PELT 2020: Modal Hidroviário
Desenvolver o potencial portuário e hidroviário no estado do Paraná é uma das metas do plano
Por Michel Mello
Modernizar os portos de Paranaguá e Antonina e desenvolver as vias hidroviárias, essas são as urgências e também sugestões do Plano Estadual de Logística e Transporte (PELT 2020). O plano tem o objetivo de pensar o desenvolvimento do estado do Paraná dentro dos próximos 20 anos em quatro bases intermodais: rodoviário, hidroviário, ferroviário e aeroviário. Esse PELT foi proposto pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-PR), Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), e Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado do Paraná (Sicepot).
O estado do Paraná amarga ao menos duas décadas sem investimentos em infraestrutura e transporte. Com o desenvolvimento de programas do governo federal, já existem investimentos aprovados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC I e PAC II) e as demandas do Pré-sal. Com isso, se evidencia a urgência do estado ter suas metas e necessidades definidas em um plano estratégico, capaz de ser realizado dentro dos próximos dez anos.
Somente no ano de 2009, o Porto de Paranaguá movimentou mais de 36 milhões de toneladas, entre importações e exportações. E, com isso, gerou uma receita com exportações superior a US$ 14 bilhões. Foram movimentados mais de 163 mil veículos e mais de 604 mil contêineres. O Porto de Paranaguá gera pelo menos 16 mil empregos diretos. O terminal de cargas é o principal gerador de empregos na cidade e o total de trabalhadores envolvidos, somando aqueles com carteira assinada e autônomos, empregos diretos e indiretos, é mais que a metade da mão de obra formal na cidade apontado em agosto pelo Ministério do Trabalho e Emprego, totalizando 27,5 mil postos.
O embasamento do plano está calcado em dados econômicos e pesquisas, que identificaram gargalos que evitam o crescimento econômico do Paraná. Um dos aspectos positivos do PELT 2020 está em criar uma projeção de futuro e desenvolvimento tão necessários ao estado.
Ações propostas pelo PELT 2020 a serem desenvolvidas:
Desenvolver o Plano Portuário do Paraná
Desenvolver um plano de desenvolvimento portuário para o estado considerando ações no Porto de Paranaguá, Porto de Antonina e a construção de um porto em Pontal do Paraná. Ampliar a navegação hidroviária no estado a partir de três vias navegáveis. Um entrave a esse desenvolvimento é a falta de zoneamento portuário definido para o estado.
Ações de desenvolvimento no Porto de Paranaguá:
- ampliação do cais oeste;
- reforma do cais;
- dragagem, manutenção e aprofundamento dos canais de acesso ao porto;
- construção de um novo silo de grãos.
Ações de desenvolvimento do Porto de Antonina:
- dragagem e aprofundamento dos canais de acesso;
- ampliação do cais de Antonina;
Ações de desenvolvimento da Ponta do Poço (Pontal do Paraná):
- construção do terminal portuário de cargas e descargas em Pontal do Paraná.
Desenvolvimento hidroviário:
- utilizar os rios com potencial navegável;
- esse incremento traria soluções em transporte, irrigação e energia.
Seriam três vias navegáveis:
- Rio Ivaí;
- Rio Paranapanema/Tibagi;
- Rio Paraná.
Sobre o PELT 2020, infraestrutura e logística de transportes no estado, o Massa Cinzenta entrevista o Secretário Estadual de Transportes, Mário Stamm Júnior, que falou sobre Banco de Projetos do Estado do Paraná e as estratégias para o desenvolvimento do setor.
>> Como desenvolver as hidrovias no Estado? Existe um plano para isso acontecer?
Mário Stamm Júnior: Em 1882 a exploração da madeira e da erva mate impulsionou a navegação no Rio Iguaçu entre Porto Amazonas e União da Vitória. Anteriormente, ocorreram tentativas em outros rios como o Tibagi. E o Rio Ivaí foi estudado como uma via natural para a comunicação com o Mato Grosso. Em resumo, uma via de transportes se consolida por razões econômicas ou estratégicas. Hoje, as estradas cobrem todo o estado, as ferrovias estão em boa parte do Paraná e em rios estratégicos existem barragens para a geração de energia. É o caso dos rios Paraná e do Iguaçu. Mesmo assim, a Secretaria dos Transportes analisa as possibilidades do Rio Ivaí se tornar navegável. Ele corta o estado em diagonal, das imediações dos Campos Gerais até desembocar no Rio Paraná no noroeste do estado. Evidente que serão necessárias eclusas, mas esse tipo de transporte não pode ficar de fora do planejamento governamental por ser a matriz que consome menos combustível e que mais preserva o meio ambiente.
>> Em se tratando de portos, o que existe de fato em relação à criação do Porto de Pontal do Paraná?
Stamm: A Secretaria dos Transportes acompanha as atividades da administração dos portos de Paranaguá e Antonina e vê com bons olhos a instalação de um porto organizado em Pontal do Paraná. O local oferece um ótimo calado com opção para atender os grandes navios que não podem acessar a baia de Paranaguá. Atualmente, a Secretaria Estadual dos Transportes do Paraná (SETPR) estuda uma nova via para atender o futuro terminal. Quanto a sua efetivação, cabe ao governo que assumir em janeiro próximo uma definição. Pode haver a intervenção direta do estado ou a construção pode ser definida por uma Parceria Público-Privada (PPP) junto à iniciativa criada. De qualquer forma, toda a região sul brasileira precisa de terminais marítimos para múltiplos propósitos em Paranaguá e Antonina e de um porto hub em Pontal do Paraná.
>> Quais são os principais gargalos no Porto de Paranaguá e o que precisa e pode ser feito para solucionar essa questão?
