Itambé utiliza fôrmas de blocos de concreto na fundação de seu novo moinho
Blocos de concreto são utilizados como fôrmas para fundação - conheça as principais vantagens deste sistema
Créditos: Engº. Carlos Gustavo Marcondes Assessor Técnico Comercial Itambé
A construção civil tem evoluído bastante nas últimas décadas. O avanço no cálculo estrutural, o progresso de estudos na ciência de materiais, a tecnologia de equipamentos e produtos auxiliares, e também as técnicas construtivas têm colaborado para a melhoria das obras e permitido a execução de construções cada vez mais impressionantes.
As fôrmas não ficaram fora desta evolução. Sem a sua melhoria, não seria possível alcançar alta velocidade nas obras e permitir a aplicação de concretos mais resistentes, fluidos e menos deformáveis, por exemplo.
Normalmente a fôrma é considerada um molde provisório que serve para dar ao concreto fresco a geometria e textura desejada, mas além desta função ela influencia na proteção do concreto fresco, colaborando com a cura e protegendo contra impactos e variações de temperatura que podem causar danos ao concreto.
No entanto, nem todas as fôrmas são provisórias. Por exemplo, quando se utiliza bloco de concreto. Esta foi a técnica escolhida pela Itambé para a realização das obras de fundação do novo moinho que entrará em funcionamento em 2010.
De acordo com o coordenador de projetos civis da Itambé, Elizeu Rodrigues Paes, o sistema com fôrmas utilizando blocos de concreto confere diversas vantagens quando comparado ao sistema convencional, com fôrmas de madeira ou aço. Uma delas é a redução de tempo para sua execução.
A grande vantagem é que não perdemos tempo com a retirada das fôrmas. O re-aterro da fundação é executado no mesmo dia e a velocidade de assentamento dos blocos é maior, comparada com a montagem de fôrmas convencionais comenta.
Outra vantagem citada por Elizeu, é com relação à segurança: Como não se utiliza serra circular minimizamos o risco envolvido no processo e ainda torna-se desnecessária a utilização do carpinteiro diz.
Além disso, a parede construída com blocos de concreto que serviu como fôrma, pôde ser usada como suporte para o posicionamento das armaduras e do próprio trabalho de concretagem.
A fôrma é que inicia o processo de concretagem e a escolha do melhor sistema irá influenciar na qualidade, no prazo de execução e no custo da obra.
Portanto, a escolha deve ser criteriosa e envolver diversos fatores como a característica física da obra que está sendo feita; a característica geométrica; se os insumos e serviços para a confecção das mesmas são disponíveis; o prazo de execução requerido; a durabilidade e economia do sistema.
Em alguns casos escolhe-se o bloco de concreto como fôrma pela praticidade. Esta técnica é comumente utilizada para tanques e piscinas. Os blocos são utilizados como fôrmas e permanecem depois da concretagem, bastando fazer a impermeabilização.
Outro fator a se considerar é o ambiental, já que na utilização de fôrmas convencionais o trabalho comumente é executado na obra, de maneira artesanal, gerando resíduos e desperdícios de toda ordem.
Seja qual for o material ou o método de trabalho a ser utilizado em uma obra, um bom estudo das alternativas faz-se necessário antes de decidir por qual sistema utilizar, já que existem diversos sistemas de fôrmas ofertados e as diferenças não estão apenas nos materiais utilizados.
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O uso do concreto autoadensável no Brasil
Por que o uso do CAA ainda é restrito no país
Mesmo com tantas vantagens já consagradas por especialistas, o uso do concreto autoadensável (CAA) ainda é bastante restrito no Brasil. O tema é tão divergente que mereceu destaque no 51º Congresso Brasileiro do Concreto realizado em Curitiba no mês de outubro.
Para o engenheiro Paulo Helene, vice-presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e um dos participantes do painel "Temas Controversos - Concretos de alto desempenho e autoadensável: desafios para sua maior utilização no Brasil", um grande entrave para a disseminação da tecnologia no país é o fato da maioria das construtoras se colocarem na posição de gerenciadoras de serviços de terceiros. Os terceiros cobram por metro cúbico de concreto. Tanto faz se esse metro cúbico requer quatro peões ou apenas um peão para lançar o concreto. Então, como o metro cúbico do concreto autoadensável (produto na Concreteira) custa mais caro, fica uma aparente e errônea primeira impressão de que não há vantagem econômica e que as vantagens seriam somente técnicas avalia.
Nos países industrializados a vantagem do produto descartar a necessidade de operários para espalhar e vibrar o concreto, é de fato compensatória e por isso a sua utilização em maior escala.
No entanto, o vice-presidente do Ibracon acredita que o potencial do concreto autoadensável no Brasil é grande. Segundo ele, há benefícios diretos e indiretos que sustentam o uso do CAA como o fato de ele ser mais humano, mais ecológico, mais sustentável, mais rápido, além de oferecer melhor adensamento e acabamento. Um exemplo deste potencial é a crescente demanda por pré-moldados em que a utilização do concreto autoadensável é extremamente viável.
O concreto autoadensável surgiu no Japão na década de 80. Mas apenas a partir do ano 2000 a tecnologia passou a ser utilizada no Brasil, ainda que de forma isolada. Para reverter esse quadro, novos estudos e aplicações vêm sendo feitos, comprovando os benefícios deste material em diversas ocasiões como em obras com alta densidade de armadura, em que o concreto convencional não consegue preencher todos os espaços; em obras em que o concreto fica aparente, já que possui melhor acabamento; em obras que exijam grande agilidade. O desenvolvimento da tecnologia e a redução dos custos dos aditivos também estão contribuindo com o avanço do uso do CAA.
Vantagens do concreto autoadensável
- Diminui consideravelmente a mão-de-obra necessária para a concretagem;
- Considerável melhora do acabamento final dos elementos;
- Aumento da velocidade de concretagem;
- Diminuição do risco de queda de trabalhadores de uma laje, por diminuir o número de pessoas envolvidas no processo;
- Economia de energia elétrica;
- Eliminação ou diminuição drástica do ruído na obra.
Dificuldades da implantação do concreto autoadensável no Brasil
Mesmo com uma maior quantidade de estudos práticos e teóricos a respeito do material, dúvidas técnicas, sobretudo em relação à dosagem, ainda geram incertezas nos profissionais do setor ao optar ou não pelo concreto autoadensável. A grande variabilidade da dosagem dos componentes pode ser um dos fatores que dificultam a implantação do CAA em larga escala, pois a dosagem deve ser muito precisa. Há também a questão dos aditivos superplastificantes que devem ser misturados pouco antes do lançamento, por perderem o efeito rapidamente.
