Megaobra encurta distâncias no Sul

Alta tecnologia em concreto está presente nos túneis da BR-101, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul

Túnel sob o Morro Alto, em Maquine (RS)

Considerada a obra rodoviária mais importante do país no momento, a duplicação da BR-101 Sul está finalizando a etapa de construção dos túneis sob o Morro Alto, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com extensão de 1.662 metros cada um, eles evitaram o desmatamento de 14 quilômetros quadrados de uma área ambiental localizada na região de Maquiné (RS). Além disso, os túneis reduziram em 11 quilômetros o percurso de 99 quilômetros entre Osório, no litoral norte gaúcho, e Palhoça, do lado catarinense.

Sob a responsabilidade da empreiteira Queiroz Galvão, a construção contou com a assessoria da ABCP Sul (Associação Brasileira de Cimento Portland). Entre outubro e dezembro do ano passado foi executada a pavimentação dos túneis numa extensão de 3.560 metros e volume de 10.370 metros cúbicos de concreto. No momento, a executora está realizando trabalhos complementares, como barreiras de segurança e acabamentos de pista. O cronograma prevê a liberação da obra ainda neste semestre. Os túneis têm 15 metros de largura cada um, com 12 metros de pista.

Fernando Druck: ABCP cedeu equipamentos sob regime de comodato

A ABCP apoiou a executora da obra cedendo, sob a forma de comodato, equipamentos como pavimentadora de fôrma deslizante, usina de concreto e texturizadora, além de treinar a equipe de trabalho (engenheiros e operários) e acompanhar a execução das placas de concreto. Segundo o engenheiro Fernando Druck, representante regional da ABCP-RS, o projeto de dimensionamento do pavimento de concreto determinou a construção de uma camada de concreto compactado com rolo (CCR) de 11 centímetros e placas de concreto com 24 centímetros de espessura, capaz de suportar alto tráfego de veículo por 20 anos sem necessidade de manutenção.

O concreto utilizado é do tipo convencional. O material foi projetado para suportar resistências à tração na flexão de 4,5 MPa. Além disso, foram utilizados aditivos específicos para essa aplicação do concreto, com a inclusão de fibras de polipropileno - indicadas para evitar fissuramento por retração de secagem. “Trata-se de uma pavimentação de alta tecnologia. A utilização da pavimentadora de fôrmas deslizantes no túnel, inclusive com a concretagem de placas de pequena largura, mostrou-se eficaz e muito econômica em termos de prazo de conclusão e principalmente de acabamento final da pista”, explica Fernando Druck.

Concreto usado na pista dentro dos túneis é capaz de suportar 20 anos de alto tráfego sem receber manutenção

Diferente do material usado no pavimento, as paredes dos túneis receberam concreto fluído, desenvolvido para esse uso e aplicado com equipamentos de projeção, similares a um canhão de água. A função foi formar uma barreira de contenção das rochas do túnel e evitar a passagem de água. Toda a obra levou em conta um plano de gerenciamento ambiental. Com a opção pela construção de túneis sob o Morro Alto preservou-se as áreas de várzea e o ecossistema complexo da região, protegido por lei e considerado de preservação da Mata Atlântica.

 

 

 

Email do entrevistado
Fernando Druck, representante regional da ABCP-RS: fernando.druck@abcp.org.br
Nathalie Bandeira de Mello (assessoria de imprensa): nathalie@primecomunicacao.com.br

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Construção civil se mobiliza para formar mão de obra

Falta de profissionais ameaça frear o crescimento do setor

O aquecimento da construção civil é uma realidade no país. O otimismo, porém, esbarra na falta de profissionais, sobretudo qualificados. A carência atinge tanto o segmento imobiliário residencial quanto o de obras pesadas de infraestrutura.

A questão é tão séria que o problema foi o segundo mais citado entre as empresas pesquisadas na Sondagem da Construção Civil, divulgada no início de fevereiro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A escassez de mão de obra perde apenas para a elevada carga tributária entre os fatores mais preocupantes para o crescimento do setor.

Euclésio Finatti

O engenheiro civil Euclésio Finatti, vice-presidente da área de Política e Relações do Trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), lembra que, durante muitos anos, trabalhadores da construção civil migraram para outras áreas, buscando oportunidades melhores. “Não havia incentivos para que os profissionais continuassem trabalhando na construção. E, sem estímulos, eles não davam sequência a uma formação profissional e acabavam mudando de emprego” avalia. Ele acrescenta ainda as precárias condições de trabalho no canteiro de obras e a baixa remuneração como fatores que contribuíram para a evasão destes profissionais.

O cenário, porém, já não é mais o mesmo. As condições de trabalho de uma maneira geral melhoraram muito nos últimos anos e os salários estão aumentando cada vez mais. “Hoje as empresas são obrigadas a cumprir uma série de normas que regulamentam o trabalho no canteiro de obras, dando condições mais dignas e seguras ao trabalhador” observa Finatti. No entanto, ele ressalta que a falta de informações sobre a realidade atual ainda impede que muitos jovens vejam a construção civil com outros olhos e a encarem como sendo uma boa oportunidade.

Capacitação

A necessidade de contratar funcionários qualificados se dá também pela modernização das técnicas construtivas, as quais exigem conhecimentos sobre a utilização de novos materiais e equipamentos. Por isso a capacitação torna-se fundamental.

Um dos maiores desafios para governo, empresas e entidades do setor, é a capacitação profissional em massa. Diversas iniciativas estão sendo tomadas, mas ainda estão longe de acompanhar o ritmo necessário para atender a demanda. “Precisamos buscar alternativas mais inteligentes para atrair esses profissionais” ressalta o representante do Sinduscon-PR.

Ele cita a implantação do Plano Setorial de Qualificação (PlanSeQ) da Construção Civil, iniciativa do governo federal executada por estados e prefeituras, exclusiva para beneficiários do Bolsa Família. “O plano em si é muito bom. Mas infelizmente muitas vagas do PlanSeQ no Paraná não foram preenchidas por falta de interesse da população” lamenta.

Esta, inclusive, é uma das críticas que o engenheiro civil faz em relação à postura dos trabalhadores. “Falta comprometimento por parte dos profissionais. Ainda são poucos os que buscam ou que aceitam ser capacitados”. Para o engenheiro esta é uma “crise genérica de competência”, que atinge não só os trabalhadores da base da pirâmide, mas também os profissionais de formação superior.

Além de pedreiros, carpinteiros e eletricistas, Finatti revela que as construtoras também estão à procura de engenheiros qualificados. “Está muito difícil achar bons profissionais” garante. Segundo um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2015, o total de arquitetos e engenheiros não suprirá a demanda de empregos em suas áreas. Isso acontecerá se a proporção entre pessoas formadas nas áreas de engenharia, produção e construção e o estoque de empregos formais nas ocupações típicas continuar na razão de 3,5.

Soluções

Entre as possíveis soluções está a capacitação da mão de obra feminina. De acordo com o vice-presidente do Sinduscon-PR, o interesse das mulheres pela área da construção vem aumentando. Prova disso é a crescente participação delas nos cursos ofertados. “Já está comprovado que as mulheres são mais cuidadosas, especialmente nos trabalhos de acabamento” exemplifica.

A possibilidade de ampliar a oferta de treinamentos no próprio canteiro de obras também poderia, na opinião de Finatti, contribuir para uma maior adesão dos trabalhadores. “Não são todos os profissionais que têm disposição para encarar um curso no período da noite, após um dia exaustivo de trabalho. E mesmo os que se dispõem a fazer, acabam não aproveitando tudo o que poderiam por estarem muito cansados” acredita.

Sobram vagas na construção

Entre as funções com maior escassez de mão de obra estão:
* Ferreiro
* Servente
* Pedreiro
* Carpinteiro
* Eletricista
* Operador de máquina
* Técnicos e profissionais especializados em alvenaria, concreto, aplicação em revestimentos cerâmicos, montagem de estruturas metálicas e instalação predial.
* Profissionais de terraplanagem e preparação de terrenos.
* Engenheiros
* Topógrafos

PlanSeQ

Saiba mais o PlanSeQ, programa do governo em parceria com ongs e entidades privadas, que oferece cursos gratuitos de qualificação na área da construção civil.

Contato: Assessoria de imprensa Sinduscon-PR - imprensa@sindusconpr.com.br

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Redes sociais mudam relação com cliente

Estratégias como One to One e CRM começam a mudar seus conceitos e surgem novas ferramentas para fidelizar consumidores

As redes sociais já foram capazes de influenciar na eleição do presidente da principal nação do mundo – os Estados Unidos. Sendo assim, por que não seriam suficientemente fortes para modificar a relação empresa-cliente? Esteja certo que elas estão modificando esses conceitos também.

Roberto Meir

Segundo a consultoria Gartner, em 2010 cerca de 80% das corporações brasileiras devem aderir às redes sociais para melhorar o relacionamento com o cliente final. “É um fenômeno que veio para ficar. Não tem volta. E isso vai influenciar antigas ferramentas, antes vistas como oráculos do relacionamento com o cliente”, revela o presidente da Associação Brasileira das relações Empresa-Cliente (Abrarec) Roberto Meir.

Ele refere-se a conceitos como One to One e Customer Relationship Management (CRM). “Essas ferramentas, por algum motivo, ignoraram nichos de consumidores. Agora, elas estão sendo revistas por conta das redes sociais”, diz Meir. A ponto de, por exemplo, a integração do CRM com as redes sociais vir dominando os fóruns de discussões sobre o novo modelo de negócios. O objetivo é fazer nascer o CRM social. Outros debates são os que caminham para transformar o e-commerce em s-commerce (social commerce).

A entrada das redes sociais para aprimorar o relacionamento com o cliente, no entender do presidente da Abrarec, vai ajudar a curar a miopia na relação empresa-cliente. Esse fenômeno ocorre quando a estratégia focaliza apenas a atração do cliente, e não a retenção. “É preciso entender que gestão do cliente não é igual a receita de bolo. A estratégia empresarial precisa reconhecer, classificar os clientes, entender o ciclo de vida de cada um, atender as expectativas e depois, como consequência, personalizar o relacionamento. O que ocorre, muitas vezes, é o processo inverso”, alerta.

DNA do cliente

Os novos rumos da gestão do cliente devem levar à busca da “recomendação”. É quase a volta do “boca a boca”, só que desta vez através das redes sociais. No entender de especialistas, elas vão ajudar a criar pessoas que serão apóstolas de uma determinada marca e que vão sempre realçar e falar para todo mundo como é bom trabalhar com tal empresa. “Até setores oligopolistas começam a buscar esses conceitos, com o objetivo criar blindagens para não serem maltratados pela opinião pública. O que está em questão é chegar ao DNA dos clientes”, avalia Roberto Meir.

Significa que só investir em tecnologia de relacionamento não basta. De agora em diante, é preciso treinar o pessoal. Esse veredicto foi dado recentemente pelo Instituto de Tecnologia de Software, analisando o varejo norte-americano pós-crise. Percebeu-se que houve muito investimento em tecnologia e que foi enfraquecida a linha de frente para atender o consumidor. O que aconteceu? Romperam-se os laços de lealdade com o maior consumidor do mundo, detectou o estudo. “Tecnologia sempre vai ser um meio. Se não tiver uma gestão de recursos humanos com treinamento para tirar proveito do melhor que a tecnologia pode oferecer, não haverá vantagem em tê-la”, diz o presidente da Abrarec.

Entrevistado: Roberto Meir, presidente da Associação Brasileira das relações Empresa-Cliente (Abrarec): tatiana@dfreire.com.br e analina@dfreire.com.br (assessoria de imprensa)
Currículo do entrevistado
Roberto Meir é especialista internacional em relações de consumo, CRM (Gerenciamento das Relações com Clientes), marketing de relacionamento e loyalty, estratégias de negócios e economia digital. Formou-se em engenharia química pelo Mackenzie, tem pós-graduação em marketing pela ESPM e finanças pela Fundação Getúlio Vargas, MBA (Master of Business Administration ) em finanças pelo IBMEC Educacional S/A. Também é membro do comitê de Relações Internacionais da SOCAP (Society of Consumer Affairs Professionals in Business) e é presidente da ABRAREC ( Associação Brasileira das Relações Empresa Cliente) e da AIAREC (Associação Ibero-Americana de Relações Empresa-Cliente).

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Pesquisa revela grande oferta de vagas na construção civil

Levantamento da FIRJAN mostra que mercado terá demanda alta pelo menos até 2015, por conta do déficit habitacional e das obras de infraestrutura

Pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) mostra que até 2015 aumentará a procura por profissionais ligados à construção civil, às áreas de tecnologia de manufatura, moda, criatividade, panificação e confeitaria. As habilidades pessoais, os conhecimentos técnicos e as inovações tecnológicas das profissões industriais que estão em alta no mercado poderão ser vistas na 6.ª Olimpíada do Conhecimento, o torneio de educação profissional que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) realizará de 9 a 14 de março no Riocentro, no Rio de Janeiro. O evento reunirá 562 estudantes de cursos de educação profissional que competirão em 41 ocupações industriais e cinco dos setores de comércio e serviços.

Conforme o estudo da FIRJAN, que traça a expectativa de 415 empresários que empregam mais de 495 mil trabalhadores, haverá, até 2015, uma grande oferta de vagas para carreiras como marcenaria, eletricidade predial, construção em alvenaria e aplicação de revestimento cerâmico. O crescimento do emprego na construção civil ocorrerá em todo o país, de forma homogênea, avalia o gerente do Observatório Ocupacional do SENAI, Márcio Guerra. Segundo ele, a expansão do setor se deve à retomada dos investimentos públicos e privados em obras de infraestrutura.

Dentro da área de construção civil, há demandas por diversos perfis profissionais. "Na parte de construção e edificações, destacam-se os profissionais especializados em alvenaria, aplicação em revestimentos cerâmicos e instalação predial. Para as obras de infraestrutura, as demandas são por profissionais de terraplanagem e preparação de terrenos e concreto e montagem de estruturas metálicas", aponta Guerra.

Segundo ele, para receber a Copa do Mundo, por exemplo, deverão ser investidos mais de R$ 20 bilhões em telecomunicações. "É uma exigência da Federação Internacional de Futebol (FIFA) que todas as áreas ao redor dos estádios ofereçam telefonia e internet. Ou seja, essas cidades precisarão capacitar profissionais na área de telecomunicação", diz Guerra.

Ele explica ainda que os investimentos em habitação e infraestrutura e mais a preparação do país para a Copa do Mundo provocarão mudanças significativas na estrutura industrial do país. Nos estados do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste, regiões que estão montando parques industriais, devem surgir oportunidades de empregos nas áreas de confecção, alimentos e manutenção mecânica.

Conforme a pesquisa da FIRJAN, até 2015, também deve crescer a oferta de empregos para profissionais das áreas de tornearia mecânica, fresagem, desenho mecânico, soldagem, eletrônica industrial e mecânica de manutenção. Outras áreas promissoras para quem quer garantir um emprego são as de design de moda, joalheria, confecção de roupas e calçados. O mercado também tem espaço para padeiros e confeiteiros.

A exemplo de outras pesquisas feitas pelo SENAI, o estudo da FIRJAN, cujo resumo está na nota técnica em anexo, antecipa as tendências do mercado de trabalho. Com isso, é possível planejar investimentos em educação profissional e oferecer cursos com perfil adequado às necessidades das empresas.

Fonte: Assessoria de imprensa da FIRJAN

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Cohapar completa 60 mil atendimentos a famílias

Companhia estima que parceria com o programa Minha Casa, Minha Vida permitirá beneficiar mais 30 mil famílias

A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) atingiu em fevereiro 60 mil atendimentos de famílias, em 344 cidades do Estado, em 6 anos. No período foram entregues 24.069 casas urbanas e rurais, e mais 20.045 lotes estão em processo de regularização. Neste momento, 8.202 unidades estão em construção ou em processo de licitação em 158 municípios.

Em 2009, a Companhia também fez parceria com 78 municípios para a execução do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, para o qual viabilizou 7.651 lotes. São quase 240 mil paranaenses beneficiados com casas e lotes, todos com obras de infraestrutura, considerando-se a média de quatro pessoas por família.

Apenas nos últimos três anos foram entregues 12.480 mil unidades habitacionais, e estão em obras 8.202 unidades, incluindo os empreendimentos que a Cohapar executa nas áreas de ocupação irregular em 19 cidades do Paraná, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Tão importante quanto construir casas para famílias com renda entre zero a dois salários mínimos é o trabalho jurídico para regularização de lotes das famílias em ocupações irregulares. São 16.615 lotes com regularizações em andamento e 3.430 já finalizadas.

A Cohapar também é parceira do governo federal no programa “Minha Casa, Minha Vida”. A Companhia viabilizou 7.651 lotes para famílias com renda de até três salários mínimos, em 12 municípios da Região Metropolitana de Curitiba, mais 7 cidades do interior com mais de 50 mil habitantes, e outros 31 municípios com menos de 50 mil habitantes.

Apenas neste programa, que terá financiamento da Caixa, com a licitação feita pelas prefeituras, a Cohapar está ajudando a viabilizar a casa própria para mais 30 mil pessoas com renda, preferencialmente, até três salários mínimos.

Fonte: Agência Estadual de Notícias

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Década digital trouxe qualidade ao setor imobiliário

Presidente da Ademi-PR, Gustavo Selig, avalia que a internet aprimorou o consumidor, qualificou o corretor e agilizou a venda no local

Hoje é possível comprar um imóvel pela internet, sem sair de casa. Mudam-se projetos via computador. A tecnologia transformou o sonho da casa própria em um game. Mas quais os prós e contras deste agregado de novidades que invadiu o setor?

Gustavo Selig

Segundo o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), Gustavo Selig, as novas mídias agregaram muitos valores à venda de imóveis. A internet tornou o consumidor mais exigente e, por consequência, aprimorou o trabalho do corretor de imóveis.

No entanto, Selig avalia que a década digital não vai acabar com a venda pessoal. Os clientes continuarão finalizando a compra somente após a visita ao local do empreendimento e à sede da construtora ou da imobiliária. A diferença, é que ele fará a aquisição tendo mais informações sobre o imóvel que está comprando. Confira a entrevista:

Um dos setores que mais se beneficiou da chamada década digital foi o imobiliário. Hoje é possível até comprar imóveis online. No que essa tecnologia incrementou as vendas imobiliárias?
As ferramentas eletrônicas fortaleceram o processo de vendas. O cliente entra nos sites das construtoras e imobiliárias previamente e chega ao plantão de vendas para fazer a negociação com conhecimento praticamente pleno do imóvel. Hoje, quando o cliente chega ao plantão de vendas, ele já tem praticamente 70% das informações e faz a visita com o intuito de fechar o negócio, tornando mais ágil este processo. A velocidade da informação é a grande vantagem da Internet.

Hoje há até a possibilidade de planejar o imóvel digitalmente, alterando o desenho da planta. Isso se tornou um diferencial para as imobiliárias. Mas até que ponto ajuda o consumidor a ter certeza do que está comprando?
Estas são ferramentas ilustrativas que ajudam a expor o produto, porém não são elas que vendem o imóvel ou determinam a decisão de compra do cliente. Estas ferramentas auxiliam o comprador que não tem facilidade em ler um projeto, oferecendo uma visão espacial melhor do imóvel que ele está adquirindo.

Quando se fala em década digital, não dá para esquecer que ela acrescentou a chamada “venda na planta”. Hoje, quanto isso representa na venda de um empreendimento?
As vendas na planta representam em torno de 50% da comercialização de unidades de empreendimentos novos em Curitiba, incluindo as fases de pré-lançamento, lançamento e período de execução da obra.

Como o consumidor deve ficar atento para não cair em fraudes digitais na hora de comprar um imóvel?
Ninguém hoje compra um imóvel somente pelo computador, embora seja indiscutível o fato de que, atualmente, a web é uma ferramenta indispensável para o fornecimento de informações antecipadas sobre o produto e a empresa, sendo vastamente utilizada pelos clientes. Entretanto, estes ainda têm a necessidade de ir ao plantão e visitar as obras da empresa antes de fechar o negócio.

Para o profissional de venda de imóveis, no que a década digital modificou a forma de ele trabalhar?
Hoje os corretores têm de estar bem mais preparados para vender o imóvel, porque aquela informação básica sobre os produtos, que era passada no plantão, hoje não é mais tão necessária, pois o cliente, na maioria das vezes, já a tem antecipadamente. Isto exige dos corretores maior conhecimento técnico do produto para concretizar o fechamento do negócio, o que demanda um novo processo de capacitação destes profissionais, inclusive sobre questões técnicas, como leitura de projetos, memorial descritivo e documentação.

A década digital também serviu para que construtoras e imobiliárias também diagnosticassem melhor o gosto do consumidor?
Não. As ferramentas eletrônicas são facilitadores para os clientes levantarem os produtos de sua preferência, mas o mercado está tão aquecido que atualmente há clientes para diferentes segmentos e tipos de produtos. Esse não é um ponto fundamental.

E o perfil do consumidor, mudou com a década digital?
Com certeza. O consumidor chega ao plantão mais exigente quanto à empresa e ao empreendimento, solicitando um atendimento mais personalizado.

A forma de venda tradicional de imóveis está condenada ou ela vai continuar sobrevivendo?
Não. O digital é um complemento da venda pessoal.

O setor imobiliário do Paraná incorporou bem a década digital ou há muito ainda a ser feito?
O setor imobiliário paranaense incorporou bem a década digital. Hoje este é um instrumento usado por praticamente todas as empresas. É uma ferramenta que os próprios clientes exigem que a construtora ou a imobiliária tenha. A falta desta ferramenta já mostra que a empresa não é tão atualizada em termos de mercado, dando a ela pouco status na prospecção de clientes. Muitas empresas inclusive contam com perfis nas redes sociais que aproximam a empresa do consumidor e do público em geral. Além disso, estes canais auxiliam na prospecção de novos clientes, não apenas no sentido de incremento nas vendas, mas também de pessoas que comprem e acreditem na marca de determinada empresa, divulgando-a e fortalecendo-a perante o mercado.

O que vem pela frente, em termos de novidades digitais em venda de imóveis?
É difícil prever exatamente, porque a informatização tem um processo muito acelerado de atualização. Porém, mesmo com o avanço nas mídias e nos usos das ferramentas eletrônicas, a venda do imóvel é uma prática que não vai dispensar a visita pessoal. O que vai haver é um número maior de informações sobre o produto e a empresa disponibilizadas na rede digital, e de instrumentos virtuais de atendimento ao cliente, que vão exigir que as construtoras e imobiliárias repensem mais frequentemente suas práticas para a venda de imóveis.

Entrevistado: Gustavo Selig, presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR): contato@memilia.com (Maria Emilia Staczuk, assessora de imprensa)

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Green Buildings, antes tarde do que nunca!

* Marcos Casado

A onda de prédios verdes "Green buildings", chegou definitivamente no país. Conforme dados do Green Building Council Brasil, o número de empreendimentos registrados junto ao USGBC para obterem a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) cresce exponencialmente e o movimento da construção sustentável já faz parte da agenda mundial e felizmente não há mais como desprezar esse movimento. Ou as empresas do mercado se atualizam ou vão ficar obsoletas em um futuro próximo.

Hoje no país há 166 empreendimentos registrados (veja o gráfico anexo) em vários estados brasileiros buscando a certificação de desempenho ambiental para seus empreendimentos, com uma previsão de ultrapassar 300 empreendimentos no final do ano no Brasil, destes 14 empreendimentos já foram certificados no Brasil com um crescimento de 250% no último ano. E até 2010, a meta mundial é que 100 mil construções estejam em processo de certificação LEED.

Para receber a certificação, o empreendimento deve atender pré-requisitos e recomendações que avaliam o tipo de terreno, a localização, a infra-estrutura local, o uso racional de água, eficiência energética, qualidade do ar interno, reciclagem e diversas outras medidas que garantam eficiência operacional ao usuário e preservação do meio ambiente, antes, durante e após a obra. Todos estes critérios começam a impulsionar e a transformar o mercado da construção civil e têm se tornado uma importante ferramenta educacional e de comunicação com o consumidor, além de criar parâmetros de qualidade para o mercado.

A sociedade está chegando à conclusão de que, embora tenha trazido o maior desenvolvimento tecnológico que a humanidade já experimentou, o século 20 também registrou a gênese daquele que vem sendo considerado o maior desastre ecológico do planeta. Quando acompanhamos os índices de poluição do ar, água ou solo, o consumo de recursos naturais e a capacidade do planeta de repor estas necessidades, temos realmente que nos preocupar.

O novo contexto global exige, cada vez mais, por parte das empresas, governantes e sociedade a capacidade de levar em consideração fatores sociais, ambientais e econômicos de uma forma equilibrada em suas tomadas de decisões.
Portanto, o desafio mundial para este século é conciliar o desenvolvimento tecnológico com a preservação dos recursos naturais, garantindo a aplicação de práticas sustentáveis por parte dos atores deste processo.

Os impactos que o mercado da construção civil deixa ao planeta são imensos. O setor é responsável por até 35% das emissões de CO2 diretas ou indiretas em todo o mundo; as edificações no Brasil consomem cerca de 21% de toda a água tratada, 42% da energia gerada e geram cerca de 70% dos resíduos.

A construção civil começa a demonstrar que está se adequando cada vez mais aos conceitos de sustentabilidade que estão sendo impostos em todos os setores da economia e que a cada dia passam a ser uma exigência da sociedade, principalmente da nova geração. Os mais jovens estão começando a exigir de seus fornecedores uma postura mais correta em relação ao meio ambiente, desenvolvendo um dos maiores desafios corporativos deste milênio: o consumo consciente.

Consultores, grandes construtoras de imóveis, empreendedores e incorporadores tanto comerciais quanto residenciais, fornecedores de materiais, insumos e tecnologias, estão aos poucos, desenvolvendo expertise nessa área, em um movimento que ganhou força nos últimos cinco anos e que hoje já começa a criar uma nova demanda no mercado da construção civil no Brasil.

Além da certificação, que com certeza tem um peso importante nesta transformação mas por si só não será capaz de resolver todos os problemas, é muito importante o desenvolvimento de iniciativas educacionais para disseminar informações sobre as melhores práticas e tecnologias sustentáveis, a fim de capacitar os envolvidos na concepção, construção, operação e manutenção das edificações e espaços construídos. Toda essa nova visão começa a demandar a cada dia mais especialistas em áreas como, por exemplo, de comissionamento de sistemas de energia, profissionais especialistas em softwares de simulação energética e profissionais capacitados em consultoria para green buildings que no caso do LEED são os LEED AP´s, que também vem crescendo ano a ano no Brasil, porem os 62 profissionais LEED-AP´s no Brasil (veja gráfico anexo) ainda são poucos, devido a demanda que o setor hoje esta exigindo.

Além disso, é imprescindível o engajamento do governo neste processo de transformação, por meio de incentivos, bons exemplos e políticas públicas focadas no desenvolvimento da construção sustentável. O governo seja ele federal, estadual ou municipal é detentor de uma grande percentual das edificações construídas e também responsável por uma importante parcela das novas construções, podendo além de praticar estes conceitos em suas construções, impulsionar o mercado para esta transformação, por meio de exemplos ou na criação de legislações que viabilizem e estimulam as novas construções ou reformas, atendendo esta nova realidade.

Um empreendimento sustentável pode reduzir em 30% o consumo de energia, 50% o consumo de água, 35% das emissões de CO2 e até 70% o descarte de resíduos. Se os clientes finais também mudarem sua postura e passarem a exigir das construtoras uma posição mais sustentável, certamente veremos um movimento muito maior do mercado nesta direção. O futuro da construção civil já tem um caminho traçado e a sustentabilidade não será apenas um modismo. As boas práticas do mercado devem ser disseminadas, assim como o maior número de informações possíveis sobre as soluções implantadas, experiências de sucesso e iniciativas em prol da sustentabilidade.

A construção sustentável veio para ficar, talvez um pouco tarde, mas com o engajamento de toda a sociedade, revendo nossas ações e atitudes, certamente alavancará a formação de uma nova cultura baseada na visão sistêmica preconizada pela sustentabilidade.

*Eng. Marcos Casado é o Gerente Técnico do Green Building Council Brasil.

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Calçadas e Acessibilidade

Caminhar com segurança e conforto é um direito de todo cidadão

Créditos: Engª. Giovana Medeiros – Assessora Técnico Comercial Itambé

No dia 27 de março de 2007, foi publicado no informativo Massa Cinzenta da Itambé, um artigo sob o tema Segurança das Calçadas, onde foi citado que cerca de 30% das pessoas tem como seu meio de transporte exclusivo a caminhada. Sendo assim, as calçadas mostram ser de grande importância no dia- a- dia da população, porém não é difícil encontrá-las em condições precárias. O artigo também relata que, segundo a Legislação Municipal da grande maioria das cidades brasileiras, o responsável pela construção e manutenção das calçadas é o proprietário nos trechos em frente ao seu imóvel, cujo material para a pavimentação tem padrões definidos de acordo com os logradouros existentes na cidade.

Quase 3 anos se passaram, e infelizmente continuamos a presenciar não só calçadas em péssimas condições, mas também sua falta de acessibilidade. Sabemos que todo cidadão tem o direito de ir e vir, ou melhor, qualquer pessoa, livre ou não de necessidades especiais deve ter acesso fácil para sair e chegar ao seu destino.

A liberdade que possibilitaria a todos caminhar pelos passeios, seria não deparar com desníveis, buracos, rampas fora dos padrões, lixeiras, pontos de ônibus, cabines telefônicas e outros. As calçadas inadequadas e os locais inacessíveis inibem a circulação das pessoas, principalmente daquelas com dificuldade de locomoção. Nossos passeios deveriam facilitar a circulação dos pedestres e proporcionar pouca ou nenhuma dificuldade para pessoas com necessidades especiais de chegar ao destino desejado.

Por isso, é de grande importância que as calçadas tenham superfície regular, contínua, firme e antiderrapante, executados sem mudanças abruptas de nível ou inclinações que dificultem a circulação dos pedestres. Não podem existir degraus, muito menos rampas para veículos na faixa da calçada, porque atrapalham a passagem de pessoas, principalmente aquelas com dificuldades de locomoção.

Outro fator importante é a rampa de acesso, indicada na Figura 1, que deve existir em todas as travessias, sobretudo para o acesso de pessoas com cadeiras de rodas e para o conforto de pedestres que empurram carrinho de bebê ou mala de rodas. Também é necessária a locação de forma adequada do mobiliário urbano, tais como: árvores, postes, cabines telefônicas e outros, necessários para não dificultar o trajeto do pedestre. Por fim, o piso táctil também conhecido como sinalização podotática, indicado na Figura 1, que conduz, alerta e identifica obstáculo para a locomoção segura dos deficientes visuais.
Devido a todas as dificuldades citadas sobre a locomoção nos passeios e a falta de acessibilidade, a solução é a conscientização, isto é, cada um fazer seu papel. Tanto a iniciativa privada como os órgãos públicos devem ser responsáveis pelas suas próprias calçadas, sempre seguindo um projeto de acessibilidade, para proporcionar a todos não só uma qualidade de vida melhor, mas também deixar a cidade muito mais bonita e com um acesso seguro aos espaços urbanos para toda população.

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Arquitetura sustentável requer estratégia

Uma obra que mereça o rótulo de sustentável precisa ter projeto, materiais e mão de obra compromissados com o meio ambiente

Professor Eloy F. Casagrande Jr.

Muito se fala em arquitetura sustentável. Mas quais são os processos que devem ser seguidos para que uma obra possa dizer que segue o conceito de arquitetura sustentável? Professor da área de Inovação Tecnológica e Sustentabilidade e coordenador do escritório verde da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Eloy Fassi Casagrande Júnior revela que muitos setores da cadeia produtiva da construção civil se apropriaram de termos ecológicos e sustentáveis, porém sem praticá-los.

Segundo ele, obras com padrões de sustentabilidade precisam atender requisitos que vão desde o projeto, até a escolha dos materiais e a contratação da mão de obra. Fora isso, alerta o especialista, a arquitetura sustentável não se sustenta. É o que ele explica na entrevista a seguir. Confira:

O senhor não acha que o marketing se apropriou do termo “arquitetura sustentável” e muitas vezes se vende uma edificação como sendo sustentável e ela não segue nem 10% dos conceitos de sustentabilidade em seu processo construtivo?
Acho que você tocou num ponto certo. O que estamos vendo nos últimos cinco anos é exatamente isso. Como o meio ambiente se tornou um argumento de venda no setor da construção civil, ele se apropriou desta questão, da palavra eco, da palavra sustentável. Todo o mundo agora é ecológico, todo o mundo agora é sustentável. Mas quem comprova isso? O que está faltando realmente são sistemas que garantam que aquilo que é anunciado por uma construtora ou por um profissional realmente cumpre com as normas de sustentabilidade. Então, o que vemos é uma gama enorme de anúncios de construções deste padrão, feitas, muitas vezes, por profissionais que não têm formação adequada. Quem quer buscar este conceito de construção tem que se aprofundar, às vezes até de forma empírica, ou buscar conhecimentos numa especialização, num mestrado ou num doutorado. Em certos casos, há até má fé no anúncio deste tipo para um público leigo.

Modelo de casa sustentável: equilíbrio em entre concreto, madeira e área verde

Quais os princípios básicos que devem ser seguidos para que uma obra possa dizer que segue o conceito de arquitetura sustentável?

A gente sempre diz que uma obra é 70% planejamento e 30% execução. Então, se você, desde o início, atentar para elementos que sejam do critério de sustentabilidade na elaboração do projeto, você já está ganhando pontos nisso. A primeira situação é ver o terreno em que será construída a obra, respeitando as condições físicas, geográficas do local, não fazendo muitas movimentações de terra, não desmatando, preservando o máximo possível. É preciso verificar também se há alguma fonte de água, a qual precisa ser respeitada. Depois, têm as questões do mapa climático, para adequar as condições de conforto térmico da casa. A obra precisa ser mais quente ou tem de ser mais fresca? Para isso existem as linhas, os critérios muito bem definidos dentro daquilo que se chama arquitetura bioclimática. A outra situação é a questão dos materiais. É preciso fazer um check list sobre o impacto que os materiais irão causar.

Hoje existe uma ciência que se chama análise do ciclo de vida, que permite saber do berço ao túmulo sobre aquele material, desde a extração até o destino final. Nesta sequência, dá para estabelecer se o material é mais ou menos ecológico, do ponto de vista de uso de energia, de emissão de carbono, do uso de água na sua fabricação.

Outra questão é a quantidade de resíduos produzidos na obra. A gestão de resíduos é importantíssima na construção civil. Nós temos uma lei do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) - a resolução CONAMA N.° 307 de 5 de julho de 2002 -, que reza que todo o município tem que estabelecer uma gestão dos resíduos. Hoje se produz muito mais resíduos na construção civil do que resíduos domésticos. E estes entulhos, às vezes, não têm local apropriado para o seu destino final e acabam aí indo parar em vales, rios, áreas abandonadas e isso causa um problema ambiental seriíssimo.

Por fim, outro ponto de vista da questão sustentável é a questão social. Você tem que ver as condições do trabalhador, a questão de segurança, a questão de mão de obra especializada. É preciso ter maior atenção no uso de determinados materiais e no uso de determinadas tecnologias na construção sustentável. Os profissionais que operarem nesta obra precisam ser certificados.

Há uma prática comum de padronização das construções. Se constroi da mesma forma em Manaus, Salvador e Porto Alegre. Uma construção sustentável precisa respeitar o meio ambiente local?
Com certeza, este é um dos grandes problemas do Brasil. Convencionou-se um padrão de construção, sem levar em conta as questões climáticas. Na Amazônia, por exemplo, deveriam prevalecer as construções com madeira certificada. Mas é na região Sul, onde é mais frio, com temperaturas que chegam abaixo de zero, que há mais casas de madeira. E essas são casas que não tem a mínima condição de manter um conforto térmico para as pessoas. O mesmo ocorre no Rio de Janeiro, onde as construções obrigam que o ar-condicionado fique ligado 24 horas. Imagine o impacto que isso causa na produção de energia. Tudo isso é reflexo de construções inadequadas para o ambiente onde elas foram construídas.

Existem normas da ABNT que servem para orientar uma construção de acordo com a arquitetura sustentável?
Não existem normas específicas para a construção sustentável, mas existem algumas normas que servem de base para que uma construção siga o conceito de sustentabilidade.

Tecnologias locais devem ser levadas em conta na arquitetura sustentável?
Com certeza. Nós perdemos muito das tradições construtivas que havíamos herdado de um conhecimento tácito, empírico, de nossos ancestrais, de nossos avós e bisavós, que foi se perdendo ao longo do tempo. Abandonamos, em nome da tecnologia, da inovação, soluções que estavam mais ao alcance da população. Em troca, importamos know-how caros, que requerem uso intenso de energia e, às vezes, inapropriados para aquele ambiente. Isso gerou construções menos humanas e mais agressivas esteticamente. Muitas vezes, elas são impostas por modelos construtivos que desrespeitam a cultura local e o padrão de construção local. Em lugares históricos às vezes vemos aberrações da arquitetura que ofendem a própria cultura. Acho que tem que ter um pouco de atenção a isso, não deixando o lado da modernidade, da inovação, mas respeitando as culturas e as tradições locais.

Em relação ao bahareques, da Colômbia: como são essas construções?
O bahareques não é nada mais que a nossa construção de pau a pique, a famosa construção de estrutura de madeira de bambu com argamassa. E esta argamassa pode ser o barro ou um cimento de baixa emissão. O bahareques é uma construção rápida, de menor ameaça em casos de sismos. Na Colômbia existe um manual para construção de bahareques em áreas de sismo, que foi inclusive executado na Armênia após o terremoto de 1999. E não só lá. Antigamente, no próprio Japão, usavam estrutura de bambu em áreas de sismo. Em outros países desenvolveram outras tecnologias também, mas o importante é voltar àquela questão: saber o que os nossos antepassados usavam. Trata-se de um conhecimento que estamos passando por cima, em nome da modernidade da construção.

Eventos como os que ocorreram em Angra dos Reis e no Haiti podem servir para reorientar os processos construtivos, levando a uma arquitetura sustentável menos marqueteira e mais conectada com a realidade?
Eu acho que infelizmente são estes tipos de situações que nos levam a repensar todo o sistema. Foi preciso que acontecesse isso na Colômbia para que houvesse uma mudança de área de construção e uma recuperação do conhecimento do bahareque, melhorado pela engenharia das universidades. Talvez agora no Haiti ou na Itália, onde aconteceu a mesma coisa no ano passado, se repense como vão reconstruir os edifícios. Tratam-se de áreas sujeitas a terremotos e é preciso repensar a construção neste sentido para garantir a segurança das pessoas.

A busca pelo menor custo não atrapalha a sustentabilidade das construções?
Isso varia muito em relação a custo. A sustentabilidade pode estar de acordo com o orçamento de cada um. Você pode executar com alta tecnologia, dentro do conceito sustentável, e gastar um milhão ou gastar cem mil e também executar uma construção sustentável. Hoje há uma oferta muito maior de materiais e de tecnologia, inclusive a reutilização de materiais. Um exemplo é a casa onde eu moro, em Curitiba, construída há 10 anos. Ela privilegiou a reutilização de materiais e foi construída com 80% de material de demolição. Além disso, ela dispõe de aquecimento solar da água e coleta de água da chuva. A construção também atendeu aos princípios de arquitetura bioclimática, como ventilação cruzada, iluminação natural, telhado de vidro, clarabóia e área de jardim de inverno. Nem por isso ela ficou mais cara que uma casa convencional. Aliás, ficou 30% mais barata que uma construção convencional.

Os novos profissionais que as escolas estão formando têm essa consciência de sustentabilidade mais arraigada?
Eu acho que a geração que está vindo aí já tem muita informação sobre os problemas ambientais. O que falta, muitas vezes, é o currículo escolar se adaptar a esta nova realidade. O currículo de uma universidade, por exemplo, é muito lento para se adaptar a esta transformação. Apesar das pessoas estarem informadas, há resistência nas mudanças, um pouco por causa da burocracia. É preciso uma agilidade maior nas mudanças, nas grades curriculares, na mentalidade daquele que ensina, para que se atualize com as novas necessidades em relação ao ambiente.

Entrevistado: Eloy F. Casagrande Jr: eloy.casagrande@gmail.com
Currículo do entrevistado
Ph.D em Inovação Tecnológica & Sustentabilidade
Professor do departamento Acadêmico de Construção Civil – DACOC, do programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – PPGEC, do programa de Pós-Graduação em Tecnologia – PPGTE e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
Bacharelado em Design, PUC-PR (1983)
Doutor em Eng. de Recursos Minerais e Meio Ambiente, University of Nottingham, UK (1996)
Pós-doutor em Inovação Tecnológica e Sustentabilidade, Instituto Superior Técnico, IST, Lisboa (2007)

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Vogg Branded Content


Industrialização dos sistemas construtivos

A escolha do sistema construtivo ideal permite executar projetos mais ágeis, econômicos, sustentáveis e com qualidade

Os dados revelam que a construção civil está a todo vapor no Brasil. Um exemplo disso é que o brasileiro nunca financiou tanto imóvel como em 2009. No ano passado, 302,7 mil unidades foram financiadas com os depósitos da caderneta, em um total de R$ 34 bilhões. E a expectativa é que esse recorde seja ultrapassado em 2010.

Valter Frigieri Júnior, gerente de Desenvolvimento de Mercado da ABCP

Diversos fatores como a estabilização econômica, a redução de juros, a ampliação de crédito, entre outros alteraram a dinâmica do mercado imobiliário. De acordo com Valter Frigieri Júnior, gerente de Desenvolvimento de Mercado da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), se antes o fluxo de caixa das construtoras não permitia a realização de obras mais rápidas, atualmente, as empresas dependem de um sistema ágil para atender a demanda.

Além disso, ele ressalta que a abertura de capital das construtoras possibilitou que elas expandissem suas áreas de atuação, deixando atuar apenas regionalmente. “Com isso sentiu-se a necessidade de padronizar a construção e o desenvolvimento de produtos, para que as obras pudessem ser realizadas com os mesmos parâmetros em regiões distintas” explica. E para isso os fornecedores também tiveram que se adaptar. Percebeu-se que a produção industrializada, em escala, tornou-se mais do que uma alternativa, tornou-se uma necessidade de mercado. “E não é só isso, a demanda por qualidade também está maior. Os consumidores, inclusive das classes mais baixas, estão mais exigentes” garante.

Soluções em sistemas construtivos

Teoricamente, de acordo com Frigieri, existem três opções de sistemas:
* Sistemas tradicionais não racionalizados.
* Sistemas “tradicionais racionalizados”, ou seja, melhorados com pequenas/médias inovações.
* Sistemas “industrializados”.

Além das estruturas de concreto que, por muito tempo, foram a solução hegemônica das construções no país, a alvenaria estrutural tem se mostrado eficiente em habitações populares, como é o caso do Programa Minha Casa, Minha Vida. Neste tipo de estrutura, a alvenaria tem a finalidade de resistir ao carregamento da edificação, tendo as paredes função resistente, além da função de vedação. As lajes da edificação normalmente são em concreto armado ou protendido, podendo ser moldadas no local ou pré-fabricadas.

Dois outros sistemas, segundo Frigieri, também vêm se fortalecendo: a parede de concreto e os pré-fabricados de concreto. “Esses sistemas estão sendo implantados numa velocidade que chega a ser surpreendente para nós (da ABCP)” afirma.

Ele avalia que não tem um sistema construtivo que vá prevalecer. “Cada sistema deverá ocupar um nicho. O bloco cerâmico, por exemplo, tem dado espaço ao bloco de concreto” diz.

Para o gerente da ABCP, custo, qualidade e velocidade são os pilares que influenciam na decisão do sistema construtivo a ser empregado. Sendo assim, o construtor vai medir a viabilidade de cada sistema de acordo com o que ele quer ou necessita.

Caminhos para a regulamentação de novos sistemas construtivos

O Sinat (Sistema Nacional de Avaliações Técnicas), do PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat), foi criado para avaliar o desempenho de materiais e sistemas construtivos que ainda não possuem normas técnicas prescritivas específicas. Para Frigieri, “o Sinat é um caminho seguro para quem quer desenvolver um sistema inovador, pois estabelece critérios e metodologias de avaliação que validam o sistema antes de ser colocado em prática”. Este sistema funciona como uma espécie de garantia de que o produto ou sistema construtivo atende a requisitos de desempenho pré-determinados.

Sustentabilidade e racionalização

Os sistemas construtivos também contribuem para a sustentabilidade da construção ao minimizarem os desperdícios. “Com a industrialização é possível tornar a obra mais limpa, utilizando a quantidade exata de materiais” exemplifica Frigieri. “Sem falar na durabilidade do concreto, que aumenta o ciclo de vida da obra, sem a necessidade de reparos ou reconstrução em curtos espaços de tempo” complementa.

Um dos obstáculos para a implantação de sistemas construtivos inovadores é justamente a falta de uma cultura de racionalização. “Os profissionais do setor passaram muitos anos sem praticar a racionalização e agora estão tendo que se adaptar rapidamente” analisa.

Em relação aos custos, cada vez mais as construtoras estão adotando sistemas construtivos que minimizem erros e evitem refações. “Afinal tempo e material perdido com retrabalho, refletem em um custo a mais” garante.

Ações da ABCP

A ABCP há alguns anos vem trabalhando com diversos parceiros a fim de promover junto à cadeia da construção os sistemas construtivos à base de cimento/concreto. Em relação à alvenaria estrutural foram qualificadas empresas para a fabricação de blocos de concreto, garantindo a qualidade final do produto. A entidade também promoveu a capacitação de profissionais para a correta aplicação do sistema.

Equipes da ABCP, da Associação Brasileira de Serviços de Concretagem (Abesc) e do Instituto Brasileiro de Tela Soldada (IBTS) desenvolveram ações pioneiras para conhecer mais sobre as edificações feitas com paredes de concreto moldadas in loco.

Entre as diversas iniciativas, as associações lideraram um grupo de construtoras que, em comitiva técnica, visitaram obras em Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia), onde as paredes de concreto são amplamente utilizadas.

A ABCP também firmou um convênio com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) visando ao desenvolvimento do uso de elementos pré-fabricados de concreto.

Não perca!
Acompanhe nas próximas edições do Massa Cinzenta mais informações sobre os principais sistemas construtivos à base de cimento/concreto.

E-mail de contato: cristina03@lide.com.br (assessoria de imprensa)

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Vogg Branded Content