A importância da TI para a construção civil
Setor desembarca na Tecnologia da Informação, mas desafio agora é propagá-la para toda a cadeia produtiva
O Brasil começa a descobrir a Tecnologia da Informação (TI) como ferramenta imprescindível para a construção civil. Programas como PAC e Minha Casa, Minha, Vida, e a previsão de grandes obras de infraestrutura por conta de eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas, acordaram empreendedores, construtoras e contratantes públicos para o tema. O xis da questão é que a TI, além de agilizar as obras, ajuda a dar qualidade aos projetos e dá mais confiabilidade às decisões.
O problema, alerta o presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac), professor Francisco Ferreira Cardoso, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), é que ações governamentais precisam fomentar mais o setor a investir em tecnologia, desenvolvimento, pesquisa e inovação. É disto que ele trata na entrevista a seguir. Confira:
O que falta para que a Tecnologia da Informação (TI) seja totalmente incorporada pelo setor da construção civil?
Muitos avanços ocorreram nos últimos anos nessa área, mas falta ainda uma disseminação das conquistas. A grande maioria das empresas do setor é formada por micro ou pequenas empresas, sejam elas projetistas, construtoras ou subempreiteiras que executam serviços específicos nas obras - isso citando apenas alguns dos agentes setoriais. Elas têm computadores e os utilizam em partes de suas atividades, mas de forma isolada. A grande maioria não tem um sistema gerencial, quanto mais pensar numa integração gerencial. Muito poucas se comunicam com clientes e fornecedores via TI. Faltam-lhes gestão, faltam-lhes capacitação, faltam-lhes diversos recursos. As tecnologias existem, mas ainda não foram incorporadas pelas empresas por esse Brasil afora.
No que o uso da TI ajuda na aceleração de processos construtivos e no barateamento das obras?
Ajuda, pois permite o uso de ferramentas que ajudam a alcançar os objetivos traçados. Mas somente TI não resolve. A empresa tem que ter gestão, tem que dominar as tecnologias construtivas. É preciso integração com sua cadeia de suprimentos.
O senhor avalia que, no Brasil, falta também Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) nas áreas relacionadas ao ambiente construído, como habitação, materiais, processos construtivos e saneamento?
Mais uma vez aqui muitos avanços ocorreram. Várias empresas têm investido, principalmente a indústria de materiais de construção, mas é preciso que os outros agentes da cadeia construtiva acompanhem esse avanço. As construtoras, por exemplo, investem muito pensando no curto prazo, mas ainda investem muito pouco ou quase nada em pesquisa e desenvolvimento. Falta muita pesquisa e a maioria dos agentes do setor nem se dá conta disso.
Quais as ações governamentais que precisam ser implementadas para que tecnologia e pesquisa ganhem espaço na construção civil brasileira?
Estive recentemente no Construbusiness e, neste ano, dois ministros falaram - o da Indústria e Comércio Exterior e o dos Esportes -, assim como o presidente do Banco Central e as lideranças empresarias do setor. Porém, nenhum fez qualquer referência ao desenvolvimento tecnológico e à necessidade de investimentos em P&D na construção civil. Penso que acham que o setor é diferente dos outros, como o automobilístico, o eletrônico, o de telecomunicações, o de energia. Para estes, certamente acham que governos e empresas devem investir firme em P&D. Já na construção, ora a construção, pensam que é bom fazermos com sempre fizemos, ou seja, acham que as inovações vêm da prática, do empirismo. Não percebem que precisa haver investimento em P&D, assim como uma política de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) para o setor.
Por que isso ocorre?
O que acontece é que os recursos não são destinados ao setor da construção civil na devida medida da sua importância econômica e social. Até porque, como não há uma política setorial de C,T&I, e os agentes do setor não percebem a importância dos investimentos em P&D, não há demanda e muito menos pressão por recursos. Já os outros setores, muito mais avançados na percepção da importância desse tema, conseguem uma parcela muito maior do dinheiro do que sua importância social e econômica lhes destinaria. Eles têm razão em brigar por recursos. Nós é que estamos errados.
No que programas de infraestrutura e habitacionais, estimulados pelo governo, podem ajudar a reverter esse quadro?
Já estão ajudando. Por exemplo, o Ministério das Cidades, com a nova versão do PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade de Habitat), percebeu que não pode trabalhar sozinho. O programa Minha Casa, Minha Vida tem todos os seus projetos vinculados ao PBQP-H. Isso significa o uso obrigatório de produtos, conforme as normas e aos seus programas setoriais da qualidade, assim como a contratação de construtoras com sistema de gestão de qualidade certificado. Ele cobra também o uso de tecnologias inovadoras, que tenham obrigatoriamente seu desempenho atestado, com destaque para a durabilidade.
Quais os planos da ANTAC para reverter esse cenário?
Estabelecer, junto com os agentes públicos e privados do setor, uma política de Ciência, Tecnologia e Inovação para o ambiente construído. Com ela, poderemos todos fazer planos, estabelecer metas, conseguir recursos e alinhar iniciativas. Também é preciso ofertar pesquisa - via universidades e institutos de pesquisa - e estimular a demanda, para que os avanços e as inovações se alinhem com mais facilidade ao setor da construção civil.
Falando de sistemas construtivos, tem-se hoje no país muitas alternativas, como formas, pré-fabricados, etc. Neste quesito, o Brasil evoluiu ou ainda deixa a desejar em relação a outros países?
Estamos refazendo o que fizemos nos anos 1970 e 1980. A tecnologia daquela época foi perdida, até porque também na ocasião não houve desenvolvimento tecnológico, apenas cópia. Hoje não mudou muito. Quem tem uma solução completa, estudada, que garanta não somente custo, mas desempenho, durabilidade, ausência de manifestações patológicas? Poucos. Cada um trabalha do seu lado, mas pouco se pensa sistemicamente. Aconteceram evoluções, muitas das quais promovidas pela indústria de materiais, mas que ainda não se tornaram uma solução definitiva na obra. Uma evolução importante foi a introdução do conceito de desempenho, mas que ainda é desconhecido da maioria, quanto mais praticado. O outro é o da sustentabilidade, principalmente da sua dimensão ambiental, mas para ele a realidade também é a mesma, ou seja, poucos praticam.
No que o quesito qualificação profissional pesa neste arcabouço todo que o senhor colocou?
Acho que não só o quesito capacitação profissional, mas também o capacitação empresarial. Principalmente dos microempresários. Quem produz de fato nos canteiros de obras, sejam eles das construtoras, sejam de obras construídas pelo regime de autogestão, são as empresas executoras de serviços de obras. Essas são tão ou mais desamparadas do que os trabalhadores do setor. Faltam-lhes recursos e competências, incluindo tecnologia, organização e gestão. São várias dezenas de empresas que precisam ser capacitadas, precisam de recursos, principalmente crédito e, mais ainda, precisam ser contratadas pelo valor justo - seus diferenciais precisam ser reconhecidos e o valor que agregam remunerados. Quase nunca é assim, e acabam sendo contratadas pelo preço mínimo, concorrendo com empresas ilegais. Nenhuma tecnologia vai funcionar sendo executada por empresas sem recursos e competências que sejam reconhecidos e incentivados pelos contratantes.
Qual o papel das escolas nesse processo de transformação?
Escolas, em todos os níveis, formam os cidadãos e os profissionais do setor - do ensino fundamental ao superior e à pós-graduação, passando pelo ensino profissional de trabalhadores da produção, por exemplo. Sem a escola fica faltando um ativo essencial ao setor e ao país: mão-de-obra capacitada em todos os níveis. Inclusive engenheiros e arquitetos.
Entrevistado:
Francisco Cardoso, presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac): francisco.cardoso@poli.usp.br
Texto complementar
Sebrae discute projeto para estimular TI
Pequenas empresas terão recursos para investir em projetos de Tecnologia da Informação
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Nacional) está discutindo um projeto novo que prevê o financiamento de micro e pequenas empresas de tecnologia da informação (TI). O setor está conseguindo recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para inclusão digital de pequenas empresas, disse o diretor técnico da entidade, Luiz Carlos Barboza.
Segundo ele, a linha de crédito vai financiar a aquisição de equipamentos e programas de gestão. Hoje, as pequenas empresas compram o computador, têm acesso à internet, mas não utilizam o potencial da inteligência", afirmou . "Ficam usando como correio eletrônico, para acessar a conta do banco. Não passa muito disso.
As pequenas empresas que tomarem os recursos terão consultoria do Sebrae e da Federação Nacional das Empresas de Serviços Técnicos de Informática e Similares (Fenainfo). Numa primeira fase, em 2010, cerca de 20 mil micro e pequenas empresas deverão ter acesso a esse financiamento.
O Sebrae Nacional já desenvolve parcerias com várias entidades para inclusão de pequenas empresas, como o Programa de Estímulo ao Uso de Tecnologia da Informação em Micro e Pequenas Empresas (Proimpe). Um exemplo é o setor de confecções, onde são desenvolvidos programas de computador para o setor.
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Dubai Mall
Maior Shopping do Mundo
Créditos: Vanda Pereira Cúneo - Assistente de Marketing
O Dubai Mall é o maior shopping center do mundo. Está localizado no complexo Burj Dubai em Dubai nos Emirados Árabes Unidos. Foi inaugurado em 4 de novembro de 2008. O shopping custou 20 bilhões de dólares e possui 1.200 lojas, hotel, 22 salas de cinemas multiplex stadium, uma praça de alimentação com 160 operações fast-food e 120 restaurantes, uma pista de patinação (Dubai Ice Rink) e o maior aquário do mundo segundo o Guiness Book com mais de 33.000 animais marinhos em exposição (Dubai Aquarium and Discovery Centre).
Localização: Dubai
Inauguração: 4 de novembro de 2008
Lojas: 1200
- Âncoras: 4 lojas âncoras
- Cinema: 22 salas Reel Cinemas
- Alimentação: Praça com 160 operações fast-food e 120 restaurantes
Estacionamento: 14.000 vagas
Website: www.thedubaimall.com
Fonte: Wikipedia
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De Cidade Maravilhosa a Cidade em Obras
Sede de Copa do Mundo e de Olimpíadas, Rio de Janeiro será o eldorado da construção civil nos próximos seis anos
Principal sede da Copa 2014, e palco das Olimpíadas de 2016, a capital fluminense vai trocar, nos próximos seis anos, o título de Cidade Maravilhosa pelo de Cidade em Obras. As construções, que irão transformar o Rio de Janeiro, englobam rodovias, aeroportos, metrô, trem-bala, infraestrutura da cidade e, óbvio, os palcos para as competições.
A estimativa é que o Rio receba investimentos na ordem de R$ 30 bilhões até 2016, transformando-se no eldorado da construção civil brasileira. Destes recursos, 40% serão destinados à infraestrutura urbana, 30% para complexos esportivos e 30% para a construção de 20 mil quartos de hotéis e pousadas.
Setor da construção civil deve estar preparado para a demanda
Os anteprojetos das obras deverão ser apresentados em janeiro de 2010 pelo COJO (Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do COB). Segundo o presidente do Sinduscon-RJ, Roberto Kauffmann, uma preocupação do setor da construção civil é tomar conhecimento simultâneo dos anteprojetos e poder colaborar com sugestões. O Sinduscon-RJ espera que os projetos tenham prazos certos e não esbarrem nos licenciamentos municipais, estaduais e federais, disse Kauffmann.
Obras que envolvem eventos gigantescos como Copa do Mundo e Olimpíadas requerem planejamento. Na opinião do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, é isso que não só o Rio de Janeiro, mas o Brasil, terá de reaprender a partir de 2010. "O Brasil virará um canteiro de obras nos próximos seis anos e estávamos desacostumados com isso. Por isso, tínhamos desaprendido a planejar. Esses eventos trarão um novo patamar para o setor de infraestrutura nacional", prevê.
O presidente do Sinduscon-RJ não tem dúvidas de que toda a cadeia produtiva da construção civil deverá estar preparada para o que virá. "Será um significativo crescimento. Da indústria cimenteira à de equipamentos de construção, a demanda será alta", diz.
De fato, dados da Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema) apontam para caminho semelhante. Em 2009, o mercado brasileiro de equipamentos de construção experimentou retração de 24% nas vendas devido à crise financeira internacional. No entanto, em 2010, pretende expandir entre 24% e 25%.
Para isso, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 serão fundamentais. "Esses são projetos que têm data para serem inaugurados. Ou seja, saiu do discurso político e entrou agora a necessidade de ser feito. E esse processo arrasta junto com ele uma série de necessidades de infraestrutura", diz o vice-presidente da Sobratema, Eurimílson João Daniel.
Quem comemora também é o setor de pré-fabricados. Sobretudo o que atua em construções hoteleiras. Para agilizar as obras, a expectativa é que os sistemas construtivos automatizados tornem-se o carro-chefe diante de cronogramas rígidos. Essa foi uma das conclusões surgidas na Feira Construir, que ocorreu em novembro na capital fluminense. O evento debateu as transformações pelas quais a cidade irá passar, por conta de 2014 e 2016, e concluiu que 55 setores da economia serão beneficiados, mas no alto do pódio estará a construção civil.
Por conta desta expectativa, recente pesquisa realizada pela consultoria Manpower, por encomenda do SindusCon-RJ (Sindicato da Indústria da Construção Civil do estado do Rio de Janeiro), estima que as contratações para eventos como Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016 devem começar já em 2010. Por isso, a expectativa líquida de emprego nos três primeiros meses do próximo ano é de 46% em relação ao mesmo período de 2009. "A construção civil está mais otimista com os anúncios da Copa do Mundo e das Olimpíadas e já se movimenta para criar a infraestrutura necessária para atender a demanda que virá pela frente", avalia Pedro Guimarães, diretor da Manpower.
Entrevistados:
Roberto Kauffmann, presidente do Sinduscon-RJ: comunicacao@sinduscon-rio.com.br
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: ascom@desenvolvimento.gov.br
Fábio Casagrande, engenheiro-diretor da Sudeste: damaris@atitudepress.com.br (assessoria de imprensa)
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Engenharia Natural é profissão do presente e do futuro
Também conhecida como Bioengenharia de Solo, profissão desembarca nas obras de infraestrutura e mexe no mercado de trabalho
Neste mês, a cidade de Copenhague, na Dinamarca, sedia a conferência sobre mudanças climáticas. As nações vão definir metas para conter o avanço do efeito estufa e criar estímulos para projetos que reduzam a interferência no meio ambiente. Dentro deste cenário, começa a se destacar um novo tipo de engenharia: a Engenharia Natural.
No Brasil, empresas envolvidas com obras de infraestrutura começam a se interessar por profissionais especialistas em Engenharia Natural. Os cursos no país são poucos e estão no nível da pós-graduação. Assim, quem se especializa é imediatamente requisitado.
Fabrício Jaques Sutili, professor-adjunto do Departamento de Engenharia Florestal do Centro de Educação Superior Norte-RS da Universidade Federal de Santa Maria, é uma das referências do país no assunto. Nesta entrevista, ele revela como a Engenharia Natural pode ser útil às obras que o Brasil planeja construir. Confira:
Qual a diferença entre Bioengenharia de Solos e Engenharia Natural?
Nenhuma. Existe uma profusão de sinônimos: Engenharia Naturalística, Engenharia Biofísica, Engenharia Verde... Os termos Bioengenharia de Solos e Engenharia Natural foram os que se consolidaram. No Brasil usam-se ambos. Em Portugal, consolidou-se o segundo, existindo inclusive a Associação Portuguesa de Engenharia Natural (APENA).
Qual, então, a definição de Engenharia Natural?
Trata-se de uma área da engenharia que valoriza soluções que lancem mão das características técnicas da vegetação, associadas ou não a métodos e materiais tradicionais, para solucionar problemas que vão desde a erosão superficial do solo até a estabilização de encostas ou taludes artificiais. O mais importante é que a vegetação seja entendida como componente estrutural e não somente como acabamento estético.
No Brasil, a Engenharia Natural já encontra demanda ou ainda carece de um melhor entendimento do mercado?
Devo concordar que no Brasil ainda carecemos não só de uma maior compreensão sobre as potencialidades de aplicação, como também existe a necessidade de se buscar informações que subsidiem a aplicação das técnicas. Refiro-me especialmente a necessidade de pesquisas que apoiem com informações sobre as características biotécnicas da vegetação. Os modelos de intervenção podem ser, em parte, copiados de outros lugares, já as propriedades técnicas da nossa vegetação devem ser ainda investigadas.
Obras em ambiente fluvial e rodovias são as que melhor podem se aproveitar da Engenharia Natural?
A Engenharia Natural encontra sua maior aplicação na estabilização de taludes fluviais e de encostas, bem como na estabilização de taludes artificiais (sejam de corte ou aterro), como os provenientes da construção de estradas. Particularmente me dedico à aplicação das técnicas de Engenharia Natural em ambiente fluvial, no entanto, vejo sua utilização no ambiente rodoviário como bastante promissora do ponto de vista comercial.
No que a Engenharia Civil pode agregar a Engenharia Natural?
A Bioengenharia de Solos ou Engenharia Natural vale-se enormemente dos conceitos da Engenharia Civil. Estas obras, apesar de sua simplicidade, são obras de engenharia e devem respeitar os rigores de planejamento e intervenção próprios de qualquer intervenção deste tipo. O que difere as biotécnicas das técnicas tradicionais é o fato de utilizarem como componente estrutural, também, elementos vivos (plantas). Uma das grandes dificuldades hoje não só no Brasil é encontrar parâmetros para o cálculo de estabilidade destas obras. Está aí um grande desafio de engenharia.
Obras em concreto e obras com o conceito de Engenharia Natural podem coexistir no mesmo projeto?
Não só podem coexistir no mesmo projeto, como o concreto pode fazer parte das intervenções de Engenharia Natural. O conceito de Engenharia Natural dado por SCHIECHTL (uma das maiores autoridades na área) diz: São técnicas (biotécnicas) em que plantas, ou partes destas, são utilizadas como material vivo de construção. Sozinhas, ou combinadas com materiais inertes, tais plantas devem proporcionar estabilidade às áreas em tratamento. O concreto é um material inerte (assim como madeira, pedra, metal...) que pode ser combinado com materiais vivos. E aí está outro desafio de engenharia, para esse setor econômico.
Já há cursos no Brasil, ou apenas a Universidade Federal de Santa Maria está investindo nesta área?
Não existe nem no Brasil ou em outro país um curso superior que trate somente da Engenharia Natural. O que existe são cursos superiores que valorizam (com maior ou menor ênfase) em seu currículo esse campo de conhecimento. Em algumas universidades da Europa existem institutos de pesquisa exclusivos ao tema. No Brasil já existem universidades se interessando por essa área. Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) a Bioengenharia de Solos é uma linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, bem como o conteúdo é tratado dentro da disciplina de Manejo de Bacias Hidrográficas que é obrigatória do curso de graduação em Engenharia Florestal e é oferecida como disciplina optativa para outros cursos da universidade. A Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul vem se interessando pelo tema e, juntamente com o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da mesma instituição, vem promovendo palestras e cursos para seus alunos de graduação e pós. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia através dos seus programas de pós-graduação vem se envolvendo com o tema. Tenho conhecimento de monografias sobre o tema escritas em cursos de geografia, arquitetura, engenharia civil e engenharia florestal de diferentes universidades. Essas últimas, normalmente, são iniciativas que partem do interesse particular do acadêmico, não quer dizer que o tema seja diretamente tratado durante o curso de graduação.
Como está o processo de utilização da Engenharia Natural em outros países? Em qual deles ela está mais avançada?
Estas técnicas consolidaram-se e encontram-se mais difundidas na Europa central, em países como Áustria, Alemanha, França, Suíça e no norte da Itália; bem como na America do Norte. Ultimamente vem ganhando bastante aplicação no ambiente mediterrânico. Com apoio de instituições (universidades) europeias começam a existir alguns exemplos na América do Sul. Duas universidades se destacam como difusoras na America Latina: a Universität für Bodenkultur, de Viena, na Áustria, com seu convênio com o Departamento de Engenharia Florestal do Centro de Educação Superior Norte da Universidade Federal de Santa Maria, e a Università degli Studi di Firenze, pelos trabalhos realizados especialmente na Nicarágua e também pelo contato que possui com a UFSM.
O brasileiro que quiser se especializar em Engenharia Natural tem de sair do país para estudar?
Não necessariamente. Claro que estudar em um instituto que se dedique integralmente ao tema, e já tenha tradição, é um diferencial. No entanto, já existem cursos de graduação que possuem o tema eu seus currículos e cursos de pós-graduação que já desenvolvem dissertações e teses na área.
Há muitos profissionais especializados hoje no Brasil?
Acredito que não. Mesmo na UFSM o tema foi incluído há pouco tempo no currículo e a linha de pesquisa na pós-graduação é uma das mais recentes de todas.
Os profissionais existentes no Brasil hoje, que entendem de Engenharia Natural, estão trabalhando em que tipo de empresa ou a maioria está atuando em pesquisa e educação?
A maioria ainda está atuando na pesquisa e educação (como é a lógica normal). Profissionais em empresas ou autônomos que ofereçam projetos de Engenharia Natural ainda são poucos. Com o tempo teremos profissionais saindo dos cursos de engenharia (das diferentes modalidades) com esse conhecimento.
Esses profissionais são bastante requisitados para projetos?
Sim. Os professores e pesquisadores dedicados ao tema não tem falta de trabalho e são constantemente requisitados a opinar e colaborar em diferentes níveis, desde a realização de cursos técnicos extra-universitários até a participação em projetos. A situação se agrava por ainda serem poucos os técnicos formados já com condições de atuarem nesse ramo de mercado.
Existe no país atualmente um projeto que seja um case de Engenharia Natural?
Sim. Na região Sul temos várias obras implantadas pela UFSM e por empresas; além de um programa de investigação das características biotécnicas da vegetação que se desenvolve desde o ano de 2001. Apesar de serem poucas, na região central do país, existem empresas capacitadas e, por que não dizer, já com tradição em Engenharia Natural.
Entrevistado:
Fabrício Jaques Sutili, professor-adjunto do Departamento de Engenharia Florestal do Centro de Educação Superior Norte-RS da Universidade Federal de Santa Maria: fjsutili@gmail.com
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Setor da construção civil desembarca na Bolsa
Após euforia, ações de construtoras retomam crescimento sustentável e atraem até investidores estrangeiros
Elas já são 24, mas em 2010 a expectativa é que o número cresça. Tratam-se das empresas ligadas ao setor imobiliário construtoras e incorporadoras que desde 2005 invadiram as bolsas de valores do Brasil e, após quatro anos no mercado de ações, estão saindo do estado de euforia para o de confiabilidade. Neste ponto, a crise global do ano passado fez bem ao setor. Ela serviu para estourar a bolha e depurar os investimentos. O excesso de otimismo foi tocado por um crescimento mais consistente e de longo prazo, explica o analista de investimentos Sílvio Araújo, da Lopes Filho & Associados, Consultores de Investimentos Ltda.
No período de euforia, em 2006, o setor imobiliário chegou a invadir o pregão da Bovespa com o recorde de 15 ofertas de ações em apenas 12 meses. Com altas que chegaram a bater em 80%, o mercado acionário atraiu mais empresas, o que começou a deixar os investidores desconfiados. O motivo era o histórico do setor, que tinha alto grau de informalidade. Com o fim da bolha, ficaram as empresas que hoje têm compromisso com a governança, gestão, transparência e que conseguiram transmitir confiabilidade ao mercado. Resultado: elas estão conseguindo atrair investidores estrangeiros e estabelecendo parcerias cada vez mais sólidas com instituições financeiras.
Analistas avaliam que os bancos passaram a enxergar o crédito imobiliário não apenas como uma obrigação perante o governo federal (que determina o uso dos recursos obtidos via poupança para este fim), mas também como forma de captar e fidelizar clientes. Isso levou instituições financeiras, como Banco do Brasil e Bradesco, além dos estrangeiros BNP Paribas e Societé Generale, a investirem no segmento. E a tendência é de aumentarem o grau de investimento a partir do programa Minha Casa, Minha Vida. A razão é que as empresas redefiniram suas estratégias para atender a baixa renda, para onde o programa habitacional aponta e onde há um déficit de mais de 7 milhões de residências.
Como exemplo, a Company, de São Paulo, decidiu estudar as condições do mercado de imóveis de valor entre R$ 50 mil e R$ 150 mil. Já a Cyrela criou uma nova empresa, a Living, para atuar no mercado de apartamentos de R$ 100 mil - valor cinco vezes menor do que aquele dos imóveis que costumava entregar antes. Gafisa, por sua vez, fez uma joint venture (empreendimento conjunto) com a Odebrecht também para atender esse público. De todas as listadas, a Rossi é a que mais acumula experiência no segmento de baixa renda. Temos um extenso histórico de empreendimentos para essas classes, desde a época do Plano 100, em 1992. Continuamos atentos a esse mercado, afirma Leonardo Diniz, diretor comercial da Rossi.
Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abcip) revelam que o crédito imobiliário em relação ao PIB no Brasil situa-se em torno de 5%. Neste ano, apesar dos reflexos da crise internacional, o volume de crédito deverá superar os R$ 30 bilhões de 2008. Isso demonstra que o crédito imobiliário cresce com sustentabilidade. Além do mais, em outros países, como Espanha e Portugal, por exemplo, o crédito imobiliário chega a até 50% do PIB. Significa que no Brasil ainda há muito espaço para crescimento, desde que o setor faça o que vem fazendo: se adaptando à realidade nacional.
Números da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) mostram que 92% das famílias sem imóveis no país têm renda inferior a cinco salários mínimos - R$ 2.325,00. As empresas que fizeram esse reordenamento, para atender os consumidores de média e baixa renda, são as que terão maior suporte para continuar crescendo e colhendo sucesso na Bolsa, prevê o analista de investimentos Sílvio Araújo.
Entrevistados:
Sílvio Araújo, da Lopes Filho & Associados, Consultores de Investimentos Ltda: silvio@lopesfilho.com.br
Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abcip) - Assessoria de imprensa: fabio@abecip.org.br e site (www.abecip.org.br)
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Infraestrutura logística cresce 2,1% em 2009
Setor investe no modelo built to suit, que é a encomenda de uma obra sob medida para a atuação da empresa contratante
Devido ao setor das construções corporativas revelarem significativo crescimento, empresas especializadas em terceirização imobiliária veem uma grande oportunidade de negócio. Estas trazem ao mercado corporativo uma solução de não investimento em ativos se responsabilizando pelas construções necessárias e manutenção das áreas físicas. Enquanto isso, as organizações conseguem baixar seus custos de operações e mantém foco em sua atividade principal.
Dois formatos se destacam no segmento de infraestrutura logística: o modelo built to suit, que é o desenvolvimento de uma obra encomendada por determinada empresa sob medida para sua atuação; e os condomínios logísticos, onde são construídos armazéns padronizados para atender diversos setores com necessidade de poucas adaptações. Nas duas opções, o objetivo é firmar contratos de longa duração de locação para ocupação da área física sem necessidade de mobilizar o capital da empresa em um ativo, além de compartilhar serviços integrados ofertados dentro do condomínio.
Segundo pesquisa da CB Richard Ellis, os investimentos em construções no perfil registram crescimento, sendo que somente de janeiro a junho deste ano foram construídos 63 mil metros quadrados. Em comparação ao mesmo período de 2008, a metragem é 2,1% superior à área total dos empreendimentos existentes nas regiões avaliadas. O levantamento também indica um aumento significativo da absorção de espaços vagos nos condomínios logísticos. O ano de 2008 encerrou com um dos melhores resultados, superando 500 mil metros quadrados absorvidos.
Um dos grupos que experimenta esse crescimento é o Perini, que atua no Brasil em diferentes setores industriais e oferece através da Perville Pré-fabricados soluções diferenciadas para a implantação de indústrias no sul do Brasil. A empresa investe maciçamente em tecnologia e em recursos humanos, o que tem feito dela uma referência técnica para clientes, universidades e centros de pesquisa em tecnologia da construção.
Operando desde 1999, a Perville Pré-fabricados implantou o Condomínio Industrial Perini Business Park, no distrito industrial de Joinville. O empreendimento atende as mais exigentes necessidades de desempenho e foi construído dentro do conceito conhecido como "Sistema Aberto", que permite que os elementos possam ser montados ou adaptados a outros modelos construtivos disponíveis do mercado.
A produção da Perville Pré-fabricados é realizada em uma fábrica de 7.000 m² com capacidade de produção de 12.000 m³ de concreto/ano, e equipamentos para realizar essa montagem em um raio de ação de 500 quilômetros.
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Sinaenco alerta para deterioração de Brasília
Capital federal, prestes a completar 50 anos, enfrenta problemas de infraestrutura urbana por falta de manutenção
Prestes a completar 50 anos, a infraestrutura de Brasília - galerias, córregos, pontes, passarela e viadutos - está envelhecendo e se deteriorando devido à falta de uma política permanente de manutenção desses equipamentos públicos. De acordo com técnicos, obras de engenharia têm vida útil estimada de 50 anos. Levando em conta que parte desse patrimônio foi construído nas décadas de 1950 e 1960, dá para afirmar que a capital federal está com "prazo de validade vencido".
O Sindicato Nacional de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) destaca a importância da manutenção do centro da administração pública nacional. "A população, infelizmente, ainda não percebeu o papel fundamental da manutenção do patrimônio público para evitar o desperdício de recursos escassos", diz José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco. Vários estudos internacionais e nacionais têm sido unânimes em mostrar que os custos de restauração e de reforço são sempre muito mais elevados do que os de prevenção.
Esse cenário complicado, que já traz inúmeros problemas à população e às economias da capital do Distrito Federal e brasileira, tem solução e é essa discussão que permeou o evento Distrito Federal: Infraestrutura com prazo de validade vencido, promovido pelo Sinaenco no final de novembro. "Transformamos essa questão em uma campanha nacional permanente do Sindicato, para provocar a conscientização da sociedade e, por decorrência dos governantes, sobre a importância da manutenção da nossa infra-estrutura pública", ressalta Bernasconi.
Desde que o Sinaenco iniciou a campanha já foram percebidos alguns resultados. Em São Paulo, o orçamento para investimentos em manutenção passou de R$ 3 milhões em 2005 para aproximadamente R$ 150 milhões em 2008, provando os resultados do impacto deste estudo. Na Bahia, 10% das obras apontadas como problemáticas no primeiro estudo, em março de 2006, foram recuperadas. Em Belo Horizonte, 30% da obras apontadas foram recuperadas.
Fonte: Sinaenco
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Inovação em foco no Eninc 2009
Especialistas dizem que setor deve aproveitar cenário atual para investir em tecnologias inovadoras
Contribuir para a formação de uma cultura da inovação e levar tecnologia às micro e pequenas empresas da construção civil. Esta foi a proposta do Encontro Nacional de Inovação na Construção Civil, Eninc 2009, realizado em Maringá. O evento, que reuniu 3 mil pessoas entre os dias 28 e 30 de outubro, foi promovido pelo Sebrae/PR e Sindicato da Indústria da Construção Civil da Região Noroeste do Paraná (Sinduscon-NOR/PR).
De acordo com Edvaldo Correa, Coordenador Estadual da Construção Civil do Sebrae/PR, o Eninc apresentou várias iniciativas e debates que contribuem para a formação de uma cultura inovadora nos mais diversos elos da cadeia produtiva do setor. A inovação na construção civil é um caminho que não tem mais volta avalia. Para ele, o ambiente de mercado atual é promissor para investimentos em inovação, seja no desempenho do produto, na melhoria do processo construtivo ou nos próprios métodos de promoção dos produtos aos consumidores.
Para Marcos Mauro de Araújo Moreira Filho, presidente do Sinduscon-NOR/PR, os profissionais e empresas do setor estão realmente interessados em inovar. Só o SENAI Maringá fomentou 17 contratos na área de desenvolvimento tecnológico durante o evento comemora.
Entre os destaques do encontro estão: o sistema construtivo steel frame (estrutura em aço leve); o lean construction (construção enxuta baseada na Gestão da Produção); a alvenaria estrutural com blocos; os projetos de casas sustentáveis; o novo perfil profissional para a construção civil; soluções em tecnologia de informação para as imobiliárias; casas com paredes pré-fabricadas; sistemas alternativos em alvenaria estrutural; soluções para projetos de resíduos sólidos; tecnologia de reforços estruturais em edificações; sistemas de fachada pronta baseado no conceito do vidro/alumínio.
Correa garante que essas técnicas são viáveis para utilização nos canteiros de obras. Em geral, as novidades apresentadas podem ser aplicadas imediatamente. Tomamos o cuidado de selecionar inovações que já tivessem sido experimentadas e validadas.
O coordenador do Sebrae ressalva, no entanto, que cada inovação depende de uma análise para sua aplicação conforme o posicionamento estratégico da empresa e seu mercado de atuação. Estar atento às demandas dos consumidores, das mudanças legais e da concorrência são um bom ponto de partida para esta análise. Inovação requer metodologia, profundo conhecimento e investimento.
A importância da inovação para a construção civil
A construção civil brasileira, diferentemente de outros setores industriais, não tem sido uma referência em relação à inovação nos últimos anos. Apesar de responder por uma fatia significativa do Produto Interno Brasileiro (PIB), cerca de 5% do total, a construção civil é, talvez, o único setor da economia que ainda não se industrializou por completo.
Edvaldo Correa explica que o ciclo evolutivo do setor, iniciado na década de noventa, não teve continuidade nos anos 2000, em virtude principalmente do mercado menos rentável no referido período. Consequentemente, as empresas não reinvestiram em seus negócios em patamares suficientes para manter um grau competitivo nos níveis tecnológico e organizacional argumenta. Marcos Mauro ressalta ainda que os custos para introdução de novas tecnologias eram fora da realidade do mercado, o que dificultava sua implementação.
A inovação pode melhorar significativamente para o setor da construção civil quesitos importantes como a produtividade e a redução de custos, além de propiciar avanços significativos na gestão da qualidade, saúde, segurança e meio ambiente, diz Correa. E para que esta modernização do setor aconteça de fato, ele reforça a necessidade da inovação, particularmente nos temas tecnologia da informação, métodos e sistemas construtivos.
O presidente do Sinduscon-NOR/PR ressalta que para o setor continuar progredindo, além da inovação, é preciso acabar com a informalidade. A informalidade é um câncer necessário de se combater, pois é totalmente contrária à inovação, priva o aspecto de sustentabilidade com seus altos índices de desperdício e ainda gera riscos à atividade do trabalhador.
Correa avalia que a indústria fabricante de produtos básicos para o setor, em geral, tem evoluído bem nas inovações, estando a preocupação maior por conta da necessidade de modulação, em última análise, do chamado BIM Building Information Modeling (Modelagem de Informações para a Construção). Outro setor que de acordo com ele tem avançado são os produtos imobiliários e os novos modelos de negócios das construtoras. As áreas mais defasadas tem sido a de insumos e sistemas básicos da construção, tais como blocos cerâmicos e serviços de serralheria, por exemplo diz.
Marcos Mauro enumera alguns itens para os quais, segundo ele, a inovação na construção civil é indispensável:
* Suprir a escassez crescente de mão de obra capacitada;
* Acelerar o ritmo de produção na perspectiva de atender a demanda futura do mercado (Copa 2014, Olimpíadas 2016, Programa Minha Casa, Minha Vida), sem contar os eventuais processos que já ocorriam antes deste boom;
* Diminuir os desperdícios e garantir a sustentabilidade dos projetos;
* Manter a eficiência em aspectos de produtividade.
Quando perguntado sobre o que falta para o setor se modernizar, o representante do Sinduscon-NOR/PR sinaliza a falta de políticas de crédito que possibilitem a introdução de tecnologias e de novos processos construtivos; investimentos governamentais em projetos de academias de ensino; e a mudança cultural dos gestores públicos de maneira a incentivar a aplicação de novas tecnologias em obras públicas.
Entrevistados:
Edvaldo Correa, Coordenador Estadual de Construção Civil do SEBRAE/PR
E-mail: ecorrea@sebraepr.com.br
Marcos Mauro de Araújo Moreira Filho, presidente do Sinduscon-NOR/PR
E-mail: marcosmauro@metroengenharia.com.br
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Brasil carece de gestão habitacional
Especialista em conforto ambiental defende que é hora de valorizar o habitante e não só o aspecto econômico das obras
Na casa, os banheiros e a cozinha têm problemas de ventilação e luminosidade, o que torna os ambientes pouco saudáveis. O pé direito é baixo e gera superaquecimento em dias quentes, além de amplificar os ruídos. No apartamento, é possível escutar o barulho do elevador, estando na sala, ou, do quarto, ouvir o som da televisão do vizinho.
Você já frequentou residências com essas características? Se a resposta for sim, você já sentiu na prática como projetos que ignoram o conforto ambiental podem trazer transtornos aos moradores.
Para a professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), titular da cadeira de Conforto Ambiental, Cláudia Barroso-Krause, esses sintomas ocasionados por habitações mal projetadas são os mais leves que podem ocorrer. Ela relata que há casos em que os moradores adquirem doenças crônicas por causa das construções. É comum habitações com problemas de luminosidade influenciarem na perda de qualidade de aprendizado de crianças ou trazerem problemas respiratórios ou relacionados ao sono, exemplifica.
Para evitar problemas aos habitantes, Claudia Barroso-Krause defende que o Brasil adote um modelo de gestão habitacional baseado em conforto ambiental. Segundo ela, o foco único no aspecto econômico da construção gerou projetos ineficientes do ponto de vista de conforto ambiental, sobretudo a partir da década de 1980. Até a década de 1960, 1970, as casas tinham espaços amplos, pé direito alto. Agora, por uma questão de custo e por falta de consciência de muitas construtoras, a individualidade do morador ficou prejudicada. Os projetos ficaram cada vez mais empilhantes, diz.
Barroso-Krause defende que prevaleça um novo modelo de gestão, em que se valorize o usuário. É preciso, talvez, separar as habitações segundo o público a que se destinam, o rigor do clima em que se inserem e retomar a relação entre construtor e cliente/usuário. E isso, é bom que se diga, não onera em nada a construção e nem vai causar ruído entre arquitetos e engenheiros. Basta que a concepção do projeto seja bem feita, avalia.
Em sua tese, de que o Brasil precisa ter um modelo de gestão habitacional, a especialista avalia que ela pode se tornar real a partir do programa Minha Casa, Minha Vida. Cláudia Barroso-Krause entende que a Caixa Econômica Federal tem se empenhado em exigir questões básicas do conforto ambiental e de eficiência energética nos projetos para os quais libera financiamento. Ela avalia ainda que sistemas construtivos modernos também começam a ir nesta direção. A partir do momento em que a sustentabilidade é levada em conta durante a construção, significa que o conforto ambiental já está inserido na obra, define.
Texto complementar
Sete mandamentos do conforto ambiental
Quando for usufruir de um imóvel, verifique se:
* Cozinha e banheiro têm ventilação e luminosidade
* Quartos permitem acesso da luz do Sol
* Paredes filtram ruídos externos
* Pé-direito é acima de 2,20m
* Áreas comuns do condomínio não interferem na privacidade da habitação
* Não há infiltrações ou vazamentos
* Área útil é compatível com número de pessoas que vão ocupar a habitação
Entrevistada: Cláudia Barroso-Krause: barroso.krause@gmail.com
Site da entrevistada: www.proarq.fau.ufrj.br/pesquisa/gpas
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Competição de canoas de concreto
Ideia originada nos Estados Unidos promove aprendizado e integração a alunos da Universidade Positivo
Créditos: Engº. Carlos Gustavo Marcondes Assessor Técnico Comercial Itambé
Em 1849, surgiu a primeira obra de concreto armado do mundo: uma canoa construída pelo francês Joseph-Louis Lambot.
Em 1960, a ASCE Sociedade Americana dos Engenheiros Civis, junto com universidades canadenses e mexicanas, criou uma competição de canoas de concreto homenageando assim o pai do concreto armado.
Em consonância com a ideia americana, a Universidade Positivo, com o apoio da Cia. de Cimento Itambé e colaboradores, iniciou em 2003 uma competição de canoas de concreto com intuito de proporcionar conhecimentos aos alunos do curso de engenharia civil, desde a concepção do projeto, até a confecção e a aplicação do concreto.
A competição, que já está em sua 7º edição, incentiva a tecnologia, já que, para obter o traço final do concreto, os alunos realizam estudos experimentais de dosagem e consideram aspectos como: uso de aditivos químicos e adições, esforços sofridos pela canoa, plasticidade necessária para a moldagem e o peso máximo para flutuação.
A coordenação do projeto é da professora Patrícia Maggi, que busca, a cada edição do concurso, inovar por meio do incentivo à pesquisa de novas tecnologias de materiais e o uso de ferramentas de cálculo mais precisas. A novidade para este ano foi a adequação das canoas para atender o regulamento da competição americana, como o comprimento final da canoa (seis metros) e emprego de materiais alternativos.
Em 2009, as equipes contaram com os colaboradores da Construquímica, Tecnosil, 3-M do Brasil, Grace Brasil Ltda, Texiglass Indústria e Comércio Textil, Basf Construction Chemicals Brasil, MC Bauchemie Brasil, Blocaus Pré Fabricados Ltda e Metacaulim do Brasil Ltda.
A 7º edição da competição ocorreu no dia 20 de novembro, e como acontece todos os anos, uma divertida competição no lago da universidade com as canoas de concreto construídas pelos alunos encerra as atividades.
Confira a ordem de chegada das equipes:
1º - Bagre Ensaboado Materiais utilizados: Concreto com isopor, pó de ostra, sílica ativa em suspensão, super plastificante, incorporador de ar, impermeabilizante, fibra de vidro, microfibra sintética e tela de fibra de vidro.
2º - Arca de Noé - Materiais utilizados: Concreto com argila expandida, micro esfera de vidro, metacaulim, super plastificante, incorporador de ar, aditivo de aderência, fibra de vidro e tela de fibra de vidro.
3º - Talento - Materiais utilizados: Concreto com raspas de borracha, sílica ativa, super plastificante, incorporador de ar, fibra de vidro, microfibra sintética e tela de fibra de vidro.
4º - Belvedere - Materiais utilizados - Concreto com vermiculita, micro esfera de vidro, sílica ativa, fibra de vidro, microfibra sintética e tela de fibra de vidro.
A Itambé, que apóia a competição disponibilizando além de materiais o know-how técnico de seus profissionais, parabeniza a todos os participantes e agradece aos colaboradores do projeto.
Confira as fotos abaixo.