Com isso conclui-se que quanto antes houver a adaptação da tecnologia para a realidade brasileira, quanto mais industrializado o setor da construção estiver e quanto mais estudos e informações sobre o material e suas aplicações forem divulgados, mais cedo o concreto autoadensável fará parte da realidade das construções no país.
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Dados para contato: Assessor de imprensa Ibracon Fábio Luis Pedroso: fabio@ibracon.org.br
Concurso Ousadia 2009
Equipe de alunos da Universidade do Vale do Taquari ganha o 1º lugar no concurso promovido pelo Ibracon no CBC 2009
Créditos: Engº. Jorge Aoki Gerente de Assessoria Técnica Itambé
O Concurso Ousadia, promovido pelo Instituto Brasileiro do Concreto, foi instituído em 2005 no Congresso Brasileiro do Concreto CBC - realizado na cidade de Olinda/PE. Tem como objetivo incentivar o compartilhamento dos conhecimentos entre os ramos da arquitetura e da engenharia civil, que são complementares e interagem entre si na realização de diversas obras. Para cada cidade onde é realizado o CBC, o Ibracon elege um tema e os alunos desenvolvem o projeto, que deve ser ousado, mas realizável tecnicamente segundo a NBR 6118.
Na 5ª edição, realizada neste ano em Curitiba/PR, o primeiro lugar coube à equipe da Universidade do Vale do Taquari de Lajeado/RS UNIVATES. Os alunos Márcio Braun, Renata Rahmeier, Juliana Gasparotto e Marcos Britto, supervisionados pelo arquiteto Leandro Marquetto e orientados pelo engenheiro Bernardo F. Tutikian, venceram o desafio de projetar uma passarela sobre a BR 277, unindo uma grande área verde da cidade - o Parque Barigüi a um bairro bem movimentado o Ecoville e um grande shopping center o ParkShoppingBarigüi.
O nome escolhido para a obra-de-arte, Passarela do Grimpeiro, faz referência a um passarinho que se alimenta de insetos das folhas e galhos do pinheiro-do-paraná, também conhecida como Araucária, árvore símbolo do estado. O Projeto aliou a harmonia e beleza do parque da cidade, com a diversidade contemporânea das construções do bairro residencial. A concepção contemplou a tecnologia como parâmetro da estrutura urbana e elegeu o concreto como marco de modernidade da cidade.
Toda a estrutura de concreto obedeceu às recomendações da norma NBR 6118 Estrutura de concreto armado Procedimento e seguiu os padrões do Manual do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) para ordenamento do uso do solo nas faixas de domínio. Já as questões de mobiliário, acessos e equipamentos foram baseados na NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.
Por tudo isso, só poderia dar o primeiro lugar.
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Empresa paranaense recebe Selo de Qualidade da ABCP
Selo certifica a conformidade dos produtos com as normas técnicas brasileiras
Créditos: Engª Naguisa Tokudome Assessora Técnico Comercial Itambé
Fundada em 1991, a empresa Vanderli Gai & Cia. Ltda iniciou suas atividades com a extração de agregados. Em 1999, se engajou na fabricação de piso intertravado de concreto e bloco de concreto tipo vedação e estrutural. Em outubro deste ano, recebeu o Selo de Qualidade da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).
A Gai buscou a certificação por uma exigência do consumidor. Sem o Selo, a venda basicamente se restringia aos blocos de concreto de vedação. Hoje, em menos de um mês, a distribuição do bloco estrutural aumentou significativamente. Foi possível também aumentar a linha de produtos com maiores resistências para atender a demanda do mercado, disse Jorge Tadeu Gai, sócio-gerente da empresa.
O Selo, além de melhorar expressivamente o processo de produção, qualifica os fabricantes a atender obras financiadas pelo governo (federal, estadual e municipal) bem como a todo tipo de edificação cujo empreendedor exija o atendimento ao PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat) e ao Código de Defesa do Consumidor.
A certificação do produto reflete na qualidade final da edificação. Um bom bloco de concreto possui:
- Dimensões regulares com baixo desvio padrão. Evitam improvisações grosseiras de ajustar a paginação da parede com a argamassa ou blocos não especificados no projeto;
- Aspecto homogêneo com cantos vivos e sem fissuras;
- Maior durabilidade;
- Resistência adequada à sua aplicação;
- Atendimento aos requisitos da NBR 6136:2007 Blocos vazados de concreto simples para alvenaria.
O processo para obtenção do selo é simples. A empresa interessada deve entrar em contato com a matriz da ABCP (www.abcp.org.br), localizada em São Paulo e solicitar a inclusão ao programa.
Uma auditoria na fábrica é agendada para a primeira avaliação do produto.
Caso o bloco atenda aos requisitos da norma, após 15 dias da avaliação, um laboratório parceiro da ABCP fará a coleta na fábrica. Para conhecer os laboratórios credenciados, acesse o site: http://www.abcp.org.br/qualidade_de_produtos/selo_blocos_concreto_lab.shtml.
Em caso de reprovação na auditoria, o produto deverá passar pelos ajustes necessários para então solicitar uma nova coleta.
O laboratório envia o relatório com os resultados para o fabricante e ABCP. Todo o processo é centralizado na matriz.
O fabricante que receber aprovação, após duas coletas quinzenais consecutivas, recebe o Selo de Qualidade. Ou seja, se o produto estiver conforme, é possível obter o Selo no prazo de um mês.
As coletas para verificação passam a ser mensais e, depois de um ano, trimestrais. Em conjunto, a ABCP realiza anualmente uma auditoria na fábrica.
Segundo Fernando Dalbon, coordenador do Programa Selo de Qualidade ABCP para blocos e pisos de concreto, atualmente no Brasil cinquenta e seis empresas possuem o Selo.
Para conhecer as fábricas certificadas, acesse a página: http://www.abcp.org.br/qualidade_de_produtos/selo_blocos_concreto_fab.shtml
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Profissionais usam criatividade para cumprir exigências legais
O Condomínio Global Tower em Vitória, foi concebido com volumetria e estrutura diferenciadas, para não interferir na paisagem local
Créditos: Vanda Pereira Cúneo - Assistente de Marketing
Quando, em 1895, o engenheiro e sanitarista Saturnino de Brito desenhou o traçado da av. Reta da Penha - hoje av. Nossa Senhora da Penha -, em Vitória, como parte do plano urbano Grande Arrabalde, lançou também uma determinação que impedia, na área formada por um cone, construções que pudessem vir a obstruir a bela vista do complexo da Igreja e Convento da Penha, em Vila Velha, tombado em 1943 pelo Iphan (Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Hoje, passados mais de 60 anos, a área vive uma "febre" imobiliária, principalmente na Enseada da Praia do Suá, o que tem levado ao embargo de alguns empreendimentos imobiliários, mas também tem aguçado a criatividade de arquitetos, como maneira de vencer os obstáculos da legislação.
