SBPE da Caixa deve atingir R$ 92 bi em 2022 segundo vice-presidente Henriete Bernabé

Número de contratação do SBPE se refere a imóveis novos e usados.
Crédito: Envato

A contratação do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) pela Caixa Econômica Federal deve chegar a R$ 92 bilhões em 2022, de acordo com a vice-presidente de Habitação da entidade financeira, Henriete Sartori Bernabé. O anúncio foi feito em novembro durante uma reunião itinerante do Conselho de Administração da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), realizada em Fortaleza, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC).

O número divulgado representa 8% de crescimento em relação ao orçamento planejado para 2022, em relação a imóveis novos e usados, para pessoas físicas e jurídicas.

A executiva informou, ainda, que a Caixa não vai deixar de contratar - e que há recursos do SBPE para PJ e do Pró-Cotista. E disse que a instituição está trabalhando ao lado do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) para prorrogar as medidas para a área de Habitação Popular, válidas até 31 de dezembro.

Durante a reunião itinerante da CBIC, os participantes também abordaram assuntos referentes à manutenção do direcionamento dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), à transição pós-eleição, à união da cadeia produtiva, ao Teto dos gastos públicos e aos Vícios Construtivos.

Contratações reduzidas na Caixa e previsão para 2023

De acordo com o SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), a vice-presidente de Habitação da Caixa, Henriete Bernabé, disse durante uma reunião em setembro deste ano que não haveria problemas nas contratações de crédito durante a transição de governo.

O encontro foi realizado com a presença do Comitê de Habitação do SindusCon-SP (CHP) e das vice-presidências de Habitação Econômica e de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), em 22/9.

De acordo com o SindusCon-SP, as contratações no SBPE foram reduzidas nas últimas semanas em função, supostamente, do esgotamento dos recursos disponíveis, mas a expectativa é de que em janeiro o fluxo seja normalizado. Em 2022, a meta da Caixa era chegar a R$ 85 bilhões, mas acabaram sendo liberados cerca de R$ 92 bilhões. Em 2023, o objetivo é que o montante gire em torno de R$ 80 bilhões.

Crédito do SBPE somou R$ 151,2 bilhões até outubro

Segundo o último Boletim Informativo de Crédito Imobiliário e Poupança divulgado pela Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somaram R$ 14,7 bilhões no Brasil em outubro de 2022.

O valor indica queda de 8,8% em relação a setembro deste ano, e de 14,2% comparado a outubro do ano passado. Apesar da redução no volume financiado, foi o segundo maior valor para um mês de outubro na série histórica. Quando a conta é feita somando o montante acumulado de janeiro a outubro de 2022, o volume financiado chega a R$ 151,2 bilhões, redução de 12% em relação ao mesmo período de 2021.

O boletim também informa que, nas modalidades de aquisição e construção, foram financiados em outubro deste ano 59,3 mil imóveis. Houve retração de 4,1% em relação ao mês anterior e recuo de 16,6% em comparação a outubro do ano passado. Já entre janeiro e outubro de 2022, foram financiados 618,9 mil imóveis com recursos da poupança SBPE, resultado 15,7% inferior ao mesmo período de 2021.

Fontes
CBIC
SindusCon-SP
Abecip

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Arquitetura para idosos deve seguir desenho universal

Ambientes para idosos devem conter pisos antiderrapantes, sem desníveis, portas com soleiras inclinadas e janelas e guarda-corpo mais altos.
Crédito: Envato

Pessoas com 60 anos ou mais representam 14,7% da população residente no Brasil em 2021, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). Em números absolutos, isto representa 31,23 milhões de pessoas. E esse número vem crescendo de forma cada vez mais rápida – só para ter uma ideia, no censo realizado em 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 6,8% da população tinha mais de 60 anos. 

Consequentemente, cada vez mais a arquitetura e o urbanismo têm se preocupado em criar ambientes acessíveis para a terceira idade. 

Arquitetura: como criar ambientes inclusivos para idosos?

Na opinião de Patricia Melasso Garcia, professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), um cômodo direcionado para idosos deve incluir todas as idades – a não ser que a norma estabeleça regramentos próprios em função do uso. 

“É o que chamamos de ‘desenho universal’. Em outras palavras, a arquitetura deve ser inclusiva e adaptar-se a todas as gerações. É de extrema importância que haja boa acessibilidade, como uso de rampas e leves inclinações nos passeios e deslocamentos. Assim como portas e espaços que permitam o giro de uma cadeira de rodas e mobiliário de altura acessível à condição do usuário. Sinalização visual em tamanho grande também é importante, como torneiras e registros com movimentação simples para abertura e fechamento”, explica Patricia.  

Um projeto de residência ou ambiente para idosos deve conter pisos antiderrapantes e sem desníveis que impeçam o deslizamento dos pés devem ser escolhidos, segundo Patricia. Além disso, o ideal é aderir a portas com soleiras inclinadas e não degraus, além de janelas e guarda-corpo mais altos que impeçam a queda. Corrimãos duplos, em alturas suficientes para a boa empunhadura são uma boa escolha.  

 “Espaços com possibilidade de alteração de temperatura a depender da necessidade do idoso são ótimas opções. Se possível, quartos que permitam camas para assistência física e médica. O ambiente estar arejado, iluminado, revestido e com cores estimulantes – algo que faz toda a diferença. Outro artifício para facilitar a vida do idoso é utilizar armários e gavetas suspensos na altura do tronco, para que não seja necessário se abaixar ao pegar objetos”, pontua Patricia.  

