Construção civil e agricultura puxam investimentos
Os setores de construção civil e agricultura foram responsáveis por dois terços do aumento da produção de bens de capital entre 2019 e 2021, segundo estudo do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe (Cemec-Fipe).
“Atualmente, no Brasil, há um quadro que não é muito favorável ao investimento. É um cenário com muita incerteza, além de uma expectativa de crescimento do país muito fraca para esse ano e para os próximos. São fatores que, em princípio, não estimulam o investimento. O aumento das taxas de investimento que ia ser 3,5% foi de 2%. O estudo busca entender quem está fazendo investimentos no país. Ao fazer esta pesquisa com 472 empresas de capital aberto, foi possível verificar dois setores que chamam a atenção: a parte de construção civil e de agronegócio”, explica Carlos Antonio Rocca, coordenador do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe (Cemec-Fipe).
Aumento de investimentos na construção civil
De acordo com Rocca, na área de construção civil habitacional e materiais de construção, os indicadores foram obtidos, principalmente, a partir do setor de cimento e aços longos, que são tipicamente os principais componentes. Já na parte de construção de obras públicas, também é levado em consideração o indicador de asfalto.
“No caso da construção civil, o principal fator que permitiu um aumento muito forte da demanda e, consequentemente, uma ampliação de oportunidades e aumento da construção civil habitacional, foi realmente a queda da taxa de juros. Especialmente devido ao fato de que ela reduz o custo do financiamento para o comprador e também para o empreendedor. Tipicamente, especialmente na construção de apartamentos e edifícios, o grupo empreendedor utiliza o próprio terreno como garantia. A grosso modo, ele financia 70% da construção. Do ponto de vista do financiamento da produção imobiliária, essa queda da taxa de juros é muito importante. Do lado do consumo, do comprador, você tem uma queda significativa do custo financeiro, isto é, do financiamento. Foi basicamente isso que fez com que nós avançássemos”, aponta Rocca.
Ao mesmo tempo, algo que chamou atenção em 2021 e deve se repetir em 2022 é que estados e municípios tiveram uma folga de recursos, até em própria função da inflação que melhorou rapidamente a arrecadação.
“Isso refletiu imediatamente na despesa. Inclusive, eles ficaram proibidos de reajustar salário do funcionalismo. Com isso, estados e municípios acumularam superávits primários em 2021. O aumento com relação a 2020 foi muito forte, que foi de uns 80% de investimento nos estados e municípios. Este ano está mais de 100% o aumento em relação ao ano passado. Embora no lado da união, as verbas para investimento tenham caído ao menor nível da história, algo em torno de R$ 8 bilhões, estados e municípios andaram bastante, acumulando uma disponibilidade de R$ 150 bilhões no fim do ano. Consequentemente, os dados já mostram que a folga orçamentária em um ano eleitoral está aumentando fortemente os investimentos públicos. E, uma parcela considerável está ligada à construção: asfaltamento de ruas e estradas, construção de escolas e obras públicas de um modo geral”, afirma Rocca.
Do lado da união, há a parte de concessões, que andou até relativamente bem e teve uma aceleração grande na parte de concessões e tem um potencial de crescimento significativo. É o caso, por exemplo, do marco do saneamento.
“Quem assume a concessão de uma estrada, por exemplo, se compromete com investimentos bastante significativos. Em um pronunciamento recente do Ministro da Infraestrutura, ele sinalizou que, de 2019 pra cá, em todas as concessões, o compromisso total de investimento já tinha chegado a R$ 650 bilhões. Até o fim deste ano de 2022, se forem aceitas as concessões previstas, a conta chegaria perto de R$ 1 trilhão de compromisso de investimento. Isso envolve aeroportos, rodovias, ferrovias, saneamento, etc. Obviamente, isso não é para um ano, mas sim para um horizonte mais extenso, que pode ser de 10, 15 ou 20 anos. Ainda assim, é um volume de recurso muito significativo. E que espera sustentar atividades relacionadas com obras públicas – e, no caso, não é só construção, mas também toda a parte de equipamentos e sistemas”, conclui Rocca.
Entrevistado
Carlos Antonio Rocca, coordenador do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe (Cemec-Fipe)
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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Pavimento fotovoltaico pode ser utilizado para tráfego e geração de energia
Um grupo de pesquisadores da Changsha University of Science and Technology, na China, desenvolveu um protótipo de pavimento fotovoltaico para uso em rodovias. O módulo é composto por uma camada protetora de concreto-resina transparente e um painel solar embutido.
De acordo com o estudo, intitulado “Preparation and performance study of solar pavement panel based on transparent Resin-Concrete” (ou “Elaboração e estudo de desempenho de painel solar para pavimento à base de concreto-resina transparente”), o concreto resinado transparente encapsula completamente o módulo do painel solar, aumentando a estabilidade da estrutura – o que é interessante uma vez que os sistemas fotovoltaicos de pavimento têm que suportar estresse mecânico quando entram em contato com veículos ou pessoas.
