Projeto prevê troca de mosaico português no centro de São Paulo por piso de concreto

Pedras portuguesas deverão ser trocadas por um piso de concreto similar ao que há no Vale do Anhangabaú.
Crédito: Divulgação/SPObras

Um projeto prevê uma mudança grande para o Centro Histórico de São Paulo: a troca do mosaico português (ou petit-pavê) nas calçadas e calçadões por um piso de concreto similar ao que há no Vale do Anhangabaú. No entanto, há críticos que são contra o projeto, uma vez que ele “apagaria” a história da cidade.

Sobretudo, a ideia é oferecer maior acessibilidade aos pedestres, uma vez que apresenta desníveis e riscos de queda. “O mosaico português tem uma importância histórica para São Paulo e tantas cidades brasileiras. Mas é um revestimento que exige muita manutenção, pois é assentado em areia e cada pedra é colocada manualmente. Junto a ele, na área central também há placas de granito, formando desenhos com o mosaico.

A base bem feita é muito importante para garantir o máximo de regularidade. Mas ao longo do tempo as pedras podem se deslocar, por conta das intempéries e tráfego de veículos pesados. E as placas de granito tendem a se danificar. A área de calçadão no Centro da cidade tem grande circulação de veículos, leves e pesados: viaturas, veículos de transporte de valores, de coleta de lixo, limpeza, de carga e descarga, etc. O tráfego constante gera desnivelamento no piso. Considerando isso, já seria suficiente para entender que o mosaico com o granito não é compatível com a realidade do local. Quem sofre mais diretamente são os pedestres que trafegam no local e ficam em situação de risco de queda”, explica a arquiteta e urbanista Elisa Prado de Assis.

Para o arquiteto Eduardo Novaes, o mosaico português tem desníveis e é bastante escorregadio em dias de chuva, além de não ser acessível para pessoas com deficiência. De acordo com dados da Prefeitura de São Paulo, as calçadas da região geram 5.400 quedas por ano, que resultam em um custo médio de R$ 31 milhões em tratamento.

O investimento previsto é de R$ 80 milhões e a Prefeitura iria abrir a licitação em maio. No entanto, o Tribunal de Contas do Município (TCM) apontou irregularidades no edital e o processo foi suspenso. Além da troca do piso, o projeto prevê ainda a implementação de acessibilidade universal, de uma nova sinalização turística e da iluminação funcional e cênica, além da instalação da infraestrutura subterrânea de drenagem e instalação de valas técnicas para melhor ordenamento das redes de telecomunicações. 

Manutenção do piso português

Investimento previsto é de R$ 80 milhões e o projeto está em fase de licitação.
Crédito: Divulgação/SPObras

De acordo com Elisa, por conta da constante manutenção, diariamente a Prefeitura precisa encaminhar equipes para reposição de peças soltas, placas danificadas. “O concreto não tem uma necessidade de manutenção tão constante. São redução de custos com material e mão de obra”, pontua.

Destruição histórica?

Novaes lembra que esta não é a primeira vez que São Paulo realiza a troca do mosaico português pelo pavimento de concreto. O mesmo já aconteceu na calçada da Avenida Paulista, com o mesmo objetivo de promover a acessibilidade. A calçada do Conjunto Nacional, prédio que fica na altura do número 2.000 da avenida, é o único lugar onde o piso de mosaico português foi preservado.

Na opinião do arquiteto, preservar uma área do mosaico e promover a troca na maior parte do espaço é uma boa solução. “Este tipo de piso é muito antigo, do século XIX. E acessibilidade é um assunto relativamente novo. Portanto, ele não é confortável e pode provocar acidentes. E hoje 14% da população tem algum tipo de deficiência – seja temporária ou definitiva. No entanto, como forma de manter parte da história, é importante preservar em alguns trechos. É possível fazer uma paginação que preveja o concreto na maior parte do espaço, ao mesmo tempo em que mantém alguns trechos de petit pavê”, sugere Novaes.

Já Elisa acredita que a questão histórica está preservada em muitos outros pontos do Centro. “Lembrando que o calçadão em mosaico português no Centro de São Paulo foi implementado na década de 70. Então não estamos perdendo uma memória equivalente a este período. Que sim, faz parte também da história dessa área. Mas precisamos entender como uma evolução de qualidade para todos. Mudar o piso não trará perda nesse sentido. E sim ganhos, pois mais pessoas terão acesso à região com segurança e poderão usufruir da ambiência, dos edifícios e de tantos marcos históricos da nossa cidade”, conclui.

Entrevistados

Eduardo Novaes é diretor do Escritório Eduardo Novaes Arquitetura e Urbanismo Ltda. É associado e ex-diretor da ABAP – Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, filiada à IFLA – International Federation of Landscapes Architects; com participação no IAB, AsBEA, ENEPEA e FNA, como membro da representação da ABAP participou na formatação original do CAU – Colégio de Arquitetura e Urbanismo; e foi membro durante 10 anos, do grupo de desenvolvimento do Congresso Anual de Arquitetura Paisagística.

Elisa Prado de Assis é arquiteta e urbanista, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduada em Tecnologia de Edificações para Engenheiros e Arquitetos, pela POLI-USP e mestra pela FAU-USP com o tema “Acessibilidade nos bens culturais imóveis”. De 2007 a 2012 trabalhou com a Comissão Permanente de Acessibilidade da Prefeitura de São Paulo (SMPED/CPA) ministrando cursos sobre o tema, avaliando projetos de adequação à acessibilidade e realizando vistorias técnicas. Desde 2017 atua representando o IAB na CPA. Ministra cursos e palestras sobre acessibilidade e realiza consultorias e projetos, com o objetivo de garantir a plena acessibilidade nos espaços edificados.

Contatos

Eduardo Novaes - eduardo@eduardonovaes.com.br
Elisa Prado de Assis - contato@elisaprado.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
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Por que o co-living virou tendência?

Co-living é mais comum entre público jovem, mas também pode ser direcionado a idosos.
Crédito: Envato

Ao redor do mundo, é muito comum ver moradias compartilhadas, especialmente quando se trata de estudantes universitários. Isto é, são casas onde cada um tem um quarto e os moradores compartilham áreas comuns ou, ainda, espaços que abrigam residências e as pessoas podem dividir a cozinha, a sala e outros ambientes comunitários. De acordo com o relatório Global Coliving Report 2020, este mercado movimentou US$ 7,9 bilhões em 2020 – mais que o dobro que em 2019, que foi de US$ 3,75 bilhões.

O termo co-living teve origem na Dinamarca, na década de 70 - sendo originalmente chamado de cohousing. Um dos exemplos da época é o grupo Sættedammen, que era composto por 35 famílias que viviam em casas particulares e compartilhavam espaços comuns para socialização e atividades como refeições, tarefas domésticas, reuniões e festas. 

No Brasil, aos poucos, esta tendência vem ganhando espaço. Embora por aqui as repúblicas universitárias tenham sido muito mais populares durante um bom tempo, aos poucos as construtoras e incorporadoradoras têm voltado os olhos para os co-livings. Algumas empresas estão apostando neste tipo de construção. É o caso, por exemplo, da Uliving, da VBI Real Estate e do Grupo Ânima, que anunciaram a construção de 15 prédios de residências nos próximos sete anos, com um investimento que pode chegar a R$ 800 milhões. Já a proptech Yolo, em Recife (PE), recebeu um aporte de R$ 55 milhões e deverá construir um prédio com 225 apartamentos de 25 m², voltados para o estilo co-living.

“Os co-livings são empreendimentos que buscam não só a valorização do convívio social por meio do compartilhamento das áreas comuns como cozinha, sala de estar, lavanderia, mas também por oferecerem uma infraestrutura muito mais completa aos moradores. Outras diferenças relevantes em relação às repúblicas consistem no fato de os co-livings contarem com uma administração profissional e pelo fato de, geralmente, serem desenvolvidos em um grande empreendimento e não apenas um compartilhamento de uma unidade autônoma”, explica Alberto Mattos de Souza, sócio do PMMF Advogados e especialista em Negociações Estratégicas no Mercado Imobiliário. 

Por que têm aumentado o interesse pelos co-livings?

Na opinião de Souza, duas grandes comodidades dos co-livings consistem na grande gama de serviços nos empreendimentos aos seus moradores, bem como a flexibilidade e facilidade na contratação. “Entretanto, o maior atrativo destes projetos consiste na possibilidade de potencializar a socialização. Embora vivamos em um mundo cada vez mais digitalmente conectado, as pessoas vêm encontrando dificuldades para estabelecerem conexões reais e os co-livings podem ser uma alternativa interessante para isso”, pontua Souza.

Público-alvo dos co-livings

Primordialmente, as empresas responsáveis pelo co-living visam jovens entre 20 e 30 anos, de acordo com Souza. No entanto, há algumas iniciativas também voltadas para o público idoso, que ganha o nome de senior living. Neste caso, eles combinam cuidados em saúde oferecidos em instituições de longa permanência de idosos com uma estrutura hoteleira, de lazer e serviços. 

Entrevistado
Alberto Mattos de Souza é sócio do PMMF Advogados e especialista em Negociações Estratégicas no Mercado Imobiliário. 

Contato
Alberto Mattos – albertomattos@pmmf.com.br

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Marina Pastore
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Cidade de Lusail é construída do zero para Copa do Mundo do Catar

25 estações em 38 km de trilhos do Lusail Tram servem e conectam todos os 19 distritos.
Crédito: Lusail

Já pensou erguer uma cidade do zero, em pleno deserto? Foi exatamente isso que o Catar fez para a próxima Copa do Mundo. A 20 km da capital Doha, o local ganhou o nome de Lusail e tem como prioridade incluir soluções sustentáveis, de infraestrutura e mobilidade urbana.

O projeto já existia desde 2005, mas quando o país foi escolhido como sede da Copa, o governo decidiu acelerar este processo. Foram investidos US$ 45 bilhões para tirá-la do papel. A expectativa é que a cidade tenha uma população de 450 mil pessoas, sendo 200 mil residentes, 170 mil a trabalho e 80 mil a turismo. Apesar da imponência e grande obra realizada, a cidade tem apenas 38 km² - apenas para se ter uma ideia, a cidade de São Paulo tem 1.521 km², enquanto Curitiba tem 432 km². Ou seja, seria uma cidade pequena para os padrões brasileiros. Para realizar as obras, 40 mil trabalhadores foram necessários.

Soluções

Conheça as diversas soluções tecnológicas oferecidas pela cidade de Lusail. 

Mobilidade urbana

-Uma das prioridades do projeto é promover a mobilidade urbana. Para reduzir a emissão veicular e economizar energia, 25 estações em 38 km de trilhos do Lusail Tram servem e conectam todos os 19 distritos. Ele foi projetado para ser ecologicamente correto e eficiente em termos de energia e se conecta à rede de metrô de Doha.

-Além disso, uma hierarquia viária para Lusail foi desenvolvida para facilitar o tráfego, usando extensos túneis rodoviários subterrâneos. Ainda, um sistema de transporte aquático, que se estende ao longo de 30 quilômetros à beira-mar, utilizará a Marina de Lusail e o Grande Canal para transportar passageiros. 

-Por fim, uma extensa rede pedonal e uma ciclovia de 76 km também estão previstas em toda a cidade, e ligadas ao sistema de transporte público de Lusail. Ainda, duas pontes para pedestres também conectam as três ilhas do sul de Qetaifan. 