Stamm: Os terminais marítimos paranaenses (Antonina e Paranaguá) desempenharam ao longo do tempo um importante papel na logística estadual de transportes. Atenderam a chegada dos colonizadores e mercadorias em um primeiro momento; foram fundamentais para a exportação da erva mate e da madeira a partir do século XIX e, posteriormente, do café. Nas últimas décadas, atenderam com eficiência o embarque da soja e outros produtos agrícolas, até a movimentação de veículos e contêineres. Hoje é preciso repotencializar o corredor de exportação para aperfeiçoar o embarque de grãos e criar condições viárias para o acesso aos terminais de caminhões transportando contêineres que é o tipo de transporte que mais cresce e que tem maior valor agregado. Também é preciso definir a área retroportuária que possibilitará o crescimento ordenado dos terminais. Em outros modais é preciso implantar o segundo traçado da linha férrea Paranaguá – Curitiba e implantar a Rodovia Interportos que passará pelos terminais paranaenses. A nova via com características de autoestrada, ligará a BR 101 na fronteira do Paraná com Santa Catarina com a BR 116 ao norte de Antonina.
>> Quais são as principais ações da SETR para desenvolver a infraestrutura viária e dotar o Paraná de uma melhor logística de transportes?
Stamm: O primeiro passo é buscar a integração entre todos os modais. E, paralelamente, promover o desenvolvimento de cada um deles. No modal aéreo estamos preocupados com novas pistas e equipamentos para os aeroportos de Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá e fazer o balizamento e manutenção das pistas espalhadas por todo o interior do estado. No modal ferroviário estamos estudando a mudança no modelo operacional da Ferroeste para que todos os clientes possam trafegar pela estrada de ferro. No modal rodoviário estudamos a mudança de classes nas rodovias troncos e a implantação de novas estradas. E no modal marítimo, a busca de agilidade operacional. Tudo isso, depende de projetos e para tanto estamos finalizando a implantação de um Banco de Projetos que balizará o crescimento da infraestrutura paranaense.
Entrevistado
Mário Stamm Júnior
Currículo
- Secretário Estadual dos Transportes do Paraná (SETPR).
- Engenheiro civil pela Universidade Mackenzie.
- Doutor em Transportes pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
- Professor titular de Transportes da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
- Coordena estudos e grupos de trabalho em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), CREA-PR, IEP, e Sicetop.
Contato: mariostamm@hotmail.com
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
Tecnologia microCAD gera menos consumo e maiores resultados
Microconcreto de alto desempenho contribui para programas de habitações populares
Por: Lilian Júlio
Uma tecnologia que ajuda as construtoras a economizar material: este seria um avanço importante na construção civil brasileira, principalmente nos programas de moradia popular. Assim é o microconcreto de alto desempenho (microCAD), um sistema construtivo mais leve estendendo a tecnologia do concreto armado a funções até então exclusivas de estruturas metálicas.
As tecnologias de pré-fabricados leves de microconcreto existem desde o início da década de 60 no Brasil, mas apenas agora têm ganhado força graças ao desenvolvimento das habitações populares. “O microCAD possibilita a economia de material, diminuindo o consumo, e acaba gerando outras economias tanto na produção do pré-fabricado quanto na montagem da estrutura”, explica Paulo Eduardo Fonseca de Campos, professor do Departamento de Projetos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) e coordenador do projeto microCAD do Programa Ibero-Americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (CYTED). Essa economia contribui para programas como o Minha Casa, Minha Vida, já que o consumo de material é menor, os custos são reduzidos e mais construções podem ser erguidas.
Para difundir o conhecimento em microconcreto de alto desempenho, a FAUUSP, em parceria com o CYTED, desenvolve entre os dias 18 e 21 de outubro o 4º Curso de Difusão MicroCAD. “É um curso aberto – podem participar tanto os alunos da USP quanto os profissionais de empresas privadas e também governamentais”, explica o professor Campos. “Embora o projeto do CYTED seja sobre as especificações do microCAD em geral, o curso será focado na aplicação dessa tecnologia”.
O microconcreto
Mas por que o microconcreto é vantajoso com relação aos demais pré-fabricados? Campos explica que as peças fabricadas com esta tecnologia são mais delgadas. “As peças são extremamente leves, o que possibilita inclusive a montagem parcial dos componentes manualmente”, conta o coordenador do projeto. Ele também explica que os pré-moldados de microCAD possuem alta resistência: ela chega a 200 MPa (2.000 kgf/cm²), com produtos de alta qualidade.
A principal característica destes produtos é a pequena espessura: ela varia entre 20 e 30 mm, conferindo à estrutura uma pequena massa. O nome microconcreto de alto desempenho se deve a não utilização de agregados graúdos em sua composição e porque a redução da porosidade da matriz do microconcreto confere uma resistência à compressão simples que supera os 110 MPa.
Para assegurar a durabilidade das estruturas delgadas é preciso desenvolver parâmetros para a aplicação do concreto de alto desempenho. Esse trabalho é responsabilidade do CYTED, que reúne profissionais da América Latina, Espanha e Portugal trabalhando com pesquisas científicas aplicadas e desenvolvendo uma normativa eficiente para a aplicação do microCAD.
Entrevistado:
Paulo Eduardo Fonseca de Campos
Currículo
Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela FAUUSP, onde hoje é professor do Departamento de Projetos. Coordenador internacional do Projeto MicroCAD do Programa CYTED e membro do Grupo de Trabalho sobre Pré-fabricação da Fédération Internationale du Béton (FIB).
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Otimismo na construção civil reflete o bom desempenho do setor
Para o diretor de economia do Sinduscon-SP, o momento é bom, mas devemos pensar o futuro
Por: Michel Mello
Os empresários brasileiros da construção civil possuem uma percepção positiva em relação ao desempenho das indústrias da construção até o terceiro trimestre de 2010. Esse é o resultado da 44ª Sondagem Nacional da Construção, uma pesquisa realizada pelo Sindicato Nacional das Indústrias da Construção de São Paulo (Sinduscon-SP), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A sondagem é realizada trimestralmente desde o ano de 1999 e funciona como um termômetro da economia no país.
Uma preocupação constante desses empresários, e que reincide em pesquisas passadas, é a apreensão em relação à inflação e aos altos custos dos insumos da construção. Para o diretor de economia do Sinduscon-SP, o engenheiro Eduardo Zaidan, “essa sondagem é um reflexo razoável do passado e que nos permite ter uma ideia de como será o futuro da economia do país”. A sondagem ouviu uma mostra qualitativa de 233 empresários de diversas regiões do país ligados ao setor da construção.
Valores X percepção
Na pesquisa, os empresários atribuem a cada quesito uma pontuação que vai de 0 a 100. Os valores acima de 50 são considerados desempenho ou perspectiva favorável. Para o quesito de dificuldades financeiras, os valores acima de 50 apontam perspectiva ou desempenho negativo ou desfavorável.
A percepção do desempenho atual das empresas da construção ficou em 59,22 pontos, o que representa uma queda de 1,2% em relação ao último trimestre, mas ainda acima da elevação de 13,5% do ano anterior. As perspectivas de desempenho futuro das construtoras receberam 61,5 pontos, representando um desempenho semelhante ao ano passado.
A probabilidade de crescimento econômico ficou em 62,43 pontos o que denota a avaliação da condução da política econômica positiva no trimestre, mas a percepção sobre dificuldades financeiras se mostrou um grande entrave à maioria dos empresários.
Crescimento sustentável
A construção civil é uma atividade econômica de longo prazo, representada por um ciclo de investimentos com duração entre 24 e 36 meses. Isso quer dizer que os efeitos sucedidos na macroeconomia serão sentidos com um certo atraso. “Foi assim com a crise financeira de 2009, que quando chegou ao Brasil, encontrou todos os contratos assinados e projetos de obras já em execução. Então as construtoras puderam continuar trabalhando e não repassaram o efeito da crise a outros setores”, afirma Zaidan.
O diretor de economia diz: “Vale lembrar que o crescimento sustentável de um país deve estar baseado em investimentos, infraestrutura, máquinas e equipamentos para que as indústrias, quaisquer que forem elas, inclusive a da construção civil, possa continuar crescendo e gerando empregos”.
“Os desafios são enormes. Há muitas dificuldades em se tratando de economia brasileira. As variáveis fundamentais da economia são um terror. A inflação é ainda muito alta. A taxa de câmbio para a indústria realmente assusta. E temos uma taxa de juros real, que é escandalosa. Isso afeta as finanças públicas, os investimentos e também a poupança das famílias”, destaca Eduardo Zaidan.
Déficit habitacional
O déficit habitacional brasileiro (clique e saiba mais no link: http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/deficit-habitacional-uma-oportunidade-para-a-construcao-civil-do-pais/) é algo em torno de cinco ou seis milhões de residências, pois o país acumulou um atraso de 20 anos sem planos de habitação. Os resultados são grandes centros urbanos lotados, de terrenos e moradias inadequadas e a favelização urbana. Para Zaidan: “Uma das iniciativas que corroboram para solucionar esse atraso em relação das moradias é o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), do governo federal (clique e confira mais informações na matéria: http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/financiamento-habitacional-garante-a-expansao-da-economia/). Com ele houve uma transferência de crédito da população com possibilidade de consumo para as construtoras. Estas repassaram o crédito a todos os fornecedores do mercado da construção. E o retorno à população foi em forma de novas habitações de qualidade”.
Segundo dados do Construbusiness, em torno de 16% do PIB brasileiro passa pela indústria da construção. “Isso também representa um investimento na formação de capital fixo do país. Nós levaríamos pelo menos cinco anos, no mesmo ritmo, para resolver o problema da habitação no país. Pois, a sociedade brasileira demanda por novas e boas habitações”, conclui Eduardo Zaidan.
Entrevistado
Eduardo Zaidan
Currículo
- Formado em engenharia civil pela Fundação Armando Álvares Penteado.
- Pós-graduado em administração de Empresas pela EASP FGV-SP.
- MBA Executivo Construção Civil pela Escola de Economia da FGV-SP.
- Possui mais de 30 anos de experiência no mercado imobiliário e da construção.
- Diretor executivo da RFM Construtora Ltda.
- Diretor de Economia e presidente do Conselho Consultivo do Sinduscon-SP.
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NBR 15575/2008 - Norma de Desempenho prorrogada
Norma de Desempenho foi prorrogada e a ABNT agora chama para a consulta pública
Por: Michel Mello
A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT concordou em reativar a Comissão de Estudo que elaborou a norma de desempenho, NBR 15575/2008 para estabelecer um novo prazo de vigência. As seis partes que compõem a norma receberam emendas, e por isso estão de volta ao processo de Consulta Nacional.
A NBR 15575/2008, norma de desempenho térmico e acústico para edificações de até cinco pavimentos, foi instituída pela ABNT e criada com o objetivo de melhorar o desempenho e o acabamento de materiais na construção civil. A razão para esta nova consulta são as muitas dúvidas geradas nas construtoras e os possíveis reflexos causados na cadeia produtiva da construção. Por isso a norma precisa de mais tempo para entrar em vigor, um período maior de análise e adequação das construtoras.
Chamada Pública
A norma de desempenho refere-se a conforto térmico, luminosidade, ventilação, acústica, reaproveitamento de água em edificações de até cinco pavimentos. A ABNT, de comum acordo com entidades representativas do setor, resolveu prorrogar o prazo para poder esclarecer dúvidas e elaborar um plano de ação que mobilize os setores da indústria da construção civil para as adaptações às exigências da norma.
Para viabilizar a Norma, a ABNT realiza chamadas de consultas públicas em que pretende reunir os diferentes segmentos da sociedade em torno das demandas de adequação às normas. Vale lembrar que essa normatização é um marco que irá alterar o modo de construir no país.
Sobre a Norma de Desempenho entrevistamos o presidente da Câmara Brasileira das Indústrias da Construção – CBIC, o engenheiro civil Paulo Safady Simão, confira abaixo a entrevista:
1) Em termos de avanço da NBR 15575/2008 para as construções?
R: A Norma de Desempenho NBR 15575/2008 traz importantes avanços para o setor da construção, como: abordagem em desempenho no lugar do caráter prescritivo; foco no conforto e segurança do morador; incentivo à inovação e sustentabilidade; qualidade como valor agregado; co-responsabilidade dos projetistas, construtores, fabricantes e usuários pelo desempenho da habitação e definição de ensaios para perícia.
2) O setor da construção civil está preparado para atender as normas?
R: É consenso entre as organizações representativas do segmento que o mercado não está preparado para atender imediatamente vários parâmetros exigidos na Norma. Não existem fornecedores com produção em escala suficiente para atender a demanda do mercado dentro dos novos parâmetros. Por isso, ficou entendido que deve existir um prazo maior para a adaptação.
3) E como acontecerá o processo de adequação às normas?
R: A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) abriu uma consulta pública de seis emendas. Todas as emendas tratam exclusivamente da extensão do prazo de exigibilidade das Normas para março de 2012, conforme aprovado na reunião do Comitê Brasileiro da Construção Civil (CB-02) do último dia 20 de setembro. Uma vez aprovada a emenda, a norma deverá ser novamente publicada no dia 11 de novembro de 2010. A vigência do novo texto terá início 30 dias após a sua publicação, o que corresponderá a uma nova data de entrada em vigor: 11 de dezembro de 2010. Quinze meses após essa provável nova data de entrada em vigor, corresponde ao mês de março de 2012”.
Para quem quiser mais informações siga os seguintes passos:
- consulte o site da ABNT www.abnt.org.br;
- clique em Consulta Nacional;
- clique em ABNT/CB-02 e acesse os projetos de emenda.
Será preciso fazer um cadastro e gravar uma senha, que será válida para outras oportunidades em que você precisar conhecer projetos em votação.
Entrevistado
Paulo Safady Simão
-Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção - CBIC Gestão 2008/2011.
-Engenheiro Civil formado na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais.
-Especialista em Administração de Empresas na Fundação João Pinheiro, em conjunto com a Graduate School of Business da Columbia University de New York.
-Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) da Presidência da República desde 2003.
-Vice-presidente da Federação Interamericana da Indústria da Construção (FIIC), gestão 2003/2011;
-Vice-presidente da Confederação das Associações Internacionais de Empreiteiras de Construção (CICA), gestão 2010/2012.
-Diretor presidente da Wady Simão-Construções e Incorporações LTDA.
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Prêmio Soluções para Cidades é de alunos da Universidade Feevale
Projeto foi escolhido pela originalidade e criatividade
Por: Lilian Júlio
Promovido pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), o Prêmio Soluções para Cidades incentiva alunos de arquitetura e urbanismo a desenvolverem um mobiliário urbano que pudesse ser aplicado em diversas funções. O projeto vencedor foi o dos alunos da Universidade Feevale (RS), Karen Kussler e Guilherme Osterkamp.
A premiação ocorreu no dia 27 de agosto, durante a Concrete Show, em São Paulo (SP). A cerimônia foi conduzida pelo presidente da ABCP, Renato Giusti, e por Rafael Schimidt, conselheiro da diretoria do IAB. O segundo colocado foi o projeto dos alunos Hudson Gonçalves Martins e Juan Carlos Câmara, do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, e o terceiro coube a Ana Maria Freire, André Figueiredo, Bruno Firmino e Maria Cavalcanti, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Além dos três primeiros colocados, que receberam prêmios em dinheiro, outros projetos receberam menções honrosas e destaques na cerimônia.
Projeto original
O trabalho de Karen e Guilherme consistia em uma peça de concreto pré-moldado, chamada de Drop. Com esta peça é possível compor bancos, lixeiras, bicicletários, postes de iluminação e brinquedos infantis. “A proposta do prêmio era a criação de um mobiliário urbano para uma praça, mas que pudesse ser aplicado em vários espaços da cidade e em diversas funções”, explica Karen, uma das vencedoras.
“O projeto vencedor chamou a atenção pela originalidade, flexibilidade de utilização e possibilidade de produção em escala industrial”, conta Hugo Rodrigues, gerente de comunicação da ABCP. Para ele, a proposta de Karen e Guilherme já havia se destacado nas primeiras reuniões de avaliação. “O impacto visual da proposta e a possibilidade de diversos usos são critérios fundamentais na hora do julgamento. E foi aí que o projeto dos alunos da Feevale se destacou”.
A oportunidade, agora, é transformar o projeto em produto. “A comissão julgadora sugeriu aos vencedores que busquem a patente das peças propostas, assim como o desenvolvimento do projeto e a produção do mobiliário em escala industrial”, comenta Rodrigues. “Estamos estudando as propostas e vamos desenvolver um protótipo do Drop para tirar o projeto do papel e pensar numa produção”, revela a aluna Karen.
Prêmios como incentivo acadêmico
De acordo com Hugo Rodrigues, da ABCP, concursos como o Prêmio Soluções para Cidades auxiliam a fortalecer o ensino de arquitetura e a cultura do emprego dos sistemas construtivos à base de cimento no Brasil. “Apesar do nosso país ser tradicionalmente construído em concreto a gente não pode deixar de incentivar, cada vez mais, os nossos futuros profissionais a aprofundarem seus conhecimentos nestes sistemas”, explica. “Sempre que puder a associação vai incentivar esse tipo de atividade no meio acadêmico, pois cabe a nós, profissionais, fomentar a formação dos futuros arquitetos e urbanistas”.
Além do fortalecimento do ensino, Rodrigues vê os prêmios voltados a estudantes de forma muito positiva. “Eles fomentam uma maior integração entre professor e alunos, já que todo projeto precisa de um orientador; gera interesse no estudante para se aprofundar em determinados temas – ele precisa conhecer detalhes do que irá propor; incentiva a participação em concursos desde os bancos universitários; e leva o aluno a ter contato com a realidade da profissão”, afirma. Segundo Rodrigues, esses aspectos são fundamentais para o desenvolvimento profissional do setor.
Já para os alunos que desenvolvem os projetos, fica o desejo de continuar o trabalho. “O reconhecimento que temos após a premiação é incrível! Participar do prêmio é muito gratificante e agora queremos desenvolver nosso projeto ainda mais”, finaliza Karen.
Entrevistado
Hugo Rodrigues
Engenheiro civil com MBA em Comunicação e Marketing. Gerencia a área de Comunicação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
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CRA-SC e IAB-SC lançam as bases para a construção sustentável
A adoção de práticas sustentáveis diminui os custos em projeto e construção das edificações
Por: Michel Mello
Preocupado em estabelecer critérios sustentáveis nas construções o Instituto de Arquitetos do Brasil – Depto Santa Catarina – IAB-SC promoveu o Concurso Nacional de Arquitetura para escolha do anteprojeto de arquitetura utilizado na construção do edifício sede do Conselho Regional de Administração – CRA-SC. O custo para o empreendimento está estimado em R$ 1.000,00 por metro quadrado, sendo que o valor total não poderá ultrapassar R$ 6.500.000,00. Nesta estimativa estão inclusos todos os equipamentos e tratamentos fixos ligados à edificação.
O primeiro colocado no concurso, além da premiação em dinheiro no valor de R$ 30.000,00, contratará junto ao Conselho Regional de Administração, o desenvolvimento do projeto executivo de arquitetura, memorial descritivo, coordenação e elaboração dos projetos complementares, dentro das normas técnicas brasileiras e das legislações vigentes. Estão previstas também premiações para os segundo e terceiro lugares onde, respectivamente, eles receberão o prêmio de R$ 15.000,00 e o de R$ 5.000,00.
O concurso recebeu inscrições até o último dia 08 de outubro, com data limite para a entrega dos projetos em 06 de novembro. Ao total foram inscritos 75 projetos de equipes ou pessoas físicas. Para ingressar no concurso era necessário que os participantes tivessem atribuição em projeto de arquitetura, além das habilitações exigidas para o desenvolvimento dos projetos executivos dispostos na minuta do contrato. O resultado será divulgado em 03 de dezembro de 2010.
Projeto sustentável
O presidente do CRA/SC, João Carlos Domingues Carneiro, diz que: “decidimos pelo lançamento do concurso por acreditarmos que, dessa forma, conseguiremos selecionar um projeto arquitetônico que atenderá integralmente às necessidades da entidade”.
Sobre a escolha de um projeto sustentável, o presidente do CRA/SC informou que: “ao mesmo tempo, não podemos ignorar o fato de que representamos uma categoria muito importante, que precisa estar na vanguarda das tendências da gestão. E hoje é inimaginável termos uma instituição que pense o futuro sem se preocupar com as questões ambientais. Daí o motivo da nossa opção por um prédio "verde". Isso sem falar que a adoção de práticas sustentáveis comprovadamente diminui os custos futuros com o uso da edificação”.
O arquiteto Sérgio Oliva, que é coordenador de concursos do IAB/SC e responsável pelo concurso do prédio sustentável do CRA/SC, respondeu ao Massa Cinzenta sobre a ideia que baliza o projeto do concurso e do prédio sustentável. Leia a entrevista abaixo:
Como surgiu o convite para realizar o concurso da nova sede do CRA-SC?
Sérgio Oliva: O IAB e o IAB/SC vêm buscando difundir a prática de concursos entre poder público e a iniciativa privada, como a melhor forma de contratação de projetos de arquitetura. O convite surgiu diretamente do Conselho Regional de Administração de Santa Catarina que tomou conhecimento dessa temática e buscou a parceria com o IAB/SC para realização dessa empreitada.
Como o IAB pensou essa proposta até chegar à idéia ou consenso desse concurso?
Sérgio Oliva: Ocorreram diversas discussões entre a equipe organizadora do concurso e a diretoria do CRA-SC, onde a organização detalhou diversos pontos importantes que poderiam nortear a proposta, como os critérios de sustentabilidade, por exemplo, que foram avaliados, inclusive no quesito custo, pelo CRA-SC, até se chegar no desenho final, que foi lançado.
O que seria, na opinião dos idealizadores, um prédio sustentável, que valores ele deve agregar?
Sérgio Oliva: Um prédio sustentável agrega valores relativos a diversas áreas, não só a ambiental, como é convencionado falar. A sustentabilidade passa por práticas de projeto, desde o lançamento da ideia, até o detalhamento e especificação dos materiais e técnicas construtivas a serem utilizados, incluindo:
- a flexibilização dos ambientes e reutilização de materiais;
- avaliações de resultados de consumo energético na edificação;
- iluminação, climatização, utilização da água;
- avaliações sociais, como a comunicabilidade com o entorno, stress causado aos usuários, impactos urbanos e paisagísticos (incluindo estacionamentos, impacto viário, de transporte público.
- aproveitamento das condições climáticas do local;
- diminuição do custo de operação do edifício;
- priorização da utilização de mão de obra e produtos locais ou regionais; e
- reciclagem da própria edificação ao término da sua vida útil.
O consumo consciente está subentendido na economia de materiais quando é definido um valor máximo a ser gasto por m². Pode falar mais sobre essa prática, o que o IABSC pretende?
Sérgio Oliva: O valor máximo a ser gasto passa, antes de tudo, pelo equilíbrio contábil do contratante do Concurso. É praxe nos concursos organizados pelo IAB/SC a utilização de um valor máximo da obra, especialmente pelo respeito que a entidade tem ao contratante e ao participante do concurso. Pois, entendemos que deixando o valor máximo livre, é possível que o projeto vencedor não possa ser executado pelo promotor. Isto causa um mal estar entre todos, e, principalmente, deixa a modalidade concursos desacreditada. Nós confiamos que os profissionais e empresas que se inscrevem para participar querem fazer e ver construído, e, para isto, utilizarão de seus conhecimentos e criatividade para se adequarem da melhor forma possível ao custo total da obra.
Podemos alcançar “sustentabilidade” na gestão e na execução de obras?
Sérgio Oliva: Com certeza, inclusive existem várias certificações que se baseiam mais nos procedimentos de obra do que no projeto em si. Esta prática deveria sempre estar presente nos editais para contratação de obras, independente de certificações serem levadas a cabo.
Esse é o primeiro prédio sustentável de Santa Catarina? Existem iniciativas como essa no Brasil?
Sérgio Oliva: Em Santa Catarina já existem outras edificações com selos de sustentabilidade, porém, é o primeiro concurso que traz esta prerrogativa como diretriz principal no Estado. Em nível de Brasil, recentemente, foi realizado o concurso para a sede do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura/PR que também priorizou a sustentabilidade.
Para mais informações consulte o link: http://iab-sc.org.br
Entrevistados:
João Carlos Domingues Carneiro
- Possui graduação em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSCar).
- Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UfSCar).
- Professor titular do Curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí (Univale).
- Membro de comissão avaliadora do Conselho Estadual de Educação (CEE/SC).
- Membro da Associação dos Administradores da Grande Florianópolis.
- Conselheiro e Presidente do Conselho Regional de Administração de Santa Catarina - CRA/SC.
Contato: carneiro@crasc.org.br
Sergio Oliva
- Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
- Pós-graduado em Gerenciamento de Obras pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-PR)
- Coordenador Estadual de Concurso do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/SC).
Contato: sergio@medeirosoliva.arq.br
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
Caixa Econômica lança portal para a construção civil
O Portal da Construção Civil reúne informações e serviços da CEF para o setor num só lugar
Lilian Júlio
A Caixa Econômica Federal (CEF) lançou, na última semana de julho, o Portal da Construção Civil. “É um portal de domínio público e gratuito. Basta acessar o site da Caixa e entrar na área da Construção Civil para ter acesso às informações”, explica Suely Molinari, gerente regional da CEF para a Construção Civil. “Com esta iniciativa, nossa intenção é facilitar a comunicação”.
O Portal da Construção Civil reúne os serviços oferecidos pela Caixa – como linhas de crédito para construtoras, financiamentos e outros. O site é dividido em categorias: construtora, imobiliária, lojas de material de construção, profissionais, entidades representativas e indústria, além do simulador de financiamento. “Por exemplo, quando uma imobiliária vai passar informações sobre a linha de crédito para algum cliente pode acessar o portal e fazer uma simulação na hora”, conta Suely.
Facilidade para vender
As construtoras cadastradas na Caixa possuem uma área especial no portal, na qual podem cadastrar seus imóveis à venda. “Quando a construtora tem um imóvel na planta que será vendido através da Caixa ela pode cadastrá-lo no Portal de Empreendimentos, onde ela fica disponível para os correspondentes imobiliários”, relata Suely. “É uma forma de facilitar a troca de informações entre banco e construtora e entre construtora e imobiliária”.
A criação
Suely conta que a ideia de criar o Portal da Construção Civil da Caixa surgiu pelo grande número de acessos no site da CEF. “Além desses acessos – muitas vezes procurando informações sobre financiamentos – tínhamos uma procura muito grande no banco pelos serviços voltados à construção civil”, afirma. “Criar o Portal da Construção foi a solução encontrada para otimizar a vida do nosso cliente, que agora não precisa mais ir até uma agência da Caixa para buscar informações”.
Além dos serviços oferecidos, o Portal da Construção Civil possui uma área com os Índices da Construção Civil. “Antes, para ter acesso a esses índices, o usuário tinha que buscar informações em várias fontes. Agora elas estão centralizadas num mesmo local”, afirma Suely.
Outros serviços
O Portal da Construção Civil oferece informações e serviços para várias categorias da construção civil. Conheça alguns deles abaixo:
- Banco de lojas de material de construção
- Acesso a serviços bancários
- Documentos necessários para a avaliação de crédito
- Busca de rede de agências
- Portal de Empreendimentos
Acesse o Portal da Construção Civil aqui: http://www1.caixa.gov.br/construcaocivil/index.asp
Entrevistado
Suely Molinari
É gerente regional para a Construção Civil na Caixa Econômica Federal, empresa da qual faz parte há 29 anos. Formada em administração de empresas e com MBA em Gestão de Negócios.
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
Nova lei reduz em 10% a taxa de ocupação do solo em Belo Horizonte
A Lei de Uso e Ocupação do Solo também determina um limite para construção de vagas de garagens e tamanho das varandas
Por: Marina Pastore
A nova Lei de Uso e Ocupação do Solo tem causado polêmica entre construtoras e incorporadoras de Belo Horizonte (MG). O projeto da lei foi formulado durante a 3ª Conferência Municipal de Políticas Urbanas e é de autoria do Poder Executivo. Aprovado pela Câmara Municipal de Belo Horizonte em maio e sancionada pelo prefeito Marcio Lacerda, em julho de 2010, a nova legislação prevê a redução de 10% no coeficiente de aproveitamento (a área a ser construída, em relação à metragem do terreno) em toda a cidade. Em algumas regiões, a redução será ainda maior, como nos bairros Buritis, na Região Oeste, e Castelo, na Pampulha.
Entretanto, Cori Coraci Castello Branco, coordenadora de novos negócios da construtora Masb, adverte que a redução da possibilidade de construir em cada terreno não é só de 10%, pois também houve uma mudança nos outros parâmetros urbanos e este índice pode subir de 20% a 30%.
Teodomiro Diniz Camargos, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e conselheiro fiscal do Sinduscon-MG, acredita que há um caos na cidade – em alguns bairros há um excesso de construções e faltam opções de transporte público – e, por isso, seriam necessárias mais alternativas para curto prazo. “Uma coisa é certa: há uma necessidade de se conter a expansão e melhorar a mobilidade na cidade. O problema de tudo isso é que essa é uma forma indireta de cortar o adensamento imobiliário – não muito imediata e não muito eficaz. Era preciso reduzi-lo em algumas regiões, mas em outras, talvez, não fosse necessário”.
Outras mudanças
Outras mudanças propostas pela lei são:
- Limite para a construção de vagas de garagens (o número de vagas depende da área do apartamento).
- Padronização do tamanho das varandas.
- Empreendimentos com menos andares.
- Áreas de circulação verticais e horizontais, como escadas e halls, estão proibidas de serem descontadas do cálculo geral da área construída dos imóveis.
Outorga onerosa
Um dos pontos vistos como positivo por Camargos é a outorga onerosa. Isto é, as pessoas que quiserem construir além do limite permitido podem fazê-lo mediante o pagamento de uma taxa. Os recursos vão para o Fundo Municipal de Habitação, que financia os programas habitacionais do município destinados à população de baixa renda.
Polêmica de Isidoro
Uma das novas medidas previstas pela lei está a expansão do bairro de Isidoro. O local, situado no vetor Norte de Belo Horizonte, abriga uma mata e os afluentes do Rio das Velhas e da Bacia do São Francisco. A Prefeitura de Belo Horizonte pretende transformar o lugar na 10ª regional da capital.
A lei foi aprovada com apenas um voto contra – do vereador Iran Barbosa que chegou a criar o Movimento Salve BH para mobilizar as pessoas contra a causa. “Em resumo, a nova lei de uso e ocupação do solo promoverá a redução de 30% da área verde total do município. Serão mais de 6 milhões de m² devastados para a criação de diversos empreendimentos. Ao mesmo tempo, a cidade ainda ganhará a ‘Regional Isidoro’, que começará com 240 mil novos habitantes na capital. Ela terá as dimensões populacionais da cidade de Uberaba, mas de onde sairá o dinheiro para pagar os novos serviços como limpeza urbana, programa de saúde da família e guarda municipal?”, questiona Barbosa.
A arquiteta e superintendente de Relações Institucionais do Crea-MG, Marília Machado, não vê a urbanização de Isidoro desta maneira. “Trata-se de um projeto importante para o município. As áreas com vegetação serão mantidas e o planejamento urbano parece bom”, opina.
Impacto para os consumidores
Para Cori, haverá um aumento no valor dos imóveis. “Como a cidade não é muito grande e não tem muito para onde expandir, com a redução das áreas de construção, os preços dos empreendimentos tendem a subir”, esclarece. Ela também adverte que os produtos a serem entregues poderão ter qualidade inferior, por causa das restrições com relação ao tamanho das varandas e das garagens.
Marília compartilha da mesma opinião de Cori. Para ela, os terrenos deverão ficar mais caros e provavelmente as construtoras repassarão estes custos para o bolso dos consumidores. Os arquitetos, por sua vez, terão que encontrar soluções criativas para contornar as limitações impostas pela lei.
Entretanto, Camargos e Cori concordam que não haverá valorização dos imóveis aprovados antes da lei. “O mercado vai superando e deverá haver uma oferta maior. Com isso, não tem espaço para valorização. A tendência é o equilíbrio a curto e médio prazo”, afirma o conselheiro fiscal do Sinduscon-MG.
Impacto para as construtoras
A coordenadora da Masb cita dois benefícios que a nova lei pode trazer para as construtoras:
- O governo está privilegiando a construção de hotéis e apart-hotéis por conta da Copa do Mundo de 2014 e isto pode representar uma boa oportunidade para as construtoras.
- Antes, para aprovar um estudo de impacto ambiental, era preciso aprovação do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Agora, a avaliação é feita pelo Conselho Municipal de Políticas Urbanas, que agiliza o processo.
Camargos não prevê grandes consequências para as construtoras. “A maioria que tinha terreno já aprovou os projetos antes da lei e ainda tem um bom tempo para realizá-los”. Isto deve ocorrer porque os empreendimentos imobiliários que já possuem alvará poderão ser construídos de acordo com as leis anteriores.
Entrevistados
Teodomiro Diniz Camargos
- Engenheiro civil e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG).
- Foi presidente do Sinduscon-MG e atualmente integra o conselho fiscal do sindicato. Sob sua gestão, o Sinduscon foi um dos responsáveis pela implantação do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), em Minas Gerais.
- Foi presidente do Seconci-MG e diretor da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
- Participou nos últimos 18 anos de todas as discussões sobre plano diretor e lei de uso e ocupação do solo da cidade de Belo Horizonte.
- Presidente da construtora Diniz Camargos.
Contato: http://www.sinduscon-mg.org.br
Cori Coraci Castello Branco
- Coordenadora de novos negócios da Masb Desenvolvimento Imobiliário.
- Formada em arquitetura e urbanismo com especialização em empreendimentos imobiliários.
- Atua há três anos realizando análises de viabilidade econômica e mercadológica de empreendimentos imobiliários.
Contato: http://www.masb.com.br
Marília Machado
- Engenheira, arquiteta e urbanista formada em 1975 pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
- Especialista em gestão estratégica pela Faculdade de Economia da UFMG.
- Trabalha como conselheira do Conselho Municipal de Habitação representando o segmento dos profissionais liberais e superintendente de relações institucionais do Crea-MG.
- Assessorou a Prefeitura de Ouro Preto na primeira gestão do prefeito Ângelo Osvaldo, atuando como superintendente regional substituta do IPHAN em Minas Gerais entre os anos de 1997 a 1999.
- Trabalhou como diretora da Secretaria de Estadual de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (SEDRU).
- Foi conselheira do Crea de Minas durante seis anos, tendo coordenado a Comissão de Acessibilidade e atuado por dois períodos como diretora de relações institucionais.
Contato: http://www.crea-mg.org.br/
Iran Barbosa
- É o vereador mais jovem da História de Belo Horizonte.
- Formado em administração pela PUC-Minas, sendo especialista em administração pública e ex-gestor de um dos maiores grupos imobiliários de BH.
- Antes de ser vereador, Iran foi nomeado pelo governador Aécio Neves como coordenador da maior obra pública de Minas Gerais, a construção da Cidade Administrativa do Governo de Minas Gerais (CAMG), tendo ocupado também o cargo secretário Administrativo da União Parlamentar do Mercosul (UPM).
- Atualmente, Iran é bacharelando em Direito pela Faculdade Milton Campos e estuda para obter o MBA em Gestão Pública da Fundação Getulio Vargas.
Contato: http://euacredito.com/
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
Sisau 2010 e as diretrizes pela sustentabilidade na arquitetura
Palestras com foco nos modelos de habitação e no urbanismo das cidades
Por: Michel Mello
Durante o segundo dia do II Simpósio Internacional de Sustentabilidade em Arquitetura e Urbanismo (Sisau 2010) a programação contou com palestras internacionais com o tema habitação na busca por um mundo melhor e 10 diretrizes pela sustentabilidade na arquitetura.
A tecnologia no combate a mudança climática
A necessidade de reduzir as emissões de CO2 norteou todo o Plano de Habitação de Copenhague, na Dinamarca. Para combater as mudanças climáticas, a ideia era ter diferentes diretrizes e parâmetros ao realizar novas obras. Renovar bairros e outras estruturas da cidade, que muitas vezes já se encontravam decadentes, era necessário envolver seus habitantes, já que a planta da cidade é da Idade Média.
Para a arquiteta dinamarquesa, Dorte Mandrup Poulsen, uma das responsáveis pela elaboração do plano de habitação de Copenhague, “foi preciso criar áreas com uma arquitetura que convidasse as pessoas a permanecer mais tempo nela. E criar parques que oferecessem atividades. Copenhague não é uma cidade densa, o que queríamos era adensar a cidade dentro dos limites urbanos, fazer com que ela se conectasse, através dessas áreas abertas”.
A arquiteta enfatizou que “a sustentabilidade é chave para os projetos e que todas as novas demandas devem ter uma base em sustentabilidade. Carbono neutro em 2025: nossa meta é reduzir as emissões de CO2 em 20%, entre os anos de 2005 e 2015. Nosso objetivo é transformar Copenhague na primeira capital neutra em emissões de CO2 até 2025”.
Construção sustentável
Com o tema: Fachadas ventiladas o arquiteto, Gastão Santos Sales, da Piratinga Arquitetos Associados destacou a gestão de resíduos, o uso e a aplicação de novos materiais e sistemas construtivos. O destaque foi a reciclagem de materiais realizada no próprio canteiro de obras. O arquiteto ainda ressaltou que durante a execução das obras o reaproveitamento é uma diretriz. “De uma das minhas últimas construções, em oito meses de obra, saiu apenas uma caçamba de material, isso por que tivemos que refazer parte da estrutura de acordo com uma sugestão do cliente. Toda a sobra de material foi reaproveitada no local”.
Habitação, densidade e mobilidade urbana
O arquiteto Bruno Moser, da Foster & Partners Architects, do Reino Unido, foi um dos palestrantes do segundo dia do evento. Com o tema habitações urbanas ele destacou a importância de planejar o desenvolvimento das cidades em vista da crescente taxa de urbanização. “Permitir acesso e mobilidade é um dos fatores que permitem a uma cidade se tornar sustentável”, afirma Moser.
Para o arquiteto inglês: “em termos de construção já está mais do que na hora de pensar em reaproveitar materiais e poupar matéria-prima. O modelo atual não é mais compatível com as necessidades humanas e isso se torna evidente dentro das cidades, com modelos já superados baseados em combustíveis fósseis, automóveis e superpopulação”.
Transitions Towns
A palestra “Cidades de Transição” (tradução livre) surge de um movimento que nasceu no Reino Unido e que procura mobilizar a sociedade a criar um design coletivo para as cidades em torno de um projeto mais sustentável.
Na palestra, o arquiteto Marcelo Todescan enfatizou a necessidade de “reunir os segmentos sociais para encontrar novas soluções às questões urgentes sobre os centros urbanos, reduzindo o uso de carros e consequentemente os combustíveis fósseis, buscando uma matriz energética limpa”.
Habitar no futuro
“É preciso construir uma nova história nas cidades. Pois do jeito que as coisas estão indo, o futuro da humanidade baseado nessas ocupações urbanas chamadas de cidades não se sustentam. Para isso, basta pensarmos em uma cidade como São Paulo. Uma megacidade que já não encontra saída para a habitação e está rodeado por uma ilha de pobreza”, defende Fabio Tokars que é jornalista e advogado.
Ele ressalta que: “para habitarmos em um futuro é preciso que sejam aplicados conceitos sustentáveis de fato e que possamos sair do discurso para a ação e isso precisa ser feito muito rapidamente”.
O urbanismo do futuro
O arquiteto Carlos Leite pensa o urbanismo de maneira responsável e inteligente. E desenvolver as cidades de modo sustentável a partir da reinvenção das cidades e o do reaproveitamento de espaços urbanos.
Ele defende que: “a cidade viva é aquela que é habitada e vivenciada por sua população. Precisamos transformar os espaços urbanos em espaços de convivência humana. E isso é o primeiro passo para o desenvolvimento sustentável”.
Sobre a cidade de São Paulo, ele argumenta: “uma ilha de riqueza cercada por um mar de pobreza, fruto de uma falta de modelo e de planejamento de ocupação urbana, que foi responsável por criar os atuais bolsões de pobreza”.
Debates
O evento terminou com um debate aberto ao público em que os palestrantes e a plateia puderam discorrer sobre temas e diretrizes que norteiam o processo de desenvolvimento sustentável na arquitetura. Para Cris Lacerda, da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), “devemos ter em mente: a cidade para quem? E o que esperamos de uma cidade?”. Essas questões pretendem desenvolver um pensamento crítico no público e gerar novas ideias sobre o desenvolvimento sustentável na arquitetura.
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
Urbanismo no futuro com Carlos Leite (Podcast)
O modelo de ocupação das cidades é fruto de uma política de habitação não planejada. Isso cria bolsões de pobreza dentro das grandes cidades. Para o arquiteto a cidade precisa ser vivenciada por seus habitantes e se deve aprender a reutilizar seus espaços urbanos
Por: Michel Mello
Currículo: Carlos Leite
- Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP).
- Mestre em Habitação pela California Polytechnic State University.
- Arquiteto do Stuchi & Leite Projetos.
- Consultor da Fundação Dom Cabral.
- Professor titular da Fundação Instituto de Administração.
Clique no player abaixo e ouça a entrevista.