Número de empregados na construção civil fica estável em abril

Em junho de 2020, o setor de construção civil possuía 1,926 milhão de trabalhadores com carteira assinada. Em abril de 2022, esse número subiu para 2,428 milhões.
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O índice que afere o número de empregados na indústria da construção civil permaneceu praticamente estável em abril, na comparação com março, segundo o boletim Sondagem Industrial da Construção, feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em abril, o índice estava em 50,7 pontos, enquanto em março registrou 50 pontos. 

Ainda segundo a entidade, desde 2012 o índice não apresentava valor acima dos 50 pontos para o mês de abril – na época, registrou 50,6 pontos. 

Ao mesmo tempo, o índice do nível de atividade recuou 1,2 em relação a março, atingindo 50,1 pontos. De acordo com a CNI, apesar desta queda, o desempenho da construção em abril permaneceu positivo

Segundo a CNI, os índices avaliados apresentam variação de 0 a 100. Isto significa que valores acima de 50 indicam aumento do emprego, da produção, estoque acima do planejado ou utilização da capacidade instalada acima do usual. No entanto, valores abaixo de 50 sugerem que o nível de atividade está abaixo do usual.

Aumento de empregos na pandemia

Durante a pandemia, a área de construção civil não parou de crescer. O setor, que possuía 1,926 milhão de trabalhadores com carteira assinada em junho de 2020, apresentou em abril de 2022 um salto para 2,428 milhões, de acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho. 

Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), os dados mostram que desde os primeiros meses da pandemia, o setor já gerou mais de meio milhão de novas vagas com carteira assinada

Fatores de influência na empregabilidade

De acordo com o economista e sócio dirigente da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Tadeu Araújo, os índices da construção civil não dependem exclusivamente do mercado imobiliário. “Embora atualmente o mercado imobiliário esteja correspondendo a 60% da nova geração de empregos com carteira assinada, na construção civil, obras industriais e públicas (que são pesadas) também fazem parte do emprego com carteira assinada. E acabam influenciando este índice. O que nós temos no mercado imobiliário nos últimos quatro meses foi uma acomodação dos lançamentos. Depois, tivemos um fortíssimo crescimento entre a metade de 2020 até, aproximadamente, setembro de 2021. Entre outubro e novembro de 2021, tivemos um período de estabilidade, enquanto entre janeiro e abril de 2022, tivemos uma leve queda. Portanto, as novas construções apresentam esta tendência de leve queda”, destaca o Araújo.  

 Outro motivo que pode ter influenciado neste resultado é corte de custos, no qual algumas obras podem ter sido postergadas para refazer o orçamento. 

Ainda existe a possibilidade de, em alguns casos, ter ocorrido a falta de alguns insumos. “Vale lembrar que para as cadeias de produção de todo mundo volta e meia tem faltado produtos. Embora isto já esteja bem regularizado em comparação ao que aconteceu no início de 2021, em alguns casos pode ter ocorrido essa questão”, aponta Araújo. 

Empregabilidade em 2022

Na opinião de Araújo, deve continuar tendo uma alta na geração de empregos. “Mesmo quando falamos que há uma desaceleração nos lançamentos, continuam tendo novas obras. De forma geral, espera-se para este ano a geração de cerca de 2 milhões a 2,4 milhões de novos postos de trabalho com carteira assinada para todos os setores, mesmo que o país cresça menos do que poderia estar crescendo no passado. Ele já cresce em cima de uma base, não é do zero. Então, nós acreditamos que os empregos da construção civil crescerão este ano. Ao final de 2002, haverá mais trabalhadores na construção civil do que há neste mês de junho. Mas este crescimento será numa velocidade menor do que ocorreu no mesmo período do ano passado, uma vez que a base de comparação é maior”, pontua Araújo. 

Entrevistado

Fábio Tadeu Araújo é graduado em Ciências Econômicas e pós-graduado em Economia Internacional pela FAE Business School, possui MBA em Gestão de Projetos pelo IBMEC. É sócio dirigente da Brain Inteligência Estratégica.

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Preços dos imóveis residenciais sobem 1,08% em abril

Durante 2022, preços devem continuar se acomodando - não há previsão de baixas.
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Em abril, os preços dos imóveis residenciais novos em dez capitais subiram 1,08% em média. No mês anterior, março, já havia ocorrido uma elevação de 1,05%. No acumulado de 12 meses até abril, a elevação foi de 17,26% (ante 17,43% em março), interrompendo o processo de aceleração iniciado em abril de 2021. Os dados são do IGMI-R (Índice Geral de Preços do Mercado Imobiliário Residencial), medido pela Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). 

De acordo com Miguel Abras, assessor de investimentos, diversos são os fatores que têm influenciado a alta do preço dos imóveis. No entanto, a inflação é a principal delas. “Não só a alta de alimentos tem pressionado a inflação. A alta dos insumos para a construção civil e a própria mão de obra têm encarecido o custo de construção, o que afeta o valor de venda das unidades novas. Para as vendas das unidades usadas, o mercado imobiliário surfou o momento de baixa taxa de juros oferecidas entre 2020 e 2021 por conta da pandemia de COVID-19, dado que os financiamentos estavam mais atrativos. Ainda, com a pandemia, houve uma migração do trabalho para o Home Office, o que atraiu muitas famílias a adquirirem um imóvel maior ou uma casa longe dos centros urbanos”, explica Abras. 