A professora listou dicas para que espaços sejam mais acessíveis aos idosos:  

  • Aumento de portas de salas, quartos e banheiros;  
  • Aumento da largura dos boxes;  
  • Inversão do sentido das portas para fora;  
  • Troca de piso das residências para pisos antiderrapantes;  
  • Substituição da banheira por assentos ou cadeiras de banhos nos boxes;  
  • Instalação de pequenas rampas junto a degraus e escadas ou elevadores pequenos quando a habitação comporta.  

 Urbanismo inclusivo

De acordo com o guia da Organização Mundial de Saúde (OMS), “Measuring The Age-Friendliness Of Cities” (em tradução livre seria algo como “Mensuração da Adequação aos Idosos das Cidades”), uma “cidade amiga do idoso” é composta por um ambiente comunitário acessível que otimiza as oportunidades de saúde, participação e segurança para todas as pessoas, para que a qualidade de vida e a dignidade sejam asseguradas à medida que as pessoas envelhecem.

Neste documento, para avaliar a acessibilidade de uma cidade, são levados em consideração os seguintes aspectos:

  • Planejamento e uso da terra;
  • Projeto de espaços e edifícios; 
  • Projeto de habitação & opções de custo;
  • Transporte;
  • Projeto;
  • Capacidade de caminhar sem obstáculos;
  • Acessibilidade de espaços públicos, edifícios e transporte;
  • Acessibilidade de habitação;
  • Segurança.

Fonte
Patricia Melasso Garcia é professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF)

Contato
Assessoria de imprensa - carlos@vetor.am

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


4 desafios atuais da profissão de arquiteto (a)

Tecnologia, sustentabilidade e acessibilidade são algumas questões que os arquitetos (as) têm que lidar.
Crédito: Envato

No dia 15 de dezembro, comemora-se o Dia do Arquiteto (a). Como uma profissão ligada à construção, ela enfrenta vários desafios que vão desde o momento em que entram no mercado de trabalho até a frequente atualização para novas tecnologias. Confira quais são as principais questões atuais relacionadas à arquitetura.

Desafios de tecnologia x recursos humanos

BIM, metaverso, business intelligence, drones... Hoje são muitas as ferramentas usadas para otimizar o trabalho dos arquitetos (as). Como lidar com estas transformações do mercado e entender estas plataformas?

“Na verdade, a tecnologia veio para somar, nos dando mais ferramentas para desenvolver nossos trabalhos com mais agilidade. É importante que um bom profissional de arquitetura esteja atualizado e saiba manejar as ferramentas que são mais utilizadas. O grande desafio é estar sempre a frente, se atualizando a todo o tempo, se destacar e conhecer as novidades que vêm sendo criadas, para encantar os clientes e estar à frente da concorrência”, pontua a arquiteta Cristiane Lopes

Para Leila Bueno, arquiteta e sócia-diretora comercial da BUENO Arquitetura Cenográfica, um dos principais desafios é conseguir absorver a quantidade de informações e itens sendo desenvolvidos para tecnologia. “Infelizmente, o mundo acadêmico não dá conta de absorver o que mercado produz e entrega no dia a dia. A instituição muitas vezes fica longe da prática. Consequentemente, o (a) arquiteto (a) tem o desafio de se manter informado em assuntos mais amplos que não dizem respeito somente à arquitetura. É o caso, por exemplo, da tecnologia voltada para a inteligência artificial, os recursos de realidade aumentada e projetos virtuais e as formas de apresentar o projeto para que o cliente se sinta ‘dentro dele’ antes dele ser realizado. Independentemente do tipo de tecnologia, sendo ela digital ou física, é preciso que o (a) arquiteto (a) tenha uma rede de apoio e parcerias muito ampla. Por isso, o grande desafio é ter bons relacionamentos interpessoais. É ter um leque de rede de apoio de um ecossistema que consiga compor o seu projeto, uma vez que a arquitetura vai muito além do espaço. Ela fala da atmosfera e da ambiência. É necessário ter parceiros que façam parte do desenvolvimento projetual e executivo. A grande diferenciação hoje está no recurso humano”, destaca.  

Sustentabilidade e acessibilidade

Para Cristiane, hoje, mais do que nunca, a conscientização da população em relação à sustentabilidade e a acessibilidade aumentou bastante. “E com a redução dos recursos naturais, nada mais adequado que trabalhar com conceitos de sustentabilidade nos projetos que estão sendo elaborados. Buscar soluções sustentáveis é fundamental para se tornar um bom profissional de arquitetura e ter um diferencial em sua carreira, pensando nas gerações futuras. O mesmo ocorre com a acessibilidade, mostrando que a igualdade e o direito de ir e vir de todos e em todos os ambientes públicos e privados”, afirma Cristiane.

Na opinião de Leila, dentro da arquitetura efêmera (sua área de atuação), a sustentabilidade tem sido um tema muito iminente. Segundo ela, há cerca de doze anos, o mercado tem implantado mais projetos com foco neste quesito. Já na arquitetura convencional, ela destaca que já vem sendo feito um trabalho há muito mais tempo, com foco em certificações de projetos sustentáveis

“Com o boom do ESG e da arquitetura corporativa, tem sido possível se amparar na arquitetura convencional para fazer certificações e trazer parâmetros de todo o processo da cadeia, desde a parte projetual até o processo dentro das empresas. A sustentabilidade está parametrizada em três pilares principais: meio ambiente, economia e social. Não falamos somente de matéria. Vai muito além de pensar no que está entregue e aparente. Quando falamos em social, tem toda a parte de treinamento da equipe, tratamento dos colaboradores, entre outros fatores. No campo da arquitetura efêmera, estamos fazendo um trabalho junto a diversas associações e instituições para trazer para o nosso setor. É um tema que ainda não é bem visto pelas empresas de arquitetura cenográfica”, explica Leila. 

