Software para engenheiros acelera em até 8 vezes orçamentos de obras
Um dos grandes desafios para quem trabalha com obras é fazer orçamentos. Sobretudo, é quase como um trabalho braçal – requer paciência e atenção para não errar nenhum detalhe. Para facilitar o dia a dia de engenheiros e profissionais da construção civil, o software Orçafascio utiliza inteligência artificial e acelera em até oito vezes os orçamentos de obras.
Atualmente, o programa é utilizado por mais de 4 mil clientes e mais de 150 mil usuários. “A nossa maior missão é a popularização de sistemas para engenheiros. Somos uma empresa baseada em low cost e nosso intuito é oferecer a mesma ferramenta para empresas de diferentes portes – seja pequena, média ou grande. E que elas tenham oportunidade de usar esta ferramenta para crescer”, aponta Antonio Fascio, CEO e sócio da Orçafascio.
Como funciona o Orçafascio?
Em primeiro lugar, o Orçafascio é um software para engenheiros que possibilita uma pesquisa simplificada, com preços atualizados automaticamente.
Ainda, ele apresenta vantagens para diversos tipos de públicos. Para obras públicas, por exemplo, um de seus benefícios é que ele segue a legislação e os acórdãos do TCU. Para incorporadoras, traz o BIM 4D & 5D como solução. Já as empresas que trabalham com obras privadas poderão acompanhar a obra online, evitando desperdício no seu canteiro e paralisação por falta de material. Para escolas e universidades, há a licença gratuita.
Além disso, recentemente, ele passou a oferecer soluções voltadas para BIM que permitem orçar também projetos complementares como o elétrico, CFTV, dados e telefonia. Em breve, a ideia é lançar também para o hidráulico.
Por fim, o Orçafascio também tem plugins que podem ser integrados ao Autodesk, empresa proprietária do AutoCAD, um dos softwares mais populares no mercado de construção civil.
Diferenciais do Orçafascio
A adequação à legislação foi um dos primeiros diferenciais da ferramenta. “Na época em que ele foi lançado, com os outros softwares existentes, era preciso passar por uma etapa de colocar a planilha em Excel para fazer algumas adequações à legislação, algo que era extremamente trabalhoso e demorava cerca de duas a três semanas.
Posteriormente, a ferramenta incluiu mais uma funcionalidade para facilitar a vida dos profissionais orçamentistas: a extração de quantitativo. “Antes, para extraí-lo, era preciso ter uma planta, ir medindo com a régua e anotando. É algo que chamamos de memória de cálculo. No Orçafascio, nós criamos uma tecnologia baseada em editor de critérios, no qual extraíamos os quantitativos de forma muito mais rápida que em outros softwares”, revela Fascio.
E foi nesta fase que a tecnologia BIM - Building Modeling Information (Modelagem da Informação da Construção) - entrou na jogada. Ela utiliza modelos de informação para todo o ciclo de vida de uma construção. Assim, a tecnologia BIM fornece informações gráficas fiéis à construção. Ainda, reúne informações e dados precisos sobre uma determinada obra. “Trata-se de um processo, não de um software. Com ele, você tem as coisas bem definidas. Se tem uma padronização, é mais fácil substituir alguém caso saia. É mais fácil de você não errar porque você tem um checklist daquelas tarefas”, comenta Fascio.
Num terceiro momento, a empresa trouxe mais um diferencial: o software aprende a fazer orçamento com você. “Comecei a buscar uma inteligência artificial que fosse baseada em machine learning – isto é, a máquina pode modificar seu comportamento autonomamente tendo como base a sua própria experiência. Então, ele é o único software da área que aprende a fazer orçamento com o próprio usuário e devolve isso em insights. Quanto mais você usa o Orçafascio, mais ele aprende a fazer orçamento com você”, justifica Fascio.
Inteligência artificial no mercado de construção civil
Embora a inteligência artificial seja um dos principais diferenciais do Orçafascio, o mercado de construção civil ainda tem bastante a evoluir neste quesito de tecnologia.
“Atualmente, há soluções em inteligência artificial voltadas para o canteiro. No entanto, é um processo relativamente novo. Existem também algumas iniciativas voltadas para planejamento – inclusive também estamos trabalhando nisso. Acredito que ainda vai avançar muito”, pontua Fascio.
Na opinião de Fascio, nos próximos anos, será possível ver coisas que eram inimagináveis para engenheiros. “Muita gente questiona se a inteligência artificial irá substituir esta profissão. Entretanto, eu acredito que isso só vai tirar o trabalho braçal que ele tinha. Para os engenheiros vai sobrar aquele trabalho mais analítico – caberá a ele tomar decisões baseadas em sua própria experiência. Isso é algo que a máquina nunca vai conseguir substituir”, afirma.
Ainda, de acordo com Fascio, a inteligência artificial poderá auxiliar, por exemplo, na hora de pedir materiais para um canteiro. “Eu vou saber a quantidade de dias necessários para a entrega, além de poder comparar a produtividade de um canteiro”, conclui.
Entrevistado
Antonio Fascio, CEO e sócio da Orçafascio.
