"Custo Paraná" já cobra preço alto do Estado

Economia paranaense perde competitividade por causa de gargalos da infraestrutura e, principalmente, por que tem baixa qualificação de mão de obra

Por: Altair Santos

Dezesseis das maiores empresas instaladas no Paraná decidiram cruzar seus dados para projetar o futuro da economia paranaense daqui a quatro anos. As conclusões a que chegaram é que, assim como o país carrega o chamado “custo Brasil”, o Estado convive com o “custo Paraná”. Ele se materializa em gargalos de infraestrutura, como os que afetam o porto de Paranaguá, na carga tributária alta, na burocracia e, sobretudo, na escassez de mão de obra qualificada.

Carlos Echeverría: “O Paraná está perdendo atratividade e é preciso correr contra o relógio.”

O estudo, cujo relatório foi apresentado ao governo estadual no começo deste ano, esteve sob a coordenação do diretor de recursos humanos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Carlos Echeverría. Ele conclui que, se nada for feito no médio prazo, o Paraná tende a vir a sofrer do “efeito ABC”. Trata-se de um fenômeno semelhante ao que ocorreu no ABC paulista no final do século passado, quando a mão de obra excessivamente cara causou a migração de indústrias para outras regiões do país.

Segundo Echeverría, as empresas que fizeram parte da pesquisa pretendem, até 2014, gerar 18.770 novas vagas. Destas, 5.443 vão exigir formação superior, 8.072 serão para técnicos e 5.255 para trabalhadores com o ensino médio completo. O problema está na capacitação destes profissionais. Boa parte deles não terá como se candidatar às vagas ofertadas, o que vai obrigar a “importação” de mão de obra. “Isso exige que as organizações recrutem profissionais em outras regiões, como São Paulo. Ao efetuar estas contratações em centros mais caros, gera-se incremento de custo na folha de pagamento, tanto na atração quanto na retenção dos profissionais”, explica Carlos Echeverría.

A conclusão é que o Paraná está se tornando pouco competitivo. Dados recentes divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) comprovam essa tendência. Em 2010, o crescimento industrial do Paraná foi de 1,5%, enquanto a média nacional ficou em 3,4%. Já a folha de pagamento no Estado teve um aumento real de 9% em relação a 2009, enquanto a média nacional foi de 6,8%. “Percebe-se que o nível de atividade ficou na metade do nacional, mas o custo da mão de obra cresceu mais do que o nacional. O que acontece? A mão de obra aqui está mais cara. É a comprovação do efeito ABC”, destaca Echeverría.
Para estancar esse desequilíbrio entre crescimento e custo da mão de obra, o estudo baseado em dados das 16 empresas propõe que sejam criados pólos de formação de mão de obra em todo o Estado, para que essas vagas sejam preenchidas pelos jovens que estudam no Paraná. “Hoje nosso mercado se ressente muito de engenheiros civis e mecânicos, de médicos do trabalho, de profissionais de Tecnologia da Informação e de profissionais de nível gerencial”, enumera Echeverría.

O diretor de recursos humanos da PUC-PR avalia que a primeira medida do governo para enfrentar o “custo Paraná” seria diagnosticar as carências de mão de obra qualificada em todo o Estado. Esse mapeamento, sugere, poderia ser feito através da secretaria estadual de Educação. “Ela é o organismo mais preparado para identificar essas carências e preparar as escolas técnicas para executar os pólos de formação”, diz.

Ainda, segundo Echeverría, as 16 empresas que serviram para fomentar o estudo se propõem a ser parceiras de um programa de qualificação. “As empresas estão dispostas a fazer parceria para a formação de mão de obra, seja com investimentos em dinheiro ou disponibilidade de técnicos”, completa, avaliando que as medidas devem ser urgentes. “O Paraná está perdendo atratividade e é preciso correr contra o relógio”, alerta Carlos Echeverría.

Perfil das empresas
O estudo que mapeou o “custo Paraná” englobou empresas que pertencem à indústria (70%) e ao setor de serviços (30%). As 16 organizações pesquisadas são as seguintes: Boticário, Volvo, Renault, GRPcom, Bematech, GVT, Kraft Foods, Philip Morris, Correios, ALL, Case New Holland, Novozymes, AkerSolutions, HSBC, Positivo e Petrobras.

Quantidade de empregos que as 16 corporações pretendem criar até 2014
Gráfico mostra que Paraná tem uma das mãos de obra mais caras do país
O que o governo do PR precisa fazer
O que impacta a atividade econômica do Estado

Entrevistado
Carlos Echeverría, diretor de recursos humanos da PUC-PR
Currículo

- Graduado em Matemática, Administração de Empresas e Pós-Graduação RH
- Já atuou em empresas como H.B.Fuller Company; Cia. Cervejaria Brahma; Pirelli Pneus; Bosch Divisão Diesel
Contato: carlos.echeverria@pucpr.br ou drh@pucpr.br

Crédito: João Borges/Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Itambé investe em tecnologia para construir silo de clínquer

Obra faz parte da linha 3 da Companhia e utiliza o sistema de formas deslizantes, além de um concreto diferenciado em sua estrutura

Por: Altair Santos
Construção do novo silo de clínquer usou a tecnologia de forma deslizante e a injeção ininterrupta de concreto por 11 dias

A demanda por cimento no Brasil tem levado o setor a investir em seus complexos industriais. Com a Cia. de Cimento Itambé não é diferente. No 1.º semestre de 2012, a empresa planeja inaugurar uma nova linha de produção de clínquer. As obras estão em pleno desenvolvimento e serão concluídas com a instalação do terceiro forno na fábrica de Balsa Nova, na região metropolitana de Curitiba.

As principais etapas da obra do novo forno são:
- Torre de pré-aquecimento (ciclones) de 125 m de altura
- Moagens de combustível e matéria prima
- Silo de armazenamento de matéria prima
- Silo de armazenamento de clínquer
- Resfriador
- Forno
- Filtros

“A principal peculiaridade deste tipo de obra é a complexidade das construções em concreto e a proximidade entre elas”, explica o engenheiro civil Paulo Vinicius Bressani, Coordenador das obras do Projeto da Linha 3 da Cia. de Cimento Itambé. Segundo ele, o pico da obra, que se dará daqui a dois meses, deverá envolver pelo menos 1.500 trabalhadores.

Base do silo de clínquer exigiu a formulação de um concreto especial, para não gerar fissuras

Uma das obras de maior vulto da nova linha de produção é o silo de clínquer, que tem 42 metros de diâmetro e 37 metros de altura, parte em concreto. Para construí-lo, foi usado o processo de forma deslizante contínua, que permitiu a concretagem da parede do silo. O equipamento se movimenta através de macacos hidráulicos, a uma velocidade de 13 centímetros por hora, e usa como base de apoio a própria parede recém construída. “Conforme o concreto ganha resistência, acionam-se os macacos hidráulicos e desliza-se a forma, num processo contínuo de concretagem”, revela Bressani.

A tecnologia de forma deslizante é uma das mais usuais no Brasil para a construção de silos, por permitir velocidade na construção. No caso da obra da Cia. de Cimento Itambé, foram 11 dias ininterruptos de concretagem, que consumiram cerca de 2,5 mil m³ de concreto na parede do silo totalizando um volume de cerca de 12,5 mil m³. Depois de concluído o silo terá capacidade para armazenar 56 mil toneladas de clínquer.

Paulo Bressani - Coordenador da área civil da linha 3

Esta é uma das etapas da construção da Linha 3, que tem outras obras sendo construídas em paralelo, outra obra que utiliza o sistema de forma deslizante é o silo de farinha que terá 63 metros de altura.

“Como são obras de grande porte em concreto, e próximas umas das outras, o planejamento criterioso para construí-las é fundamental”, relata Bressani, contando que o complexo de edificações da linha três já consumiu cerca de 25 mil m³ de concreto, transportados em mais de 3100 viagens de caminhão betoneira.

Jorge L. Christófolli - Gerente de Desenvolvimento Técnico da Cia. de Cimento Itambé – Divisão Concreto – Concrebras

Segundo o gerente de desenvolvimento técnico da Cia. de Cimento Itambé – Divisão Concreto (Concrebras), Jorge Christófolli, - responsável pela formulação do concreto usado para erguer o silo de clínquer - só na base da construção foram lançados 3.200 m³ de concreto. O planejamento da obra envolveu duas centrais de concreto, 25 caminhões, três bombas-lança e 50 horas ininterruptas de execução.

“Precisávamos de um concreto que gerasse pouco calor durante a cura, para que ele não apresentasse fissuras”, disse Christófolli. “Por isso, optou-se pelo cimento CP IV-32, com adição pozolana, e uso de sílica ativa e aditivos estabilizantes na formulação do material”, completou.

Assista ao vídeo da etapa da Concretagem da base do silo de armazenamento de clínquer da linha 3 da Cia. de Cimento Itambé.

Leia mais sobre a Concretagem da base do silo de clínquer da linha 3

Entrevistados
Paulo Bressani
Currículo

- Graduado em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
- Coordenador das obras do Projeto da Linha 3 da Cia. de Cimento Itambé
Contato: paulo.bressani@cimentoitambe.com.br

Jorge L. Christófolli
Currículo

- Engenheiro civil pela Faculdade de Engenharia de São Paulo (FESP – SP)
- Pós-graduado em patologia das construções pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
- Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
- Gerente de Desenvolvimento Técnico da Cia. de Cimento Itambé – Divisão Concreto – Concrebras
Contato: jorge@concrebras.com.br

Créditos: Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Brasil "ajeita" estradas, mas poderia recuperá-las

Programa do DNIT restaura 59 mil quilômetros de rodovias, mas ABCP defende que, sem pavimento em concreto, CREMA é “operação tapa-buracos”.

Por: Altair Santos

Dos cerca de 170 mil quilômetros de estradas que há no Brasil, mais de 90 mil estão sob a responsabilidade do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). São as chamadas rodovias federais, para as quais, desde 2006, o governo desenvolve o programa batizado de CREMA (Contrato de Restauração e Manutenção). Na 1.ª etapa, foram investidos R$ 6 bilhões em 27 mil quilômetros. Na 2.ª fase, em licitação, mais 32 mil serão recuperados, com investimento estimado em R$ 16 bilhões.

Luiz Antônio Pagot: até 2014, 85% das rodovias federais estarão em perfeitas condições.

Segundo o recente relatório gerencial da pesquisa rodoviária CNT/2010, da Confederação Nacional dos Transportes, o CREMA tem trazido resultados. Na avaliação da malha rodoviária federal, o estudo apontou que 43,9% estão em perfeito estado. Já 32,9% aparentavam desgaste, mas sem buracos. Outros 19,8% tinham trincas ou remendos, mas sem buracos. Por fim, 3,2% apresentavam afundamentos ondulações e buracos e 0,9% estavam totalmente destruídos.

Segundo o diretor-geral do DNIT, Luiz Antônio Pagot, na 2.ª fase do CREMA será dada prioridade para combater um dos principais vilões das rodovias: a chuva. “As chuvas afetam pontos e não trechos inteiros de rodovias, mas as obras previstas no CREMA 2 devem amenizar esse impacto, pois elas preveem reforço do pavimento desde a sub-base, aumentando seu tempo de vida útil” explica.

Ainda de acordo com Pagot, com os investimentos previstos, 85% das rodovias federais brasileiras estarão em perfeitas condições de trafegabilidade até 2014.

Ronaldo Vizzoni: sem pavimento rígido, o CREMA se transforma em uma operação tapa-buracos.

Para a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), o problema do CREMA é que ele mantém o “status quo” das rodovias federais, ou seja, privilegia o pavimento em asfalto em trechos que, pelo volume de veículos que recebem e pelo grau de deterioração, deveriam optar pelo pavimento rígido. “Com isso, o CREMA se transforma em uma operação tapa-buracos, pois daqui a alguns anos, senão meses, o trecho que está sendo recuperado vai precisar ser restaurado de novo. O correto seria recuperá-lo com o pavimento em concreto”, avalia Ronaldo Vizzoni, gerente de infraestrutura da ABCP.

Para Vizzoni, boa parte das rodovias federais deveria receber uma “intervenção pesada” de pavimento em concreto. “Infelizmente, esse não é o espírito do CREMA”, avalia. No entanto, a partir de 14 de fevereiro de 2011, a ABCP ganhou condições de romper com esse paradigma das estradas brasileiras. Portaria publicada no Diário Oficial da União incluiu a Associação na comissão de trabalho do DNIT. O objetivo é criar procedimentos técnicos e econômicos para definir alternativas de pavimentação. A portaria também prevê a revisão do SICRO (Sistema de Custo Rodoviário) em pavimentação de concreto, considerando os novos procedimentos e equipamentos disponíveis no mercado.

A formação do grupo surgiu da necessidade de se estabelecerem diretrizes para o estudo comparativo entre as alternativas de pavimentação, levando em conta o tráfego, a capacidade de suporte, vida útil do pavimento e custo-benefício. A ABCP é a única entidade convidada a participar das duas comissões e está representada pelos engenheiros Ronaldo Vizzoni, gerente de infraestrutura; Marcos Dutra de Carvalho, líder especialista em pavimentação, e Fernando Cesar Crosara, gerente regional da ABCP Centro-Oeste. “A entrada da ABCP nesta comissão é um progresso incrível. Dela pode estar nascendo a solução definitiva para as rodovias brasileiras”, destaca Ronaldo Vizzoni.

Primeira etapa do CREMA restaurou 27 mil quilômetros de rodovias federais, segundo DNIT.
Trecho do Rodoanel Sul, em São Paulo; ABCP entra em comissão do DNIT para difundir pavimento em concreto.

Entrevistados
- Luiz Antônio Pagot, diretor-geral do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes)
- Ronaldo Vizzoni, gerente de infraestrutura da ABCP

Currículos
Luiz Antônio Pagot
Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná
Pós-graduado em Administração Financeira pela Fundação Getúlio Vargas
Oficial de operação da Marinha do Brasil
Ex-secretário de Estado de Infraestrutura do Mato Grosso
Contato: imprensa@dnit.gov.br

Ronaldo Vizzoni
Engenheiro civil e administrador de empresas pela Universidade Mackenzie (SP)
Pós-graduado em Marketing Industrial pela FGV
Atualmente, é gerente da área de infraestrutura e líder do projeto de pavimentação da ABCP
Contato: ronaldo.vizzoni@abcp.org.br

Créditos fotos: Divulgação/DNIT/ABCP

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

É missão da ABCP ajudar o Brasil a crescer

Presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland, Renato José Giusti, fala das ações que o setor tem feito para estimular o desenvolvimento do país

Por: Altair Santos

Em dezembro de 2011, a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) completa 75 anos de atuação. Neste período, seu papel extrapolou a função de estimular sistemas construtivos à base de cimento. A ABCP tornou-se protagonista em programas que fomentam o crescimento do Brasil. Ela tem atuado fortemente para ajudar o país a resolver seus gargalos de infraestrutura, oferecendo ideias, projetos e, sobretudo, tecnologia. É o que revela o presidente Renato José Giusti, na entrevista a seguir. Confira:

Renato Giusti: visão bifocal, qualidade, capacitação e integração são as quatro premissas que orientam a ABCP nestes 75 anos.

Qual a parcela de participação da indústria cimenteira neste período de aquecimento que o mercado da construção civil experimenta atualmente?
Primeiro, o forte período de aquecimento é recente. Nós estivemos cerca de 20 anos estagnados e, tanto a indústria cimenteira, quanto outros setores da construção civil ficaram com suas capacidades ociosas neste período. Então, houve diminuição do investimento futuro, o que levou a um grande trabalho, através da união de toda a cadeia de construção civil, onde o setor cimenteiro foi um dos lideres, e que fez surgir a União Nacional da Construção. Mostramos ao governo o quão importante era a construção civil para o Brasil, no sentido de que ela é uma grande locomotiva de desenvolvimento para o país. Com isso, o governo abriu um diálogo franco com toda a cadeia da construção e pudemos apresentar propostas na área de habitação e de infraestrutura.

Dá para dizer que, enfim, a construção civil foi ouvida pelo governo?
Sim, o governo realmente investiu bastante na construção civil. Ele procurou disponibilizar recursos e gerar programas que auxiliassem no combate destas necessidades habitacionais e de infraestrutura. Tínhamos um déficit habitacional de oito milhões de casas e veio o Minha Casa, Minha Vida. As estradas estavam ruins e veio o PAC. Então, esse diálogo proporcionou todos esses programas que fomentaram a construção civil.

O senhor acredita que esse crescimento conseguirá ser sustentável no longo prazo?
O Brasil é um país que precisa ser construído, pois falta tudo em nível de construção. Veja agora, com esses eventos esportivos como a Copa do Mundo e Olimpíadas. Será uma demanda enorme. Mas a curva de crescimento, o setor do cimento já vem experimentando há pelo menos quatro anos, e sempre sobre uma base maior. Então, com certeza, não é uma tendência de curto prazo. Nós achamos que é uma curva que vai se estender de cinco a dez anos.

Como a indústria cimenteira tem reagido a esse crescimento, no sentido de investimentos para aumento da capacidade instalada?
A indústria de cimento do Brasil é uma das mais modernas no mundo. Então, ela reagiu de imediato. O setor hoje está instalando fábricas novas, readequando as fábricas antigas, modernizando as fábricas e, principalmente, aprimorando a logística. Hoje, há demanda por cimento no país inteiro. Antigamente, as demandas eram sazonais, com alguns estados crescendo mais que outros. Hoje, o Brasil inteiro é um canteiro de obras. Então, é questão de honra para o setor do cimento abastecer o país todo, mesmo com todas estas dificuldades de infraestrutura do Brasil.

Então, a previsão é de novos recordes na produção de cimento em 2011?
Em 2010, a produção de cimento alcançou 59 milhões de toneladas de cimento e o percentual sobre o ano anterior (2009) foi de 14,8%. Neste ano, a estimativa de crescimento é de 8% a 10%. Nossa capacidade de produção é de 67 milhões de toneladas e os investimentos que estão sendo feitos, e vão entrar este ano e em 2012, 2013, 2014, estão programados para suprir a demanda que vai surgir. Tenho certeza que seremos autossuficientes para abastecer toda a construção civil. Não só no que diz respeito ao cimento, mas a todos os sistemas construtivos à base de cimento, como pré-fabricado, blocos de concreto, tubos de concreto, telhas de concreto e todos os demais produtos cimentícios.

O mundo está voltado para o crescimento sustentável, com o aproveitamento de resíduos e a baixa emissão de gases. O setor cimenteiro está preparado para esse desafio?
Neste quesito, a indústria nacional está de parabéns. Um exemplo é o coprocessamento de resíduos em nossos fornos, que é uma das mais efetivas contribuições para o meio ambiente. Outra questão importante é que todo o cimento produzido pela indústria atende as normas da ABNT, sejam eles cimentos puros, cimentos especiais ou cimentos compostos. Neste caso, o produto agrega as escórias da siderurgia, ajudando a eliminar esses resíduos. Tem ainda o cimento pozolânico, que absorve as cinzas das termoelétricas. Tudo isso sem alterar a qualidade do cimento. Pelo contrário, existe a norma de cimento de alto forno, existe a norma de cimento pozolânico, existem todos os tipos de normas que garantem para o consumidor a melhor qualidade que se possa ter no produto. Tanto isso é verdade que no PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat) o cimento é o produto que tem o maior índice de conformidade: 99,1. Isso aí mostra como trabalhamos a favor do meio ambiente.

A ABCP e o SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento) trabalham em outras ações para reforçar a sustentabilidade do setor?

Estamos engajados no tema das mudanças climáticas e preparando um inventário nacional de emissões do setor, que será entregue ao governo federal. São diretrizes e metas para redução dos gases do famoso efeito estufa. Esta postura proativa demonstra que a indústria brasileira é considerada mundialmente a mais eficiente no que se refere à preocupação com o meio ambiente.

O Laboratório de Ensaios Físicos da ABCP foi eleito no ano passado o melhor do país dentro do setor da construção civil. O que isso representa para a melhoria do cimento e do concreto usados no Brasil?

O laboratório da ABCP foi agraciado com o prêmio da Sinprocim (Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento). Nós já havíamos sido agraciados com menção honrosa em 2009. Em 2010, ganhamos este troféu na categoria de Ensaios Físicos através de uma pesquisa feita pelo Ibope. Mas é importante dizer que o prêmio não foi do nosso laboratório. Ele foi das pessoas que tocam o laboratório. Por isso, ele é hoje um centro de referência de prestação de serviços e a ABCP, diante disso, trabalha muito com a certificação da ISO 9001. Nós temos hoje a certificação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) para fazer todas estas análises químicas, físico-mecânicas, pneumologias e de matérias-primas, combustíveis, resíduos industriais, clínquer, do cimento propriamente dito, do concreto, argamassa e outros produtos cimentícios. A partir daí, criamos um selo de qualidade, que é uma garantia real de que o produto está atendendo a todos os requisitos.

Quais os principais programas desenvolvidos pela ABCP para fomentar o uso de produtos à base de cimento e serviços para a melhoria da construção civil?
Nosso papel é fomentar na construção civil o uso de produtos cimentícios. Então, temos parceiros, com os quais trabalhamos para atingir um alto padrão de qualidade. São a Associação de Pré-fabricados, a Associação de Telhas de Concreto, a Associação de Blocos de Concreto, a Associação de Argamassa, a ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) e até a Construvidro. Recentemente também acabamos de fazer um trabalho na FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), juntamente com mais 104 empresas ligadas à construção civil, para desafogar os gargalos da construção civil. Não só os gargalos tecnológicos, mas os gargalos burocráticos, licenciamentos, problemas de precatórios e outra série de coisas. Projetamos este trabalho até 2022, que é o ano dos 200 anos da Independência do Brasil.

E o que esse trabalho abrange?
Um dos itens se relaciona às estradas do Brasil. Defendemos o investimento em pavimento de concreto nas rodovias. Por quê? Por que dura 30, 40 anos. Então, calcule. Se o governante investe neste tipo de pavimento, só quem vai se preocupar com ele será seu sexto sucessor. O pavimento de concreto é um projeto de estado. Quer dizer, começa num governo e vai durar vários governos. O trabalho também consiste em levar para a administração pública as melhores práticas e soluções para habitação. Estamos mostrando a prefeitos que não se consegue fazer habitação sem saneamento e sem mobilidade urbana. Então, a ABCP tem trabalhado nisso, dado assistência técnica e mostrado as vantagens dos sistemas construtivos à base de cimento. Além disso, atuamos junto às ONGs e organismos do terceiro setor para que, juntos, possamos fazer a melhoria habitacional da população carente. Através do quê? De uma reforma. Então, nós vamos fazer um Clube da Reforma, que é um projeto que vai proporcionar assistência técnica como já existe há sete anos o projeto Comunidade da Construção. Outro aspecto é a questão da falta de mão de obra. Esse pacto com a FIESP propõe também um programa nacional de preparação de mão de obra junto com as universidades. A intenção é usar todo o capital tecnológico da ABCP, que está fazendo 75 anos, a serviço do Brasil.

Como o senhor disse, a ABCP está completando 75 anos. Qual a avaliação feita da importância da associação, tanto para o meio acadêmico quanto para a cadeia produtiva da construção civil?

São 75 anos maravilhosos que a ABCP vai completar em dezembro. Isso nos orgulha, mas não nos satisfaz, por que a cada ano nós temos que ter um papel ainda mais importante para a sociedade. Então, aqui na associação, temos quatro premissas básicas que têm nos governado e orientado em todo esse tempo: visão bifocal, qualidade, capacitação e integração. Elas têm permitido a gente elaborar pesquisas e fazer parte de um todo. Por isso, talvez, é que somos reconhecidos nacionalmente e internacionalmente pela excelência dos nossos serviços.

Entrevistado
Renato José Giusti, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)

Currículo
- Formado em engenharia metalúrgica (1971) com especialização em Marketing e Mercado
- Exerce o cargo de Presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), entidade técnica da indústria do cimento no País
- Diretor do Departamento de Construção Civil, DECONCIC e membro do Conselho da Indústria da Construção da FIESP, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
- Membro do Conselho Deliberativo da ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas
- Conselheiro do IBRACON, Instituto Brasileiro do Concreto
Contato: renato.giusti@abcp.org.br
Assessoria de imprensa
Erika Almeida – erika.lide@abcp.org.br
Cristina Soares - cristina03@lide.com.br
Marta Oliveira – marta.oliveira@abcp.org.br

Crédito: Divulgação/ABCP

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Retrofit muda edifícios, estádios e cidades

Intervenções arquitetônicas ajudam a adequar edificações antigas ao conceito de prédio verde e recuperam áreas degradadas dos grandes centros urbanos

Por: Altair Santos

O Brasil vive uma onda de retrofit. Prédios públicos, edifícios localizados nos centros das grandes cidades e até estádios têm sido alvo de intervenções arquitetônicas, que ampliam a vida útil e modernizam seus projetos. A certificação de prédio verde estimula essas revitalizações, como explica o professor Orlando Pinto Ribeiro, da Universidade Positivo, em Curitiba, e vice-presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA-PR). “O retrofit ameniza o impacto das edificações antigas no meio ambiente, seja do ponto de vista de utilização energética, de calor ou de aproveitamento de águas pluviais”, diz, lembrando que essa é uma tendência mundial e não apenas exclusividade do urbanismo brasileiro.

Orlando Pinto Ribeiro: elementos pré-moldados têm sido usados em intervenções de retrofit.

Os arquitetos especialistas em retrofit têm uma predileção pelos edifícios erguidos em concreto armado. Segundo eles, são construções preparadas para receber intervenções mais pesadas em suas instalações, e até equipamentos de grande porte que possam vir a ser necessários para que os prédios melhorem seus desempenhos. Orlando Pinto Ribeiro destaca também que atualmente os elementos em pré-moldado têm ganhado cada vez mais espaço nas obras de retrofit. “É uma tendência natural se trabalhar com esses materiais, uma vez que o retrofit não é uma reconstrução, mas sim uma intervenção em cima de edificação pré-existente. Então, todo o processo industrializado é muito bem vindo no trabalho”, revela.

Atualmente, a legislação brasileira incentiva o retrofit. Não apenas nas edificações como nos espaços urbanos. Neste caso, áreas que ficaram degradadas nas cidades, seja pela especulação imobiliária, seja por mau uso, são submetidas a processos de revitalização. É o chamado retrofit urbano, que em Curitiba tem no bairro Rebouças o exemplo melhor acabado. “Era uma área totalmente industrializada que está mudando o perfil, por meio de parceria pública e privada”, afirma o arquiteto Orlando Pinto Ribeiro. Em São Paulo, a região da Avenida Paulista talvez seja hoje a área urbana que mais tem sido objeto do retrofit. O alvo, no caso, são os antigos prédios residenciais, que têm sido transformados em espaços comerciais.

Copa 2014
A escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 levou o retrofit para dentro dos estádios. Segundo o arquiteto e professor da Universidade Positivo, a readequação de Maracanã, Beira-Rio, Mineirão, Castelão e Arena da Baixada, para cumprir o caderno de encargos da Fifa, é um exemplo claro de que o retrofit cabe em qualquer obra. “Essas intervenções podem sim ser consideradas como retrofit, que consiste em revitalizar estes edifícios dando a eles oportunidades de funcionar com um desempenho superior ao que eles têm hoje”, avalia Orlando Pinto Ribeiro.

Com um espectro amplo, o retrofit é também comum em edifícios de valor histórico. Só que, neste caso, a ação exige uma mistura de reforma com restauro. Muitas vezes é mantida a casca do edifício, que é o perímetro daquilo que a cidade está acostumada a ver na paisagem urbana, e a intervenção maior se dá no interior do edifício. “Em patrimônios históricos, as soluções pré-fabricadas são de grande valia para este tipo de recuperação”, diz Orlando Pinto Ribeiro. O Palácio Iguaçu, em Curitiba, é um exemplo. “Ali foram feitas readaptações dos espaços internos e mudanças na fachada original, que era de vidro transparente e foi substituída por uma de vidros verdes”, completa o arquiteto, que hoje atua no retrofit do edifício Nerina Caillet, na rua Marechal Deodoro, no eixo financeiro de Curitiba.

Estádio Maracanã: retrofit para adequar o patrimônio histórico às exigências da Fifa para a Copa 2014.

Entrevistado
Arquiteto Orlando Pinto Ribeiro, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo
Currículo

- Graduação em Arquitetura e Urbanismo (UFPR - 1993)
- Mestrado em Arquitetura e Urbanismo (PROPAR / UFRGS - 2003)
- Coordenador (desde 2006) e professor (desde 2000) do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo
- Vice-Presidente (Relações Institucionais) da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA-PR)
- Sócio proprietário e coordenador geral da empresa Contexto Arquitetura S/S LTDA.
- Diretor Geral do Seminário Internacional de Curitiba - Ateliês de Projeto Urbano (Si CWB)
- Revisor dos verbetes de Arquitetura e Urbanismo do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
Contato: oribeiro@up.com.br ou orlando@contexto.arq.br

Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

O futuro da engenharia civil no Brasil (Podcast)

Engenheiro Augusto Carlos de Vasconcelos, projetista de concreto e um dos calculistas mais renomados do Brasil, fala sobre o futuro da engenharia no Brasil

Augusto Carlos Vasconcelos

Currículo: Augusto Carlos de Vasconcelos
- Formado pela EPUSP em Engenharia Civil (1948)
- Foi Assistente de "Cálculo Diferencial e Integral; Cálculo Vectorial" na EPUSP e de Física I e II na FEI (PUC-São Paulo). Mais tarde, passou a lecionar "Resistência dos Materiais, Estabilidade das Construções" na EPUSP e na FAU
- Doutorado na "Alexander von Humboldt Stiftung", em 1954
- Foi titular da Cadeira de Concreto Protendido da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie
- Fundou em 1957 a primeira fábrica de Estruturas Premoldadas de Concreto Protendido de fio aderente do Brasil
- Possui 13 livros e quase duas centenas de artigos publicados
- Atualmente é representante do Brasil na fib – Federação Internacional do Concreto – e consultor
Contato: acvasco1@gmail.com

Clique no player abaixo e ouça agora um resumo da entrevista. Para ouvir a entrevista na íntegra clique aqui.


Pavimento em concreto vira atração na Brazil Road Expo

Conferências jogaram luz sobre construção de estradas e ferrovias à base de cimento Portland e reuniram professores doutores no assunto

Por: Altair Santos
Trem de Alta Velocidade na Alemanha: trilhos sobre estrutura rígida de concreto é modelo para o Brasil.

As características geológicas do terreno onde se pretende construir o primeiro trem de alta velocidade do Brasil, ligando as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, passando por Campinas, recomendam que os trilhos por onde vão trafegar os veículos sejam construídos sobre uma estrutura rígida de concreto, em vez de dormentes assentados em lastros de pedra britada. Esse e outros conceitos nortearam uma das conferências que mais atraiu público no Brazil Road Expo 2011 - evento que aconteceu no começo de abril, em São Paulo.

Os debates sobre pavimento à base de cimento Portland foram conduzidos por professores doutores em engenharia, entre eles José Tadeu Balbo, vice-presidente da ISCP (Sociedade Internacional de Pavimento em Concreto); Paulo Fernando Araújo da Silva, Consultor Internacional em Infraestrutura, ligado à ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), e Antonio Domingues de Figueiredo, professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

Balbo defendeu que todo o pavimento rígido deve ter como princípios básicos a alta qualidade e a durabilidade. “Ou ele dura muito tempo ou é mau exemplo, pois não terá sustentabilidade”, disse. O palestrante também alertou que as peculiaridades locais são sempre importantes para que o produto final em pavimento rígido atinja seu objetivo. “É um conjunto de ações que precisa ser levado em conta, e que tem de estar engajado com as peculiaridades do local. Aí, incluem-se o projeto, as normas, as especificações do material e os processos construtivos”, disse.

Paulo Fernando Araújo da Silva: "Rodoanel Sul, em São Paulo, e BR-101 Nordeste são cases de sucesso em pavimento rígido no Brasil."

Seguindo a mesma linha de raciocínio, o professor Paulo Fernando Araújo da Silva citou o que, para ele, são os principais cases desucesso de pavimento rígido no Brasil. “O Rodoanel Sul e a duplicação da BR-101 Nordeste são bons exemplo”, disse, revelando o segredo destas obras. “Houve controle de qualidade no projeto e foram atendidas as especificações do cimento, pois cada região exige um tipo de cimento que se adapte às peculiaridades do local, como as questões meteorológicas, por exemplo”, disse.

A questão do controle de qualidade também foi bastante defendida pelo palestrante Antônio Domingues de Figueiredo. “É fundamental seguir todos os parâmetros para que o resultado final de uma obra de infraestrutura traga o resultado que a sociedade espera dela. Senão, será o dinheiro do contribuinte que estará sendo desrespeitado”, afirmou.

Os professores doutores citaram os Estados Unidos e Alemanha como exemplos a serem seguidos pelo Brasil. “Acho que temos muito a aprender sobre pavimento em concreto. Na Califórnia (EUA), por exemplo, eles criaram uma tradição em pavimentação rígida, assim como no Texas. Já na Alemanha, as rodovias em concreto vêm se propagando no país desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Hoje, ele já chega aos trens de alta velocidade, que já estão usando o pavimento continuamente armado para os TAVs alemães”, citou José Tadeu Balbo, que palestrou sobre conceitos e tendências internacionais.

Brazil Road Expo 2011

Em três dias de evento, a primeira edição da Brazil Road Expo reuniu 170 expositores nacionais e internacionais e foi visitada por 8 mil profissionais especializados do segmento. De acordo com o diretor da Brazil Road Expo, o engenheiro Guilherme Ramos, as expectativas da feira foram superadas. “Lançamos um evento único, com objetivo de fomentar o setor de infraestrutura e possibilitar a melhoria de todo o sistema viário e rodoviário nacional”, esclareceu.

José Tadeu Balbo: “Temos muito a aprender sobre pavimento em concreto.”

Entrevistados
Professor doutor José Tadeu Balbo, vice-presidente da Sociedade Internacional de Pavimento de Concreto
Currículo

- Graduado em Engenharia Civil (1984), mestrado em Engenharia de Transportes (1990) e doutorado em Engenharia (1993), todos pela Universidade de São Paulo com programa de doutorado sanduíche da CAPES na Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça (1992-1993)
- É também o primeiro Livre Docente em Projeto e Construção de Pavimentos pela USP em 1999
- Atualmente é professor associado da Universidade de São Paulo, membro do Comitê de Pavimentos Rígidos (AFD50) do Transportation Research Board - National Academy of Sciences, revisor do International Journal of Pavement Engineering e do Journal of the Transportation Research Board, editor do International Journal of Pavement Engineering e do International Journal of Pavement Research and Technology
- Atual vice-presidente da International Society for Concrete Pavements (ISCP)
Contato: vice-president@concretepavements.org
 

Professor doutor Paulo Fernando Araújo da Silva, consultor internacional em infraestrutura

Currículo

- Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia de Construção Civil pela POLI / USP (SP)
- Doutor em Infraestrutura pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)
- Professor de Cursos de Pós-Graduação de Patologia e Recuperação do Instituto Brasileiro de Perícias (IBAPE); MBA em Gerenciamento de Projetos - FGV (em andamento)
- Consultor Internacional em Infraestrutura
- Autor de 3 livros técnicos pela PINI: ”Manual de Patologia e Manutenção de Pavimentos”, ”Concreto Projetado para Túneis” e ”Durabilidade das Estruturas de Concreto em Atmosfera Urbana”
- Membro atuante na ABNT, com diversos Artigos Técnicos publicados em Revistas e Anais de congresso
- Diretor da Concremat Engenharia
Contato: abce@abceconsultoria.org.br

Antônio Domingues de Figueiredo: “Obra de infraestrutura tem de trazer o resultado que a sociedade espera dela.”