Composição do pavimento e etapas de estudo
O pavimento foi construído com material resina-concreto transparente feito a partir de resíduos de vidro e resina poliéster insaturada.
Ao longo do estudo, os cientistas avaliaram o efeito de diferentes gradações e quantidades de resina (cinco tipos de gradação do agregado de vidro, três tipos de teor de resina) nas propriedades ópticas, índice de volume e propriedades mecânicas.
Em seguida, um protótipo do módulo foi construído de acordo com a proporção de mistura otimizada. A partir daí, o desempenho do pavimento e a parte fotoelétrica do módulo de pavimento solar foram testados.
Por fim, foram avaliados o desempenho do ofuscamento, a sustentabilidade da transparência e os benefícios econômico-ambientais.
Resultados obtidos
Os cientistas da Changsha University observaram que tanto o tipo de gradação do agregado de vidro quanto a quantidade de resina têm um impacto significativo nas propriedades ópticas e mecânicas, mas pouco efeito no índice de volume.
De acordo com a pesquisa, as propriedades ópticas quanto à resistência à compressão do concreto-resina transparente melhoram com o aumento da fração de resina, enquanto sua densidade e índice de vazios se degradam.
Considerando as propriedades do material e custo, o teor ideal de resina é de 43,7%. Provou-se que o módulo de pavimento solar tinha excelente estabilidade em alta temperatura, resistência a trincas em baixa temperatura, boa estabilidade em relação à água, boa impermeabilidade e boa resistência à derrapagem.
A geração diária de energia do módulo do painel solar do pavimento é de 0,152 kWh/m2, o que representa cerca de 16,28% do painel solar original. O brilho da superfície do concreto-resina transparente é 1,3 ~ 1,5 e 1,7 ~ 5,9 vezes o dos pavimentos de concreto e asfalto, respectivamente, e a transmissão de luz diminui com o aumento dos poluentes da superfície. O LCOE (Levelized Cost of Energy ou Custo Nivelado da Energia) do pavimento solar de concreto resinado transparente é de 0,175 $/kWh, e pode trazer benefícios econômicos consideráveis e de redução de emissões.
Uso comercial e ajustes
Segundo o estudo, embora o custo de investimento do pavimento solar de concreto resinoso transparente seja maior do que o pavimento de concreto e pavimento asfáltico no estágio inicial, suas influências econômicas, ambientais e sociais intangíveis são consideráveis a longo prazo.
“Para melhorar a eficiência de geração de energia do módulo de pavimento solar, devem ser usados painéis solares com alta eficiência de conversão, como uma combinação de plexiglass, resina de silicone transparente e silício monocristalino. Além disso, como a potência de saída dos painéis solares varia com a mudança de irradiância, em áreas com grande irradiância e sol anual, como Tibete, Xinjiang, China, a geração de energia será mais eficiente”, afirma Xudong Zha, um dos autores da pesquisa e professor da Escola de Engenharia de Tráfego e Transportes da Universidade Changsha.
No entanto, de acordo com Zha, o sistema ainda não está pronto para produção comercial, pois foi testado apenas em ambientes fechados e nenhuma estrada foi pavimentada para provar sua durabilidade a longo prazo.
Entrevistado/ Fonte
Changsha University of Science and Technology/ Xudong Zha
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Marina Pastore
DRT 48378/SP
Construtoras devem repassar alta dos insumos para preços dos imóveis
A alta dos insumos e dos juros mais elevados deve gerar um aumento nos preços dos próximos lançamentos imobiliários no Brasil, segundo apontou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.
Muitos são os fatores que influenciam nesta elevação de valores. Em fevereiro de 2022, por exemplo, os preços da construção subiram 0,56%. Além disso, o conflito entre Rússia e Ucrânia foi responsável por aumentar custo de insumos da construção civil, como é o caso do cimento.
No entanto, esta situação não vem de hoje. Entre 2014 e 2021, o PIB da construção civil sofreu uma retração acumulada de 26%.
“Na construção, o efeito indireto do preço de commodities e do petróleo afeta a indústria da construção civil. Se tem algo que atrapalhou a indústria de forma geral – não só da construção civil - foi a questão dos insumos. Desde 2020 temos esse problema. E é justamente neste ponto que percebemos uma nova pressão. Ainda, temos uma inflação que já vinha limitando bastante a demanda por produtos industriais. E é aí que vem a pressão por conta da guerra. Além disso, os fretes marítimos devem sofrer reajustes – embora eles já tenham um preço elevado há bastante tempo. Por outro lado, sabemos que por conta da condição das famílias brasileiras, era muito difícil repassar esse custo”, pontuou Marcelo Souza Azevedo, gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), durante webinar da CBIC sobre “Conflito Rússia x Ucrânia - Impacto na construção e na economia do Brasil”.
Ainda, os segmentos produtivos, como a construção civil sempre ficam prejudicados com as taxas de juros elevadas, pois os investimentos migram para o mercado financeiro, segundo aponta a economista Ieda Vasconcelos durante webinar da CBIC.
Demora no repasse de valores
O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) subiu 21,76% entre setembro de 2020 e o fim de 2021. No entanto, um estudo conduzido pela CBIC em seis capitais mostrou que o valor dos imóveis subiu abaixo deste patamar, entre 10% e 15%.
“Isso significa que o setor ainda não repassou nenhum aumento que ele já vivenciou até agora de custos de insumos e já está começando a sofrer pressão por esse cenário de instabilidade. Ainda, recentemente, houve um agravante que foi o lockdown decretado em alguns lugares da China em função do avanço da Covid-19. Isso tudo acontece num momento que a economia global esperava se recuperar da pandemia. Se a guerra se prolongar, os efeitos serão sentidos de forma mais intensa”, afirmou Ieda.
Entrevistados
Ieda Vasconcelos é economista do Sinduscon-MG e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
Marcelo Souza Azevedo é gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
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Marina Pastore
DRT 48378/SP
Como está o uso de máscaras na construção civil?
Em março de 2022, o uso de máscaras foi liberado em diversos estados do Brasil. Dentro deste cenário, como ficou o uso destes itens de proteção no canteiro de obras?
“Desde o início da pandemia, o setor de construção civil não parou. Fizemos diversos materiais para orientar os trabalhadores do setor. Com esta liberação que está ocorrendo, não dá para proibir, apenas orientar. E apesar da desobrigação do uso de máscaras, a indicação é para não baixar a guarda. A tendência é que as pessoas vão flexibilizando mais, no entanto depende muito do gerenciamento de cada empresa. No Seconci, por exemplo, por ser um órgão relacionado à saúde, o uso de máscaras é obrigatório”, comenta José Bassili, gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo).
Nova portaria
Em 22 de março, os Ministérios do Trabalho e Previdência e da Saúde, por meio da Portaria Interministerial MTP/MS 17, divulgou atualizações com relação à prevenção, controle e mitigação dos riscos de transmissão do coronavírus (Covid-19) em ambientes de trabalho.
A partir de agora, a empresa deve considerar como primeiro dia de isolamento de caso confirmado o dia seguinte ao dia do início dos sintomas ou da coleta do teste por método molecular (RT-PCR ou RT-LAMP) ou do teste de antígeno.
Dentre as novas disposições está o fato de que a empresa deve afastar das atividades laborais presenciais, por dez dias, os trabalhadores considerados casos confirmados de Covid-19. Caso o funcionário esteja sem febre há 24 horas, sem o uso de medicamento antitérmicos, e com remissão dos sinais e sintomas respiratórios, este prazo poderá ser reduzido para sete dias.
Ainda aqueles trabalhadores que tiveram contato com casos confirmados de Covid-19 deverão ser afastados das atividades laborais presenciais por dez dias. Nestas situações, a contagem começa a contar a partir do último dia de contato entre os contatantes próximos e o caso confirmado. Tal como nos casos confirmados, este período pode ser reduzido para sete dias se for feito teste por método molecular (RT-PCR ou RT-LAMP) ou teste de antígeno a partir do quinto dia após o contato, se o resultado do teste for negativo.
A portaria também aponta que as organizações devem adotar medidas para aumentar o distanciamento e diminuir o contato pessoal entre trabalhadores e entre esses e o público externo, como manter a distância mínima de um metro entre as pessoas. Caso isso não seja possível, a recomendação para postos fixos de trabalho é para o uso de máscara cirúrgica ou de tecido, além da adoção de divisórias impermeáveis ou proteção facial do tipo viseira plástica (face shield) ou óculos de proteção. Já para demais atividades, sugere-se o uso de máscara cirúrgica ou de tecido. Além disso, devem ser adotadas medidas para limitação de ocupação de elevadores, escadas e ambientes restritos, incluídas instalações sanitárias e vestiários.
Vale lembrar que as máscaras cirúrgicas e de tecido não são consideradas EPI nos termos definidos na Norma Regulamentadora nº 6 (NR-06) - Equipamento de Proteção Individual e não substituem os EPIs para proteção respiratória, quando indicado seu uso.
Fora do ambiente de trabalho
De acordo com Bassili, uma das grandes dificuldades enfrentadas na contenção do Covid-19 durante a pandemia, era fora do ambiente de trabalho – especialmente no transporte público e nas residências, onde é comum ver famílias numerosas.
“Colocamos pessoal de enfermagem em diversas obras para medir temperatura, orientar sobre o uso álcool em gel e foi um trabalho que deu resultado. Mas o principal problema foi no transporte público ou até mesmo nas casas dos trabalhadores, onde muitas vezes moram várias pessoas”, comenta.
Atualmente, em alguns estados do país, o uso de máscaras ainda é exigido no transporte público.
Entrevistado
José Bassili, gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social da Construção)
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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Atualização da NR 18 entra em vigor e traz mudanças para a construção civil
Desde o dia 03 de janeiro de 2022, passou a valer a nova versão da NR 18, norma que diz respeito à segurança e saúde no trabalho na indústria da construção. Em 2019, o Governo Federal havia feito uma determinação para que todas as normas regulamentadoras fossem revistas, principalmente com o objetivo de torná-las mais práticas e objetivas. “A ideia era fazer uma harmonização destas normas – porque elas vêm desde 1978 e foram feitas aos poucos. Por isso, em muitos casos, havia algumas contradições entre elas, já que elas não foram feitas de uma vez só. Então, o objetivo era fazer uma revisão em todas as normas para que elas se tornassem mais harmônicas e houvesse uma desburocratização”, explica José Bassili, gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social da Construção).
Para Bassili, esse novo texto tornou a norma mais enxuta, clara e objetiva, mas sem nenhum prejuízo para a saúde ou segurança dos trabalhadores. “Ela foi reduzida em praticamente 40% dos itens”, aponta.
Ainda na opinião de Bassili, essa norma ganhou um caráter mais forte de gestão. “Ela deixa de dizer como fazer, para dizer o que se tem que fazer. Aí é que está a grande sacada da NR 18. Ela dá muito mais liberdade aos profissionais, mas, por outro lado, isso traz muito mais responsabilidade”, comenta Bassili.
Principais mudanças da NR 18
De acordo com Bassili, as principais mudanças da NR 18 dizem respeito aos seguintes tópicos:
- PCMAT x PGR
Existe um documento que estava na NR 18 que era o PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Civil). Todas as obras que já tinham o PCMAT em vigor dia 3 de janeiro não precisarão mudar, poderão continuar assim até o final. Agora, as novas obras, iniciadas depois de 3 de janeiro, elas devem fazer o PGR, que é o Programa de Gerenciamento de Riscos.
- Containers marítimos
Eles foram proibidos para fins de alojamento, vestiário, escritório de obra, etc. “Mas ele pode continuar sendo utilizado apenas para depósito de materiais”, menciona Bassili.
- Plataformas elevatórias
Antigamente, o conceito era plataforma de trabalho em altura (PTA). No entanto, mudaram de nome para plataformas elevatórias móveis de trabalho.
- Carga horária para treinamentos da construção civil
Haverá uma exigência de carga horária mínima para treinamento, para exercício de cada atividade. “O treinamento inicial ou de integração deve ser de quatro horas, além de ser presencial. Além disso, é necessário fazer uma reciclagem a cada dois anos, sempre mostrando os riscos ao qual estará exposto. Há também alguns treinamentos específicos – por exemplo, um operador de grua. Ele tem que ter cerca de 80 horas, sendo que 40h tem que ser parte prática. Já o operador de guindaste deve ter treinamento de 120h, com 80h de prática”, comenta Bassili.
- Operações
Os tubulões devem ter profundidade máxima de 20 m e diâmetro de 90 m. Os tubulões com pressão hiperbárica vão ser proibidos em 24 meses – até o início de 2024, não poderá mais ter.
- Interface com outras normas
O novo texto remete a exigências específicas de outras normas. “Quando há algum tópico relacionado à trabalho em altura, eles estão jogando para a NR 35. Se tiver máquinas e equipamentos, remete à NR 12. As normas foram se harmonizando, ficando cada coisa em seu lugar”, afirma Bassili.
- Responsabilidades
Esta atualização na norma aponta as responsabilidades de cada um dos profissionais: engenheiros, que são profissionais legalmente habilitados, e também dos técnicos, profissionais qualificados.
“O PGR tem que ser assinado por um técnico de segurança do trabalho em obras com até 10 funcionários e no máximo 7 metros de altura. Acima disso, deve ser feito por engenheiro de segurança do trabalho”, pontua Bassili.
- PGR como responsabilidade da construtora
A partir de agora, o PGR é responsabilidade da construtora e deve ter um só por obra. “Antes, cada empresa tinha um PGR e entregava para a empreiteira. Agora, a empreiteira deve ter um documento só e incluir dentro desse programa, toda gestão de terceiros. As empreiteiras não precisarão entregar PGR para a construtora, mas sim um inventário de riscos inerentes à sua atividade. Exemplo: uma empresa que trabalha com impermeabilização vai entregar inventário de riscos desta atividade. A construtora, por sua vez, vai gerenciá-los dentro do seu programa”, argumenta Bassili.
- PGR: 5 tipos de riscos
Esta atualização prevê que o PGR leve em consideração cinco tipos de riscos: físico, químico, biológico, ergonômico e de acidentes. É preciso identificar e avaliar esse risco – se é grande ou não – e elaborar plano de ação. De tempos em tempos, vai ter que fazer avaliação para ver se o plano está sendo eficaz ou não.
Entrevistado
José Bassili, gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social da Construção)
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Marina Pastore
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Programa Casa Verde e Amarela amplia curva de subsídios
O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) publicou a nova curva que aumentou os subsídios do Programa Casa Verde e Amarela e também suspendeu até 2 de maio a exigência do Seguro de Danos Estruturais (SDE). A medida foi divulgada por meio da Instrução Normativa (IN) Nº 7, em 22 de março, e foi aprovada pelo Conselho Curador do FGTS.
A meta do Programa Casa Verde e Amarela é atender 1,6 milhão de famílias de baixa renda. Para isso, o MDR deve alterar o orçamento utilizado para prover este subsídio, que passará a ser de R$ 8,5 bilhões por ano de 2022 a 2024. Sobretudo, a ideia é incentivar a construção de 390 mil unidades habitacionais. De acordo com previsão do governo, o número de unidades contratadas deve aumentar em 16% em 2022, 23% em 2023 e até 30% em 2024.
Confira as principais alterações:
Suspensão da exigência do Seguro de Danos Estruturais
Em 2021, anunciou-se que as construtoras credenciadas para atuar no programa Casa Verde e Amarela teriam que fazer seguro pós-obra para cobrir eventuais danos estruturais nas unidades. No entanto, o MDR suspendeu até 02 de maio de 2022 essa exigência – anteriormente, o previsto era que essa medida entrasse em vigor a partir de 01 de janeiro de 2022.
Valor do subsídio máximo
A primeira mudança diz respeito ao valor do subsídio máximo. Antes, ele era destinado a famílias com renda de até R$ 1.450,00 por mês. Agora, passa a ser oferecido para famílias com renda de até R$ 1.650,00.
Desconto mínimo
Ainda, houve também uma alteração com relação ao desconto mínimo que agora está disponível para famílias com renda mensal até R$ 3.700,00, e não mais R$ 3.350,00.
Ampliação da faixa 1
Com o objetivo de conceder uma taxa de juros menor a mais famílias, o programa ampliou o grupo que compõem a faixa 1. Agora, foi estendido para famílias com renda mensal de até R$ 2.400,00, ao invés de R$ 2.000,00.
Consequentemente, mais famílias poderão usufruir da taxa de juros faixa 1, que é de 4,25% para regiões Norte e Nordeste e 4,5% para as demais regiões. Na faixa 2, estas taxas sobem para 4,5% para famílias do Norte e Nordeste e 5% para o restante.
“Para as famílias do Grupo 1, é um bônus duplo. Além do aumento do subsídio, elas ainda ganharam maior capacidade de compra. Uma família com renda mensal de R$ 2,4 mil chega a ter um incremento em sua capacidade de compra de quase R$ 9 mil por ano em razão da redução da taxa de juros”, afirma o secretário nacional de Habitação do MDR, Alfredo dos Santos.
Alterações na modalidade poupança
Além das modificações promovidas no Programa Casa Verde e Amarela, a Caixa também anunciou diminuição da taxa de juros no financiamento imobiliário na modalidade Poupança.
Agora, com a mudança, a taxa de juros mínima da modalidade é de 2,80% ao ano mais o rendimento da poupança. Antes, este índice era 2,95% ao ano mais o rendimento da poupança (atualmente 6,17% ao ano + TR).
Layout
De acordo com a norma, o layout da casa deve ser composto, no mínimo, por sala, dois quartos, banheiro e cozinha, quando destinados a famílias com renda mensal bruta limitada a R$ 2.400,00 e provenientes de operações de financiamento à produção.
Fonte
Informações do Ministério do Desenvolvimento Regional
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Marina Pastore
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ESG: 5 iniciativas da indústria do cimento para reduzir impactos ambientais
Com a guerra entre Ucrânia e Rússia, ficou cada vez mais evidente a necessidade de diminuir a dependência de combustíveis fósseis, como é o caso do coque, na indústria do cimento – devido, principalmente, ao constante aumento de preços. Ao mesmo tempo, a crescente preocupação com o meio ambiente também vem exigindo da indústria do cimento medidas que ajudem a minimizar emissões de CO₂. Com isso, o setor tem buscado alternativas para reduzir impactos ao meio ambiente e tornar a cadeia mais sustentável.
“Hoje, a indústria brasileira do cimento apresenta um dos menores índices de emissão específica de CO₂ no mundo, graças a ações mitigadoras que vêm sendo implementadas pelo setor nas últimas décadas. Enquanto o mundo em média emite 620 quilos de CO₂ por tonelada de cimento, a indústria brasileira emite 564 quilos. Além disso, de acordo com a Get the Numbers Right (GNR), em 2014, o Brasil tinha 15% de uso de combustíveis alternativos (entre biomassa e resíduos industriais) para produção do cimento. Em 2019, este índice subiu para 31%. Embora seja um número bom e tenha ocorrido uma aceleração, ainda é longe da média dos países europeus, que é de 50%. Em países como Alemanha e Áustria, chega a 90%”, aponta Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Confira o que tem sido feito para reduzir os impactos ao meio ambiente:
- Substituição do coque por combustíveis alternativos
De acordo com Penna, uma das opções é justamente substituir o coque por meio do uso de combustíveis alternativos. “Ele é um combustível fóssil dolarizado e 90% dele é importado. 85% da nossa energia era coque. Ao fazer essa substituição, há dois ganhos principais: a redução de emissão de CO₂ em um cenário de mudanças climáticas e a blindagem na indústria dos constantes aumentos do combustível fóssil”, explica.