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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Concreto com o mais alto nível de durabilidade é inspirado no esmalte dentário
O material de construção mais popular do mundo, o concreto, caminha para uma versão revolucionária nos próximos anos, o chamado Concreto de Ultra Alta Durabilidade (UHDC). Ele vem sendo desenvolvido com o foco de integrar o melhor dos mundos no que se refere à tecnologia de concreto unindo conceitos de ponta de autocicatrização e de alto desempenho, a fim de elevar o material para uma faixa de resistência 10 vezes superior ao concreto especial usado atualmente em Estações de Tratamento de Água e Esgoto (ETE).
Calcula-se que o UHDC chegará a um patamar entre 300 e 350 megapascal (MPa). O doutorando e mestre em Ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e diretor técnico do Penetron Internacional, o engenheiro civil Emilio Minoru Takagi, que participa do desenvolvimento desse projeto, conta que esse salto de durabilidade e resistência é garantido por revestimentos antiácidos à base de geopolímeros. “Mimetizamos o que ocorre na natureza. A inspiração vem do esmalte do dente que protege a dentina, um tecido vivo e é autocicatrizante”, explica o engenheiro. “Mesmo com essa resistência fantástica de 350 megapascal (MPa), de 98% em relação ao ácido sulfúrico, o material exige manutenção adequada, do contrário ocorre a deterioração assim como ocorre com o esmalte dos dentes que sem o devido cuidado dão lugar às cáries”, compara.
O projeto teve início em 2017, está orçado entre R$ 200 mil e R$ 300 mil e conta com verbas de fomento. É uma realização conjunta entre Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que disponibiliza a estrutura para os ensaios e pesquisa, a iniciativa privada por meio de toda a expertise da Penetron (que participa do projeto ReSHEALience) e empresas de saneamento como a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). “Esse Concreto de Ultra Alta Durabilidade soma aditivos cristalizantes com nanocelulose e material antimicrobiano para potencializar a vida útil em pelo menos 50% do concreto utilizado hoje em Estações de Tratamento de Esgoto e multiplica por 10 a resistência atual chegando aos 350 MPa”, destaca Takagi.
Pelos cálculos, o metro cúbico deste produto deverá custar o dobro do concreto normal, mas a durabilidade e resistência tornam essa inovação muito mais vantajosa economicamente. Além disso, toda essa resistência é garantida com uma espessura bem mais fina. “A parede com o UHDC tem uma espessura equivalente a um terço do que é necessário atualmente, isso permitirá em um segundo momento fazer uso da impressora 3D para realizar as obras do futuro, garantindo escala”, comenta.
Tal vantagem se mostra completamente pertinente ao desafio de até 2033 universalizar o tratamento de água e a coleta de esgoto no Brasil. Algo que ainda não é realidade para milhões de brasileiros, 35 milhões não têm acesso a água tratada e são 100 milhões sem coleta de esgoto. “Esse projeto traz um alcance social que toda pesquisa deveria ter, unindo universidade, indústria e órgãos governamentais para solucionar problemas da sociedade”, defende o doutorando do ITA.
Essa tecnologia também traz uma segunda vertente que é o ecocimento para estruturas pequenas como decantadores e biodigestores. A Usina de Biogás da Raízen em Guariba (SP) conta com dois biodigestores construídos com esse material. A Copasa também tem utilizado o produto em obras do município de São José da Lapa (MG).
Sobre o projeto ReSHEALience
Segundo Takagi, na Europa, o projeto ReSHEALience vem repensando a infraestrutura exposta às condições ambientais agressivas. Isso com o objetivo de encontrar equilíbrio adequado entre o aumento da vida útil das estruturas de concreto em, pelo menos, 30%. O ReSHEALience trabalha para desenvolver o UHDC para enfrentar os desafios de infraestrutura - causados pela aceleração das mudanças climáticas - atualmente enfrentados pelos países membros da União Europeia (UE) devido a condições de exposição. O Politecnico di Milano (Itália) é o coordenador do projeto e a Penetron Italia é a beneficiária do projeto ReSHEALience, fornecendo sua experiência em tecnologia de mistura cristalina e autocura estimulada na construção de seis pilotos. Os materiais UHDC integrarão a tecnologia cristalina da Penetron e enfrentarão testes extensivos sob exposições extremamente agressivas (EAE). Uma vez comprovado o sucesso, o UHDC incrementará a durabilidade estrutural dos projetos de construção de infraestrutura.
Outro objetivo do projeto é projetar e produzir estruturas que usam 60% menos recursos, exigindo menos custos de manutenção e proporcionando uma vida útil mais longa para aplicações em setores estratégicos: infraestruturas costeiras e portuárias, estações de tratamento de água, energia eólica offshore, usinas geotérmicas e de biomassa e aquicultura.
Entrevistado
Emilio Minoru Takagi, doutorando e mestre em Ciências pelo ITA e diretor técnico do Penetron Internacional, o engenheiro civil
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Jornalista responsável
Magaléa Mazziotti
MTB 4407/PR
Setor de construção civil está otimista para os próximos seis meses
Depois de projeções cercadas de um otimismo moderado para 2022, a indústria da construção civil demonstrou expectativas positivas para os próximos seis meses. Isto é o que mostra o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) por setor, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).De acordo com os resultados apresentados, a confiança do segmento avançou de 55,8 pontos para 56,6 pontos entre janeiro e fevereiro de 2022.
Para chegar a este resultado, a instituição consultou 428 empresas, sendo 157 de pequeno porte, 183 de médio porte e 88 de grande porte.
Em comparação a janeiro de 2022, fevereiro destacou-se pelo avanço em índices como nível de atividade, número de empregados, compra de matérias-primas e novos empreendimentos.
Confira as expectativas para a indústria da construção civil em diferentes quesitos.
Nível de atividade
Dentre todos os índices, este foi o que apresentou maior avanço - inclusive atingiu a maior pontuação desde fevereiro de 2020 (antes da pandemia). Ao comparar os dois primeiros meses de 2022, a expectativa do nível de atividade subiu 1,2 ponto, chegando a 58,5 pontos.
Número de empregados
Este foi o indicador que menos evoluiu no último mês. No quesito de expectativa de pessoas empregadas no setor, o índice aponta uma alta de 55,5 para 55,9 pontos ao comparar janeiro e fevereiro de 2022.
Compra de matérias-primas
Com relação ao índice de expectativa de compra de insumos e matérias-primas, ele subiu 1,0 ponto, chegando a 56,9.
Novos empreendimentos
Ao mesmo tempo, o índice de expectativa de novos empreendimentos também aumentou entre janeiro e fevereiro, chegando a 56,6, o que representa um crescimento de 0,8 pontos.
Percepção das condições correntes de seus negócios
A percepção dos empresários da indústria da construção em relação às condições atuais dos seus negócios ficou menos negativa durante o segundo mês do ano. No entanto, embora o índice tenha subido de 47,5 pontos para 49,6 pontos, ele segue abaixo da linha dos 50 pontos - o que ainda representa uma visão menos otimista.
Intenção de investir
Desde o início da pandemia, este índice tem se apresentado bastante volátil. Em fevereiro de 2022, ele caiu 1,2 pontos, chegando a 43,6 pontos. Mesmo assim, se comparado a outros anos, ele ainda está acima da média histórica.
Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI)
Dentro do setor da Indústria da Construção, o ICEI avalia os seguintes segmentos: construção de edifícios, obras de infraestrutura e serviços especializados para a construção.
No primeiro deles, o índice de confiança subiu de 56,5 em janeiro para 58,1 em fevereiro. No entanto, se compararmos com este mesmo período de 2021, este valor estava mais alto, em 59,4. Para as obras de infraestrutura, o valor subiu de 54 para 55,2, ao comparar janeiro e fevereiro de 2022. Já em 2021 este índice era de 55,8. Por último, na parte de serviços especializados para a construção, entre janeiro e fevereiro, o índice de confiança caiu de 55,1 para 54,4. Em fevereiro de 2021, este valor estava em 56,8 pontos.
Entrevistado
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Pandemia impacta construção de novos prédios corporativos
A pandemia trouxe um grande impacto para a construção de prédios corporativos. Em São Paulo, por exemplo, uma área total de 663 mil metros quadrados foi devolvida por empresas, de acordo com levantamento da consultoria Newmark a pedido do Estadão/Broadcast. Ainda, foi possível observar também um aumento na área de vacância da cidade, que subiu para 25%, segundo a consultoria JLL. Este foi um crescimento de 8 pontos percentuais acima do registrado no primeiro trimestre de 2020.
Simultaneamente, os lançamentos de edifícios corporativos também diminuíram bastante. Nos anos de 2020 e 2021, foram entregues em São Paulo 16 prédios corporativos. Este é o mesmo número de edifícios empresariais lançados só no ano de 2018.
Só em 2021, os escritórios devolvidos somaram 390 mil metros quadrados, o maior nível já registrado, superando até mesmo os 273 mil metros quadrados de 2020, quando a pandemia começou.
Lançamentos de prédios corporativos no Paraná
Fora de São Paulo, este mercado corporativo costuma ser menor e ter menos oferta, portanto, há menos impacto. Entretanto, este setor de salas comerciais e prédios corporativos também sofre no Paraná, de acordo com Marcos Kahtalian, VP de Banco de Dados do Sinduscon-PR Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR).
“Na região Sul, o segmento de prédios corporativos não tem uma presença expressiva. Por aqui, já há uma restrição maior de ofertas de empreendimentos neste estilo. Há edifícios que já têm locações estabelecidas e antigas. No Paraná, não há grandes obras ou lançamentos neste setor. Em Curitiba, por exemplo, não houve nenhum lançamento corporativo nos últimos dois anos. Ao mesmo tempo, não há nenhum projeto significativo em andamento neste momento”, aponta Kahtalian.
Prédios corporativos: área da saúde em destaque
Por outro lado, a área de saúde tem crescido durante a pandemia. Consequentemente, estes profissionais e empresas têm aumentado a procura por salas e prédios comerciais.
“Este é um setor que tem buscado imóveis comerciais de forma significativa. Aqui no Paraná, como em todo Brasil, faltavam empreendimentos voltados para a área de saúde. Então, esta foi uma movimentação importante que ocorreu com sucesso. Em Curitiba, nos últimos anos, foram criados cinco empreendimentos da área médica, que estão em venda ou construção. Inclusive, há uma obra muito grande voltada para a 3ª idade, dentro do conceito médico. O mercado que mais vem tendo sucesso é este voltado para serviços de saúde e salas comerciais menores de maneira geral. Enquanto isso, o mercado típico de lajes corporativas está mais paralizado”, explica Kahtalian.
Futuro dos prédios corporativos
Na opinião de Kahtalian, deve ocorrer uma permanência do mercado corporativo nos grandes centros, mesmo que com modelos híbridos. No entanto, ele destaca que enquanto muitos estão deixando de lado as salas comerciais e desocupando-as, há outras empresas que estão crescendo, como é o caso das fintechs e startups, e estão precisando de espaços compartilhados para criar uma cultura corporativa.
Ainda, Kahtalian vê que há uma preferência por espaços menores. “Sobretudo, muitas empresas estão reduzindo seus espaços. Ao invés de ter uma sala de 3 mil metros quadrados, estão optando por uma de mil metros quadrados, e o espaço restante pode ir para outras empresas. Inclusive, muitas corporações nem devolveram e nem reduziram, mantiveram os endereços mesmo não estando ocupados porque entendem que há um momento de retorno”, expõe.
Esta também é uma tendência já confirmada pela consultoria Newmark. De acordo com um estudo realizado com 218 empresas, 35% delas reduziram suas sedes. Em 2021, os escritórios devolvidos somam 390 mil metros quadrados - 117 mil metros quadrados a mais que em 2020.
Entrevistado
Marcos Kahtalian, VP de Banco de Dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR).
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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Corredor de desenvolvimento é o que ponte e Rota Bioceânica trarão
Mesmo sem evento oficial de lançamento da pedra fundamental da obra da Ponte Bioceânica do lado brasileiro, a obra registrou as primeiras medições ao longo da segunda semana de fevereiro. As informações são da assessoria de imprensa do governo estadual do Mato Grosso do Sul.
O investimento na nova ponte será de US$ 102,6 milhões (cerca de R$ 575,5 milhões ou 649.483.986.793 guaranis). A obra será 100% financiada pela paraguaia da Itaipu Binacional. O Ministério de Obras Públicas e Comunicações (MOPC) do país vizinho, como entidade executora do projeto, cedeu a construção ao Consórcio Binacional PY-BRA, composto pela Tecnoedil S.A. Constructora., Cidade LTDA e Paulitec Construções. O prazo de execução da obra é de 36 meses, com previsão de conclusão para 2024.
A ponte terá uma extensão total de 1.294 metros (incluindo o trecho estaiado e os viadutos de acesso), com largura de 20,10 metros. A parte estaiada, centrada no leito do rio Paraguai, terá 625,37 metros de extensão, com vão central de 350 metros. Desta forma, as fundações das torres principais serão levantadas fora do leito normal do rio.
A nova ligação bioceânica, destinada ao transporte rodoviário, vai intensificar as relações comerciais e sociais entre os países que atravessa: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, trazendo também esta nova rota para o Sul da Bolívia. Entrando no âmbito regional, a Rota Bioceânica unirá as áreas de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, no Brasil; Alto Paraguai e Boquerón, no Paraguai; Salta e Jujuy, na Argentina; e Antofagasta, no Chile.
Esta será a segunda ponte entre os dois países construída com recursos da Itaipu Binacional. A primeira é a Ponte da Integração Brasil – Paraguai, sobre o Rio Paraná, entre Foz do Iguaçu (BR) e Presidente Franco (PY), que já alcançou 73% de execução. A obra custou R$ 323 milhões – arcados pela margem brasileira da Itaipu – e deve ficar pronta até setembro de 2022.
Estrutura
A estrutura vai dispor de 1294 metros de extensão total, com duas pistas de rolagem de veículos de passeio e caminhões, com 12,5 metros de largura, e duas passagens nas laterais, com 2,5 metros cada uma, para o trânsito de pedestres e ciclistas. A Ponte Bioceânica é uma obra estratégica que, além de fortalecer a integração regional, vai dar funcionalidade ao Corredor Rodoviário Bioceânico, em fase de finalização. É fruto de um acordo entre os governos do Paraguai e do Brasil e inclui não só a construção da ponte, mas também a infraestrutura necessária que permitirá a interligação rodoviária e promoverá o desenvolvimento sustentável das duas nações. Isso integra o Corredor Bioceânico, que representa um elo fundamental na união entre o Pacífico e o Atlântico, através do Chaco Paraguaio.
Uma vez em operação, tanto a Ponte Bioceânica quanto o novo corredor viário, a Região Oeste do país se tornará um grande Centro Logístico Internacional, gerando infinitas oportunidades.
Entrevistados
Reportagem baseada nas informações apuradas juntos ao Portal MS, Itaipu e assessoria de imprensa do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul, Minfra e DNIT
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Magaléa Mazziotti - MTB 4407/PR
Avaliação da Eletrobras segue em xeque
A privatização da Eletrobras teve um novo capítulo no último dia 15 de fevereiro, quando a área técnica do TCU (Tribunal de Contas da União) analisou a primeira parte da privatização da Eletrobras (ELET6 ; ELET3), referente à outorga (valor da taxa que precisa ser paga à União), que foi aprovada por seis votos contra um. O trâmite ainda não acabou, inclui pelo menos duas etapas importantes, dentre as quais um segundo aval do TCU. Na visão de quem acompanha o setor, as críticas convergem de que houve erro na avaliação da Eletrobras, que reduziu o valor em contratos em R$ 46 bilhões.
O placar final do TCU votou pela continuidade do processo de desestatização, com apenas Vital do Rêgo sendo divergente, enquanto seguiram o ministro-relator, Aroldo Cedraz, os ministros Raimundo Carreiro, Benjamin Zymler, Walton Alencar Rodrigues, Augusto Nardes e Jorge Oliveira. Segundo Vital do Rêgo, se o governo considerasse o componente potência, os valores dos contratos seriam de R$ 113 bilhões. O governo quer privatizar a Eletrobras por R$ 67 bilhões. Para o engenheiro mecânico e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR), Ricardo Vidinich, de forma bem resumida, o grande problema no valor está no fato do governo desconsiderar o patrimônio existente entre o custo das obras, desapropriação e indenização de terras já pagos pelos consumidores. “Só está sendo contabilizada a manutenção e troca de equipamentos analógicos por digitais, a chamada repotencialização das máquinas”, pondera. “É importante levar em consideração que essas barragens e os terrenos vão durar por centenas de anos. Vai muito concreto nas barragens de cada Usina.
Para exemplificar, em Itaipu foram aplicados 12,7 milhões de metros cúbicos de concreto e em Belo Monte foram 3 milhões de metros cúbicos”, ressalta. Importante que essas barragens e os terrenos vão durar por centenas de anos.
Ele também observa que “a privatização não gera quilowatt a mais de energia nova”. “A retirada do regime de cotas e transformação em preços de mercado cria essa distorção que, mais uma vez, prejudica o consumidor, a exemplo do que observamos ao longo de toda a crise hídrica”, constata.
De acordo com os esclarecimentos do ministro Vital do Rêgo, a modelagem apresentada pelo governo “não precifica a potência”. Isso faz com que a modelagem de garantia física fique defasada na desestatização da Eletrobras: “ao desconsiderar o componente potência, desconsidera-se o potencial de arrecadação por meio de sua venda”, de modo que o valor adicionado dos contratos (VAC) pode estar sendo indevidamente subavaliado. Além do impacto de não precificar a potência, na ordem de R$ 46 bilhões, o erro avaliado no risco hidrológico e a diminuição dos descontos acertados pelo governo fariam o valor do VAC chegar a R$ 130,4 bilhões, o que renderia ao Tesouro Nacional R$ 57,2 bilhões, quase o dobro do que foi apresentado pelo projeto, e R$ 63,7 bilhões destinados à CDE. O governo apresentou VAC de R$ 67,05 bilhões, dos quais R$ 32 bilhões para CDE e R$ 25 bilhões para o Tesouro Nacional.
Próxima semana
Antes de retornar aos ministros, o assunto vai ser discutido no próximo dia 22 de fevereiro em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), convocada pela Eletrobras. No encontro, os acionistas da estatal precisam aprovar a emissão de novas ações da empresa na Bolsa brasileira e em Nova York, conforme prevê o plano de desestatização; aprovar a reestruturação societária da Eletrobras; autorizar o conselho de administração a definir, negociar e aprovar os termos das ofertas. Isso também é fundamental para que a privatização ocorra. Na visão do presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (ABRAPCH), Paulo Arbex, os questionamentos podem até atrasar o processo, mas ele acredita que a desestatização será concluída em meados de 2022.
Confira também: ABRAPCH aguarda desenrolar dos leilões para comemorar mudanças
Entrevistados
Ricardo Vidinich é engenheiro mecânico e Conselheiro do Crea-PR, foi representante do Crea-PR no Conselho de Consumidores da Copel
Paulo Arbex - presidente da ABRAPCH
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https://www.crea-pr.org.br/ws/fale-conosco
https://abrapch.org.br/contato/
Jornalista responsável
Magaléa Mazziotti - MTB 4407/PR
ABNT estuda permitir o uso de concreto sem armaduras para estruturas
A construção de edifícios simplificados com concreto reforçado com fibras no lugar de concreto armado é uma das novidades que o setor da construção civil pode ter em breve. Esta possibilidade está sendo avaliada na atualização da ABNT NBR 16055 (Paredes de concreto moldadas no local para a construção de edificações - Requisitos e procedimentos), criada em 2012 e que está em processo de revisão desde junho de 2019.
Segundo a assessoria de imprensa da ABNT, no próximo dia 16 de março, a Comissão de Estudo responsável pelo processo - ABNT/CE 002:123.005 (Parede de concreto) - se reúne com previsão de concluir o desenvolvimento técnico do projeto. A ABNT NBR 16055 vem sendo revista para ser conciliável com a ABNT NBR 16935 (Projeto de estruturas de concreto reforçado com fibras - Procedimento), que estabelece os requisitos de desempenho mecânico para estruturas de concreto reforçado com fibras (CRF) - com atuação isolada ou em conjunto com as armaduras.
A novidade já tinha chamado a atenção durante o 26º Congresso Brasileiro de Engenheiros Civis, realizado de 15 a 17 de dezembro de 2021, em Curitiba. Na ocasião, o engenheiro civil Ricardo Ferreira, que participa dos comitês da ABNT, falou sobre a atualização da norma durante sua palestra, cujo tema era o aumento da produtividade e competitividade da produção de estruturas em concreto autoadensável e reforçado com fibras.
Para Ferreira, uma das vantagens do concreto reforçado com fibras é evitar que as estruturas sofram com problemas como a corrosão de armaduras. Vários tipos de fibras podem ser usadas, entre elas as de vidro e as de polímeros.
Fontes
ABNT
26º Congresso Brasileiro de Engenheiros Civis
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cit@abnt.org.br
Jornalista responsável
Fabiano Camargo - MTB 3141/11/190 PR
Luz no fim do túnel para a economia com marco legal das ferrovias
Um ciclo virtuoso está se estruturando para literalmente trilhar no setor ferroviário. Graças a Medida Provisória 1065, que estabeleceu o novo marco legal de autorizações ferroviárias e que tem sido tratado nas divulgações do governo federal como Pro Trilhos (Programa de Autorizações Ferroviárias). De agosto de 2021, quando foi editada a MP, até o início de fevereiro, o Ministério da Infraestrutura (Minfra) já recebeu 79 requerimentos para construção e operação de trechos de ferrovias pelo regime de autorização, que preveem 20.721 quilômetros em novos trilhos e cruzam 17 estados e o Distrito Federal. Juntos esses pedidos têm potencial de injetar R$ 240,8 bilhões na economia, só na geração de empregos diretos e indiretos são projetados 2,6 milhões de postos de trabalho.
Essa virada de chave se deve à desburocratização a partir do uso da outorga por autorização para o setor ferroviário, permitindo a livre iniciativa no mercado ferroviário. Isso permite ao setor privado construir e operar ferrovias, ramais, pátios e terminais ferroviários, algo que até então ficava restrito às concessões. Para os especialistas, o marco legal é fundamental, ainda que essa resposta imediata seja só o início, já que ferrovias são obras de longa duração, caras, repletas de incertezas, porém, necessárias para o balanceamento das operações logísticas e o desenvolvimento do país. “Foi fundamental, pois antes nem se falava de ferrovia e agora temos uma luz no fim do túnel”, reconhece a diretora de relações governamentais da Wabtec Corporation, Márcia Gomes. “Nós da indústria ferroviária somos a última ponta a sentir o efeito prático de aumento da demanda em uma iniciativa como essa, mas o otimismo ainda assim é muito grande pelos efeitos práticos que isso representa para toda economia.
Subir o transporte ferroviário e colocar cada modal em sua devida vocação é desenvolvimento”, acrescenta. Profissional e carreira no setor ferroviário, a executiva avalia que se de fato todo o Plano Nacional de Logística (PNL35) for viabilizado e a matriz de transportes ter 30% composta pelo sistema ferroviário, o incremento de 30% no PIB em 2035 é muito realista, já que um país com dimensões continentais e a topografia brasileira sempre deveria ter contado com o transporte ferroviário estruturado para sua logística. Os caminhões deveriam ser usados para movimentar cargas dos centros de distribuição e levar para os centros de consumo, enquanto pelas ferrovias se dá o transporte de grandes quantidades a longas distâncias. “Pela primeira vez estamos vendo os projetos saindo do papel. Há 79 projetos saindo do papel e 36 analisados. Acredito mais que os projetos menores saindo do papel, os chamados short lines, porque cada quilômetro de ferrovia ultrapassa R$ 8 a 9 milhões de investimento só de trilho”, pondera.
De contratos assinados junto ao Minfra existem pelo menos 22 feitos por 13 grupos empresariais que pretendem desembolsar R$ 102,85 bilhões nas novas estruturas do modal. Para entender o significado disso, basta olhar para o orçamento em 2021 do Minfra que foi de aproximadamente R$ 7 bilhões. “Nós da indústria temos tecnologia, inovação, estrutura para suportar todos esses projetos e estamos na torcida para que todos virem realidade obviamente”, afirma Márcia. A Wabtec possui capacidade de fabricar 120 locomotivas por ano e a indústria ferroviária mais de 200 e 8 mil vagões por ano. Há base instalada para isso. “Claro que nos últimos anos foi bem aquém, a indústria toda ficou bem ociosa”, reconhece.
Também há expectativa sobre as autorizações para ferrovias existentes, com reforma de trilhos e repaginação de ferrovias. Dados da Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga (Anut), dão conta que dos 30 mil quilômetros de ferrovias concessionadas ao setor privado no Brasil, nem 12 mil quilômetros operam em sua plenitude, sendo 10 mil inutilizados, que foram abandonados. “Quando as concessionárias assumiram focaram em trechos de alta densidade e inutilizaram onde não fazia sentido. Pode não fazer sentido investimento para minério, mas pode para passageiros, carga geral ou outras coisas. O desafio do governo é realocar o traçado, dar outro direcionamento para a atividade econômica para aquele traçado”, defende a especialista.
Entrevistada
Márcia Gomes - diretora de relações governamentais da Wabtec Corporation
Contatos
Ministério da Infraestrutura (Minfra)
Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga (Anut)
Jornalista responsável
Magaléa Mazziotti - MTB 4407/PR
ABRAPCH aguarda desenrolar dos leilões para comemorar mudanças
As geradoras de energia de pequeno porte estão em compasso de espera sobre o desenrolar dos novos leilões de energia ao longo de 2022. Isso porque todo plano de expansão do setor decorrente da lei de desestatização da Eletrobras, em meados de 2021, no qual as distribuidoras terão que aplicar 50% da demanda nos leilões de energia para Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), ficou nebuloso no encerramento do ano com ações como o Leilão de Reserva de Capacidade envolvendo novamente as termelétricas e contratos que vão até 2026 com prioridade no despacho.
Pela Lei 14.182/2021, o processo de privatização da Eletrobras está condicionado à contratação, nos leilões A-5 e A-6, de PCHs para atendimento a no mínimo 50% da demanda declarada das distribuidoras, ao preço máximo equivalente ao teto estabelecido para geração, atingindo a marca de 2000 megawatts. “Claro que iremos pressionar para que se cumpra a lei, até porque nosso setor, diferente das outras fontes de energias limpas (eólica e fotovoltaica), não recebe qualquer incentivo”, garante o presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (ABRAPCH), Paulo Arbex . “Mas pode não haver demanda suficiente para as distribuidoras alcançarem os 2000 MW”, pondera.
Há mais de 20 anos envolvido com toda a história das PCHs e CGHs no Brasil, ele diz que corre o risco do “Brasil jogar energia limpa e barata fora para consumir carvão, energia cara e altamente poluente por decisões equivocadas e que se concentram nas termelétricas”. “Por outro lado, se os leilões seguirem o curso esperado pela lei elaborada para a privatização da Eletrobras, o setor PCHs do Brasil espera que a construção de novas unidades avance em cerca de 30%.
Na visão do presidente do conselho da entidade, Pedro Dias, as PCHs e CGHs ainda têm a vantagem de capilarizar o desenvolvimento sustentável com tecnologia nacional e convertendo na energia mais barata e de menor pegada de carbono. “Nossa fonte é 100% nacional, para construir uma PCH ou CGH não é preciso um parafuso de fora e para cada megawatt gerado surgem 60 postos de trabalho. Onde há um espelho d’água a vida aflora de uma maneira muito intensa”, defende.
CGHs e PCHs
De acordo com a ANEEL, as geradoras de energia elétrica consideradas de pequeno porte podem ser classificadas em Pequena Central Hidrelétrica (PCH) e Central Geradora Hidráulica (CGH). As PCHs são usinas com reservatório de até três quilômetros quadrados e com potência instalada entre 1 e 30 MW. As CGHs são usinas com potência máxima de até 5 MW.
Cenários das PCHs e CGHs para 800 MW/ano contratados
- Geração de Empregos – 1 milhão de postos de trabalho diretos e indiretos
- Investimentos superiores a R$ 100 bilhões de reais.
- 18.000 MW em projetos já estudados e fora do Bioma Amazônico;
- 7.000 MW dos 18.000 MW acima aptos a entrar em leilão;
- 7.000 MW gerariam:
- Energia limpa, barata, estável, de alta qualidade.
Fonte
ABRAPCH/Divulgação
Entrevistados
Paulo Arbex - presidente da ABRAPCH
Pedro Dias - presidente do conselho da ABRAPCH
Contatos
Aneel
ONS
Jornalista responsável
Magaléa Mazziotti - MTB 4407/PR
Por que Curitiba é pioneira em certificações sustentáveis?
Há quase meio século Curitiba iniciou uma série de inovações para tornar o convívio entre moradores e o ambiente mais amigável. Intervenções no sistema de transporte público, de mobilidade e os parques que uniram proteção da riqueza natural e atividades de lazer ajudaram a cidade a se tornar um ponto de destaque quando o assunto são soluções urbanísticas.
A boa relação com o meio ambiente, iniciada na década de 1970, fez a cidade adotar o slogan de Capital Ecológica, no tempo em que se iniciou o programa Lixo que não é Lixo, para estimular a separação de resíduos. As ideias aplicadas em Curitiba contribuíram para tornar o conceito de sustentabilidade ambiental muito valorizado entre seus habitantes.
Essa condição talvez explique o pioneirismo e a excelência desenvolvida em outra frente, a das construções sustentáveis. Hoje, a capital do Paraná está na vanguarda deste movimento e é modelo neste tipo de projeto. A cidade abriga uma série de edificações com certificações nacionais e internacionais, que reconhecem a efetividade das concepções executadas pela cadeia local da construção civil.
Segundo o ranking Casa & Condomínio, elaborado pelo Green Building Council Brasil (GBC), Curitiba se destaca pelo volume de selos verdes. São 24 edificações certificadas em vários níveis, enquanto a cidade de São Paulo tem 42 prédios reconhecidos como sustentáveis. Em terceiro lugar fica o Rio de Janeiro com 11 construções. Em síntese, um empreendimento com características sustentáveis deve respeitar princípios como conservar, reutilizar e reciclar ou renovar.
O engenheiro ambiental João Vitor Gallo, sócio da Petinelli – Soluções em Greenbuilding, entende que há em Curitiba uma cultura ambiental própria. “Os curitibanos estão habituados com temas que envolvem a sustentabilidade e o meio ambiente”, afirma o profissional, cujo escritório foi o primeiro do mundo certificado com o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) Zero Energy, concedido pela US Green Building Council (USGBC), instituição que é referência global na certificação de edificações sustentáveis.
Construção sustentável: diferencial e necessidade
A importância do reconhecimento de Construção Sustentável Certificada surgiu como um diferencial do mercado imobiliário. Houve a necessidade em satisfazer uma parcela da sociedade que passou a se preocupar mais com a preservação dos recursos naturais e com as mudanças climáticas, e colocou entre suas prioridades viver e trabalhar em ambientes saudáveis.
“Os ganhos não são apenas ambientais”, pontua Eloy Casagrande, professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), Ph.D. em engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente. Ele pondera que uma construção sustentável também abrange preceitos econômicos e sociais - para formar o tripé da sustentabilidade -, além dos culturais. O conjunto de boas práticas precisa estar presente em todas as fases do processo construtivo e da vida útil do empreendimento.
Casagrande é idealizador do Escritório Verde na sede da UTFPR, aberto para que profissionais possam realizar experimentos práticos de ideias e materiais sustentáveis. O espaço foi o primeiro do Paraná e o segundo do Brasil conectado à rede elétrica para injetar excedentes de energia, e provou a viabilidade técnica, econômica e ambiental do uso do sistema fotovoltaico em Curitiba.
Entre os desafios do movimento das edificações sustentáveis estão as soluções que assegurem a autossuficiência de água e energia de um imóvel. A recente crise hídrica e a volatilidade dos preços das tarifas de energia, também em razão da falta de chuvas, reforçam a importância da questão econômica. Uma construção sustentável pode custar mais caro – até 15% - mas os especialistas avaliam que o valor é recuperado com a redução de gastos contínuos como os de eletricidade e água, por exemplo.
“O investimento pode até ser maior que a construção convencional, mas se paga em pouco tempo”, avalia Gallo. No caso da eletricidade, o dono de uma edificação com autogeração pode virar inclusive um consumidor positivo, aquele que gera mais quilowatts do que usa e pode repassar o excedente para a concessionária local, faturando com o fornecimento. Hoje, há construções que já são concebidas para atender moradores que estão adotando outro novo hábito, o dos veículos elétricos, e que exigem pontos de recarga para bicicletas e automóveis.
Capital paranaense coleciona certificações
A adesão dos empreendedores curitibanos aos novos conceitos de sustentabilidade na construção começou a ganhar força desde que o edifício Curitiba Office Park, erguido em 2006, conquistou a primeira certificação do Sul do Brasil. Quinze anos depois, a cidade vai contabilizando conquistas e reforçando a vocação de ser pioneira e obter reconhecimentos nacionais e internacionais pelas inovações em edificações verdes.
Em 2021, o edifício LLUM Batel foi premiado com LEED Home Awards da USGBC, organização que tem sede em Washington. É o primeiro do País a receber o Oscar das construções sustentáveis. No ano passado, outra conquista inédita: o Hospital Erastinho, referência em oncopediatria no País, se tornou a primeira unidade de saúde brasileira a receber a certificação internacional LEED for Healthcare.
A cidade coleciona certificados Zero Energy no País e foi a primeira da América Latina a registrar esse tipo de conquista na área de construção. Em 2019, o edifício corporativo Eurobusiness recebeu a certificação LEED Zero Water da USGBC, e foi o primeiro do mundo a se tornar autossuficiente na produção da água que consome. No mesmo ano, uma residência da capital paranaense obteve a maior pontuação do País pelo GBC Brasil Casa e recebeu o selo Platina, o mais alto da certificação de construções sustentáveis.
A área de educação não deixou de buscar soluções para escolas. O Positivo International School recebeu a certificação Leed no nível ouro em 2017. Há dois anos, o FAE LAB, prédio de laboratórios da FAE Centro Universitário, recebeu a classificação LEED Platinum. Em 2012, o Office Green da UTFPR recebeu o Prêmio Boas Práticas, da ONU (Organização das Nações Unidas), e o Prêmio Santander Universidade, na categoria Sustentabilidade.
Entrevistados
Reportagem produzida a partir de dados da Green Building Council Brasil (GBC Brasil) e entrevistas com especialistas no mercado de construções sustentáveis. Apoio das assessorias de imprensa da Petinelli – Soluções em GreenBuilding, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPr) e GBC Brasil.
Fontes
info@petinelli.com
decom@utfpr.edu.br
contato@gbcbrasil.org.br
Jornalista responsável
Silvio Lohmann - DRT-PR 04786