Professor doutor Antonio Domingues de Figueiredo, professor da Escola Politécnica da USP
Currículo

- Engenheiro civil formado em 1987, possui mestrado (1992) e doutorado (1997) em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo
- Professor da Escola Politécnica da USP desde 1989
- Colaborador da International Tunnelling Association e Coordenador Técnico do Comitê Brasileiro de Túneis da ABMS
- Atua, principalmente, na área de Materiais e Componentes de Construção, nos temas relacionados ao concreto com fibras, concreto projetado e túneis. Tem recorrente trabalho na área de normalização junto à ABNT nas áreas de concreto projetado, fibras para concreto e tubos de concreto para obras de saneamento
- Autor de mais de 100 publicações incluindo artigos publicados em periódicos, congressos nacionais e internacionais, livro e capítulos de livro
Contato: antonio.figueiredo@poli.usp.br

Créditos fotos: Cimento Itambé/Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Engenheiro clínico: todo hospital deve ter um

Profissional é importante desde a concepção do projeto arquitetônico de um complexo de saúde até a instalação e uso correto de equipamentos hospitalares

Por: Altair Santos

Resolução publicada em 2010 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determina que todo estabelecimento de saúde, seja ele hospital ou posto de pronto-atendimento, deve ter entre seus gestores um profissional especializado em engenharia clínica.

Marcos Antônio Rocha, da Unicamp: hospitais em construção deveriam ter projetos avaliados por engenheiros clínicos.

A participação deste especialista, diz a resolução publicada em 25 de janeiro de 2010 no Diário Oficial da União, não se limita apenas à fase de operação da unidade de saúde, mas deve estar integrada desde a sua concepção, ou seja, ainda na fase de projeto.

“Quando um hospital está em construção, o engenheiro clínico pode especificar, com apoio de requisitos de pré-instalação dos diversos equipamentos, o dimensionamento de áreas físicas e os dimensionamentos elétricos e hidráulicos do prédio”, explica Marcos Antônio Rocha, que ocupa a gerência de engenharia clínica do Centro de Engenharia Biomédica da Unicamp (Universidade de Campinas).

Além destas atribuições, a engenharia clínica - também conhecida como engenharia hospitalar - fornece orientação na especificação, aquisição, instalação, utilização e manutenção de equipamentos médico-hospitalares. Cabe ainda ao especialista na área contribuir no acesso às tecnologias da instituição médica, planejando o hospital para melhorar sua qualidade, atender a demanda de clientes e otimizar a produtividade de funcionários e médicos.

Hoje, no Brasil, poucas instituições de ensino oferecem a especialização, que é voltada principalmente para engenheiros, arquitetos, físicos, químicos e administradores.

Além da Unicamp, há cursos nas seguintes instituições:

Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (CESAS);
Universidade de Brasília (UnB Gama);
Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações);
Inca (Instituto Nacional do Câncer);
TGS Eventos Educacionais;
UFBA (Universidade Federal da Bahia);
Unifor (Universidade de Fortaleza);
UCL (Universidade do Centro Leste);
UFMA (Universidade Federal do Maranhão);
UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre)

Sala de cirurgia do hospital Moinho de Vento, em Porto Alegre: exemplo de projeto que teve a participação de um engenheiro clínico.

Em questões de segurança hospitalar, o engenheiro clínico também é estratégico. “Normalmente, ele tem a função de orientar e fiscalizar o cumprimento da legislação”, diz Marcos Antônio Rocha, alertando, porém, que ainda são poucas as unidades de saúde no país que possuem engenheiros clínicos em seus quadros. “É a minoria absoluta”, diz. “Infelizmente, as construtoras especializadas em projetos hospitalares também absorvem poucos engenheiros clínicos”, completa.

A profissão de engenheiro clínico surgiu nos Estados Unidos, na década de 1970. Atualmente, naquele país, cada hospital com mais de 300 leitos é obrigado a ter um departamento de engenharia clínica. No Brasil, entre os mais de 6.000 complexos de saúde espalhados em território nacional, podem-se encontrar serviços de engenharia clínica em hospitais universitários, em hospitais privados de maior complexidade e em alguns institutos especializados.

Hoje, no país, boa parte dos engenheiros clínicos atua em consultoria, principalmente quando os hospitais buscam acreditação e certificações de qualidade.

Áreas de abrangência de um engenheiro clínico


Serviço

Onde conseguir mais informações sobre Engenharia Clínica:
Associação Brasileira de Engenharia Clínica: http://www.abeclin.org.br
Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica: http://www.sbeb.org.br
International Federation for Medical and Biological Engineering: http://www.ifmbe.org

Entrevistado
Marcos Antônio Rocha, gerente de engenharia clínica do Centro de Engenharia Biomédica da Unicamp
Currículo

Graduado em Tecnologia em Eletrônica Industrial, pela Faculdade Salesiana de Tecnologia (Unisal), em 1989
Contato: rocha@ceb.unicamp.br

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

COPA 2014: Arena das Dunas, enfim, sai do papel

Com cronograma apertado, estádio do Rio Grande do Norte para a Copa do Mundo de 2014 vai apostar maciçamente no pré-moldado

Por: Altair Santos

A expectativa do organismo criado no Rio Grande do Norte para gerenciar as obras voltadas para a Copa do Mundo de 2014 é de que até o começo de junho seja iniciada a demolição do estádio Machadão, em Natal, que será substituído pela Arena das Dunas – um complexo esportivo de 42 mil lugares, a ser construído pela construtora OAS.

Desenho da fachada externa da Arena das Dunas: estádio terá 42 mil lugares e vai investir no pré-moldado.

Segundo Demétrio Torres, secretário extraordinário da Copa, como o cronograma da obra encontra-se no limite, o sistema construtivo que irá prevalecer será o pré-moldado. “O que se puder fazer em pré-moldado será feito, para que o projeto tenha o menor tempo de execução”, disse.

Para a Copa, as obras propriamente ditas do novo estádio devem começar até o final de 2011. Entre junho e dezembro, ocorrerá a demolição mecânica do Machadão. Segundo a secretaria da Copa do Rio Grande do Norte, o objetivo é usar o máximo de concreto reciclável. Mesmo assim, a estimativa é de que o estádio irá consumir de 15 mil a 20 mil toneladas de cimento. “Não dá para estimar uma quantidade exata, pois tudo vai depender do material que será reaproveitado do Machadão”, explica Demétrio Torres.

Quando o terreno estiver preparado para receber a obra, o secretário da Copa avalia que o novo estádio será erguido em tempo recorde. “Enquanto ocorre o processo de demolição, o pré-moldado já estará em processo de fabricação. Quando a área estiver limpa, a montagem da estrutura do estádio será acelerada, pois o cronograma prevê que a obra seja concluída em dezembro de 2013”, diz. O prognóstico inicial é de que o empreendimento gere de 300 a 400 empregos diretos.

Desenho do interior da Arena das Dunas: previsão é de que seja concluída em dezembro de 2013.

A Arena das Dunas, que é considerada pela Fifa como um dos estádios da Copa do Mundo 2014 com as obras mais atrasadas, demorou para viabilizar-se por causa da engenharia financeira que o governo do Rio Grande do Norte precisou fazer para bancar a construção. O empreendimento será erguido através de uma Parceria Público Privada (PPP). Quem tomará o empréstimo no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) será uma empresa criada especificamente para o empreendimento. O governo do Rio Grande do Norte e a construtora OAS montaram uma sociedade de proposta específica.

Durante 20 anos, a gestão do estádio irá custar R$ 1,2 bilhão, já incluído o custo de construção e a manutenção da Arena das Dunas neste período. Além de responsável pela construção do estádio, o governo do Rio Grande do Norte estará à frente também da duplicação da BR-304, entre Natal e Fortaleza, cuja obra está prevista no PAC da Copa.

Já, através do PAC Mobilidade para Grandes Cidades - um programa do governo federal que integra o Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2) -, o estado obteve a garantia de recursos na ordem de R$ 130 milhões para viabilizar o sistema de Veículo Leve sobre Trilho (VLT) na região metropolitana de Natal. O dinheiro será usado na primeira etapa do projeto, que contempla o percurso entre o bairro da Ribeira, na capital potiguar, e o município de Extremoz.

Demétrio Torres: engenharia financeira quase comprometeu cronograma do estádio.


Entrevistado
Demétrio Torres, Secretário Extraordinário para Assuntos da Copa 2014
Currículo

Graduado em Engenharia Civil e em Segurança do Trabalho, com especialização em Engenharia Rodoviária
Foi secretário municipal de Obras e Infraestrutura de Natal por duas gestões
Atualmente divide o cargo de diretor-geral do DER-RN (Departamento Estadual de Estradas e Rodagens) com o de secretário extraordinário para a Copa do Mundo
Contato: derdg@rn.gov.br

Créditos fotos: SECOPA/RN e Demis Roussos/RN

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Água torna-se estratégica na construção civil

Uso racional de recursos hídricos no setor ganha estímulo do governo, através de chamada pública da Agência Nacional de Águas

Por: Altair Santos

O uso racional de água no setor da construção civil levou a Agência Nacional de Águas (ANA) a lançar no final de 2010 uma chamada pública para atender ao projeto “Desempenho e Inovação de Sistemas e Componentes para Uso Eficiente de Água em Edifícios”. O objetivo é estimular experiências voltadas à economia de recursos hídricos, que minimizem perdas e maximizem a eficiência. Para os trabalhos que forem selecionados, a ANA irá distribuir R$ 500 mil para as pesquisas.

Cláudio Ritti Itaborahy: “A certificação de boas práticas hoje é uma exigência de vários mercados, entre eles o da construção civil.”

Segundo Cláudio Ritti Itaborahy, que na ANA exerce o cargo de especialista em recursos hídricos, as propostas apresentadas ainda não podem ser divulgadas, pois estão sob avaliação do Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (Siconv). Serão contempladas entidades privadas sem fins lucrativos. Caso nenhum trabalho seja aprovado, a Agência Nacional de Águas irá relançar o edital para uma nova seleção de projetos.

A proposta da ANA se divide em dois subprojetos: 1) Levantamento de perfil de utilização de água em pontos de consumo em edifícios residenciais (padrões: interesse social, médio-baixo e médio) e edifício de escritórios; e 2) Avaliação de desempenho de sistemas de água não potável em edifícios. “Eles referem-se ao consumo de água e desempenho de sistemas hidráulicos em edificações já concluídas”, explica Cláudio Ritti Itaborahy.

A iniciativa da Agência Nacional de Águas de estimular projetos construtivos que reduzam o consumo de água se deu pelo incentivo do próprio setor da construção civil. Segundo Itaborahy, um dos impulsos foi a iniciativa do SindusCon-SP, em parceria com a ANA e a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), de publicar o manual de “Conservação e Reuso da Água em Edificações”. “Além disso, é notável a atuação do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) na implantação de conceitos e práticas sustentáveis na cadeia produtiva da indústria da construção civil”, reforça.

Some-se a essas ações, o surgimento de certificações como a LEED e AQUA, que exigem baixo consumo de água para que reconheçam uma edificação com o selo de prédio verde, e que conduziram a ANA a se voltar para o estímulo de obras preocupadas com projetos hídricos econômicos. “A certificação de boas práticas hoje é uma exigência de vários mercados que demandam produtos que utilizam recursos naturais, dentre eles a água. E a construção civil não é exceção”, comenta o especialista em recursos hídricos da agência.

Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), com base em pesquisa da Sociedade Americana dos Engenheiros Civis (ASCE), o setor urbano é responsável por 26% do consumo de toda água potável do país. Já a construção civil responde por 16%. O uso deste recurso não se restringe ao período de construção do empreendimento, mas se estende à edificação já concluída e habitada. Neste caso, um edifício residencial convencional tem nos sanitários os grandes consumidores – responsáveis por aproximadamente 70% de toda a água utilizada em um condomínio.

Entrevistado
Cláudio Ritti Itaborahy, especialista em recursos hídricos da ANA
Currículo

- Doutor em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa
- Na ANA (Agência Nacional de Águas) exerce o cargo de especialista em recursos hídricos, com lotação na Gerência de Uso Sustentável de Água e Solo (GEUSA)
Contato: claritti@ana.gov.br / imprensa@ana.gov.br / claudia.dianni@ana.gov.br (assessoria de imprensa)

Crédito foto: Divulgação/ANA

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330