Confiando no Brasil, Itambé projeta mais crescimento

Entrevista com diretor-superintendente da companhia, Paulo Procopiak de Aguiar, revela tendências da indústria cimenteira para 2011

Por: Altair Santos

A indústria cimenteira do Brasil continuará crescendo em 2011 e enfrentando novos desafios para manter sustentável esse crescimento. A avaliação é do diretor-superintendente da Cia. de Cimento Itambé, Paulo Procopiak de Aguiar. Ele revela que a empresa tem metas ambiciosas para este ano, como acelerar a finalização do Forno 3, que entrará em operação no início de 2012, e atingir a produção de 1,550 milhões de toneladas.

Segundo Paulo Aguiar, mais do que nunca a Itambé fará valer seu lema, que é “Itambé com você, construindo o Futuro”. O diretor-superintendente também analisa que o setor da indústria cimenteira estará ainda mais competitivo e aponta que, para enfrentar a concorrência, a empresa vai investir cada vez mais na qualificação de seus colaboradores. Essas  e outras revelações, Paulo Aguiar faz na entrevista a seguir. Confira:

Paulo Procopiak de Aguiar Engenheiro do Ano - IEP

Em sua opinião, quais as perspectivas para o mercado da construção civil e, em particular, para o de cimento nos próximos anos?
Nos próximos dois anos, o mercado é promissor. Fazer previsões mais longas é prematuro, por que depende de como a economia irá se comportar. Há alguns meses, a incerteza era maior, por causa da expectativa em torno das diretrizes de governo e em relação à situação econômica mundial.  Tudo isso, obviamente, impacta no setor da construção civil. No entanto, dados trazidos por uma consultoria que presta serviço ao setor, mostraram um cenário animador. Sobretudo, pelo aumento da confiança em relação às ações de governo. Então, caso se confirme esse cenário, a produção de cimento neste ano pode crescer algo em torno de 10%. O Brasil fechou 2010 com a produção na ordem de 59 milhões de toneladas. Numa projeção, significa que dá para imaginar alguma coisa na ordem de 65 milhões para 2011.

O gargalo da infraestrutura é um dos problemas comumente citados por vários setores da economia, como inibidor de um crescimento consistente do país. O que precisa ser feito para resolver essa questão e no que isso impacta no setor da construção civil?
Como minha origem é a engenharia, sinto-me à vontade para dizer que o Brasil vem descuidando há anos de sua infraestrutura.  Tem sido lamentável o quadro de investimento público nesta área, e refiro-me aos três níveis de governo (federal, estadual e municipal).  Há raras exceções, como o município de Curitiba, que tem feito a sua parte.  Onde não se sente uma ação compatível com a necessidade do país é nas esferas estadual e federal.  Agora, com os novos empossados, acredita-se numa mudança neste cenário. Eles já reconheceram esse gargalo e estão assumindo compromissos neste sentido. É bom que se frise que  não é só uma questão de Copa do Mundo, de Olimpíadas ou de usina Belo Monte. O país precisa repensar seu planejamento a médio e longo prazo. A situação é tão crítica, que se imagina que não há nenhuma possibilidade de o governo não ser reativo a essa questão. Sem isso, o país está perdendo a competitividade em vários setores e pode pagar muito caro a médio prazo. O efeito multiplicador do investimento em infraestrutura é comprovado por estudos há décadas. Portanto, é preciso fazê-lo.

Nessa análise que o senhor fez, como se insere o desempenho do Sul do país. Recentemente, relatórios do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento) mostram que a região ocupa o terceiro lugar em consumo de cimento. Há perspectivas de que ela possa crescer e melhorar sua posição neste ranking em comparação às outras regiões brasileiras?
Vale para a região, parcialmente pelo menos, a análise sobre a falta de empenho dos governos em investir em infraestrutura. Ao mesmo tempo, não podemos esquecer que o governo do presidente Lula investiu fortemente no Nordeste. Agora, cabe aos governos da região Sul serem mais atuantes do que os que os antecederam. Ainda assim, não dá para comparar o nível de desenvolvimento da região Sul com Norte e Nordeste. Essas regiões precisam crescer a taxas mais elevadas para diminuir a desigualdade regional. Então, o desempenho do Sul precisa ser analisado em si. Neste aspecto, o crescimento tem sido razoável. Nas crises, a região sofre menos e nos momentos de pujança não se destaca tremendamente. A região avança a um ritmo de crescimento constante, o que é saudável. É preciso avaliar ainda que os programas habitacionais implementados pelo governo passado, e voltados para as classes C, D e E, seguirão em ritmo acelerado, o que também vai ajudar a região Sul, como as demais, a manter seu ritmo de crescimento.

Neste contexto, quais as perspectivas e os planos de crescimento da Cimento Itambé nos próximos anos?
Estamos construindo nosso terceiro forno e estamos com nosso moinho 4 em operação, desde setembro de 2010. A expectativa é de que o forno entre em operação no início de 2012. De modo que, este ano, a nossa meta de produção de cimento é de 1,550 milhões de toneladas. Isso representa praticamente 100% de nossa capacidade instalada, que, a partir do ano que vem, com o novo forno, crescerá cerca de 80%. Além disso, estamos investindo na linha de produção de ponta a ponta. Na mineração, na nossa instalação de britagem, enfim, em toda a área fabril: desde o recebimento do calcário até a expedição. A Itambé está se preparando para um período de crescimento.

Ou seja, a confiança de que o Brasil manterá uma linha contínua de crescimento é total na empresa?
Sim, porque aos poucos o país está deixando de acreditar em milagres e passando a acreditar em organização e trabalho. É isso que traz resultados. Hoje, o Brasil está menos suscetível à especulação econômica e sinaliza que pode sair da condição de emergente para a de país desenvolvido em uma ou duas décadas. Mas para isso vamos ter de nos estruturar. Neste aspecto, fazendo uma análise política, seria interessante observar o que fizeram os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos, e de Minas Gerais, Aécio Neves. Eles impuseram metas ao seu núcleo de comando e valorizaram a meritocracia e a gestão. Aqui no Paraná, o governador Beto Richa também disse que vai trabalhar com metas e gestão.  É uma nova geração de políticos que surge para oxigenar a administração pública e, enfim, mostrar resultados à população.

Inovação e sustentabilidade passaram a ser prioridade para alguns setores da economia. Como a indústria cimenteira se coloca diante destes dois conceitos?

No caso da inovação ela não é tão visível, apesar de buscarmos a melhoria contínua, pelo fato de a indústria cimenteira seguir um processo de produção de quase dois séculos. Já no quesito sustentabilidade, ela tornou-se muito importante para a indústria cimenteira. Por dois motivos: a mineração e a emissão de gases poluentes. Não há como se extrair a base do cimento, que é o calcário, sem se fazer uma cava. Portanto, a indústria precisa reparar esse dano, até pelo compromisso que tem com a sociedade. Na questão das emissões, a indústria cimenteira do Brasil é a mais limpa do mundo. Isso tem a ver com a matriz energética brasileira e também a preocupação do setor com essa questão da sustentabilidade. Hoje se investe muito em monitoramento e controle das emissões. No caso da Itambé, especificamente, estamos além do que exige a legislação. Nosso forno agrega o que há de mais moderno no que diz respeito a sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.

Comparando a indústria cimenteira brasileira com a de outros países, como ela se posiciona na questão dos investimentos e quais tem sido as ações para suprir a alta demanda?
Comparativamente a outros países, a indústria cimenteira no Brasil tem um grande número de agentes atuando. Em função da forte demanda dos últimos anos, quase todos têm feito investimentos, além de o setor estar recebendo novos entrantes. Como exemplo, recentemente a Companhia Siderúrgica Nacional concluiu sua primeira fábrica. Vimos também o grupo Brennand, que tinha saído há alguns anos, voltar à área de cimento. Tivemos 10 anos em que a demanda praticamente não cresceu, e agora, dobrou nestes últimos 5 anos. Evidentemente que isso fez com que a indústria tivesse que se esforçar para conseguir estruturar sua capacidade de produção. Aqui na região Sul, além do nosso projeto, está em construção o projeto da Votorantim, em Vidal Ramos (SC) e existe outro anunciado em Adrianópolis (PR). Enfim, há vários projetos em andamento e em preparação, o que demonstra disposição e capacidade do setor em investir.

Uma área que dá sinais de grande expansão é a do concreto. A Itambé tem na Concrebras sua divisão voltada para esse produto. Quais as projeções para 2011?
Cada vez mais a construção civil trabalha com exigências de qualidade mais acentuadas. A resistência média do concreto que é utilizado hoje é sensivelmente mais alta do que era usado há cinco, seis anos. Isso demanda mais tecnologia e diminui o espaço para o improviso, o que tem aumentado a procura pelo concreto dosado em central. Para atender esse mercado, nossa divisão de concreto, a Concrebras, tem se estruturado bastante. No final do ano passado obtivemos certificados ISO 9001 para as todas centrais da Concrebras. Tenho a impressão que é a primeira concreteira do país a certificar todo o processo: desde a aquisição dos insumos até a entrega do concreto ao cliente. É a mesma proposta que temos com o cimento, que prioriza a qualidade, a confiabilidade e o relacionamento com o cliente.

O senhor foi eleito Engenheiro do Ano de 2010 pelo Instituto de Engenharia do Paraná, pelas obras desenvolvidas ao longo de sua carreira. O que este prêmio representa?
Mais importante do que o prêmio em si é a sua origem. O Instituto de Engenharia do Paraná é o nosso órgão máximo e para qualquer engenheiro esse reconhecimento é muito importante. Então, seria hipócrita se não dissesse que fiquei muito satisfeito.

A profissão de engenheiro voltou a despertar muito interesse. Só que se criou um hiato, sobretudo nas décadas passadas, e que hoje se reflete no mercado com a falta de engenheiros. Isso não pode gerar um atraso no desenvolvimento do país?

O que se perdeu não volta mais. Tivemos diversos engenheiros que abandonaram a profissão para, por uma questão de sobrevivência, ganhar sua vida em outros setores da economia. Hoje se percebe que não há nenhuma possibilidade de se promover o crescimento do país sem uma categoria de engenheiros qualificados e numerosos.  Para recuperar isso, é preciso investir muito em educação e apoiar nossas universidades, não só para que elas formem novos engenheiros, mas para ajudar a qualificar os que já são engenheiros. A Itambé estabeleceu convênio com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2007 e recentemente com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e tem visto que os resultados são muito gratificantes no sentido de formar engenheiros mais preparados e mais comprometidos com a qualidade de suas obras.

A Itambé, além destas parcerias, tem programas voltados para a qualificação da mão de obra. Como o senhor avalia esses programas e também o investimento da empresa na capacitação de seus recursos humanos?

Temos vários e um dos mais antigos é o Timão (Treinamento de Mão de Obra para Construção Civil) , que já é referência para os trabalhadores do setor.  Além disso, internamente, a companhia tem estimulado nossos colaboradores a seguirem estudando e se especializando. Não dá para conceber o Brasil do futuro sem um forte investimento em educação. Então, além de programas de bolsa de estudo e outros estímulos, a Itambé promove também cursos de capacitação. Por isso, o recado que eu deixo para os nossos colaboradores é que aproveitem essas oportunidades e estudem.

A engenharia que se ensina hoje nas faculdades está de acordo com o que o mercado exige ou o senhor recomendaria mudanças, talvez para formar engenheiros mais empreendedores?
É preciso não generalizar.  A impressão que eu tenho é que algumas universidades estão procurando isso, mas também é necessário ampliar a grade. Existem matérias correlatas à engenharia, no campo da administração, da economia, do empreendedorismo e do planejamento, que poderiam ser mais reforçadas. Haja vista que boa parte dos administradores de empresas são engenheiros, e que a categoria tem uma aptidão natural para assumir esse tipo de liderança. Então, as universidades precisam se abrir para isso.

Em 2011, a Itambé completa 35 anos de atividades. A que o senhor atribui a atuação de destaque da empresa na região sul do Brasil?
Algumas empresas não chegam aos 35 anos e outras chegam velhas aos 35 anos. Para se evitar isso é preciso ter os olhos no futuro, que é o que a Itambé faz. O objetivo é sempre fazer melhor.  Por isso, 2011 será um ano instigante na companhia, por que projetamos produzir como nunca e vender como nunca. Ao mesmo tempo, a empresa fará o maior investimento de sua história para finalizar o Forno 3.  Nossa tônica, mais do que nunca, é o lema que está no painel da entrada de nossa fábrica: “Itambé com você, construindo o Futuro”.

Entrevistado
Paulo Procopiak de Aguiar

Currículo
Paulo Procopiak de Aguiar é engenheiro civil formado pela UFPR, com especialização em Educação pela PUC-PR, Administração de Empresas e Economia Teórica e Aplicada pela FGV-RJ, e Hidrologia e Aproveitamentos Hidrelétricos pelo Centro Internacional de Estudos de Paris. Dedicou 20 anos de profissão ao setor público e 27 anos ao setor privado. Atuou como diretor-geral do DER, como presidente da Copel e como secretário nacional adjunto de Energia. É sócio-fundador da Ivaí Engenharia de Obras onde atuou como diretor. Foi também diretor-presidente e conselheiro da Itá Energética SA. É membro do Conselho Consultivo do SNIC e ABCP e desde 2001 é diretor-superintendente da Cia. de Cimento Itambé.

Jornalista responsável Altair Santos MTB 2330

A tributação na Construção Civil

Barreiras para o crescimento do país

Por: Guilherme Sell

A construção civil também é atingida por um dos principais fatores que dificultam o desenvolvimento do Brasil: a carga e a forma como são aplicados os impostos no país. Hoje esse mercado que movimenta em média 140 bilhões por ano tem uma expectativa de mais de 30 bilhões em impostos arrecadados.

Reduzir e simplificar essa tributação é uma necessidade urgente para aumentar a competitividade do setor, e principalmente para alavancar a possibilidade de realização de novas obras, de moradia ou infraestrutura, ainda tão necessárias no Brasil.

Reduzir para crescer
O Brasil carrega uma das maiores cargas de impostos do mundo na Construção Civil. A China, em comparação, tributa em apenas 3% o mesmo setor. Além disso, a incidência de impostos de diversas esferas e legislações distintas em cada região do país deixa o cenário para uma possível redução, ainda mais complicado.  A primeira sinalização do governo em busca disso ocorreu com a redução do Imposto sobre Produto Industrializado – IPI, em abril de 2009, estendido até dezembro de 2011.

A desoneração tributária levaria a expansão do setor, com reflexos positivos nas mais diversas áreas. Com menos impostos o setor contrataria mais, geraria empregos e renda, e poderia oferecer ao consumidor final um produto com o preço total mais acessível.

É preciso unificar, reduzir e desburocratizar a cobrança de impostos.

Leia a conversa com Dr. Yves Gandra Martins, um dos principais tributaristas do Brasil:

Por que é tão difícil levar adiante uma reforma tributária no país?
Por duas razões: a primeira delas é no momento que se apresenta um projeto de reforma tributária global criam-se anticorpos também globais. Na medida em que grupos contrariados ou os próprios administradores públicos, que estão acostumados no sistema anterior, têm receios de adotar o novo sistema, eles terminam formando uma soma de interesses contrários a reforma. Eu só vejo uma possibilidade de reformas tributárias que seria pontual, ou seja, atacar problema por problema de início e ir solucionando cada um deles. Por exemplo, se for o ICMS,  só se dedicar a equacionar o problema do ICMS. Se for em relação ao ISS, focar exclusivamente na solução do ISS. Não procurar fazer uma reforma global até porque, ao meu ver, teria de ser uma reforma onde os princípios fundamentais, que são bons, sejam mantidos. Limitações nacionais do poder de tributar, normas gerais, das seções primeira e segunda do Capítulo dedicado à Ação Tributária. O que nós precisamos é equacionar o problema da multiplicação de tributos de um lado e por outro lado da desfiguração do sistema tributário que vem ocorrendo desde 1988 com a sucessiva de emendas organizadas, elaboradas, propostas e aprovadas pelo Governo Federal.

O senhor vê benefícios imediatos na mudança?
Se tivéssemos, por exemplo, uma mudança no que diz respeito ao ICMS, teríamos esse benefício. Hoje, o grande problema do ICMS é o problema da guerra fiscal. Essa guerra fiscal é uma vergonha, não tem solução possível, a não ser que se adotasse apenas dois artigos. Primeiro: que se impedisse qualquer tipo de incentivo fiscal no campo de ICMS. Segundo: que houvesse uma alíquota única para todo o país. Isso eliminaria a guerra fiscal, acabaria o problema de notas turísticas, de alíquotas diferenciadas que justificam muitas vezes planejamentos tributários. O ICMS é uma reforma urgente, que poderia segurar a guerra fiscal, a princípio como se fosse marco, o que era até agora de um lado e o que será do outro lado quando se adotasse os dois artigos. Ou seja, nenhum incentivo fiscal é possível no ICMS, pois é um tributo regional mas de locação nacional. E a criação de uma única alíquota. Mas eu acho isso difícil porque seria necessária uma negociação gigante entre todos os estados e o governo federal.

Os setores que precisam de mais competitividade ou tem espaço para realizações imediatas, como a questão da infraestrutura e moradia no país seriam beneficiados?
Eu tenho a sensação de que se houver uma reforma tributária, objetivando a simplificação do sistema, nós teremos um benefício global, inclusive no setor da infraestrutura, construção civil e no setor da prestação de serviço. Hoje, o que complica o sistema brasileiro é a complexidade. Na Europa, por exemplo, em 27 países da união européia há um único imposto circulatório, que é o imposto sobre o valor agregado. No Brasil, temos IPI, ISS, ICMS, o COFINS, a PIS, a CIDE, tudo incidindo sobre o imposto de circulação de bens e serviços. Resumindo: qualquer reforma simplificadora beneficiaria todo o setor.

A redução de impostos pode ser realmente uma forma de alcançar maior riqueza?
Sim. Mas essa redução de impostos só é possível se houver uma redução dos custos governamentais. Hoje, o grande problema do Brasil reside em uma carga burocrática que comissiona a carga tributária. No momento em que houver uma carga burocrática menor nós teremos uma carga tributária também menor.

O que pode ser feito pelas empresas e cidadãos? Tem uma saída?
A saída é cada um pressionar os seus deputados para que eles compreendam que representam o povo e não seus próprios interesses. No dia em que nós aprendermos a viver a cidadania, vamos conseguir muito mais no Congresso e também uma reforma tributária mais justa. Nos Estados Unidos, cada vez que é enviado um projeto de aumento de carga tributária, aumento de tributos, toda a sociedade se mobiliza e pressiona o Congresso Nacional. No Brasil, nós não aprendemos ainda a exercer a cidadania em matéria tributária.

Entrevistado
Dr. Ives Gandra Martins
Currículo

- Doutor em Direito pela Universidade Mackenzie.
- Especialização em Ciência das Finanças - Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
- Especialização em Direito - Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
- Bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
- Presidente do Conselho da Academia Internacional de Direito e Economia.
- Membro das Academias de Letras Jurídicas, Brasileira e Paulista, Internacional de Cultura Portuguesa (Lisboa), Brasileira de Direito Tributário, Paulista de Letras
- Autor de mais de 300 livros individualmente e em co-autoria, com obras publicadas em 19 países.

>> Contato: ivesgandra@gandramartins.adv.br

Jornalista Responsável: Guilherme Sell - DRT 8447 - Redirect Digital Marketing

Como preparar o Brasil para o crescimento?

Infraestrutura: a necessidade de um olhar a longo prazo

Por: Guilherme Sell

Ano após ano o Brasil é apontado como o país do futuro. Sua posição de destaque no BRIC – Bloco de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China – e o seu crescimento contínuo frente a média mundial fazem do Brasil um país no rumo certo. Para que isso aconteça de fato, o país precisa investir em um ponto ainda frágil para o seu desenvolvimento sustentável social e econômico: a infraestrutura.

O ano de 2011 começa com novos governantes à frente dos governos federal e estaduais, além de novos parlamentares no Congresso Nacional. E mais: o país está as vésperas de grandes eventos como a Copa e Olimpíadas, em que os olhos do mundo se voltam para o Brasil. Esse é o momento ideal para voltar a atenção e discutir sobre este assunto fundamental para o país.

O Brasil não vai pra frente sem investimento e planejamento.

O economista Paulo Godoy, Presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base – ABDIB, revela que entre 2003 e 2009, os investimentos, em números atualizados, aumentaram de R$ 58 bilhões para R$ 121 bilhões. Mas o Brasil precisa de muito mais. “O crescimento dos investimentos não foi suficiente para, ao mesmo tempo, atender ao crescimento da economia e reduzir os gargalos acumulados ao longo de décadas. A demanda cresceu muito”, completa Godoy. De outubro de 2009 a outubro de 2010, a movimentação nas estradas cresceu 7,2%, o fluxo de passageiros nos aeroportos aumentou 22%, a demanda por energia elétrica subiu em 8,0% e o consumo de gás natural registrou expansão de 21,4%. O volume de cargas transportadas aumentou 12,2% via aérea, 13,2% pelas ferrovias e 16,9% pelos portos.

A seguir sua entrevista para o Massa Cinzenta:

Como está o desenvolvimento da infraestrutura do Brasil em comparativo a outros países?

Os diagnósticos mundiais mostram que o Brasil tem muito a fazer para melhorar. A última versão de um estudo do Banco Mundial sobre competitividade revela que, entre 139 nações, o país está entre os 20 piores quando o tema é eficiência do sistema portuário, entre os 40 piores na qualidade das estradas e entre os piores 50 sistemas aeroportuários do mundo. Mesmo na oferta de telefonia e de energia elétrica, o estudo lista o Brasil numa escala intermediária, respectivamente nas 61ª e 55ª colocações.

O que está sendo feito para mudar esse quadro?
O pacote de medidas anunciadas recentemente pelo governo federal já é um primeiro passo, pois estimula a participação do setor privado na oferta de crédito para os projetos de longo prazo na infraestrutura. As medidas são compostas de duas frentes. Na primeira, há a redução ou a isenção de impostos para aplicações de pessoas físicas, jurídicas e estrangeiros em títulos emitidos por empresas investidoras em áreas de infraestrutura. Na segunda frente, foram criados fundos e mecanismos para estimular o surgimento de um mercado secundário que ofereça liquidez para esses títulos de empresas de infraestrutura.

Quais são as perspectivas para o desenvolvimento da infraestrutura no país?
O Brasil, em dez anos, pode dar um salto qualitativo enorme se apostar no investimento de infraestrutura e confiar boa parte do desafio ao capital privado. Nenhuma nação alcançou o desenvolvimento econômico e social sustentável sem pesados investimentos em infraestrutura por anos seguidos. Não existe solução mágica, instantânea ou momentânea. O planejamento e o investimento precisam mirar o longo prazo, de forma perene e ininterrupta.

Podemos transformar pretensões em realidade?
A tarefa não é nem tão fácil que possa ser feito em algumas simples canetadas nem tão difícil que tenha de demorar séculos. De modo geral, passa por algumas diretrizes: melhoria da gestão dos recursos públicos, cumprimento irrestrito de contratos, boa administração da economia e leilões de concessão para atrair pesados investimentos privados. “O Brasil está entrando em um processo de crescimento econômico sustentável, com estabilidade econômica, inserção social e distribuição de renda. Os investimentos, principalmente na infraestrutura, são essenciais para essa decolagem não ser interrompida. Para transformar projetos em canteiros de obras, a receita é complexa e deve ser perseguida sempre: melhorar o ambiente de negócios, com custo financeiro competitivo, mão de obra especializada, bons projetos e menor burocracia.”

Entrevistado
Paulo Godoy
Currículo
- Graduado em administração de empresas pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
- Presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base – ABDIB – entidade cuja missão principal é o desenvolvimento do mercado brasileiro de infraestrutura e indústrias de base.
- Diretor Presidente e membro do Conselho de Administração da Alupar Investimento S.A.

>> Contato: jcasadei@abdib.org.br

Jornalista Responsável: Guilherme Sell - DRT 8447 – Redirect Digital Marketing

A expansão dos condomínios horizontais fechados (Podcast)

Hamilton Pinheiro Franck é diretor da construtora H. Franck que é especializada em condomínios horizontais fechados. Ele comenta as principais novidades desse setor.

Hamilton Pinheiro Franck

Currículo: Hamilton Pinheiro Franck
- Presidente do Sindicato das indústrias da construção civil no Paraná (Sinduscon-PR), gestão 2007-2010.
- Formado em Engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
- Participou da construção das Usinas de Itaipu, Foz de Areia, Angra I e Tucuruí.
- Diretor da H. Franck Construção Civil.
- Como responsável técnico, Franck tem um acervo de mais de 210 mil m2 de área construída.
- Especialista em Qualidade e Produtividade pela University of South Florida –Tampa – USA.

Clique no player abaixo e ouça a entrevista.


A inovação na construção civil

Industrializar a construção é preciso

Por: Michel Mello

A indústria da construção é uma das maiores responsáveis pelo crescimento econômico do Brasil na última década. Dados do Produto Interno Bruto (PIB) mostram que 18% do PIB brasileiro são resultados do bom desempenho do setor da construção civil. E não para por aí. Impulsionadas pelas linhas de crédito junto à Caixa Econômica Federal (CEF), os programas habitacionais do governo federal como o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e o Programa de Aceleração do Crescimento I e II (PAC I e PAC II), indicam que o crescimento deve manter-se. Mas para continuar em ritmo sustentável de crescimento é necessário que a indústria da construção se modernize e se industrialize.

Para o engenheiro civil e mestre em estruturas, Luiz Henrique Ceotto, diretor sênior de Projetos e Construção do departamento de Design e Construção (D&C) da Tishman Speyer no Brasil, afirma que, “a industrialização da construção significa um aumento de produtividade. E para isso é preciso mudar a mentalidade dos construtores e engenheiros no país”. Sobre inovações e industrialização do setor entrevistamos Luiz Henrique Ceotto.

Ceotto: São as gambiarras as principais responsáveis pelas patologias em obras

Por quais motivos a construção civil não se industrializa (moderniza)?
Ceotto:
O setor da construção pouco se industrializou. Esse desenvolvimento foi pequeno, tímido ainda. E acho que em virtude desses 30 anos de crise econômica que o país atravessou. Porque, de fato, apenas nos últimos cinco anos a economia brasileira respirou. Estamos ainda começando, veja, por exemplo, o aumento de renda média do trabalhador brasileiro, que melhorou, mas ainda está muito aquém de ser o ideal.

E com a indústria da construção é a mesma coisa porque ela depende de capital de financiamento intenso. Então isso se traduz em um medo generalizado do setor que leva a esse conservadorismo sectário. Principais obstáculos à industrialização do setor da construção civil:

Realidade econômica;
Baixa rentabilidade; e
Ciclos de produção muito longos.

O senhor cita métodos arcaicos e ultrapassados na construção. O que poderia ser feito pelas diversas entidades que congregam o setor para a efetiva modernização?
Ceotto:
Para modernizar a construção civil é necessário agir na formação dos engenheiros. Pois atualmente as universidades reproduzem ciclos arcaicos de formação. Então, em primeiro lugar é importante modernizar os cursos de formação, de pós-graduação e as especializações também. Criar iniciativas de joint-ventures entre empresas, universidades e centros de pesquisa. E ter essas mesmas iniciativas junto a empresas estrangeiras. E é preciso ter mais incentivos a pesquisa em novas tecnologias e sistemas construtivos.

A modernização do setor se trata somente de métodos e equipamentos?
Ceotto:
Basicamente se trata de processos integrados e componentes construtivos de forma integrada e sistêmica com relação às interfaces. É preciso pensar nas condições da obra. E deixar a mentalidade de “dar um jeito” ou “gambiarras” pra trás. Pois é desse tipo de pensamento que surgem as patologias. E desenvolver sistemas pré-engenheirados esquecendo a montagem de obra de maneira artesanal, além de desenvolver competências e sistemas de suporte.

Que argumentos persistem contra a industrialização do setor?
Ceotto:
O principal advento contra a industrialização do setor está na própria mentalidade. E essa mentalidade é reflexo de um histórico de mão de obra desqualificada e barata no país. A produtividade está ligada diretamente a isso. Talvez a partir da entrada em vigor da Norma de Desempenho, a NBR 15575 - Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos - Desempenho, as construtoras passem a praticar a uniformidade nos processos construtivos e nas obras de um modo geral. É importante que engenheiros e todos aqueles ligados à construção de um modo geral pensem para além do hoje e do momento. É preciso ter em mente o desenvolvimento do setor.

Entrevistado
Luiz Henrique Ceotto

Currículo
- Engenheiro civil graduado pela Universidade de Brasília (UnB).
- Mestre em Engenharia de Estruturas pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP).
- Diretor Sênior de Projetos e Construção departamento de Design e Construção (D&C) da Tishman Speyer no Brasil.

>>Contato: mfreitas@tishmanspeyer.com.br

Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content

PELT 2020: Modal Aeroviário

Modernizar os aeroportos é urgente para o Paraná acompanhar o crescimento econômico do país  

Por: Michel Mello

Os aeroportos são terminais que contam com a infraestrutura de serviços necessários para o atendimento de aterrissagens e decolagens de aviões. Eles podem ser destinados ao atendimento de passageiros, para carga e como correio aéreo. O Paraná ocupa a 4ª posição em infraestrutura aeroportuária do país, com um total de 40 aeroportos públicos e, segundo dados de 2009 da Secretaria de Estado de Indústria e Comércio e Assuntos do Mercosul, foi movimentado um total de 287 milhões de dólares nos aeroportos paranaenses. Apenas no primeiro trimestre deste ano foram 105 milhões de dólares.

Aeroporto Internacional Afonso Pena, Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu - Cataratas, Aeroporto de Londrina - Governador José Richa e o Aeroporto do Bacacheri são administrados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). E como andam a infraestrutura e os serviços dos aeroportos do estado? Essa resposta cabe ao Plano Estadual de Logística e Transportes (PELT 2020), que projeta ações estratégicas em intervenções intermodais de desenvolvimento para o Paraná nos próximos dez anos. São eles: modal rodoviário e modal hidroviário, modal ferroviário (publicados nas edições anteriores do Massa Cinzenta) e do modal aeroviário. Tratam-se de obras em infraestrutura e transportes necessárias ao fortalecimento da economia paranaense.

Afonso Pena

Afonso Pena: estão previstos um total de 6.294.129 passageiros embarcados e desembarcados no ano que vem

O Aeroporto Internacional Afonso Pena foi construído durante período da Segunda Guerra Mundial em 1945 em cooperação com o Departamento de Engenharia dos Estados Unidos e sua função inicial era de servir como base de apoio para as operações dos países aliados.  A partir de 1996 foram concluídas as obras do novo aeroporto internacional. Esse é o 8º maior aeroporto do Brasil em movimentação de passageiros.

Somando pousos e decolagens entre o período de julho de 2008 a julho de 2009, no Aeroporto Afonso Pena foram registrados mais de 72 mil (72.575) aviões e um total de 4.178.866 passageiros que embarcaram ou desembarcaram neste aeroporto. A altitude do aeroporto é de 991 m. São duas pistas, uma com 2.215 m de comprimento por 45 m de largura e a segunda menor com 1.800 m de comprimento por 45 m de largura.

Intervenções necessárias

Para ampliar o atendimento e acompanhar a demanda de crescimento é necessária a construção de uma nova pista com 3.400 m de extensão com capacidade para atender aeronaves de grande porte. Construção de pistas para o taxiamento de aeronaves (taxiways); ampliação dos terminais de cargas e de passageiros; além é claro de um estacionamento para as aeronaves. É necessária ainda a compra de novos equipamentos de auxílio à navegação como ALS (Approaching Landing System) e ILS 2 (Instruments Landing System).

Pallu: Estamos realizando estudos para o desenvolvimento do aeroporto e a implantação de uma nova pista de pousos e decolagens

Para o superintendente do Aeroporto Afonso Pena, Antonio Pallu: “O plano para investimentos em obras nos aeroportos da rede Infraero é contínuo e leva em consideração a demanda projetada para cada aeroporto, a visão estratégica do governo federal para o setor de aviação civil e as necessidades específicas de cada localidade. Entretanto, diante da definição das cidades-sedes dos jogos da Copa Fifa 2014, os empreendimentos  que devem ser realizados pela empresa tornaram-se motivo de atenção da opinião pública”.

“No Aeroporto Internacional Afonso Pena, localizado no município de São José dos Pinhais – região metropolitana da capital – a demanda projeta para o ano de 2015, segundo o Estudo da Demanda Detalhada dos Aeroportos Brasileiros que prevê um total de 6.294.129 passageiros embarcados e desembarcados”, conclui Pallu.

Investimentos até 2014 (clique na imagem para ampliar)

 

 

 

Ampliação do estacionamento de veículos

Localizado em frente ao terminal de passageiros, o estacionamento possui 680 vagas: 22 destinadas a pessoas com necessidades especiais e mobilidade reduzida, 34 para pessoas idosas e 36 vagas para motos. Em 2011, o estacionamento será ampliado e ofertará aproximadamente 2.200 vagas para veículos, com investimento de cerca de R$ 15 milhões. A licitação já foi aberta, o resultado foi apresentado e deverá ser homologado em janeiro de 2011.

Nova pista

Sobre a nova pista do aeroporto Pallu afirma: “No dia 05 de fevereiro de 2010 foi assinado um Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo do Estado do Paraná, o município de São José dos Pinhais e a Infraero. O termo tem por objeto a conjugação de esforços para aumento da área do Aeroporto Internacional Afonso Pena e a realização de estudos, planos, projetos e empreendimentos que visam o desenvolvimento do aeroporto e a implantação de uma nova pista de pousos e decolagens no local”.

Este documento prevê as fases a seguir:

- elaboração do Plano Altimétrico Cadastral da área a ser desapropriada;
- elaboração de memorial descritivo e avaliação do valor das unidades desapropriáveis;
- decretação de Utilidade Pública das áreas;
- projeto da nova pista e “taxiways”; e
- Estudo de Impacto Ambiental.

Cataratas

O Aeroporto das Cataratas recebe voos fretados de várias partes do mundo. Sua localização estratégica é potencialmente beneficiada em virtude a sua proximidade com o Parque Nacional do Iguaçu (Parna do Iguaçu) e as Cataratas do Iguaçu.

Intervenções necessárias

O aeroporto das Cataratas precisa de uma nova infraestrutura totalmente reformulada que seja capaz de atender as linhas nacionais e aos voos fretados. A ampliação da pista é para atender a aviões maiores e a construção de estacionamento de aeronaves também se faz importante.

PELT 2020

O Plano Estadual de Logística de Transporte, o PELT 2020, trata do desenvolvimento intermodal para o estado do Paraná. O plano foi concebido pelo Conselho de Engenharia e Arquitetura do Estado do Paraná (Crea-PR), Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado do Paraná (Sicepot-PR), o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) em parceria com o Sistema da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e propõe linhas de desenvolvimento para o estado durante os próximos 10 anos.

Leia mais sobre o PELT 2020:
http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/plano-estadual-de-logistica-e-transporte-do-parana-2020/
http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/pelt-2020-modal-ferroviario/
http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/pelt-2020-modal-hidroviario/

Entrevistado
Antonio Pallu
Currículo
- Graduado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR).
-Superintendente do Aeroporto Afonso Pena.
 >> Contato: santos.cnpa@infraero.gov.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content

Os desafios da gestão familiar

Empresas devem separar assuntos ligados à família e à organização

Por: Marina Pastore

As empresas regidas por uma gestão familiar possuem uma preocupação extra. Além de lidar com as questões relacionadas ao desempenho como produção e vendas, estas organizações ainda devem aprender a separar a relação familiar da empresarial.

Carlos Alberto Furiatto Esteves: É muito difícil perceber que a relação empresarial é bem diferente da relação afetiva da família

Na opinião de Carlos Alberto Furiatto Esteves, sócio-diretor da Go4! Consultoria de Negócios, o grande desafio para as empresas familiares é discernir os temas relacionados à família e aos negócios. “É muito difícil perceber que a relação empresarial é muito diferente da relação afetiva da família”, afirma.

Esteves também acredita que não há um modelo padrão de gestão familiar – tudo vai depender da estrutura da família, bem como seu tamanho e história de vida.

A sucessão

Um dos grandes impasses para as empresas familiares é a questão da sucessão. “Geralmente, a pessoa que construiu a empresa deseja que seus filhos deem continuidade ao seu trabalho. Mas antes de deixar a organização nas mãos deles é preciso avaliar se eles realmente querem fazer parte deste projeto. Existem estatísticas que mostram que as chances de fracasso na segunda geração são maiores, justamente por este motivo”, alerta Esteves.

A sucessão também exige uma preparação especial. “A partir do momento em que o herdeiro deseja tocar o negócio, já é um ponto favorável. Mas ele tem que passar por um processo de formação. Ele precisará aprender e se desenvolver. Por isso, deverá entrar em uma função mais baixa para começar a conhecer a empresa, mas sabendo que está em um contexto mais abrangente. E ele tem que ser reconhecido pelos outros funcionários como filho do dono e futuro proprietário da empresa”, comenta o sócio-diretor da Go4!.

Esteves ainda levanta uma questão que pode gerar ainda mais problemas na hora da sucessão: quando há mais de um possível sucessor. “Quando o presidente tem que escolher entre dois ou mais filhos para sentar na sua cadeira é um momento muito difícil. A decisão deve ser tomada como um empresário, mas muitas vezes aquele que não é escolhido pode encará-la como algo pessoal. Quando há agregados envolvidos, a situação pode ser ainda pior”, adverte.

“Primeiramente, este impasse deve ser resolvido e decidido dentro da família. Deve-se chegar a um consenso sobre o que é melhor para a saúde do negócio, que é a fonte de riqueza da família. É preciso analisar o perfil dos possíveis sucessores para ver quem é o mais indicado para assumir a presidência. Só depois que a questão for resolvida no âmbito familiar é que ela deve ser passada para a organização”, recomenda Esteves.

Para amenizar a dificuldade desta decisão, o sócio-diretor da Go4! sugere ainda a ajuda de  um mediador, alguém que entenda de relações familiares, como um terapeuta. “É importante ter a mediação, pois são muitos desejos, anseios e opiniões diferentes para lidar”, explica.

Conflitos de gerações

Outra situação comum nas empresas familiares é do pai conservador que barra as novas ideias do filho. Para Esteves, esta circunstância pode ser decorrente da história de vida desta família. “É o típico caso do pai que é visto como detentor de todo o conhecimento. Se a família não tem uma história de permissões, isto pode ser levado para a empresa”, ressalta.

O consultor da Go4! ainda faz uma analogia: “É como se um pai que dirige há muito tempo estivesse ao lado do filho que ainda não tem muita prática, vendo-o conduzir um carro. Dependendo do comportamento do pai, o herdeiro pode ficar mais ansioso ou mais confiante. O mesmo acontece com as empresas. É preciso deixar o sucessor experimentar e o pai precisa ter uma certa tolerância com as falhas, mas sempre estabelecendo limites para não criar grandes danos à organização”.

Entrevistado
Carlos Alberto Furiatto Esteves
- Graduado em Administração, com pós-graduação “Lato Sensu” em Produção e em Marketing. Possui também MBA em Finanças Corporativas.
- Conta com experiência de 15 anos nas áreas de produção, compras, planejamento, distribuição e gestão de negócios.
- Atualmente é Sócio-Diretor da Go4! Consultoria de Negócios.
- Já atuou em cargos de diretoria nas empresas Mattel do Brasil e ALL / Delara.
Contato: http://www.go4.com.br/

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Rodovia do Parque no Rio Grande do Sul em fase de terraplenagem

Investimento de R$ 1 bilhão pretende descongestionar tráfego da BR-116 em Porto Alegre

Por: Michel Mello
O traçado da Rodovia do Parque em amarelo

A BR-448/RS, mais conhecida como Rodovia do Parque, está em fase de construção dos seus 22 km. São três lotes de obras que estão com serviços dentro do cronograma e têm previsão de término para o mês de março de 2012. A Rodovia do Parque representa um investimento do Governo Federal da ordem de R$ 1 bilhão, entre obra, serviços e reassentamento de famílias. O projeto é de responsabilidade do consórcio formado por duas empresas: Magna Engenharia e Ecoplan S.A.

Esse empreendimento é o projeto rodoviário mais importante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC I), que está em andamento no Rio Grande do Sul. Quando estiver concluída, a BR-448 será uma alternativa que pretende descongestionar o tráfego da BR-116/RS entre Porto Alegre e o município de Sapucaia do Sul. Nesse trecho, o volume diário está estimado atualmente em 130 mil veículos/dia.

Projeto

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgão do Ministério dos Transportes, elaborou um projeto moderno com vários diferenciais. A construção de duas pistas será dividida em dois segmentos distintos. No primeiro deles, que é localizado entre a BR-116 e a BR-386, serão construídas duas faixas de rolamento em cada sentido. No segmento seguinte, que vai até o entroncamento com a BR-290, estão previstas três faixas em cada sentido. A largura das faixas será de 3,6 m. Além disso, as pistas terão acostamento externo (3m de largura) e interno (1m de largura).

Destaques

Entre as adaptações do projeto, destaca-se a função simultânea de dique de contenção que a estrada também exercerá, para represar as águas do Rio dos Sinos.

Terraplanagem

A cota de terraplenagem foi calculada com base na maior cheia da história do rio, que ocorreu no ano de 1941. E prevê um volume total de terra da ordem de mais de 8 milhões de m³ que serão movimentados.
 
Para Luiz Antônio Didoné, coordenador geral contratado pelo DNIT através de contrato de gerencia do Trecho 3 da Rodovia do Parque, “o projeto de terraplenagem desta obra é bastante complexo e envolve vários tipos de soluções, conforme o segmento e lote da obra. Vai desde a solução mais simples, como a remoção completa do solo inadequado existente (solo mole) e sua substituição por areia, até a utilização de camada drenante com areia e implantação de drenos verticais em fibrosintéticos que têm por objetivo retirar, ao longo de um certo período, a água existente sob a plataforma da rodovia. Nas regiões onde o aterro é mais elevado, como é o caso das cabeceiras de obras de arte (pontes e viadutos), também é utilizada uma esteira chamada geogrelhas, que distribuem as tensões aplicadas ao terreno, por conta do peso do aterro”.

Didoné afirma que “a utilização de concreto está restrita somente para as pontes, viadutos e na parte elevada da rodovia, pois nesta região não existe a possibilidade de aplicação de pavimento rígido devido a existência de uma grande camada de solos compressíveis”.

Ponte estaiada

Execução de infraestrutura, com a armação e montagem de formas para construção do Viaduto V-01 do trecho 1 da obra

A BR-448 vai contar com oito viadutos. Outro exemplo de obra de arte especial é a ponte estaiada sobre o Rio Gravataí, que terá 330 m de extensão. Serão construídos acessos aos municípios gaúchos de Esteio, Canoas e Porto Alegre, além de um acesso exclusivo à zona industrial portuária localizada em Canoas.

Didoné explica “que se trata de uma ponte com 268 m de vão livre, composta por duas torres de sustentação principais com 75 m de altura em cada conjunto. Nessas torres passam os cabos de sustentação da plataforma. Apresenta uma beleza estética muito interessante. Sua principal vantagem, além do grande vão que pode alcançar, é a possibilidade de produção de vigas pré-moldadas concomitantes ao andamento da infra e mesoestrutura”.

“O consórcio construtor mobilizou um canteiro para produção dos elementos principais (vigas) que trabalha em turno contínuo. Os equipamentos para a produção de vigas e estacas é de alta tecnologia. A cura do concreto é acelerada por aquecimento controlado. Assim o prazo de produção é reduzido sem prejudicar a qualidade dos elementos construtivos”, enfatiza Didoné.

O reassentamento de famílias que habitam a faixa de domínio também está previsto na execução da obra, o que inclui um convênio com a Prefeitura Municipal de Canoas para a construção de 599 unidades habitacionais. No total, a construção da Rodovia do Parque vai gerar cerca de 3.300 empregos diretos, e somente para execução dos serviços serão investidos R$ 824 milhões.

>> Entrevistado
Luiz Antônio Didoné
>> Currículo
- Formado em Engenharia Civil pela Universidade Católica de Pelotas (UCPEL).
- Pós-graduado em segurança rodoviária pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
- Há 12 anos presta serviço para a Enecon S.A.
>> Contato: didone.luiz@ig.com.br

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Iluminação natural

Utilizar a luz solar diz respeito à eficiência energética, conforto visual e práticas sustentáveis

Por: Michel Mello

O planejamento das obras em arquitetura e engenharia contemporânea no Brasil precisa considerar os efeitos positivos da iluminação natural. Essa postura de relutância em projetistas se deve em parte à formação desses profissionais que vem de uma trajetória de ensino que pertence ao século passado. Não prevê, por exemplo, o advento das crises energéticas, a falta de investimentos nos setores de geração e distribuição de energia, a extrapolação dos recursos naturais.

Por não ter sido devidamente assimilada por teóricos, mestres e professores, ainda não foi transmitida aos canteiros de obras. Um reflexo disso é que apesar de toda a possibilidade de uso da luz solar, já que a iluminação natural é uma velha conhecida do homem – algo que remonta à pré-história do homem, ao tempo das grandes pirâmides, Stonehenge e outros megalitos – a grande preferência é por utilizar a iluminação artificial, que é mais cara e poluente.

Atualmente, no país, poucas são as edificações que se utilizam de claraboias, novas janelas, telhas transparentes e outras tecnologias que permitem a utilização da luz natural. A ruptura entre novo e velho em termos de edificações se dá de modo que nada do que diga respeito à funcionalidade do passado possa ser aproveitado pelo futuro. O conceito de modernidade exclui todo um passado baseado em estudo muito preciso sobre a trajetória dos corpos celestes.

Sigfrido F. C. G. Graziano Junior

Para o arquiteto e especialista em iluminação e conforto ambiental, Sigfrido Graziano Junior, “para a grande parte do nosso território, tropical, recomenda-se o uso da luz natural de forma indireta e difusa. A incidência direta nas superfícies envidraçadas pode trazer aumento de temperatura interna e é recomendável apenas nos locais onde há necessidade de ganho de calor, como em regiões frias do Brasil e locais de maior altitude. Existem atualmente vidros especiais com filtros que reduzem a carga térmica, mas também trazem redução da iluminação, tornando necessário o acionamento da luz artificial durante o dia. O que é um gasto de energia dispensável se a luz natural chegasse nos ambientes de forma adequada”.

Sobre iluminação natural, luz solar e novas tecnologias de conforto visual e térmico entrevistamos o arquiteto Sigfrido Graziano:

>> Como fazer para conscientizar os diferentes públicos e inserir o tópico: luz solar em obras de engenharia e arquitetura?
Sigfrido Graziano: Há diversos caminhos, que passam tanto pela conscientização como pela legislação e mercado. Pela legislação, existem normas – por ora recomendações – como o “Regulamento de Etiquetagem dos Edifícios”, do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), onde há incentivos para etiquetagem dos edifícios públicos, de prestação de serviços e que ainda é voluntário. Também há certificações como Selo da Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), ou Alta Qualidade Ambiental (AQUA), entre outros onde o uso da luz natural é um dos critérios a serem considerados. Aos poucos, os editais de projeto começam a exigir que as propostas tenham esses conceitos na sua elaboração até simulação computacional.

Os empreendedores já lançam edifícios que atendem aos requisitos de eficiência e sustentabilidade objetivando a valorização e também se observa que a venda de unidades com certificação é mais rápida, vantajosa e rentável. A conscientização começa pelo uso da luz como elemento de projeto e deve ser considerada desde a concepção da edificação e dos espaços. Isso faz parte da arquitetura bioclimática, eficiência energética e sustentabilidade. O corpo do projeto deve considerar todos esses aspectos.

>> Aspectos positivos da utilização da iluminação natural?
SG: Um argumento forte em prol da iluminação natural é a redução do consumo de energia. Ao se projetar adequadamente o uso da luz natural sem trazer aquecimento, atingimos dois aspectos principais:

- Elimina parte considerável da necessidade da iluminação artificial;
- Redução da necessidade de climatização em parte considerável do horário de uso do edifício.

Além disso, a radiação ultravioleta (UV), parte considerável da radiação solar, tem ação bactericida, que é recomendável para as áreas de longa permanência, como os dormitórios. Isso também é muito importante para hospitais e presídios, onde deve haver controle das doenças.

>> Quais são os benefícios sociais da iluminação natural dos ambientes?
SG: Há diversos benefícios quando esses conceitos são abordados no projeto como aspectos psicológicos e de qualidade visual. A característica de variação já é benéfica pelo acompanhamento do ciclo circadiano, ou seja, perceber a variação luminosa e cromática ao longo do dia.

A variação da luz também promove ajuste dos olhos, evitando a constância quando há apenas a iluminação artificial. O ambiente tem contato com o ambiente externo e isso é benéfico para sensação de pertencimento ao mundo, combatendo a claustrofobia. Também por isso diversos shoppings centers mais antigos já promoveram aberturas para o exterior.

>> De que trata a eficiência energética nos padrões de qualidade (ISO 14000)?
SG: A ISO 14000 é uma norma internacional que trata da gestão ambiental nas empresas. Muitas delas, para atender ao mercado globalizado, devem atender a essas normas internacionais e isso pode significar a sobrevivência da empresa. A certificação também traz necessidades de melhorias ano após ano. Assim, uma empresa certificada pela ISO 14000 em um ano deverá buscar melhorias em outro ano. O uso da luz natural e eficiência energética pode ser uma forma.

>> De que trata a redução de volumetria?
SG: Os planos diretores e códigos de obras definem áreas a serem ocupadas, taxas de ocupação, áreas verdes, áreas de preservação parcial. Muitas vezes há desrespeito desses conceitos, trazendo formação de verdadeiras barreiras para os ventos, para a luz natural e salubridade. É preciso observar que grandes volumes construídos podem trazer áreas urbanas mais escuras, sombreamentos excessivos, formação de áreas úmidas. O resultado pode ser áreas com micro-climas que tornam os ambientes dependentes de aparelhos de ar-condicionado constantemente ligados e luz artificial.

>> Quais os custos de manutenção com a luz artificial?
SG: A luz natural possibilita a desativação da luz artificial durante grande parte do dia, aumentando o período para troca de lâmpadas e reatores. Isso significa menos troca de equipamentos e profissionais para fazê-lo, menores interrupções, além é claro da economia na conta de energia.

A luz direta incide na prateleira de luz, ou lightshelf, que reflete para o teto e para o ambiente

>> O que são lightshelves?
SG: Há diversos elementos para bloqueio e redirecionamento da luz natural como brises, marquises, persianas, lightshelves (plural) e lightshelf (singular), que em inglês significam prateleiras ou estantes de luz. São alguns tipos de elementos de redirecionamento da luz natural. De forma indireta e difusa essa luz é benéfica, pois não traz a mesma carga térmica que ocorre quando há incidência solar nos vidros. Assim, a luz direta do sol pode incidir em elementos opacos e claros.

>> Pode quantificar a redução de custos em economia de energia elétrica em projetos?
SG:
Em estimativas realizadas, ao se adotar a luz natural para ambientes comerciais, há redução com a iluminação artificial e troca de lâmpadas em torno de R$ 15,00 por m² ao ano. Em termos de climatização é mais difícil e complexo chegar a um número, mas ao se reduzir a carga térmica, consequentemente há redução na necessidade de acionar os aparelhos de ar-condicionado.

>> Entrevistado
Sigfrido F. C. G. Graziano Junior
>> Currículo
- Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
- Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UFSC.
- Mestre em Engenharia de Produção/Ergonomia – área de Conforto Ambiental – Iluminação, com trabalho sobre o uso da luz natural em projetos, pela UFSC.
- Atua como Arquiteto e Engenheiro de Segurança do Trabalho na Caixa Econômica Federal.
- Realiza projetos residenciais, comerciais e institucionais, presta consultoria em projetos de eficiência e sustentabilidade e já atuou como professor em cursos de graduação e pós-graduação.
>> Contato: arqsig@terra.com.br

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Gestão à vista

Método oferece maior autonomia para a tomada de decisões

Por: Marina Pastore

Uma luz que acende indicando que um caixa precisa de ajuda no supermercado (chamado de andon), um cartão com informações sobre o tipo de peça e a quantidade a ser fabricado (kanban), um desenho ilustrativo, painéis informativos ou botons. Todos estes itens podem ser adotados pela administração de uma empresa, em um processo denominado gestão à vista.

Edwan Lima

Para o engenheiro eletrônico e consultor sênior da Inovar Gestão e Projetos, Edwan Lima, a gestão à vista pode ser definida através da expressão “uma imagem vale mais que mil palavras”. “Este método procura tornar as coisas mais transparentes dentro da empresa principalmente para os operadores de produção, pois possibilita saber de forma fácil e intuitiva como está o desenvolvimento do trabalho, a operação das máquinas, os resultados alcançados, entre outras informações”, afirma.

Esta forma de gestão é comumente encontrada em fábricas, mas também pode aparecer em outros ambientes. “O cidadão comum já utiliza e compreende bem esta prática, sem se dar conta disso. Mesmo sem nunca ter colocado os pés em ambiente fabril, é possível ter tido contato com este modelo há muito tempo, sem perceber. Eu considero o Post-it, por exemplo, o item mais popular da gestão à vista”, assegura o consultor corporativo, palestrante e especialista em Gestão do Conhecimento, Gilson Nelson Coelho.

Vantagens e desvantagens

Na opinião de Lima, “a gestão à vista pode ser considerada um poderoso meio de comunicação, simples e eficaz, que consegue transmitir a mensagem sem a necessidade de grandes investimentos em tecnologia. Desta forma, permite a maior autonomia dos colaboradores, facilita o acesso à informação e mexe com a cultura da empresa, derrubando muros e deixando-a mais aberta”.

O palestrante também afirma: “Se a informação está à vista do funcionário, isso permite que ele tome iniciativas, estabeleça correlações, se responsabilize por decisões. Tudo isso sem a presença do chefe imediato. Além disso, é uma ferramenta que possibilita a redução no volume de recursos empregados na produção”.

Entretanto, a empresa deve estar preparada para esta prática. “De que adianta um supermercado utilizar andons que indicam que um posto de caixa está necessitando de ajuda se não existem supervisores suficientes ou sem o devido preparo para resolver o problema do cliente?”, questiona Lima.

Gilson Nelson Coelho

De acordo com Coelho, a gestão à vista pode “assustar” também as chefias imediatas, quando os resultados das equipes não estão bons. “Sempre que o indicador está exposto e os números não são favoráveis, as chefias acabam tendo que fornecer explicações sobre as quais nem sempre possuem o domínio. Seria preciso investigar e eliminar as causas para resolver os problemas. Em vez disso, muitos preferem sumir com os indicadores. Por isso, o processo precisa ser estabelecido pelo alto comando da empresa”.

Modelo japonês

A Toyota é uma das empresas que mais difundiram o sistema de gestão à vista. “Ela é amplamente aplicada no ambiente fabril, sendo uma das principais ferramentas que fundamenta a filosofia Just in Time, também conhecida como Produção Enxuta, muito divulgada nos últimos tempos enfatizando o Sistema Toyota de Produção”, explica Coelho.

Lima completa: “A sua difusão está atrelada a este método, criado por volta das décadas de 50 e 60. Dentro desse sistema que prega a eliminação dos desperdícios e a melhoria contínua, a gestão à vista é uma ferramenta que ajuda na autonomia para a tomada de decisão e possibilita a realimentação rápida para combater os problemas”. 

Lima e Coelho concordam que o Japão possui grandes exemplos de gestão à vista. O consultor sênior da Inovar Gestão e Projetos exemplifica: “Ao visitar uma fábrica no Japão, notei que havia um quadro no qual os colaboradores colocavam seu destino quando saiam da sala. Ao lado do nome de um dos funcionários, havia uma etiqueta indicando fogo. O engenheiro que me acompanhava explicou que o colega no dia anterior havia saído e esquecido o cigarro aceso. Dessa forma, ele estava recebendo um ‘alerta’ a respeito de sua atitude. Isso foi muito mais eficaz que qualquer memorando”. 

Coelho, por sua vez, relata que o seu primeiro contato com a gestão à vista foi em 1992, também em visita ao Japão. “Na maioria das fábricas que visitei tudo o que necessitava de medição e monitoramento estava diante dos funcionários. Tudo sempre estava disposto em grandes painéis ou pequenos recursos visuais colocados em posições estratégicas, à vista de todos. Eles consultavam voluntariamente os indicadores, mas também recebiam explicações das chefias. Constantemente eles conferiam os avanços, parabenizando ou manifestando preocupação sobre algo que insistia em não melhorar”, conta.

Case: Belgo

Edwan Lima cita como exemplo de gestão à vista a empresa Belgo, do Grupo Arcelor. Vencedora do Prêmio Nacional da Qualidade de 2006, a organização possui salas de gestão à vista tanto para a fábrica quanto para o escritório. Estes ambientes servem para comunicar o plano estratégico, que inclui indicadores, metas e projetos.

>> Entrevistados:
Edwan Lima
- Engenheiro Eletrônico.
 - Mestre em Gestão Empresarial .
- Doutorando em Engenharia de Produção e Sistemas pela Universidade do Minho – Portugal.
 - Atua em Gestão da Qualidade, Gerenciamento de Projetos e Inovação, como consultor e professor.
- Atualmente é Consultor Sênior da Inovar Gestão e Projetos.
>> Contato: edwan_lima@yahoo.com.br

Gilson Nelson Coelho
- Formado em Administração pela Universidade da Região de Joinville (Univille).
- Pós-graduado pelo Centro Universitário FAE.
- Consultor Corporativo, palestrante e especialista em Gestão do Conhecimento.
- Atuou em projeto de Consultoria Capacitação Corporativa Continuada na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS).
- Atuou na Direção Comercial da Varejo Farma e Distribuição.
- Participou de projetos nas áreas recursos humanos, produção e logística, passando por Santa Cruz (distribuidora), Busscar, Caribor, Consul S.A. (hoje Multibrás), entre outras.
- Fez parte da Missão Brasileira para Aprofundamento da Qualidade no Japão e Coreia.
>> Contato: www.gilsoncoelho.com.br

Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content