Dentre as possibilidades estão:
- Biomassa: no Brasil, por exemplo, tem o caroço de açaí, casca de babaçu, cavaco de madeira dos reflorestamentos, moinha de carvão, palha de arroz (arroz sem a casca).
- Resíduos industriais: scraps, papelões, metais, tintas, borras, químicos, etc.
- Resíduos residenciais e comerciais: é tudo aquilo que não é orgânico e não vai para a reciclagem.
Sobretudo, gera uma relação ganha-ganha. “É o que a gente chama de coprocessamento na indústria do cimento, isto é, utilizar resíduos para geração de energia. Ainda, faz parte da economia circular. Se não fosse isso, esse produto iria para um lixão, viraria passivo ambiental ou iria para aterro sanitário, sem utilização dele como fonte de energia”, expõe Penna.
- Redução do uso de lixões
Ao aproveitar resíduos residenciais e comerciais na cadeia de produção do cimento, um dos grandes ganhos tem sido a redução de passivos ambientais, principalmente os lixões, que são depósitos clandestinos.
“O Brasil é um dos últimos países do mundo que ainda enterra energia. É o que estava acontecendo com materiais como papel, papelão, cavaco de madeira e resíduos industriais. Não tem o menor sentido. Nos países europeus, para você levar um resíduo para um aterro sanitário, há um custo brutal para fazer isso. O Brasil ainda está lutando para acabar com o lixão, enquanto os países mais desenvolvidos estão acabando com os aterros sanitários. Portanto, estamos usando esse resíduo para fazer o CDR (combustível derivado de resíduo) ou CDRU (combustível derivado de resíduo urbano). É o lixo que sobra da sua casa, o lixo que sobra das empresas na sua cidade, a lauda que você não usou e jogou fora.”, afirma Penna.
- Uso do filler calcário
Em 2018, foi feita uma atualização da norma da ABNT que é a adição de calcário. “Com isso, reduzimos a participação de combustíveis de produtos desenvolvidos a partir da utilização de combustíveis fosseis. Ou seja, o cimento brasileiro ficou mais verde uma vez que se incorporou um produto com baixa emissão, que é o pó do calcário – chamado de filler calcário. Isto também é economia circular. Como a gente usa o calcário pro forno, esse era um passivo. Com essa medida, ele deixou de ser um passivo dentro do princípio de economia circular para virar uma adição ao cimento”, conta Penna.
- Aceleradores Net Zero
Segundo Penna, foi lançado em outubro de 2021, antes da COP26, o Net Zero, um programa de neutralização das emissões de carbono da indústria do cimento até 2050.
“Hoje, aqui no Brasil, emitem-se quilos de CO₂ por tonelada de cimento. O nosso objetivo é baixar este índice para 375 até 2050. Se isso ocorrer, vamos evitar 420 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera. O restante deverá ser neutralizado”, pontua Penna.
- Captura e Uso ou Estocagem de Carbono (CCUS)
Esta é uma iniciativa que está sendo desenvolvida em universidades e institutos de pesquisa. De acordo com informações do Roadmap Tecnológico do Cimento no Brasil, serão necessários ainda esforços adicionais no desenvolvimento e implementação de tecnologias inovadoras e emergentes. Com isso, seria possível, a partir de 2040, atingir uma redução acumulada de 38Mt de CO₂, representando cerca de 9% do potencial de mitigação do setor até 2050.
Ainda segundo o Roadmap, os processos de captura de CO₂ para aplicação na produção de clínquer são os mesmos considerados na geração de energia de outros setores industriais: pré-combustão, pós-combustão e oxi-combustão. Uma vez capturado e separado dos demais componentes do efluente, o CO₂ precisa ser transportado até o local de utilização ou armazenamento. Os reservatórios considerados ideais para o armazenamento de CO₂ são formações rochosas criadas pela deposição de sedimentos acumulados em bacias sedimentares.
Por último, a captura e utilização do carbono (CCU - Carbon Capture and Utilization) apresenta-se como uma solução mais promissora para o setor que a captura e armazenagem de carbono (CCS - Carbon Capture and Storage), em função do seu custo, de acordo com informações do Roadmap.
Entrevistado
Paulo Camillo Penna é presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC)
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Preços da construção sobem 0,56% em fevereiro de 2022
O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) subiu 0,56% em fevereiro deste ano, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro, esta taxa foi de 0,72%, enquanto que em fevereiro de 2021 foi de 1,33%.
Para Augusto Oliveira, gerente do Sinapi, estes índices são um sinal de que o setor da construção civil está voltando a ter taxas similares ao do período pré-pandemia, especialmente após um período de altas sequenciais atípicas.
Custo nacional da construção civil
O Sinapi também apontou que, em fevereiro, o custo nacional da construção (por metro quadrado) foi de R$ 1.533,96. Dentro desse valor, R$ 922,86 está relacionado aos materiais e R$ 611,10 à mão de obra.
Em comparação a janeiro, a parcela dos materiais teve alta. No primeiro mês de 2022, este índice foi de 0,63%, enquanto que em fevereiro foi de 0,77%. Por outro lado, neste mesmo mês de 2021, a taxa era de 2,35%.
Já com relação aos custos da mão de obra, o índice foi de 0,23%, contra 0,87% em janeiro. Em fevereiro de 2021, este valor era de 0,02%.
Ainda, ao levar em consideração o acumulado dos dois primeiros meses de 2022, o custo dos materiais apresentou aumento de 1,40%. Já na parcela da mão de obra, a alta é de 1,10%. Ao levar em consideração os resultados dos últimos 12 meses, o índice é de 23,29% para materiais e 7,10% para mão de obra.
Custos regionais
Ainda de acordo com o Sinapi, a região Sul foi a que apresentou os custos mais altos por metro quadrado, com R$ 1.608,41. Em contrapartida, a região Nordeste teve o valor mais baixo, com R$ 1.441,22.
Ao analisar por estado, o Amapá foi o que teve maior variação percentual no mês: aumento de 4,91% no custo da construção civil. Isso se deve ao fato de que a região teve uma alta na parcela de materiais, além de um reajuste nas categorias profissionais. Esta variação do Amapá somada ao aumento na parcela dos materiais em cinco estados repercutiu nos índices do Norte: a região teve a maior variação do país, com alta de 0,74%.
Sergipe, por sua vez, foi o segundo estado com maior variação percentual do custo da construção civil: 1,31%. Neste caso, o aumento se deve a uma alta de salários e acordos individualizados em algumas empresas, que acabaram adotando novos pisos salariais.
Já o estado com menor variação no custo da construção civil foi o Rio Grande do Sul, com 0,11%.
Fonte
Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi)/ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Contato
comunica@ibge.gov.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Contorno viário de Florianópolis deverá ser concluído em 2023
A maior obra de infraestrutura rodoviária do país, o Contorno viário de Florianópolis, deverá ser concluída até dezembro de 2023, que é o prazo acordado com a Agência Nacional de Transportes Terrestres. A obra será um corredor expresso de 50 km, com pista dupla, seis acessos por trevos, quatro túneis duplos, sete pontes e mais de 20 passagens em desnível. Até agora, de acordo com a Arteris Litoral Sul, concessionária responsável pelo trecho, já foram concluídas quatro pontes, sete passagens em desnível, um trevo completo e 11 km de pavimentação.
Atualmente, os trabalhos ocorrem em diversas frentes de obras em todos os trechos da futura rodovia, incluindo a execução simultânea de atividades nos quatro túneis duplos – todos em fase de escavação subterrânea. No túnel 4, entre os municípios de São José e Biguaçu, a concessionária concluiu as escavações nas duas pistas e esse é o primeiro dispositivo a ter a escavação completa, de uma ponta a outra.
A Arteris já investiu R$ 1,9 bilhão na construção do Contorno Viário de Florianópolis, com a geração de mais de 3.000 postos de trabalho no pico das obras.
Desafios da construção do Contorno viário de Florianópolis
Obviamente, uma obra desta magnitude traz diversos desafios. Segundo a Arteris, os principais são:
• Geotecnia
Investimentos intensivos em geotecnia, a fim de permitir a construção da obra num tempo aceitável. A construção de aterros sobre solos moles resulta em adensamentos prolongados invariavelmente (dezenas ou centenas de anos), e as técnicas da Engenharia Geotécnica permitem reduzir esse tempo para meses, entre 6 e 9 meses, no caso do Contorno.
• Terraplenagem
Quando é feita em regiões com chuvas durante todo o ano, como no Sul do Brasil, esta atividade torna-se dependente de muitos outros fatores, porque é necessário tirar água do solo. No entanto, para tal, são necessárias temperatura e ventilação, fatores que também apresentam grande variabilidade no Sul, com dias mais curtos e frios no inverno, e com chuvas torrenciais nos finais de tarde no verão. Assim, a terraplenagem não é uma atividade trivial na região Sul do Brasil e este aprendizado tem se mostrado um verdadeiro desafio para as construtoras.
• Pavimentação
A pavimentação também possui restrições no Sul do Brasil que inexistem nas demais regiões, em especial no inverno, quando a temperatura pode baixar até valores que tornem a atividade impraticável. Como há uma rápida troca de calor entre o ambiente e o concreto asfáltico, isto faz com que este chegue na pista com temperaturas insuficientes para se obter as melhores propriedades de desempenho, frente ao carregamento que lhe será imposto pelo tráfego durante sua vida útil.
• Obras de Arte Especiais (pontes e viadutos)
A particularidade diz respeito ao elevado custo que esse tipo de obra pode alcançar em regiões com espessas camadas de solos moles, onde se faz o uso de fundações especiais para atravessar essa espessura toda até chegar em camadas mais resistentes ou na rocha. Há fundações que chegarão a mais de 40 m de profundidade, com diâmetros de quase 2 m.
Outro desafio são os Viadutos que precisam ser executados tendo que manter a fluidez dos tráfegos locais, neste caso os projetos e as premissas executivas precisam ser adaptados usando técnicas conhecidas como: Balanços Sucessivos e Treliças Lançadeiras de Vigas. Dessa forma grandes vãos poderão ser vencidos sem a necessidade de escoramentos e consequentes interrupções das vias.
Entrevistado
Arterís Litoral Sul
Contatos
penelope@fabricacom.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Construção civil registrou aumento de mulheres na área
O setor da construção civil sempre foi conhecido pela baixa participação de mulheres. No entanto, aos poucos, este cenário vem mudando. Pelo menos é o que mostra o Painel da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). De acordo com dados divulgados em 2020 pelo Ministério do Trabalho, a participação de mulheres com carteira assinada na área aumentou 5,5%, em relação ao ano anterior. Além disso, o número de postos de trabalho ocupados por mulheres aumentou de 205.033 em 2019 para 216.330 em 2020.
Em fevereiro de 2022, o Sistema Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) /Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) e Mútua também comemoraram o número de profissionais mulheres inscritas: 200 mil engenheiras, agrônomas, meteorologistas, geógrafas, geólogas, enfim, todas as mulheres representadas nas profissões que compõem o Sistema.
A engenheira e diretora de normas técnicas da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), Suely Bueno, que atua na área de projetos, conta que há muito tempo tem havido um aumento de mulheres no seu setor. “Há reuniões que fazemos em determinados projetos, em que 100% dos participantes são mulheres. Na área de projetos, não há a menor dúvida de que tenha ocorrido esse aumento expressivo. No escritório do qual sou sócia, que já tem 60 anos de história, hoje a maior parte da equipe é de mulheres. Já na parte de obras, da construção civil, vemos muitas mulheres na parte gerencial. Mas também é possível perceber um aumento de mulheres na prestação de serviços, colocando o gesso ou assentando alvenaria, por exemplo”, comenta.
Sobretudo, este aumento acompanha o interesse feminino pelos cursos de engenharia. “Elas perceberam que não existem barreiras para ser engenheiras. A partir do instante em que as mulheres foram entrando na faculdade e se formando, elas foram naturalmente sendo contratadas. Quando eu entrei na faculdade, em 1971, havia 600 vagas para todas as especialidades de engenharia. Na época, havia 24 meninas e o restante eram todos meninos. Obviamente, iriam contratar mais homens para o mercado de trabalho. Hoje, acredito que este número de mulheres seja bem maior. Então, é natural que haja mais contratadas”, aponta Suely.
Na opinião de Suely, o fato de ser mulher nunca a impediu de fazer nada e nunca sentiu nenhum empecilho no mercado de trabalho. “Nunca percebi uma situação em que uma mulher foi preterida. O único desafio pelo qual passei foi mais no início da carreira – não por ser do gênero feminino, mas por parecer muito jovem. Entretanto, aos poucos fui mostrando meu trabalho e minha capacidade, o que fez com que eu me destacasse e ganhasse espaço”, lembra Suely.
Mulheres nas áreas de engenharia, tecnologia e exatas
Para incentivar a participação feminina nas áreas de engenharia, tecnologia e exatas, as estudantes Mariah Eduarda Furman, do curso de Engenharia de Produção (Universidade Positivo); Gabriele De Medeiros Scarante, do curso de Física (PUC-PR); e Isabela Semeniuk, do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia (Universidade Positivo); criaram o projeto “A Derivada Feminina”. Por meio das redes sociais, as alunas compartilham notícias e conteúdos relacionados à presença e ao interesse de mulheres por estes cursos. Além disso, as estudantes sempre procuram mostrar exemplos de figuras femininas que se destacaram nestes setores.
“Este projeto se iniciou quando eu passei no processo seletivo para ser monitora de Modelagem Matemática. Quando veio o resultado, a professora ficou feliz porque só meninas passaram no teste. Foi então que ela comentou conosco que seria legal ter um projeto que incentivasse as meninas a entrarem na área de exatas. Aos poucos, ele foi ganhando corpo e ficou mais abrangente, compreendendo não só os cursos de engenharia, mas a área de exatas como um todo”, explica Mariah Eduarda Furman, estudante de Engenharia da Produção da Universidade Positivo e dirigente do CREAJr-PR.
Mariah acredita que, embora seja uma área predominantemente masculina, as mulheres têm se interessado cada vez mais. “Na minha turma de Engenharia de Produção, por exemplo, há 14 meninos e 5 meninas. Mas na sala do primeiro ano, por exemplo, já vejo mais meninas, o que me deixa bem feliz”, conclui.
Entrevistadas
Suely Bueno é Engenheira Civil pela EPUSP e sócia do escritório JKMF Engenharia. Também atua como conselheira e diretora de normas técnicas da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural).
Mariah Eduarda Furman é estudante de Engenharia da Produção da Universidade Positivo e dirigente do CREAJr-PR.
Contatos
ABECE: prefixo@prefixocomunicacao.com.br
A Derivada Feminina: aderivadafeminina@outlook.com
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP