Brasil já é o quinto país no mundo com maior número de construções ESG
O USGBC (United States Green Building), criador do sistema LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental, em português), divulgou recentemente um ranking que classifica os 180 países em termos de sustentabilidade. Baseada em dados de 2020, esta lista mostra o Brasil em 5º lugar, contabilizando mais de 1.500 construções sustentáveis no país. Destas, 641 já estão registradas, enquanto 50 milhões de metros quadrados ainda buscam a Certificação GBC Brasil Condomínio®.
No Brasil, São Paulo tem o maior número de selos verdes - 42. No entanto, Curitiba fica em segundo lugar, com 24 edificações certificadas em vários níveis, segundo dados do Ranking Casa & Condomínio, elaborado pelo Green Building Council Brasil (GBC).
Para Felipe Faria, presidente da GBC Brasil, o segredo para chegar a este resultado foi cruzar os ganhos econômicos com os aspectos de ganho socioambiental. De acordo com Faria, se considerarmos os custos de um prédio ao longo de sua vida útil, 15% é gasto com construção e 85% com operação. Consequentemente, qualquer investimento na fase construtiva já traz o retorno financeiro em curto prazo.
De acordo com o relatório World Green Building Trends 2021, da Dodge Data and Analytics, a redução do carbono incorporado está se tornando uma das principais prioridades da indústria. – o que inclui emissões de fabricação, transporte, instalação, manutenção e descarte de materiais de construção.
Redução de carbono na indústria do cimento
A indústria de construção civil gera grande impacto no meio ambiente. De acordo com o Conselho Internacional da Construção (CIB), mais de um terço dos recursos naturais extraídos no Brasil são para a indústria da construção e 50% da energia gerada abastece a operação das edificações. No relatório World Green Building Trends Report 2021, os participantes apontaram o carbono incorporado como uma de suas principais prioridades para os próximos cinco anos.
Na indústria do cimento, essa preocupação já é bem forte aqui no Brasil. “O nosso país tem menores emissões do mundo de CO₂. Enquanto o mundo emite 620 quilos de CO₂ por tonelada de cimento, aqui no Brasil este número é de 564. Nosso objetivo é chegar em 375 até 2050. Com isso, vamos evitar 420 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera”, aponta Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Na outra ponta do ciclo, há também a questão de descarte de resíduos. “O Brasil é um dos últimos países do mundo que ainda enterra energia. Materiais como papel, papelão, e cavaco de madeira iam parar em aterros. No entanto, tudo isso é energia. Em países europeus, para você levar um resíduo para o aterro sanitário tem um custo brutal. O Brasil ainda está lutando para acabar com o lixão, enquanto países mais desenvolvidos brigam para acabar com os aterros sanitários. Ou seja, utilizar os resíduos dentro dos princípios da economia circular para se tornar matéria-prima de outros produtos. Sem isso, esse resíduo iria para o lixão ou para o aterro sanitário, virando um passivo ambiental”, explica.
Entrevistados
Matéria feita a partir de informações do USGBC (United States Green Building) e World Green Building Trends Report 2021.
Paulo Camillo Penna é presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
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Jornalista responsável
Marina Pastore
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Reciclagem do concreto gera economia e evita passivos ambientais
Após a implosão da antiga sede da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP), em Porto Alegre, o concreto (que virou entulho) passou por uma reciclagem e reinserção na indústria. Iniciativas como esta estão cada vez mais comuns na construção civil e são extremamente benéficas para o meio ambiente.
A SBR, empresa responsável pela gestão destes resíduos, por exemplo, chega a reciclar de 20 a 30 mil toneladas por mês em cada uma de suas unidades. “Este é um material que deixa de ir para os aterros sanitários e passa a fazer parte de uma cadeia sustentável”, argumenta Pedro Henrique Serapião, gerente geral de operações, projetos e comercial da SBR.
O processo de reciclagem
Quando o entulho chega à usina, os materiais estão todos misturados – é possível encontrar terra, concreto, tijolo, plástico, papel, papelão, madeira e pedaços de metal. Lá, esse material é todo separado em um equipamento de triagem mecanizada, onde é retirado tudo o que não pode ser triturado.
De acordo com Serapião, o concreto é um dos materiais mais nobres que existe entre os resíduos da construção civil, uma vez que possui características técnicas de alta resistência, o que é muito bom para um agregado. No final, ele vai virar pedra ou pedriscos.
“São outros materiais que retornam para a construção civil de forma sustentável. A aplicação vai servir como base, pavimentação asfáltica e concreto magro”, aponta Serapião.
No entanto, de acordo com a NBR 15116:2021, não é qualquer agregado reciclado que serve para produzir concreto estrutural. Segundo a norma, apenas o de classe A é recomendado – ele deve ser composto na sua fração graúda de, no mínimo, 90% em massa de fragmentos à base de Cimento Portland e rochas.
Benefícios da reciclagem do concreto
Em primeiro lugar, vale lembrar que hoje a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12305) prevê que antes de enviar um material para o aterro sanitário, é preciso desdobrar possibilidades de não-geração de resíduos, reutilização e reciclagem antes da destinação final.
“Ao enviar este material para um aterro clandestino ou legalizado, ele é gerador de vetores de doenças, como dengue, leptospirose e Chikungunya. Ainda, ele afeta nascentes e gera contaminação de rios. Há série de passivos ambientais decorrentes deste ato. No entanto, ao fazer a destinação correta, você evita que este material nobre seja enterrado e possa ser reutilizado de forma sustentável na construção civil”, explica Serapião.
Ainda outro ponto a favor da reciclagem do concreto é que ele traz uma economia em relação a materiais virgens. “Você deixou de retirar um material que não precisaria ser extraído da natureza naquele momento. Isso pode gerar uma economia por volta de 30% do consumo de agregados”, destaca Serapião.
Entrevistado
Pedro Henrique Serapião, gerente geral de operações, projetos e comercial da SBR
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Marina Pastore
DRT 48378/SP
Pavimento de concreto já apresenta competitividade com relação ao asfalto
Ainda pouco utilizado no Brasil, o pavimento de concreto pode trazer diversas vantagens quando comparado ao asfalto, como maior durabilidade, menor necessidade de manutenção, mais segurança e, até mesmo, maior ecoeficiência. No entanto, em algumas cidades, o seu uso ainda é limitado.
“Em Curitiba, por exemplo, há cerca de 200 km de pavimento de concreto. Porém, a sua maioria - em torno de 96% - é em corredor de ônibus. Se levarmos em consideração o Brasil, já tivemos um avanço em cidades menores do Sul. Hoje já temos obras implantadas em cidades do Sul - algo perto de 1 milhão de metros quadrados em vias de tráfego leve. Dentre estes locais, estão São Luiz Gonzaga (RS), Caibaté (RS), Salvador das Missões (RS), São Bento do Sul (SC), Rio Negrinho (SC), Fazenda Rio Grande (PR), Guaíra (PR), entre outras. Já tem licitações abertas em Vitorino (PR) e Colombo (PR). Então, está se espalhando”, aponta Alexsander Maschio, gerente regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
Na América Latina, entretanto, há países vizinhos que investem bastante neste material. “Na Argentina, em torno de 60 a 70% do pavimento urbano é feito de concreto. No Chile, chega a 90% e eles dominam a técnica”, comenta Rafael Fontes Moretto, conselheiro do CREA-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná).
Ainda de acordo com Maschio, aqui no Brasil há uma cultura muito forte dos pavimentos asfálticos. “O primeiro fator é o preço que, anteriormente, era mais atrativo. Isso leva a um segundo ponto – por conta dessa questão, as academias formaram os engenheiros com esse viés do pavimento asfáltico, sem trabalhar o pavimento de concreto. Só começamos a incentivar esse uso a partir do ano 2000, aproximadamente”, pontua Maschio.
Entretanto, atualmente, esta questão de preço já mudou. “Dos últimos dez anos pra cá, o preço do asfalto subiu drasticamente. Inclusive, com a questão da guerra entre Rússia e Ucrânia, essa situação se acentua. Tivemos um aumento próximo a 300% em dez anos. Isso começou a viabilizar o pavimento de concreto. Mesmo com o custo do cimento subindo nos últimos dois anos, ainda é em proporção muito menor que o do asfalto. Inicialmente, as prefeituras encontravam resistência por conta do preço – mesmo considerando que o pavimento rígido tenha menor manutenção. Elas consideravam apenas o custo inicial”, comenta Maschio.
No entanto, hoje o pavimento rígido já é competitivo. “Se considerarmos o custo inicial, o preço é em torno de 10% mais barato que o do pavimento flexível. Se for levar isso em consideração na vida útil – pensando em 30 anos – o custo do concreto é 60% inferior por conta da baixa manutenção”.
Além disso, os equipamentos podem ser mais baratos. “Se você for fazer um loteamento, por exemplo, ter uma régua vibratória não tem o custo tão alto como o de usar o pavimento flexível, no qual você depende de uma usina de asfalto e equipamentos de grande porte – o que pode ser cinco ou seis vezes mais caro. Além disso, trabalhar com o pavimento rígido é mais tranquilo, uma vez que não tem que ter temperatura de usinagem ou cuidado com a umidade”, destaca Moretto.
Conversão de vias: do asfalto ao concreto
Dentro deste cenário, é possível fazer a conversão do asfalto para o concreto? De acordo com Maschio, é perfeitamente viável. “Este processo é chamado de Whitetopping, que é pegar essa via que está com asfalto completamente deteriorado e fazer um pavimento de concreto por cima, aproveitando isso como estrutura. Não é preciso retirar ou reconstruir e ainda agiliza o processo. Ao fazer isso numa via de bairro, você tem um custo muito parecido com o recape asfáltico – sendo que este vai durar 2 ou 3 anos e o pavimento rígido dura em torno de 30 anos”, afirma Maschio.
Vantagens do pavimento de concreto
Para destacar e incentivar o uso deste insumo, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR) lançou o caderno técnico “Vantagens do Pavimento de Concreto”, em cooperação com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Este caderno trata especificamente sobre pavimentos urbanos, o que não inclui os rodoviários. Isto é, engloba pavimentos usados em tráfegos mais leves – vias residenciais, avenidas, excetuando corredores de ônibus. Confira os principais benefícios de usar este material:
- Grande durabilidade com pouca manutenção: além de ter vida útil significativamente maior que o flexível, o pavimento rígido exige menor número de intervenções para manutenção. Consequentemente, há redução de congestionamentos e menor consumo de combustíveis.
- Sem deformações nas vias: por ser rígido, o pavimento de concreto não costuma ter afundamentos, trilhas de roda ou buracos, como é o caso do asfalto.
- Melhor visibilidade por reflexão e economia de energia elétrica: a redução vem desde o início do processo, uma vez que a produção do concreto consome 3 a 4
vezes menos energia que a de asfalto. Além disso, por ser mais claro, representa uma economia de 30 a 60% de energia elétrica na iluminação pública e na sinalização. Por conta disso, representa considerável contribuição para a melhoria da segurança pública. - Segurança viária: se comparado ao asfalto, o pavimento de concreto reduz a distância de frenagem em até 40%.
- Melhoria da sensação térmica: a superfície clara auxilia na diminuição da temperatura ambiente (cerca de 5 °C), proporcionando mais conforto ambiental e reduzindo o uso de ar-condicionado.
- Ecoeficiência: o concreto é totalmente reciclável ao fim de sua vida útil, além de não ter o risco de lixiviação, isto é, contaminação do lençol freático.
- Vantagens ambientais do cimento (principal insumo do concreto): contribui com o meio ambiente por meio do coprocessamento de resíduos e das adições na sua produção. Para se ter uma ideia, para fazer um pavimento de concreto, é coprocessado 6 vezes mais pneus do que no pavimento de borracha.
Desvantagens e cuidados no uso de pavimento de concreto
Antes de escolher o pavimento rígido, é preciso fazer um estudo apurado. “O concreto pode ser usado em diversas situações, até mesmo em solos de baixa resistência. No entanto, é preciso um estudo apurado do solo, do tipo e volume de tráfego, além de uma série de variáveis. Com isso, conseguimos saber se será necessário utilizar fibra sintética ou armadura, por exemplo. Cada situação é uma e, por isso, é necessário ter um projeto”, alerta Moretto.
Em algumas situações, o pavimento asfáltico pode ter uma vantagem em função de outros aspectos. “As cidades maiores geralmente foram equipadas com usinas de asfalto. Com isso, a própria cidade produz o seu asfalto. Consequentemente, oferece um custo menor e a competitividade do concreto cai. É o caso, por exemplo, de Curitiba, que tem três usinas operando na cidade. No entanto, há projetos já lançados. O próprio bairro novo da Caximba tem as duas coisas: pavimento de concreto para tráfego leve e o pavimento permeável nas calçadas, estacionamentos e em algumas vias”, comenta Maschio.
Entrevistados
Alexsander Maschio é Gerente Regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
Rafael Fontes Moretto é conselheiro do CREA-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná).
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Jornalista responsável
Marina Pastore
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4 startups de construção que ganharam escala na pandemia
De maneira geral, a pandemia ajudou a acelerar muito iniciativas de tecnologia. E, dentro deste contexto, muitas startups conseguiram crescer neste período. O setor de construção civil ainda representa 3% do total das startups brasileiras, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Entretanto, oportunidades não faltam nesta área, que vem crescendo.
“O cenário de startups no Brasil tem vivido um crescimento muito significativo, evidenciado pelos investimentos em startups em 2021, que mais do que dobrou em relação ao do ano anterior. A realidade para o segmento de startups voltadas ao setor da construção civil também tem sido de crescimento, chegando a um número de 839 startups de construtech e proptech (property technology, ou tecnologia da informação no mercado imobiliário) em 2021, comparado a 703 em 2020, segundo o Mapa Terracotta Ventures”, relata Guilherme Rosa, head do iCON Hub, braço de tecnologia e inovação do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP).
Dentre as construtechs, um dos principais focos de transformação trazidos pelas startups está a digitalização do canteiro de obras. “Durante a pandemia, as soluções digitais permitiram maior resiliência frente às incertezas que afetam os processos de trabalho e a mão de obra. As empresas que investiram em novas ferramentas das startups almejam ganhos de produtividade pelos benefícios trazidos. Dentre eles estão melhor planejamento e gestão da obra, treinamento da mão de obra, controle de materiais, maior segurança e controle de acesso, menos desperdício, menos erros, redução do tempo de obra, entre outros ganhos”, explica Rosa.
Desafios das construtechs
Na opinião de Rosa, um grande desafio para implantação destas tecnologias é o acesso e a adoção de todo este conjunto de tecnologias pelas pequenas e médias empresas. “Além do desconhecimento, muitas vezes elas precisam superar as dificuldades de se investir em tecnologia, capacitar suas equipes e promover uma transformação cultural em seu canteiro de obras”, aponta.
4 startups que ganharam escala recentemente
Brasil ao Cubo
Rosa acredita que um dos movimentos que foi destaque nos últimos anos está relacionado à tendência da construção modular offsite, ou seja, sistemas construtivos baseados em módulos, com sua fabricação fora do canteiro de obras.
Um exemplo disso é a Brasil ao Cubo, que desenvolve projetos de construção modular offsite, nos quais edifícios são erguidos em módulos individuais pré-fabricados e depois montados no canteiro de obras. “Esta técnica permite entregar obras com velocidade quatro vezes maior que um projeto comum. A empresa foi responsável pela construção de cinco hospitais durante a pandemia por Coronavírus, com o prazo entre 30 e 35 dias cada um, com uso de módulos metálicos. Ela recebeu aporte de R$ 60 milhões da Gerdau por 33% da empresa e, recentemente (jan/2022), a Dexco investiu R$ 74 milhões por 13% da startup”, pontua Rosa.
Tecverde
Nesta mesma linha de construção offsite modular, Rosa cita a Tecverde, que é uma empresa de construção industrializada em woodframe que atraiu a atenção de grandes empresas. “Ela já havia recebido aportes, sendo o último de R$ 40 milhões, que culminaram no fim de 2019 na cessão do controle majoritário para a joint venture formada pela Arauco e Etex”, explica.
Âmbar
Outro movimento que tem ocorrido, de acordo com Rosa, é um grande volume de startups com soluções ao longo de toda a jornada da construção civil. “Elas ‘surfaram’ a onda inicial de digitalização, que substituiu as tarefas feitas ‘em papel’. O passo seguinte está sendo integrar estas soluções pontuais, que não se comunicavam bem, em plataformas que consigam oferecer uma experiência melhor aos clientes. As plataformas que têm surgido são capazes de proporcionar um conjunto de soluções, que começam a partir de um ponto específico na cadeia de valor e avançam para outros pontos da cadeia, integrando novas soluções para o cliente”, expõe.
Nesse sentido, Rosa menciona a Âmbar, que é uma startup que começou com uma proposta de construção modular e hoje atua em duas vertentes – industrialização e digitalização - a partir da plataforma de soluções criada em 2018.
Dataland
Por último, Rosa cita a Dataland, startup que usa dados e inteligência artificial para o processo de estudo de viabilidade de incorporações.
“A empresa oferece soluções inteligentes para coleta, catalogação e clusterização de dados que gerem informações e facilitem a tomada de decisões dos seus clientes. Assim, rapidamente, incorporadoras e construtoras conseguem dimensionar o potencial construtivo e a avaliação do bairro em estudo, entre outras informações e variáveis importantes para a viabilidade da compra do terreno. São soluções mais inteligentes e mais potentes para o antigo desafio de análise de dados preditiva, oferecendo não somente uma ‘foto’ do projeto analisado mas um ‘filme’, em que se pode observar o resultado da interação de variáveis no futuro. A plataforma hoje analisa a cidade de São Paulo, lote a lote até o detalhe da quadra, a partir de mais de 400 camadas de dados. A Dataland recebeu no ano passado o aporte de R$ 5 milhões do fundo GHT4, com o plano de chegar a 40 municípios nos próximos anos”, conclui.
Lacunas a serem exploradas
Rosa menciona que, de acordo com o relatório Moldando o futuro da construção e do setor imobiliário, feito pela Deloitte Catalyst de Israel, são tendências e, portanto, podem ser exploradas por startups:
- Arquitetura sustentável e ambientalmente amigável;
- Impressão 3D (Construção 4.0 / Manufatura Aditiva);
- Aumento do uso de automação e robótica;
- Industrialização da construção - pré-fabricado e modular;
- Métodos avançados de construção - digital twins e BIM;
- IA e análise de dados avançada em gestão de projetos e on-site.