Edifícios de Lusail cumpriram com sucesso as metas de eficiência no consumo de energia, conservação de água e reciclagem de materiais locais.
Crédito: Lusail

Sustentabilidade

-Lusail foi o primeiro empreendimento no Qatar a endossar o GSAS (Global Sustainability Assessment System - Sistema Global de Avaliação de Sustentabilidade). Portanto, todos os edifícios Lusail possuem uma classificação GSAS de pelo menos duas estrelas, tendo alcançado com sucesso as metas de eficiência no consumo de energia, conservação de água, reciclagem de materiais locais, qualidade do ambiente externo, bem como de gestão e operações.

-A conectividade urbana e o paisagismo de Lusail formam um sistema coeso para minimizar o congestionamento e as pressões na infraestrutura de transporte de Doha. 

-Ainda, a estratégia paisagística da Lusail foi concebida para proteger os habitats naturais no local, potenciar o seu valor ecológico, reverter a desertificação, promover a biodiversidade em torno de 40% do total de espécies de vegetação nativa, estendendo-se por mais de 3,5 milhões de m².

Soluções de infraestrutura

-Em Lusail, há uma rede subterrânea de distribuição de Gás Natural Sintético para conectar todos os lotes de toda a cidade à Rede de Gás Natural, economizando assim o consumo de eletricidade para maior conveniência, segurança e transporte de gás. 

-A rede de drenagem de águas pluviais da Lusail evita inundações, minimiza as interrupções relacionadas ao tráfego e garante a segurança rodoviária para moradores e visitantes. 

Em Lusail, há uma rede subterrânea de distribuição de Gás Natural Sintético.
Crédito: Lusail

-O Lusail District Cooling System economizará 65 milhões de toneladas de CO₂ anualmente. Após a sua conclusão, o sistema atenderá cerca de 1.000 prédios por meio de 175 quilômetros (abastecimento e retorno) de tubulações subterrâneas de quatro plantas de resfriamento. O sistema envolve água gelada em tubos que são alimentados a cada localidade através de um túnel subterrâneo no distrito de Marina e através de uma extensa rede em toda a cidade de Lusail. 

-O sistema de Coleta Pneumática de Resíduos (PWC) da cidade vai gerar 420 toneladas com potencial de combustão e 310 toneladas de resíduos orgânicos com potencial de reciclagem. 

Fonte
Lusail Real Estate Development Company W.L.L.

Contato
info@lusail.com

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Marina Pastore
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BR-163 recebe pavimentação de concreto na pista principal

Pavimento de concreto foi escolhido para BR-163 por ser um corredor logístico de insumos para o agronegócio
Crédito: DNIT/Divulgação

Depois de ter sido apontado como o pior trecho de rodovia do Brasil, de acordo com o estudo da Confederação Nacional do Transporte, a BR-163 passará por obras e ganhará pavimento de concreto em sua pista principal. As obras começaram em maio de 2022, em São José do Cedro (SC), na altura do km 97

De acordo com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), que é o responsável pela obra, a escolha pelo concreto se deu justamente pela BR-163 ser um corredor logístico de insumos para o agronegócio, onde há um grande fluxo de carretas de transporte de grãos. 

A técnica a ser utilizada no local é o Whitetopping, que consiste em fazer o pavimento de concreto por cima do asfalto deteriorado. “Portanto, não existe aquele processo de retirar o material e remover todas as camadas. É possível usar tudo aquilo que está superficialmente deteriorado como estrutura do novo pavimento. A grande vantagem é que não precisa escavar, apenas pequenas regularizações e ajustes pontuais, usando todo esse pavimento deteriorado como base para o novo”, explica Alexsander Maschio, gerente regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Esta não é a primeira rodovia do estado de Santa Catarina a adotar esta técnica. A rodovia SC-114, que tem um tráfego pesado de caminhões do setor madeireiro também utilizou o Whitetopping. No Paraná, a PRC-280 também utilizou a mesma técnica para restauração do trecho entre General Carneiro e Palmas e agora o governo avalia o uso dela no trecho entre Palmas e Pato Branco.

Vantagens do pavimento de concreto

De acordo com a ABCP, o pavimento de concreto resiste ao tráfego intenso de veículos de carga e ao ataque químico dos óleos que porventura vazam dos caminhões. Ele também sofre menos deformações, devido a sua durabilidade, gera um menor número de intervenções para manutenção, reduzindo, assim, congestionamentos. Consequentemente, proporcionam custo de manutenção reduzido se comparado com outras opções de pavimento

Ainda, o pavimento de concreto tem até 30% a mais de reflexão de luz, o que traz maior segurança pública e deixa as rodovias mais iluminadas. Em termos de sustentabilidade a produção de concreto consome 3 a 4 vezes menos energia que a de asfalto, segundo a ABCP. 

Para os motoristas, também há a vantagem da redução na distância de frenagem de até 40%, proporcionando maior segurança viária nas cidades e consequente redução de acidentes.

Fonte
Alexsander Maschio é Gerente Regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)

Contato
alexsander.maschio@abcp.org.br

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Marina Pastore
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Impressora 3D gigante promete trazer mais sustentabilidade à construção civil

Impressora 3D de quase três toneladas permite avaliar movimentos como tensões e deformações em materiais e estruturas de todos os tipos e tamanhos.
Crédito: Charissa King-O'Brien

A impressão 3D é algo que vem ganhando cada vez mais espaço no mercado de construção civil. É o caso, por exemplo, da hidrelétrica chinesa que vem sendo construída com esta tecnologia. Recentemente, a Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, criou o IRB 6650S Industrial Robot, uma máquina de quase três toneladas que é capaz de imprimir em 3D estruturas em grande escala que poderiam transformar a indústria da construção, tornando-a mais eficiente e sustentável, eliminando o desperdício da fabricação de materiais tradicionais.

Na ativa desde fevereiro, o IRB 6650S produz peças de concreto, mas também pode ser adaptado para empilhar tijolos ou amarrar vergalhões de aço. Para operá-lo, é preciso um trabalho em equipe. Enquanto um grupo prepara a argamassa e coloca aditivos, outro opera o controlador do robô para regular a quantidade de mistura que passa pelo sistema. Assim que a mistura atinge o cabeçote e o bocal da extrusora do robô, um aditivo endurecedor é introduzido para que o material engrosse à medida que é derramado. 

Por enquanto, o sistema é de impressão 3D com argamassa, que tecnicamente é uma pasta com agregado de até 4 milímetros de tamanho. Qualquer coisa maior que isso pode emperrar e danificar o sistema da bomba. No entanto, a equipe pretende construir seu próprio cabeçote de extrusão para imprimir concreto reforçado com fibra de aço, que usa agregado maior e pode suportar cargas mais pesadas. Isso abrirá o caminho para o laboratório imprimir em 3D os componentes de uma ponte completa e testá-los.

Validação e usos

Embora o processo de impressão 3D já tenha levado a avanços na prototipagem de produtos e na biomedicina, nos projetos de construção, ainda há muitas questões sobre como estas estruturas 3D funcionarão no mundo real.

Para testar e validar materiais e estruturas de todos os tipos e tamanhos, o Laboratório Bovay, da Universidade de Cornell, criou esta impressora 3D de larga escala que permite avaliar os movimentos como tensões e deformações. 

“A alvenaria robótica (colocação de tijolos), a impressão com plásticos reciclados e impressão com metal em larga escala são áreas interessantes com muito espaço para crescimento, tanto em termos de ciência e compreensão, quanto em tecnologia e engenharia. O dimensionamento de muitos dos fenômenos que controlam os processos de construção são tais que precisam ser estudados em uma escala próxima àquela em que serão utilizados. O mesmo se aplica a alguns dos fenômenos que controlam o desempenho. Além disso, sempre há surpresas que ocorrem ao aumentar a escala antecipadamente com uma nova tecnologia”, afirmou Derek Warner, professor de engenharia civil e ambiental. 

Impressão 3D: como funciona?

De acordo com Gabriel Ribeiro Borges, engenheiro civil e CEO da Connect Data, os estudos de impressão 3D já existem há bastante tempo. “Algumas startups já foram criadas com esse objetivo ao redor do mundo. Inclusive, há uma em Brasília que se dedica à impressão 3D de casas, usando a base de concreto”, aponta Borges

No entanto, segundo Borges, hoje esta tecnologia está muito mais abrangente, uma vez que tem englobado não só a construção de residências, também de mobiliário urbano, peças específicas dentro de uma construção – o que vai desde a pavimentação até itens de acabamento. Além dessa série de aplicações, há diversos outros materiais que podem ser utilizados também para a impressão 3D num canteiro de obras, que não sejam à base de cimento ou concreto.  É o que muitas indústrias têm trabalhado e é chamado de manufatura aditiva. Ou seja, a partir de um modelo específico digital 3D, você consegue produzir uma série de componentes e elementos utilizando essas impressoras. É possível utilizar desde componentes metálicos, plásticos e resinas até o concreto”, pontua Borges. 

Sobretudo, a grande vantagem desta tecnologia é a otimização de processos e redução da utilização de recursos. “Há impactos tanto na redução de custos através de processos quanto na parte de sustentabilidade, uma vez que há otimização de recursos. Você deixa de desperdiçar e lógico que isso deve diminuir os custos de uma obra ou um empreendimento. Além disso, reduz quantidade de erros – uma vez que há menos desperdício e menos retrabalho. A impressão 3D vai realizar o projeto conforme modelo virtual, então todas as falhas decorrentes do trabalho manual e erros de projeto são evitados”, conclui Borges.

Entrevistado
Gabriel Ribeiro Borges é engenheiro civil e CEO da Connect Data.

Fonte
Universidade de Cornell

Contato
Gabriel Ribeiro Borges - gabriel.borges@connectdata.net
Universida de Cornell - dhw52@cornell.edu

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Marina Pastore
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Criptomoedas na venda de imóveis: como funciona?

Criptomoedas são seguras e devem atrair público mais jovem.
Crédito: Envato

Desde 2017, algumas construtoras vêm aceitando o uso de criptomoedas na venda de imóveis aqui no Brasil. Há cinco anos, a Tecnisa iniciou este movimento e, mais recentemente, outras marcas adotaram este tipo de pagamento, como Gafisa e a Melnick. Por que estes grandes players vêm apostando neste método? Será uma tendência de mercado?

Como funciona o pagamento por criptomoedas?

Antes de mais nada, a criptomoeda é um ativo, assim como joias ou ações. “Ela é um ativo que chamamos de moeda não-fiduciária, isto é, não tem um controle estatal ou um banco central controlando-a ou gerindo sua emissão. Ela tem o poder de compra e troca, mas é descentralizado”, destaca Elaine Keller, advogada especializada em Direito Digital.

Ao falar da compra de um bem, ela é mais uma alternativa. “Entre tantas possibilidades que você tem para adquirir um imóvel, ela é mais uma. Com isso, abre-se o leque para novas gerações de pessoas que estão entrando no mercado de trabalho e já estão bastante adaptadas ao mercado digital. Muitos empreendedores viram nisso uma oportunidade de captar mais clientes pro seu negócio”, explica Elaine.

Vale lembrar que este é um processo seguro. “Qualquer criptomoeda é transmitida através de um token, que por sua vez passa por um blockchain, que é um sistema de travas eletrônicas, que garante a confiabilidade e segurança dos dados. É como se fosse um super cofre virtual”, afirma Fábio Tadeu Araújo, sócio dirigente da Brain Inteligência Estratégica.

Como funcionam as vendas de imóveis com criptomoedas?

Elaine conta que o procedimento é relativamente simples. “Hoje, uma pessoa é dona de uma determinada quantidade de criptoativos. Ela procura uma corretora de imóveis ou imobiliária que já trabalha com este ativo como meio de pagamento. Com isso, você negocia o valor e faz uma transferência da sua carteira para a da construtora/imobiliária. O único risco é que, por ser uma moeda, ela tem uma volatilidade muito grande, podendo estar em alta em um dia e cair posteriormente. Portanto, isso pode afetar o negócio. Há muitos investidores que optam por usar stablecoins, que são atreladas a uma moeda fiduciária, em geral ao dólar – justamente para diminuir a volatilidade e auxiliar na hora da negociação ”, lembra Elaine.

De acordo com Elisa Rosenthal,  diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário, e Gustavo Zanotto, profissional especialista no ramo imobiliário, é necessário que exista uma cultura de uso de carteiras digitais, que são onde as criptomoedas são armazenadas e, para que isso ocorra, o primeiro passo é criar uma educação do uso de uma moeda cripto. 

“Para ter segurança neste modelo de transação é preciso escolher uma plataforma exchange confiável, saber como executar uma transação em moedas digitais e, por fim, entender que se trata de um mercado de alto risco, com câmbio variável, como o mercado de ações (bolsa de valores)”, expõem Elisa e Zanotto.

Legislação para venda de imóveis com criptomoedas

Ainda não há uma regulamentação formal no uso desta modalidade de pagamento. “Trata-se de uma transação que envolve, na maioria dos casos, o vendedor com o comprador, também conhecido como peer-to-peer, sem acontecer o papel da intermediação imobiliária, ainda carente deste tipo de capacitação e qualificação”, afirmam Elisa e Zanotto.

Segundo Elaine, ainda há uma lei tramitando no Congresso que diz respeito ao uso de criptomoedas. 

As criptomoedas vieram pra ficar?

Na opinião de Elisa e Zanotto, à medida que a cultura da criptomoeda vem se difundindo de forma mais ampla na nossa economia e sociedade, percebe-se que, da mesma maneira que temos um aumento significativo de investidores pessoa física na bolsa de valores, temos um volume maior de investidores em criptomoedas. “Para o mercado imobiliário, especificamente, esta é uma enorme vantagem, pois abre uma grande janela de oportunidade para que mais empresas e profissionais do setor conversem com os novos investidores e promovam maior interação nas relações de negócios, onde produtos se tornam mais atrativos com esta condição de comercialização”, expõem. 

Para Elaine, o brasileiro tem tudo para se tornar adepto deste formato de pagamento. “É um povo que adota inovação com muita facilidade. É o caso do Pix, por exemplo”

Araújo acredita que, em muitos casos, trata-se de uma ação mais publicitária. “Estas empresas facilitaram a vida de quem já investe em bitcoins, ao mesmo tempo em que fez uma ação publicitária”, conclui.

Entrevistados

Elisa Rosenthal é diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. LinkedIn Top Voices, TEDx Speaker, produz e apresenta o podcast Vieses Femininos. Colunista HSM Management, do blog Conecta Imobi, Mundo Zumm e Exame Invest. Autora de Proprietárias: A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário.

Gustavo Zanotto é profissional com 20 anos de mercado imobiliário, atuando com indicação e tecnologia. Advisor e mentor de startups.

Fábio Tadeu Araújo é graduado em Ciências Econômicas e pós-graduado em Economia Internacional pela FAE Business School, possui MBA em Gestão de Projetos pelo IBMEC. É sócio dirigente da Brain Inteligência Estratégica.

Elaine Keller, advogada especializada em Direito Digital, é formada pela FADISP e Mestranda pelo IDP – Direito, Tecnologia e Regulação. Além disso, é Membro da Comissão de Direito Digital da OAB-SP e professora da cadeira de Fundamentos da Lei Geral de Proteção de Dados da UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO e da Faculdade FADISP.

Contatos

Assessoria de imprensa – Elisa e Gustavo – stefani@agenciatemma.com
Eliane Keller – elaine@kellersa.com
Assessoria da Brain Inteligência Estratégica - amanda.alves@viracomunicacao.com.br

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Marina Pastore
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Prefeitura de Porto Alegre lança sistema que aprova licenças em um dia

Cerca de 60% dos projetos licenciados em Porto Alegre (RS) podem se enquadrar neste modelo.
Crédito: Envato

A Prefeitura de Porto Alegre (RS) lançou um serviço de licenciamento expresso que prevê maior agilidade na aprovação de projetos de baixo ou médio impactos urbanísticos. De acordo com o órgão, se for protocolado de maneira correta, a licença poderá ser autorizada em 24h. Intitulado “Licenciamento no Dia”, o sistema fará uma automatização dos projetos aprovados pelo Escritório de Licenciamento, vinculado à Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus).

Segundo o prefeito Sebastião Melo, este novo serviço deve diminuir para 30 dias o prazo médio total de aprovação de projetos, incluindo os médios e grandes.

Cerca de 60% dos projetos licenciados podem se enquadrar neste modelo. De acordo com a Smamus, os seguintes tipos de obras podem aderir ao Licenciamento no Dia: 

-Casas ou casas em condomínios;

-Pequenos comércios como farmácias, padarias, açougues, bares, restaurantes e lanchonetes, lojas de eletrodomésticos e de móveis;

-Serviços, como garagens comerciais, barbearias, salões de beleza, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, consultórios veterinários, clubes, creches, entre outros.

Acima de tudo, ele é integrado ao plano diretor e verifica automaticamente se os dados do projeto estão de acordo com o regime urbanístico. 

Além da agilidade na aprovação de projetos, que é uma das grandes dificuldades da área, este sistema ainda deixa o processo bem mais prático, evitando a necessidade de deslocamento ou impressão de documentos. 

No licenciamento expresso, o responsável técnico - engenheiro ou arquiteto - se compromete em garantir que o projeto e a obra do imóvel estejam em conformidade com a lei. Se houver alguma inconformidade durante o preenchimento do cadastro no site, o sistema barra a solicitação automaticamente.

No entanto, se forem constatadas irregularidades posteriormente, o responsável técnico e o proprietário do imóvel serão notificados para que façam as correções necessárias e estão sujeitos a penalidades.

Como acessar o Licenciamento no Dia? 

Para solicitar o licenciamento expresso, basta acessar o Portal de Licenciamento da prefeitura de Porto Alegre. Em seguida, o profissional deve fazer o cadastro ou o login, além de clicar na aba "Serviços Urbanísticos e Ambientais". Lá haverá um formulário a respeito do projeto para preencher. 

Com as informações preenchidas, um técnico da Smamus irá conferir se os documentos foram corretamente anexados. Esta é a única fase que passa por interação humana. 

Inovações na legislação

Para promover a adesão a esta nova ferramenta, foram necessários alguns esforços no sentido de ajustar as leis presentes. Em fevereiro de 2022, por exemplo, houve a publicação do Decreto 21.393/22, com o intuito de regulamentar a documentação, apresentação gráfica e análise dos projetos.

Fonte
Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (Smamus)

Contato
smams@portoalegre.rs.gov.br

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Marina Pastore
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Obras no inverno têm mais vantagens?

É preciso considerar a dilatação dos materiais.
Crédito: Envato

O inverno está prestes a começar e, para quem faz obras, pode ser um período interessante por conta do clima mais seco. Ao considerar Sul e Sudeste do Brasil, onde é possível encontrar temperaturas realmente mais baixas nesta época, há algumas diferenças com relação ao comportamento dos materiais e até mesmo da demanda de serviços. 

Comportamento dos materiais durante o inverno

Durante o inverno, é preciso levar em consideração a questão de dilatação dos materiais. “É o caso, por exemplo, quando você tem uma porta de madeira que em determinada época do ano está emperrada, e posteriormente não está mais. O vidro também é um material que requer cuidados, especialmente quando usado junto ao ferro. É preciso considerar que estes dois materiais têm dilatações diferentes, o que pode causar uma explosão se tiver muito calor ou muito frio. Por isso, é necessário deixar um afastamento e aplicar materiais como o silicone, para que vidro e o ferro não fiquem diretamente encostados”, alerta o arquiteto Bruno Moraes. 

O mesmo acontece com a madeira, que não dilata como o concreto. “Se você está construindo uma casa de tijolo e alvenaria, usando uma estrutura em madeira também, com certeza este material vai dilatar de forma diferente dos demais. Portanto, às vezes é preciso saber usar um determinado material para fazer ligação com o outro, para não haver problemas”, explica Moraes.

A tinta, por sua vez, é um material que quase não se dilata, de acordo com Moraes. No entanto, se ela sofrer alguma dilatação, ela acaba trincando por não ser tão elástica. “Tanto é que quando você tem problemas com fissuras e rachaduras, você precisa comprar uma tinta elástica, que vem com aditivos que fazem com que ela vire praticamente uma borracha”, destaca Moraes. 

A concretagem e a pintura são itens que podem demorar mais tempo para secar durante o período de temperaturas mais frias. “Ao fazer um cronograma de obras no inverno, eu já considero mais dias necessários para estas atividades. Às vezes, no verão, a massa seca no mesmo dia. E, além disso, quando você está fazendo uma concretagem, se estiver muito seco, ela pode rachar. Por isso que as pessoas umedecem o concreto – para que ele não seque de uma vez e rache. No inverno, fica um pouco mais fácil, uma vez que há menos incidência de insolação. Então você acaba retardando a cura. Por outro lado, há aditivos que podem ser aplicados durante a concretagem e eles podem tanto retardar como acelerar a secagem”, aponta Moraes. 

Período bom para iniciar obras  

Tradicionalmente, o inverno nas regiões sul e sudeste do Brasil costumam ser menos chuvosos, o que, segundo a engenheira civil Maria Cristina Graf, é um bom período para começar a fazer obras – especialmente em áreas externas. 

“É uma época em que o solo está mais seco e que as chuvas não são tão intensas. Todo o preparo de terrenos, serviços de terraplanagem, fundação e infraestrutura ficam bem adequados nessa época do ano porque podemos programar melhor o cronograma em relação ao clima”, lembra Maria Cristina.

Ao mesmo tempo, é bom para fazer reparos e pinturas. “Se um cliente quiser fazer uma manutenção no telhado, por exemplo, não é bom fazer no verão, uma vez que a chuva pode prejudicar e causar vazamentos. Além disso, as pinturas em áreas externas podem ser perdidas se forem feitas em épocas mais chuvosas”, aconselha Moraes. 

Obra no inverno: preços mais baratos?

De acordo com Maria Cristina, a época em que material de construção e a mão-de-obra têm mais demanda é sempre ao final do inverno – de setembro a dezembro. “Tem uma questão cultural do brasileiro que é de deixar a casa preparada para as festas de fim de ano. Nestes meses, há uma procura muito grande por melhorias em todos os tipos de imóveis. Consequentemente, os preços ficam maiores.  Depois do Carnaval, os serviços começam a ficar um pouco mais escassos, então é possível encontrar preços um pouco mais amenos. Só que de maneira geral, enfrentamos também a escassez de mão-de-obra de qualidade na construção civil. Então, falar em preço melhor ou pior está muito mais atrelado à demanda total”, pontua Maria Cristina.

Durante o inverno, pode haver aumento de demandas por revestimentos térmicos, como instalação de lareiras, sistemas de aquecimento e aquecedores, segundo Maria Cristina.

No entanto, para quem pensa em fazer obras na casa de veraneio na praia, pode encontrar preços um pouco mais altos neste período, já que muitas pessoas aproveitam para fazer reformas no inverno, de acordo com Moraes.

Confira aqui sobre a concretagem em altas temperaturas.

Entrevistados
Maria Cristina Graf é engenheira civil, conselheira da câmara especializada de Engenharia Civil Diretora Financeira Crea – PR.

Bruno Moraes é arquiteto formado pela Faculdade Belas Artes de São Paulo (FEBASP) e pós-graduado em Gerenciamento de Empreendimentos na Construção Civil pela FAU Mackenzie. 

Contato
Maria Cristina Graf - engenharia.graf@yahoo.com.br
Bruno Moraes - contato@brunomoraesarquitetura.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Estados brasileiros aumentam obras em ano eleitoral

Até o fim do primeiro bimestre deste ano, os estados tinham R$ 319,8 bilhões para gastar
Crédito: Envato

Os anos eleitorais já são amplamente conhecidos pela realização de diversas obras de infraestrutura. Em 2022, não será diferente. Até o fim do primeiro bimestre deste ano, os estados tinham R$ 319,8 bilhões para gastar, enquanto os municípios contavam com R$ 185,7 bilhões. Estes dados foram levantados pela economista Vilma Pinto, da Instituição Fiscal Independente (IFI), feito a pedido do GLOBO. Isso representa um total de R$ 505,5 bilhões brutos disponíveis em caixa.

São Paulo é o estado com maior montante em caixa - R$ 78 bilhões. Em seguida vem o Rio de Janeiro com R$ 25,8 bilhões e depois Minas Gerais com R$ 25,1 bilhões. 

Origem do dinheiro

Grande parte desta arrecadação vem do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em 2021, os estados arrecadaram R$ 652,42 bilhões com ICMS, e 27,4% desse total - R$ 178,9 bilhões - saíram da tributação de energia e combustíveis. Além disso, os governos locais se beneficiaram da transferência de recursos durante a pandemia e da alta da inflação, o que turbinou a arrecadação.

“Quando falamos em arrecadação de tributos, maior parte não é em valores absolutos. Quase que sua totalidade é em percentual. Quando bem que custava R$ 100 passa a ter o preço de R$ 110, se a taxa do imposto for de 30%, que é uma média de tributação, ao invés de arrecadar R$ 30, o governo vai passar a arrecadar R$ 33 de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é um imposto estadual. Quando o combustível tem uma alta de 40% em dois anos, a arrecadação com este produto também tem uma alta proporcional. É claro que é preciso saber se isso diminuiu o consumo de combustíveis ou não. Por isso, os governos de forma geral (inclusive o Federal) têm aumentado bastante a arrecadação. Apesar dos cortes, o Governo Federal também está com orçamento bem maior. Agora, por exemplo, criou o Auxílio Brasil. Além disso, ampliou os subsídios no Programa Casa Verde Amarela, entre vários outros programas. O Governo Federal em si tem feito poucas obras, até porque ele tem licitado mais estradas. Então ele está com menos ativos para fazer. Já os governos estaduais e municipais estão com mais obras e isso aparece, porque o caixa está melhor”, explica o economista Fábio Tadeu Araújo, da Brain Inteligência Estratégica.

Embora o mercado imobiliário esteja em desaceleração, o setor de obras pesadas está em aceleração. “E potencialmente vai mais que compensar a pequena queda do mercado imobiliário”, aponta Araújo. 

Por outro lado,  Leonardo Di Mauro, sócio e Head do setor de Real Estate para LATAM do GRI Club,  aponta que o setor imobiliário é extremamente alavancado – seja por bancos, investidores ou recursos da própria incorporadora, que são extremamente aversas a riscos. “Pude acompanhar alguns momentos de transição política em vários países da América Latina. E, aqui no Brasil, independente de quem ganhar a eleição, vai ter momentos de incerteza – e os investidores terão certo receio de fazer investimentos. Teremos certamente um momento de espera para saber onde colocar o dinheiro”, destaca.  

Para Ieda Vasconcelos, economista do Sinduscon-MG e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), no primeiro semestre de 2022, período que antecede as eleições, as obras de infraestrutura são um fator que  incentiva o crescimento da indústria brasileira da construção. “É um momento em que você tem que inaugurar o que já tinha sido iniciado em construção. É um período que ajuda a estimular, mas ele tem data, por conta de limite eleitoral”, afirma Ieda. 

Obras no radar

Relembre algumas grandes obras públicas pelo Brasil que estão em andamento:

-Restauração da PRC-280, no Paraná;

-Revitalização do Rio Pinheiros, em São Paulo;

-Bairro Novo do Caximba, em Curitiba (PR);

-Contorno viário de Florianópolis (SC);

-Linhas do metrô em São Paulo:  há quatro empreitadas com previsão de entrega até 2026 e custo de R$ 36,4 bilhões. 

-Programa Estrada Asfaltada em São Paulo: com investimentos de mais de R$ 2,9 bilhões em melhorias para rodovias de todo o Estado, serão realizadas 127 obras, que vão modernizar 2,1 mil quilômetros de vias em mais de 145 cidades do interior e do litoral de São Paulo. 

-Hospital Pérola Byington em São Paulo: A previsão é que a unidade comece a funcionar no próximo semestre e custou R$ 245 milhões.

-Nova sede do Museu da Imagem e do Som no Rio de Janeiro (RJ): A obra, que estava parada desde 2016, recebeu R$ 54 milhões em investimentos e deve ficar pronta até o final de 2022. 

-Recuperação do Teleférico do Alemão: No Rio de Janeiro, obras de recuperação do teleférico do Complexo do Alemão tiveram início em março de 2022. A recuperação das estações irá consumir R$ 18 milhões em um prazo de um ano.

-Implantação de novas redes de energia no Paraná;

-Nova Ponte da Integração Brasil-Paraguai: fruto de parceria entre os governos do estado, federal e a Itaipu Binacional, com investimento de R$ 323 milhões;

-Construção de um túnel na cidade satélite de Taguatinga (DF);

-Em Goiás, estão sendo investidos R$ 409 milhões em estradas e quase RS$ 600 milhões em saneamento.

Entrevistado 

Fábio Tadeu Araújo é graduado em Ciências Econômicas e pós-graduado em Economia Internacional pela FAE Business School, possui MBA em Gestão de Projetos pelo IBMEC. É sócio dirigente da Brain Inteligência Estratégica.

Ieda Vasconcelos é economista do Sinduscon-MG e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Leonardo Di Mauro é sócio e Head do setor de Real Estate para LATAM, respondendo pela atuação do GRI Club em toda região. É graduado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia de Lins, com MBA Executivo pela FGV e pós-graduado em Gestão de Projetos pela Universidade São Francisco.

Contatos
CBIC - ascom@cbic.org.br

Assessoria da Brain Inteligência Estratégica - amanda.alves@viracomunicacao.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Estudo prevê potencial redução de até 40% no uso de energia na construção até 2050

Em um cenário de rápida digitalização, economia de energia seria de 30% a 40 % do total de 161 TWh até 2050.
Crédito: Envato

O segmento de edificações responde por cerca de 1/6 do consumo de energia e 50% do consumo de eletricidade no Brasil. Para incentivar o uso de tecnologias de eficiência energética no setor de edificações por meio da adoção de procedimentos de digitalização, foi lançado o estudo “Digitalização e eficiência energética no setor de edificações no Brasil”.

O documento foi produzido por meio de uma parceria entre o Ministério de Minas e Energia (MME), o Ministério Federal da Economia e Ação Climática da Alemanha (BMWK) e o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).

De acordo com as análises feitas, considerando um cenário de rápida digitalização, a possibilidade de redução no consumo de energia no setor de construção poderia chegar de 30% a 40% de 160 TeraWhatts (TWh) até 2050.Durante o lançamento virtual do estudo, o diretor do Departamento de Acompanhamento Energético do MME, Carlos Alexandre Pires, afirmou que este valor é comparável ao consumo anual de eletricidade de 3.360 mil domicílios e representa 815 mil toneladas de carbono (tCO₂) de emissões evitadas.

“Por meio da adoção das soluções digitais, é possível conhecer melhor o desempenho de uma edificação. Seja na fase de projeto, quando é possível estudar e compreender a economia que pode ser atingida no longo prazo, durante o ciclo de vida dessa edificação, ou na fase de operação. Utilizamos a digitalização para captar informações sobre o desempenho nessas edificações. Também podemos utilizar estes dados para retroalimentar e melhorar as políticas públicas. E quando falamos em habitação de interesse social, estas informações podem representar uma redução no custo de vida dessas famílias. Por fim, a redução do consumo de energia contribui para nossas metas climáticas no setor da construção”, destacou Andiara Campanhoni, coordenadora geral de assuntos estratégicos do MDR, durante videoconferência de lançamento do estudo. 

Diferentes cenários

O “Digitalização e eficiência energética no setor de edificações no Brasil” traçou resultados de acordo com três cenários principais de digitalização:

  • Lento: neste caso, o ganho de eficiência energética é baixo, ficando em níveis inferiores a 10% do total de 161 TWh até 2050. Corresponde ao consumo anual de eletricidade de até cerca de 840 mil domicílios. É equivalente a emissões evitadas da ordem de 200 mil tCO₂.
  • Moderado: aqui, o potencial de eficiência energética chega a ser de 20% a 30% do total de 161 TWh até 2050. Representa o consumo anual de eletricidade de até cerca de 2.520 mil domicílios. Evitaria emissões de 610 mil tCO₂.
  • Rápido: aqui, ele atinge seu potencial máximo de 30% a 40 % do total de 161 TWh até 2050.

Soluções digitais

O estudo avaliou 20 soluções digitais que podem contribuir para a eficiência energética durante todo o ciclo de vida de uma edificação. Dentre elas estão a adoção de tecnologias de gestão e automação; programas computacionais de modelagem dos edifícios; tecnologias de gerenciamento e segurança dos dados, usadas desde o desenho e modelagem dos edifícios aumentando o desempenho energético da edificação por anos, como a orientação solar, sistemas de ventilação, envoltória, dentre outros.

Estudos de caso

O documento apresentou ainda alguns estudos de caso. Dentre eles está o de um condomínio residencial do Programa Minha Casa, Minha Vida, bairro do Catumbi, no Rio de Janeiro. Após algumas simulações realizadas na fase do projeto, foram feitas modificações nas orientações dos prédios, o que favoreceu a ventilação natural. Ainda, também foi realizada uma adequação dos ambientes, com a inclusão de varandas para sombreamento da fachada. Outra alteração foi o aumento das esquadrias para proporcionar maior iluminação natural, além de instalação de sistema de aquecimento solar de água. Como resultado, estas modificações geraram um incremento de eficiência energética de 1.776 kWh/ano (considerando o edifício multifamiliar como um todo) ou uma redução de 3,13% na comparação com o modelo anterior.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=bIpU3vFR7XM 

Fonte
Ministério de Minas e Energia (MME)

Contato
ascom@mme.gov.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
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