Léa Saab Faggion, gerente de vendas da empresa de administração condominial OMA, aponta ainda que a guerra e o preço dos insumos importados da construção civil são os principais fatores. “O dólar está alto, além do fato de que o transporte ficou mais complicado. A China, por exemplo, é uma das grandes produtoras de aço. E há uma dificuldade no transporte dos materiais e movimentação dos navios. A China ficou fechada durante um bom tempo por conta da pandemia. Com isso, muita mercadoria ficou parada. E tudo isso encarece. A gente já vem há um tempo tendo aumento de tudo”, justifica.

No entanto, hoje, com as taxas de juros novamente elevadas, era esperado um recuo ou uma estabilização dos imóveis usados dada a baixa atratividade do financiamento imobiliário. “Porém, o preço do imóvel novo e usado, historicamente, se mantém em equilíbrio. Ou seja, se o preço de um ou de outro fica muito distorcido, um perde atratividade frente ao outro. Se o investidor deseja comprar um imóvel, ele vai analisar os preços dos metros quadrados tanto de usados quanto novos. Se o novo tiver muito mais caro, ele optará pelo usado, o que aumentará a demanda pelo usado e, consequentemente, o preço tende a subir. O mesmo acontece com o valor do imóvel usado próximo ao do novo. O investidor optará pelo novo e a demanda pelo usado diminuirá, reduzindo seu valor de venda. Portanto a oferta e a demanda também influenciam no preço dos imóveis”, aponta Abras.

Alberto Mattos de Souza, sócio do PMMF Advogados e especialista em Negociações Estratégicas no Mercado Imobiliário, também lembra que, nesse contexto, o valor dos terrenos aumenta assim como o custo de construção, refletindo, naturalmente, no valor final dos imóveis novos. “O incremento dos preços dos imóveis novos, por sua vez, serve como um dos principais parâmetros para o valor dos imóveis usados, provocando, portanto, um aumento generalizado no setor”, comenta.

Por último, outro fator que pode ter influenciado é que hoje o estoque de imóveis é menos elevado do que no início da pandemia. “Muitos dos estoques que as incorporadoras estavam comercializando foram consumidos. Você tem hoje em dia uma dificuldade de demanda”, pontua Leonardo Di Mauro, sócio e Head do setor de Real Estate para LATAM do GRI Club.

Implicações

O aumento do preço do imóvel tende a ser prejudicial para a população como um todo. “Apesar de o mercado estar aquecido, a renda da população não acompanhou a evolução do preço do mercado imobiliário. Pelo contrário, o poder de compra do brasileiro tem se deteriorado nos últimos meses. Esse descasamento pode gerar uma dificuldade de acesso àquelas pessoas que buscam seu primeiro imóvel, o que pode diminuir a demanda por imóveis novos e usados nos próximos meses, levando a uma superoferta de imóveis no mercado”, alerta Abras.

Entretanto, Souza afirma que não vê uma diminuição relevante nas transações imobiliárias capaz de indicar uma tendência.  “Parte disso pode ser explicado pelo fato de a Taxa Selic também ter aumentado bastante nos últimos meses. Esse fator atua diretamente no custo do financiamento imobiliário, que, embora tenha encarecido nos últimos meses, subiu menos do que a inflação ou a própria Selic. Isso fez com que o custo do financiamento tenha se tornado interessante. Some-se a isso o fato de os imóveis servirem como uma ótima opção de diversificação de investimento e proteção patrimonial”, opina.

Na opinião de Léa, com relação às construtoras, talvez elas coloquem um pouco o pé no freio. “Aquelas que ainda não começaram a construir, talvez repensem. Já aquelas que estão em construção, o próprio contrato é reajustado pelo Índice Nacional de Preços da Construção Civil”, lembra.  

Perspectivas

Para um horizonte de curto prazo, como 6 meses é esperado a manutenção das condições atuais. “Estamos muito dependentes de fatores macro econômicos e geopolíticos como pandemia, preço de petróleo, guerras, sanções comerciais. Fatores esses que têm influenciado o mundo e o Brasil de forma negativa, diminuindo o poder de compra da população e consequente redução da qualidade de vida da população média”, destaca Abras

Por outro lado, ao pensar em prazos maiores, como final de 2023 e 2024, é esperado uma oferta maior de imóveis dado que a produção de novas unidades está em pleno vapor, para uma demanda cada vez menor de pessoas capazes de adquirir esses imóveis que tiveram um custo de produção elevado. “Portanto, é esperado uma possível sangria no mercado imobiliário nos próximos anos e um endividamento de construtoras por não conseguirem arcar com seu financiamento para produção (estes devem ser quitados logo após a entrega da obra. Se o estoque não está vendido, o empreendimento sozinho não consegue arcar com a dívida da construção, tendo que liquidar estoque a preços mais baixos para quitação da dívida)”, pontua Abras.

Souza não vê um descolamento significativo do preço dos imóveis em relação à inflação. “Ou seja, enquanto a inflação estiver subindo, a tendência é de que os preços a acompanhem. Não enxergamos mudanças significativas nas vendas no mesmo período”, esclarece.

Para Di Mauro, até o final de 2022 ainda deve ter um processo de aumento, até a situação se estabilizar um pouco. “Ainda está havendo uma acomodação dos preços. Acho que em 2023, teremos um patamar um pouco mais equilibrado”, conclui. 

Entrevistados

Miguel Abras é graduado em Engenharia de Produção na PUC-GO e pós-graduado em Sistemas Mínero-Metalúrgicos na UFOP, atua há mais de 10 anos no mercado financeiro, com foco em gestão de fundos multimercados, de renda fixa, de ações, imobiliários e FIDCs. Atualmente, é Assessor de Investimentos na Miura Goiânia, certificado Ancord e CGA (Certificação de Gestores ANBIMA).

Alberto Mattos de Souza é sócio do PMMF Advogados e especialista em Negociações Estratégicas no Mercado Imobiliário.

Léa Saab Faggion é gerente de vendas da OMA, empresa que atua há 50 anos atua na administração condominial. 

Leonardo Di Mauro é sócio e Head do setor de Real Estate para LATAM, respondendo pela atuação do GRI Club em toda região. É graduado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia de Lins, com MBA Executivo pela FGV e pós-graduado em Gestão de Projetos pela Universidade São Francisco.

Contatos

Miguel Abras - contato@miurainvest.com.br

Alberto Mattos – albertomattos@pmmf.com.br

Assessoria de imprensa OMA - inguzcompany@gmail.com 

Assessoria da GRI Club - amanda.alves@viracomunicacao.com.br

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Ponte Hercílio Luz tem 4.000 m² de pavers nas cabeceiras

Obra na Ponte Hercílio Luz exige o uso de materiais resistentes devido ao alto fluxo de veículos
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Inaugurada em 1926, a Ponte Hercílio Luz sempre foi um dos cartões-postais de Florianópolis. Ela foi construída com o objetivo de ligar a capital do estado, que na época era apenas Ilha de Santa Catarina, à cidade vizinha de São José. Na época, a ideia era interromper o serviço de balsas. Sua construção demandou grandes esforços – como o Brasil ainda não tinha produção de ferro fundido e aço em volume suficiente, o material foi todo trazido dos Estados Unidos em quatro grandes navios. 

No entanto, desde 1982, ela teve o trânsito interditado, após inspeções. Posteriormente, em 1991, ela passou a ficar completamente fechada, inclusive para pedestres, bicicletas, motocicletas e veículos de tração animal.

Reabilitação da ponte Hercílio Luz

Em 2005, o Governo do Estado de Santa Catarina apresentou um projeto de reabilitação, que começou a ser realizado em 2006. Esta fase contemplava a manutenção preventiva dos elementos metálicos e preparação da base para tratamento e reforço dos blocos de ancoragem, além da recuperação das estruturas metálicas e das rampas dos dois acessos.

Em 2009, iniciou-se o que seria a fase final da obra. A ideia era recuperar todo o vão central, das torres principais, da passarela e das pistas de rolamento. O projeto previa quatro torres de sustentação para isso. Esta era uma fase complexa, na qual mergulhadores desciam a quase 30 metros de profundidade para soldar as escoras no fundo do mar com altíssima precisão.

No entanto, em 2014, o Estado rompeu o contrato por conta de atrasos. Em 2015, os trabalhos foram retomados com uma nova empresa contratada. Quatro anos depois, em dezembro de 2019, a ponte Hercílio Luz foi finalmente reinaugurada. Em maio de 2022, completou 96 anos.

A Pirâmide Pré-Moldados, uma das empresas que fez parte dessa obra e que recentemente completou 46 anos de atuação, participou do projeto com pavers para compor a restauração das duas cabeceiras da ponte. “A Pirâmide orgulha-se em participar da revitalização e entrega à população dessa obra de arte da engenharia e principal cartão postal de Florianópolis e Santa Catarina”, afirma Rodrigo Schmitt, diretor e presidente da Pirâmide Pré-Moldados.

Desafios

De acordo com o Governo do Estado de Santa Catarina, a ponte Hercílio Luz é a única ainda de pé com o vão central suspenso em barras de olhal, algo que era mais viável economicamente na época em que foi erguida. Durante a restauração, estas estruturas foram trocadas, o que exigiu um grande trabalho de engenharia. 

Para Schmitt, dentre os desafios da obra estava fornecer um produto com a qualidade, resistência e durabilidade exigida pelo alto fluxo de veículos no local, dentro do custo orçamentário da obra.

“Chegamos a essa solução pesquisando matérias-primas de ótima qualidade e utilizando equipamentos com alta tecnologia. Foram utilizados 4.000 m² (aproximadamente 200 mil peças) de pavimentos retangulares 10x20 cm (tipo Pedra Holandesa) com 10 cm de espessura e 35 MPa de resistência à compressão nos acessos às cabeceiras insular e continental da ponte”, pontua Schmitt. 

Na opinião de Schmitt, a grande vantagem na utilização dos pavimentos intertravados se deu em razão da rapidez na execução, ótimo custo-benefício e facilidade de manutenção. 

Fonte
Rodrigo Schmitt é diretor e presidente da Pirâmide Pré-Moldados.

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contato@piramidesc.com.br

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China utiliza inteligência artificial e impressão 3D para construir hidrelétrica

China utiliza inteligência artificial hidrelétrica: Nesta obra, um sistema central de inteligência artificial será usado para supervisionar uma enorme linha de montagem automatizada
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A China anunciou recentemente a construção da barragem hidrelétrica de Yangqu, utilizando inteligência artificial, robôs de construção, impressão 3D e zero trabalho humano. Localizada no Planalto Tibetano, no sudoeste da China, a previsão é que esta obra seja concluída em 2025 e tenha uma altura de 180 metros. 

Após sua finalização, deverá gerar aproximadamente 5 bilhões de quilowatts-hora por ano de energia elétrica. Para se ter uma noção, a usina de Itaipu produziu 76,38 bilhões de quilowatts-hora em 2020. Ainda, esta será a primeira usina hidrelétrica do mundo a ser totalmente construída sem qualquer tipo de mão de obra humana. Além disso, este projeto provavelmente será a estrutura mais alta do mundo construída usando processos de impressão 3D. O recorde atual é de um prédio de escritórios de dois andares em Dubai, com 6 metros de altura.

Como funcionará a obra de Yangqu?

Em Yangqu, um sistema central de inteligência artificial será usado para supervisionar uma enorme linha de montagem automatizada. Ela começa com uma frota de caminhões não-tripulados usados ​​para transportar materiais de construção para partes do local de trabalho.

Assim que os materiais chegam, escavadeiras e pavimentadoras não-tripuladas os transformam em uma camada da barragem. Em seguida, rolos equipados com sensores ajudarão a pressionar cada camada para que se tornem firmes e duráveis. Quando uma camada estiver concluída, os robôs enviarão informações sobre o estado da construção de volta ao sistema de IA.

“Sobretudo, o sistema de IA e seu exército de robôs ajudarão a eliminar erros humanos, como quando os operadores de rolos não seguem uma linha reta ou quando os motoristas de caminhão entregam materiais no local errado. O sistema também permitirá que o trabalho no local progrida continuamente sem preocupações de segurança para os trabalhadores humanos”, afirma Liu Tianyun, professor de engenharia da Universidade de Tsinghua e autor principal do estudo “3D printing of large filled construction projects” (Impressão 3D de grandes projetos de construção). 

No entanto, a mineração do material de construção ainda terá que ser feita manualmente. 

Inspiração para outros projetos

De acordo com Tianyun, essa tecnologia inovadora de impressão 3D combinada com o uso de inteligência artificial também poderá ser empregada em diversos outros projetos de infraestrutura, como na construção de aeroportos, estádios e estradas

Fonte
Liu Tianyun é professor de engenharia da Universidade de Tsinghua e autor principal do estudo “3D printing of large filled construction projects”.

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liuty@tsinghua.edu.cn

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Governo anuncia aumento de multiplicador de subsídio do Casa Verde e Amarela

Governo estuda ainda outras medidas para incentivar a compra de imóveis
Crédito: Ministério de Desenvolvimento Regional

O ministro do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira, anunciou acréscimo de 12,5% a 21,4% no subsídio médio do programa habitacional Casa Verde e Amarela (CVA). Ele vale a partir de junho, com validade até 31 de dezembro. O ajuste pode variar de acordo com a renda familiar, a região e a população do município

A medida foi anunciada após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2022, que mostraram que os lançamentos de unidades do programa habitacional Casa Verde e Amarela foram reduzidos em 40,4% e a oferta final em 11,1%, em comparação com o 4º trimestre de 2021. Os dados integram o estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 1º trimestre de 2022, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica.

Em comparação às vendas do 4º trimestre de 2021, o número de unidades residenciais vendidas subiu 2,2%. Sobretudo, três regiões apresentaram alta: Centro-Oeste (13,9%), Sul (13,4%) e Nordeste (8,6%).

Ainda de acordo com o estudo Indicadores Imobiliários Nacionais, os números negativos são influenciados por três fatores predominantes: aumento dos custos da construção civil; falta de confiança para novos lançamentos dos empresários e incorporadoras; e queda do poder aquisitivo das famílias.

“Se o Casa Verde e Amarela continuar negativo, logicamente terá uma queda no mercado como um todo. A nossa esperança é que, daqui para o final do ano, com a entrada em vigor da curva 2 de subsídio e com o pleito de termos da curva 3, a gente atenda a meta de contratação prevista no Orçamento de R$ 60 bilhões”, afirma José Carlos Martins, presidente da CBIC.

Ampliação do prazo de financiamento do FGTS

Outro benefício que deverá ser estudado pelo Congresso Nacional é a ampliação do prazo de financiamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) de 30 para 35 anos.

O governo também avalia o uso mensal do FGTS depositado para quitar prestações dos imóveis.  

No início de abril, o programa já havia anunciado a ampliação do grupo que compõe a faixa 1. Agora, o governo estuda ampliar as faixas de renda nos grupos 2 e 3 do programa. 

Na opinião de Martins, essas medidas melhoram o poder de compra das famílias e incentivam a habitação de interesse social. 

Outra decisão anunciada foi a regulamentação do Fundo Garantidor de Habitação (FGHab), em abril. A Medida Provisória 1114/22 estende a cobertura do Fundo Garantidor da Habitação Popular (FGHab), do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), para os financiamentos habitacionais do Programa Casa Verde e Amarela.

Fonte
José Carlos Martins é presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

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Assessoria de imprensa - operacional@cbic.org.br

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Vidro reciclado pode ser solução para construções mais sustentáveis

Estrutura de concreto pré-fabricada usando impressora 3D
Crédito: Mehdi Chougan

Em 2019, pesquisadores da Deakin School of Engineering, na Austrália, haviam feito o processo de transformar vidro em areia. A iniciativa motivou os cientistas a testar a areia de vidro na produção de concreto polimérico para pisos industriais. Agora, pesquisadores da Universidade Técnica de Berlim, na Alemanha, e da Universidade de Brunel, na Inglaterra, testaram substituir agregados — como areia — por vidro para impressão 3D de concreto. O resultado mostrou que o material pode ser uma ótima alternativa para trazer mais sustentabilidade à produção.  

“Atualmente, em muitas partes do mundo estamos enfrentando problemas de escassez de areia. Além disso, em muitos países menos desenvolvidos, a taxa de reciclagem de resíduos de vidro ainda é limitada, com uma grande quantidade sendo depositada em aterros. Portanto, o concreto é um material perfeito onde o vidro reciclado pode encontrar sua utilização. Além dos aspectos ecológicos, os resíduos de vidro têm condutividade térmica substancialmente menor que a areia natural, portanto, os compostos apresentam melhores propriedades isolantes”, explica Pawel Sikora, professor associado de Engenharia Civil e Ambiental na West Pomeranian University of Technology em Szczecin.

Processo 

Para produzir o concreto 3D, os pesquisadores usaram vidros provenientes de garrafas de bebidas, fornecidos por uma empresa de reciclagem. A equipe triturou o vidro com a ajuda de uma máquina. Os pedaços remanescentes, que tinham menos de um milímetro quadrado, foram lavados, secos, moídos e peneirados. Finalmente, o material triturado foi usado no lugar da areia para fabricar o concreto. Este material foi usado para imprimir blocos e outros elementos de construção em 3D.

Viabilidade

De acordo com Sikora, ainda existem custos associados ao processamento de vidro de aterros sanitários - lavagem, trituração e peneiramento. “O ideal seria receber vidro residual diretamente das fábricas/locais de produção. Como exemplo, nos anos anteriores recebemos um copo triturado de cervejaria local, portanto, estávamos cientes de sua composição e potencial descontaminação (ou falta dela). Portanto, poderíamos otimizar o processamento”, expõe Sikora.

Da mesma forma, existem preocupações em relação à reação álcali-sílica (ASR). “No entanto, até o momento, muitos estudos mostraram que a mistura em proporções adequadas evita a ASR mesmo com a substituição de 100% do volume de areia por resíduos de vidro. Além disso, ainda há necessidade de encontrar um método de limpeza eficiente de resíduos de vidro recebidos do aterro para economizar custos de processamento. Portanto, ainda há conhecimento limitado sobre o uso de resíduos de vidro descontaminados em produtos de concreto” define Sikora.

Isolante

Segundo Sikora, este é o primeiro estudo que trata da produção de compostos leves imprimíveis em 3D. “Mostramos que a inclusão de resíduos de vidro diminuiu significativamente a condutividade térmica do material, portanto, pode ser usado para a produção de blocos isolantes impressos em 3D. Atualmente, estamos dando continuidade a este trabalho imprimindo em 3D elementos de paredes maiores e otimizando suas topologias através de simulações numéricas. Assim, através da combinação de uma impressão 3D e utilização do nosso material com resíduos de vidro, desenvolvemos um sistema de parede com o melhor desempenho isolante, limitando assim os custos necessários para aquecimento/arrefecimento”, aponta Sikora.

Fonte
Pawel Sikora é professor associado de Engenharia Civil e Ambiental na West Pomeranian University of Technology em Szczecin.

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Pawel.Sikora@zut.edu.pl

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Business Intelligence: como aplicar na construção civil?

Tecnologia auxilia na tomada de decisões e planejamento de obras, além de reduzir erros
Business Intelligence pode trazer redução geral nos custos, seja pela agilidade, seja pela redução de erros nas obras.
Crédito: Envato

O Business Intelligence (BI) cresceu bastante ao longo da década de 1980, junto à evolução dos computadores. Além de compartilhar informações, o sistema ajudava os gestores na tomada de decisão. 

“Atualmente, o Business Intelligence é uma tecnologia que combina mineração de dados, análise empresarial, visualização de dados, ferramentas/infraestrutura de dados e práticas recomendadas para contribuir de maneira positiva para que empresas e gestores otimizem a tomada de decisões”, explica Antonio Fascio, CEO da 3F Group, empresa que contém a Orçafascio e a Orçafascio Prime.

Na construção civil, o BI pode ser usado de diferentes maneiras. “Seja no entendimento do perfil do cliente ou mesmo para realizar o gerenciamento de obras. O objetivo sempre é o de ganhar eficiência e melhorar a tomada de decisão”, afirma Fascio.

No entanto, para Edson Poyer Sant'Anna, CMO da 3F Group, falar sobre a adoção de tecnologia na construção civil é lidar com dois extremos. “Enquanto temos muitas empresas ainda trabalhando com processos de gestão rudimentares, nós também temos empresas operando em níveis que dão inveja a outros setores. Falando especificamente de BI, podemos utilizar como exemplo a Dimas Construções de Florianópolis, já há alguns anos todas as obras possuem seus Dashboards, que além de mostrarem como está a utilização de recursos e a evolução dos custos da obra, também mostra detalhadamente como está o andamento e a previsão de entrega da obra. Ou seja, não há mais situações onde a construtora não possa prever possíveis problemas”, aponta Poyer.

Vantagens do Business Intelligence na construção civil

Além da otimização da tomada de decisões, de acordo com Fascio, outras vantagens do BI são a redução de erros e agilidade no planejamento. “Sabemos que o ser humano é falho e que ele, mais cedo ou mais tarde, pode errar. Para eliminar essa margem, é necessário adotar estratégias e tecnologias. Com o uso do BI, há uma grande redução de erros na gestão de negócios. Com menos variáveis para analisar e menos fontes para extrair os dados, a gestão se torna mais eficiente”, acrescenta Fascio.

Finalmente, com todos estes benefícios, é possível obter uma redução geral nos custos, seja pela agilidade, seja pela redução de erros, segundo Fascio.

Barreiras na adoção do business intelligence na construção civil

Algumas dessas barreiras estão relacionadas ao conhecimento técnico do time que vai operar e criar os painéis, a maturidade dos gestores em relação a um novo cenário onde terão mais dados sensíveis e críticos para a tomada de decisão, segundo Poyer. “Entretanto a principal barreira normalmente é a fonte de dados para criação dos Dashboards, um bom projeto de BI consegue ir até onde os dados permitem que ele evolua”, explica Poyer.

Ainda, de acordo com Poyer, atualmente fala-se muito pouco sobre BI nas universidades, com exceção à cursos extracurriculares. 

“Pessoalmente desconheço uma universidade de engenharia que possua a inserção de BI em alguma atividade de seu currículo. Os melhores profissionais de BI da construção civil que conheci se desenvolveram por iniciativa própria ou por causa das empresas em que se encontram, que decidiram investir em Business Intelligence. Os profissionais que já possuíam algum conhecimento e/ou interesse na área acabaram por se desenvolver pois se tornaram diretamente responsáveis por esses projetos”, justifica Poyer.

Para Poyer, Business Intelligence não é um bicho de 7 cabeças e pode ser aprendido por profissionais em diferentes fases da carreira – desde os mais novos aos mais experientes. “Um engenheiro já sai na frente por causa da sua formação. Quem trabalha com exatas tende a ter mais facilidade com esses projetos, mas o principal para esses profissionais mais experientes é entender que com BI o objetivo é fazer com que a informação seja gerada e transmitida. Para se trabalhar de forma efetiva com BI não basta ter as ferramentas, deve-se sim adquirir um novo comportamento em relação à informação. Os times precisam entender que cada dado gerado por eles tem como função gerar uma melhoria. Entrar em um projeto de BI com a mentalidade correta é mais importante do que ter o conhecimento técnico das ferramentas”, conclui Poyer.

Fontes
Antonio Fascio é CEO da 3F Group, empresa que contém a Orçafascio e a Orçafascio Prime.
Edson Poyer Sant'Anna é CMO da 3F Group.

Contatos
Assessoria de impensa: julia.lira@pinepr.com

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Governo do Paraná estuda continuidade da restauração em concreto da PRC-280

Esta é a primeira obra no Paraná que utiliza a técnica de Whitetopping
Crédito: Ari Dias/Agência Estadual de Notícias

Depois de utilizar o Whitetopping na revitalização do trecho da PRC-280 que vai de Palmas ao Trevo Novo Horizonte, em General Carneiro, agora o Estado do Paraná estuda o uso desta mesma técnica em outro trecho da PRC-280, entre Palmas e Pato Branco, atendendo também os municípios de Clevelândia e Mariópolis.

“A PRC-280 tem uma primeira obra, que já está em execução, que vai de General Carneiro até Palmas. Desses 60 km, já tem cerca de 20 km prontos, com os dois lados da pista liberados. Eles estão terminando os outros 40 km e devem finalizar isso até o final do ano. Através de um termo de cooperação técnica entre o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), foi desenvolvido um anteprojeto dos outros 90 km até Pato Branco. Este anteprojeto está pronto e deve ir para licitação este ano. Porém, eles devem dividir a obra em duas partes, por conta dos recursos”, explica Alexsander Maschio, Gerente Regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

O investimento do Governo do Estado é de R$ 107,4 milhões e acaba com uma espera de duas décadas por melhorias na trafegabilidade da região. “Havia a necessidade urgente de restauração completa deste trecho da PRC-280”, afirma Janice Kazmierczak Soares, Diretora Técnica do DER/PR.

Vantagens do Whitetopping

Esta é a primeira obra no Paraná que utiliza a técnica de Whitetopping. “Hoje essa obra é uma das maiores do Brasil em extensão – estamos falando de 150 km no total”, aponta Maschio

Janice destaca que nesta obra é realizado um rígido controle tecnológico tanto dos materiais empregados quanto da execução. “Somados à alta tecnologia dos equipamentos utilizados, isto garante longa vida útil e baixo custo de manutenção”, declara Janice.

O ponto mais interessante do Whitetopping é que o pavimento de concreto é feito sobre um pavimento asfáltico deteriorado. “PRC-280 é a pior rodovia do estado. Toda esburacada. Se fosse fazer um pavimento asfáltico novo lá, teria que retirar todo aquele material, escavar, tirar todas as camadas e refazer. No pavimento de concreto, não. Nós usamos tudo aquilo que está horrível como estrutura para um novo pavimento. Essa é a grande vantagem do Whitetopping. Você não precisa escavar ou tirar nada. Só é necessário fazer pequenos ajustes pontuais. E em seguida, é possível usar esse asfalto deteriorado como base para um novo pavimento”, expõe Maschio. 

De acordo com Janice, foram feitos estudos e a restauração em pavimento de concreto (Whitetopping) se mostrou mais vantajosa, pois o custo inicial desta técnica ficou menor que o custo da restauração em pavimento asfáltico, principalmente em decorrência da alta nos preços dos ligantes asfálticos. “Além disso, quando se considera o custo de manutenção, o pavimento de concreto é bem mais econômico, quando bem executado. Enquanto o pavimento asfáltico exige conservação constante a partir do segundo ou terceiro ano de vida útil, o pavimento de concreto é mais resistente, exigindo apenas a troca do material das juntas de dilatação e pequenos reparos nas placas, caso ocorra alguma patologia”, aponta Janice. 

Segundo Maschio, foi realizado um estudo para o DER na época e a obra ficou cerca de 17% mais barata com a técnica de Whitetopping do que a reconstrução em asfalto. 

Entrevistados
Alexsander Maschio é Gerente Regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Janice Kazmierczak Soares é Diretora Técnica do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR).

Contatos
alexsander.maschio@abcp.org.br
protocolo@der.pr.gov.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Pesquisadores britânicos desenvolvem concreto que se regenera sozinho

Cicatrização ao longo do tempo em fissura de 0,5 mm, devido à atividade bacteriana.
Crédito: Universidade de Bath

Pesquisadores da Universidade de Bath, no Reino Unido criaram um concreto autorregenerativo. De acordo com os professores Kevin Paine, do Departamento de Arquitetura e Construção Civil, e Sussanne Gebhard, do Departamento de Biologia e Bioquímica, geralmente este tipo de concreto é feito com bactérias que podem formar esporos, que são muito duráveis. 

“Formas resistentes das bactérias podem sobreviver a ambientes hostis por muito tempo. Isso é necessário para que as bactérias sobrevivam sendo adicionadas ao concreto quando ele é moldado. E, claro, as bactérias têm que ser capazes de formar calcita, o mineral de carbonato de cálcio que é o produto de cura para selar as fissuras do concreto. Muito trabalho foi e ainda é feito com bactérias como Bacillus pseudofirmus ou Bacillus cohnii, que são bem conhecidas e inofensivas para pessoas, animais e o ambiente. Atualmente, usamos principalmente bactérias naturais que isolamos de amostras de solo e rocha em ambientes calcários. Elas estão intimamente relacionadas com as espécies que mencionei, podem fazer esporos e calcita, e usamos o sequenciamento do genoma para garantir que sejam seguros para uso. Uma vez que elas já vêm do meio ambiente, não estamos introduzindo novas bactérias nos espaços onde o concreto autorregenerativo é usado, novamente evitando quaisquer impactos negativos”, explicam Paine e Sussanne.

-Bactéria pode dar “imortalidade” ao concreto

Para que a autocura funcione, as bactérias precisam formar calcita, que é o mineral que compõe o calcário. “É um mineral de carbonato de cálcio, então basicamente você precisa de íons de cálcio, que são abundantes no concreto, e íons carbonato. Este último pode ser visto como uma solução dissolvida de CO₂. As bactérias que nós usamos produzem CO₂ como parte de seu metabolismo quando degradam substâncias orgânicas, muito similar ao que acontece no corpo humano”, apontam Paine and Sussanne.

Processo

Em primeiro lugar, as bactérias são incluídas no concreto como esporos, um tipo de célula muito durável que algumas bactérias podem fazer. Para protegê-los quando o concreto é lançado, eles são encapsulados dentro de um agregado.

-Pesquisa usa fungos para combater patologias do concreto

Também são misturados nutrientes para as bactérias no concreto autorregenerativo. “Assim, quando ocorre uma rachadura e a água entra neste espaço, as bactérias são liberadas de suas cápsulas e têm acesso aos nutrientes. Eles começam a degradar os nutrientes e formam CO₂, que por sua vez pode reagir com o cálcio já no concreto para produzir o mineral calcita que queremos. As células bacterianas também ajudam na formação dos minerais atuando como partícula inicial para que os cristais minerais cresçam. Ao final, a fissura é fechada por uma camada de calcita feita pelas bactérias, evitando que mais água entre na rachadura. Isto protege então o interior do concreto de mais danos e ele é “curado”, afirmam Paine and Sussanne.

Tecnologia usa camada de calcita feita pelas bactérias para fechar rachaduras
Testes foram realizados em condições de laboratório em torno de 20°C.
Crédito: Universidade de Bath

Uma vez que uma rachadura se forma, a precipitação de calcita dentro dessa rachadura pode ser vista após cerca de sete dias. No entanto, a cura completa leva cerca de dois meses.

De acordo com Paine and Sussanne, a maioria dos testes foram realizados em condições de laboratório em torno de 20 °C quando os espécimes estão parcialmente submersos em água. “Certamente, o concreto precisa de acesso à água e oxigênio ou as bactérias morrerão. No entanto, também demonstramos a cura em uma série de condições, muitas das quais não haviam sido demonstradas anteriormente, inclusive em idade precoce (28 dias), em idades posteriores (9 meses), após carbonatação, em condições frias (7,5 °C) e em águas residuais (em colaboração com a Universidade de Newcastle)”, pontuam Paine and Sussanne.

Uso do concreto autorregenerativo na construção civil

Na opinião de Paine and Sussanne, o concreto autorregenerativo não é viável para todo o tipo de construção. “É um material a ser usado onde os problemas associados a rachaduras são muito frequentes. É o caso, por exemplo, das estruturas de retenção de líquidos onde é essencial que as rachaduras não cresçam para não vazar. Os tanques de águas residuais são um exemplo óbvio. Outro caso onde pode ser empregado é quando há uma grande necessidade de reparar uma estrutura, mas a obra é desafiadora. Um bom exemplo são estruturas de difícil acesso (debaixo d'água) ou onde o reparo exige o fechamento de um ativo importante (como uma linha de trem de alta velocidade ou autoestrada)”, expõem Paine and Sussanne.

-Concreto cicatrizante mostra eficácia em obras especiais

Ainda de acordo com os pesquisadores, não é possível permitir que o concreto seja considerado um material descartável. “O problema é que quando as rachaduras surgem, se você não as reparar com rapidez suficiente, o concreto se degradará e precisará ser substituído. O concreto autorregenerativo sela as rachaduras assim que elas emergem, o que evita a degradação e traz maior durabilidade. Talvez, nunca precise ser substituído. Há também argumentos de que, ao tornar a autocura concreta, torna-se mais confiável e podemos usar camadas mais finas”, pontuam Paine and Sussanne.

Entrevistados
Kevin Paine é professor do Departamento de Arquitetura e Construção Civil da Universidade de Bath.
Sussanne Gebhard é professora sênior no Departamento de Biologia e Bioquímica da Universidade de Bath.

Contato
sg844@bath.ac.uk

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Nova parceria na área de cimento elimina combustíveis fósseis na produção

ECoClay espera iniciar a construção da primeira instalação elétrica de calcinação de argila em grande escala até o final de 2025
Crédito: Envato

O uso de argila calcinada para substituir o clínquer tradicional à base de calcário na produção final de cimento é essencial para reduzir os danos ao meio ambiente. Para descarbonizar ainda mais a indústria de cimento, especialistas líderes da indústria formaram uma nova parceria chamada ECoClay. Com o objetivo de reduzir em até 50% as emissões de CO₂ da produção de cimento, os parceiros da ECoClay desenvolverão e comercializarão a tecnologia necessária para substituir os combustíveis fósseis na calcinação da argila, eletrificando totalmente o processo. Ao fazer isso, a parceria ECoClay espera reduzir as emissões de CO₂ em 10%.

Com base na pesquisa e em testes compartilhados sobre geração de calor elétrico de alta temperatura, soluções de armazenamento e integração de rede renovável, a parceria ECoClay construirá uma planta piloto no Centro de P&D da FLSmidth na Dinamarca. O consórcio procurará demonstrar como o processo ECoClay é superior aos processos de combustão convencionais, além de emissões significativamente menores de poluentes atmosféricos.

De acordo com o plano do projeto, os parceiros da ECoClay esperam poder iniciar a construção da primeira instalação elétrica de calcinação de argila em grande escala até o final de 2025.

Como funciona?

De acordo com John O’Donnell, CEO da Rondo Energy – uma das parceiras envolvidas na iniciativa-, a tecnologia captura eletricidade renovável intermitente e a armazena para entrega como calor contínuo em escala industrial de alta temperatura, oferecendo benefícios de ordem econômica, ambiental e social ao substituir os combustíveis. “A argila calcinada não tem emissões intrínsecas (processo mineral). Ao substituir a combustão de combustível que alimenta o processo de calcinação por eletricidade renovável, a parceria EcoClay proporcionará reduções de emissões rápidas, práticas e de baixo custo em grande escala. Com isso, poderá construir a base para o cimento zero”, explica O’Donnell.

“A produção de argilas calcinadas é uma excelente chamada para materializar as oportunidades que a eletrificação pode trazer à nossa indústria.”, explica Tomás Restrepo, vice-presidente de Pessoas e Transformação na Cementos Argos.

Redução de CO₂ no Brasil

O Brasil é atualmente uma das referências mundiais quando o assunto é a redução da quantidade de clínquer no cimento. O Roadmap Tecnológico do Cimento, publicado pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), prevê que, com a diminuição da razão clínquer/cimento de 67% em 2014 para 52% em 2050, seria possível evitar a emissão cumulativa de 290 Mt de CO2. Segundo o relatório, isto representa 69% do potencial de redução do setor até 2050. A expectativa de diminuição na disponibilidade de escórias siderúrgicas e cinzas volantes no longo prazo levará o setor a buscar outras soluções, como ampliar o uso de fíler calcário e argilas calcinadas.

Ainda de acordo com o Roadmap, o Brasil já possui razoável experiência no uso de argilas calcinadas, que possuem distribuição quase irrestrita em todo o território. “Seu uso isolado como adição já dispõe de uma base normativa. Sua fabricação, entretanto, implica menor potencial de mitigação de CO2, já que diferentemente das outras adições, a calcinação destas argilas irá demandar consumo de combustíveis e, consequentemente, CO2 resultante, embora cerca de um quarto das emissões do clínquer evitado. Adicionalmente, exige investimentos em maquinários e calcinação”, informa o relatório.

Assim, o relatório também aponta que a taxa média de substituição do clínquer deve ser menor que a do fíler calcário, mas pode ter seu uso estimulado em conjunto com o fíler calcário, mitigando seus efeitos indesejáveis na reologia do concreto. “Para tanto, uma nova base normativa deve ser criada, à semelhança do que já existe na Europa com outros materiais pozolânicos. Em menor escala e com potencial de crescimento difícil de prever, deve-se considerar as escórias ácidas e de aciaria. O incremento de seu uso em cimento vai depender de ações da indústria siderúrgica e da pressão da legislação ambiental, com investimentos para transformá-los em materiais utilizáveis pela indústria de cimento”, conclui o Roadmap Tecnológico do Cimento.

Fontes
EcoClay/FLSmidth

Roadmap Tecnológico do Cimento

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