Entrevistado
Guilherme Rosa é head do iCON Hub, braço de tecnologia e inovação do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP)
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Jornalista responsável
Marina Pastore
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EXPO REVESTIR 2022: 5 tendências para ficar de olho
Em março de 2022, aconteceu em São Paulo a EXPO REVESTIR, a maior feira de revestimentos e acabamentos da América Latina. Cerca de 200 expositores apresentaram as principais novidades e tendências que vão orientar a criatividade dos profissionais nos projetos e empreendimentos de 2022 e início de 2023.
“A feira é o resultado de um projeto do setor cerâmico nacional, que nasceu há 20 anos, com o objetivo de criar um ambiente adequado para a geração de negócios. Ao longo dos anos, o evento cresceu e consolidou-se como o mais importante no segmento de revestimentos e acabamentos da América Latina e um dos principais do mundo para a construção civil”, destaca Benjamin Ferreira Neto, Presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (ANFACER), promotora da feira.
Veja o que foi destaque no evento:
1. Sustentabilidade
Como tem acontecido com frequência no setor de construção civil e arquitetura, a sustentabilidade é algo cada vez mais presente na EXPO REVESTIR. A Cosentino, por exemplo, apresenta a série Silestone® Sunlit Days, primeira coleção neutra em carbono da indústria de superfícies de quartzo e pedras compostas. Já a Lepri trouxe peças sustentáveis inspiradas em tijolos rústicos. O modelo Maxi Brick Mattone Graffiatto Cappuccino, por exemplo, foi feito a partir da lama que assolou a cidade de Mariana, em Minas Gerais. Além disso essa mesma marca se destacou por trazer o brick Lepri Mare, revestimento feito a partir de resíduos reutilizados – como plástico retirado dos oceanos, ou vidros de lâmpadas florescentes.
Ainda, outro produto que investe em sustentabilidade é o granilite Terrazzo, vencedor do Prêmio Best in Show 2022. Este revestimento reúne fragmentos de granito, quartzo, vidro e mais. Já a Aubicon, que produz mantas acústicas e pisos emborrachados, transformou toneladas de pneus descartados em coleções, com destaque para a Impact Roll Formatos, Impact Soft Mulch e Peso Livre Evolution. Por fim, uma opção que é ideal para fazer barreiras permeáveis em edifícios verdes é o Pedrita, um elemento metálico vazado que dá liberdade à modulação de volumes, desenvolvido pelo arquiteto Arthur Casas.
2. Inspiração na moda
Muitas vezes os universos da moda e da arquitetura conversam. A Ceusa, por exemplo, trouxe coleções de porcelanato assinada pela estilista Isabela Capeto. O resultado foi peças com toque artesanal e inspiradas pela cultura brasileira. Já a Damme Porcelanato o apresentou produto Sahara, que é inspirado em grifes como Dior e Versace e ressalta tons terrosos.
3. Inspiração em grandes arquitetos
Em 2021, a arquitetura brasileira perdeu dois grandes nomes: Ruy Ohtake e Paulo Mendes da Rocha. Estas duas personalidades inspiraram a coleção Unlimited Dreams, da Portobello. A Linha Soma, que foi cocriada pelo próprio Paulo Mendes da Rocha, junto de sua filha, a designer e arquiteta Nana Mendes da Rocha, reproduz o concreto em porcelanato com peças lisas e estampadas. Já a Linha Oh!take foi inspirada pelo trabalho do arquiteto com a inovação das grandes superfícies em porcelanato. Aqui, o uso de cores, curvas e do concreto são predominantes.
4. Cubas diferenciadas
O que não faltou na EXPO REVESTIR foram modelos super diferenciados de cubas. A cuba de sobrepor Arthur Casas, por exemplo, conta com metal aplicado ao centro da cuba e evita a molhadeira na bancada. A Deca, por sua vez, trouxe a tecnologia Smart Block, um inteligente retentor de sujeira, que é encaixado na cuba e evita o entupimento com fios de cabelo ou barba. Além disso, com esse acessório é possível fazer a limpeza de forma muito mais fácil.
E que tal uma cuba que parece uma joia? Na EXPO REVESTIR, foi possível ver cubas de inox texturizadas, com estética que remete à aplicada em joias. Já as cubas da Artist Editions têm produção totalmente artesanal e cada um dos artistas tem liberdade de criação. Como resultado, cada peça tem uma história singular.
5. Tecnologia
A tecnologia também foi um elemento de forte presença na EXPO REVESTIR 2022. Um dos destaques foi o Chuveiro Moxie 2.0, que conta com caixa de som sem fio e permite streaming de músicas, notícias e outros tipos de áudio. Outro item que chamou a atenção foi a Doc Vox®, um sistema exclusivo de acionamento por voz. É só pedir que ela fornece água na quantidade desejada, através de comandos pré-definidos. O sistema permite que o fluxo de água seja acionado ou interrompido remotamente.
Já a bacia sanitária Inteligente Veil conta com controle remoto e permite o ajuste da temperatura do assento, o jato de limpeza e até a iluminação noturna. Além disso, possui sensor de presença e o assento abre e fecha por aproximação.
Entrevistado
EXPO REVESTIR/ANFACER (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres)
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Jornalista responsável
Marina Pastore
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Sete soluções de engenharia para combater tragédias causadas por enchentes
No início de cada ano no Brasil, com as chuvas de verão, infelizmente é muito comum vermos tragédias ligadas a enchentes. Só em 2022, cidades como Petrópolis (RJ), Franco da Rocha (SP), Rolim de Moura (RO), Inconfidentes (MG) e diversos municípios na Bahia já sofreram as consequências deste problema.
Como as obras de engenharia podem auxiliar na prevenção destes desastres? Quais medidas podem evitar as inundações e as consequências mais sérias?
As causas das enchentes
Em primeiro lugar, é preciso entender a origem do problema. “Na verdade, elas relacionam às ocupações. Especialmente aquelas irregulares em áreas de encosta e de matas ciliares. Além disso, outros fatores que influenciam são a não-preservação ambiental dos rios, onde o lixo é descartado, assim como a falta de saneamento. Tudo isso leva a uma degradação ambiental. Consequentemente, em caso de eventos com chuvas de grandes volumes, isso gerará um comportamento anômalo, isto é, uma inundação muito maior do que em condições normais. Sobretudo no que se refere ao movimento de massa ou deslizamento de encostas”, explica Alzir Felippe Buffara Antunes, professor titular do departamento de Geomática da UFPR.
Ainda, é preciso levar em consideração que há um déficit habitacional nas grandes cidades. “O poder público é permissivo e deixa que as pessoas ocupem áreas que não podem ser habitadas. São regiões com grandes declives, com áreas de inundação do próprio rio – que tem sua área de inundação da sua margem e, em enchentes, ele transpassa isso. E é isso que causa todos os transtornos. No meu ponto de vista, a questão mais grave é a falta de planejamento urbano e a ocupação de lugares que não são propícios para moradia”, afirma Antunes.
Soluções de engenharia para evitar enchentes
A engenharia pode oferecer algumas soluções que auxiliam no combate às enchentes. Confira quais são:
- Projetos de macrodrenagem
Uma das principais causas das enchentes é que cidades vão crescendo desordenadamente e não contemplam um projeto básico de macrodrenagem.
“Toda cidade deveria ter. É preciso saber se os rios das cidades foram canalizados, como está a questão das marés (em cidades do litoral), qual é a área de impermeabilização e que tipo de solo tinha ali, qual é a topografia do local, além de mapear os cursos de água. Tudo isso deve ser avaliado e constar em um projeto único de macrodrenagem. De acordo com cada lugar, será possível avaliar o que é necessário fazer, quais soluções empregar e que equipamentos serão necessários”, explica Martha Velloso Feitosa, engenheira civil, perita judicial e membro do IBAPE - SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo).
O que acontece hoje é que cada vez mais vão se construindo bairros e loteamentos de forma desordenada e, consequentemente, há aumento da área impermeabilizada. “A água que cai não é mais drenada pelo solo e ela vai se acumulando. Aqueles bueiros que foram feitos para atender determinada região não são mais suficientes para a vazão d’água. Com isso, começa a ter inundação, o que traz muitos prejuízos”, aponta Martha.
Na opinião de Martha, é preciso parar e fazer uma macrodrenagem. “Mas fazer isso em uma cidade já totalmente urbanizada e impermeabilizada demanda obras grandes e caras, além de ser preciso fazer desapropriações. É o caso desses piscinões que foram feitos em São Paulo e em outras cidades. É preciso ter um lugar para direcionar esse volume imenso de água. Além disso, um projeto de macrodrenagem também deve prever uma destinação para água que vem do morro e costuma trazer sedimentos, o que entope bueiros. É comum, nestes casos, usar escadas hidráulicas, que direcionam essa água e diminuem a velocidade da queda. Portanto, há vários aspectos que as obras de macrodrenagem devem prever para evitar essas tragédias”, comenta Martha.
- Desassoreamento dos rios
Esta é uma opção que precisa ser avaliada e não é recomendada para todas as situações. “Acima de tudo, é um processo caro. Quando um rio apresenta assoreamento, é por conta de algum desequilíbrio. E, quando você começa, tem que fazer sempre – não é algo que se faz uma vez e nunca mais vai acontecer. Em São Paulo, por exemplo, os rios Pinheiros e Tietê são constantemente desassoreados. É importante avaliar quais impactos ambientais o desassoreamento vai causar. Na capital paulista, que é um local totalmente degradado, não há outra solução. No entanto, em cidades do interior, onde há muitos desníveis e aí é preciso fazer escadas hidráulicas. Por meio delas, é possível direcionar a água para um local mais adequado. Cada região tem uma especificidade. Por isso, para escolher a melhor opção, é necessário fazer um estudo que demanda a participação de profissionais de geografia, topografia, hidrologia, meteorologia, entre outros”, explica Martha.
- Aumento de área verde
Uma das principais causas das enchentes passa pela impermeabilização das cidades – cada vez mais fica difícil ter solos que absorvam a água de chuva. Portanto, uma das soluções apontadas pelo engenheiro e professor do Centro Universitário Newton Paiva, Miguel Augusto Najar de Moraes, é, justamente, o aumento de área verde.
Para Moraes, isso pode se dar de diversas formas. Os telhados verdes e os jardins verticais são algumas das opções. “Na primeira opção, lajes são transformadas em jardins e hortas. Já a segunda solução cobre as fachadas dos prédios com plantas. Pode parecer que não, mas aquilo retém muita água”, pontua.
Ainda dentro desta possibilidade, Moraes cita também os jardins de chuva. “A água é captada por telhados, pisos e pavimentos e o escoamento é direcionado para este jardim rebaixado, onde ocorre a infiltração. É como uma grande floreira e, para fazê-lo, só é necessário de 15 a 20 cm de profundidade. Inclusive, é uma ótima opção para ter em parques lineares”, sugere.
- Pavimentos permeáveis
Esta é uma opção que pode auxiliar na prevenção de enchentes. No entanto, segundo Martha, é preciso ter em mente que as cidades onde ocorrem enchentes já estão totalmente impermeabilizadas e, refazer as ruas e calçadas se torna complicado. “As cidades já estão asfaltadas e prontas. Estas tecnologias devem ser usadas daqui pra frente”.
Moraes, por sua vez, menciona que alguns de seus alunos estão fazendo uma pesquisa para buscar formas de usar placas de concreto permeáveis, sem trazer problemas para a armação. “Eles estão pesquisando uma maneira com que a armadura exista sem entrar no processo de corrosão – e, na passagem desta água, ela resistiria. É uma solução que poderia ser usada no lugar das bocas de lobo, uma vez que só permite a passagem da água”, expõe.
- Reservatórios ou caixas de retenção
Esta solução apontada por Moraes consiste em piscinões e podem ser feitos com caixas de retenção dentro de condomínios.
- Captação e aproveitamento de água de chuva
Ao fazer uma filtragem simples da água do telhado, que vai para um reservatório, já é possível diminuir muita coisa, segundo Moraes. “Se você coloca uma bombona de 200 litros e a sua vizinhança faz o mesmo, já são vários litros de água que deixam de ir pra rua de uma vez só”, afirma.
- Praças inundáveis (Water Squares)
Uma solução que pode auxiliar no combate às enchentes são as praças inundáveis ou “water Squares”. “São áreas projetadas para funcionar como um reservatório d’água durante as chuvas. É como se fosse um anfiteatro baixinho, que pode ter campo de esporte ou de lazer. Este espaço retém a água e, posteriormente, vai drenando-a para as cisternas, de maneira a esvaziar na meia hora seguinte depois que parou a chuva. Ela segura um pouco a água, não jogando dentro da rede de captação de microdrenagem diretamente”, conta Moraes.
Medidas complementares
Um dos principais caminhos para evitar as tragédias decorrentes de enchentes é a previsão do tempo. “Através de uma modelagem mais adequada, conseguimos saber a respeito de um evento meteorológico com uma antecedência de dez a cinco horas. Com isso, é possível fazer a desocupação dos imóveis”, aponta Antunes.
Acima de tudo, para Antunes, as obras de engenharia devem fazer parte de um conjunto de ações. “Se não forem tomadas atitudes de planejamento urbano (não permitir a ocupação de encostas), de educação ambiental (descarte adequado do lixo, preservação dos rios e conservação da mata ciliar), as obras de engenharia passam a ter um fator pequeno. Sem a conscientização desses problemas, nós não conseguimos avançar. Isso vai muito além da engenharia e deve contar também com a gestão pública”, destaca Antunes.
Entrevistados
Alzir Felippe Buffara Antunes é professor titular do departamento de Geomática da UFPR.
Martha Velloso Feitosa, engenheira civil, perita judicial, membro do IBAPE - SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo) e conselheira da Associação de Engenheiros de Santos.
Miguel Augusto Najar de Moraes é engenheiro civil, graduado pela E. E. Kenedy, com ênfase em logística, transporte e engenharia de tráfego, pós-graduado (MBA lato sensu), titulado como especialista em estruturas de concreto armado e fundações. Atualmente, ele é professor de análise estrutural e estruturas de concreto, aço e madeira no Centro Universitário Newton Paiva.
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Alzir Felippe Buffara Antunes: felipe@ufpr.br
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Miguel Augusto Najar de Moraes: miguel.moraes@newtonpaiva.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Vendas de cimento têm alta em fevereiro
Em fevereiro de 2022, as vendas de cimento chegaram a 4,8 milhões de toneladas, segundo apontou o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). Este valor representa um aumento de 1,9% em relação ao mesmo período de 2021. Entretanto, mesmo com este leve aumento, o setor mostrou também uma retração de 3,5% no acumulado nos dois primeiros meses do ano, quando comparado a 2021 (que foi de 9,4 milhões de toneladas).
Outro indicador importante mencionado pelo SNIC foi a venda útil por dia. A comercialização chegou a 225,7 mil toneladas, uma diminuição de 3,4% quando comparada ao mês anterior. Em relação ao acumulado do ano, representa uma queda de 7,1%.
Índice de vendas por região
De acordo com o levantamento do SNIC, as regiões Norte e Sul apresentaram índices de vendas bastante positivos. Na região Norte, houve o aumento mais significativo, que foi de 10,5%. Já na região Sul, as vendas cresceram em 4,9%. O Sudeste, por outro lado, sofreu uma queda de 1,4%.
Motivadores e perspectivas de vendas de cimento para 2022
Dentre os fatores favoráveis para este aumento estão a redução da pandemia, a diminuição do desemprego e a continuidade do Auxílio Brasil, programa de transferência de renda que substituiu o Bolsa Família.
Por outro lado, há aspectos que também trazem um cenário desafiador para o ano de 2022, uma vez que a economia está em recessão técnica. Em primeiro lugar, há a taxa de juros - recentemente a taxa SELIC subiu de 10,75% para 11,75%, algo que impacta os financiamentos imobiliários. Além disso, o poder de compra dos consumidores está diminuindo. “A combinação de renda mais baixa e inflação alta é maléfica para a população, que passa a focar suas despesas em bens essenciais como alimentação e vestuário, sobrando menos dinheiro para outros gastos como construção da casa ou reforma. Embora tenha havido uma leve recuperação do mercado de trabalho, os novos postos estão com salários menores do que antes da pandemia, fazendo o rendimento real atingir o menor patamar da série histórica.”, aponta Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Neste sentido, o SNIC aponta que é imprescindível a volta do investimento em infraestrutura e habitação por parte do governo. “Ao longo do ano percebemos uma tímida retomada em obras de infraestrutura, principalmente na região Sul. Aliado com os bons resultados dos leilões de concessões realizados ao longo do ano, a infraestrutura pode recuperar seu importantíssimo papel no desenvolvimento do país. Segundo o Ministério da Infraestrutura, foram realizadas 39 concessões com valor contratado de R$ 37,6 bilhões e a previsão para 2022 é de leiloar mais 50 ativos com mais de R$ 165 bilhões em investimentos”, afirma Penna.
Outro fator que deve ser levado em consideração é o conflito entre Rússia e Ucrânia, que vem aumentando as incertezas no setor de construção civil e também tem impactado no preço das commodities, o que reflete no cimento. “Mesmo antes da guerra, já vivíamos um ritmo de inflação de custos enorme, desde o início da pandemia. O conflito tornou essa situação mais radical, com aumento no preço do coque, do frete marítimo e do carvão. Tudo isso deve influenciar no preço do cimento”, lembra Penna.
Outra medida importante é a busca por energias alternativas. “Em 2020, o custo para produção do cimento era em torno de 60% só de energia. Em 2021, subiu para quase 70%. O preço do carvão, que influencia no coque, que era de US$ 170/t antes da guerra chegou a bater US$ 435 no início/t de março. Portanto, é fundamental buscar soluções alternativas, como a biomassa e os combustíveis derivados de resíduos urbanos”, sugere Penna.
Entrevistado
Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC)
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Assessoria de imprensa - celso.souza@fsb.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Conflito entre Rússia e Ucrânia aumenta custo de insumos do cimento
A guerra entre Rússia e Ucrânia tem gerado muitas incertezas no mercado da construção civil. E, sobretudo, para a indústria nacional e do cimento, o impacto deve ser grande - ainda mais porque o conflito acontece justamente num momento de recuperação do setor.
“De 2006 a 2014, foi um período exuberante. Em 2014, tivemos um recorde de venda de cimento, com 72 milhões de toneladas vendidas. De 2015 a 2018, foi a pior crise da nossa história, com cerca de 30% de perda de vendas e capacidade ociosa de 47% no setor. A partir de 2019, começamos a ter uma recuperação - crescemos 3,5% neste ano. Em 2020, com a pandemia, fomos surpreendidos – tivemos uma queda no acumulado de vendas de 11% de janeiro a abril. No entanto, no ano todo, crescemos 10,6%. Em 2021, houve um crescimento de 6,5%. A guerra é uma continuidade disso, mas também é uma situação mais grave e mais radical que já vínhamos tendo. Afinal, desde 2020, com o advento da pandemia, já estávamos com um ritmo de inflação de custos enorme”, pontua Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Entretanto, esta situação se agrava não só no Brasil, mas no mundo todo. “A forte pressão no preço das commodities está afetando o mundo. A situação se agrava em razão da guerra da Rússia contra a Ucrânia que, inevitavelmente, afetará ainda mais o valor do petróleo, do gás, do carvão e do coque no mercado global. Desta forma, a indústria nacional e do cimento, em particular, estão enfrentando aumentos ainda mais expressivos nos seus custos de produção. Existe hoje uma realidade no Brasil e no exterior marcada por significativa majoração nos preços das commodities, afetando diretamente o setor cimenteiro”, aponta Penna.
De acordo com Penna, em razão desse complexo cenário somado ao aperto monetário, incerteza fiscal e política e outros vetores que apontam para o baixo crescimento, a indústria do cimento projeta um agravamento da performance da atividade ao longo do ano.
Commodities afetadas
Algo importante de se levar em consideração é o preço do coque. “Ele está correlacionado ao preço do carvão. Ainda não há dados do preço do coque, mas em razão de ele ser ligado ao preço do carvão é esperado um reajuste importante. Em 2020, o preço do coque subiu 125%, enquanto que em 2021 ele cresceu 98%. Já o carvão, por sua vez, em 2021 custava US$ 169 a tonelada. Em março de 2022, já com a guerra ele estava em US$ 420. Ele chegou a bater um pico de US$ 435 no início do mês, e no dia 15 de março, ele estava US$ 361,50”, revela Penna.
Além disso, o preço do coque deve ser impactado pelo desarranjo de rotas e gargalos importantes no transporte marítimo, com recorde no preço do combustível dos navios.
Por fim, há também outros itens que geram pressões de custo na indústria do cimento e que em 2021 já apresentaram aumentos. “O gesso, que é uma das adições, aumentou 96%. Já os refratários para fornos aumentaram 40% em 2021. Ainda, o frete rodoviário aumentou 28%, enquanto a energia elétrica subiu 69%”, destaca Penna.
Como se preparar para este cenário?
Na opinião de Penna, uma das possibilidades para minimizar os efeitos deste conflito passa pelo uso de combustíveis alternativos. “A ideia é substituir o uso do coque ao máximo possível por outros combustíveis com emissões mínimas, uma vez que se trata de um combustível fóssil dolarizado e 90% dele importado. Aqui no Brasil, temos a publicação “Roadmap Tecnológico do Cimento”, cujo um dos estudos é justamente para reduzir a emissão de CO₂, o que passa pelo uso de combustíveis alternativos como a biomassa. No Brasil, há um mapeamento de possiblidades – no Norte, por exemplo, tem o caroço do açaí, a casca de babaçu, o cavaco de madeira dos reflorestamentos, a moinha de carvão, a palha de arroz, entre outros. Há também a possibilidade de usar resíduos industriais como papelão, metais, tintas, borras e químicos. E o mais importante, que temos investido bastante: o lixo doméstico e comercial – tudo aquilo que não é orgânico. Isso tem um ganho significativo porque acaba com os passivos ambientais – todos esses resíduos viravam passivos, sendo o mais grave no lixão. Estamos usando esse resíduo para fazer CDR combustível derivado de resíduo) ou CDRU (combustível derivado de resíduo -urbano)”, sugere Penna.
E os resultados na substituição por combustíveis têm sido positivos no Brasil. “De acordo com uma auditoria internacional Get The Numbers Right, que avalia 800 indústrias de cimento no mundo inteiro, em 2014, o Brasil usava 15% de combustíveis alternativos (entre biomassa e resíduos industriais). Em 2019, esse índice subiu para 31%”, conclui Penna.
Entrevistados
Paulo Camillo Penna é presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
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Assessoria de imprensa - celso.souza@fsb.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Guerra entre Rússia e Ucrânia gera incertezas no mercado de construção
Desde que a Rússia começou os ataques à Ucrânia, o cenário econômico em todo o mundo ficou instável. As commodities sofreram impacto imediato – logo após a ofensiva russa, o petróleo e alguns alimentos como o trigo e o milho já ficaram em alta. Nos primeiros dias de guerra, houve um grande aumento no preço do barril de petróleo (superou a marca dos 100 dólares pela primeira vez desde setembro de 2014). Além disso, após o conflito, o dólar flutuou bastante. Neste cenário, como fica a estimativa para o setor de construção aqui no Brasil? Haverá algum impacto sobre os custos dos materiais de construção?
Em países da Europa, como Portugal, os impactos já são sentidos. Em dezembro, antes da guerra eclodir, quando Putin começou a fazer anúncios sobre a possibilidade de um conflito, os custos de construção de habitação nova aumentaram 6,8% se comparado ao mesmo período do ano anterior, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Portugal. O mesmo aconteceu com os preços dos materiais, que aumentaram 8,0%, enquanto o custo de mão de obra subiu 5,1%.
Na opinião de Rodrigo Navarro, presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira de Indústria de Materiais de Construção), a alta do câmbio, a alta do preço do petróleo, e impactos gerados pelas sanções e movimentações globais de diferentes governos e mercados geram pressões sobre os custos de materiais e contribuem para desequilibrar as cadeias de suprimentos de diversos setores. “Há muita incerteza ainda no cenário e faltam estimativas das dimensões dos possíveis impactos. O aumento no preço do barril de petróleo sem dúvidas é um fator relevante, que pode impactar custos de diversas matérias-primas e insumos para as indústrias de materiais. Ao mesmo tempo, a instabilidade cambial influencia principalmente nas indústrias que dependem de matérias-primas e alguns insumos importados”, opina.
Projeções da construção civil para 2022 no Brasil
De acordo com Navarro, a previsão para 2022 para a indústria de materiais é de crescimento de 1% sobre o ano de 2021. “Vale lembrar que em 2021 o setor de construção recuperou as perdas de 2020 e teve forte crescimento. O PIB setorial atingiu a marca de 9,7%, que se refletiu em crescimento de 8,1% no faturamento dos materiais”, explica.
No entanto, ainda há muitas incertezas. “Em primeiro lugar, no cenário internacional ainda há questões associadas à pandemia, e mais recentemente à imprevista guerra, e no cenário interno, associadas à inflação e alta das taxas de juros de financiamentos, que poderá reduzir a demanda por materiais de construção no médio prazo”, pontua Navarro.
Entrevistado
Rodrigo Navarro, presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira de Indústria de Materiais de Construção).
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Assessoria de imprensa - mariobrilhante@a4eholofote.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Digitalização dos canteiros de obras traz economia de tempo e dinheiro
Em 2021, a consultoria americana McKinsey & Company publicou um estudo afirmando que o setor da construção civil ainda é um dos menos digitais, ficando atrás somente dos setores de agricultura e caça. Esta mesma pesquisa aponta que enquanto a produtividade da economia total cresce 2,7% ao ano, a da construção civil aumenta apenas 1% - mesmo sendo responsável por 13% do PIB mundial.
De acordo com esse mesmo estudo, a produtividade da construção diminuiu em alguns mercados desde a década de 1990. Ao mesmo tempo, os retornos financeiros para os empreiteiros costumam ser relativamente baixos — e voláteis.
Antes de mais nada, é importante entender que no setor de construção os desafios vêm da base. O planejamento das obras ainda é muito feito no papel. Ainda, vale atentar para o fato de que os gastos com pesquisa e desenvolvimento no setor correspondem a menos de 1% das receitas, contra 3,5 a 4,5% para os setores automotivo e aeroespacial, segundo este estudo. Por fim, a escassez de mão de obra qualificada também é outro fator que impacta na digitalização.
Por outro lado, um grande incentivo para os players globais é que, segundo o McKinsey Global Institute, há uma estimativa de que o mundo precisará gastar US$ 57 trilhões em infraestrutura até 2030 para acompanhar o crescimento do PIB global. Outro grande estímulo para investimento em tecnologia no setor é a demanda por construções ambientalmente sensíveis.
Benefícios de se trabalhar com o digital: soluções e inovações
Ainda segundo o estudo da McKinsey & Company, é possível observar alguns pontos principais onde a digitalização do canteiro de obra pode trazer benefícios:
Levantamento e geolocalização de alta definição:
Um dos grandes desafios das obras são as discrepâncias entre as condições do solo e as estimativas iniciais do levantamento que podem causar mudanças dispendiosas de última hora no escopo e no design do projeto. Com técnicas que combinam fotografia de alta definição, varredura a laser 3D e sistemas de informações geográficas, é possível ter uma melhor precisão geológica sobre a área. Trata-se de uma economia de tempo e dinheiro na obra.
Modelagem de informações de construção em 5D de última geração
Acima de tudo, a indústria de construção tem um desafio: ter uma plataforma que integre e sincronize diferentes aspectos – planejamento, projeto, construção, operações e manutenção. O ideal seria ter algo que mostre em tempo real o projeto, custo e cronograma.
Uma das possibilidades levantadas pela McKinsey & Company é o BIM 5D de última geração. Uma de suas principais vantagens é o fato de representar em cinco dimensões das características físicas e funcionais de qualquer projeto. Nele, é possível encontrar o custo e o cronograma de um projeto, além dos parâmetros padrão de design espacial em 3D. Além disso, os profissionais também podem incluir informações de geometria, especificações, estética, propriedades térmicas e acústicas. Outra grande vantagem é a possibilidade de identificar, analisar e registrar mudanças no cronograma e custos de um projeto. Por fim, com esta ferramenta, dá para identificar possíveis riscos e tomar melhores decisões.
Colaboração digital em tempo real
Uma característica muito forte do setor de construção é a dependência do papel – seja com relação às plantas, desenhos de projeto, compras e pedidos da cadeia de suprimentos, registros de equipamentos, relatórios diários de progresso ou listas de pendências. Nesse sentido, a digitalização poderia permitir mais transparência e colaboração, já que seria possível o compartilhamento universal de informações em tempo real – o que dá mais agilidade ao trabalho também.
Ao digitalizar esses processos – os ganhos são imensos. A McKinsey & Company cita o caso de uma obra americana de construção de um túnel. Com o desafio de integrar quase 600 fornecedores, a empreiteira criou uma plataforma para licitações e gerenciamento de contratos. Como resultado, eles tiveram uma economia de mais de 20 horas de trabalho por semana, além de acelerar o compartilhamento de documentos em 90% e diminuir o tempo para geração de relatórios em 75%.
Tirando proveito da internet das coisas
Em residências e em veículos, a internet das coisas já é uma realidade. Esta tecnologia nada mais é que ter objetos conectados à internet. Na automação de uma casa, por exemplo, é possível usar um assistente virtual para acender uma luz ou ligar um eletrodoméstico. O mesmo recurso poderia ser útil em um canteiro de obras. Dentro dessa ideia, máquinas, equipamentos, materiais, estruturas e até formas de construção poderiam comunicar-se com uma central de dados. Segundo McKinsey & Company, isso traria alguns benefícios importantes como monitoramento e reparo de equipamentos, gestão de estoque e pedidos, avaliação de qualidade, mensuração da eficiência energética e segurança.
Novos materiais
A tecnologia relacionada a novos produtos presentes no mercado pode representar um avanço em termos de custo e tempo de obra. Neste quesito, entram materiais como impressão 3D e módulos pré-montados. Além disso, McKinsey & Company aponta também que há uma tendência de construção verde, com uso de materiais e tecnologias com menor pegada de carbono. Ainda, a tecnologia pode auxiliar na agilidade e diminuição da cadeia de suprimentos, uma vez que o transporte de materiais e equipamentos pesados impacta nos custos. Nesse sentido, os nanomateriais poderiam ser uma boa solução.
Entrevistado
McKinsey & Company
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Marina Pastore
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