Placas cimentícias: por que utilizar este material?
Quer um material versátil para usar como fechamento da área externa ou interna da sua obra? As placas cimentícias são uma solução versátil e combinam com qualquer estilo arquitetônico. De fácil aplicação, também apresenta grande durabilidade. Saiba mais sobre o seu uso.
Processo produtivo das placas cimentícias: como são feitas?
O processo de produção das placas cimentícias Eternit é o mesmo das telhas, o tradicional fibrocimento, conhecido como Processo Hatschek. “Basicamente, os insumos (cimento, celulose e outros) são misturados à água nas máquinas, essa mistura vai dar origem a uma lastra de fibrocimento ainda úmida que passa por uma esteira e um cilindro compressor, até atingir a espessura da placa que está sendo produzida.
Depois dessas etapas, a lastra passa pelo processo de corte, para ficar nas dimensões desejadas e, em seguida, passa pela etapa de cura – um tempo de armazenamento em fábrica para garantir que as resistências mínimas para realização de ensaios sejam alcançadas. Após a realização dos ensaios exigidos por norma e aprovação dos resultados pelo nosso setor de Qualidade, elas estarão aptas a serem comercializadas”, explica Rúbia Mussi, Arquiteta e Especificadora Técnica na Eternit.
Onde usar as placas cimentícias?
Como o principal substrato é o cimento, a grande vantagem da utilização da placa cimentícia é a de poder ser utilizada em áreas externas, fachadas e áreas úmidas. “Uma associação de produto que é bastante feita é com relação ao gesso, material que tem aplicação similar. E, para as áreas externas e úmidas a placa cimentícia é mais apropriada. Sabemos que nas linhas de placas de gesso há produtos com aplicação indicada para esses fins, mas ainda assim, a resistência à umidade e intempéries da placa cimentícia será maior nestes casos”, pontua Rúbia.
De maneira geral, a placa cimentícia pode ser utilizada em diversos ambientes – incluindo aqueles em que o gesso é bastante utilizado, como é o caso de áreas internas. “Pode ser utilizada como fechamentos verticais, shafts, elemento decorativo, entre outros”, menciona Rúbia.
Vale destacar que dentre seus usos mais frequentes estão: paredes externas e internas, sistemas de fachadas e fechamentos verticais de modo geral. “A aplicação das placas como fechamentos verticais é a utilização mais comum e adequada para o que o produto oferece em termos de desempenho técnico e características”, ressalta Rúbia.
Por essa razão, a placa cimentícia não é recomendada como cobertura ou piso. “Essas não são as indicações mais adequadas, porém, nossa Área Técnica junto aos nossos setores de Desenvolvimento e Qualidade podem realizar estudos para entender a necessidade de cada cliente e viabilidade de cada aplicação”, pontua.
Vantagens
Além das características já citadas, outro diferencial da placa cimentícia é a resistência ao impacto. “Embora estejamos falando de placas de 8 – 10 mm de espessura, elas são bastante resistentes a esse esforço, sobretudo se consideradas parte de um sistema construtivo desempenhando funções junto com outros componentes”, cita Rúbia.
Outras vantagens são a não oxidação e a não combustibilidade do material, o que significa que não propaga chamas. “Ela ainda é considerada imperecível e não perde resistência com o passar do tempo sendo, portanto, muito durável mesmo quando aplicada em áreas externas e sujeitas a intempéries”, afirma Rúbia.
Outro ponto que faz com que a placa cimentícia se destaque é o aproveitamento que conseguimos ter do material através de modulação e cortes racionais. “Podemos trabalhar com a questão modular da placa, projetando de modo a aproveitar as suas dimensões e assim gerar menor índice de descarte de material e também menor custo e tempo de execução”, argumenta Rúbia.
Por fim, há também a facilidade de instalação, que ocorre por meio de fixação com parafusos em uma estrutura que pode ser de perfis de aço, sendo o Light Steel Frame o mais comum ou ainda perfis de madeira, segundo Rúbia.
Estilos arquitetônicos
Uma das principais características das placas cimentícias é a sua versatilidade. “Como se trata de uma superfície cimentícia, é possível aplicar diversos tipos de revestimento sobre elas, como papel de parede, cerâmica, pinturas ou texturas, ou até mesmo adotá-las de forma aparente como elemento decorativo”, comenta Rúbia.
“No sentido estético, há duas opções de acabamento: trabalhar com juntas invisíveis ou aparentes. Na primeira solução, é possível fazer o tratamento de juntas, tendo como resultado uma parede lisa para receber qualquer tipo de acabamento, em qualquer estilo. Na segunda opção pode-se trabalhar com paginação de placas de diversos formatos e dimensões tirando partido do próprio sistema e, inclusive, garantindo execução mais rápida e com menor custo. Não dá para afirmar que as placas atendem mais um estilo arquitetônico que outro, uma vez que ela pode se adequar a qualquer um deles. Mas, quando fica aparente, ela pode ser mais facilmente relacionada a estilos minimalistas ou industriais”, justifica Rúbia.
Cuidados ao usar as placas cimentícias
Um dos principais cuidados relacionadas à placa cimentícia tem relação com o seu armazenamento. “Antes da utilização das placas, elas precisam ser estocadas na horizontal, sobre um pallet e uma superfície nivelada o que vai dar estabilidade e garantir que ela não sofra nenhum tipo de deformação”, alerta Rúbia.
Após a aplicação, a recomendação é que se faça tratamento de superfície com impermeabilizante para garantir uma boa aparência e menor necessidade de manutenção. “Se este processo não for realizado, a exposição pode agregar sujidade em sua superfície. Por isso, recomendamos essa prática para garantir menores custos com manutenção e maior durabilidade de uma boa aparência” lembra Rúbia.
Entrevistada
Rúbia Mussi arquiteta e trabalha como especificadora técnica na Eternit
Contato
rubia.mussi@eternit.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Obras de alargamento de faixa de areia: como fazer?
No final de 2021, a megaobra de alargamento da Praia Central, em Balneário Camboriú (SC), ficou pronta. E, há poucas semanas, em Matinhos (PR) começaram as obras de dragagem e engorda da faixa de praia, de Caiobá até o Balneário Flórida. Com este projeto, espera-se que a faixa de areia tenha de 70 a 100 metros de largura.
No entanto, este tipo de obra não é novidade no Brasil. O processo, que tem o nome de engorda ou alargamento da faixa de areia, já foi feito em Recife e também em Alagoas. Mas por que se tem optado por esta técnica? De acordo com Marcos Lyra, engenheiro civil especialista em obras de defesa costeira, o que acontece é que as praias sofrem erosão com o passar do tempo e, para contê-la, é utilizada esta técnica, que consiste na colocação artificial de areia preferencialmente de mesmo tamanho, densidade e granulometria do material original da praia.
“O principal objetivo da obra é preservar, alargar ou formar praias e dunas, compensando a erosão verificada, aumentando a largura da praia. Não existe solução única para contenção de erosão costeira. Indicar o alargamento de faixa de areia para qualquer praia é uma opção de difícil eficácia. É preciso buscar maior eficiência nas obras de proteção costeira, procurando encontrar nas soluções de engenharia a recuperação da praia natural recreativa. As cidades litorâneas precisam de adaptação para enfrentar as marés atuais e futuras, frente as mudanças climáticas”, explica Lyra.
Quando vale a pena fazer a engorda costeira?
Teoricamente toda praia com processo erosivo poderia utilizar o alargamento da faixa de areia. Entretanto, para saber se realmente vale a pena fazer este tipo de obra, Lyra aponta que em todo projeto de engenharia para proteção costeira, deve-se observar cinco itens: custo de implantação; custo de manutenção; disponibilidade do material; impacto ambiental e durabilidade.
“Para avaliar o custo-benefício da obra da engorda artificial de praia, é preciso manter a vigilância no acompanhamento do pós-obra. Existem dois tipos básicos de acompanhamento: o primeiro tipo é para conformidade da construção do projeto e para avaliação do desempenho do projeto. Geralmente feitos durante a execução da obra e durante o primeiro ano após a sua implantação. O segundo tipo é muitas vezes negligenciado. É preciso especificar claramente a necessidade de um plano de monitoramento e um plano de operação e manutenção”, opina Lyra.
Na equação custo-benefício da obra da engorda artificial, deve-se observar se o investimento é economicamente viável. “Muitas vezes, o alto custo da obra, as dificuldades de atendimento aos parâmetros de projeto e as incertezas quanto à durabilidade da intervenção, são fatores limitantes para sua utilização”, destaca Lyra.
Estudo de impacto ambiental
Uma das polêmicas ligadas à engorda das praias é a questão ambiental. Lyra indica que é preciso fazer um EIA/RIMA bem fundamentado, o que é algo dispendioso e complexo. “É importante realizar um diagnóstico dos impactos ambientais, não só pela diversidade de parâmetros envolvidos que deve considerar as zonas de empréstimo, os níveis energéticos, as características e o controle das areias a depositar na praia, que compreende os ciclos de enchimento e emagrecimento, mas acima de tudo devido ao alto grau de incerteza quanto à durabilidade da intervenção”, aponta.
Ainda, Lyra sugere realizar estudos de modelo matemático e modelo reduzido, para avaliar as condicionantes da praia, garantindo o êxito da engorda artificial. “Em praias muito energéticas, há o risco da areia ser retirada pelo mar num período inferior a cinco anos, sendo necessário repor os sedimentos na praia, onerando ainda mais o investimento”, conclui.
Entrevistado
Marcos Lyra é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Alagoas, especialista em obras de defesa costeira com MBA em gestão ambiental de desenvolvimento sustentável. Conceituado profissional, ocupou diversas funções para o desenvolvimento de projetos de engenharia nas áreas sanitária e ambiental no Estado de Alagoas, Brasil. Palestrante, escritor, autor de vários artigos sobre erosão costeira, atualmente é consultor responsável pelo sucesso no controle de erosão costeira e recuperação de praias com o uso de dissipadores de energia Bagwall e Sandbag no litoral nordestino do Brasil.
Contato
engenhariacosteira@gmail.com
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
5 tendências para setores da construção civil pós-pandemia
A pandemia mudou a forma como nos relacionamos com os espaços e isso teve um impacto para a construção civil. Além disso, ela trouxe um enfoque grande em novas tecnologias e sustentabilidade. Veja o que podemos esperar dos novos projetos e como os profissionais da área adaptaram seus trabalhos.
1) Trabalhar na residência e sentir-se em casa
Durante a pandemia, o home office virou quase mandatório e, com isso, muitas pessoas optaram por se mudar para espaços maiores ou lugares que já tivessem uma infraestrutura de lazer inclusa. Além disso, há também aqueles que optaram em se mudar para o interior ou cidades menores, em busca de melhor qualidade de vida.
Será que estas tendências devem continuar? Na opinião de Edison Coelho, diretor comercial da Hendler Construtora e Incorporadora, não só devem permanecer, como vai cada vez ficar em evidência a questão de trabalhar em casa e também de sentir-se em casa. Isto é, mesmo para quem mora em um apartamento, mesmo com o advento da verticalização, a criação de novos ambientes dentro do empreendimento vai deixar ainda mais a sensação de estar em casa. “Então é comum ter um lugar para se exercitar, brincar com os cachorros ou para as crianças brincarem. Tudo isso dentro de um mesmo condomínio”, aponta Coelho.
Para Leonard Jenny, CEO da Linda Casa Decor, há dúvidas se essa tendência se solidificará. “De certa forma, o COVID-19 certamente atuou como um acelerador para trabalhar em casa. Foi demonstrado que os processos de trabalho podem ser digitalizados muito rapidamente ou até mesmo funcionar sem estar no escritório. Sob a pressão da crise, também foram introduzidas novas ferramentas de comunicação e foram desenvolvidas novas competências digitais. Não menos por esses motivos, muitas empresas também pretendem expandir as possibilidades de trabalhar em casa no futuro. No entanto, há diferenças em como os diversos setores lidarão com o home office, isto é, para alguns é mais viável, enquanto para outros o modelo presencial ainda é predominante. Todos os setores de serviços intensivos em conhecimento - informação e comunicação, serviços financeiros e educação - certamente têm aqui o maior potencial. Mas depende também de muitos fatores culturais da empresa. As implicações para áreas como liderança e novas formas de colaboração serão substanciais. No entanto, também é de esperar que haja uma diferenciação e não uma substituição completa do trabalho de escritório”, explica Jenny.
2) Ambientes com atendimento ao público mais arejados e iluminados
Nos novos projetos, há uma priorização de vãos de aberturas maiores, com mais ar natural e luz natural, segundo Coelho. “Além disso, a questão da acessibilidade está muito em voga”, pontua Coelho.
3) Segurança e atendimento aos deliveries
De acordo com Coelho, os empreendimentos se prepararam para ter cada vez menos contato físico através das tele-entregas. “Hoje as portarias estão automatizadas, sendo projetadas e pensadas para ter menos contato”, destaca Coelho.
4) Emprego de tecnologia
De forma geral, a pandemia trouxe um grande avanço tecnológico para os mais diversos setores. No Brasil, a construção civil ainda está começando neste processo, mas já existem iniciativas. É o caso, por exemplo, da inteligência artificial e do business intelligence, que otimizam processos e ajuda a tornar os processos cada vez mais automatizados, minimizando as falhas humanas. Alguns projetos da área valem ser mencionados, como é o caso dos drones para inspeção de segurança nas obras, uso do metaverso e software para aceleração de orçamento das obras. Ainda, a impressão 3D tem sido cada vez mais usada em projetos da área.
5) Soluções sustentáveis
Em 2020 e 2021, o mercado imobiliário ficou em alta, uma vez que as taxas de juros chegaram aos menores patamares históricos do crédito imobiliário. Só que em 2022, esta situação mudou um pouco – em função do conflito entre Rússia e Ucrânia, a economia global está crescendo menos e isso se reflete nos mercados de construção civil e imobiliário. Além disso, a guerra também trouxe um aumento dos insumos da construção de forma geral. Esses fatores aliados à crescente preocupação com o meio ambiente também têm feito a indústria procurar soluções mais sustentáveis.
No caso do cimento, por exemplo, tem-se procurado fazer a substituição do coque de petróleo por alternativas mais sustentáveis e economicamente viáveis como casca de babaçu, caroço de açaí, palha de arroz e cavaco de madeira.
Entrevistados
Edison Coelho é diretor comercial da Hendler Construtora e Incorporadora, profissional com mais de 3 décadas de experiência no setor de corretagem de imóveis e 20 anos atuando na gestão de produtos imobiliários.
Leonard Jenny é CEO da Linda Casa Decor.
Contatos
Edison Coelho - comercial@hendlerconstrutora.com.br
Leonard Jenny – lindacasadecor@gmail.com
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Número de empregos da construção civil cresceu na pandemia
Mesmo com a pandemia, o setor da construção civil empregou 2 milhões de pessoas em 2020. Este valor representa um aumento de 3,8% com relação a 2019, quando havia 71,8 mil trabalhadores ocupados no setor. O valor gerado pelo setor de Construção chegou a R$ 325,1 bilhões em 2020, sendo R$ 304,4 bilhões em obras e/ou serviços (93,6%) e R$ 20,7 bilhões em incorporações (6,4%). Os dados são da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em junho de 2022.
Além disso, a pesquisa também revelou que, em 2020, o país contava com 131.809 empresas de Construção, número que cresceu 5,4% frente a 2019 (125,1 mil). Se este número for comparado a 2011, o crescimento foi de 41,2%. Ainda, o total de salários, retiradas e outras remunerações pagos pelo setor foi de R$ 58,7 bilhões, com destaque para o setor de infraestrutura, que representou 37,1% desse valor.
Na opinião do analista da pesquisa, Marcelo Miranda, mesmo com a pandemia, o setor de construção conseguiu evoluir. “Decretos federais, estaduais e municipais colocaram a construção dentre as atividades essenciais, possibilitando a continuidade das obras durante a pandemia. Políticas públicas de estímulo à economia e de subsídios para a manutenção de empregos podem ter minimizado os efeitos da crise”, resume.
Setores com maior crescimento
Entre os segmentos da Construção, o setor de infraestrutura foi o que mais cresceu na geração de empregos, com alta de 10,9% em número de pessoas ocupadas. Já a ocupação no setor de serviços especializados caiu 3,3%.
Foi possível observar uma estabilidade na participação de obras de infraestrutura no valor gerado pelo setor: de 32% para 32,7%. Já a construção de edifícios avançou de 44,7% para 45,3% e serviços especializados para construção foi o único a ter redução: de 23,3% para 22%.
De acordo com Miranda, o segmento de obras de infraestrutura era o principal do setor, mas caiu para a segunda colocação, com perda de nove pontos percentuais entre 2011 e 2020, sendo ultrapassado por construção de edifícios que ganhou 5,4 pontos percentuais.
Setor privado x setor público
Outra diferença trazida pela pesquisa de 2020 é referente à participação dos setores privado e público. No valor gerado pelas obras e serviços, 70,2% é proveniente de contratos por pessoas físicas e/ou entidades privadas (R$ 213,7 bilhões), enquanto 29,8% vem de entidades públicas em 2020, isto significa uma queda de 0,3% com relação a 2019.
Segundo Miranda, historicamente, a Construção de Edifícios e Serviços são mais focados no setor privado, enquanto o setor público é mais presente em obras de infraestrutura. “Entretanto, mesmo neste segmento, o setor privado tem crescido em participação”, destaca.
Fonte
Marcelo Miranda é analista da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC)
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Assessoria de imprensa: comunica@ibge.gov.br
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Marina Pastore
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Laje desaba em obra dentro da UEM
Uma laje desabou em uma obra dentro da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no norte do Paraná, no dia 25 de junho, de acordo com o Corpo de Bombeiros. O acidente teria ocorrido às 9h30 da manhã, no Bloco Q-07, e cinco trabalhadores ficaram feridos.
Durante a ocorrência, houve o desabamento da última laje da construção e os trabalhadores que estavam na parte debaixo da obra foram atingidos, segundo o Corpo de Bombeiros.
Na hora da concretagem da última laje, ainda vazia, as escoras não aguentaram e o conjunto de caixaria e ferragem ruíram, de acordo com informações da UEM. No entanto, as causas do acidente ainda estão sendo apuradas.
Causas de desabamento de lajes em obras
Embora as razões que causaram o desabamento ainda sejam desconhecidas, segundo Fabiana Albano, engenheira civil e diretora do Ibape/SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo), este tipo de acidente em obras pode ser causado por vários fatores: subdimensionamento do cimbramento/escoramento que não suporta o peso próprio da laje; pode ser ocasionado por fôrma sem a resistência necessária; descimbramento antes da cura do concreto; ou subdimensionamento da própria laje.
Para evitar este tipo de situação, Fabiana aponta que as estruturas devem sempre ser projetadas e acompanhadas de um profissional técnico responsável e habilitado. Da mesma forma, devem ser tomadas as devidas providências quanto à regularidade legal (licenças, ART, RRT e outros pertinentes).
Igualmente, Fabiana lembra que é fundamental ter um projeto que atenda às normas técnicas de projeto e execução. “Além disso, é preciso respeitar o tempo de cura do concreto, atendimento às normas de segurança do trabalho para evitar acidentes de trabalho, controle tecnológico de resistência do material e nunca (jamais!) utilizar aqueles projetos padrões oferecidos por fornecedores de lajes pré-fabricadas. É essencial a consulta ao cálculo estrutural”, pontua Fabiana
Sobretudo, para identificar este tipo de problema durante a obra, Fabiana indica verificar as “flechas”, que são aqueles abaulamentos (barrigas) que se formam no meio do vão, fissuras e trincas quando já desenformado. Outra medida importante é avaliar se foram previstas as amarrações entre os elementos (lajes e vigas). “Quando o cálculo estrutural é feito, isso é detalhado”, alerta Fabiana.
Fonte
Fabiana Albano é engenheira civil e diretora do Ibape/SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo).
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Marina Pastore
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Startup dinamarquesa imprime casa 3D em concreto de baixo custo
Já pensou construir uma casa inteira em apenas cinco semanas? Foi este o feito da startup 3DCP Group. Ao utilizar a tecnologia de impressão 3D, a empresa criou uma casa de 37 m², usando concreto real de baixo custo (não argamassa).
A casa é a primeira do tipo na Europa e seu projeto prioriza criar uma construção totalmente habitável no menor número de metros quadrados possível. A residência está localizada em Holstebro, Dinamarca, e conta com banheiro, cozinha em plano aberto, sala de estar e quarto. Para economizar espaço, o quarto foi colocado em um mezanino acima do banheiro. Para manter as tradições de construção e design nórdicos, a madeira foi priorizada no interior.
De acordo com o arquiteto Sebastian Aristotelis, da Saga Space Architects, que projetou a casa, o objetivo era fazer uma pequena unidade habitacional para estudantes. “Ela deveria conter todos os cômodos e funcionalidades de uma casa normal, mas com um custo tão baixo, que até os estudantes pudessem pagar para viver nela. Resolvemos a tarefa fazendo um projeto que proporciona um uso muito eficaz de cada metro quadrado, ainda dando aos moradores a sensação de estar em uma casa muito maior por ter uma grande área aberta no meio”, afirma.
Processo de construção da casa 3D
O Grupo 3DCP usou a impressora de construção 3D BOD2, que faz formas incomuns, além de imprimir com concreto real por um baixo custo e ajudar a fazer o telhado e a fundação.
A casa é moldada em um círculo triangular conectado por um núcleo central aberto. Em cada extremidade do triângulo, você encontra a cozinha, a sala e o banheiro. Para acomodar o quarto em cima do banheiro, o teto acima da extremidade do triângulo com o banheiro e o quarto foi levitado.
Para Mikkel Brich, CEO do 3DCP Group, a tecnologia de impressão 3D é um verdadeiro divisor de águas na construção, pois dá vida a uma nova arquitetura que, de outra forma, não seria possível pelos métodos convencionais de tijolo e argamassa. “A inovadora tecnologia de impressão de construção 3D utiliza concreto real, aumentando a eficiência e reduzindo significativamente as horas de trabalho humano usadas na construção. Não poderíamos ter realizado o projeto usando qualquer outro método”, explica.
De acordo com Brich, estudos mostraram que as emissões de CO₂ dos canteiros de obras podem ser reduzidas em até 32% ao usar a impressão 3D. Ao automatizar processos e construir com robôs também é possível reduzir em até 50% as horas-homem no processo de construção.
A fiação elétrica, o encanamento e outras funcionalidades foram terminadas à medida que a casa era impressa.
Fontes
Sebastian Aristotelis, da Saga Space Architects.
Mikkel Brich, CEO do 3DCP Group.
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Marina Pastore
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Aumento do preço dos insumos: quais as saídas?
Em junho de 2022, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) subiu 2,81%. Este percentual é superior ao apurado no mês anterior, quando registrou taxa de 1,49%. Consequentemente, o índice acumulou alta de 7,20% no ano e 11,75% em 12 meses.
Neste mesmo período em 2021, o índice chegou a subir 2,30% no mês e acumulou alta de 16,88% em 12 meses. Vale destacar que a taxa do índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços passou de 1,55% em maio para 1,40% em junho.
“Durante a pandemia, precisamos muito de material e a indústria não tinha como atender a toda essa demanda. Isso ocorreu por diversas razões. Algumas indústrias, como a de aço, haviam paralisado as atividades e depois retomaram. Em outras situações, como é o caso do cobre e do PVC, houve falta de matéria-prima internacional. Antes da pandemia, tivemos uma crise na construção civil, mas em seguida houve um aumento na demanda e as empresas não deram conta”, explica Dionyzio Klavdianos, presidente da Comissão de Materiais e Tecnologia da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Mais recentemente, o conflito entre Ucrânia e Rússia também influenciou o mercado, com aumento do preço do frete marítimo e rodoviário e da energia.
4 maneiras de mitigar a alta dos insumos da construção civil
Diante deste cenário, como diminuir o impacto no setor? Que medidas tomar para atenuar os efeitos decorrentes destes aumentos? Klavdianos cita algumas possibilidades:
- Incentivar a concorrência e diversidade no mercado
Na opinião de Klavdianos, há segmentos da cadeia de construção civil que têm poucos fornecedores. “É o caso de aço, louças, PVC, tubos e conexões, entre outros. Isso cria uma dependência da construtora em relação aos fornecedores. Consequentemente, acabamos ficando na mão de poucas empresas”, lembra.
No entanto, ao mesmo tempo essa situação traz um paradoxo. “É claro que, para termos uma variedade maior de empresas, as condições para investir no Brasil têm que ser seguras. Antes da crise que se acentuou a partir de 2013, havia algumas siderúrgicas sendo construídas no Brasil por outras multinacionais. No entanto, quando elas ficaram prontas, não tinha mais consumo para elas e elas tiveram que vender a planta. Portanto, precisa ter mercado”, pontua Klavdianos.
- Canal externo de compras
De acordo com Klavdianos, algumas construtoras brasileiras ainda estão tateando a possibilidade de importar alguns materiais. “As construtoras brasileiras já fazem este procedimento, nem que seja de forma terceirizada, através de um intermediário, alguns insumos. Isso é muito comum no caso de revestimentos cerâmicos. Muitas plantas de fornecedores daqui estão no exterior. As construtoras precisam usar mais este canal e de forma mais eficiente”, aponta Klavdianos.
Ainda, Klavdianos menciona a importância de se rever burocracias e barreiras de importação – seja para os materiais ou para os insumos.
- Cooperativas de compras
Para Klavdianos, as construtoras precisam se organizar em cooperativas de compras. “Dessa forma, aumenta-se o volume de compra, e é possível obter uma condição comercial melhor. Afinal, o preço que grandes incorporadoras compram o aço, por exemplo, não é o mesmo valor pago pelas empresas menores. Esse canal é pouco utilizado e poderia ser mais explorado pelas construtoras”, sugere Klavdianos.
- Investimento em inovação, produtividade e pesquisa
Acima de tudo, buscar formas de produzir mais rápido, encurtando o cronograma da obra, certamente vai reduzir os custos, segundo Klavdianos. “Por isso a inovação é tão importante. Introduzir processos construtivos mais industrializados e materiais alternativos pode ajudar a reduzir custos. Assim, é possível viabilizar substitutos e oferecer mais alternativas para o setor. Se analisarmos, os materiais que tiveram maior alta de preços pertencem a cadeias muito oligopolizadas ou dependentes de commodities. É o caso do PVC, por exemplo, que aqui no Brasil tem praticamente uma só empresa que fornece os insumos. Como é possível conseguir preços melhores diante deste cenário?”, destaca Klavdianos.
No caso da indústria do cimento, pesquisas têm sido feitas com diversos materiais para fazer a substituição do coque, em que já há resultados com o uso de biomassa feita a partir de caroço do açaí, a casca de babaçu, o cavaco de madeira dos reflorestamentos, a moinha de carvão, a palha de arroz, entre outros.
Fonte
Dionyzio Klavdianos é presidente da COMAT-CBIC e é formado em engenharia civil pela universidade de Brasília.
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5 curiosidades e desafios sobre a construção da linha Elizabeth em Londres
Após cerca de 13 anos de construção, a linha Elizabeth de metrô finalmente será aberta. O projeto teve início em maio de 2009, com o lançamento da primeira estaca no local da nova estação de Canary Wharf. O tunelamento começou em maio de 2012 e os anos mais recentes viram as estações do projeto concluídas e uma mudança para testes operacionais.
A linha Elizabeth aumentará a capacidade ferroviária do centro de Londres em 10%, trazendo 1,5 milhão de pessoas adicionais. Quando totalmente pronta, ela atenderá 41 estações acessíveis, sendo 31 delas modernizadas. Ela será operada pela TfL como parte da rede integrada de transporte de Londres.
Confira os principais desafios relacionados a construção desta obra:
1.Estabilização do solo durante o tunelamento
Antes da construção dos túneis iniciar, foi realizada uma investigação detalhada do solo. Estas análises terrestres incluíram a coleta de mais de 1.000 amostras de vários locais ao longo da rota. Com isso, foi possível determinar as máquinas a serem usadas e as mitigações a serem realizadas para gerenciar o trabalho de tunelamento.
Ainda, para ajudar a evitar qualquer impacto adverso aos edifícios na superfície e utilidades ao redor de alguns canteiros de obras, o solo foi tratado para compensar qualquer movimento. No centro de Londres, uma técnica conhecida como reboco de compensação foi usada para estabilizar o solo.
Por fim, qualquer escavação de túneis no subsolo acarreta um risco de movimento do solo e impactos potenciais nos edifícios acima. Para minimizar este risco, as equipes das máquinas de perfuração de túneis mantinham um controle rígido da pressão na face das máquinas, correlacionando precisamente a taxa de avanço com o peso e o volume do material escavado.
2.Criação do Túnel a 40 m de profundidade
Para construir uma nova ferrovia, com até 40 metros de profundidade no coração de Londres, foram utilizadas oito máquinas de perfuração de túneis Herrenknecht (TBMs). Ao longo de três anos, entre 2012 e 2015, elas perfuraram 42 km de túneis ferroviários de 6,2 m de diâmetro sob a cidade.
Uma das principais máquinas de tunelamento utilizadas neste processo foi chamada de Victoria, que completou o trabalho em maio de 2015 ao ligar todos os túneis das estações. Mais de oito milhões de toneladas de terra foram escavadas durante a construção dos novos túneis ferroviários, estações e plataformas. Grande parte do material escavado foi usado para criar um habitat para pássaros em Essex.
Além disso, mais de 200.000 segmentos de concreto foram necessários para revestir os 42 quilômetros de túneis em execução. Sete segmentos e uma pedra angular foram usados para compor cada anel de túnel, unidos para construir um tubo de concreto reforçado com fibras de aço, construído para durar centenas de anos. Cada segmento pesa 3.000 quilogramas e cada pedra angular pesa 1.000 quilogramas. Três fábricas produziram os segmentos de concreto pré-moldado e as pedras angulares.
3.Design familiar entre as estações
As novas estações construídas são marcadas por um design único, que cria uma sensação de familiaridade nesta linha de metrô. Um dos aspectos marcantes são os túneis revestidos em concreto reforçado com fibra de vidro, que deixa bordas suaves, amplas e curvas que facilitam a navegação e reduzem os pontos cegos para os passageiros. Além disso, as estações trazem espaços maiores, com saídas separadas em extremidades opostas das plataformas, o que ajuda a acomodar o crescimento futuro de passageiros.
4.Sustentabilidade
Os impactos sociais, econômicos e ambientais têm sido uma consideração importante ao longo do projeto e da construção. O material das escavações foi reutilizado de forma benéfica e foi utilizada iluminação de baixo consumo em estações e túneis.
5.Acessibilidade
A acessibilidade da ferrovia inclui a experiência geral como os passageiros vão e voltam das estações. As áreas externas às estações precisam funcionar efetivamente como intercâmbios de transporte e levar as pessoas à próxima etapa de sua jornada a pé, de bicicleta, ônibus ou táxi, além de serem espaços públicos atraentes e agradáveis para passar o tempo.
Da mesma forma, para priorizar a acessibilidade, todas as 41 estações da linha Elizabeth estarão livres de degraus da rua até a plataforma. Como parte dos trabalhos de preparação para a linha Elizabeth, foram feitas atualizações de várias estações de superfície no leste e oeste, com novos elevadores proporcionando melhor acesso para todos. Em algumas estações, este tem sido um empreendimento complexo devido à idade - em Hanwell, por exemplo, um dos novos elevadores foi escavado manualmente para que o dossel de madeira histórico pudesse ser deixado no lugar. Em duas estações - Farringdon e Liverpool Street, a localização das entradas da estação exigiu a instalação de elevadores inclinados, que se movem diagonalmente ao lado das escadas rolantes.
Fonte
Crossrail/Departament for Transport
Contato
pressoffice@tfl.gov.uk
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Marina Pastore
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Metodologias ágeis na construção civil: como usar?
Já pensou se os projetos de construção civil pudessem ser mais rápidos, com equipes multidisciplinares integradas e feitos de forma para minimizar erros? Muito utilizada na área de tecnologia e por startups, as metodologias ágeis propõem uma forma de trabalho que otimiza o fluxo de trabalho, além de torná-lo mais ágil, colaborativo e flexível.
O que são metodologias ágeis?
De acordo com Gabriel Ribeiro Borges, engenheiro civil e CEO da Connect Data, na metodologia ágil, geralmente fragmenta-se um projeto em várias etapas de validação. “No modelo de desenvolvimento em cascata, você cria todo o projeto para testar e fazer as correções. Já na metodologia ágil, a cada fase de desenvolvimento, você vai validando para evitar retrabalho. Isto evita chegar ao final do projeto e perceber que uma das etapas foi construída de uma forma incoerente ou errada e ter que consertar tudo depois. Ela tem uma visão de testes e correções progressivos, o que torna o processo mais ágil”, pontua.
Tipos de metodologias ágeis
Existem diferentes tipos de metodologias ágeis que podem ser utilizadas:
Lean construction: neste método, o foco é evitar desperdícios – seja de tempo ou de material. Além disso, o processo também prioriza gerar valor na construção. E, para isso, utiliza-se de pesquisas de mercado antes, durante e após a entrega do imóvel.
Scrum: ela divide os períodos de trabalho em ciclos de tempo limitado, chamados de sprints, com um objetivo e tarefas bem definidas. Há reuniões diárias para avaliar o avanço do projeto. Também foca no aprendizado por meio da experiência – portanto, as equipes são estimuladas a refletir sobre os erros e acertos de cada etapa, com a intenção de corrigir rapidamente.
Kanban: aqui, a forma de trabalho muda um pouco. Ao invés de ter prazos definidos para conclusão das tarefas, as atividades são gerenciadas de acordo com sua prioridade. Normalmente, trabalha-se com um quadro que informa as tarefas pendentes, em andamento e completas.
Metodologia ágil na prática: como usar na construção civil?
A construtora Tenda foi uma empresa que decidiu implantar as metodologias ágeis na empresa para se destacar no mercado como construtech e focar na jornada do cliente. Com a ajuda do time de TI, que já tinha domínio sobre o método e com uma consultoria especializada, a empresa apostou na criação de squads. Isto é, times multidisciplinares que têm uma missão bem definida, objetivos em comum e grande autonomia para tomada de decisão. Com isso, hoje a construtora trabalha com 13 squads divididas em 3 frentes de trabalho: (1) Clientes, Vendas e Marketing; (2) Negócios e Operações e (3) Estrutura.
Neste cenário, estas squads trabalham em diferentes projetos ligados à geração de leads, vendas, relacionamento com o cliente, inovação, orçamentação de obras, acompanhamento de custos de obras, BIM (Building Information Modeling) e data lake (consolidação de dados da companhia para obtenção de relatórios estratégicos).
“Desde a implantação do método de trabalho, já foram desenvolvidos 11 produtos digitais que entregam etapas importantes da jornada do cliente, com a utilização do método Scrum, um framework simples, ágil e adaptável, que é projetado para oferecer valor ao cliente durante todo o desenvolvimento do projeto”, afirma Luis Martini, diretor executivo de Marketing e Tecnologia da Tenda.
Benefícios do uso das tecnologias ágeis
Para Martini, este tipo de organização do trabalho traz uma série de benefícios como foco no cliente, autonomia, aprovação mais rápida das entregas do projeto, procedimentos simplificados e menos burocracia, colaboração entre as equipes e valorização da comunicação e do diálogo.
De acordo com Borges, grandes empresas têm demonstrado abertura pelo valor que agrega a aplicação de novas tecnologias. “Elas aumentam a produtividade, reduzem desperdícios, além de digitalizar e automatizar processos. A digitalização vem muito mais para tirar o trabalho operacional, levando-o para uma plataforma de dados. Desta forma, evita-se o erro de informações proveniente de anotações manuais, por exemplo. Com isso, já gera as informações de uma forma mais automática”, explica.
Entrevistados
Gabriel Ribeiro Borges é engenheiro civil e CEO da Connect Data.
Luis Martini é diretor executivo de Marketing e Tecnologia da Tenda.
Contatos
Gabriel Ribeiro Borges – gabriel.borges@connectdata.net
Assessoria de imprensa Tenda - marilia.paiotti@novapr.com.br
Cresce número de pequenos apartamentos em áreas nobres de São Paulo
Os apartamentos compactos estão ganhando cada vez mais espaço em São Paulo. Entre 2014 e 2020, a cidade ganhou 250 mil novos apartamentos pequenos, de acordo com dados apresentados pelo jornal 'O Estado de S. Paulo'. Ainda segundo a publicação, existiu uma explosão de studios e apartamentos com até 45 m² que não foram terminados, principalmente depois de 2019.
Sobretudo, as regiões mais procuradas no mercado de microapartamentos são bairros como Jardins, Pinheiros e Vila Mariana. E, essencialmente, estes imóveis se destinam a jovens solteiros que saem da casa de seus pais e buscam morar nas proximidades de onde trabalham/estudam, ou casais sem filhos que buscam pela praticidade de um lar compacto devido à correria do dia a dia. “Pode ser também um atrativo a quem busca uma moradia temporária, ou alguém de outra cidade ou estado que visita frequentemente determinada região e deseja ter um espaço para sua maior comodidade”, definem Talitha Cassettari e Joe Filho, arquitetos do escritório Joe Filho Arquitetos.
De acordo com Talitha e Filho, os imóveis pequenos são uma ótima solução para morar em bairros valorizados por um menor custo de vida se comparado a um imóvel “padrão”. “Com a mudança gradual no estilo de vida das pessoas, o mercado imobiliário deve acompanhar tais necessidades. Em sua maioria, este cenário de empreendimentos de classe média e média alta no conceito `compacto` oferece muita praticidade em sua infraestrutura aliada ao custo-benefício que estas regiões oferecem quanto à mobilidade urbana e qualidade de vida”, apontam Talitha e Filho.
Outra vantagem destes imóveis é que o valor de IPTU tende a diminuir pela metragem quadrada reduzida. “Ainda os moradores contam com o benefício de possuir diversos serviços de conveniência e lazer dentro do próprio condomínio, a facilidade de ir e vir devido a estações de metrô próximas, e a redução com despesas e gastos com manutenção. E, apesar de pequenos, com um bom projeto arquitetônico e o olhar de um profissional capacitado, é possível valorizar cada cantinho e trazer a sensação de lar junto à identidade de cada morador”, pontuam Talitha e Filho.
Nova lei de Zoneamento
O aumento desses microapartamentos também foi impulsionado por um decreto de 2016, ligado à Lei de Zoneamento. Nesse sentido, ele possibilitou classificá-las como ‘não residenciais’, isto é, podem funcionar como serviço de hospedagem ou moradia.
Além disso, em 2015, o Plano Diretor de São Paulo determinou que prédios mais altos só poderiam passar a ser construídos próximos às estações de metrô ou terminais de ônibus, o que gerou um aumento considerável nos preços dos terrenos nestas regiões abastecidas por transporte público. “Com isto, consequentemente o custo para construção também aumentou, e para distribuir melhor este impacto foi usado como uma das principais estratégias a redução de metragem de plantas para aumentar a quantidade de unidades vendidas”, destacam Talitha e Filho.
Consequências para a cidade
Na opinião de Talitha e Filho, ao mesmo tempo em que, com o aumento da densidade populacional, algumas regiões e bairros precisarão se reestruturar em questão de mobilidade, trânsito e segurança, também se valorizam pelo novo modelo de movimentação econômica e ressignificação de espaços que anteriormente não tinham seu potencial explorado positivamente para acompanhar o avanço dos estilos de moradia e evolução da cidade como um todo.
Entrevistados
Talitha Cassettari e Joe Filho são arquitetos do escritório Joe Filho Arquitetos.
Contato: contato@joefilhoarquitetos.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP