Reutilização de materiais na construção

Oportunidades de reuso e reciclagem de materiais da construção podem se mostrar como soluções sustentáveis

Por: Michel Mello
Wilson: A reutilização de materiais é, na verdade, aproveitar resíduos de demolição, em novas edificações

A reutilização de materiais na construção civil trata de transformar os resíduos das obras, normalmente encarados como entulhos e caliça, em produtos comerciais que possam ser novamente utilizados. Com isso, criar oportunidades de reuso e reciclagem que se traduzam em sustentabilidade social e ambiental.

Quase todas as atividades desenvolvidas pelo setor da construção civil geram resíduos como caliça e entulhos. Isto se deve aos altos índices de perdas durante o processo construtivo e à falta de uma cultura de reutilização e reciclagem no país.

No Brasil, em média 50% de todo o material desperdiçado, o que representa por volta de 850 mil toneladas de entulho por mês, é depositado sem critério em lixões ou aterros sanitários. O Reino Unido produz cerca de 53 mil toneladas/ano e o Japão pode ser considerado uma referência em reaproveitamento, com apenas 6 mil toneladas/ano.

A prática de reuso e reciclagem pode ser encarada do ponto de vista da viabilidade econômica para revenda desses materiais. Outra destinação é servir de sub-base para pavimentos de vias de menor tráfego e em aterros sanitários para a conservação das estradas. Já existem iniciativas de usinas de reciclagem desses materiais nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Resultados do reaproveitamento

As vantagens ambientais do reaproveitamento estão em reduzir as matérias-primas bases dos materiais de construção, abater a quantidade de lixo em aterros sanitários e diminuir o volume de detritos e resíduos da construção. Estas ações, com certeza, diminuirão a poluição das cidades.

Conceitos

• Reuso – significa reprocessar e reinstalar materiais sem remanufatura;
• Reciclagem – é a completa remanufaturação onde se produz outro elemento construtivo a partir de uma peça já existente; e
• Downcycling – é o reprocessamento completo de outro produto diferente da origem e que possui menor qualidade.

Problemas

Um dos problemas enfrentados quando se fala em reuso de materiais de construção reside no fato de que esses produtos não foram concebidos para serem desmontados. Considerando que desconstruir leva de duas a dez vezes mais tempo que demolir, isso reflete a falta de técnicas para essa prática no país. 

A demolição seletiva ainda não é praticada comercialmente no Brasil, isso significa que temos que incentivar a reciclagem de forma sustentável a partir de uma nova cultura de sustentabilidade, de mão de obra especializada e da armazenagem correta dos materiais.

Para o professor, Wilson Jesus da Cunha Silveira, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutor em engenharia de materiais, “a reutilização de materiais é, na verdade, aproveitar materiais de demolição em edificações novas. Isso pode dar um bom aspecto à construção”.  Confira a seguir entrevista completa com o especialista.

>> A resolução 307 do CONAMA vem de fato sendo cumprida?
Wilson Jesus da Cunha Silveira: As normas técnicas e resoluções de órgãos ambientais sempre sofrem certa resistência na sua aplicação por parte dos usuários bem como toda inovação. Normalmente, somente indústrias exportadoras as respeitam devido às exigências dos importadores, de acordo com as Normas ISO 9000 e ISO 14000. Empresas que não respeitam os códigos e normas não conseguem exportar.

>> Como transformar resíduos das obras em produtos comerciais?
Wilson: Essa produção pode ser feita com pequenas máquinas, principalmente as trituradoras que transformam o resíduo em pó. Depois é só misturar com um pouco de aglomerante, que transforma o material resultante em uma argamassa utilizada para diversos usos.

>> A que se deve os altos índices de perdas de materiais nas obras?
Wilson: Principalmente aos projetos, que não são concebidos de forma racionalizada, ou seja, para aproveitamento otimizado dos materiais. Essa utilização se faz nos projetos executivos, específicos para a obra, feitos depois da aprovação do desenho nos órgãos públicos. Os desenhos executivos sobrepõem os projetos de instalações, planos estruturais e plantas da edificação, com as vedações que podem ser alvenarias, painéis ou chapas. O que tem resolvido bastante a redução de desperdício em obras é a industrialização, que retira os serviços do canteiro, transferindo-os às indústrias e agregando qualidade pelo uso de mão de obra especializada.

>> É possível reutilizar materiais nos canteiros de obras e evitar a produção de caliça e entulhos?
Wilson:
O canteiro de obras reproduz os planejamentos de obra feitos nos projetos executivos. Hoje se pode empreitar esses serviços com material e mão de obra mais baratos que executados no canteiro.

>> Por que a técnica da desconstrução ainda não é utilizada no país?
Wilson: Desconstrução é um conceito de projeto e é usado por muitos profissionais. Somente agora os construtores, engenheiros e arquitetos estão se conscientizando da necessidade de uma formação complementada com mestrados e doutorados para aprofundar conhecimentos. Parece-me que o termo desconstrução está sendo usado de maneira equivocada. Reaproveitar é esquecer os conceitos antigos de simetria, proporção e elaborar um projeto sem preocupações de alinhamento, esquadro e prumo.

Entrevistado
Wilson Jesus da Cunha Silveira
>> Currículo
- Arquiteto Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
- Mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
- Doutorado em Engenharia de Produção pela UFSC.
>> Contato: wilson@arq.ufsc.br

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Gestão de metas orçamentárias pré-definidas (Podcast)

O arquiteto Flávio José Martins Nese, da Nese Arquitetura, é especialista na questão de metas orçamentárias. Ele defende o cumprimento das metas pré-definidas de maneira estratégica e eficaz

Por: Michel Mello
Flávio José Martins Nese

Currículo: Flávio José Martins Nese
- Arquiteto pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie.
- Especialista em metas orçamentárias.

Clique no player abaixo e ouça a entrevista.


Concretagem da base do silo de clínquer da linha 3

Novo silo terá a capacidade de armazenamento de 56 mil toneladas de clínquer

Por: Michel Mello

A Concrebras realizou nos dias 12, 13 e 14 de novembro a maior concretagem da sua história. A obra foi a base do silo de clínquer da linha 3 de produção de cimento na fábrica da Cia. de Cimento Itambé, em Balsa Nova (PR). O diâmetro da base é de 44,50 m, com altura de 2 m, e o volume de concreto lançado foi de aproximadamente 3.200 m³, com 300 toneladas de aço.

Foram usadas duas centrais para ao fornecimento do concreto, uma na própria fábrica, no município de Balsa Nova; e outra na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). A logística contou com 17 caminhões betoneira.

Bressani: O sucesso desta concretagem se deve ao bom planejamento aliado à uma execução criteriosa

Paulo Bressani, coordenador da área civil da linha 3, afirma que, “o sucesso dessa grande concretagem – que é uma das maiores já feitas pelas empresas envolvidas – está associada ao bom planejamento e detalhamento de todas as atividades que foram feitas com bastante antecedência. Começamos a pensar essa obra com dois meses do prazo”.

A concretagem foi realizada a partir de três bombas lança que trabalharam, simultaneamente, sem parar, lançando o volume médio aproximado de 65 m³/h. A obra teve a participação de cerca de 200 funcionários, entre ajudantes, pedreiros, carpinteiros, eletricistas, mecânicos, motoristas, operadores, técnicos e engenheiros.

Volume

A base do silo de clínquer está apoiada sobre 232 estacas com 1 m de diâmetro por 19,5 m de profundidade, sendo que cada estaca pode suportar uma carga de 470 toneladas. “Ao final da concretagem, este silo da linha 3 terá a capacidade de armazenamento de 56 mil toneladas de clínquer e deve estar pronto para entrar em funcionamento no primeiro trimestre de 2012. Servirá aos fornos das linhas 2 e 3, ainda com a possibilidade de atender uma nova linha 4”, conclui Bressani.

Logística

Fator importante na logística desta concretagem foi a não utilização de gelo, que normalmente é usado em grandes massas de concreto, permitindo assim agilidade no processo de mistura e de lançamento.

Planejamento

A preocupação com os detalhes técnicos dessa concretagem evidencia e destaca o planejamento antecipado. Foram dois meses programando o evento que contou com equipamentos de terraplenagem para manutenção das vias de concretagem, equipamentos de levantamento de cargas, geradores de energia no caso de corte de fornecimento de eletricidade e algumas tendas para proteger os trabalhadores no caso de chuva.

As empresas Bianco e Unidec, ambas do setor de tecnologia, prestaram auxílio em controle tecnológico, estudos técnicos, confirmação dos traços e corpo de provas, além da equipe de técnicos da Concrebras e da Itambé que estiveram presentes. A Serpal Engenharia e Construtora foi a empreiteira contratada para o serviço.

Concrebras

Jorge L. Christófolli

Para Jorge Christófolligerente de desenvolvimento técnico da Cia. de Cimento Itambé - Divisão Concreto – Concrebras, “a principal preocupação foi a temperatura gerada na hidratação do cimento, que não poderia ultrapassar o limite de 64°C. Como a estrutura, um bloco dodecaedro com 44,50 m de diâmetro e altura de 2 m, tinha de ser concretado sem juntas frias, a obra teve de ser executada continuamente”, ressalta Christófolli.

Para o gerente: “Uma das dificuldades foi estabelecer a espessura das camadas e a distribuição das bombas de lançamento para que não fosse lançado concreto fresco sobre um concreto já endurecido.  Outro ponto importante foi a formulação do concreto, que tinha de ser concebida visando a menor geração de calor possível”.

Christófolli ressalta que, “essa condição foi atingida com o uso de cimento tipo CP IV-32 POZ – com baixo calor de hidratação –, de adição mineral de sílica ativa, aditivos superplastificantes e plastificante polifuncional”.

Tempo de concretagem

Concretagem do dodecaedro da base do silo do clínquer da Linha 3

O tempo de concretagem foi de 49 horas, sendo lançados 65 m³/hora. A temperatura de lançamento do concreto ficou na ordem de 23°C devido à baixa temperatura ambiente entre 10°C, durante a noite; e 26°C durante o dia. Devido à estocagem prévia de cerca de mil toneladas de cimento CP IV- 32 nos silos da Itambé, esse material já se encontrava presente no local da obra.

O monitoramento das temperaturas no interior do bloco foi feita com o uso de 10 termopares posicionados em pontos estratégicos e com leituras a cada 10 minutos.  O pico térmico ocorreu 72 horas após a concretagem no ponto central do bloco à uma altura de 1,30 m, registrando o valor de 56,5°C.

Números da concretagem

Concreto: 3.200 m³ do concreto fck 30 MPa, a partir de três bombas de concreto e duas centrais dosadoras
Cimento: tipo CP IV-32 POZ
Brita: 2.600 m³
Areia: 2.400 m³
Viagens: 398 viagens de caminhão betoneira com 8 m³
Caminhões: 20 caminhões betoneira
Funcionários: 200 envolvidos em dois turnos contínuos

Entrevistados:

Jorge L. Christófolli
Currículo
- Engenheiro civil pela Faculdade de Engenharia de São Paulo (FESP - SP).
- Pós-graduado em patologia das construções pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
- Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
- Gerente de Desenvolvimento Técnico da Cia. de Cimento Itambé – Divisão Concreto – Concrebras.
Contato: jorge@concrebras.com.br

Paulo Bressani
Currículo
- Graduado em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
- Coordenador da área civil da linha 3.
Contato: paulo.bressani@cimentoitambe.com.br

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Morar Mais por Menos 2010 Curitiba

Ambientes planejados trazem soluções sustentáveis e acessíveis

Por: Michel Mello

A Mostra Morar Mais por Menos que tem por título desse ano: “O Chique que Cabe no Bolso” vem se consolidando como conceito em arquitetura e urbanismo que oferece ambientes acessíveis com sofisticação. O desafio principal dos arquitetos que fazem parte da mostra é apresentar soluções econômicas, sustentáveis e que possam inspirar os visitantes a fazerem boas escolhas, aliando estilo e custo-benefício.

O evento acontece em Curitiba (PR), entre os dias 27 de outubro até 28 de novembro, e apresenta uma preocupação sustentável com o meio ambiente e um estímulo às inovações tecnológicas e construtivas em design de interiores.

Conceito

A ideia dos arquitetos Francisca Cury e Léo Pletz, este ano, é mostrar mais possibilidades de ambientes reais que possam ser totalmente aplicáveis em residência, e antenados com as demandas e as inovações do mercado.

São 54 espaços montados nas áreas internas e externas, que foram criados por mais de 70 profissionais da região. Na mostra, os visitantes podem conhecer ambientes residenciais, espaços corporativos e galerias de arte. Entre os destaques está um apartamento dentro dos padrões do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida (PMCMV).

Diferencial

Como aconteceu nas edições anteriores – e é um dos diferenciais desse evento – o que torna a Morar Mais por Menos sucesso de público é a contínua defesa da transparência e do respeito aos consumidores. Assim, em todos os ambientes da mostra existe um quadro descrevendo detalhadamente os itens utilizados na decoração, com os respectivos fornecedores e preços.

Sobre a mostra

O evento nasceu na cidade do Rio de Janeiro e hoje está presente em Curitiba, Salvador (BA), Recife (PE), Brasília (DF), Goiânia (GO), Natal (RN), Belo Horizonte (MG) e Vitória (ES). O conceito inovador atrai um número cada vez maior de visitantes. A mostra cativa pelas suas soluções que trazem o design de interiores acessível e criativo. Seguindo uma linha genuinamente brasileira, os ambientes são batizados com nomes em português.

 Inovação

Uma das inovações que tem feito bastante sucesso junto ao público é o ambiente criado pelo arquiteto Vinicius Trevisan: a sala de estar com lareira. Esse ambiente foi escolha do arquiteto e aplica conceitos de sustentabilidade e praticidade em ambientes residenciais. Isso, sem perder a sofisticação e o bom gosto.

“Escolhemos um ambiente em que a sustentabilidade se destacasse com um ponto fundamental. Foi feito utilizando um material que estava disponível, fácil de trabalhar e que permitisse criar uma peça moldável com peças geométricas – o bloco de concreto”, afirma o arquiteto.

Sustentabilidade

“Criamos peças, vasos para plantas com blocos de concreto revestidos que foram forrados com coadores de café e envernizados com esmalte incolor. Esses blocos eram rejeitos de outras obras. O concreto continua presente e se apresenta como um bom material”, ressalta o arquiteto.

Vinicius ainda destaca: “Esse painel de blocos de concreto surpreendeu, pois já foram encomendados por 12 pessoas e os desenhos são exclusivos. Veja: são materiais que iam pra caçamba e nós conseguimos reutilizá-los e torná-los ainda bastante atraentes”.

“Vale destacar que as prateleiras da sala de estar também são reutilizadas. A madeira empregada nas prateleiras é feita com restos de caixas de cimento de obras”, conclui o arquiteto.

Serviço
Mostra Morar Mais por Menos “O Chique que Cabe no Bolso”
De 27 de outubro a 28 de novembro
Rua Pedro Foltran, 100 – final da Rua Euclides da Cunha – Curitiba (PR)
(41) 3019.6894
Terça-feira a Sexta-feira, das 15h às 21h
Sábado, das 14h às 21h
Domingo e feriados, das 14h às 20h
Valor do Ingresso: R$ 20,00 – Meia-entrada: maiores de 60 anos e estudantes R$ 10,00

Entrevistado
Vinicius Trevisan
Currículo
- Arquitetura e urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
- Parcheggio e Comércio – Universitá dell’Architettura – Ferrara Itália.
- Especialista em Paisagismo e Meio Ambiente, pela PUCPR.
- Especialista em Desenvolvimento Regional e Urbano, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Contato: arquiteto@viniciustrevisan.com.br

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Racionalização construtiva

Método prevê a racionalização dos processos que envolvem toda a cadeia produtiva da construção

Por: Michel Mello

A racionalização construtiva é um método de gestão que envolve mais do que técnicas e sistemas construtivos. Esse processo diz respeito, principalmente, aos aspectos de organização da cadeia da produção e que vai desde a concepção do projeto, execução até os sistemas de qualidade e gestão da obra.

Luiz Sérgio Franco

O engenheiro civil, Luiz Sérgio Franco, professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Epusp) que desenvolve essa técnica dentro e fora de sala de aula e também é um dos sócios diretores da Arco Assessoria em Racionalização Construtiva, aconselha: “para um gestor de obras obter sucesso em termos de custos e execução, precisa ter um planejamento claro e definido já na fase de projeto, ou seja, nas primeiras decisões acerca daquilo que se pretende como resultado. E pensar nas tarefas que virão pela frente”.

Procedimentos

“A partir de um estudo preliminar é possível organizar toda a cadeia produtiva e dessa maneira conseguir informações e bons resultados com decisões mais acertadas desde o anteprojeto, estrutura, subsistema e instalações até o desenvolvimento arquitetônico da obra. Com o uso das ferramentas de gestão da tecnologia e da gestão da informação os projetos arquitetônicos têm melhores resultados”, afirma o engenheiro.

Para Franco, muitos problemas relativos a sistemas construtivos no país não são falhas dos sistemas, mas sim da forma como as empresas do setor da construção, construtoras, incorporadoras e fornecedores de material encaram a administração de recursos e de pessoal.

O professor Luiz Sérgio afirma que “quando falamos em processos de organização, logo pensamos também em processos de industrialização e isso representa uma ruptura na forma de produzir. Muitas empresas ainda estão presas a modelos ineficientes e desorganizados e isso precisa mudar, até mesmo para trazer mais lucro e resultados para essas empresas”.

Vantagens

A cultura da racionalização construtiva pode ser incorporada em qualquer momento dentro de uma empresa. E trata-se de uma visão estratégica de longo prazo que pode ser aplicada a diversos setores.

PMCMV

“Especialmente em se tratando das obras do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) e as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC I e PAC II), do governo federal, em que as margens de lucro são bastante pequenas principalmente aqueles empreendimentos de zero a três salários mínimos, se as construtoras não fizerem uma gestão precisa e eficiente e empregarem os fundamentos da racionalização construtiva, o volume grande de erro pode representar um alto custo”, ressalta Luiz Sérgio.

Dicas

• Observar os processos e identificar as falhas que são sistêmicas;
• Procurar as causas das falhas que estejam associadas a modelos de gestão;
• Combater a desorganização em projetos e canteiros de obras; e
• Introduzir processos tecnológicos em métodos de execução mais eficientes.

Entrevistado
Luiz Sérgio Franco
Currículo
- Engenheiro civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (PoliUSP).
- Mestre em engenheiro civil pela PoliUSP.
- Doutor em engenharia civil pela PoliUSP.
- Professor e pesquisador da PoliUSP, atuando na área de Tecnologia da Construção de Edifícios, Racionalização e Alvenaria Estrutural e de Vedação.
- Sócio diretor da Arco Assessoria em Racionalização Construtiva, especializada em projetos de vedação vertical, alvenaria estrutural e revestimentos.
Contato: contato@arco.eng.br

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Concurso habitação para todos

A iniciativa do IAB-SP e CDHU pretende fomentar projetos de habitação de interesse social sustentáveis no país

Por: Michel Mello

Desenvolver a qualidade estética e promover novos projetos sustentáveis para as Habitações de Interesse Social (HIS), esse foi o mote do concurso “Habitação para todos - Concurso Nacional de Projeto de Arquitetura de Novas Tipologias para Habitação de Interesse Social Sustentáveis”. A promoção é fruto de uma parceria entre o Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento São Paulo (IAB-SP) e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).

Os trabalhos vencedores serão prontamente contratados pela CDHU para a construção de conjuntos habitacionais nas cidades de São Paulo, Botucatu, Piracaia, Laranjal Paulista e dois empreendimentos em Itapecerica da Serra.

A avaliação dos trabalhos foi realizada por um júri formado por profissionais do IAB e da CDHU, onde foi observada a viabilidade econômica, a sustentabilidade, a urbanidade e as soluções de acessibilidade. O primeiro lugar em cada uma das categorias recebeu um prêmio de R$ 50 mil e o segundo lugar R$ 25 mil.

Categorias

Os projetos foram avaliados em seis categorias diferentes:
1) casas térreas;
2) casas escalonadas;
3) sobrados;
4) edifícios de três pavimentos;
5) edifícios de quatro e cinco pavimentos; e
6) edifícios de seis e sete pavimentos.

Instituto dos Arquitetos do Brasil – Departamento São Paulo

Para a presidente do IAB-SP, Rosana Ferrari, “o instituto foi procurado pela CDHU por ter credibilidade e condições de realizar esse concurso”. A partir da assinatura de um Protocolo de Intenções entre CDHU e IAB-SP, foi elaborado um contrato de parceria com base na Lei de Licitação. “Pois, esse concurso é uma modalidade de licitação e o IAB-SP recomenda que se realizem concursos ao invés de contratação”, afirma a presidente.

“O Termo de Referência definiu as bases das seis tipologias integrantes do concurso. No total foram 18 prêmios: seis prêmios de 1º lugar; seis prêmios de 2º lugar e seis menções honrosas. Foram 111 projetos inscritos. Desses, 61 projetos realmente concorreram à premiação”, destaca Rosana.
CDHU

Para o engenheiro e diretor técnico da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), João Abukater Neto o “principal mérito deste concurso foi a participação de 61 escritórios de arquitetura, que envolveram inúmeros profissionais na concepção dos projetos. Agora, esperamos que este resultado seja compartilhado com estudantes, arquitetos e todos os interessados no desenvolvimento de alternativas para a construção de habitações de interesse social sustentável. A próxima etapa será colocar em prática os seis projetos vencedores e esperamos fazer isso o mais rápido possível".

Critérios

Os critérios para a escolha dos projetos vencedores foram: projeto, planilha de custos e a conformidade com o edital definido pelo Termo de Referência. Além de especificações técnicas, estéticas e de sustentabilidade.

NBR 15.575

Antecipando a entrada em vigor da ABNT NBR 15.575, que trata do desempenho térmico e acústico das edificações de até cinco pavimentos, uma das preocupações deste concurso foi a de premiar iniciativas que trouxessem maior qualidade e desempenho na execução e nos materiais utilizados atendendo à Norma para as construções das Habitações de Interesse Social (HIS) na busca por melhores condições de moradia.

Índia

Outros países já buscam essas tecnologias desenvolvidas no concurso. A presidente do IAB-SP afirma que “arquitetos indianos têm procurado conhecer as iniciativas premiadas e as soluções arquitetônicas desenvolvidas no Brasil para a utilização nestes países”.

Coletânea de projetos

Todos os 61 projetos que concorreram no concurso serão publicados em uma coletânea, um livro sobre esses projetos a ser lançado em dezembro de 2010 pelo IAB-SP e CDHU. “Essa é uma iniciativa inédita no país e temos que divulgar esses projetos”, destaca Rosana.

Interessa? Saiba mais sobre cada um dos projetos nas próximas edições do Massa.

Resultados

GRUPO 1  –  CASAS TÉRREAS



 

1º Lugar – Projeto 3
Autores: Gustavo dos Santos Corrêa Tenca, Giuliano Augusto Pelaio, Inácio Cardona e Érica Cristina Rodrigues Souza.

 

 

 

 

 

 

2º Lugar – Projeto 1
Autor:
Adriana Blay Levisky

 

 

 

 

 

 

 

2º Lugar – Projeto 3
Autores:
Maria Stella Boechat Cordeiro, Peter Malaga e Martin Lukac.

GRUPO 2  –  CASAS ESCALONADAS

1º Lugar – Projeto 1
Autores: Augusto Aneas, Fernão Morato e Guilherme Gambier Ortenblad.

GRUPO 3 – SOBRADOS

1º Lugar – Projeto 11
Autor:
Carlos Cesar Arcos Ettin

2º Lugar – Projeto 1
Autores: Carolina Neuding Afif Domingos, Kelly Lorenzetti Tiroli, Leonardo Nakaoka

GRUPO 4  –  EDIFÍCIOS DE 3 PAVIMENTOS

1º Lugar – Projeto 2
Autores: Monica Drucker e Ruben Otero

2º Lugar – Projeto 1
Autores:
Pascoal Mario Costa Guglielmi, Pedro Ribeiro Guglielmi e Eugenio Amodio Conte.

GRUPO 5  – EDIFÍCIOS DE 4 PAVIMENTOS

1º Lugar – Projeto 11
Autores: Gregory Bousquet, Carolina Bueno, Olivier Raffaëlli e Guillaume Sibaud.

2º Lugar – Projeto 12
Autora:
Letícia Pezzin Fiebig

GRUPO 6  – EDIFÍCIOS DE 6 E 7 PAVIMENTOS

1º Lugar – Projeto 3
Autores: Lucas Fehr, Mario Figueroa e Daniel Bonilha.

2º Lugar – Projeto 7
Autor:
Alter Smith, Sylvain Gasté, Romain Rousseau e Franck Biron

Entrevistados:

Rosana Ferrari
Currículo

- Arquiteta pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
- Especialista em Urbanismo Moderno e Contemporâneo pela pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas.
- Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB, Departamento São Paulo.
Contato: presidente@iabsp.org.br, arquiteta.jundiai@rosanaferrari.com.br

João Abukater Neto
Currículo

- Formado em Engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (PoliUSP).
-Diretor técnico da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo (CDHU).
Contato: imprensa@cdhu.sp.gov.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content

Complexo Viário Padre Adelino

Viaduto em arco estaiado com selas será o novo símbolo arquitetônico da cidade de São Paulo

Por: Michel Mello
Maquete do Viaduto Padre Adelino que promete ser um dos símbolos de São Paulo

A estrutura do viaduto estaiado Padre Adelino que está sendo erguida na av. Salim Farah Maluf pretende ser o novo símbolo da arquitetura da capital paulista. A obra é executada pela Construbase, através da coordenação da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras (Siurb). O viaduto fará a ligação dos bairros Tatuapé e Anália Franco com Belém e Mooca, o que deve melhorar o fluxo viário da Radial Leste.

Esse viaduto faz parte do Complexo Viário Padre Adelino que envolve mais outras duas obras: o viaduto Catinguá/ Belém e a ampliação de duas faixas e a reforma do viaduto Pires do Rio, também na Radial Leste. Com a construção desse complexo viário, serão retirados os semáforos do trecho o que influenciará todo o trânsito da região, inclusive a Marginal do Tietê.

Custo da obra

O custo total da obra, que inclui todo o complexo viário, a construção do viaduto estaiado, a reforma e recuperação do viaduto Pires do Rio e a ampliação das faixas da Radial Leste, estão, até agora, estimados em R$ 114 milhões. A obra tem previsão de ser inaugurada no  primeiro semestre de 2011 e gera 320 empregos diretos.

Sistema de selas

Complexo Viário Padre Adelino: detalhe dos estais de fixação em azul

O sistema empregado no viaduto é conhecido como selas passíveis de manutenção de estaiamento.  O método escolhido foi o balanço sucessivo construído a partir do vão central, isso em virtude da menor interferência no fluxo do tráfego da av. Salim Farah Maluf. A partir da construção de um pilar central foram executadas as lajes. São dois vãos com 61 m cada, o que totaliza o total de 122 m de comprimento.

O pilar central em forma de arco é maciço com selas que permitem a passagem dos estais de fixação. Esses estais são travados ao mastro com cabos por toda a lateral do viaduto. O sistema é utilizado em maior escala fora do país, porém, por aqui, já existem obras com o método de balanço sucessivo.

Todo o projeto, estrutura, bem como seu cálculo estrutural seguiram as recomendações do Post-tensioning Institute (Recommendations for stay cable design, testing and installation).
A escolha pelo sistema de selas ao invés de outros sistemas de estaiamento se deu em virtude da necessidade de construção de um pilar central de tamanho menor com 43 m de altura. Essa tecnologia é mais indicada para mastros maciços, mostrando a racionalidade construtiva que embasa toda a obra.

Esconsidade

As dificuldades da construção do viaduto foram, além do espaço limitado, a esconsidade do viaduto em relação ao pilar central.  Esconsidade é um termo técnico que ocorre quando um eixo longitudinal do viaduto não forma ângulo reto com o eixo longitudinal do obstáculo a ser transposto. Os estais e também as lajes do viaduto Padre Adelino estão esconsos em média 10˚.

Protótipo

Antes de iniciar a construção a Construbase fez um protótipo do mastro central em escala. Esse processo permitiu que fossem testados todos os procedimentos para a execução das selas e corrigidos eventuais problemas e procedimentos antes da obra.

Fundação

Para a fundação foram construídos dois tubulões de 1,40 m de diâmetro em cada uma das extremidades do viaduto e oito tubulões de 1,60 m de diâmetro no vão central, no total foram 16 pilares. Esses tubulões são com ar comprimido em razão do nível da água estar próximo ao nível da av. Salim. A profundidade é de 20 m na fundação. E esse aspecto da construção fez com que fossem necessários a utilização de blocos protendidos.

Torre

Após a fundação estar pronta, foram construídos os pilares até a altura de 7 m de onde iniciam as lajes. Com o travamento da laje superior a 3 m de altura foi iniciada a construção da torre de 33 m de altura. O mastro foi realizado em 12 etapas, a cada 2,5 m de altura, foram colocadas formas trepantes inclinadas e concretadas que apoiavam o segmento anterior.

Selas

A instalação das selas foi por dentro do pilar, passando o estal por dentro de travas removíveis, chamadas de tubo guia ou camisa metálica, que são concretados no mastro. Esse procedimento garante a manutenção das selas, sua substituição ou remoção. Os cabos passam por dentro da peça de concreto em arco e são fixados em ambos os lados do viaduto.

Tabuleiro

Com o mastro pronto foram construídos os tabuleiros em balanço sucessivo a partir de duas longarinas de 1,50 m de largura e dois passeios com 2 m cada um. Duas muradas de 0,40 m para defesa e um leito carroçável de 12,50 m. Num total de 20,30 m de largura. O balanço sucessivo foi moldado in loco. A aduela de disparo foi construída com 14,4 m de comprimento, com 7,2 m para cada lado e dela foram concretadas 10 aduelas típicas de 5 m cada.

Arcos

Em cada lado do arco da ponte serão instalados 20 “estais”, cada um deles formado por 48 cordoalhas de cabos de aço. A durabilidade aproximada dos “estais” é de 100 anos. Em caso de acidentes, os estais poderão ser trocados, pois a estrutura do viaduto permite sua manutenção sem a necessidade de interdição da via para reparos.

Siurb

A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras respondeu por meio de seus assessores técnicos à equipe do Massa Cinzenta.
 
>> Por que utilizar um protótipo do mastro central?
Siurb: Pela complexibilidade da estrutura do mastro central, houve recomendação da projetista de verificar na escala 1:1 a posição dos ângulos formados pela sela com relação à armação, forma e concreto com traço experimental para estudo das retrações.
                                              
>> Comente a escolha do uso do sistema de selas?
Siurb: A escolha de selas foi para permitir que os cabos passassem pelo mastro central, sem interrupção, indo de uma ponta a outra do viaduto.
                                  
>> Que características possuem o balanço sucessivo que justificaram essa escolha?
Siurb:
Vencer grandes vãos sem interferência no transito da av. Salim Farah Maluf, pois havia pouco espaço no canteiro central da via.
                    
>> Foi realmente construído à noite? Em caso afirmativo que tipo de mudanças em termos de gestão de obras tiveram de ser implementados no canteiro?
Siurb: Alguns serviços, como a concretagem, foram feitas no período noturno por exigência técnica da projetista para evitar efeitos indesejáveis de retração do concreto. Houve implementação da segurança da obra, bem como equipes noturnas de sinalização e iluminação.

Ficha Técnica
Construção: Construbase engenharia.
Projeto: Bit Engenharia.
Acompanhamento técnico: Enescil Engenharia.
Controle de qualidade: Studio De Miranda – Milão.
Volume de concreto: 4.500 m³
Aço e cordoalhas: 700 t
Extensão: 122 m
Altura do mastro: 43 m
Custo total: R$ 114, 7 milhões.
 
 
Entrevistado
Assessoria da Secretaria de Obras
Contato: lmaynard@prefeitura.sp.gov.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content

O PIB brasileiro e o desafio do crescimento sustentável (Podcast)

O professor Haroldo Mattos de Lemos comenta a relação entre o Produto Interno Bruto (PIB) e o crescimento da economia do país, cujo desafio é crescer com sustentabilidade respeitando os recursos naturais

Por: Michel Mello
Haroldo Mattos de Lemos

Currículo: Haroldo Mattos de Lemos
- Engenheiro mecânico, pela Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
- Mestrado, com Distinção, em Engenharia Sanitária, pelo Instituto Internacional de Hidráulica e Engenharia Ambiental, da Universidade Tecnológica de Delft.
- Presidente do Instituto Brasil PNUMA – Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e professor de Engenharia Ambiental, da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EP/UFRJ).
- Coordenador do Curso de pós-graduação em Gestão Ambiental da EP/UFRJ.

Clique no player abaixo e ouça a entrevista.


O crescimento do setor da construção sob a ótica da gestão de contratos

Mario Sérgio Pini responde as principais questões sobre contratos, licitações e obras públicas

Por: Michel Mello

O Brasil atravessa um momento virtuoso de desenvolvimento que envolve diversos setores econômicos. As obras do Programa de Aceleração do Crescimento, PAC I e PAC II, a Copa 2014 e Olimpíadas 2016 prometem uma revolução em obras, infraestrutura e a construção de estruturas e moradias inéditas no país.

Mário Sérgio Pini

O arquiteto Mário Sérgio Pini, especialista na gestão de custos, diretor técnico da PINI Serviços de Engenharia e também foi responsável por pareceres técnicos na área de Engenharia de Custos da Hidrelétrica de Itaipu/ITAIPU Binacional comenta sobre o elemento orçamentário destinado a cobrir as despesas em empreendimento, obra ou serviço, segundo critérios claramente definidos, o Benefício e Despesas Indiretas (BDI). O arquiteto comenta essas e outras questões acerca de gestão de custos e orçamentos.

Mário Sérgio Pini acredita que o “setor brasileiro da construção civil detém tecnologia empresarial, em termos de gestão, conhecimento e experiência técnica, capaz de enfrentar os desafios impostos por essas demandas”.

Confira a entrevista:

>> Como realizar o controle de custos das obras públicas, quais mecanismos podem ser utilizados e até que ponto isso influencia na execução das obras?
Mário Sérgio Pini: A execução de cada projeto deveria ser acompanhada e controlada por uma gerenciadora, que representaria o contratante, sendo responsável também por garantir que a obra custasse o que foi orçado e cumprisse o prazo que foi planejado.

>> Pode comentar sobre o BDI no processo da gestão de custos e orçamento da obra?
Pini:
O gerenciamento seria realizado pelo contratante e a gestão de custos seria uma competência gerencial do construtor. Nessa atribuição está o esforço de quem constrói para alcançar os resultados desejados obra por obra. Definir corretamente o Benefício e Despesas Indiretas (BDI) passa a ser, portanto, uma ação estratégica. O BDI é a impressão digital de um determinado construtor, diante de um projeto, de condicionantes de execução e de um contrato. Estaremos certos se concluirmos que cada obra deveria ter um BDI diferente. O BDI tem conteúdos característicos, que representam a política fiscal do governo (impostos), tecnologia empresarial de gestão do construtor (administração central), como as despesas financeiras do contrato, o contratante (requisitos contratuais: seguros e certificações, por exemplo) e os resultados esperados pelos construtores.

>> Quais são as maiores dificuldades enfrentadas pelos contratantes de obras públicas?
Pini: São os prazos políticos, para a realização da pauta de obras, que impedem que elas sejam contratadas, a partir do projeto executivo. As imposições legais que determinam a utilização de referenciais de custos inadequados, para a contratação. Outro problema é a falta de capacitação e a permanente atualização das equipes técnicas, para que possam gerir com qualidade todos os processos que envolvem essas realizações. E existe a necessidade de revisão de um corpo de leis, que necessitaria ser mais representativo das dinâmicas da economia e da sociedade brasileira. 

>> Que tipo de revisão ou otimização recomenda, com a sua experiência, que seja utilizada em tabelas de custos padrão?
Pini: A Engenharia de Custos define que as composições de custos são modelos quantitativos de serviços de obra, com origem num projeto. A partir dessa conceituação, as tabelas de custos padrão deveriam ter especificações suficientemente claras, para permitir a exata compreensão do objeto a que se referem. Também deveriam, inseparavelmente, ser acompanhadas de premissas técnicas para caracterizar com precisão os serviços de construção e o projeto que representam. E possibilitar, assim, que os ajustes servirão de espelho do mercado e da realidade das diversas obras.

>> Como a Lei de Licitações pode influenciar o desenvolvimento da construção e das obras no país?
Pini:
Incorporando condições para que a engenharia e o conhecimento de engenharia possam ser aplicados por contratantes e instituições de fiscalização e auditoria, no âmbito dos custos e controle de custos, trazendo transparência e confiabilidade, para o núcleo das relações, entre os agentes interessados na realização de obras públicas. 

>> Que modelo de gestão recomenda ou destaca como positivo e que poderia ser implantado no Brasil?
Pini:
Em breve, certamente, teremos no Brasil o exercício de modelos de gestão pautados por conhecimento, transparência e confiabilidade, característicos de sociedades que querem e têm pressa em se desenvolver.

Entrevistado:
Mário Sérgio Pini
Currículo:
- Formado em Arquitetura e Urbanismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP).
 - Curso de Especialização em Economia na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV).
- Curso de Mestrado Planejamento e Administração em Economia na Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP-FGV).
- Curso de Gerenciamento de Empreendimentos (EAESP-FGV).
- Curso Avançado de Desenvolvimento Empresarial (FDTE/ Poli USP/ Instituto Roberto Simonsen).
- Curso de Mediação e Arbitragem/ Câmara de Mediação e Arbitragem/ Instituto de Engenharia de São Paulo (IESP).
- Diretor de Relações Institucionais da PINI.
- Diretor Técnico da PINI Serviços de Engenharia.
Contato: mariosergio@pini.com.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content

Saneamento básico

O que o Brasil precisa para universalizar o serviço de saneamento básico e água potável

Por: Michel Mello

O Decreto Presidencial 7.217 de 21 de junho de 2010 regula a prestação do serviço público de saneamento básico e vem complementar a Lei 11.445 de 05 de janeiro de 2007. A partir desse decreto está prevista a universalização, ou a ampliação progressiva, do acesso de todos os domicílios ao saneamento básico. O que em outras palavras significa que o governo federal criou um mecanismo que institui a coleta e o tratamento de esgoto, bem como a distribuição e o acesso à água potável a todos os cidadãos brasileiros como política social de desenvolvimento urbano.

O mesmo decreto prevê que os subsídios diretos para a realização dessas obras virão através de contratos celebrados entre todos os entes federados e isso inclui: Governo Federal, os estados e os municípios como contratantes das obras com linhas de crédito do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). Também se espera a ampliação dessas políticas sociais de saneamento fomentadas através dos Programas de Aceleração do Crescimento (PAC I e PAC II), do Governo Federal.

Miranda: Serão mais de R$ 86 bilhões em obras de saneamento que estão sendo ou que serão contratadas

Para o especialista em infraestrutura da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades do Governo Federal (SNSA), Ernani Ciríaco de Miranda: “a implementação dessas ações em saneamento básico são de competência, também, da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental”.

“Com dados do próprio Ministério das Cidades, de 2008, o número total de cobertura da rede coletora de esgoto e fossa séptica é de 73% das residências do país. Na área urbana esse mesmo número passa para 81,7% das moradias com esgoto e na área rural são 25,1% devidos as condições sociais apresentadas”, afirma o especialista. “Esses dados se apresentam distorcidos quando realizamos uma pesquisa qualitativa e com isso podemos concluir que houve erros nas respostas, respostas duvidosas ou mesmo desconhecimento do tipo de fossa que possui a residência”, complementa.

A Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental resolveu por isso adotar então a fossa séptica como solução ambiental para o tratamento do esgoto.

Obras do PAC

“Esses números podem não representar quanto realmente dos esgotos são tratados no país. Algo em torno de 35% dos esgotos não são tratados no Brasil”, afirma Miranda.  Sobre os recursos do Governo Federal destinados às políticas sociais de saneamento básico, o especialista assegura que “para solucionar essa questão no país, que passou por vinte anos de estagnação, o que de fato gerou um déficit em saneamento, estão destinados recursos do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC I da ordem dos R$ 40 bilhões. Desse total, R$ 35,9 bilhões já estão contratados por estados e municípios. E são empreendimentos considerados irrevogáveis, pois já se encontram em fase de execução das obras ou concluídas”. 

Para Miranda, “o PAC II, que terá início no ano de 2011, traz R$ 46 bilhões em investimentos no setor. Estamos na fase de apresentação de projetos por estados e municípios. E isso representa mais de R$ 86 bilhões em obras de saneamento que estão sendo ou serão contratadas”.

Porém o especialista adverte que: “mesmo esses recursos não serão suficientes para que o Brasil possa universalizar o acesso à rede de água potável, coleta e tratamento de esgoto e manejo de resíduos sólidos. Mas é suficiente para darmos um grande salto qualitativo nos índices de saneamento básico”.

Plano Nacional de Saneamento Básico – Plansab

Estava marcada para a data de 31 de dezembro de 2010 a entrega dos Planos Municipais de Saneamento, pela Lei 11.445 os municípios somente receberiam o repasse de recursos do governo federal se entregassem seus planos prontos na data. O Decreto Presidencial 7.217 fixou novo prazo para dezembro de 2014.

O Ministério das Cidades está elaborando um Plano Nacional de Saneamento Básico que prevê a gestão participativa dos estados e municípios com audiências e consultas públicas e seminários para discussão do tema. “A expectativa do governo é termos um plano aprovado ainda no ano que vem”, esclarece Miranda.

Cacilda: No atual ritmo, o Brasil ainda levará 65 anos para que todos tenham acesso ao saneamento básico

Para a presidente nacional da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), Cassilda Teixeira de Carvalho, “o crescimento médio da cobertura do saneamento é de 1,5% ao ano, muito aquém do necessário para universalizar os serviços no país em curto prazo. E não faltam recursos para esse tipo de investimento”.

A presidente Cacilda alerta: “O PAC I previu R$ 40 bilhões para saneamento básico, mas só 20% foram investidos até o momento. O resto ainda está no caminho por causa de burocracia em contratos e licitações. No atual ritmo, o Brasil ainda levará 65 anos para que todos tenham acesso ao saneamento básico”.

Cacilda também conclui que podemos resolver a questão do saneamento básico no país: “Com a gestão correta dos recursos, isso pode acontecer até 2020, com transparência. Transparência não quer dizer falta de agilidade".

Recursos Hídricos

O destaque vai para o parágrafo do decreto que prevê: “A prestação de serviços públicos de saneamento básico deverá ser realizada com base no uso sustentável dos recursos hídricos”. Muito mais que um parágrafo, o período denota uma mudança de paradigma na questão sobre o uso e o tratamento dado aos recursos hídricos como um bem renovável do país.

Miranda entende o uso sustentável através de metas graduais para a redução de perdas de água no sistema de abastecimento, que hoje gira em torno dos 40% a taxa de desperdício. Sugere o reuso de efluentes sanitários e da água de filtros e conclui: “A responsabilidade nessa questão do saneamento recai sobre todos e se faz necessário o comprometimento e a mobilização de toda a sociedade”.

   
Entrevistados:
Ernani Ciríaco de Miranda
Currículo:
- Especialista em Infraestrutura Sênior na área de Saneamento Básico da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades.
- Engenheiro civil mestre em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos pela Universidade de Brasília (UnB).
Contato: ascom@cidades.gov.br

Cassilda Teixeira de Carvalho
Currículo:

- Engenheira civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
- Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
- Chefe da Assessoria Técnica da Presidência da COPASA em Março de 2003. Antes trabalhou nas áreas de projeto, obra, operação, saneamento rural, desenvolvimento institucional e desempenho empresarial da COPASA, empresa em que trabalha desde novembro de 1979.
- Desde 1995 ela preside o Comitê Nacional de Qualidade em Saneamento da ABES e é responsável pelo projeto Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento - PNQS - que busca melhoria e modernização de gestão das empresas brasileiras de água e esgotamento sanitário, estando atualmente no 14º ciclo anual.
Contato: velma.correa@abes-dn.org.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content