Um caso muito emblemático desse dilema entre crescimento imobiliário e urbanismo em Vitória é o edifício Global Tower, do arquiteto Kennedy Vianna. Para valorizar a vista da Reta da Penha, assim como atender às exigências do cliente, a Galwan, que demandava um edifício essencialmente para uso corporativo, com o melhor aproveitamento possível do potencial construtivo do terreno, Vianna concebeu um edifício com escalonamento mais largo do que o exigido pelo Iphan. Em vez de reduzir o número de pavimentos do empreendimento, a proposta arquitetônica conseguiu distribuir 24 andares, com todas as suas unidades voltadas para a baía de Vitória, preservando vistas e o entorno, e minimizando possíveis impactos, graças a um conceito estrutural diferenciado e ao tipo de implantação adotada, virada para o Sudeste, considerando o cone de visão.
Para alcançar o desenho escalonado e o número de pavimentos desejado, o projeto estrutural, assinado pela capixaba MCA e homenageado com o Destaque Abece 2007, especificou o sistema de lajes protendidas com cordoalhas engraxadas. "Funciona como uma ponte pênsil, as cargas ficam penduradas", explica o engenheiro calculista Carlos Augusto da Gama, da MCA.
Como as lajes de cada pavimento iriam reduzindo de tamanho, irregularmente, seria necessário o uso de vigas de transição e de pilares intermediários - um verdadeiro paliteiro. No entanto, o sistema sugerido pela MCA trabalha em conjunto com pilares inclinados em várias direções e ângulos, eliminando a necessidade de vigas e pilares intermediários. A proposta adotou, entre os eixos dos pilares das garagens, lojas e salas, um módulo de 9,5 m x 7,2 m.
Sem flexão
Como não há momento de ligação com a laje, o sistema funciona sem flexão dos pilares. "As cargas vêm na vertical e seguem inclinadas, de acordo com o desenho dos pilares birrotulados", destaca Gama. O sistema estrutural equilibra-se pelos tirantes embutidos, do contraventamento das paredes em concreto armado - que sustentam os tirantes - e da ação da gravidade.
O engenheiro revela que a tecnologia, utilizada pela empresa desde 1997, com incentivo da Arcelor Mittal, antiga Belgo Mineira, racionaliza a altura do pé-direito. As lajes têm 22 cm de espessura, com piso elevado de 18 cm e forro de 6 cm, definindo o pé-direito acabado de 2,60 m. A cota de piso a piso dos pavimentos (25 lajes) é de 3,06 m. Se fosse no sistema convencional limitaria o pé-direito e o gabarito. "O empreendimento com a mesma altura teria menos pavimentos, em torno de 18", compara Gama. A tecnologia facilitou a execução das lajes da garagem, pois manteve os vãos necessários para o espaço. "Só executamos viga de transição em cima para a caixa de água", diz.
Outras qualidades do sistema, apontadas pelo engenheiro, é que, graças à racionalização do pé-direito, as instalações podem ser passadas nas lajes, liberando as paredes. Além disso, contribui com o isolamento acústico.
Dois em um
O sistema de laje protendida, segundo o calculista Carlos Augusto Gama, também facilita a execução das fôrmas. A obra, inclusive, recebeu menção honrosa da Abece (Associação Brasileira das Empresas de Consultoria e Engenharia Estrutural) no 5º Prêmio Talento Engenharia Estrutural.
"Com um sistema de fôrma e cimbramento, é possível executar uma laje em uma semana, até menos", garante o engenheiro. "Isso equivale à metade do tempo gasto em processos de concretagem com fôrmas convencionais", compara.
Mas para alcançar a economia pretendida, é preciso se chegar a 20 MPa aos dois dias, o mínimo para se realizar a protensão da lajes. Isso só é possível com o uso de cimento CPV, em vez de CPIII ou CPII, que demandam mais tempo para atingir essa resistência.
Distribuição racional
O desenho escalonado gerou uma variação de layouts de conjuntos, que vão de 35 m² a 232 m². Conforme o edifício sobe, diminui o número de salas, como se pode ver nas plantas do quinto pavimento e do 14º (fotos). Do 19º ao 21º pavimento, são dois conjuntos por andar. Já nos últimos andares, o projeto previu um conjunto por laje. "O projeto atende um público potencial mais abrangente, tanto o profissional liberal, que necessita de espaço reduzido, quanto empresas de maior porte, que necessitam de grandes lajes", explica Vianna. Os 12 elevadores foram distribuídos de forma a atender ao escalonamento de pavimentos, sendo que os elevadores que atendem às garagens são acessados na praça contínua do open mall abaixo da torre, o que garante a segurança interna. O projeto também tem como base um desenho que otimiza o conforto ambiental, uma vez que possui todas as suas unidades de salas voltadas para a melhor insolação.
Leveza visual
A fachada tipo glazing com sistema misto unitizado - colunas onde posteriormente são fixadas as folhas de vidro montadas em perfis de alumínio - não só permitiu os ajustes dos inúmeros recortes nas elevações e uniformizaram o visual, assim como contribuíram para o desempenho do sistema estrutural e de fundação, reduzindo as cargas do edifício. "O uso do vidro alivia de 10% a 20% do peso, e elimina o risco de patologias", afirma o engenheiro calculista Carlos Augusto da Gama, da MCA.
Foram empregados 6.640 m² de vidros laminados de 8 mm, nas cores azul e verde, especificados para minimizar os reflexos do entorno, sem perder qualidade na cor e no tom, respeitando a sobriedade pretendida e o conforto ambiental. Nas testadas e detalhes, especificou-se painéis de alumínio composto. Como divisórias internas, o projeto especificou drywall, que reduz as cargas internas em no mínimo 15%.
RESUMO
Obra: Global Tower
Localização: av. Nossa Senhora dos Navegantes (frente) e av. Belmiro Siqueira, 201 (fundos), Vitória
Área do terreno: 6.681,00 m²
Área construída: 36.895 m²
Data de projeto: 2006
Construção: setembro 2006 a setembro de 2009
Área estrutural: 48.000 m²
Concreto: fck 30 MPa
Aços: CA-50 E CP190 RB
Lajes planas protendidas: 22 cm de altura
Contraventamento: paredes estruturais
Fonte: Revista Téchne
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O sustentável deve ser acessível
Seminário ECOARQ detecta que o Brasil tem leis ambientais avançadas, mas que carecem de incentivos para que a cadeia produtiva da construção civil as absorva
Curitiba sediou no começo de outubro o 2.º Seminário Brasileiro sobre Arquitetura Sustentável (ECOARQ) . O encontro debateu a união de esforços entre arquitetura, urbanismo, engenharia civil, paisagismo e design de materiais e interiores para colaborar com a minimização do impacto ambiental.
Uma das conclusões é de que o Brasil dispõe de leis ambientais modernas, mas que carecem de incentivos para entrarem no dia a dia da cadeia produtiva da construção civil. É o que revela o arquiteto Gabriel Bertran, um dos organizados do ECOARQ, que sintetiza na entrevista abaixo o que foi debatido no seminário. Confira:
Já há um consenso entre arquitetura, urbanismo, engenharia civil e paisagismo sobre os impactos das obras sobre o meio ambiente? Caso sim, quais medidas estão sendo tomadas?
Creio ainda não haver este consenso. O que existe são ações isoladas em cada uma das áreas, as quais de fato poderiam ser integradas. As medidas que estão sendo tomadas ainda são, em sua maioria, de caráter individual, como, por exemplo, uma minoria de arquitetos e construtoras conscientes construindo de forma sustentável. Há também algumas indústrias que incorporam sustentabilidade em parte de seus processos de produção e também o voluntarismo de alguns empreendimentos que acabam recebendo certificados de sustentabilidade. Quanto ao poder público, há leis ambientais avançadíssimas, mas faltam serem aplicadas de forma mais ampla. Elas carecem de incentivos, como corte de impostos, para que toda a cadeia produtiva utilize mais soluções sustentáveis e se crie realmente uma mudança no mercado para estes produtos e processos a serem usados.
Quais são, hoje, os principais casos de sucesso na construção civil sustentável, seja em Curitiba, no Paraná, no Brasil ou fora dele?
Em Curitiba, está em fase de conclusão o primeiro edifício com certificação LEED (do inglês Leadership in Energy and Environmental Design - Liderança em Design de Energia e Meio Ambiente) no Paraná. A certificação é concedida pelo Green Building Council (GBC Brasil), uma organização mundial sem fins lucrativos que certifica edificações que cumpram determinados requisitos sustentáveis. O edifício é o Curitiba Office Park, no Jardim Botânico. No caso do Brasil, existem cerca de 140 empreendimentos certificados ou em fase de certificação pelo GBC Brasil - a maioria deles em São Paulo e, geralmente, grandes empreendimentos comerciais. Mas isto já mostra uma tendência, pois a sustentabilidade, além de valorizar mais estes empreendimentos, gera economia de energia, água e manutenção em sua operação. Em relação aos empreendimentos residenciais, existem inúmeras ações isoladas, inclusive algumas delas provêm dos anos 70 e 80. Porém, não são catalogadas, a não ser em revistas especializadas. No mundo, mais de 45 países já incorporam a sustentabilidade em construções, sendo os principais França, Alemanha, Espanha, Estados Unidos, Brasil, China, Índia e Japão. Já há mais de mil edificações certificadas como sustentáveis no planeta. Além do selo LEED, existe o selo HQE francês, bem como certificações específicas da Alemanha, Inglaterra e Austrália.
Entre as palestras ministradas no seminário ECOARQ, qual agregou mais riqueza ao debate?
Todas foram de uma riqueza conceitual imensa, inclusive com temas complementares uma a outra. Eu destacaria a palestra dos arquitetos Sérgio Prado e Márcia Macul, os quais propuseram um sistema integrado de gestão de resíduos, chamado Lixo Zero, Arquitetura Sustentável, Energia Renovável. Trata-se de um projeto totalmente viável, já com materiais de construção super-resistentes, desenvolvidos a partir de todo tipo de resíduos urbanos, industriais e de construção. Além da inclusão social, tal projeto resolve o problema da poluição urbana pelos rejeitos que a sociedade dispõe. Envolve arquitetura, meio-ambiente, energia e um sistema de gestão para tudo isso. Destacaria também a palestra e o curso do doutor Eloy Casagrande, professor da UTFPR, em que ele demonstrou com exemplos práticos como podemos utilizar inúmeros materiais de construção ecológicos sem gastar muito. Envolve tanto produtos industrializados como também reaproveitados, feitos a partir de materiais que são muitas vezes rejeitados.
Como os profissionais da área de construção civil vêm se preocupando com as questões bioclimáticas e ambientais?
Neste sentido, eu destacaria a palestra do arquiteto Tomaz Lotufo como exemplo. Ele pratica em seus projetos, no interior de São Paulo, arquiteturas de baixo impacto, aproveitando os recursos do local, como o barro e os entulhos, por exemplo, para construir casas de excelente qualidade arquitetônica e confortáveis ambientalmente. Foram apresentadas, também, soluções de saneamento natural (tratamento biológico de esgoto), bem como a utilização de tijolos solo-cimento, que não são queimados e, portanto, emitem baixo carbono. Enfim, são soluções simples que trazem qualidade à construção civil e preservam os recursos naturais. Além disso, podem ser executadas por qualquer um. Isto é o que chamaríamos de arquitetura bioclimática. Por enquanto, temos poucos exemplos como este no Brasil, apesar de tais tecnologias estarem presentes, muitas vezes, há séculos em nosso planeta. A questão é divulgá-las melhor, para serem mais utilizadas.
Daria para dizer que os profissionais se preocupam mais com esta questão do que o setor das construtoras?
Tais dados ainda são muito difíceis de serem levantados. Eu diria que as construtoras têm mais acesso a recursos tecnológicos avançados em termos de sustentabilidade e às certificações também, em vista da escala em que trabalham. Isso torna seus empreendimentos sustentáveis mais visíveis, porém temos que tomar muito cuidado com maquiagens que nos são apresentadas. Há alguns que se dizem sustentáveis, mas no fundo não são. Já os arquitetos que trabalham com isto estão, aos poucos, aumentando. Muitas vezes os profissionais esbarram no desconhecimento que seus clientes têm do assunto. Até pela falta de opções (devido à falta de incentivos), os produtos sustentáveis são mais difíceis de serem encontrados e por comodismo compra-se o trivial. Mas o consumidor tem-se tornado exigente em termos de qualidade e espera-se que se torne, também, na questão ambiental. Para dar um exemplo, comprar uma madeira da Amazônia incentiva o desmatamento e as pessoas precisam estar conscientes disso. Os arquitetos, como formadores de opinião, têm um papel importante neste convencimento.
A palestra sobre Redução dos Gases de Efeito Estufa nas Construções Civis apontou quais soluções para se atingir isso na prática?
Na prática o que esta palestra apontou foi justamente a análise do que especificar em termos de materiais para a construção civil, procurando escolher os que tenham emitido o menor volume de carbono possível, desde a extração de suas matérias primas, passando pela fabricação, transporte, até a obra e também emissões durante sua utilização. É necessário que se analisem todos estes fatores e também o ciclo de vida do material e da edificação. Quanto mais tempo pudermos utilizar a edificação melhor para o meio-ambiente, mostrando que o sustentável também precisa ser durável. Os fatores de gastos energéticos também devem ser levados em conta. Como exemplos, podemos citar as madeiras amazônicas, que causam aumento expressivo das emissões tanto com a supressão das florestas (que armazenam carbono) quanto com o transporte dos materiais do norte ao sul/sudeste do Brasil, emitindo carbono com a queima do diesel. É melhor optar por madeiras plantadas em regiões próximas ao local da obra. Outro exemplo são as tintas, que muitas vezes utilizam produtos químicos altamente poluentes, que emitem CO2 tanto na fabricação quanto após a aplicação nas paredes. São apenas alguns exemplos, dentre inúmeros existentes.
A respeito de materiais e técnicas construtivas, o Brasil está bem posicionado ou ainda precisa rever conceitos?
Ainda precisa rever muitos conceitos. O brasileiro é comodista, pensando no curto prazo, e isso se reflete no mercado. Compra-se o convencional, até por falta de opção. É necessário pensar em termos de custo-benefício: uma solução sustentável vai gerar economia ao longo da utilização do imóvel. Além do mais, o poder público precisa incentivar o desenvolvimento e a fabricação destas soluções, via redução de impostos e outras políticas. O sustentável deve ser acessível. Assim, a sustentabilidade torna-se mais conhecida. E quanto mais for incorporada ao dia-a-dia de todos, melhor para o meio-ambiente. Diversos países já incentivam tais soluções.
Uma política sustentável na área da construção civil faria o Brasil reduzir quanto na emissão de carbono? Já há números sobre isso?
Não há, ainda, números de quanto se reduziria. Mas há números aproximados sobre o impacto da construção civil no meio-ambiente, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas e da União Nacional da Construção. São eles:
- 40% dos recursos naturais extraídos são destinados a indústria da construção civil
- 50% dos resíduos sólidos urbanos são provenientes de construções e demolições
- 50% do consumo de energia elétrica é destinado para operação das edificações (desde a construção até a utilização).
Por aí vemos que qualquer ação que reduza tais impactos será importantíssima. Reduzindo-se os resíduos, a extração dos recursos naturais e o consumo de energia, com certeza ajudará muito na redução do CO2 no planeta.
Entrevistado: gabrielbertran@ecolearning.com.br
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Um Calçadão para todos
Londrina reurbaniza seu cartão-postal, adequando-o à norma brasileira de acessibilidade
Com um fluxo de pedestres superior a 30 mil pessoas por dia, entre segunda e sexta-feira, o Calçadão de Londrina começa a passar por uma ampla reforma que pretende transformá-lo em modelo de mobilidade urbana no Brasil. Ao longo de seus 23 mil metros quadrados, o petit pavet dará lugar a um calçamento em blocos de concreto, com medidas e resistência diferenciadas para pedestres e trânsito de veículos. O projeto também prevê o uso de cimentado liso vassourado, com aplicação da faixa tátil, o que vai facilitar a locomoção de pessoas com necessidades especiais.
A reurbanização do Calçadão de Londrina está a cargo do IPPUL (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) e deverá ser concluída até o final do 1.º semestre de 2010. O projeto está adequado à NBR 9050 "norma brasileira de acessibilidade revisada em 2004" e ao manual de procedimentos para construção de calçadas em Londrina, intitulado de Projeto Calçada Para Todos. Além disso, a prefeitura da cidade realizou um consulta pública para colher ideias da população.
Segundo a arquiteta do IPPUL, Simone Vecchiatti, além da questão estética, o novo Calçadão terá o dimensionamento espacial necessário para o exercício dos diversos tipos de uso. "A preocupação foi criar uma perspectiva linear, definindo espaços para deslocamento de pedestres, veículos, estares e serviços", explica. Um dos trechos receberá um paver especial, que suporte o tráfego de veículos pesados, pensando no acesso do Corpo de Bombeiros e de fornecedores dos lojistas ao longo do Calçadão.
Pelo valor histórico, o design do Calçadão seguirá inalterado. Projetado em 1977, pelos arquitetos Jaime Lerner e Hely Bretãs, a principal área para pedestres de Londrina tem um desenho de elos de uma corrente, que representam as diversas nacionalidades que ajudaram a construir a cidade. "Vamos preservar o valor histórico do Calçadão, mas com um padrão de mobilidade comparado ao dos melhores países europeus. Nossos modelos são as melhores calçadas de Frankfurt, na Alemanha", revela Simone Vecchiatti.
A expectativa do IPPUL é que a revitalização do Calçadão de Londrina faça aumentar em 30% o fluxo de pedestres. "Idosos, deficientes, gestantes e obesos, que hoje evitam frequentar o Calçadão, vão voltar a utilizá-lo", prevê a arquiteta. Isso deve também se refletir no aspecto comercial. "As pessoas voltarão a andar com segurança e a olhar para as vitrines, em vez de se preocupar em olhar para o chão", completa Vecchiatti.
A obra está orçada em R$ 524.641,31. Quando concluída a reurbanização do Calçadão, Londrina pretende estender o modelo de mobilidade para outras calçadas da cidade, estabelecendo parcerias com a iniciativa privada e com os próprios moradores.
Entrevistada: simone.vecchiatti@londrina.pr.gov.br
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Para ser líder não basta ser chefe
No Brasil, especificamente, a missão de liderar muitas vezes é confundida com a de chefiar. Especialista mostra o caminho para evitar este equívoco
Boa parte das empresas vive um dilema: como identificar e formar um líder entre os que integram a corporação? No Brasil, especificamente, a missão de líder muitas vezes é confundida com a de chefia. E aí há um equívoco, como demonstra o executivo de Recursos Humanos, Ralph Arcanjo Chelotti, que também preside a Associação Brasileira de Recursos Humanos. Na entrevista abaixo, ele mostra como é possível identificar um líder entre os colaboradores e como aplicar uma gestão de liderança com eficiência. Confira:
A gestão de liderança torna-se mais necessária em qual cenário econômico de uma empresa?
Empresas que querem inovar, que precisam se transformar, que enfrentam uma competição acirrada e criativa, só conseguem se reposicionar com sucesso se articulam lideranças internas que as levem nessa direção. Há centenas, para não dizer milhares, de exemplos de empresas que pararam no tempo, foram superadas pela concorrência e terminaram desaparecendo ou incorporadas, simplesmente porque não conseguiram desenvolver as lideranças que as levariam a um novo patamar de inovação e crescimento. Podemos afirmar, sem medo de errar, que a falta de lideranças que enxerguem o futuro e ajudem a empresa a se manter competitiva é a principal causa para a mortalidade de empresas.
Existem casos, em algumas empresas, em que o subordinado direto do líder é que detém a liderança sobre os subordinados. Como a gestão de liderança vê isso: seria um problema?
O Brasil é um país de cultura autoritária, onde, em muitas empresas, prevalece o refrão: manda quem pode, obedece quem tem juízo. Essa é a pior fórmula possível de gestão de pessoas que pode existir e, infelizmente, é muito comum na maioria das empresas familiares que temos no país. Aqui, confundimos liderança com chefe. O líder, a liderança, é aquela pessoa que consegue articular uma meta coletiva, um objetivo compartilhado, que tanto pode ser o seu próprio quanto algum outro que ele amadureceu com o grupo, com a coletividade. É errado imaginar que o líder tem todas as respostas, pois esse é um conceito conservador e pobre de liderança. Muitos estudos mostram que o bom líder dá as condições para que as pessoas encontrem os melhores caminhos, as melhores opções, as soluções mais significativas. Isso é algo bem diferente daquele líder que determina o que as pessoas devem fazer. A gestão eficaz da liderança vai buscar exatamente as pessoas que tenham estas habilidades e competências, ou seja, as pessoas que consigam ouvir os outros e, junto com os outros, construam as melhores alternativas para a coletividade e a empresa. Soluções prontas, vindas das cabeças de alguns iluminados, podem funcionar em alguns momentos, mas resultam em ações com baixo compromisso, ou seja, as pessoas as adotam porque temem perder o emprego e não porque realmente acreditem nelas.
Hoje se debate muito a chamada liderança responsável. Mas não é uma redundância, já que toda a liderança, presumidamente, deve ser responsável?
Pode parecer incoerência, mas o adjetivo é importante. O mundo, nas últimas décadas, aprendeu a dar valor a um determinado tipo de liderança, totalmente orientada para resultados de curto prazo, com a maximização dos ganhos dos acionistas. Essa mentalidade continua vigente e foi muito pouco afetada, a despeito da crise. No último Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas - CONARH -, trouxemos talvez o maior especialista em liderança responsável, que é John Wells, presidente do IMD da Suíça, uma das mais importantes escolas de negócios do mundo. E o que ele nos disse? Que as empresas com ações na bolsa são praticamente obrigadas a mentir, pois se deixarem transparecer que estão em alguma dificuldade, precisando fazer ajustes ou demissões, ou até mesmo gastar grandes somas em sistemas de proteção ambiental, por exemplo, suas ações vão cair, expondo uma imagem de fragilidade que pode até comprometer o negócio. Então, vivemos em um mundo imediatista, que pensa a curto prazo e esta mentalidade leva muitas empresas a adotarem práticas perigosas, buscando ganhos a curto prazo. Vimos isso com grandes empresas brasileiras, que comprometeram sua viabilidade econômica especulando no mercado de derivativos. A liderança responsável é um tipo totalmente diferente de líder. É aquele que pensa na sobrevivência da organização a longo prazo, considerando o bem-estar não apenas dos acionistas, mas de todos os públicos de interesse das empresas, como empregados, clientes e a própria sociedade. Isso exige que estas lideranças tenham relacionamentos mais horizontais, ou seja, mais amplos, que conheçam e interajam com diferentes públicos e não apenas o departamento financeiro. Empresas administradas por lideranças deste tipo serão mais duradouras, mais sustentáveis e, a longo prazo, farão toda a diferença.
Quando as empresas adotam políticas de contenção de gastos elas não estão comprometendo a gestão de liderança?
Toda empresa passa por momentos difíceis, onde é necessário adotar medidas de contenção de gastos. Seja porque a empresa precisa se reposicionar, promover investimentos em inovação ou até vender ativos. O problema não é adotar políticas de contenção de gastos, mas, sim, o modo como essas políticas são adotadas. Se a direção da empresa se reúne a portas fechadas e decide cortes de gastos que depois são comunicados a todos, então haverá pouco espaço para o diálogo e isso prejudica as relações de trabalho. Por outro lado, se as lideranças da empresa estabelecem um diálogo produtivo com todos, buscando alternativas de redução de custos que sejam pactuadas, então as soluções encontradas serão melhor recebidas. Uma empresa chamada Masa, brasileira, com sede em Manaus, reconhecida como uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil, viveu, no passado, um momento de dificuldade e precisou cortar benefícios e até empregos. No entanto, o presidente da empresa se reuniu pessoalmente com os empregados, debateu as medidas de contenção de gastos necessárias e as adotou inclusive para si próprio, promovendo o que nós de RH chamamos de liderar pelo exemplo. Hoje, a empresa é referência e raramente perde empregados para a concorrência, pois as pessoas que trabalham lá sabem que, mesmo em momentos de crise, serão respeitadas.
Existem os 10 mandamentos da gestão de liderança?
Profissionais de recursos humanos de todo o mundo buscam respostas sobre esse tema. Uma pesquisa do Boston Consulting Group, apresentada no CONARH 2008, mostrou que uma das preocupações mais significativas dos profissionais de RH em 15 países era justamente com uma melhor preparação das lideranças das empresas. Há um grande debate a respeito. Alguns especialistas, por exemplo, defendem a ideia de que é muito difícil forjar ou fabricar um líder, pois os líderes têm algumas características inatas e outras desenvolvidas na infância, na escola, no ensino fundamental e médio, daí porque fazer alguém que não tem o perfil de líder assumir uma postura de liderança é algo muito difícil. Profissionais de psicologia no trabalho, por exemplo, já nos mostraram que as pessoas têm perfis diferentes e, portanto, enxergam o mundo de modo diferente. É comum no meio de recursos humanos um bom técnico ser promovido a cargo de chefia e logo ele enfrentar dificuldades, pois tem pouco preparo para lidar com pessoas, assumindo às vezes uma postura autoritária que é, em muitos casos, puramente defensiva. Nesse sentido, eu correria o risco de dizer que é difícil adotar uma fórmula que resulte na fabricação de líderes, pois a pessoa que é líder, que tem o espírito da liderança, é forjada dessa maneira muito antes de entrar para uma empresa. O que se pode fazer, sim, é reconhecer estas qualidades nos profissionais que atuam na empresa e ajudá-los no processo de capacitação, pois se você tem as habilidades naturais, o resto é muito mais fácil.
O que um bom plano de liderança não pode deixar de contemplar?
As empresas que querem dar espaço para novas lideranças não podem deixar de mudar estruturas. As empresas brasileiras, de modo geral, adotam estruturas de poder muito arcaicas, centralizadas, que concentram o poder, ao invés de arejá-lo, abri-lo. Por isso, um bom plano de liderança não deve apenas considerar a preparação daquelas pessoas que têm perfil e aptidão para assumir esse desafio, mas devem mudar as estruturas de poder, fazendo com que o processo decisório seja mais descentralizado. Manter estruturas de poder enquanto buscamos novas lideranças na empresa é prejudicial, pois eleva o nível de estresse. Os candidatos à líder vão encontrar uma estrutura onde precisam se submeter a decisões prontas, que não podem ser questionadas, o que leva ao desgaste e à perda de talentos. Então, arejar as estruturas é decisivo quando buscamos implementar um plano de estímulo à formação de líderes.
O quanto que um bom programa de recrutamento ajuda a empresa em seu plano de gestão de liderança?
Muitas vezes, empresas tradicionais, conservadoras, deixaram de desenvolver as lideranças internas que possibilitariam uma boa renovação de líderes. Essas empresas perderam, ao longo dos anos, bons candidatos, que se transferiram para outras empresas ou mercados porque simplesmente não viam como crescer na empresa onde estavam. Nesses casos, um bom programa de recrutamento e seleção pode arejar a empresa. No entanto, vai aqui uma advertência: se a empresa vai se preocupar em buscar lideranças apenas quando percebe que tem uma equipe envelhecida, então aí pode ser muito tarde, pois é grande a chance da empresa enfrentar um choque cultural entre os novos que vão chegar e os que já estão ali. Daí porque o ideal, para toda empresa, é que o processo de renovação de líderes seja permanente.
O que é melhor para a empresa: contratar líderes prontos, que tenham se destacado em outras corporações, ou formar os líderes em casa?
Muitas empresas ignoram um fenômeno chamado cultura organizacional e pagam um alto preço por isso. Toda empresa constrói uma cultura organizacional ao longo do tempo. Em algumas empresas, essa cultura é tão poderosa que dita como as coisas devem ser feitas, como as pessoas se vestem e até o tipo de carro de que gostam. Nesse sentido, trazer lideranças de fora, que não entendam a cultura da empresa, pode ser um grande erro, pois esse líder importado vai enfrentar graves dificuldades. Um exemplo interessante nos é dado por montadoras como a Toyota, que assumiu a liderança mundial do mercado de automóveis depois de décadas de crescimento contínuo e com um modelo de gestão de pessoas muito ligado à cultura japonesa. Na Toyota, as pessoas sobem na carreira ao longo do tempo, de maneira sistemática, depois que evidenciam alinhamento com a cultura da organização. Não há promoções meteóricas, líderes salvadores da pátria, as coisas têm um certo gradualismo, um certo ritual, o que vai forjando os líderes de que a empresa necessita para o futuro, já totalmente imersos na cultura da empresa. Trazer gente de fora, com o perfil de salvador da pátria, frequentemente dá errado, assim o mais sensato é forjar os líderes internamente.
As escolas hoje têm disciplinas que ensinam a formar líderes ou ainda estão defasadas às necessidades das empresas?
O Brasil vive uma tragédia educacional de grandes proporções. As crianças aprendem pouco e não têm prazer em aprender, porque as metodologias de ensino estão ultrapassadas e ignoram o mundo online em que as crianças vivem. Mas o Brasil tem ainda outro problema sério: o modelo de ensino do país forma pessoas para se tornarem empregados ou funcionários públicos. Raras são as escolas públicas ou privadas, de ensino fundamental, médio ou superior, que formam empreendedores, líderes, gente com visão de futuro, que reúne informação para a tomada de decisão. Esperamos que alguém nos diga como fazer as coisas. Na Alemanha, as câmaras de indústria e comércio ajudam a definir o currículo das escolas. Aqui no Brasil, essa tarefa é definida por uma burocracia que conhece pouco a realidade das empresas, pois raramente é composta por pessoas do mercado. Há alguns esforços para mudar isso, como algumas escolas técnicas e de comércio e serviços, mas a verdade é que as escolas estão profundamente dissociadas da realidade econômica, o que é muito ruim para o país.
Entre os setores público e privado, qual hoje tem melhores modelos de gestão de liderança?
Temos tido uma grande presença de profissionais do setor público no CONARH, é aí que notamos um grande esforço dessas áreas no sentido de aperfeiçoar modelos de liderança. No entanto, o setor público brasileiro ainda precisa passar por uma grande transformação. Ainda se debate no setor público se a promoção das pessoas deve se dar por antiguidade ou por competências e resultados e isso revela o quanto ainda precisamos evoluir na gestão pública. Não é possível modernizar o setor público se convivemos com formas de promoção como a da antiguidade, que lembra modelos militares, pois hoje a sociedade espera um setor público criativo, inovador, que ajude o país a se transformar. Nesse sentido, o setor privado, de longe, tem modelos de gestão de lideranças melhor resolvidos, algo que ainda precisa chegar ao setor público.
Entrevistado: Ralph Arcanjo Chelotti é Executivo de RH e Relacionamento Institucional, consultor, palestrante, professor acadêmico, presidente da ABRH-Nacional e vice-presidente da Federação Interamericana de Associações de Gestão Humana (FIDAGH).
Contato com entrevistado:
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Blog: www.epressblog.wordpress.com
Email: marisa@epress.com.br
Jornalista responsável Altair Santos MTB 2330 Vogg Branded Content
Programa de treinamento: como, quando e por que aplicar?
Empresas precisam saber diagnosticar suas fragilidades e criar a cultura da capacitação
O treinamento é uma das responsabilidades gerenciais de maior importância dentro das empresas. Ele requer investimento e gestores qualificados, que permitam saber diagnosticar os motivos e o tipo de capacitação necessária para os colaboradores. Para o consultor Wagner Campos, há sintomas básicos que evidenciam a necessidade de treinamento. São:
* Mudança de política interna, seja administrativa, comercial ou financeira
* Entrada de novos equipamentos na linha de produção
* Excesso de erros e retrabalho
* Desmotivação dos colaboradores
* Reclamação de clientes
* Demora na execução de procedimentos
No entanto, Campos alerta que há armadilhas no meio do caminho que podem tirar a eficiência dos programas de treinamento. Ele cita o case de uma empresa, onde uma equipe de digitação estava deixando passar muitos erros. A princípio, a empresa pensou em aplicar um programa de treinamento, mas daí alguém alertou que a causa poderia estar relacionada à saúde dos colaboradores. O que se diagnosticou, então, foi que boa parte daquela equipe havia desenvolvido L.E.R (Lesão de Esforço Repetitivo) e aquilo é que vinha causando os erros.
Por isso, o diagnóstico é tão importante quanto o treinamento. O correto é reunir as várias áreas da empresa, como recursos humanos, treinamento, comercial, financeiro, qualidade, contato e produção, para sentir de cada um deles a percepção em relação à necessidade de treinamentos. Por que percepção? Porque às vezes eles podem achar que o colaborador precisa de um treinamento definido, mas na verdade ele está com uma miopia. Ele está vendo a causa, mas não está vendo a razão da necessidade. Então, primeiro se levanta junto com os profissionais o que se imagina ser necessário e depois se analisam os acontecimentos que estão ocorrendo na empresa - resultados, retrabalhos e um histórico dos funcionários. Feita esta análise, faz-se uma contrapartida, fatos e dados: histórico do desenvolvimento dos profissionais, projetos e ações. Cruzam-se as informações com as percepções dos líderes e daí se chega a um diagnóstico mais preciso sobre a necessidade da aplicação de um programa ou não, alerta o consultor.
Foco nos resultados
Ao aplicar o programa de treinamento, a empresa precisa ter convicção do tipo de resultado que ela busca para a área que foi submetida à capacitação. Feito o treinamento, é hora de comparar dados para ver o que a equipe rendia antes e depois da capacitação. O ideal é que essa verificação se dê por um período de, pelo menos, 90 dias.
No Brasil, os programas de treinamento já estão incorporados nas empresas de grande porte e nas multinacionais. São corporações que têm políticas bem claras sobre planos de carreira e que cobram muito em cima de toda a equipe. Elas cobram, mas oferecem condições competitivas que sejam interessantes para os profissionais, afirma Wagner Campos.
Já as empresas de médio e pequeno porte, tradicionalmente, têm resistência a programas de treinamento. Uma das razões é que elas acreditam, às vezes, que a capacitação não é um investimento ou ficam com receio de investir no profissional e ele ser contratado por outra empresa. No entanto, essa cultura está mudando. Isto tanto se deve às exigências do mercado quanto à participação de associações comerciais e industriais, como Sebrae, Senac e Senai, que passaram a influenciar na percepção da importância de investir em treinamento.
Para planejar um programa de treinamento, a empresa precisa:
* Definir um calendário anual e estabelecer se o programa será aplicado mensal, bimestral, trimestral ou semestralmente.
* Estabelecer quais áreas devem ser priorizadas.
* Contar com um profissional especializado em treinamento ou contratar uma consultoria.
* Ter uma infraestrutura básica: sala de treinamento, data show com som e um flip chart (tripé de madeira com folhas de papel).
* Em média, um programa de treinamento leva dois meses para ser elaborado e 60 horas para ser aplicado.
As empresas também podem adotar treinamentos à distância. Para isso, é preciso que ela adquira o software do programa e conte com o comprometimento dos colaboradores. O sucesso de uma ação on-line de aprendizado exige muito da participação de quem está sendo treinado.
Por fim, o empregado submetido a treinamento precisa entender aquilo como um investimento da empresa nele, para que a médio ou longo prazo possa desenvolver projetos que, por ventura, contribuam para sua promoção.
Entrevistado: Wagner Campos é palestrante e conferencista em vendas, motivação e liderança. Administrador de empresas, com pós-graduações em marketing, comunicação e negócios, formação de professores para o ensino superior e MBA em logística. Possui experiência há mais de 12 anos na área, com projetos desenvolvidos em empresas como Cia Cervejaria Brahma, Unibanco, Multibrás Eletrodomésticos, Bebidas Wilson e Sebrae. É autor do Livro "Vencendo Dia a Dia", professor de MBA em logística, MBA em marketing e MBA em gestão de pessoas e coordenador do curso de Marketing do grupo Anhanguera Educacional.
Email do entrevistado: Wagner Campos: wagner@trueconsultoria.com.br ou falecom@wagnercampos.com.br
Jornalista responsável Altair Santos MTB 2330 Vogg Branded Content
Crédito para compra e construção de imóveis aumenta 42% em um ano
Avaliação do BC aponta que estabilidade da economia favorece o desenvolvimento do crédito para financiamentos habitacionais
O crédito habitacional tem apresentado expansão, segundo dados do Banco Central (BC) no final de setembro. Em agosto, o saldo do crédito habitacional chegou a R$ 79,852 bilhões, um aumento de 3,8% em relação a julho. Em 12 meses, a alta é de 42,1%.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, esse crédito, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, era de 1,3% em dezembro de 2005 e chegou a 2,1% no final de 2008. No mês passado, esse percentual era de 2,7%. Ainda é baixo, mas está crescendo, disse.
Os dados do BC fazem parte da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro e são referentes somente s operações com pessoas físicas, diretamente ou com interveniência de cooperativas habitacionais. De acordo com o BC não estão incluídas as informações referentes aos financiamentos para compra de imóveis por empresas e para construção e incorporação imobiliária, assim como operações de programas de habitação popular dos estados e municípios.
Pelo Relatório Trimestral de Inflação, ao serem incluídas todas as modalidades desde a incorporação até a aquisição de imóveis as operações de crédito representaram 3,6% do PIB, em julho deste ano. De acordo com o relatório, o patamar ainda é baixo e indica a existência de potencial de expansão acentuado.
Os dados do relatório mostram, ainda, que o saldo das operações imobiliárias destinadas ao setor de incorporação e construção de edifícios atingiu R$ 27,9 bilhões em julho deste ano, com elevação de 236,2% em relação a igual período de 2006. No caso específico da incorporação, o aumento foi de 416,4%, para R$ 14 3 bilhões. O crédito para a construção de edifícios subiu 151,2% no período, totalizando R$ 11,1 bilhões. O BC fez comparações, no atual documento, com base nos dados do Relatório de Inflação divulgado em dezembro de 2006.
De acordo com o BC, a estabilidade da economia tem favorecido o desenvolvimento do segmento do mercado de crédito para operações de prazos mais longos, como financiamentos habitacionais. A demanda por essa modalidade de crédito está associada maior previsibilidade da economia, consistente com a continuidade do crescimento da renda e do emprego e com a trajetória de redução da inflação e, consequentemente, das taxas de juros.
Fonte: Agência Brasil
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