Burocracia cria abismo entre o progresso e o atraso

Planos de desenvolvimento sempre esbarram na lentidão causada pela máquina pública. Nem as catástrofes escapam

Atraso no repasse de recursos atrasa obras de recuperação em Santa Catarina
Atraso no repasse de recursos atrasa obras de recuperação em Santa Catarina

Programa de Aceleração do Crescimento, pacote habitacional, plano de recuperação de rodovias, pacto pelo progresso. Seja qual for o nome que se queira dar a um projeto de desenvolvimento no Brasil, ele esbarra no mais cruel paradigma do atraso dentro do país: a burocracia.

Seus tentáculos seguram desde a liberação dos recursos até a documentação que permite que a obra se materialize. Por causa dela, muitos bons projetos jamais saíram do papel. Outros aguardam na fila. Pior: voraz, ela só faz aumentar. Recente estudo da Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC) aponta que a burocracia aumenta em 280% a 425% o custo dos imóveis para as construtoras. Esse aumento, segundo a CBIC, é atribuído não só à burocracia dos órgãos federais, mas também dos estaduais, dos municipais, do judiciário, dos cartórios e dos licenciamentos ambientais. Pior: com tantos procedimentos a serem cumpridos, a corrupção ganha espaço, tornando a conta ainda mais pesada para o bolso dos brasileiros.

Essa máquina de triturar planos não estimula apenas a corrupção, mas é um propulsor da informalidade. É o que diz Marcos Kahtalian, professor de marketing de Serviços da UniFAE - Centro Universitário - e consultor do Sinduscon-PR. “Sempre que há um processo de burocracia, de alguma maneira crescem também os processos informais. Então a burocracia é importante, é relevante, quando é para definir critérios fundamentais. Agora, quando ela é apenas um processo de delonga, de morosidade, acaba que de alguma forma um mercado não formal aparece e isso não é positivo para ninguém”, explica.

A burocracia não penaliza apenas projetos, mas também obras de recuperação. Santa Catarina é um exemplo. O estado, em novembro do ano passado, sofreu com destruições e mortes causadas por enchentes. O governo federal agiu rápido ao determinar a liberação de recursos, mas boa parte do dinheiro ainda não chegou ao seu destino. Motivo: a burocracia. "A exigência em Brasília, dentro dos parâmetros legais, provoca atraso no repasse de recursos ", reconhece o vice-governador catarinense Leonel Pavan.

Através de uma medida provisória (MP 448), o governo autorizou o repasse de R$ 360 milhões para Santa Catarina. Porém, só R$ 85 milhões chegaram. . "Um dos obstáculos é vencer a burocracia e o tempo. Outro é que, com a crise econômica mundial, a arrecadação brasileira irá diminuir e, por isso, precisamos garantir estes recursos para Santa Catarina", aponta o deputado federal Paulo Bornhausen. No estado, os que estão diretamente envolvidos com as obras, como o engenheiro Civil Romualdo Theophanes de França Júnior, presidente do Deinfra (Departamento Estadual de Infra-Estrutura, de Santa Catarina), ainda têm de encarar o sistema burocrático com diplomacia. "O que eu posso dizer é o seguinte: as leis brasileiras criaram uma série de procedimentos burocráticos e nós temos que segui-los", afirmou.

Diante da calamidade em Santa Catarina, o Palácio do Planalto até tentou desburocratizar ao elaborar o decreto número 6693. Mas só que ele facilitou a burocracia do governo federal para o governo do estado, mas não descomplicou a burocracia para o emprego destes recursos. É o que explica o diretor da Defesa Civil de Santa Catarina, major Márcio Luiz Alves. “O problema é que o dinheiro está empenhado. O que é isso? Que ele está destinado para Santa Catarina, mas não está em Santa Catarina. Eu não posso contratar uma empresa para fazer reconstrução sem recursos, só com empenho. Até porque eu tenho de pedir dotação orçamentária. Ainda há muita burocracia para uma situação de desastre”, reclama.

Diante dos entraves burocráticos, Santa Catarina ainda tem contado com a solidariedade para compensar os atrasos nos repasses de recursos. Boa parte do material para reconstruir vias e casas tem vindo de doações. É o que atesta Luiz Carlos Munhoz, gerente administrativo da Blocaus, em Curitiba, que doou blocos de concreto para as regiões destruídas naquele estado.

A minha empresa doou 1.200 blocos de concreto, mas ao todo foram 12.000 blocos doados por empresas e mais alguns particulares que doaram. Isso é importante, já que o poder público está falhando em alguns pontos. Estive lá em março e constatei que os moradores não estão conseguindo a ajuda que precisavam do governo. Sequer vi uma máquina para ajudá-los”, disse. Há predisposição de ajudar mais, mas o acesso até áreas mais atingidas pelas enchentes continua difícil. “Tem mais material para chegar lá, mas não tem como. Estamos no aguardo do retorno da associação dos moradores de lá para a gente poder retornar e fazer mais uma visita a eles”, afirmou Munhoz.

A catástrofe também sensibilizou Eliel Lopes Ferreira Neto, gerente comercial da Bricka, em Curitiba. A empresa doou 1.000 blocos de concreto e fez parte de uma campanha mobilizada pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). “Ficamos sensibilizados e aderimos à campanha”, disse Eliel. A solidariedade da Bricka, assim como de outras empresas, vem ajudando os catarinenses a reconstruírem o que foi destruído. Cinco meses após o desastre natural muita coisa já foi feita, apesar da burocracia.

Eliel Lopes Ferreira Neto: placacimenticia@bricka.com.br
Luiz Carlos Munhoz: munhoz@blocaus.com.br
Major Márcio Luiz Alves: mluizalves@yahoo.com
Marcos Kahtalian: marcosk@swi.com.br
Romualdo Theophanes de França Junior, presidente do Deinfra: presidencia@deinfra.sc.gov.br
Deputado federal Paulo Bornhausen: dep.paulobornhausen@camara.gov.br

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação


Secos e Molhados

Assentar placas cerâmicas exige cuidados, por se tratar de um revestimento onde nota-se facilmente os defeitos de colocação. Para um bom resultado é importante observar o preparo da cerâmica antes do seu assentamento, além do esquadro e o recorte das placas

Créditos: Engª. Naguisa Tokudome - Assessora Técnico Comercial Itambé

Patologia
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Em algumas literaturas, como o Manual Prático de Materiais de Construção, de Ernesto Ripper (1995), recomenda-se que o azulejo fique imerso em água limpa durante 24 horas antes da sua aplicação, quando utilizada argamassa convencional (misturado em obra). Nos casos em que a argamassa colante é empregada, este procedimento de saturação não é necessário.

A explicação para estes dois procedimentos diferentes são bastante simples. A argamassa convencional geralmente é composta por cimento, cal hidratada, areia média e água. Quando a argamassa é aplicada na parede ou no piso, naturalmente ocorre uma pequena perda da água por meio de evaporação para a atmosfera. Além disso, a placa cerâmica chega a absorver líquidos de 3% a 20% do seu peso. Para evitar que o azulejo roube a água de amassamento através dos seus poros, recomenda-se a saturação da peça.

Sendo o cimento um aglomerante hidráulico, a redução de água na argamassa, resultará na falha da hidratação dos seus grãos. A consequência será a diminuição da ancoragem mecânica entre a placa e o substrato, com a provável queda do revestimento.

Patologia
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A argamassa colante por sua vez, possui na sua composição cimento, agregados minerais e aditivos retentores de água. A finalidade do aditivo é impedir a evaporação rápida e a absorção da água de amassamento pela placa. Portanto, a adição deste produto químico, eliminou a necessidade de preparar o azulejo 24 horas antes do seu assentamento.

Segundo fabricantes de cerâmica e argamassa industrializada, a utilização da placa cerâmica saturada, juntamente com a argamassa colante não é recomendada. O efeito será contrário, pois a água seguirá da placa cerâmica para a argamassa, aumentará a relação água/cimento e acarretará na redução da resistência de aderência, também com grande possibilidade de queda do revestimento.

Caso o azulejo apresente o tardoz (verso das placas) recoberto por uma camada de pó, este deve ser removido com um pano seco. Se forem lavadas, as peças devem ser utilizadas somente após secagem completa.

O porcelanato por sua vez, segundo fabricantes, deve ser aplicado somente com argamassa colante especial, também sem molhar, para garantir perfeito assentamento. A utilização da argamassa convencional acarretará, futuramente, no descolamento da placa.

Jornalista responsável - Altair Santos MTB 2330 - Tempestade Comunicação.


Planejar pode reduzir em até 15% o valor da obra

É o que ensina o mestre Maurício Moreira e Silva Bernardes, em entrevista sobre planejamento na construção civil

Professor Maurício Moreira e Silva Bernardes: planejar é garantir qualidade de vida para a empresa
Professor Maurício Moreira e Silva Bernardes: planejar é garantir qualidade de vida para a empresa

Autor do livro Planejamento e Controle da Produção para Empresas de Construção Civil, da LTC Editora, o mestre em engenharia civil Maurício Moreira e Silva Bernardes não tem dúvidas: hoje não há obra sem planejamento. Infelizmente, no Brasil, esse conceito ainda é pouco valorizado. No país, ele reconhece, se gasta pouco tempo com o planejamento das obras e isso acarreta em edificações mais caras e até de qualidade inferior. Mas um movimento, ainda que lento, está mudando isso. Já há um bom número de construtoras valorizando o planejamento e obtendo redução no custo das obras, produto final de melhor qualidade e maior rapidez na construção. Esses são os pilares do planejamento, como ensina na entrevista abaixo:

A gestão da construção torna-se cada vez mais importante no processo de uma obra. Hoje há modernos conceitos e técnicas de planejamento da construção, bem como modelos de planejamento e controle da produção. Como engenheiros, arquitetos, alunos dos cursos de engenharia civil e arquitetura estão se preparando para encarar esses novos conceitos?
Através da realização de cursos de extensão, aperfeiçoamento e MBAs que existem no mercado. Estes cursos surgiram para suprir essa demanda desses profissionais. A procura pelos cursos é uma forma de se manter atualizado e entrar em contato com os novos modelos, técnicas e ferramentas que quando aplicadas de forma correta podem trazer ganhos significativos para as empresas de construção.

O que significa planejar a construção?
Significa tomar decisões sobre a forma de execução das atividades da obra, atendendo os requisitos de prazo, qualidade e custo do empreendimento. Esses requisitos são necessários para cumprir a estratégia produtiva da empresa construtora, ocorrendo através do estabelecimento de metas a serem atingidas e dos procedimentos necessários para atingi-las, sendo efetivo quando seguido de um processo de controle.

Entre o plano da obra e sua execução, o que não pode ser esquecido para que na hora de colocar a mão na massa tudo dê certo?
Gerenciar restrições. Isto é, se antecipar a problemas para evitar interferências no ambiente produtivo. Por restrição entende-se todo pré-requisito que não foi atendido no momento oportuno, e que causou algum inconveniente na obra.

O que mais pode afetar o planejamento de uma obra: tecnologia inadequada, desperdício, escolha de mão-de-obra pouco qualificada ou recursos incompatíveis com o tamanho do projeto?
Nenhum desses problemas. Tudo isso é decorrência de um mau planejamento. Se o planejamento for bem feito, certamente o gerente da obra terá escolhido uma tecnologia adequada, minimizado desperdício, gerenciando melhor a questão da contratação e avaliação do serviço da mão-de-obra, para melhorar a qualidade do produto, além de ter identificado melhor os recursos a serem ligados.

Há quem diga que no Brasil se gasta pouco tempo com o planejamento das obras e isso acarreta em edificações mais caras e até de qualidade inferior. Isso é mito ou verdade?
Verdade. O planejamento pode trazer inúmeros benefícios à uma empresa de construção, como por exemplo: estabelece uma visão clara de como o planejamento pode ser hierarquizado entre diferentes níveis gerenciais; define o papel de cada entidade no processo; reduz probabilidade de erros na execução do empreendimento devido à melhoria do layout e do projeto dos fluxos físicos, bem como facilita o estabelecimento de padrões para o controle da obra.

Quanto à logística, qual o peso dela no planejamento de uma obra?
Total. Muitos engenheiros e arquitetos se esquecem de planejar a logística. Uma melhoria da eficiência produtiva passa, necessariamente, por uma melhoria da logística da obra. Quanto melhor for o fluxo de trabalho, mais eficiente a obra vai ser.

Como estão os profissionais da área de engenharia e arquitetura quanto ao planejar uma obra: eles já têm consciência de que isso é essencial para o sucesso do empreendimento?
Alguém disse para eles que é importante, mas o problema é que eles pensam que sabem fazer planejamento e o que acontece na maioria das vezes é o oposto. Boa parte dos profissionais que eu vejo por aí tem problemas culturais de planejamento. Alguns acreditam que o planejamento é uma solução e sabem que devem procurar se especializar e buscar novos conteúdos de aprendizagem para poder mudar.

O governo acaba de lançar o maior pacote habitacional da história do Brasil. O senhor acha que houve planejamento suficiente ou, de repente, corre-se o risco de o plano não vingar por falta de planejamento?
A verba existe e os incentivos continuarão existindo. Mas o governo poderia, além de fornecer incentivos, exigir que as empresas comprovassem que fazem planejamento corretamente. Invariavelmente, as empresas teriam de se adaptar e a produtividade melhoraria. O governo poderia, com isso, fazer produzir mais com o mesmo montante de recursos.

Quanto uma obra planejada pode representar no custo final desta mesma obra?
Isso varia de caso para caso. Há quem diga que pode dar um retorno de até 15% do valor da obra, mas o pesquisador que mostrou isso não demonstrou como chegou no resultado. A percepção de que dá resultado é mais qualitativa do que quantitativa. Aqui, vale mais o conceito: planejar para garantir qualidade de vida para a empresa e para os funcionários.

Em termo de planejamento de obras, qual país pode ser citado como modelo, e por quê?
No Japão se pensa muito antes de se começar uma obra. Planejar primeiro de forma consistente para depois executar. Esse é o lema.

* Maurício Moreira e Silva Bernardes: bernardes@ufrgs.br

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Construindo Melhor

Os agregados ideais para uso no concreto não devem conter grãos de um único tamanho. Os tamanhos devem variar gradualmente de finos a grossos, de maneira contínua.
Desta forma obtém-se um melhor desempenho do cimento.

Créditos: Engº. Carlos Gustavo Marcondes - Assessor Técnico Comercial Itambé


Pacote habitacional tem perguntas que não querem calar

Histórico, programa Minha Casa, Minha Vida, terá de desfazer alguns nós para viabilizar a meta de construir um milhão de moradias

Programa Minha Casa, Minha Vida
Programa Minha Casa, Minha Vida

O pacote habitacional lançado dia 25 de março pelo governo federal promete construir um milhão de moradias e investir até R$ 34 bilhões no projeto. Trata-se do mais ousado plano do Brasil para reduzir o déficit de mais de sete milhões de casas, porém anunciá-lo foi a parte mais fácil. Agora vem o mais difícil: como viabilizá-lo?

O governo, que durante o processo de elaboração do projeto, estimava que atingiria a meta de um milhão de moradias até 2010, já recuou. No lançamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocou o entusiasmo pela prudência. “É um desafio que, a princípio, imaginávamos que fosse possível cumpri-lo em dois anos. Não tem limite, não tem data. Portanto, ninguém me cobre que nós vamos fazer um milhão de casas em dois anos”, avisou.

Independentemente do tempo, há predisposição dos setores envolvidos no plano para materializá-lo. O que falta é ajustar as energias. É como se fosse um time de futebol, onde os 11 jogadores precisam estar sintonizados com o objetivo. No caso do plano habitacional, são 11 metas a serem ajustadas e que especialistas respondem como elas poderão ser atingidas. Confira:

Haverá recursos para tantas obras?
Dos R$ 34 bilhões anunciados, estima-se que R$ 16 bilhões serão destinados à redução do déficit habitacional da população com renda familiar de zero a três salários mínimos. Outros R$ 10 bilhões serão investidos em casas para as famílias com renda entre três a seis salários mínimos. O restante deverá financiar os mutuários entre seis e dez salários mínimos. Desse montante, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) vai financiar R$ 12 bilhões. Do total, R$ 4 bilhões devem ser usados ainda neste ano. Os R$ 8 bilhões restantes serão incluídos na proposta orçamentária de 2010, que o Executivo encaminhará para o Congresso Nacional no segundo semestre. Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entrará com um montante inicial de R$ 1 bilhão, para dar suporte às empresas do setor da construção civil, especialmente pequenas construtoras e fabricantes de materiais de construção. O BNDES vai financiar também os empreendedores com projetos de infra-estrutura básica no entorno das obras, com recursos que podem chegar a até R$ 5 bilhões. A Caixa Econômica Federal financiará o restante, garante a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. “O agente gestor é a Caixa. Como ela está fazendo todo o financiamento e faz a gestão dos recursos, a capacidade dela de enxergar é muito grande”, assegura.

A indústria da construção civil está preparada para a demanda?
Segundo o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, a indústria hoje pode garantir pelo menos 600 mil unidades. Já segundo o presidente da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (ABDIB), Paulo Godoy, quem deve definir a quantidade de moradias a serem construídas “é a lógica de mercado”. Para o diretor titular do Deconcic (Departamento da Indústria da Construção) da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), José Carlos de Oliveira Lima, a indústria de materiais, um dos elos da cadeia produtiva, atualmente registra 80% da sua capacidade de produção. “Existem, portanto, condições para atender este desafio lançado ao setor", afirma.

Há mão-de-obra especializada suficiente?
De acordo com estimativa da Fundação Getulio Vargas (FGV), o pacote habitacional deve gerar 532 mil novos empregos e crescimento adicional de 0,7 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB). Para o consultor de marketing do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Paraná (Sinduscon-PR), Marcos Kathalian, pode haver problemas no recrutamento de mão-de-obra mais especializada. “O grande problema do Brasil é justamente quando você vai para áreas de maior especialização de mão-de-obra. Quer dizer, pode haver pressão em alguns pontos específicos da cadeia, mas não no geral”, afirma.

Qual o melhor padrão para as obras?
A tendência é que o governo federal deixe isso a cargo das companhias habitacionais dos municípios e dos estados. A questão é que os custos de uma casa popular variam muito de um estado para outro. Uma casa popular em São Paulo, por exemplo, custa R$ 60 mil. No Paraná, sai entre R$ 20 mil e R$ 22 mil, segundo dados da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) - os valores levam em conta urbanização do local e infra-estrutura. O governo federal, no entanto, quer implantar um programa padrão de captação de energia solar e de aproveitamento da água da chuva. “Isso faz parte do Plano Clima, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em dezembro. Ele vai gerar economia para as famílias e deixar de emitir oitocentas e trinta mil toneladas de carbono. Além disso, não precisaremos construir uma usina de quinhentos e vinte megawatts”, disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

Como contemplar nas construções as diferenças regionais?
Essa é uma questão que os especialistas colocam em segundo plano. Para eles, é mais importante estabelecer regras de uso do solo urbano nos grandes centros urbanos e políticas de transformação das favelas em bairros. Isso inclui não só a urbanização em termos de infra-estrutura, mas a regularização administrativa também. “Precisamos investir pesadamente nesse modelo por pelo menos 15 anos para ter um cenário totalmente diferente”, avalia a arquiteta e urbanista Raquel Rolnik, professora da Universidade de São Paulo (USP). No entanto, isso esbarra em um dos principais problemas do plano: não há terrenos disponíveis para construção de empreendimentos populares nos principais centros urbanos do país. Em São Paulo e Rio de Janeiro, cidades onde a verticalização já atingiu o pico, o problema é ainda mais grave: sobram lugares apenas na periferia. No Paraná, esse problema causa menos impacto. Segundo Cohapar e COHAB (Companhia de Habitação de Curitiba) , há espaço nas regiões metropolitanas de Curitiba, Londrina e Maringá – as áreas do estado que devem ser as mais favorecidas pelo pacote. “Garantimos recursos para cerca de 12 mil unidades habitacionais, mas nossa intenção de aumentar a fatia que caberá a Curitiba", disse o presidente da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (COHAB), Mounir Chaowiche. No estado, a expectativa é que o plano possibilite a construção de 44.172 unidades habitacionais.

Qual deve ser o critério para escolher fornecedores e construtoras?
A Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico vão coordenar a cadeia produtiva do setor da construção civil. O objetivo será promover a competitividade entre as construtoras. Haverá uma preferência em financiar as micro, pequenas e médias empresas. O limite de crédito será de R$ 500 mil por empresa. As empresas vão poder financiar material de construção, componentes de sistemas construtivos e serviços de certificação. A segunda linha de atuação para o financiamento da cadeia produtiva tem como objetivo elevar o nível de qualidade das construtoras, fornecedoras de material e sistemas construtivos em conformidade com o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Hábitat (CPBQP-H). Os itens que poderão ser financiados nesse caso são: avaliação da conformidade; capacitação técnica e pessoal; implementação dos sistemas de gestão da qualidade de processos e produtos. A terceira linha de financiamento para a cadeia produtiva é voltada para a construção industrializada e tem como objetivo promover investimentos em alternativas construtivas de menor custo, prazo de entrega, impacto ambiental e maior qualidade construtiva. Essa linha poderá financiar a implantação, modernização e expansão de unidades industriais de casas pré-moldadas ou pré-fabricadas; desenvolvimento de produtos pré-moldados ou pré-fabricados; capacitação técnica de pessoal; capital de giro associado a projetos de investimentos; máquinas e equipamentos nacionais.

Como deve funcionar a logística?
Para dar agilidade ao pacote habitacional,o governo federal pretende priorizar os municípios com mais de 50 mil habitantes. No entanto, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) alerta que essa logística pode excluir aproximadamente 60 milhões de pessoas do Programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo a entidade, no formato como o programa habitacional do governo foi apresentado, 85% dos municípios não serão atendidos. O argumento é de que os pré-requisitos para o acesso aos recursos do pacote dão prioridade às capitais e às regiões metropolitanas. Isso equivaleria a 573 municípios e, em condições especiais, a 254 municípios com população entre 50 a 100 mil habitantes. Como os municípios com menos de 50 mil habitantes não foram incluídos no pacote, a entidade calcula que 4.737 municípios não poderão ter acesso aos recursos. “para que possa atingir os objetivos propostos, o pacote precisa ser aperfeiçoado no sentido de garantir o acesso de todos os municípios", disse o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Quais órgãos de governo estão mais capacitados para gerenciar as obras?
O consultor de marketing do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Paraná (Sinduscon-PR), Marcos Kathalian, avalia que do ponto de vista de financiamento essa é uma função da Caixa Econômica. “O banco já dispõe de programas de financiamento e habitação em andamento. Além disso, as companhias de habitação estaduais e municipais, que já têm tradição na área, devem ser um elo importante nesse processo”, afirma. No dia do lançamento do programa, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reforçou isso. “O agente gestor é a Caixa. Como ela está fazendo todo o financiamento e faz a gestão dos recursos, a capacidade dela de enxergar é muito grande”, afirmou.

Como superar a burocracia governamental para entregar as obras no prazo previsto?
Para o consultor de marketing do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Paraná (Sinduscon-PR), Marcos Kathalian, esse é o principal desafio. “Na nossa visão o programa não acontece ou acontece de maneira muito deficiente se emperrar na burocracia, que sempre foi extremamente grande para licenciamento de obras. E não só licenciamento de obras, mas para agilizar processos de financiamentos. Então, de modo geral, se esta burocracia não for agilizada a meta do governo não vai ser atingida nos dois anos e nem nos próximos anos. Veja, o governo já diminuiu em parte a burocracia. A partir de agora, quem procurar financiamentos só precisa juntar 50 documentos. Eles diminuíram a burocracia, mas mesmo assim a pessoa tem de levantar 50 documentos para pleitear um financiamento. Um exemplo muito banal que a gente costuma dar é o seguinte: para eu comprar um carro eu vou em uma concessionária e em meia hora eu compro um carro e saio de carro. Para comprar uma casa é extremamente mais complicado. Isso é um ponto crítico e o governo vai ter que trabalhar muito nisto, principalmente a Caixa Econômica vai ter de trabalhar muito nesta questão”, avalia.

O que esse programa vai representar para reduzir o déficit habitacional no Brasil?
O pacote habitacional tem o objetivo de reduzir em 14% o déficit habitacional do país, estimado em 7,2 milhões de moradias. A região Sudeste deverá ser a mais beneficiada, com a construção de 36,4% das unidades. Em seguida, vêm Nordeste (34,3%), Sul (12%), Norte (10,3%) e Centro-Oeste (7%). No ano passado, pela primeira vez em 15 anos, o déficit habitacional caiu 9,5%, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas encomendado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon SP). Apesar da queda,o déficit no país ainda é grave. "A falta de moradia para os pobres é uma chaga social. No resto do mundo já construíram as casas que deveriam construir, só no Brasil é que os carentes ainda precisam de um teto", diz João Crestana, presidente do Sindicato do Setor Imobiliário de São Paulo (SECOVI). Para Crestana, uma alternativa para resolver o déficit imobiliário é a desoneração tributária para moradias de pessoas com baixa renda. "Cerca de 35% do valor do imóvel são impostos. Então, se a casa custar R$ 50 mil, quase R$ 20 são tributos", diz.

O programa pode simbolizar uma reação do país contra a crise?
No dia do lançamento do programa, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 2% a mais com a construção de um milhão de casas. “Podemos crescer muito, com solidez e sem risco, ao contrário do que ocorreu nas crises anteriores, fazendo uma política anticíclica e anti-recessiva por meio do aumento de crédito e de investimentos, de forma a abreviar a duração da crise”, disse o ministro. Mantega afirmou que o programa Minha Casa, Minha Vida vai duplicar a construção de moradias no país. Além disso, acrescentou, mobilizará uma cadeia produtiva que usa apenas insumos produzidos no Brasil, o que beneficia a economia sem trazer risco de causar déficit na balança comercial. “A construção de um milhão de casas terá impacto imediato no setor. Com certeza com a aprovação do pacote conseguiremos atingir a nossa meta de crescimento para 2009, sentindo reflexos já neste primeiro semestre”, avalia Cláudio Elias Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco).

Fontes:

* Marcos Kathalian, professor de Marketing de Serviços da UniFAE - Centro Universitário e consultor do Sinduscon-PR: marcosk@swi.com.br
* Cláudio Elias Conz, presidente da Anamaco: imprensa@anamaco.com.br
* Mounir Chaowiche, presidente da COHAB-CTBA: mounir@cohab.curitiba.pr.gov.br
* Paulo Safady Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic): presidência@cbic.org.br

* Sites Agência Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Cohapar, COHAB, Fundação Getulio Vargas, Ipea

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Sinduscon contesta dados do IBGE sobre crescimento da construção civil

Aumento médio do emprego no setor e crescimento da indústria de materiais sinalizam que a expansão foi maior que a calculada pelo Instituto

O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) mantém a projeção de que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor cresceu 10% no ano passado, mesmo após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter divulgado expansão de 8%. Em nota, o presidente do Sinduscon-SP, Sergio Watanabe, disse que dados como o aumento médio de 17,4% do emprego no setor no ano passado e crescimento de 13,7% da indústria de materiais sinalizam que a expansão foi maior que a calculada pelo IBGE.

Segundo Watanabe, no fim de 2009 ou início de 2010, quando o IBGE recalcular o PIB do ano passado, deverão ser incorporados dados de pesquisas ainda não considerados, como a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic) e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), além de informações das Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (DIPJ) da Receita Federal e de novos indicadores da construção.

O Sinduscon-SP também admite que poderá revisar para baixo a projeção de crescimento para o setor de construção civil em 2009. A última projeção da entidade para este ano foi divulgada no início de dezembro de 2008 e previa crescimento de 3,5% a 4,7%. Atualmente, o Sinduscon-SP trabalha com a estimativa de que a expansão fique entre 3% e 3,5%, mas, oficialmente, a meta ainda não foi revisada.

No fim de 2007, o Sinduscon-SP projetava que o setor cresceria 9% em 2009. Em outubro de 2008, com a piora do ambiente macroeconômico, a estimativa de crescimento da construção em 2009 foi reduzida para 5%. Essa projeção levava em conta que o PIB do Brasil teria expansão de 4% este ano. Com a redução esperada para este indicador, os cálculos do desempenho da construção foram revistos para de 3,5% a 4,7%.

Já a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) informou, também em nota, que o dado do IBGE de que o setor cresceu 8% no ano passado confirmou suas expectativas. "Esses dados mais do que justificam os motivos que levaram o governo a priorizar a construção neste momento de retomada do crescimento econômico, com o iminente anúncio do pacote habitacional. Se o setor foi importante em 2008, imagine o que pode fazer em 2009, sobretudo na geração de emprego e renda", disse o presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, em nota. Segundo a CBIC, a expectativa de crescimento para o setor este ano é de 5%.

Fonte: Jornal O Estado do S. Paulo

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Aprenda a delegar

Delegar não é livrar-se de algo transferindo este algo para alguém. Delegar é fazer as coisas acontecerem através de outras pessoas

Nenhum administrador, diretor, gerente ou supervisor é uma ilha. O sucesso de toda e qualquer liderança reside no aproveitamento de times e equipes compostos por pessoas diferentes trabalhando com um conjunto de objetivos e metas compartilhadas.

Nenhuma empresa será suficientemente rápida se seus colaboradores tenderem a centralizar e a fazer tudo por si mesmo.

A "não delegação" é uma âncora muito pesada para toda e qualquer empresa, uma "âncora" que freqüentemente termina afundando a embarcação.

Delegar não é apenas eleger alguém a quem você passará determinada tarefa ou missão. Delegar não é livrar-se de algo transferindo este algo para alguém. Delegar é fazer as coisas acontecerem através de outras pessoas.

Ao delegar precisamos fornecer às pessoas:

1. Uma direção, um norte: para que saibam para onde ir.

2. A autoridade, o aval: para que tenham o poder de prosseguir.

3. Os meios e as condições necessárias: para que possam concluir o que lhes foi solicitado.

Uma das características mais importantes na avaliação da alta performance para cargos de decisão e liderança consiste justamente em verificar se o profissional em questão consegue fazer as coisas acontecerem através do trabalho de outras pessoas!

A incapacidade de delegar é um atalho para ser desligado de qualquer participação relevante dentro de uma empresa.

Se você não delega ações importantes para seus colaboradores está incorrendo em graves erros:

1. Perdendo a oportunidade de testar o desempenho deles, não sabendo com quem contar diante dos maiores desafios.

2. Acostumando seus colaboradores a viverem dentro de uma zona de conforto. Qualquer solicitação adicional sua passa a ser percebida como "excesso" ou "abuso" e recebida com insatisfação.

3. Minando suas possibilidades de promoção, porque não delegando, você não prepara ninguém para substituí-lo e decreta sua permanência no mesmo cargo, na mesma função, freqüentemente no mesmo patamar de remuneração (a competência da delegação está diretamente relacionada com o nível de remuneração dos profissionais no mundo corporativo. Quem delega melhor, ganha melhor).

Não aprender a delegar é jogar contra si mesmo. Não delegar bem é sabotar a própria carreira!
Delegue com excelência, agilize resultados e cresça em sua carreira.

Para delegar melhor:

1. Compreenda o seu verdadeiro papel na empresa ou organização. Por exemplo, se você é um empresário deve dedicar-se à estratégia e à construção do futuro e não à outras atividades rotineiras e tarefeiras que pode e deve delegar.

2. Dedique-se a fazer aquilo que é realmente de sua competência e que não pode ou não deve ser realizado por outro profissional.

3. Aplique o melhor de sua expertise na área da sua expertise.

4. Entenda que quando você delega, você está aguardando pelos resultados! Os caminhos utilizados por outros profissionais para obtê-los não necessariamente serão semelhantes aos seus. Desde que sejam éticos, caminhos diferentes são bem vindos se alcançam os resultados desejados.

5. Delegar implica colaboração, acompanhamento e feedback. Quando você delega, a ação está só começando, não terminando.

6. Escolha a pessoa certa para a tarefa certa. Muitas pessoas com tendência centralizadora desistem de delegar porque em tentativas anteriores escolheram a pessoa errada para a tarefa e obtiveram frustração com a tentativa. Como tudo na vida, se você delegar mal, vai dar errado!

7. Quando você não tem o hábito de delegar, comece aos poucos. Delegue primeiro pequenas tarefas, conheça a performance das pessoas a quem você está delegando e vá subindo o grau de responsabilidade das tarefas delegadas até ficar somente com aquilo que deve caber essencialmente à sua competência!

8. Assim como você, as pessoas não acertam sempre. Lembre-se disso! Aproveite os erros e enganos para treinar as pessoas para desempenhar melhor suas atribuições.

9. Reconheça sempre que alguém fizer um bom trabalho, especialmente quando suas expectativas forem superadas e o resultado for, até mesmo, superior ao que você teria obtido na realização da tarefa. Se você estiver cercado pela equipe correta isso deve ocorrer com certa freqüência.

10. Aprenda com as pessoas a delegar melhor, quando elas falham, além de dizerem algo sobre si mesmas elas estão dizendo muito sobre a liderança que delegou a tarefa.

Carlos Hilsdorf
Considerado pelo mercado empresarial um dos 10 melhores palestrantes do Brasil. Economista, Pós-Graduado em Marketing pela FGV, consultor e pesquisador do comportamento humano. Palestrante do Congresso Mundial de Administração (Alemanha) e do Fórum Internacional de Administração (México). Autor do best seller Atitudes Vencedoras, apontado como uma das 5 melhores obras do gênero. Presença constante nos principais Congressos e Fóruns de Administração, RH, Liderança, Marketing e Vendas do país e da América Latina. Referência nacional em desenvolvimento humano.
www.carloshilsdorf.com.br


Desfavelização impulsiona mercado de habitações populares

Nas regiões metropolitanas de Curitiba e Belo Horizonte, projetos erguem moradias dignas, urbanizam áreas de risco e aquecem a construção civil

Estão em curso no Brasil vários programas de desfavelização. Estimulados por recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), eles servem também de incentivo ao mercado de habitações populares e aquecem a construção civil. O objetivo é tirar famílias de área de risco e degradadas, reassentando-as em apartamentos ou casas com saneamento básico e urbanização.

Vila Viva: na região de Belo Horizonte, 4.130 apartamentos beneficiam 7.414 famílias
Vila Viva: na região de Belo Horizonte, 4.130 apartamentos beneficiam 7.414 famílias

Em dois estados – Minas Gerais e Paraná – esses programas se destacam. Na região de Belo Horizonte se desenvolve o Vila Viva. Trata-se de um dos maiores processos de desfavelização do país. Com investimento de R$ 572,3 milhões oriundos do PAC, 125 mil moradores dos Aglomerados da Serra e Morro das Pedras, e das vilas Califórnia, São José, Pedreira Prado Lopes e Taquaril, estão sendo beneficiados com as construções de 4.130 apartamentos. Das 7.414 famílias, 2.000 já estão vivendo em novos lares.

O Programa Vila Viva também engloba ações de promoção social e desenvolvimento comunitário, educação sanitária e ambiental e criação de alternativas de geração de trabalho e renda. No momento, os seis canteiros de obras do programa empregam diretamente 1.410 trabalhadores. Na Serra, 80% dos trabalhadores contratados residem no aglomerado. Já no Taquaril, do total de 133 trabalhadores nas obras de urbanização, cerca de 85% moram na própria comunidade.

Vila Zumbi, na região de Curitiba: sobrados transformam a favela desde 2004
Vila Zumbi, na região de Curitiba: sobrados transformam a favela desde 2004

No Paraná, um dos programas mais relevantes ocorre na Vila Zumbi dos Palmares, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Trata-se do programa Direito de Morar. Desde 2004, a Cohapar realocou 289 famílias que viviam em áreas de risco, na beira do rio Palmital ou da BR-116, e hoje moram em sobrados. Além disso, regularizou a situação de outras 1,8 mil famílias que ocupavam a área. Todos receberam infraestrutura necessária (água, luz e esgoto) e foram incluídos automaticamente nos programas sociais do governo do Paraná.

A intervenção custou R$ 21 milhões, assim divididos: recuperação ambiental (R$ 9,6 milhões), sistema de drenagem de águas pluviais (R$ 4,6 milhões), pavimentação e paisagismo das ruas (R$ 3,4 milhões), instalação de rede de esgoto (R$ 1,2 milhão), recuperação ambiental (R$ 283 mil), construção de 281 sobrados (R$ 3,7 milhões), melhoria nas instalações de 400 moradias (R$ 2,6 milhões).

Abraçando também um programa de desfavelização, a Prefeitura de Curitiba coloca em andamento um conjunto de intervenções que atende 39 vilas e cerca de 9 mil famílias. “Este tipo de atuação alcança um dos pontos mais críticos da questão habitacional, levando infraestrutura para áreas de ocupação irregular, onde as condições de moradia das famílias são muito precárias”, explica o presidente da Cohab, Mounir Chaowiche.

Os projetos de urbanização prevêem dois tipos de solução. Para as famílias que estão em locais onde não há restrições ao uso habitacional são feitas obras de infraestrutura e, quando necessário, construção de equipamentos comunitários. Nas áreas onde há risco para as famílias, as condições são insalubres ou não é permitida a permanência de moradias, está prevista o reassentamento para loteamentos da Cohab. Para abrigar as famílias no novo local, estão sendo construídas casas e sobrados de alvenaria.

Vila Parolin, em Curitiba: transformação da favela mais antiga da capital paranaense
Vila Parolin, em Curitiba: transformação da favela mais antiga da capital paranaense

Entre as áreas onde há projetos de urbanização em andamento está a Vila Parolin, a mais antiga ocupação irregular da cidade, com mais de 50 anos de existência. De acordo com Chaowiche, a atuação no local é emblemática, porque marca o ingresso do programa habitacional da Prefeitura numa área que é considerada uma das mais complexas da cidade. Ali, o projeto prevê obras de infraestrutura para as 830 famílias que permanecerão na Vila e reassentamento de outras 677.

A urbanização da Vila Parolin terá um custo global de R$ 32,8 milhões, dos quais R$ 17,2 milhões são de investimentos da Prefeitura e o restante virá do Orçamento Geral da União (OGU). Somente com a construção das casas para reassentamento serão investidos R$ 13,2 milhões. Atualmente, estão em obras sobrados e casas de tamanhos variados, com até três quartos, que vão transformar a mais antiga favela de Curitiba.

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Não basta ter inteligência, é preciso Inteligência Competitiva

Novo método de gestão de negócios aponta caminhos para que empresas e instituições possam se adiantar à concorrência

Giancarlo Proença
Giancarlo Proença

Importante ferramenta de gestão de negócios, a Inteligência Competitiva (IC) está a procura de espaço dentro das empresas brasileiras. As que já a adotaram melhoraram a forma de detectar tendências, avaliar informações e apoiar o desenvolvimento de estratégias. Trata-se, portanto, de parte-chave do sistema, ressaltando que o processo de inteligência – informação relevante submetida ao processo de análise -, só traz resultados se contar com a interação de todos os envolvidos no desenvolvimento de diferentes iniciativas em prol da constante inovação corporativa.

Saindo da parte teórica para a prática, o gerente de Inteligência Competitiva Giancarlo Proença usa um exemplo clássico para explicar como sua especialidade pode mudar os rumos de um negócio. “Por muito tempo, os relógios suíços foram o exemplo da precisão mecânica perfeita. Pois bem, enquanto os suíços disputavam entre si para ver quem faria o mecanismo mais preciso para um relógio, na década de 30 pesquisadores americanos desenvolveram os primeiros relógios com cristal de quartzo. O resultado foi um relógio preciso e barato. Essa tecnologia foi desprezada pelos relojoeiros suíços, que viram o mercado ser tomado pela onda digital”, explica.

Em outro exemplo, Proença lembra da Kodak e da Fuji, que monopolizaram a concorrência sem ficar atentas ao restante do mercado. “O que aconteceu? A Sony desenvolveu a câmera digital e engoliu as duas ex-potências do mercado fotográfico”, cita. O especialista afirma que se neste, e em outros casos, tivesse havido Inteligência Competitiva, essa derrocada poderia ter sido evitada. “Esse é o papel da IC: montar uma árvore de inteligência em que concorrentes, clientes, fornecedores, tecnologia, preços, enfim, todos os fatores relacionados ao mercado estejam sob constante monitoramento.”

Proença destaca ainda que a Inteligência Competitiva tem ligação direta com as cinco forças responsáveis pela maior ou menor competitividade no mercado, apontadas pelo teórico da administração Michael Porter: a concorrência, a capacidade de negociação dos fornecedores, o poder de barganha dos clientes, a ameaça de novos concorrentes e a entrada de produtos substitutos. “Se eu fosse definir em duas palavras o que é Inteligência Competitiva, seriam: saber antes. A grande virtude da IC é apresentar as tendências e apontar caminhos para que empresas e instituições possam se adiantar à concorrência e demais forças presentes no ambiente”, diz.

Resumidamente, para não perder nenhum aspecto relevante, o programa de Inteligência Competitiva deve detectar as necessidades de informação. Depois, a empresa deve dispor de uma boa equipe de coleta e pesquisa dos dados. A análise também deve dispor de um grupo de trabalho especializado e bastante focado. Por fim, a inteligência – informação relevante submetida ao processo de análise – precisa chegar às pessoas certas. ”Para isso, o processo de disseminação é essencial. Todas essas etapas precisam do suporte de boas ferramentas computacionais e de interação entre os envolvidos”, reforça Giancarlo Proença.

O especialista, no entanto, ressalta que Inteligência Competitiva não deve ser confundida com espionagem empresarial. “Existe um código de ética rígido e a IC trabalha apenas com informações públicas, adquiridas de forma lícita e legal”, afirma. No Brasil, ele cita pelo menos quatro empresas que já se valem da Inteligência Competitiva: Natura, TIM, Petrobras e Vale do Rio Doce. “Cada um busca um aprimoramento. A Natura, por exemplo, focaliza a área comercial. Já a TIM prioriza o atendimento. Mas no final, a Inteligência Competitiva acaba sendo útil a todos os departamentos estratégicos da empresa, pois ela interliga informações e monitora todos os ambientes”, explica.

Referências literárias

Livro: Inteligência Empresarial Estratégica
Autor: Walter Félix Cardoso Júnior
Resumo: obra estuda a relação de considerações teóricas de Inteligência Competitiva com a realidade prática do dia-a-dia das organizações, o que levou o autor à criação de um método de Inteligência Empresarial Estratégica. Além disso, há considerações a respeito de conceitos teóricos de planejamento e administração estratégica, autoconhecimento, gestão do conhecimento, competitividade, gestão de negócios, psicanálise e psicolinguística.
Sobre o autor: Walter Félix Cardoso Júnior fez doutorado em 1990 em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro, e é também doutor em Engenharia de Produção pela UFSC. Além de professor na Unisul, o autor exerce consultoria sênior nas áreas de Inteligência Empresarial e Planejamento e Gestão de Recursos de Defesa.

Livro: Inteligência Competitiva
Autor: Leonard M. Fuld
Resumo: obra mostra como pensar de maneira crítica sobre as informações das quais se dispõe e a transformá-las em diferencial competitivo - uma espécie de "inteligência competitiva exclusiva". O autor, que já ajudou muitas empresas a desenvolverem programas e sistemas de inteligência, utiliza essas experiências como exemplo para mostrar ao leitor de que forma é possível entender o mercado e estar sempre à frente. Sobre o o autor: Leonard Fuld é pioneiro no campo da inteligência competitiva. Ele criou muitas das técnicas crescentes de inteligência atualmente usadas por corporações em todo o mundo. Fuld é um dos quatro primeiros especialistas a integrar a Sociedade de Profissionais de Inteligência Competitivos (SCIP), em 1998. Sua companhia, a Fuld, foi fundada em 1979 e especializou-se no fornecimento de inteligência de negócios a corporações para melhorar a tomada de decisão de estratégia, operações e aplicações táticas.

Livro: Inteligência Competitiva na Prática
Autores: John E. Prescott e Stephen H. Miller
Resumo: obra é uma coletânea de artigos da Competitive Intelligence Review que apresenta técnicas exeqüíveis e comprovadas na prática sobre como a inteligência competitiva pode ser aplicada numa variedade de setores empresariais. Mostrando contribuições dos principais líderes executivos como Robert Galvin, da Motorola, John Pepper, da Procter & Gamble, e Gary Costly, da Kellogg, os notáveis estudos de caso corporativos abrangem aplicação da IC em vendas e marketing, pesquisa de mercado e prognósticos, desenvolvimento de novos produtos e equipes.
Sobre os autores: John E. Prescott é mestre a Universidade de Pittsburgh e Ph.D em Inteligência Competitiva. Stephen H. Miller é editor-gerente da Competitive Intelligence Review e editor-chefe da Competitive Intelligence Magazine, publicada pela Society of Competitive Intelligence Professionals.

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.


Sustentabilidade é também responsabilidade social

Professor da USP esclarece o que são projetos sustentáveis e aponta se o Brasil está no caminho certo

Edifício-sede da Petrobras, no Rio: exemplo de construção sustentável no Brasil
Edifício-sede da Petrobras, no Rio: exemplo de construção sustentável no Brasil

Na prática, o conceito de edificações sustentáveis não tem nem dez anos. Apesar de o avanço ser considerável neste período, o professor Marcelo de Andrade Romero, da Fundação para a Pesquisa Ambiental - órgão conveniado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo -, acredita que há muito por fazer ainda. Especialista no assunto, ele começa defendendo que as escolas de engenharia e arquitetura se voltem com mais atenção para a sustentabilidade. Além disso, esclarece que é preciso desmistificar o tema. Segundo o professor, projetos sustentáveis não fazem parte apenas de grandes edificações. Eles podem estar presentes também em casas populares. Essa e outras teses ele defende na entrevista a seguir. Confira:

No Brasil, quando se fala em construção sustentável, pensa-se logo em obras que demandam alta tecnologia e custo elevado. Uma construção barata também pode ter um perfil de sustentabilidade? Como?
Claro que pode, sem dúvida nenhuma. Uma construção sustentável não precisa ser uma construção cara, nem com alta tecnologia. Qualquer construção pode ter um caráter de sustentabilidade, desde que o seu projeto de arquitetura contemple critérios de sustentabilidade, a escolha dos materiais contemple critérios de sustentabilidade e a construção contemple critérios de sustentabilidade. Não tem problema nenhum. E é claro que isso pode acontecer de uma casa de interesse social até um prédio de 50 andares, com escritórios. Então não é verdade que apenas os edifícios caríssimos são sustentáveis, de forma nenhuma.

Como está o nível dos profissionais da engenharia no quesito construções sustentáveis? Ainda falta qualificação no setor?
Falta muita qualificação no setor, mas isso não é culpa do setor. Acontece que a questão da sustentabilidade nos edifícios, com alguns critérios definidos, surgiu no início deste século. Portanto, não tem nem dez anos. Então, o mercado ainda está se preparando para isso. É algo novo, mas as escolas precisam estar atentas para abordar o tema.

E o mercado de trabalho para esses profissionais, como está?
Existem cursos de pós-graduação que já estão tratando deste assunto. Os profissionais e o mercado da construção estão atentos a isso. Os selos internacionais estão entrando no Brasil, apesar de estarem produzindo no mundo pouco mais que dez anos. Então eu diria que a velocidade que o Brasil está acompanhando é muito boa. O país está atendendo a demanda e começa a responder às exigências da sustentabilidade.

Uma obra construída dentro do conceito de sustentabilidade pode deixar de sê-la se quem for usufruir dela não souber usá-la?
Não, por que a construção, por si só, já faz um controle maior de consumo de energia, água e de emissão de poluição. Isso já está incorporado desde o projeto. Mas é claro que se o usuário tiver um controle maior do uso, esse edifício de alta tecnologia terá um desempenho melhor de suas operações ou, como nós chamamos, de comissionamento.

No Brasil, existe alguma edificação que seja o grande exemplo de construção sustentável. Qual?
Esta é uma questão difícil de ser respondida, pois existem obras sustentáveis, existem edifícios sustentáveis, como também existem obras que receberam selos de certificação sustentável. Existem edifícios com caráter de sustentabilidade e existem edifícios certificados, que são coisas separadas. No Brasil existem edifícios interessantes. Citaria como exemplo dois em São Paulo e um no Rio. Um é o do Banco Real/Santander, o outro é um laboratório de análises clínicas e tem o prédio da Petrobras, no Rio.

Qual a real definição de uma edificação sustentável?
A sustentabilidade, tal como é entendida hoje, envolve um controle muito grande do consumo de água, do consumo de energia, da geração de resíduos, da poluição interna e da qualidade do ambiente interior. Então, um edifício sustentável é um edifício que tenha estas características.

Só no fato de um construtor usar materiais certificados, dentro das normas técnicas, sem desperdiçá-los, é considerado um exemplo de obra sustentável?
Não. Só o fato do uso de materiais não. É muito positivo, é muito importante, evidentemente, mas o conceito de sustentabilidade vai além de materiais. Os edifícios durante a sua vida útil têm que consumir o menos possível de energia e água.

Sobre as pessoas que trabalham diretamente na obra, como conscientizá-los de que ele pode contribuir com a sustentabilidade da obra apenas evitando o desperdício, por exemplo?
Isso é o papel que a construtora vai ter, organizando o pessoal de canteiro. Tem duas coisas: primeiro reduzir o desperdício e segundo tem que pegar os resíduos da construção e canalizar este resíduo para a reciclagem. São dois trabalhos. Primeiro, reduzir o resíduo; segundo, organizar o resíduo e levá-lo para tratamento e aproveitamento. Quem faz isso é a empresa que gerencia. É um papel muito ligado entre construtora e gerenciadora. Uma obra sustentável passa por esta etapa.

Para pegar um exemplo simples, que pudesse ilustrar bem essa questão de construção sustentável, poderia ser usada a fábula dos três porquinhos ou hoje aquela estória deveria ser contada de outra forma?
Na verdade, você pode ter uma casa sustentável de palha, de madeira ou alvenaria. Se estas casas forem construídas de acordo com o clima, com critérios de sustentabilidade, e tiverem um controle grande de poluição interna, água e energia, elas podem ser sustentáveis perfeitamente. Pode ser qualquer uma. Então, hoje, a gente teria que mudar a história dos três porquinhos.

Onde a construção sustentável mais ganha destaque: no decorrer da obra, quando ela evita desperdício; na questão do saneamento básico ou na questão do consumo de energia elétrica e de água?
De tudo. A construção sustentável tem um controle maior na questão de consumo de água e conseqüentemente de água residual. Ela também tem um controle grande na quantidade de água tratada utilizada para irrigação, que deve ser mínima. Tem ainda a importância na reutilização da água, do tratamento dos resíduos e de água in loco. A questão da energia se divide em dois blocos. Primeiro, a energia que pode ser reduzida por meio do projeto de arquitetura e a energia ativa, que é a energia elétrica utilizada durante a vida útil. Então são duas energias. A questão é: quanto eu posso conservar de energia futura por meio do projeto de arquitetura, que são as tecnologias passivas? E tem as tecnologias ativas que é consumo de energia elétrica resultante. Na verdade, tudo tem a mesma importância. O que acontece é que às vezes uma certificação dá mais peso para uma, outra certificação dá mais peso para outra. Mas todas são importantes.

Como o conceito de construção sustentável poderia agir nas áreas com favelas. Há solução para esse problema?
Na favela em si acho difícil. Mas nos programas que você substitui favelas por construções regulares de interesse social, aí pode tranqüilamente e tem um mercado enorme para isso.

A questão da construção sustentável passa também pela questão social, correto?
Passa perfeitamente. Porque um dos itens da sustentabilidade é a responsabilidade social. Então passa pela questão da construção sustentável no processo de produção, passa pela qualidade do edifício entregue para o mutuário e passa pela qualidade que ele vai ter de uso e operação. Em algumas certificações isso aí é uma condição que tem que ser seguida.

Uma obra tem várias etapas: em qual delas os conceitos de sustentabilidade são mais importantes?
A gente pode definir o processo projetual de produção dos edifícios em três partes. Na verdade, essas partes também podem se subdividir. A primeira é a parte de desenho, de concepção. É a parte projetual em si. Nela, os critérios de sustentabilidade têm de entrar desde o primeiro traço, senão você não consegue depois. Então isso aí tem um peso enorme. A segunda parte também tem um peso com a mesma proporção, que é quando você constrói. A terceira etapa, a parte de uso e operação, é quase que uma decorrência das duas anteriores. Ela tem um peso grande, que é o peso de você operar o edifício da forma que ele foi construído e projetado. Mas eu diria que o maior peso está nas duas primeiras etapas, que é quando se concebe o projeto e quando se constrói. A parte de uso é quase uma decorrência.

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação.