - por lá, os sistemas de drenagem de águas pluviais não foram construídos. Isso leva à formação de fortes riachos e enchentes. Para resolver esta questão, o engenheiro colombiano Diego Jaramillo conta que foram construídas estradas que funcionam como canais, além de novos sistemas de drenagem, caixões e muitas obras de gestão de águas pluviais.
Desassoreamento dos rios: Esta é uma opção que precisa ser avaliada e não é recomendada para todas as situações. “Acima de tudo, é um processo caro. Quando um rio apresenta assoreamento, é por conta de algum desequilíbrio. E, quando você começa, tem que fazer sempre – não é algo que se faz uma vez e nunca mais vai acontecer. Em São Paulo, por exemplo, os rios Pinheiros e Tietê são constantemente desassoreados”, afirma Martha Velloso Feitosa, engenheira civil, perita judicial e membro do IBAPE – SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo).
Empreendimentos hidráulicos: De acordo com José Marques Filho, engenheiro e professor do Departamento de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), os empreendimentos hidráulicos fazem parte da segurança estratégica que o Brasil precisa ter, ou seja, são responsáveis pela segurança hídrica (para abastecimento humano, dessedentação animal, irrigação), segurança alimentar, segurança energética e segurança contra as mudanças climáticas. “Conforme os efeitos das mudanças climáticas forem se agravando, mais obras hidráulicas teremos que fazer, para garantir a segurança da população. Assim sendo, no futuro, o Brasil deverá despender bastante recurso para lidar com as mudanças climáticas”, destaca Marques Filho.
Entrevistados/Fontes:
Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional
Felipe Guerra e Débora Ciociola são arquitetos do Jaime Lerner Arquitetos Associados (JLAA)
Secretaria Municipal de Infraestrutura (SEMINFRA) de Maceió
Alzir Felippe Buffara Antunes é professor titular do departamento de Geomática da UFPR
Martha Velloso Feitosa é engenheira civil, perita judicial e membro do IBAPE – SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo).
José Marques Filho é engenheiro e professor do Departamento de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Diego Jaramillo Porto é engenheiro e diretor de Pavimentos e Infraestrutura na Federação Iberoamericana de Hormigon Premezclado FIHP. Ele também é gerente técnico da Câmara Colombiana de Cimento e Concreto (PROCEMCO) e líder do Comitê Internacional de Pavimentos e Infraestrutura (FHIP/FICEM).
Contatos
Jaime Lerner Arquitetos Associados (JLAA): contato@betinicomunicacao.com.br
Alzir Felippe Buffara Antunes: felipe@ufpr.br
Martha Velloso Feitosa (IBAPE): secretaria@ibape-sp.org.br
José Marques Filho: jmarquesfilho@gmail.com.br
SEMINFRA: ascomseminframaceio@gmail.com
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Estudo avalia comportamento reológico da argamassa estabilizada
Conhecer cada vez melhor todos os aspectos técnicos da argamassa estabilizada é fundamental para se manter a eficiência e a produtividade na construção civil, já que estudos mais profundos sobre o tema contribuem para indicar possíveis alterações no produto e melhores formas de armazenamento.
As professoras e engenheiras civis Juliana Machado Casali e Luciana Maltez Calçada, do Instituto Federal de Santa Catarina, assinam um estudo chamado Avaliação do Comportamento Reológico de Argamassa Estabilizada ao Longo do Tempo de Armazenamento, que teve como objetivo avaliar as propriedades reológicas do produto após 15 horas, 39 horas e 62 horas de sua produção.
"A grande característica da argamassa estabilizada é que ela se mantém trabalhável por até 72 horas. Desse modo, é importante avaliar a trabalhabilidade que envolve a mistura, o transporte e a aplicação ao longo do tempo", explicam as especialistas. "A trabalhabilidade normalmente é avaliada com base em consistência que, embora fácil de medir, por vezes não identifica diferentes trabalhabilidades das argamassas."
Elas também reforçam que os parâmetros reológicos (viscosidade e tensão de escoamento) fornecem informações mais precisas e sensíveis em relação a argamassas de trabalhabilidade distintas, contribuindo para a indústria da construção com a dosagem, especificação de argamassas mais adequadas ao processo produtivo e aprimorando o seu controle tecnológico.
Resultados do estudo
Apresentado na última edição do Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Argamassas, o estudo indicou variação das propriedades da argamassa ao longo do tempo de armazenamento, tanto no índice de consistência quanto na tensão de cisalhamento.
"Esta perda de fluidez foi observada com o aumento da tensão de cisalhamento, onde, em termos práticos, a argamassa demandaria maior energia para sua utilização (mistura, transporte e aplicação). Em função da dosagem e da forma de armazenamento, a argamassa estabilizada pode ter maior ou menor perda de fluidez ao longo do tempo de utilização", explicam Juliana Casali e Luciana Calçada.
Segundo as professoras, na literatura, observa-se que a argamassa estabilizada tem perda de fluidez ao longo do tempo de utilização, mas "cabe salientar que a argamassa estabilizada deve-se manter trabalhável durante todo o tempo de armazenamento recomendado pelo fabricante".
Para a realização do estudo, a argamassa foi armazenada em recipientes com fechamento hermético até o momento de sua avaliação. Antes de cada teste, foi realizada uma homogeneização, dentro do próprio recipiente, com um misturador elétrico de argamassa.
Em relação aos resultados, "houve uma pequena diminuição no índice de consistência e no teor de ar incorporado com o tempo de armazenamento (antes do reômetro), demonstrando que, mesmo com um processo de mistura eficiente, não foi possível retornar ao teor inicial", descreveu o estudo. "Já para o teor de ar incorporado, avaliado após o ensaio de reometria, observa-se aumento do valor somente para a argamassa com 39h, possivelmente pela energia imposta à mistura durante o ensaio."
O processo também apontou para um aumento da tensão de cisalhamento para as argamassas com 39h e 62h, embora a viscosidade tenha permanecido praticamente constante. De acordo com as avaliações, esse comportamento "não foi influenciado pela perda de água ao longo do tempo, o que indica, possivelmente, que a água inicialmente disponível para lubrificação das partículas pode ter sido consumida pela hidratação do cimento ou aprisionada entre as partículas".
Questionadas sobre os investimentos destinados ao assunto, Juliana Casali e Luciana Calçada afirmam que, atualmente, os equipamentos para avaliação das propriedades reológicas das argamassas são caros, e poucas instituições têm à disposição estes dispositivos. "Isso dificulta a difusão destes ensaios como meio de caracterização e controle das argamassas estabilizadas", explicam as professoras do Instituto Federal de Santa Catarina. "Assim, este produto ainda necessita de muitos estudos, inclusive envolvendo parâmetros reológicos, principalmente para subsidiar a publicação da norma brasileira que está em discussão."
Fontes
Juliana Machado Casali, do Instituto Federal de Santa Catarina
Luciana Maltez Calçada, do Instituto Federal de Santa Catarina
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Mega projeto da China desviou 8,54 bilhões de m³ de água em 2023
Um dos maiores desafios enfrentados pelo desenvolvimento futuro da China é a água, que deve sustentar os 1,4 bilhão de habitantes do país e suas indústrias em crescimento. Apesar de estar entre os cinco países com maiores recursos hídricos de água doce, em termos per capita, a China enfrenta sérios problemas de escassez, que são ainda mais agravados por uma distribuição espacial altamente desigual e pela precipitação: o norte densamente povoado sofre com escassez aguda de água, enquanto o sul é propenso a inundações severas. Para otimizar a alocação dos recursos hídricos, a China embarcou na construção de um mega projeto de engenharia, chamado de Desvio Hídrico do Sul para o Norte (SNWD).
Planejado para ser concluído em 2050, eventualmente desviará 44,8 bilhões de metros cúbicos de água anualmente para os centros populacionais do Norte mais seco.
Trajetos
O projeto foi proposto pela primeira vez em 1952 por Mao Zedong, que concluiu que "o sul tem muita água, o norte muito menos. Se possível, o norte deveria tomar emprestado um pouco." E o SNWD faz exatamente isso — ele desvia água do Sul para o Norte ao longo de três rotas: leste, central e oeste. A rota leste transfere água por Jiangsu para Shandong e Tianjin através do Grande Canal de Beijing-Hangzhou, que remonta a quase 2.500 anos atrás. A rota central, que desvia água da província de Hubei para Pequim e Tianjin, está em uso desde 2014.
A rota oeste, a mais controversa, ainda não foi construída. Em maio de 2021, o presidente chinês Xi Jinping anunciou que a China seguirá em frente com o maior projeto de desvio de água do mundo. Os planos da rota oeste estão divididos em duas categorias: planos modestos do governo e propostas ambiciosas de estudiosos.
Andamento do mega projeto
As rotas leste e central do Projeto de Divisão de Água de Sul para Norte da China transferiram 8,54 bilhões de metros cúbicos de água, de acordo com dados oficiais divulgados pelo Governo da China.
A qualidade da água das duas rotas tem alcançado consistentemente o padrão ao longo do ano, segundo Jiang Xuguang, presidente da China South-to-North Water Diversion Corporation Limited, acrescentando que a tarefa de desvio de água das duas rotas em 2024 já começou.
Preocupações
De acordo com o Governo Chinês, a rota oeste é necessária para proteger a segurança hídrica e alimentar o país, ao mesmo tempo em que equilibra o desenvolvimento econômico regional. Como afirmou Xi Jinping em 2014, a linha de vida da produção de alimentos reside nos sistemas de conservação de água do país. Além de lidar com a qualidade, quantidade e distribuição desigual da água nacional, a China enfrenta uma falta de terras aráveis: estima-se que apenas 14% da área total do país seja arável. Com o restante fortemente contaminado por poluentes, isso agrava a escassez de água, e as preocupações com a segurança alimentar. Devido a uma mudança no panorama alimentar, incluindo o aumento da demanda por produtos intensivos em água, como carne, esses desafios continuarão a aumentar.
Preocupações sociais e ecológicas levantadas por ambientalistas e cientistas atrasaram a construção da rota Oeste. Como tanto o Canal Shuotian quanto o Rio Bandeira Vermelha precisariam atravessar áreas propensas a terremotos e cordilheiras, há receios de que possam resultar em consequências sísmicas e ambientais, como deslizamentos de terra.
Fonte
Governo da China
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
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Programa Pró-Saneamento propõe inovação regulatória do saneamento básico no Brasil
Entrou em vigor no dia 1º de fevereiro a Resolução ANA nº 179/2024, que foi publicada no Diário Oficial da União em 17 de janeiro e institui o Programa de Incentivo ao Fortalecimento da Governança Regulatória do Saneamento Básico, chamado de Pró-Saneamento.
Realizada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a iniciativa tem o propósito de contribuir para a harmonização regulatória do setor a partir do fortalecimento do sistema de governança das Entidades Reguladoras Infranacionais (ERIs), responsáveis pela regulação e fiscalização dos serviços públicos de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.
As diretrizes e os critérios do programa serão detalhados pela ANA, e as metas estabelecidas servirão como base para o projeto, que será executado na modalidade de pagamento por resultados e pela prestação de assistência técnica por meio de profissionais credenciados. De acordo com o Governo Federal, os recursos do Pró-Saneamento serão destinados para ações de desenvolvimento institucional, inovação regulatória e capacitação.
O programa terá quatro etapas:
1 - Definição e implementação de instrumentos de medição da maturidade de governança das ERIs;
2 - Elaboração de planos de ação para o fortalecimento institucional;
3 - Estabelecimento de metas quanto à execução dos planos de ação;
4 - Assistência técnica prestada às ERIs por profissionais credenciados pela ANA.
Segundo a Resolução publicada, os recursos financeiros serão provenientes do Orçamento Geral da União (OGU), de recursos oriundos de cooperações internacionais e de doações, legados, subvenções e outros meios destinados a esta finalidade.
Saneamento básico por região do país
Dados apresentados pela ANA, com base no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), mostram que 84,1% da população é atendida com rede de abastecimento de água, enquanto 55% conta com rede de coleta de esgotos sanitários.
Em relação às regiões do país, o índice de abastecimento de água fica em 58,9% no Norte, 74,9% no Nordeste, 90,9% no Centro-Oeste, 91% no Sul e 91,3% no Sudeste.
Quando o assunto é coleta de esgoto sanitário, os números giram em torno de 13,1% no Norte, 30,3% no Nordeste, 47,4% no Sul, 59,5% no Centro-Oeste e 80,5% no Sudeste.
Saneamento em Campinas recebe investimento recorde
A Sanasa de Campinas (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento) fechou 2023 com o maior volume de investimento de seus quase 50 anos de história: R$ 300 milhões.
E o aporte se reflete na excelência da cidade em relação ao assunto, já que, segundo a empresa, a cidade atende, atualmente, 99,84% da população com água potável encanada, além de tratar de 90,04% do esgoto do município.
Ainda de acordo com as iniciativas, começou em agosto do ano passado a obra para a transformação (retrofit) da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Anhumas em Estação Produtora de Água de Reúso (EPAR), que deve ser concluída em cinco anos. A previsão é de que a futura EPAR amplie em três vezes o volume de água de reúso produzido pela Senasa, chegando a 1.655 litros por segundo - atualmente, as EPARs Capivari II e Boa Vista produzem 540 l/s.
A meta do Senasa é implementar as ações do Plano Campinas 2030, que preveem, por exemplo, a substituição de redes de água antigas em diversos bairros, num total de 450 km (até 2024), e a construção de 20 novos reservatórios pela cidade, que acrescentarão 54 milhões de litros de água tratada armazenada aos atuais 142 milhões existente.
Fontes
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS)
Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Senasa)
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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Dispositivo alerta trabalhadores sobre situações de risco em canteiros de obras
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil registra, em média, um acidente de trabalho a cada 51 segundos. Dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab) mostram que 446.881 acidentes de trabalho foram registrados em 2020. Em 2021, o número subiu 37%, alcançando 612.920 notificações. Entre os dias 22 e 30 de janeiro de 2024, a ABRAINC realizou a 34ª Pesquisa Acidentes de Trabalho nas Obras. O estudo mostrou que o investimento médio em EPI por funcionário próprio no mês foi de R$ 205,00 e 97% das empresas apresentaram uma Taxa de Gravidade (tempo por milhão de horas-homem de exposição ao risco durante um período) com média de 110,6, nota que é considerada muito boa.
A pesquisa foi baseada em números de 895 canteiros de obras, e nesses estão trabalhando aproximadamente 70 mil funcionários.
Para evitar que estas situações aconteçam e os índices de acidentes em canteiros de obras continuem baixos, a startup Trackfy Tecnologia desenvolveu uma solução para aprimorar as condições de segurança em canteiros de obras. Trata-se de um dispositivo que fica acoplado em capacetes (também em crachás) e emite, em tempo real, dados e informações para uma plataforma em nuvem. A solução utiliza recursos como Internet das Coisas (IoT), análise de dados (data analytics) e algoritmos.
Como funciona?
Com o monitoramento em tempo real e a análise de dados, os gestores de canteiros de obras e de plantas industriais acompanham a presença de suas equipes de operários nas áreas industriais, de forma 100% digital e integrada a um sistema de análise, planejamento e alertas.
“Conseguimos identificar quando os trabalhadores estão em zonas ou situações de maior risco. Em caso de emergências, acidentes ou sinistros em geral, o alerta para ação da equipe de emergência ou evacuação de áreas é imediato e direto”, afirma Túlio Cerviño, CEO da Trackfy.
Dessa forma, o dispositivo possibilita supervisionar os trabalhadores que conseguiram efetivamente evacuar as áreas em situação de emergência. "Esse controle que, até então, era feito por observação, aqueles que o encarregado pelo canteiro de obra conseguisse enxergar, e por uma lista de chamada manual, agora tudo passa a ser automatizado, tornando o processo eficiente, sem falhas e protegendo vidas", explica Cerviño.
A tecnologia engloba um conjunto de hardwares IoT e um sistema para coleta de dados, análises, insights e gestão. Além disso, apresenta o módulo Trackfy Docs, um software para aprovação digital de documentos, que podem ser gerados automaticamente pelo sistema ou inseridos manualmente.
Onde está sendo utilizado?
De acordo com a Trackfy, a solução já vem sendo utilizada por trabalhadores de grandes empresas de polos fabris em Camaçari (BA), Cubatão (SP) e Mauá (SP).
Empresas dos setores Químico, Petroquímico, Siderurgia, Mineração e Construção Civil, que já são clientes da Trackfy e utilizam essa tecnologia, se beneficiam das funcionalidades oferecidas. O CEO da Trackfy destaca que a solução é exclusivamente voltada para a gestão operacional de canteiros e plantas, garantindo conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a legislação trabalhista.
Entrevistado
Túlio Cerviño é CEO da Trackfy.
Contato
Trackfy - imprensa@engenhariadecomunicacao.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
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Programa de reforma e manutenção de pontes em SP recebe investimento de R$ 1,64 bilhão
Colocado em prática em 2021, o Programa de Recuperação e Manutenção de pontes, viadutos, pontilhões, passarelas e túneis de São Paulo é considerado o maior da história da capital, com um investimento de R$ 1,64 bilhão até o final de 2024. Até o final do ano passado, 61 obras já haviam sido concluídas, incluindo intervenções emergenciais, de recuperação estrutural e de manutenção.
O objetivo desta iniciativa, segundo a prefeitura, é instaurar uma cultura permanente de inspeções rotineiras e manutenções preventivas, promovendo a integridade e prolongando a vida útil das estruturas, beneficiando a população direta ou indiretamente.
Até agosto de 2023, o projeto já havia realizado a substituição de mais de 2.000 metros de juntas de dilatação, a recuperação de mais de 50 mil metros de fissuras e pintado cerca de 60 mil metros quadrados em pontes, viadutos, túneis e passarelas. O programa prevê a criação de 7.250 empregos diretos e outros 36.250 indiretos até 2024.
Os responsáveis por realizar inspeções minuciosas nos locais, identificar problemas e propor soluções são as equipes técnicas da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) e da SPObras, especializadas em engenharia estrutural.
O Massa Cinzenta conversou com o engenheiro civil Marcos Monteiro, Secretário Municipal da Siurb, para saber mais detalhes sobre o projeto e de sua importância para a segurança da população em geral.
Entrevista com Marcos Monteiro:
Dentre os projetos de recuperação já realizados em São Paulo, qual ponte ou viaduto tinha mais problemas, com necessidade de reparações? E quais foram as obras necessárias?
Marcos Monteiro - Dentro do Programa de Recuperação de Pontes e Viadutos da Prefeitura de São Paulo, foram detectadas como mais críticas as pontes localizadas nas Marginais Pinheiros e Tietê, que estão entre as mais antigas da cidade. Nos casos mais graves, as vistorias realizadas indicaram a necessidade de obras de reforço e recuperação estrutural em toda sua extensão, como foi o caso das pontes Cidade Jardim, Bandeiras e, mais recentemente, a ponte dos Remédios.
Um problema recorrente que encontramos nas intervenções são as interferências com o trânsito local e com o sistema viário do entorno. Para enfrentar esse desafio, contamos com todo apoio da CET, turnos de trabalho noturnos e também novas tecnologias, como a utilização de plataformas sob o tabuleiro das pontes e viadutos, que minimizam a necessidade de grandes interdições.
Quanto tempo podem durar as ações preventivas?
Marcos Monteiro - O período de execução das obras varia muito. São mais de 1.200 Obras de Arte Especiais (OAE’s) mapeadas na cidade. Cada uma (ponte, viaduto, passarela ou túnel) com caraterísticas próprias: extensão da estrutura, seu nível de degradação, os tipos de intervenção a serem executadas para recuperação de sua vida útil e as interferências com concessionárias diversas. Temos obras com prazos que variam de 4 até 24 meses. Mas, em média, as intervenções têm 10 meses de duração.
Pode-se dizer que o programa de reforma e manutenção de pontes e viadutos evitou que tragédias acontecessem?
Marcos Monteiro - O programa enfrenta um paradigma das gestões públicas que é o de implantar uma cultura de manutenção e vistorias permanentes nas grandes estruturas, que são um patrimônio da cidade. Essa rotina garante a segurança de pedestres e motoristas, uma vez que permite que riscos e anomalias sejam detectados ainda em seus estágios iniciais, facilitando e reduzindo os custos das intervenções. O programa também visa prolongar a vida útil das Obras de Arte.
As prefeituras muitas vezes esperam que os problemas aconteçam para começar a agir. Como este programa, que antecipa reparos, acaba impactando diretamente no dia a dia dos moradores?
Marcos Monteiro - Essa iniciativa da Prefeitura de São Paulo vem sendo totalmente apoiada pela gestão do Prefeito Ricardo Nunes e gera diversos impactos positivos na vida da população. Temos como prioridade a garantia da mobilidade e da segurança. O Programa de Recuperação de OAE’s segue todos os preceitos das normas técnicas e envolve projetistas e executores especializados nesse tipo de estrutura. Dessa forma, o programa se mostra exitoso em todos os seus aspectos, pois, além de garantir a segurança e conforto dos usuários, preserva o patrimônio público e reduzirá os custos de manutenção dessas estruturas ao longo do tempo.
Fontes
Prefeitura de São Paulo
Marcos Monteiro, Secretário Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb)
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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Sustentabilidade e automação são destaques na World of Concrete
Entre os dias 21 e 23 de janeiro, aconteceu a 50ª edição do evento World of Concrete (WOC), em Las Vegas, nos Estados Unidos. A edição de 2024 reuniu quase 60.000 profissionais registrados de diversos setores da indústria para três dias de exposição e quatro dias de educação.
"Todo ano, a World of Concrete serve como o ponto de referência onde profissionais de concreto e alvenaria trocam conhecimentos e aprimoram habilidades que impulsionam os negócios para frente. Estamos orgulhosos de sediar o ponto de encontro global que fornece recursos para os trabalhadores do setor que estão construindo o futuro da América," destacou Jackie James, Vice-Presidente da World of Concrete.
Sustentabilidade
Para Bernardo F. Tutikian, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e do itt Performance - Instituto Tecnológico de Desempenho da UNISINOS/RS, que participou da World of Concrete pela quarta vez, um dos pontos que mais chamou a atenção foi a questão da sustentabilidade e a mudança conceitual que o mercado global está seguindo. “A última edição da qual eu participei ocorreu antes da pandemia. Realmente, esta questão da sustentabilidade foi um dos grandes gritos da indústria – uma preocupação cada vez maior.
O evento apresentou várias tecnologias que buscam reduzir as emissões de gases da nossa indústria do concreto. Até tecnologias que não têm muita relação com isso, como é o caso, por exemplo, de uma empresa que estava fazendo um filler calcário reativo. Antigamente, sempre tinha uma ou outra empresa que apresentava um produto novo, no entanto, era mais por questões comerciais, financeiras, para viabilizar a produção, etc. Só que agora, o argumento utilizado vai muito mais para a linha da sustentabilidade. Esse certamente é um dos pilares, uma das tendências do mercado americano e mundial”, comenta Tutikian.
No evento, também foi possível perceber a preocupação em quantificar a quantidade de CO2 emitido e em mostrar reduções de CO2, como um diferencial competitivo.
“Nós também visitamos empresas, concreteiras e indústrias nos Estados Unidos. Fizemos um grupo que foi para várias cidades como Chicago, Detroit, Los Angeles e Las Vegas. Nestas visitas, vimos uma tecnologia muito interessante, que se trata da injeção de CO2 no estado fresco do concreto, para aprisionar este CO2. Tudo isso buscando, entre outras coisas, vender créditos de carbono para o mercado. Isso já está bem mais consolidado nos Estados unidos – apesar de que ainda está iniciando. Mas aqui no Brasil ainda está muito incipiente– agora é que estão surgindo as primeiras empresas interessadas no assunto”, relata Tutikian.
Indústria inteligente
De acordo com Tutikian, outro ponto é que se trata de uma indústria cada vez mais inteligente – com mais sensores, com mais equipamentos automatizados. “Vimos muitas empresas com sensores para colocar dentro do balão de concreto da concreteira, medir abatimento ao longo do trajeto, medir perda de abatimento, entre outras tantas características. Isso não é uma grande novidade, uma vez que já temos isso aqui no mercado brasileiro e até relativamente consolidado, apesar de poucas empresas usarem. Mas deu para ver muito essa busca em popularizar mais esta questão de ter sensores e um acompanhamento remoto do concreto para aumentar o controle sobre o material e, ao mesmo tempo, diminuir a necessidade de pessoas no processo”, aponta Tutikian.
De acordo com a organização do evento, os principais expositores anunciaram novos softwares, ferramentas e máquinas destinadas a aumentar a eficiência e a segurança, como novos modelos de bombas de concreto, ferramentas elétricas sem fio, bombas submersíveis e sensores de concreto.
Concreto arquitetônico
Com relação à questão de técnica, o que mais chamou a atenção de Tutikian foi o concreto arquitetônico. “É o concreto tanto estampado quanto lapidado. São duas famílias de concreto que empregamos muito pouco no Brasil. Eles estão sendo muito utilizados nos Estados Unidos. Havia um setor externo na feira de demonstrações e um pavilhão inteiro desta área que era destinado quase que totalmente ao concreto estampado, mostrando ali várias possibilidades e variações. E mostrando a facilidade de utilizar este concreto com ‘pouca tecnologia’”, afirma Tutikian.
Entrevistado:
Bernardo F. Tutikian é pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e do itt Performance - Instituto Tecnológico de Desempenho da UNISINOS/RS. Também é diretor de marketing do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). É ex-presidente da Associação Brasileira de Patologia das Construções (Alconpat Brasil).
Contato
BFTUTIKIAN@unisinos.br
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Índice Nacional de Custo da Construção Civil fecha 2023 em 2,55%
Calculado pelo IBGE, o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) apresentou variação de 0,26% em dezembro e fechou 2023 com uma taxa acumulada de 2,55%. Isso representa uma diminuição de 8,35 pontos percentuais em relação ao registrado em 2022, que fechou, na época, em 10,90%.
Ainda sobre os números divulgados, a variação do índice de custo da construção em 2023, referente aos materiais, foi de 0,06%, e chegou a 6,22% em gastos com mão de obra. Para efeito de comparação, em 2023, a parcela dos materiais fechou em 10,02%, e a mão de obra, em 12,18%.
Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, destaca que o maior peso para a elevação do índice no ano passado veio da mão de obra, e que o responsável por baixar o valor foi o setor de materiais. "A cesta de materiais e equipamentos acabou devolvendo uma parte da alta que ocorreu naquele período da pandemia, quando a falta de insumos e a demanda muito grande que ocorreu em função do movimento de reformas acabaram gerando um descompasso entre oferta e demanda, além de uma pressão de custo na indústria de materiais", explica a economista.
"Naquele período da pandemia, os materiais subiram muito, e, agora, houve uma devolução, mas ela não foi total. Se a gente pegar dezembro de 2019, vê que a cesta de materiais e equipamentos ainda está mais alta do que naquele período, inclusive, com uma variação acima da inflação. De todo modo, essa devolução de parte dos aumentos foi bastante benéfica para o setor, e agora, de certa forma, houve um alívio no que diz respeito aos materiais e equipamentos", completa.
Em relação às expectativas para 2024, Ana Castelo também falou, ao Massa Cinzenta, sobre o que pode impactar o INCC durante o ano. "Em relação aos materiais e equipamentos, é mais difícil falar. De maneira geral, a projeção para a inflação de 2024 é favorável, ou seja, a gente observaria uma inflação dentro do intervalo da meta e espera que isso também vá repercutir favoravelmente na cesta de materiais, que acompanhe mais ou menos a inflação."
A economista corrobora a previsão de representantes do setor que avaliam uma grande alta na demanda por trabalhadores no segundo semestre deste ano, devido aos projetos programados pelo governo. "Em relação à mão de obra, essa expectativa de que isso vai ser uma pressão de custo, faz sentido, sim. A projeção é de que o setor deve retomar muitas obras no mercado imobiliário, alavancado pelo Minha Casa Minha Vida, então, é possível que o crescimento volte a acelerar", avalia.
"Temos o investimento em infraestrutura, então o mercado de trabalho não só vai continuar pressionado, como essa pressão pode até crescer, e isso, obviamente, deve se refletir no preço da mão de obra."
Maior taxa no acumulado do ano
Ainda sobre o Sinapi, o Amazonas foi o estado que registrou a maior taxa no acumulado de 2023, ficando em 6,80%. A região Norte, como um todo, registrou 4,4%. Como comparação, a região Sudeste teve o menor índice, 1,68%, e o estado de São Paulo chegou a 1,88%.
O presidente do SindusCon do Amazonas, Frank do Carmo Souza, explica que, usualmente, os valores são muito maiores no Norte do que em relação a outros estados por fatores como logística, informalidade na mão de obra e baixa produtividade. "Temos logística, energia elétrica e combustivel mais caros que outras regiões, e, se falarmos de cimento, ele chega a ser o dobro do que é vendido no Sudeste. Então, os insumos de produção são mais caros", explica.
Frank Souza também destaca outro ponto de impacto no custo de material de construção do ano passado. "Nós temos a seca do rio, que no período de agosto até dezembro afeta enormemente o valor dos fretes. Em 2023, nós tivemos a pior seca dos últimos 100 anos. Esse é mais um fator grave aqui na região, para se ter o preço de material de construção compatível. E os valores estimados pelos organismos que fazem essa precificação acabam não levando em consideração essas adversidades paralelas que nós temos aqui."
Sobre 2024, no entanto, o presidente do SindusCon-AM está otimista. "Nós achamos que vai ser o melhor ano para a construção civil, por causa do Minha Casa Minha Vida, programa do Governo Federal que acabou sendo fechado no final de 2023. Isso deve melhorar a construção na região Norte."
Fontes
Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre
Frank do Carmo Souza, presidente do SindusCon-AM
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Governo estabelece critérios para compras do Novo PAC
Um decreto que delineia as orientações para as cadeias de produção e os setores ligados ao Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) em janeiro. Conhecido como Decreto n° 11.889, ele propõe que estas áreas estão sujeitas a priorizar a aquisição de produtos e serviços de origem nacional. Além disso, o decreto define os critérios para exceções e as margens de preferência para tais compras.
De acordo com o Governo Federal, “o objetivo é fomentar as inovações tecnológicas nas cadeias produtivas e o crescimento dos setores destacados como prioritários para a realização do novo plano de desenvolvimento social e econômico do país, em alinhamento com a Nova Indústria Brasil (NIB)”.
Ainda segundo informações do Governo Federal, as cadeias produtivas e os setores que deverão ter discriminados os requisitos de conteúdo nacional e margens de preferência nas compras do Novo PAC serão as da indústria eólica, solar e mobilidade, incluindo a de baixo carbono.
A Comissão Interministerial de Inovações e Aquisições, CIIA-PAC, ficará responsável por coordenar e disciplinar as compras públicas de produtos nacionais nas contratações do Novo PAC.
Impactos do Decreto n° 11.889
Um dos setores que deve ser envolvido é o setor de máquinas. De acordo com Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), a expectativa é que as transações envolvendo máquinas da linha amarela apresentem um aumento de 7% em comparação a 2023. No que diz respeito à nova legislação do PAC, Daniel acredita que ainda é bastante recente e não deve ter um grande impacto.
“Sua aplicação está principalmente vinculada às obras do próprio PAC. No entanto, existem algumas janelas neste decreto. Por exemplo, se uma máquina específica não estiver disponível no mercado nacional, a restrição não se aplicará. Da mesma forma, se a entrega pontual da máquina não puder ser garantida para manter o cronograma da obra, o decreto também não será aplicado. Contudo, não está claro se essas restrições serão estendidas aos fornecedores das obras. Por exemplo, uma construtora contratada para um projeto do PAC pode ser proibida de utilizar máquinas importadas, sejam elas novas ou usadas? Da mesma forma, não está claro se tais restrições se aplicarão aos subcontratados, como as empresas de locação de máquinas. Ainda não está claro se uma obra, por exemplo, no Acre, que necessita de uma máquina de São Paulo, poderá utilizar uma máquina importada. Isso pode inviabilizar o projeto, considerando os custos adicionais de transporte. Portanto, ainda há pontos a serem esclarecidos nesse sentido”, declara Daniel.
A eficácia dessa lei e seu impacto nos setores relevantes ainda são incertos. “Como profissional do mercado, estou sendo cauteloso em considerar esse aspecto ao negociar, já que teoricamente isso pode desvalorizar as máquinas importadas. No entanto, o impacto parece estar restrito às obras do PAC. Quais obras são consideradas do PAC? Elas se limitam às iniciativas do governo federal ou incluem projetos em parceria com governos estaduais ou municipais? Além disso, qual será o prazo para a conclusão dos procedimentos burocráticos necessários? Dado o atual déficit do país e as obras do PAC ainda em andamento, parece que é cedo para tirar conclusões definitivas. Até o momento, não vi nenhum grande alvoroço em relação a isso”, opina Daniel.
De acordo com Daniel, a responsabilidade inicial pela fiscalização recai sobre os estados e municípios. No entanto, segundo Daniel, como isso será implementado ainda não está claro. “Não estou vendo um grande impacto até o momento, principalmente porque uma parcela significativa das máquinas usadas em infraestrutura não é produzida no Brasil. A importação de máquinas já é uma prática comum devido à necessidade de produtividade nas obras. É natural importar máquinas que não são fabricadas no Brasil. Curiosamente, os maiores importadores são representantes da indústria brasileira que fabricam outros tipos de máquinas. Até agora, não observei nenhum impacto significativo que alterasse drasticamente a situação. Se houver mudanças, elas afetarão principalmente aqueles que estão diretamente envolvidos com as obras do PAC. Das 4 mil empresas que trabalham com a linha amarela, por exemplo, apenas 10% são destinados ao PAC. São empresas que realizam serviços locais, como pequenas obras. No caso do saneamento básico, haverá demanda por máquinas, mas a maioria das retroescavadeiras já é produzida no Brasil. No entanto, as mini escavadeiras usadas em obras de saneamento não têm produção nacional”, conclui Daniel.
Entrevistado
Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema)
Contato
Assessoria de imprensa Sobratema - sylvia@meccanica.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
Lotes 1 e 2: concessões selam compromisso com obras rodoviárias no Paraná
Nesta terça-feira (30), foi realizada a assinatura dos contratos de concessão dos lotes 1 e 2 do sistema rodoviário paranaense. Com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador do Paraná, Ratinho Junior, a cerimônia marca a transferência do controle das rodovias que compõem os lotes 1 e 2 para as empresas vencedoras dos leilões.
A vencedora do lote 1 foi a Infraestrutura Brasil Holding XXI S.A., que vai gerir o ativo como concessionária Via Araucária. Já a responsável pela gestão do lote 2 será a Consórcio Infraestrutura PR, que o administrará como EPR Litoral Pioneiro. Estas concessões têm duração de 30 anos e englobam a responsabilidade de operar, manter e melhorar o sistema rodoviário, contribuindo assim para o desenvolvimento da infraestrutura de transporte na região.
As organizações alocarão uma quantia de mais de R$ 30 bilhões, abrangendo investimentos e serviços operacionais, para os 19 segmentos viários que constituem os dois lotes. Essa iniciativa trará benefícios aos residentes de 41 municípios na região, contemplando aproximadamente 6 milhões de habitantes.
“A concessão dos Lotes 1 e 2 do Paraná marca o início de um programa abrangente que incluirá rodovias federais e estaduais, visando aprimorar a logística na região. Os dois lotes somam mais de 30 bilhões de investimentos no Estado do Paraná, buscando revitalizar a manutenção e conservação dos trechos leiloados, impulsionar o desenvolvimento econômico das cidades conectadas, garantir a segurança dos usuários e promover benefícios cruciais para a infraestrutura regional e nacional. Prevê-se que a concessão do Lote 1 crie, entre empregos diretos e indiretos, 81,7 mil postos de trabalho. A expectativa é que a concessão do Lote 2 gere cerca de 110 mil empregos diretos e indiretos, impulsionando o crescimento econômico da região”, explica a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT).
Para o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), as obras previstas nas novas concessões vão transformar a infraestrutura e logística no Estado, sendo um passo importantíssimo para consolidar o Paraná como o hub logístico da América do Sul.
Lote 01
O primeiro lote percorre de forma direta 18 municípios e inclui, no total, cinco postos de cobrança localizados em Imbituva, Irati, Porto Amazonas, São Luiz do Purunã e Lapa.
A extensão do segmento que passará a ser administrado pela Via Araucária abrange 473 km de vias, compreendendo trechos das rodovias BR-277, BR-373, BR-376 e BR-476, além de partes das PR-418, PR-423 e PR-427.
Conforme estabelecido pelo Programa de Exploração da Rodovia (PER), as vantagens centrais abrangem a realização de 344 km de obras de duplicação, a extensão de 81 km de faixas adicionais, a implementação de 38 km de terceira faixa e a construção de 41 km de vias marginais. Além disso, estão previstas 11 passarelas, 60 paradas de ônibus e a execução de 79 Obras de Arte Especiais, entre outras iniciativas.
Lote 02
O lote 2 abrange 605 km de rodovias, compreendendo trechos das BR-153, BR-277, BR-369 e das rodovias estaduais PR-092, PR-151, PR-239, PR-407, PR-408, PR-411, PR-508, PR-804 e PR-855. Este lote, de acordo com o Governo do Paraná, contará com sete praças de pedágio nos seguintes trechos: São José dos Pinhais (BR-277), Carambeí (PR-151), Jaguariaíva (PR-151), Sengés (PR-151), Quatiguá (PR-092) e duas em Jacarezinho (BR-153 e BR-369). Quatro destas praças já são existentes e três delas ainda deverão ser implantadas.
Segundo a ANTT, o projeto abrange diversas melhorias, incluindo a duplicação de 350 km de rodovias, a adição de 139 km de faixas extras, incluindo a desafiadora Serra do Mar, a construção de 73 km de vias marginais, 52 passarelas para pedestres, duas áreas de descanso para caminhoneiros e 150 paradas de ônibus.
Uso de concreto nas obras
De acordo com informações da ANTT, o dimensionamento contemplou soluções em pavimento semirrígido (uso de base cimentícia), dependendo do tráfego do segmento. “O pavimento rígido foi indicado exclusivamente para as praças de pedágio.”
Ainda segundo a ANTT, as Obras de Arte Especiais (OAEs) foram modeladas em concreto, abrangendo pontes, passagens inferiores e superiores, e viadutos. “Correções de traçado são realizadas com ajustes geométricos na via, sem acréscimo de outros dispositivos de maior porte. Serviços em concreto podem ser empregados em dispositivos de drenagem, exceto em locais de fauna”, afirma o órgão.
Cronograma
O cronograma prevê que os primeiros três anos serão dedicados à elaboração dos projetos de engenharia e obtenção de licenças ambientais, segundo o DER. “A partir do quarto ano começam a ser executadas as obras, com empreitadas iniciando também no quinto, sexto e sétimo ano de concessão, e previsão de conclusão de todas as obras ainda na primeira década”, conclui o órgão.
Entrevistados
Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT)
Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR)
Contatos
DER-PR: comunicacao@der.pr.gov.br
ANTT: imprensa@antt.gov.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.