Recém-formados

E a situação dos recém-formados, como fica? Na opinião de Cristiane, o grande desafio para quem acabou de sair da faculdade é ganhar a confiança do cliente, pois ainda não tem portifólio, bem como empreender – saber gerenciar e vender. “Infelizmente sabemos que nem todo o profissional sai pronto da faculdade, é preciso ter frequentado bons estágios, se especializar dia a dia e se qualificar mais. Inicialmente, muitos profissionais trabalham de graça ou por meio de permuta para conquistarem o seu primeiro portifólio”, lembra Cristiane.

Para Leila, os recém-formados precisam de ajuda, orientação e ampliação de visão. “Percebemos que o mundo acadêmico ainda está focado na construção tradicional, na parte civil e no urbanismo. No entanto, dependendo da instituição, este último tema tem uma voz muito pequena ainda. Nosso escritório tem sido procurado para mostrar outras opções de mercado”, comenta.

Além disso, Leila ressalta que quem sai da faculdade hoje deve ser mais generalista do que especialista. “O desafio maior é se posicionar no mercado com bons relacionamentos, sabendo um pouco de cada coisa. Não vejo mais um profissional sendo especialista, ele tem que ser multidisciplinar”, conclui. 

Fonte

Cristiane Lopes é formada em Arquitetura & Urbanismo pela Universidade São Judas Tadeu (2008) e Arquitetura de Interiores (Decoração Residencial) pela AEA Educação Continuada (2012). Proprietária da empresa Cristiane Lopes Arquitetura & Interiores, realiza projetos comerciais, residenciais, condominiais, corporativos, reformas de Interiores, consultorias, gerenciamento de obra ou reforma, regularizações de imóveis, vistorias e estudos de viabilidade Financeira.

Leila Bueno é arquiteta e sócia-diretora comercial da BUENO Arquitetura Cenográfica.

Contatos
contato@cristianelopesarquitetura.com.br

buenocenografia@gmail.com

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Como a ponte Rio-Niterói suportou o impacto de um navio?

Com aproximadamente 13 quilômetros de extensão, a ponte Rio-Niterói é a maior ponte sobre águas da América Latina e é considerada a maior do mundo em viga reta contínua.
Crédito: Envato

Em novembro de 2022, um navio à deriva bateu contra a ponte Rio-Niterói. A embarcação, que estava ancorada na Baía de Guanabara, foi levada devido ao vento e se chocou contra a estrutura. As vias foram fechadas nos dois sentidos por cerca de 3h30. 

Após o impacto, foi feita uma vistoria na ponte que demonstrou não haver comprometimento na via. O que faz com que esta construção seja tão resistente a ponto de suportar essa colisão sem maiores danos?

De acordo com o engenheiro José Francisco Toledo Melara, professor de engenharia da Universidade São Judas Butantã, por contar com elementos de proteção de pilares contra colisão, o impacto causou danos menores e não comprometeu sua estrutura. 

“A Ponte Rio-Niterói utiliza estruturas protetoras independentes para os pilares, denominadas dolfins. Para melhor elucidar esse sistema de proteção, a ponte é constituída por oito dolfins nos quatro pilares principais do vão central, sendo cada dolfin formado por doze tubulões, ligados na superfície por um anel pré-moldado de concreto, formando um cilindro preenchido por pedra. Para o sistema de proteção dos cinco pilares de cada lado do vão central é formado por blocos semicirculares apoiados em sete tubulões, com as faces externas protegidas por 3.000 defensas de borracha. Para atender o sistema de proteção acima os navios só podem seguir pelo canal principal, localizado sob o vão central da Ponte, e as lanchas, balsas e pequenas embarcações utilizam os canais secundários”, explica Melara.

Possíveis danos

Não foi o que aconteceu na ponte Rio-Niterói, mas uma colisão deste porte pode acarretar a perda parcial no investimento feito na construção da ponte, além de colocar em risco vidas humanas e prejudicar as atividades econômicas que dependem dessa travessia, segundo Melara.

Sobre questões técnicas, com o impacto de uma embarcação lateralmente à ponte, poderia ocorrer a movimentação e fissuras nas aduelas, com eventual rompimento dos cabos de protensão e o deslocamento dos aparelhos de apoio que a sustentam. “Estes reparos iriam exigir um período relevante de obras, isso de acordo com os danos eventualmente ocasionados. Se os pilares da ponte estivessem com a estrutura comprometida, a sua recuperação demandaria investigações que iriam até às suas fundações, e ainda com a possibilidade de substituição deles por novos pilares e com posicionamentos diferentes”, afirma Melara.

Pontes metálicas x pontes de concreto

Se um acidente deste porte ocorresse em uma ponte metálica, quais seriam os danos? De acordo com Melara, na fase de projeto são consideradas ações como as cargas permanentes acidentais, como o vento e cargas móveis por exemplos e as excepcionais, como o impacto de uma embarcação em um pilar de uma ponte. Além disso, esta avaliação é feita considerando-se todos os materiais de construção de pontes

“Lembramos que o vão central da Ponte Rio-Niterói é construído em viga metálica soldada e possui 300 metros de comprimento. Um impacto lateral na superestrutura de uma ponte metálica poderá levar a mesma ao colapso pelo rompimento das ligações dos seus elementos estruturais, ou pelo seu deslocamento pela deformação dos materiais. A intensidade dos danos causados estaria associada ao sistema construtivo adotado e pela esbeltez de seus elementos metálicos estruturais da superestrutura e mesoestrutura (pilares)”, conclui Melara.

Fonte

José Francisco Toledo Melara é engenheiro e professor de engenharia da Universidade São Judas Butantã

Contato
Assessoria de imprensa - carlos@vetor.am

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Indústria da construção prevê crescimento de 2,5% em 2023

Levantamento da plataforma Prospecta Analytica aponta que deve haver aumento de 4,5% no número de novas obras ou projetos para 2023. Crédito: Envato

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) anunciou a previsão de crescimento de 2,5% para 2023. Este resultado veio após um ritmo de três anos consecutivos de expansão acima da economia nacional.

O presidente da CBIC, José Carlos Martins, avaliou este índice como positivo e declarou que, nos próximos anos, os investimentos no setor devem passar pela infraestrutura.

Entretanto, Martins ponderou que, embora a perspectiva seja positiva, o crescimento ainda continua 19,6% abaixo do que a atividade já proporcionou. O maior desempenho já registrado foi no início de 2014, segundo a CBIC.

Desempenho 2022 x 2023

Durante o último biênio (2021/2022), a construção civil cresceu 17,7% ante 8,2% da economia nacional. Só nos 12 meses, encerrados em setembro deste ano, a construção cresceu 8,8%, informou a CBIC.

Entretanto, ao avaliar o desempenho da construção neste ano e as perspectivas para 2023, Martins ressaltou a necessidade de aumentar a participação da construção civil no PIB nacional. Segundo o presidente da CBIC, esta seria uma maneira do país crescer de forma mais sustentada. “A participação do PIB da construção vem diminuindo nos últimos anos. Em 2012, era de 6,5% no PIB total do país. Em 2021, o percentual foi de 3,3%. Nos países desenvolvidos, essa participação é em torno de 7%”, destacou.

Na opinião de Martins, para que o país realmente cresça e tenha desenvolvimento social e humano, é necessário investimento para gerar resultado futuro para as pessoas.

“É prioritário que o nosso setor seja mais produtivo, que a competitividade setorial aumente e, para isso, é preciso desenvolvimento tecnológico. Para ter desenvolvimento tecnológico, é preciso capacitar, inovar e incorporar muita tecnologia de gestão”, afirmou.

PIB da construção civil

De acordo com a CBIC, no fechamento de 2022, o setor deverá registrar incremento de 7% em seu PIB, superando a projeção anterior de 6%. Ainda, os números mostram que a atividade do setor encerrou o terceiro trimestre do ano e está em patamar 16,4% superior ao período pré-pandemia, considerando o quarto trimestre de 2019.

Novas vagas de trabalho

Entre janeiro de 2021 e outubro de 2022, o setor da construção civil gerou mais de meio milhão de empregos com carteira assinada. Só nos primeiros dez meses deste ano, foram mais de 288 mil vagas formais. O número de trabalhadores na construção supera 2,5 milhões, retornando ao patamar de 2015, considerando os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho.

Crescimento de novas obras e projetos

Um outro levantamento, realizado pela plataforma de Big Data Prospecta Analytica, chegou a apontar que o aumento de novas obras ou projetos ao longo do ano foi 3% a mais que em 2021. Para 2023, a expectativa é que se mantenha a crescente, chegando a 4,5%.

Para Wanderson Leite, CEO e fundador da Prospecta Analytica, a estabilização dos custos dos materiais básicos de construção pode ter auxiliado no crescimento visto este ano. 

Desde junho de 2022 foi possível observar uma desaceleração das elevações do custo da construção, que se justifica pela menor variação do custo com materiais, segundo dados da CBIC. Entre julho/20 e maio/22, este insumo havia aumentado 91,6%. E de junho/22 até novembro/22 houve uma queda de 7,32%. Ieda Vasconcelos, economista da CBIC, lembra que em maio de 2022 houve a redução da alíquota de importação de 10,8% para 4%.

Outro fator que teria ajudado a manter os resultados, mesmo durante a pandemia, foram as reformas. “Percebemos que houve um aumento de 28% no número total de reformas, o que foi o maior crescimento dos últimos 15 anos. Isso aconteceu devido ao fato de que as pessoas começaram a trabalhar em casa e a ficar mais em suas residências. Muitas pessoas fizeram reformas para transformar um espaço em home office ou área de lazer, já que os lugares estavam fechados e as casas se tornaram sinônimo de moradia e lazer. Para os grandes magazines e home-centers, o maior público de vendas foi o de reformas”, explica Leite.

Leite aponta que o maior crescimento da venda de imóveis foi no segmento residencial AB – com construções acima de 200 m², conhecidos como médio-alto padrão. “Houve uma estagnação de projetos e obras de dois anos. As pessoas compraram terrenos, fizeram projetos, mas pararam em 2021 e não construíram com medo da pandemia. Em 2022 voltou forte, principalmente com a estabilidade dos juros e dos materiais de construção. Como os juros caíram bastante, as pessoas conseguiram fazer empréstimos e, com isso, ter dinheiro para a construção”, pontua Leite. 

Fontes

José Carlos Martins é presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Ieda Vasconcelos é economista da CBIC.

Wanderson Leite é CEO e fundador da Prospecta Analytica. 

Contatos
info@prospectaanalytica.com

Assessoria de imprensa CBIC – ascom@cbic.org.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


95º Encontro Nacional da Indústria da Construção discute os desafios para 2023

De acordo com CBIC, o custo da burocracia representa 12% do custo do empreendimento. Crédito: Jonh/ Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou recentemente o 95º Encontro Nacional da Indústria da Construção. O evento reuniu parlamentares, integrantes do atual governo e da equipe de transição, para discutir o futuro da construção, infraestrutura e habitação.

“O evento tem uma programação forte, com uma proposta de diálogo com governo e parlamentares eleitos, além do debate com nomes do atual governo. Dentre os temas estão infraestrutura e habitação, e a contribuição do setor para resolver problemas sociais”, destacou José Carlos Martins, presidente da CBIC.

Habitação popular

Durante o evento, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, afirmou que o próximo governo pretende garantir R$ 10 bilhões na Lei Orçamentária Anual (LOA) para investimentos no programa de construção de moradia para famílias de baixa renda. Segundo ele, os recursos precisam ser incluídos na LOA após a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Transição, que permite o uso de recursos além do teto de gastos. 

“Por cautela estou falando em torno de R$ 10 bilhões, mas isso vai ser estabelecido pela LOA. Depois de votada a PEC, a Lei Orçamentária define onde os recursos serão aplicados”, disse. “O que não é possível é manter a situação atual que tem em torno de R$ 30 milhões para obras do país inteiro. É preciso continuar aquelas que já estão contratadas e colocar em canteiro aquelas que já estão compromissadas”, defendeu.

Sobre o programa habitacional Casa Verde e Amarela, o deputado federal e membro da equipe de transição Marcelo Ramos (PSD-AM) defendeu que é necessária a atualização no valor das faixas e da renda. “Primeiro, temos que atualizar o valor das faixas. A inflação do período foi grande e os valores estão absolutamente desatualizados. Também temos que atualizar o valor da renda para diminuir a distribuição federativa desigual dos recursos do programa. O maior percentual de pobres e de demanda por faixa 1 e faixa 2 está no Norte e no Nordeste”, comentou.

Investimentos públicos e privados

Alckmin argumentou que o Brasil é o quinto maior país do mundo e precisa de investimentos em estrada, ferrovia, hidrovia. “É logística. Isso reduz custo Brasil, isso é agenda de competitividade. E uma parte será investimento público, mas uma grande parte pode ser privado, concessão, PPP. O Brasil pode atrair muito investimento privado”, disse.

Durante o painel “O Novo Governo e a Construção Civil”, o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) e membro da equipe de transição na área de Planejamento, Orçamento e Gestão, também defendeu a junção de investimentos públicos e privados para o próximo ano. “Não acredito em uma fórmula econômica que contemple apenas a iniciativa privada para dar conta de todos os investimentos. Principalmente os de infraestrutura. Acredito que precisa fazer uma mescla entre investimento da iniciativa privada e o investimento público bem feito, bem direcionado, com responsabilidade e agilidade”, disse.

Burocracia

O vice-presidente da CBIC, Renato Correia, apresentou alguns entraves que o setor da construção enfrenta. De acordo com ele, a CBIC realizou uma pesquisa, em 2012, em que o custo da burocracia representava 12% do custo do empreendimento

“Nós falamos no âmbito federal, mas quando olhamos no âmbito estadual, a legislação muda em questão de 10 km, então temos muita dificuldade de industrializar o nosso setor e fazer com que ele cresça”, contou. 

Segundo Claudio Hermolin, vice-presidente da CBIC e presidente do Sinduscon-Rio, é preciso sensibilizar o poder público que o setor da construção é de ciclo longo. “A nossa média é de 5,2 anos para o mercado imobiliário. Nós ultrapassamos uma gestão. O que a gente não pode é discutir tudo de novo a cada quatro anos, porque o nosso projeto já está no meio. A gente não pode voltar atrás. A gente precisa ter a segurança jurídica de que aquilo que foi combinado vai ser seguido, que aquilo que foi planejado vai ser cumprido”, enfatizou.

Confira vídeo do evento aqui.

Fonte
Matéria feita com base no evento 95º Encontro Nacional da Indústria da Construção

Contato
imprensa@cbic.org.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Linha ouro do Metrô de São Paulo investe em tecnologia e sustentabilidade

A construção da Linha 17-Ouro foi retomada pela atual gestão estadual, após a rescisão de contratos parados e novas contratações.
Crédito: Envato

Durante a Copa de 2014, havia uma promessa de que a linha 17 seria um monotrilho para auxiliar na locomoção dos passageiros. No entanto, em outubro de 2022, o Trecho Washington Luís - Aeroporto de Congonhas/Morumbi e Pátio Água Espraiada estava todo em reprogramação, de acordo com relatório do Governo do Estado de São Paulo e do Metrô. 

Em novembro de 2022, foi feito um aditivo ao contrato que deixou as obras quase R$ 14 milhões mais caras. 

Como funcionará a linha?

A construção da Linha 17-Ouro foi retomada pela atual gestão estadual, após a rescisão de contratos parados e novas contratações. Ela terá 8,3 km de extensão total – incluindo trechos de manobras e pátio –, com oito estações que vão do Aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da CPTM e conexão às linhas 5-Lilás e 9-Esmeralda. Por aqui, deverão passar 165.220 passageiros por dia útil. 

De acordo com relatório do Governo do Estado de São Paulo e do Metrô, a implantação do trecho contribui para a redução do transporte individual e proporcionará uma rota mais rápida e um caminho alternativo.

“O método construtivo do monotrilho reduz as desapropriações por ficar elevado e suas colunas estarem no canteiro central das avenidas. A previsão de demanda de passageiros indica uma linha não pendular, ou seja, o fluxo de passageiros será constante nos dois sentidos”, informa o documento.

Desafios da obra

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, as obras monotrilho da Linha 17-Ouro continuam a manter um ritmo aquém do esperado – especialmente se comparada às obras das linhas 2-Verde, 6-Laranja e 15-Prata.

Em 2022 foi feita a instalação das vigas-trilho no trecho da Marginal Pinheiros. A operação envolveu o uso de um equipamento específico instalado próximo à estação Morumbi, chamado de “treliça lançadeira”, que vai fazer o lançamento de 129 vigas na região da Marginal Pinheiros até o início do próximo ano. Cada viga é feita de concreto com 30 metros de comprimento por dois metros de altura, pesando 90 toneladas.

“É uma ação de engenharia complexa que marcou um ponto importante da retomada das obras da Linha 17-Ouro.”, reforça Alexandre Baldy, Secretário dos Transportes Metropolitanos.

 Além disso, foi feita a última viga-trilho curva, próxima à Ponte Octávio Frias.

A mão de obra foi um desafio na construção da Linha Ouro. “Quando chegamos em 2019, fizemos de tudo para destravar essa obra. Isso foi possível com novas licitações e contratações, retomando a construção que logo vai colocar essa importante linha à disposição da população”, afirmou Silvani Pereira, Presidente do Metrô de São Paulo.

Tecnologias 

Segundo o relatório do Governo do Estado de São Paulo e do Metrô, dentre as tecnologias utilizadas nesta linha estão:

  • Operação automatizada de trens;
  • Sistema Monotrilho, tecnologia pioneira no Brasil que circulará em via elevada;
  • Sistema de sinalização e controle Tipo CBTC, que permite a redução nos intervalos entre os trens;
  • Portas de plataforma que se abrirão somente no embarque e desembarque aumentando a segurança dos passageiros;
  • Trens equipados com câmeras em seu interior, sistema de gravação de imagens e ar refrigerado.

Sustentabilidade

De acordo com relatório do Governo do Estado de São Paulo e do Metrô,  esta linha ajudará a reduzir a emissão de poluentes (337 de toneladas ao ano); de gases de efeito estufa (34.969 de toneladas ao ano) e do consumo de combustível (17,3 milhões de litros por ano).

Fontes

Alexandre Baldy é Secretário dos Transportes Metropolitanos

Contato
Assessoria de imprensa: imprensa@metrosp.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Evento Tendências no Mercado da Construção avalia setor para 2023

Segundo 64% dos entrevistados do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, o segmento deve crescer no próximo ano.
Crédito: Sobratema

Durante o evento Tendências no Mercado da Construção, promovido no dia 1º de dezembro, foi apresentado o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, que mostrou que o setor de máquinas está otimista para 2023. Segundo a pesquisa, 64% dos entrevistados afirmaram que o segmento deve crescer no próximo ano. As expectativas para a economia brasileira, para as empresas e para a construção são também positivas para 87%, 83% e 74% dos entrevistados, respectivamente.

O Estudo de Mercado também estima que as vendas em 2023 tenham uma elevação da ordem de 4% tanto para o segmento de máquinas da linha amarela como todo o setor de equipamentos para a construção. Entretanto, Mario Miranda, coordenador do Estudo de Mercado e consultor da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), explicou que a indústria está preparada para um crescimento maior. “Nossa estimativa é crível, mas pode ter um viés de alta. Se a demanda for muito maior, é importante lembrar que a reação dos fabricantes demora entre 120 a 140 dias”.

Miranda avaliou ainda que o cenário do próximo ano pode ser desafiador, devido a conjuntura econômica incerta, a desaceleração da economia mundial (PIB Global estimado de 2,7%), a alta dos juros e um espaço menor de investimentos para infraestrutura no orçamento público.

Metaverso

Já pensou como seria acompanhar uma obra com um avatar? Ou que tal ter acesso ao terreno onde a construção será feita a qualquer momento e fazer o projeto em cima dessa realidade virtual? Infelizmente, estas opções ainda não estão disponíveis, mas estas são algumas possibilidades que o metaverso poderá oferecer ao setor de construção civil

Durante o evento Tendências no Mercado da Construção, Yoshio Kawakami, consultor da Raiz Consultoria e colunista da Revista M&T, falou sobre o tema. Para ele, o metaverso é o futuro da internet, com características diferentes, maior nível de sofisticação tecnológica e respostas imediatas. “A palavra mais importante é a experiência. Ele precisa de bilhões de participantes para que se viabilize”, pontuou.

Em sua palestra, ele explicou que a interação no metaverso será muito maior, com as pessoas podendo perceber a expressão real de cada um, por meio do uso de um avatar que copia gestos, voz e coloração de pele. Também ponderou que esse mundo virtual terá uma continuidade e as pessoas entrarão e sairão desse universo. Para acessá-lo será necessário um dispositivo, que pode ser um óculos, porém mais avançado tecnologicamente, menos incômodo e mais ecológico.

Segundo Kawakami, tem ocorrido alguns lançamentos imobiliários no metaverso. “Mas ainda é um campo distante onde a maioria não está. Por outro lado, eu acredito que o grande interesse da formação do metaverso ou da internet 3.0 não está focado neste tipo de atividade. O grande interesse da formação de metaverso ou da web 3.0 é em serviços e produtos puramente digitais. Essa inter-relação com o mundo real possui desafios que precisam ser resolvidos”, afirma.

Perspectivas para 2023

O que as empresas do setor da construção civil devem esperar para o próximo ano em termos econômicos? Segundo palestra do economista Luís Artur Nogueira no evento, mundialmente há quatro desafios que podem impactar a economia:

  • A pandemia: em países como a China, há a política de Covid Zero, que fecha algumas áreas e pode impactar o transporte de insumos para o resto do mundo.
  • Guerra Rússia X Ucrânia: na melhor das hipóteses, o conflito vai se prolongar até a primavera do hemisfério norte. Essa guerra gera efeitos inflacionários.
  • Bancos Centrais americano e europeu: estas instituições estão subindo os juros para combater a inflação. E quanto mais os juros subirem, maior o risco de recessão e maior o risco do mundo ter um crescimento menor em 2023
  • Bombas na Coreia do Norte: o governo de Kim Jong-un frequentemente realiza testes com mísseis no mar do Japão. Se ele errar os alvos, certamente deverá haver uma guerra no Oriente. E a grande incógnita é o papel da China neste possível conflito.

“O mundo precisou da pandemia para perceber a dependência exagerada de insumos chineses. E precisou de uma guerra para perceber a dependência de gás, petróleo e fertilizantes russos.  Uma vez superada a guerra e a pandemia, o mundo vai buscar alternativas para estas commodities”, pontua Nogueira.

Além disso, o economista lembra que um menor crescimento mundial afeta o Brasil, sendo um ano de ajuste e combate à inflação. “Mas a boa notícia é que entre 2024 e 2027, a previsão é que o PIB volte a ter uma média de crescimento de 3,2%”, reiterou Nogueira. Em relação ao Brasil, a expectativa é de uma elevação de 1% do PIB em 2023, menor do que a expectativa de 2022, na ordem de 2,8%, com crescimento médio de 2024 a 2027 de cerca de 2%. 

Dentre as expectativas citadas pelo economista para o próximo governo estão: bancos públicos como protagonistas na oferta de crédito; uma possível mudança na política de preços da Petrobras; uma ampliação do comércio exterior, devido ao melhor relacionamento do governo eleito com diversos países; um avanço nas grandes obras da infraestrutura e retomada aos programas de habitação social.

Fontes

Mario Miranda é coordenador do Estudo de Mercado e consultor da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema)

Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e colunista da Revista M&T

Luís Artur Nogueira é economista, jornalista e palestrante

Contato
Assessoria de imprensa - sylvia@meccanica.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Fórum Brasil África aborda sustentabilidade e gestão de resíduos

Para Jean Pierre Elong Mbassi, secretário geral da United Cities and Local Governments of Africa (UCLG Africa), a questão da gestão de resíduos tem sido postergada.
Crédito: 
Lupércio Silva | Fórum Brasil África (Brazil Africa Forum - BAF)

Depois de dois anos sem edição presencial, o Fórum Brasil África (Brazil Africa Forum - BAF) foi realizado nos dias 29 e 30 de novembro de 2022, em São Paulo (SP).

Com o tema “Cidades Sustentáveis: Desafios globais, soluções locais”, o BAF 2022 abordou temas pertinentes para obter uma agenda urbana mais justa, democrática e sustentável.

Segundo o professor João Bosco Monte, fundador e presidente do Instituto Brasil África (IBRAF), na programação de 2022, foram explorados nove eixos com temas-chave: Infraestrutura, Saúde e Saneamento, Mobilidade Urbana, Energias Renováveis, Gestão de Resíduos, Agricultura Urbana, PPPs, Esportes e Indústria Criativa.

Sustentabilidade, tecnologia e desenvolvimento 

Um dos temas do evento foi com relação à sustentabilidade. Durante as apresentações, foram mostrados cases de dois locais. O primeiro deles, a cidade de Praia, capital do Cabo Verde, que criou comunidades energéticas para aumentar a penetração da energia renovável localmente e diminuir os custos que a população tem com o consumo. O presidente da Câmara Municipal de Praia, Francisco Carvalho, contou a respeito de uma iniciativa de sua cidade, na qual foram iluminados com energia solar uma escola, um campo poliesportivo, um campo de futebol, uma rua e um espaço comum de conjunto habitacional.

Do lado brasileiro, o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, falou sobre o compromisso da cidade em diminuir drasticamente até 2050 a emissão de carbono. Segundo ele, o prédio central da prefeitura já tem 426 painéis solares. Da mesma forma, o terminal de transporte público está sendo construído com essa solução, assim como a rodoferroviária. De acordo com a Prefeitura de Curitiba, o sistema funciona no Centro Cívico desde junho de 2019 e já foi responsável por evitar a emissão de mais de 70 toneladas de CO₂ para a atmosfera. “Além disso, o antigo aterro sanitário receberá uma fazenda solar que abastecerá 60% dos prédios públicos de Curitiba”, informou.

Para Guillaume Bonnard, vice-presidente da Global Sales and Services – Thomson France, há um grande desafio em alinhar sustentabilidade, tecnologia e desenvolvimento – mas há grandes benefícios quando estes fatores caminham juntos. "Nós enfrentamos diariamente essa mesma luta para alinhar todos os parâmetros da equação: manter progresso, ter desenvolvimento dos países, não danificar o ambiente e encontrar o financiamento para isso. É uma equação muito difícil de ser resolvida. O desenvolvimento de um país aumenta de 1% a 2% o seu PIB e isso cria valor, com financiamento do que pode ser feito. A pergunta é: quando podemos fazer a ponte com bancos privados? Os banqueiros têm que entrar nos projetos e aí vamos para o setor público novamente, porque qualquer banco privado tem que fazer algo para ter lucro."

Para Braima Luis Cassama, vice-presidente do West African Development Bank (BOAD), é importante ter em mente os elementos que vão motivar essa atratividade de investimentos. “É preciso reforçar a capacidade para os investidores privados, o reforço da capacidade, a identificação do projeto, estudos prévios, e outro elemento é ter instituições de financiamento. É preciso uma supervisão e que investidores privados também tenham percepção dos riscos ambientais e sociais, por exemplo, com a construção de uma ponte sobre uma área habitada", sugere Cassama.

Gestão de resíduos

A gestão de resíduos, que é um desafio mundial, também foi tema do Fórum Brasil África 2022

Na África, Jean Pierre Elong Mbassi, secretário geral da United Cities and Local Governments of Africa (UCLG Africa), acredita que este problema tem sido postergado. "A gestão de resíduos é o principal problema que enfrentamos, porque a imagem das cidades é refletida na própria cidade. Isso é visto na limpeza ou na sujeira dessa cidade. Infelizmente, no caso da África, apenas 40% dos resíduos são coletados e 60% são deixados. E como eles são geridos? Ou jogados em lugares abertos, queimados ou são colocados em rios. E isso tudo causa muitos danos à saúde, no funcionamento da infraestrutura, na percepção que amanhã será pior do que hoje", afirmou Mbassi. 

Para Mbassi, a solução vai muito além do financeiro. “As pessoas acham que para manter uma cidade limpa precisa de bilhões de dólares, mas a primeira alternativa é diminuir a produção de lixo. Primeiro é a questão de pensamento, porque educação é a chave. Você começa educando as crianças, porque elas educam os adultos. 80% do resíduo produzido na África é orgânico e ele pode ser reutilizado. Muitos catadores fazem isso de modo informal e como podemos fazer isso nas cidades? É integrar os 60% que não fazem parte dos planos de gestão”, pontua.

Por outro lado, ele pondera que os lixões e aterros sanitários precisam de investimento. “E você consegue transformar o lixo em riqueza. Se a gente leva a economia circular a sério, devemos levar a sério também a conexão entre resíduos e energia, resíduos e agricultura, resíduos e saúde... É lidar com a questão de resíduos de forma sistemática. É uma obrigação crítica da comunidade humana lidar com a questão de resíduos, porque as consequências disso nos atingirão diretamente", finaliza Mbassi.

Fontes
Matéria baseada no evento Fórum Brasil África (Brazil Africa Forum - BAF).

Contato
Assessoria de imprensa - carlos@vetor.am

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


4 formas inovadoras de utilizar a tecnologia BIM

Uso do BIM possibilita diminuição de erros no projeto e facilita comunicação entre as equipes.
Crédito: Envato

O Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do SindusCon-SP realizou a 13a edição do Seminário Internacional BIM no dia 29 de novembro. O tema foi “Aplicações da metodologia BIM no setor da construção” e trouxe casos dos usos do BIM na construção, como o acompanhamento das obras por drones, utilização do laser scan e da nuvem de pontos, contratação e compatibilização de projetos em BIM e industrialização.

“Queremos mostrar a efetividade do BIM no mercado demonstrando empresas que o aplicaram e colheram bons frutos”, afirmou Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, vice-presidente do SindusCon-SP.

Aplicações inovadoras da Modelagem da Informação da Construção

Confira algumas soluções apresentadas durante o evento:

  1. Escaneamento milimétrico a laser

Já pensou fazer o levantamento e coleta de dados de maneira mais rápida e com menor possibilidade de erros? Grasielle Esposito, diretora executiva e sócia-fundadora da Potenza Soluções, mostrou as vantagens da utilização do escaneamento milimétrico a laser. 

De acordo com Grasielle, há equipamentos com potencial para escanear 2 mil metros de nuvens de pontos por dia. Para ela, este processo tem a vantagem de eliminar custos posteriores de retrabalho de obras. Por isso, a diretora executiva acredita que ele deve fazer parte dos projetos desde o início.

  1. BIM x Realidade aumentada

Visualizar o terreno por realidade aumentada no pré-lançamento, os sistemas prediais da obra durante a etapa de execução para a construtora, e o pós-obra para os clientes não é coisa do futuro – é algo que já existe. Durante o seminário, Felipe Toledo Lima, fundador da Inbuilt, fez uma apresentação sobre o aplicativo que sua empresa desenvolveu para possibilitar, mediante o direcionamento da câmara do celular, todas estas atividades. A grande vantagem é a forma de apresentar as informações do que está por trás das paredes, facilitando e reduzindo riscos

Outro desenvolvimento possibilita a visualização futura do empreendimento, apenas apontando o celular para o terreno ou a maquete. 

Murilo Bruza, analista de BIM da Mitre, mostrou como o aplicativo pela empresa funciona na prática. Dentre suas funcionalidades está apresentar pontos críticos na execução da obra, permitindo sua correção. Também antes de entregar as unidades ao cliente, foram detectados e corrigidos desvios de projeto, evitando problemas futuros ao adquirente. Hoje o aplicativo acompanha o desenvolvimento desde o BIM das instalações.

  1. Drones x inteligência artificial

Que tal usar drones para encontrar anomalias nas edificações? No seminário, Carlos A. Wendling Jr., diretor técnico na Voosolo, fez uma apresentação sobre inspeção de fachadas com drones e Inteligência Artificial (IA) para projetos de retrofit.

Neste processo, drones, sensores termográficos e scaners fazem um levantamento das fachadas e enviam os dados softwares de IA, numa plataforma que identifica automaticamente as anomalias, realiza a validação e edição dos dados, mostra os reparos necessários e sugere soluções.

  1. BIM para reduzir erros de comunicação

Em um projeto/obra, é comum ter problemas de comunicação, decorrentes do excesso de informação e do excesso de canais. Uma das plataformas apresentadas durante o evento, a ConstruFlow vem para corrigir este tipo de problema. Ela permite a centralização das informações e diminui o tempo em busca. Ainda, possibilita que os erros sejam corrigidos rapidamente e haja comunicação entre as equipes.

“40% dos apontamentos de erros ocorrerem no projeto executivo, o que demanda cerca de 3 meses para sua correção”, pontua Cícero Rodrigues Sallaberry, sócio-fundador da ConstruFlow.

Fontes
SindusCon-SP

Contato
Assessoria de imprensa - dbarbara@sindusconsp.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP