Reordenar as cidades é desafio para o Brasil

Arquiteto Carlos Leite defende que país crie agências para gerenciar a transformação nas metrópoles e ressalta que a construção civil está fazendo seu papel

Por: Altair Santos

Se o Brasil quiser mudar a cara de suas grandes cidades, estimulando um reordenamento urbano, precisa criar agências que promovam essa transformação. A ideia é defendida pelo arquiteto e urbanista Carlos Leite, que usa casos de sucesso pelo mundo afora para sustentar a tese. “Todos os países que promoveram redesenvolvimento urbano fizeram isso. Criaram agências para garantir a continuidade de um plano para além do mandato ou da gestão de um prefeito ou de um governante. O grande truque é este. É a grande razão do sucesso no mundo inteiro, seja nos Estados Unidos, na Europa ou na Ásia. É a agência quem faz a gestão. No Brasil, não tem isso. Nós até hoje não conseguimos criar nenhum tipo de agência de desenvolvimento urbano”, alerta.

Carlos Leite

Segundo Carlos Leite, apesar de Barcelona, na Espanha, ser o exemplo costumeiramente citado pelos urbanistas, é na cidade de Portland, nos Estados Unidos, onde ocorrem atualmente as transformações mais significativas. “A sociedade civil, com a participação intensa do mercado imobiliário, está revitalizando o centro da cidade, fazendo com que as famílias troquem o modelo de morar no subúrbio. Com isso, a classe média está voltando para o centro, usando menos o carro e optando pelos transportes públicos modernos”, diz, citando que outra cidade que passa por processo semelhante é Bogotá, na Colômbia. “Hoje ela é um case em termos de sustentabilidade e isto acontece em um país mais pobre, o que mostra que é possível”, completa o arquiteto.

No Brasil, o modelo de agência de desenvolvimento urbano defendido por Carlos Leite poderia promover a compactação das cidades. “Fazendo cidades mais compactas a gente otimiza todas as infraestruturas, sejam elas de mobilidade, abastecimento de água, energia ou coleta de lixo”, avalia. Para ele, São Paulo poderia ser um exemplo de que é possível fazer esse reordenamento urbano. “A cidade não está mais crescendo no ritmo em que cresceu no século passado, quando teve 27.000% de expansão populacional e 43.000% de expansão territorial. Agora dá para planejar, investindo na mobilidade, reurbanizando as áreas industriais e projetando novos bairros. O tempo perdido no século 20 pode ser recuperado no 21”, analisa Carlos Leite.

Atores da transformação
Como o Brasil não possui organismos que fomentem o urbanismo sustentável, o que acontece é que instituições ligadas à construção civil, como SindusCon, CREA, Institutos de Engenharia e de Arquitetura, além do SECOVI, é que têm desempenhado esse papel. “Todos eles demonstram um grau de competência muito grande, orientando e capacitando seus filiados para construírem edifícios sustentáveis de todos os usos. Com isso, vai se moldando um novo espaço urbano, num processo que começou há quatro anos no Brasil e tem crescido”, diz o arquiteto, que vê o setor da construção civil como elemento protagonista nesta transformação. “Precisamos usar esta força, este ator econômico importante, para ajudar no processo de crescimento e desenvolvimento urbano sustentável”, completa.

Entrevistado
Carlos leite, arquiteto e urbanista
Currículo

- Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP)
- Mestre em Habitação pela California Polytechnic State University
- Arquiteto do Stuchi & Leite Projetos
- Consultor da Fundação Dom Cabral
- Professor titular da Fundação Instituto de Administração
- Especializações em City Sustentabilidade e Inovação (Smart/Cidades Criativas), Desenvolvimento Sustentável e Gestão, Regeneração Urbana e Arquitetura
Contato: carlos@stuchileite.com

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Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Nova política de desenvolvimento prioriza inovação

Plano ainda está em fase de elaboração pelo governo federal, mas especialistas avaliam que investimento em infraestrutura e logística não pode ser esquecidos

Por: Altair Santos

O governo federal tem a expectativa de lançar ainda neste semestre a nova versão da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que substituirá a que prevaleceu de 2008 a 2010. O plano é que a PDP2, como está sendo chamada, norteie a indústria nacional até 2014 e corrija equívocos decorrentes da PDP. A expectativa é de que o foco da nova política, que está em fase de elaboração na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (Abdi) – vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – valorize cadeias produtivas mais intensivas em tecnologia e inovação, para gerar produtos de maior valor agregado para o país. Para isso, o governo estaria disposto a investir R$ 37 bilhões em três anos.

Gérson Schmitt, presidente da ABES: PDP2 deve estar focado em investimentos de obras de grande porte, infraestrutura, fomento e inovação.

Segundo a assessoria de comunicação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a ideia é que a presidente Dilma Rousseff lance a nova Política de Desenvolvimento Produtivo entre o final de maio e começo de junho de 2011. Apesar de o governo dar poucos detalhes sobre o que virá no conteúdo da PDP2, especialistas sinalizam que a carta n.º 461 do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), publicada em abril, traz um escopo do projeto. Um dos trechos aborda a questão da sustentabilidade, que também deve ser uma das prioridades da PDP2, principalmente ao que se refere à indústria da construção civil.

Diz trecho da carta n.º 461: “Sabe-se que as sociedades estão cada vez mais exigentes com relação a um crescimento sustentável e que fronteiras de investimento estão aparecendo de forma exponencial nessa área. Caberia à PDP identificar setores promissores voltados para a produção de bens e tecnologias “verdes” e contemplá-los em sua política. Um estudo ainda inédito do IEDI sobre as experiências de diversos países nessa área mostrou que estão se desenvolvendo grandes oportunidades de negócios em setores ligados à chamada economia verde.”

Mas para o presidente da ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software), Gerson Schimitt, que vem acompanhando o desenvolvimento da nova versão da Política de Desenvolvimento Produtivo, não é apenas por causa da sustentabilidade que o setor da construção civil será estratégico se a PDP2 quiser mesmo enfrentar os gargalos que impedem o Brasil de ter uma indústria mais competitiva. “A principal prioridade do plano deve ser desenvolvimento. Ele deve estar muito focado em investimentos de obras de grande porte, infraestrutura, fomento e inovação”, avalia.

Gerson Schimitt acha que no item inovação, o governo deve privilegiar investimentos na área de Tecnologia da Informação. “O Brasil precisa gerar conhecimentos replicáveis que possam ser levados a mercados, que gerem patentes, que gerem propriedade intelectual para que o país forme um arcabouço de ofertas cada vez melhor, mais sofisticado, tanto para o mercado interno como para reverter a nossa balança comercial que é negativa no setor”, completa.

É consenso entre quem acompanha com expectativa o lançamento da PDP2, que o pré-sal, pelo tamanho que ele representa em termos econômicos, deve dominar boa parte da nova política. Mas, de acordo com Gerson Schimitt, pode ser um erro se ela der prioridade máxima à descoberta de petróleo em alto mar. “O pré-sal pode ser uma grande fonte de recursos, mas sua exploração não será eterna. Acho que as questões estruturais do país, na parte agrícola, na infraestrutura de logística e na questão de tecnologia de ponta devem ser prudentemente tratadas, por que senão, em longo prazo, o preço será alto”, analisa o presidente da ABES.

A opinião coincide com outras sugestões dadas na carta n.º 461 do IEDI, que são:

1) Caberia valorizar mais as cadeias produtivas que agregam maior valor, que são mais intensivas em tecnologia e difusoras de inovação. A perspectiva de maior crescimento de longo prazo da economia autoriza que venhamos a conceber programas mais ousados de atração de inversões internas e internacionais para os setores de tecnologia.

2) Uma política mais ambiciosa de formação de recursos humanos também merece maior atenção da política industrial, o que poderia ser estimulado pela aproximação do Ministério de Educação, das instituições já existentes de fomento à pesquisa e aperfeiçoamento de pessoas e das demandas das empresas.

3) Um ponto crucial será reforçar e ampliar as medidas para área de exportação de manufaturas. Além de avançar na desoneração tributária das exportações, é preciso centrar esforços para conciliar, com mais eficácia, as restrições impostas por acordos e negociações internacionais e os objetivos da política industrial. Deve-se reconhecer também que a diplomacia brasileira pode atuar como uma grande aliada da PDP. Reforçar nosso setor exportador passa também por medidas que visam a aumentar a internacionalização das empresas brasileiras e dotá-las de maior capacidade inovadora.

4) No campo de sua coordenação e gestão a PDP deveria merecer uma reflexão em profundidade. A estrutura de governança da PDP é bem formulada. No entanto, é imprescindível que sua execução prime pela celeridade e não fique comprometida por falta de decisão e coordenação das iniciativas ou pela divisão de poderes. Nesse aspecto, a PDP poderia talvez se inspirar no que foi feito no PAC, que tinha no titular da Casa Civil uma liderança com autoridade para articular instrumentos, coordenar ações e cobrar resultados.

Entrevistados
Gérson Schmitt, presidente da ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software)
IEDI (Instituto de Estudos para o desenvolvimento Industrial)

Currículo

- Gérson Maurício Schmitt é mestre em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP)
- Possui 25 anos de experiência no mercado de TI (Tecnologia de Informação), é sócio da Paradigma Tecnologia de Negócios S/A e anteriormente atuou como presidente do Grupo Battistella.
- Desde 2010 é presidente da ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software)
Contatos: administrativo@abes.org.br / diretoria@abes.org.br / instituto@iedi.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Engenharia Civil da UEM destaca-se em ranking nacional

Investimento na qualificação dos professores fez com que curso da Universidade Estadual de Maringá ocupasse o 7.º lugar, segundo levantamento do MEC

Por: Altair Santos

O mais recente ranking sobre o desempenho das instituições de ensino superior do país, divulgado em janeiro de 2011 pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), destacou as 100 faculdades, centros universitários e universidades que têm os melhores cursos de Engenharia Civil. A lista se utiliza das notas do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) de 2009. No Paraná, a melhor ranqueada foi a Universidade Estadual de Maringá (UEM), que obteve nota 3,89.

Universidade Estadual de Maringá: Engenharia Civil obteve 7.º lugar no ranking do INEP

O Enade é aplicado a alunos ingressantes e concluintes de cursos superiores, com o objetivo de aferir a qualidade do ensino. Cada graduação recebe uma nota em uma escala de 1 a 5, sendo que 1 e 2 são considerados desempenho insatisfatório; 3, razoável; e 4 e 5, bom. Dos cursos de Engenharia Civil que se submeteram ao Enade, apenas cinco obtiveram nota acima de 4 (confira abaixo o ranking completo).

Ressalte-se que, por não ser obrigatória, algumas universidades não participaram da avaliação. Por isso, cursos superiores que reconhecidamente são bem conceituados na graduação Engenharia Civil, como os casos da USP (Universidade de São Paulo) e da Unicamp (Universidade de Campinas), além da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), não aparecem no ranking do INEP, que é ligado ao Ministério da Educação (MEC).

No Paraná, além da UEM, aparecem no ranking a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), em 15.º, com nota 3,57; Universidade Estadual de Londrina (UEL), em 26.º, com 3,18; a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em 33.º, com 3,04; a Universidade Positivo, em 38.º, com 2,88; a Pontifícia Universidade católica do Paraná (PUC-PR), em 67.º, com 2,33; a Universidade Tuiuti do Paraná, em 79.º, com 2,19, e a Faculdade Dinâmica das Cataratas, em 96.º, com 2,01.

Para ocupar o 7.º lugar na lista, a Universidade Estadual de Maringá priorizou a qualificação dos professores. “Hoje contamos com um quadro de professores que tem 80% de doutores. Associado a isso, promovemos práticas de melhoria da nossa infraestrutura de laboratório e infraestrutura de sala de aula. Também reformulamos o projeto pedagógico. Tentamos colocar um conteúdo mais avançado para incorporar novas tecnologias e dar a ele um perfil mais prático. Hoje o curso é mais direcionado a práticas de laboratório e práticas de projetos, principalmente”, explica Jeselay Hemetério Cordeiro dos Reis, coordenador do curso de Engenharia Civil da UEM.

O curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Maringá vai completar 40 anos em 2012. Para comemorar a data, houve investimento na modernização dos laboratórios. “Para dar exemplo, renovamos os laboratórios de topografia, onde os teodolitos foram substituídos por equipamentos que usam GPS. Além disso, estamos melhorando os laboratórios de geoprocessamento, de materiais de construção, de mecânicas de solo e de pavimentação. Por isso, atualmente, temos 36 projetos de pesquisa em andamento”, revela o coordenador do curso, que conta atualmente com 470 alunos.

Alta empregabilidade
Para manter essa taxa de estudantes a UEM desenvolveu uma série de ações para combater esta evasão. A universidade diagnosticou que boa parte dos alunos trazia como herança formação inadequada no ensino médio e desconhecimento da profissão de engenheiro civil. “Agimos nas duas pontas, para primeiro fornecer um nivelamento básico para os nossos alunos e depois orientá-los sobre a profissão, principalmente nas séries iniciais. Isso fez com que a nossa evasão, que chegou a quase 40%, hoje esteja em torno de 5%. Abrimos anualmente 84 vagas e estamos formando 80”, diz Jeselay Hemetério Cordeiro dos Reis.

O nível de empregabilidade dos alunos formados em engenharia civil pela UEM está em 87%. A região de Maringá absorve 40% deles. Os demais obtêm vagas em outras regiões do Paraná, em Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e interior de São Paulo. Há graduados da UEM também atuando nos estados do Pará, da Paraíba, Rondônia e Acre.

Ranking dos 100 melhores cursos de Engenharia Civil, segundo o INEP
1 - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO - PUC-RIO - 4,59
2 - INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA - IME - 4,43
3 - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UNB - 4,22
4 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCAR - 4,10
5 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC - 4,02
6 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS - 3,90
7 - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ - UEM - 3,89
8 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ - 3,89
9 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL - 3,87
10 - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO- UNESP - 3,83
11 - FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV - 3,78
12 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - UFG - 3,77
13 - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO - UENF - 3,75
14 - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO - UNESP - 3,70
15 - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - UNIOESTE - 3,57
16 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN - 3,46
17 - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUI - 3,39
18 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - UFU - 3,33
19 - FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC - 3,31
20 - UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO - UPF - 3,30
21 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL - UFMS - 3,30
22 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG - 3,30
23 - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF - 3,27
24 - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UERJ - 3,20
25 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - UFSM - 3,18
26 - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - UEL - 3,18
27 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE - 3,17
28 - UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL - ULBRA - 3,13
29 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES - 3,13
30 - UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS - 3,07
31 - UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - MACKENZIE - 3,06
32 - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL - PUCRS - 3,05
33 - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - UEPG - 3,04
34 - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA - CEUN-IMT - 3,01
35 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG - 2,98
36 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC - 2,94
37 - UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA - UNOESTE - 2,92
38 - UNIVERSIDADE POSITIVO - UP - 2,88
39 - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO - UNESP - 2,87
40 - UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP - 2,85
41 - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA - 2,80
42 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA - UFJF - 2,80
43 - UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI - 2,77
44 - UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP - 2,73
45 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT - 2,72
46 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA - UFRR - 2,70
47 - UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI - UAM - 2,70
48 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE - UFAC - 2,69
49 - UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ - UNITAU - 2,69
50 - UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ - UNOCHAPECÓ - 2,64
51 - UNIVERSIDADE GAMA FILHO - UGF - 2,63
52 - UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU - USJT - 2,59
53 - FACULDADE ASSIS GURGACZ - FAG - 2,57
54 - CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL INACIANA PE SABÓIA DE MEDEIROS - FEI - 2,56
55 - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR - 2,51
56 - UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - UNIDERP - 2,50
57 - UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC - 2,48
58 - UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES - URI - 2,46
59 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI - 2,45
60 - UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - UNESA - 2,45
61 - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS - PUC MINAS - 2,44
62 - UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA - UNISANTA - 2,42
63 - UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA - UVA - 2,36
64 - CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE BARRETOS - UNIFEB - 2,36
65 - UNIVERSIDADE DE MARÍLIA - UNIMAR - 2,35
66 - UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA - UNISUL - 2,34
67 - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - PUCPR - 2,33
68 - UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS - UCPEL - 2,33
69 - FACULDADE IDEAL - FACI - 2,32
70 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP - 2,31
71 - UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP - 2,30
72 - FACULDADE DE ENGENHARIA DE SOROCABA - FACENS - 2,29
73 - UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO - UNINOVE - 2,28
74 - FACULDADE DE ENGENHARIA SÃO PAULO - FESP - 2,27
75 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM - 2,24
76 - UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE - UFCG - 2,22
77 - UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL - UNICSUL - 2,19
78 - UNIVERSIDADE DE FRANCA - UNIFRAN - 2,19
79 - UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - UTP - 2,19
80 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA - 2,18
81 - UNIVERSIDADE DE UBERABA - UNIUBE - 2,18
82 - FACULDADE ANHAGUERA DE JUNDIAÍ - - 2,18
83 - UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO - USF - 2,17
84 - UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC - 2,15
85 - FACULDADE REDENTOR - FACREDENTOR - 2,13
86 - FACULDADE DE ENGENHARIA DA FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO - FEFAAP - 2,12
87 - CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA - UNISUAM - 2,11
88 - UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA - UNIVAP - 2,08
89 - ESCOLA DE ENGENHARIA DE PIRACICABA - EEP/FUMEP - 2,07
90 - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS - PUC GOIÁS - 2,07
91 - UNIVERSIDADE POTIGUAR - UNP - 2,06
92 - CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE PALMAS - CEULP - 2,05
93 - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS - PUC-CAMPINAS - 2,04
94 - UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - FURB - 2,03
95 - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB - 2,02
96 - FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS - UDC - 2,01
97 - CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA - CUML - 2,00
98 - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS - UEG - 2,00
99 - FACULDADE DE ENGENHARIA SOUZA MARQUES - FESM - 2,00
100 - CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO - CEUNSP - 1,99

Entrevistado
Professor Doutor Jeselay Hemetério Cordeiro dos Reis, coordenador do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Maringá

Currículo
Graduado pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP/São Carlos), com doutorado em 2006 pela mesma escola, defendendo a tese Modelo de atrito estático em interfaces de contato entre concreto e areia.
Contatos: jhcreis@uem.brjeselay@hotmail.com

Crédito Foto: Divulgação/UEM

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Minha Casa, Minha Vida 2 esbarra em gargalos

Aprovação de Medida Provisória no Congresso, redefinição da faixa de zero a três salários mínimos e burocracia para viabilizar inovações tecnológicas atrasam programa

Por: Altair Santos

O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) se pretende mais ambicioso nos próximos quatro anos. A meta do governo federal é construir mais dois milhões de moradias na segunda etapa do plano habitacional, até 2014. Segundo a Medida Provisória (MP) 514, que detalha essa nova fase do MCMV, serão investidos R$ 16,5 bilhões no programa. A liberação destes recursos ainda depende da aprovação da MP no Congresso e a expectativa é de que apenas no segundo semestre de 2011 a Caixa Econômica Federal inicie a liberação destes recursos.

Waldemar Trotta Júnior: “Para aumentar a produção de moradias é preciso industrializar.”

A segunda etapa do Minha Casa, Minha Vida terá como foco central as famílias com renda até R$ 1.395,00 – a chamada faixa de zero a três salários mínimos. O plano é direcionar 60% do investimento para essa camada de assalariados. O problema é que, com o reajuste do salário mínimo - hoje em R$ 545,00 -, essa faixa de zero a três precisa ser redefinida, assim como os subsídios custeados pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). No Paraná, hoje, esse valor chega a R$ 17 mil.

Segundo Waldemar Trotta Júnior, engenheiro civil e vice-presidente financeiro do SindusCon-PR, é essa questão que precisa ser resolvida. “O que não tem é uma definição do zero a três. O governo não passou preço novo, não passou projeto novo e é isso que precisa ser formalizado, pois na época eram três salários mínimos, continua se falando zero a três, mas hoje não é mais zero a três”, explica. A faixa a que se refere Trotta ainda tem preços vinculados ao salário mínimo de R$ 465,00, que prevalecia em 2009.

Os mais prejudicados por esse impasse são os chamados pequenos construtores. Em 2010, em todo o país, eles foram os responsáveis por absorver 80% dos projetos voltados à base da pirâmide do Minha Casa, Minha Vida - exatamente a que se concentra na faixa de zero a três salários mínimos. Para eles, o problema é que os valores definidos pelo governo estão congelados, mas o custo da obra, o custo dos terrenos e a demanda só fazem aumentar. “Os imóveis estão sendo avaliados acima deste valor, os imóveis estão subindo muito”, alerta Waldemar Trotta Júnior.

Mesmo assim, de acordo com o vice-presidente financeiro do SindusCon-PR, é viável atingir a meta de dois milhões de moradias até 2014, desde que, além desta questão do financiamento, sejam resolvidos gargalos estruturais. “É preciso investir em inovações tecnológicas nas novas construções, tendo em vista que a mão de obra está em situação de quase pleno emprego. Para você aumentar a produção de moradias é preciso industrializar, que é o que as empresas construtoras estão tentando fazer. Só que a aprovação dos chamados sistemas construtivos inovadores demora muito para receber a liberação de recursos da Caixa Econômica. Se esta aprovação tiver uma celeridade maior, o patamar de dois milhões será atingido e até superado”, avalia Trotta.

Mais casas no Paraná

O SindusCon-PR se mostra otimista com os recentes programas habitacionais lançados no Paraná. Em março de 2011, saiu do papel o Morar Bem Paraná, que pretende atender 100 mil famílias do Estado em quatro anos. O plano será encabeçado pela Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná). Já a Cohab (Companhia de Habitação Popular de Curitiba) tem agido mais para a faixa de zero a três salários mínimos. Atualmente, em parceria com a Caixa Econômica Federal, a companhia viabiliza 2.858 unidades habitacionais no bairro Ganchinho, em Curitiba. Com recursos do MCMV, as obras estão estimadas em R$ 146,7 milhões. “Para zerar o déficit habitacional brasileiro o Minha Casa, Minha Vida precisa de celeridade. Caso isso não ocorra, devido ao crescimento vegetativo da população, o déficit não vai acabar nunca”, destaca o vice-presidente financeiro do SindusCon-PR.

Entrevistado
Waldemar Trotta Júnior, vice-presidente financeiro do SindusCon-PR
Currículo

Waldemar Trotta Júnior é graduado em engenharia civil e diretor-presidente da Trocon Engenharia Civil Ltda.
Contato:  trocon@trocon.com.br / imprensa@sindusconpr.com.br (assessoria de imprensa)

Crédito: Divulgação/Cohab

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Febrace faz geração Z redescobrir engenharia

Promovida desde 2003 pela USP, Feira Brasileira de Ciências e Engenharia estimula jovens do ensino fundamental e médio a abraçarem a profissão

Por: Altair Santos

Em 2012, a Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia) comemora sua 10.ª edição. O evento, promovido pela Universidade de São Paulo (USP), tornou-se referência no Brasil para a captação de jovens talentos voltados para a pesquisa e a inovação tecnológica. Anualmente, ele atrai estudantes do ensino fundamental, médio e técnico de todas as regiões do país. Em 2011, a feira contou com 302 projetos desenvolvidos por 670 estudantes. O que chamou a atenção foi a quantidade de trabalhos voltados especificamente à engenharia. Foram 68, com destaque para a eletrônica, a mecânica e a civil.

Roseli de Deus Lopes: criadora da Febrace sente que a engenharia volta a despertar interesse dos jovens.

Segundo a coordenadora da Febrace, Roseli de Deus Lopes, o que se percebe é que a feira tem conseguido estimular a chamada geração Z – termo que define os nascidos desde a segunda metade da década de 90 – a redescobrir a engenharia. “Eles têm potencial para a área de engenharia e a gente tem tido todos os anos uma quantidade razoável de projetos nesta área”, diz. Na edição de 2011, a engenharia eletrônica foi contemplada com 30 projetos, a mecânica com 12 e a civil com 8. “O interesse é despertado quando eles veem que estão usando o conhecimento para resolver um problema de verdade”, avalia Roseli de Deus Lopes.

Dos trabalhos voltados para a engenharia civil, um dos que mais chamou a atenção foi o que estudava escória de alto forno como matéria-prima para produzir areia artificial. “Houve também projetos que envolviam engenharia civil e elétrica, como os de residências inteligentes. Além disso, entre os estudos com materiais alternativos de baixo custo, tinha um que agregava fibras de aço como elemento estrutural no cimento”, explica a coordenadora da feira. “Eram todos projetos muito focados e interessados em apresentar soluções. Isso mostra que quando os jovens são provocados pelos educadores eles vão fundo”, completou.

Semeando o futuro
Como resultado do que é apresentado na Febrace está a qualificação dos alunos que participam da feira em boas universidades e a viabilidade de alguns projetos, quando são encampados por parceiros da Febrace. “As empresas enxergam a Febrace como um semear para colher lá na frente. Elas sabem que em pouco tempo os jovens que se apresentam na feira estarão aptos para entrar no mercado de trabalho. Então, elas investem para que eles continuem se desenvolvendo”, revela Roseli de Deus Lopes, destacando que uma das virtudes da Febrace é dar visibilidade aos jovens e identificar talentos.

A feira também abre portas para que alguns trabalhos participem de feiras internacionais, como a Intel Isef (International Science and Engineering Fair), que acontece na Califórnia (EUA) e reúne cerca de 60 países. “Tem também outras iniciativas. No ano passado (2010) a gente levou cinco estudantes para um acampamento científico na Coréia do Sul. Tem também a indicação de alunos para o Instituto Weissman, de Israel, onde os selecionados fazem uma imersão em pesquisas”, afirma a coordenadora da feira. De acordo com dados da Febrace, entre 60% e 70% das escolas participantes da feira são técnicas públicas. Há também uma boa adesão de escolas bancadas por fundações sem fins lucrativos.

Para a edição 10 da Febrace, em 2012, Roseli de Deus Lopes revela que o eixo principal será buscar parcerias mais sólidas para a feira. “Principalmente com empresas em que a gente possa investir no desenvolvimento destes talentos, pois não basta chegar lá na ponta e descobrir que ele existe. É importante fazer um acompanhamento, para que eles realmente cresçam e não fiquem com aquela sensação de que mostraram um projeto na feira, mas não conseguiram viabilizar. A meta é ajudá-los a transformar a ideia em um produto de verdade”, finaliza a coordenadora da Febrace.

Abertura da Febrace 2011, em março de 2011: feira atrai estudantes do ensino fundamental, médio e técnico de todas as regiões do país.

Entrevistada
Roseli de Deus Lopes, coordenadora da Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia)

Currículo

- Professora Doutora Livre-Docente do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
- Graduada em Engenheira Elétrica pela Universidade de São Paulo, mestrado e doutorado pela Escola Politécnica da USP.
- Participa ativamente em organizações técnicas e profissionais nacionais e internacionais como a SBC (Sociedade Brasileira de Computação), IEEE (The Institute of Electrical and Electronics Engineering) e ACM (Association for Computing Machinery).
- Coordena projetos de desenvolvimento de jogos colaborativos. É responsável pela concepção e viabilização da FEBRACE (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia) onde atua como coordenadora geral desde 2003.
- Atua, desde meados de 2005, na análise técnico-econômica e de aplicabilidade na Educação Básica do projeto Um Computador por Aluno (UCA), por meio do LSI-EPUSP com apoio do MCT e MEC.
- É membro do Grupo de Trabalho Assessor do MEC relacionado ao projeto UCA, desde janeiro de 2007.
Contatos: roseli@lsi.usp.br / roseli.lopes@lsi.usp.br / gim.arruda@hotmail.com (assessoria de imprensa) / elena@lsi.usp.br (assessoria de imprensa) / vitor@lsi.usp.br (assessoria de imprensa)

Crédito Fotos: Divulgação/USP

ornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Balanço ecológico é favorável ao setor de cimento no Brasil

Arnaldo Forti Battagin, gerente dos laboratórios da ABCP, afirma que indústria cimenteira do país é referência para o mundo em inovações ambientais

Por: Altair Santos

Um setor que tem índice de conformidade às normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) de quase 100% e que investe maciçamente em seu parque industrial, sobretudo em inovações voltadas ao meio ambiente. É assim que se comporta a indústria nacional de cimento, como revela a entrevista com o gerente dos laboratórios da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) Arnaldo Forti Battagin. Segundo ele, as cimenteiras do país são hoje referência mundial, além de tornarem-se estratégicas para o desenvolvimento econômico do Brasil. Confira:

Arnaldo Forti Battagin: “É tradição do cimento brasileiro primar pela qualidade.”

O cimento brasileiro é um dos produtos de mais alta qualidade produzido no país. Pelo PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat) atingiu índice de conformidade de 99,6%. A que se deve essa excelência do produto?
Sem dúvida esses números foram conseguidos pela cultura da qualidade estabelecida no setor de cimento há muito tempo. Quando se fala sobre conformidade, o termo se refere à conformidade às normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e é necessário esclarecer que as primeiras normas da ABNT, envolvendo todos os setores, foram sobre cimento. São as antigas EB-1 e MB-1 - Especificação de cimento e Métodos de ensaio de cimento -, respectivamente. Portanto, é tradição do cimento brasileiro primar pela qualidade.

Além do PBQP-H e das normas da ABNT, existe também o selo de qualidade da ABCP. O que esse selo exige para que uma empresa possa conquistá-lo?
Existe um procedimento que regula a concessão do selo e a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) usa o modelo 5 da ISO. Na verdade, o selo é concedido ao produto e não à empresa, e para consegui-lo essa empresa precisa ser associada da ABCP e evidenciar conformidade de seu cimento às normas da ABNT. Em linhas gerais, isso é feito através de amostragens periódicas de cimento nas próprias fábricas, geralmente feitas por órgãos coletores, qualificados pela ABCP. Essas amostras são divididas e uma parte é analisada na fábrica e outra na ABCP ou no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Os resultados são confrontados e não havendo diferenças significativas servem para avaliar os resultados do autocontrole. Esse autocontrole consiste na análise diária de todo cimento produzido e a cada 45 dias o conjunto desses resultados de análise - no jargão, conhecido como mapão de autocontrole. Os resultados são enviados à ABCP, para tratamento estatístico, que decide pela continuidade ou não da concessão do selo de qualidade ABCP para cimento Portland.

Hoje todas as cimenteiras do Brasil estão adequadas à ABNT, ao PBQP-H e têm o selo de qualidade da ABCP?
Os sites dessas entidades indicam quais produtos possuem esse diferencial, mas o importante para o consumidor é ter a garantia de que estão adquirindo um produto que tenha um selo ou marca de conformidade concedida por uma entidade idônea.

Em quais áreas a indústria cimenteira mais investiu recentemente: tecnologia para melhorar o produto, equipamentos para fazer o controle ambiental ou na expansão de seus pólos industriais?
Os investimentos vêm progredindo ao longo do tempo. Tanto, que hoje o setor apresenta um parque industrial moderno, que opera com 99% dos fornos pelo sistema via seca, o que garante a diminuição do uso de combustíveis em até 50%. Além disso, os altos níveis de eficiência energética são conseguidos com pré-aquecedores e pré-calcinadores que reaproveitam os gases quentes da saída do forno para pré-aquecer a matéria-prima, previamente à entrada do forno, diminuindo o consumo de combustíveis. Multiqueimadores desenvolvidos para queima simultânea de combustíveis alternativos e convencionais (coque de petróleo, óleo combustível e carvão mineral e vegetal), sistemas de filtro de alto desempenho, monitoramento on line de gases para controle ambiental e do processo fazem com que sejam praticados índices específicos de consumo térmico médio de 2730 MJ/t de cimento (653 kcal/kg ou 825 kcal/kg de clínquer). Adicionalmente, graças aos moinhos e separadores de alta eficiência, o consumo elétrico de 107 kWh/t de cimento, atingiram metas que são reconhecidas como parâmetros de referência em âmbito mundial segundo a Agência Internacional de Energia.

A indústria do cimento no Brasil, comparado com outros setores, emite bem pouco CO₂. No entanto, sempre é citada como uma das vilãs quando o assunto é agressão ao meio ambiente. Por que ela não consegue ser excluída deste grupo? Falta mais divulgação das ações, no que se refere ao controle ambiental?
Não acredito que deva ser considerada vilã, mas é necessário reconhecer que a fabricação de cimento gera impactos ambientais. Isso não é exclusividade do setor, mas de toda a cadeia da construção, como a produção de agregados, a indústria da cal, da areia, do aço, dos aditivos químicos e das tintas. Ao mesmo tempo, essa mesma indústria da construção é considerada um dos principais indicadores de desenvolvimento de uma nação, representando o crescimento real das áreas urbanas, organização e reorganização dos sistemas de infraestrutura  e obras necessárias ao desenvolvimento social. O cimento, através do concreto, está presente nesse processo como o material mais produzido e utilizado nas construções brasileiras, sendo empregado em edificações, pontes, estradas, barragens e outros tipos de obras.  Resumindo, seu uso crescente implica também em atividades impactantes, assim como o próprio desenvolvimento econômico de um país gera situações de impacto ao ambiente. Enfrentar esse desafio é um dever de todo o setor da construção civil. Neste sentido, a ABCP, como representante dos fabricantes de cimento, procura cumprir seu papel ao promover boas práticas e difundir o conhecimento sobre vantagens competitivas do concreto, novas tecnologias e prevenção de patologias, que visam o aumento da durabilidade e da vida útil das estruturas de concreto, com o objetivo de reduzir o consumo de matérias-primas, a geração de poluentes, o consumo energético e os custos adicionais com reparos, renovação e manutenção das construções. E assim demonstrar que o balanço ecológico é favorável para o setor de cimento.

No universo acadêmico brasileiro, o cimento é objeto de pesquisas ou são incipientes os estudos sobre o produto nos centros de pesquisa das universidades?
Para responder essa questão torna-se oportuno esclarecer que diferentemente do concreto, cuja inovação é bastante visível, com pesquisas acadêmicas que resultaram no aparecimento dos concretos de pós-reativos, concretos de elevadíssimas resistências, concretos autolimpantes, concretos autoadensáveis, o cimento Portland, como material, já atingiu um alto patamar de qualidade e competitividade e de tecnologia de fabricação. O grande desafio que ora se configura para a indústria de cimento mundial é a diminuição das emissões dos gases de efeito estufa, principalmente o CO₂, por fazer parte do processo de fabricação desse insumo. Portanto as inovações ou pesquisas têm se direcionado à mitigação das emissões de CO₂. Embora existam importantes pesquisas em várias universidades brasileiras, elas são essencialmente pontuais. A universidade não vem contribuindo efetivamente para o tema.

Em termos de inovação, o que a indústria cimenteira brasileira tem feito para melhorar os agregados do cimento e aproveitar os resíduos na fabricação do produto?
A geração de resíduos representa um dos maiores desafios para a sociedade contemporânea. Atenta a essa questão, a indústria de cimento está utilizando seus fornos para a eliminação de resíduos industriais, numa atividade conhecida como coprocessamento. Para praticar o coprocessamento vem fazendo investimentos constantes para adaptar o processo produtivo para uso dos resíduos, quer como combustível alternativo quer como substituto de matéria-prima. Além dos benefícios ao meio ambiente, a atividade contribui para a economia de combustíveis fósseis e recursos naturais não renováveis, possibilita o melhor aproveitamento das matérias-primas, gera expressiva quantidade de empregos diretos e indiretos. O coprocessamento representa uma integração ambientalmente segura dos resíduos industriais com o processo de elaboração do cimento e é regulamentada, em nível nacional, pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). É uma alternativa economicamente competitiva com relação à disposição em aterros e incineração, e, ao contrário desses, se caracteriza pela destruição total de grandes volumes de resíduos, sem geração de novos passivos ambientais. Isso está contemplado como técnica de gestão ambiental na nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada pelo governo em agosto de 2010. Os principais resíduos coprocessados como combustíveis nas fábricas são: pneus, resíduos de tecidos, plásticos, misturas de resíduos sólidos das indústrias petroquímica, química, automobilística, siderúrgica, de alumínio, de embalagens e celulose, mistura de resíduos pastosos da indústria química e petroquímica, como borras de tintas; líquidos e outros. Como substituto de matéria-prima: resíduos das indústrias de alumínio e siderúrgica, solos contaminados, lamas de estação de tratamento de esgotos e similares.

Recentemente, por causa da alta demanda de consumo no Brasil, algumas grandes construtoras importaram cimento, principalmente o chinês. Além disso, algumas cimenteiras também importaram clínquer. Esse cimento vindo de fora, assim como o clínquer, tem qualidade ambiental?
Desconheço o assunto no que diz respeito à qualidade ambiental, pois a questão é inerente ao país de origem. O que a ABCP tem feito, efetivamente, é monitorar a qualidade desses cimentos importados pelas nossas associadas. Posso afirmar que eles são comparáveis aos cimentos brasileiros.

Comparado com o cimento produzido em outros países, dá para dizer que o cimento brasileiro é o mais ambientalmente correto do mundo?
Indubitavelmente a indústria do cimento no Brasil tem sido referência mundial na questão ambiental em publicações da Agência Internacional de Energia e da CSI, do WBCSD, sigla em inglês da Iniciativa de Sustentabilidade do Cimento do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável. Os números e gráficos a seguir economizam as palavras. De fato as figuras 1 e 2 apresentam a comparação dos índices de eficiência pelos vários países segundo dados referentes a 2003, compilados pelo SNIC (2009).


Figura 1 – Consumo comparativo de energia elétrica na produção de cimento (SNIC, 2009).


Figura 2 – Consumo comparativo de energia térmica na produção de cimento (SNIC, 2009).

A Figura 3 mostra que a indústria de cimento no Brasil apresenta um dos menores índices de emissão específica de CO₂: ou seja, aproximadamente 620 kg/tonelada de cimento, constituindo referência mundial do setor.

Figura 3– Comparação das taxas de emissão de CO2 no período 1990 a 2008 (WBCSD-CSI, 2009)

Entrevistado
Arnaldo Forti Battagin, gerente dos laboratórios da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
Currículo

- Geólogo pelo Instituto de Geociências da USP (1974)
- Gerente dos laboratórios da ABCP
- Especialista nas áreas de tecnologia básica de cimento e concreto, durabilidade do concreto, técnicas experimentais e gestão da qualidade
- Representante da ABCP  nas comissões de estudos de normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
- Autor e co-autor de mais de 60 trabalhos técnico-científicos publicados em revistas e congressos nacionais e internacionais
-  Membro e representante da ABCP no Conselho Diretor do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON).
Contato: arnaldo.battagin@abcp.org.br

Crédito: Divulgação/ABCP

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Arco Metropolitano muda infraestrutura do Rio de Janeiro

Obra é uma das maiores do PAC e tem previsão de consumo de mais de 90 mil m³ de concreto, apesar do pouco investimento em pavimento rígido

Por: Altair Santos

Com a conclusão prevista para dezembro de 2012, o Arco Metropolitano do Rio de Janeiro é uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Projetado para interligar as rodovias que cortam o Estado (BR-040, BR-101, BR-116, BR-493 e BR-465) o empreendimento tem extensão de 70,9 quilômetros e abrange oito municípios - Itaboraí, Magé, Guapimirim, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Seropédica e Itaguaí. “Ele começa no entroncamento com a BR-040 e termina no entroncamento com a BR-101 Sul. É a obra estratégica mais importante do Estado do Rio de Janeiro das últimas décadas”, revela o subsecretário de Urbanismo da Secretaria de Obras do governo do RJ, Vicente Loureiro.

ABCP prestou assessoria, mas houve recuo no investimento em pavimento rígido.

Com custo estimado de R$ 965 milhões, o Arco Metropolitano do Rio irá consumir pelo menos 91 mil m³ de concreto, entre trechos em pavimento rígido e obras de arte, que incluem 54 viadutos, 18 pontes e 82 passagens inferiores - entre elas 10 zoopassagens na Floresta Nacional Mario Xavier. Por causa do volume, as construtoras envolvidas na obra optaram por produzir vigas pré-fabricadas de concreto protendido em seus canteiros centrais, em vez de concretagem in loco. Para isso, estão em uso bombas-lança de concreto de 40m³/h de capacidade, utilizadas para fabricar blocos, pilares, travessas, tabuleiros de viadutos e pontes, passagens inferiores, passagens de gado e fauna e galerias celulares bueiros.

Segundo o gerente regional da ABCP-RJ (Associação Brasileira de Cimento Portland), Eduardo D´Avila, o volume de concreto utilizado no Arco Metropolitano poderia ser maior se o governo do Rio de Janeiro, em cima da hora, não tivesse optado pelo pavimento semirrígido invertido na maioria dos trechos. “O Arco realmente tinha um bom trecho previsto para ser feito em pavimento rígido e depois ele deixou de ser em concreto. Explicar o porquê desta mudança no projeto eu não sei, já que o pavimento rígido era a alternativa mais adequada para o tráfego pesado. A ABCP prestou assessoria técnica no projeto e mostrou a viabilidade do pavimento de concreto, e ele era competitivo a custo inicial”, diz Eduardo D´Avila.

Obra é a mais importante do Rio de Janeiro em décadas.

O consórcio responsável por construir o Arco Metropolitano do Rio de Janeiro engloba oito construtoras: Odebrecht, Andrade Gutierrez, Carioca, Queiroz Galvão, OAS, Camargo Corrêa, Delta e Oriente. Atualmente, 27% das obras já foram concluídas. Divididas em quatro lotes, elas envolvem terraplanagem, drenagem, obras de arte corrente e obras de arte especiais. “Será uma rodovia de grande impacto na economia fluminense. Além de desafogar o tráfego da Região Metropolitana, em especial da Avenida Brasil e da Ponte Rio-Niterói, também vai facilitar o transporte de cargas de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo ao Porto de Itaguaí”, explica o subsecretário Vicente Loureiro.

Impacto econômico

A estimativa é que a obra reduza em até 20% os custos de transportes de mercadorias entre o Porto de Itaguaí e sete estados brasileiros, incluindo os da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). O impacto na economia brasileira será de R$ 1,8 bilhão, sendo 64,1% desse valor concentrados no setor de construção civil. Em longo prazo, a influência direta no Produto Interno Bruto (PIB) da região será de R$ 2 bilhões. Os dados fazem parte do estudo Avaliação dos Impactos Logísticos e Socioeconômicos da Implantação do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, encomendado pelo Sistema Firjan e pelo Sebrae-RJ ao Centro de Estudos em Logística da Coppead/UFRJ e à Tendências Consultoria.

Ainda, de acordo com o estudo encomendado pelo Sistema Firjan e pelo Sebrae-RJ, a previsão é de que se instalem no entorno da via empreendimentos industriais e de logística capazes de criar 800 mil empregos nos próximos 15 anos.

Arco Metropolitano do Rio de Janeiro conta com 54 viadutos e 18 pontes.

A obra é estratégica para o Rio de Janeiro e vai interligar cinco rodovias federais que cortam o Rio de Janeiro.
Mapa mostra os municípios por onde vai passar o Arco Metropolitano e quais rodovias vai interligar.

Entrevistados
- Eduardo D´Avila, gerente regional da ABCP-RJ/ES (Associação Brasileira de Cimento Portland)
- Vicente Loureiro, subsecretário de Urbanismo da Secretaria de Obras do governo do RJ

Currículos

Eduardo Henrique D´Avila
- Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
- Pós-graduado em Construção Civil pela UFRGS
- Pós-graduado em Estruturas de Concreto pela Universidade Luterano do Brasil
- Gerente Regional da ABCP RJ/ES (Associação Brasileira de Cimento Portland)
- Coordenador Nacional do Programa de Desenvolvimento Empresarial de Fabricantes de Blocos de Concreto (PDE)

Vicente Paulo Loureiro
- Arquiteto e membro da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (SEAERJ)
- Ex-presidente do Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano (IPPU) de Volta redonda

Contatos
Eduardo Henrique D´Avila: eduardo.davila@abcp.org.br
Vicente Paulo Loureiro: vicente.suburbrm@obras.rj.gov.br

Créditos Fotos: Divulgação/ObrasRJ/ABCP-RJ/ES/ALERJ

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Fórum permanente pretende influir na formação de engenheiros

Instituto de Engenharia de São Paulo prepara núcleo de discussões, a fim de ajudar no aprimoramento dos profissionais e adequá-los à nova realidade do mercado

Por: Altair Santos

O Instituto de Engenharia de São Paulo (IE) prepara a fundação do núcleo de discussão dos negócios de engenharia. A ser lançado em agosto, o objetivo central será debater, entre outros assuntos, o preparo técnico e gerencial de profissionais e estudantes de engenharia, em especial os da civil, e os planos de investimentos governamentais para a melhoria da infraestrutura nacional. “Também serão envolvidos no fórum a organização da atividade econômica da engenharia, a legislação pertinente e os órgãos que regulam e fiscalizam os profissionais”, explica o presidente do IE, Aluizio de Barros Fagundes.

Aluizio de Barros Fagundes, presidente do Instituto de Engenharia: núcleo de discussão do IE será aberto em agosto e terá caráter permanente.

O espectro a ser envolvido nos debates é amplo. Através de associações classistas, serão convidados o empresariado da engenharia em geral, as escolas de engenharia, a advocacia administrativa, os tribunais de contas, o ministério público e grupos de influência nos planos de desenvolvimento econômico. “A intenção é disseminar a organização das atividades de engenharia para o correto entendimento de sua comercialização e aplicação. A engenharia é um ramo de negócios e não uma simples profissão de commodities”, resume o presidente do Instituto de Engenharia.

O núcleo de discussão dos negócios de engenharia, que será instalado pelo Instituto de Engenharia de São Paulo, terá caráter permanente e funcionará lastreado por um curso livre de gestão da engenharia, destinado à formação de executivos do setor. “Uma das metas é eliminar aquilo que chamo de paradigma da desconfiança, mediante o estabelecimento de um sólido código de ética empresarial, profissional, ambiental e legal, propiciando real fluidez na implantação de empreendimentos, hoje muito prejudicada por discussões mal fundamentadas”, afirma Aluizio de Barros Fagundes, realçando que o núcleo de discussão também quer influir na formação de engenheiros.

No entender do presidente do Instituto de Engenharia, há sérias deficiências na formação básica dos estudantes. “Eles chegam a todas as faculdades, não só as de engenharia, com baixo grau de alfabetização e sem as noções fundamentais de matemática e demais ciências exatas. Em escolas de engenharia exigentes ocorre então a evasão maciça dos alunos. Naquelas mais lenientes, acontece a formatura de pessoas incapazes de exercer a profissão”, preocupa-se Aluizio de Barros Fagundes, dizendo que entre 1980 e 2005 o Brasil jogou fora um imenso capital do conhecimento setorial.

Daí decorre, de acordo com o presidente do IE, esse déficit na disponibilidade de engenheiros no mercado. “Porém, mais grave que esse problema é a queda na qualificação dos egressos das faculdades. Não nos iludamos. O que incentivou e manteve a inquestionável excelência da engenharia brasileira foram as grandes companhias governamentais. Com o fechamento ou drástica redução dessas companhias, perderam-se e dispersaram-se os profissionais que um dia o país logrou a ter. Há que se pensar nesse grotesco erro estratégico”, alerta.

A fundação do núcleo de discussão dos negócios de engenharia é uma das prioridades na nova gestão de Aluizio de Barros Fagundes, que em março de 2011 reelegeu-se na presidência do IE. O que suscitou a ideia foi um artigo escrito por ele em fevereiro de 2011, intitulado Nova Engenharia para um novo século. Em um dos trechos estão os fundamentos do núcleo que será aberto em agosto. “Do mesmo modo que, nas décadas de 60, 70 e metade da de 80, a engenharia se mobilizou, encorpou e brilhou... Repentinamente apagaram-se as luzes, fecharam-se as portas e todos fomos atônitos para casa... Com o novo surto de progresso experimentado em 2010, teremos tudo de novo por fazer e tudo por fazer de novo. Precisamos, no entanto, estar conscientes que dessa vez não podemos abusar da improvisação e da criatividade, sob pena de apenas incharmos a força de trabalho”, escreveu.

Leia a íntegra do artigo Nova Engenharia para um novo século
Site de Lígia Fascioni.

Entrevistado
Aluizio de Barros Fagundes, presidente do Instituto de Engenharia
Currículo

- Engenheiro Civil formado pela USP-São Carlos.
- Mestre em Engenharia pela Politécnica da USP e mediador e árbitro do Instituto de Engenharia.
- Desde 1996 atua como Consultor Independente para desenvolvimento de negócios e concepções técnicas em empreendimentos de Concessões de Serviços Públicos de Água e Esgotos.
- Foi professor universitário na Cadeira de Construção Pesada, na Escola Politécnica da USP, no Instituto Mauá de Tecnologia e na Escola de Engenharia da UNIP.
- Autor de meia centena de publicações técnicas no magistério, revistas especializadas e anais de eventos acadêmicos e profissionais.
- Profissionalmente dedicado ao ramo de Engenharia Consultiva para obras pesadas e de infraestrutura socioeconômica, tendo coordenado, dirigido e participado de cerca de duzentos empreendimentos, com destaque para as Estações Sé e República do Metrô de São Paulo, Usinas Hidrelétricas Três Irmãos e Água Vermelha da CESP, entre outros.
Contatopresidência@iengenharia.org.br / fernanda@iengenharia.org.br (assessoria de imprensa)

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

ISO 26000 nasce para ser a norma das normas

Lançada no final de 2010, ela engloba conceitos e tem como meta principal ser um guia orientador sobre responsabilidade social nas empresas

Por: Altair Santos

Entre janeiro de 2005 e dezembro de 2010, 91 dos 105 países-membros da ISO (Organização Internacional para Normalização) atuaram na elaboração daquela que já é considerada a norma das normas: a ISO 26000.

Jorge Emanuel Cajazeira presidiu o maior Comitê da ISO em todos os tempos, que resultou na norma 26000.

Nascida para ser um guia orientador sobre responsabilidade social, ele envolveu cerca de 500 pessoas e contou também com a participação de integrantes da ONU (Organização das Nações Unidas), da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e de um grande número de Organizações Não-Governamentais, como a WWF (World Wildlife Fund). “Foi o maior Comitê da ISO em todos os tempos. Indiscutivelmente, foi a norma mais debatida mundialmente”, afirma o brasileiro Jorge Emanuel Cajazeira, que presidiu o Comitê mundial da ISO 26000.

Diferentemente da maioria das normas, a ISO 26000 foi concebida para ser uma diretriz normativa não-certificável, ou seja, ela não é uma norma de certificação. “Ela é uma norma guia, uma norma de conduta. O objetivo foi fazer dela uma norma guarda-chuva. Ela praticamente englobou conceitos de outras normas, que evoluíram para uma ISO de responsabilidade social. Então, a adesão das empresas a ela é espontânea”, explica Jorge Emanuel Cajazeira.

Logo, uma empresa que pretenda seguir a ISO 26000 terá que buscar a construção de responsabilidade social a partir de uma mobilização interna, seguindo os seguintes princípios: accountability (prestação de contas à sociedade), transparência, comportamento ético, respeito e consideração aos interesses dos stakeholders (funcionários, gestores, fornecedores, clientes, Estado e entidades de classe), cumprimento das leis e normas internacionais e universalidade dos direitos humanos.

A ISO 26000 estabelece que responsabilidade social é:
“Responsabilidade de uma organização sobre os impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, através de comportamento transparente e ético que:
- contribua para o desenvolvimento sustentável, incluindo saúde e o bem estar da sociedade;
- leve em conta a expectativa das partes interessadas;
- esteja de acordo com as leis aplicáveis e consistente com as normas internacionais de comportamento
- esteja integrada através da organização e praticada nos relacionamentos desta.”

Segundo Jorge Emanuel Cajazeira, a principal dificuldade que as empresas devem encontrar ao implantar a ISO 26000 será evitar confundir responsabilidade social com a prática da filantropia. “Diversas instituições se dizem socialmente responsáveis porque fazem doações, ajudam creches, enfim, têm uma ação filantrópica. Este conceito não é o que a ISO entende que seja definitivo para o tema responsabilidade social. Responsabilidade social para a ISO é uma relação ética perante a sociedade, que inclui respeito aos direitos humanos, respeito aos direitos das minorias, combate à discriminação, combate à corrupção e governança. São temas muito mais abrangentes do que a mera filantropia, que é uma da parte de ação social”, diz.

Definir esse novo conceito de responsabilidade social é que foi a grande dificuldade do Comitê que elaborou a ISO 26000. Por isso, ela demorou cinco anos para ser criada, quando, em média, uma norma demora no máximo três anos para ser construída. “Os debates foram calorosos, por que envolveram temas que não são muito fáceis de chegar a um consenso. Um exemplo foi o que envolveu a discriminação contra homossexuais. Isso para os países árabes é tido como ofensivo, pois eles não consideram o homossexualismo como uma coisa que faz parte da cultura deles. Então, foi preciso criar uma atmosfera de uniformidade de conceitos e quebrar resistências históricas”, revelou Cajazeira.

O que prega a ISO 26000

Governança organizacional
Trata dos processos e estruturas de tomada de decisão, delegação de poder e controle. O objetivo é fazer com que a organização incorpore em seu cotidiano os princípios de responsabilidade social.

Direitos Humanos
Inclui resolução de conflitos, direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, além de direitos fundamentais do trabalho e combate à discriminação a grupos vulneráveis.

Práticas trabalhistas
Refere-se tanto ao emprego direto quanto ao terceirizado e ao trabalho autônomo. Inclui emprego e relações de trabalho; condições de trabalho e proteção social; diálogo social, saúde e segurança ocupacional; desenvolvimento humano dos trabalhadores.

Meio ambiente
Inclui prevenção da poluição; uso sustentável de recursos; adaptação às mudanças climáticas; proteção e restauração do ambiente natural; respeito ao ciclo de vida e responsabilidade ambiental.

Práticas operacionais justas

Compreende combate à corrupção; envolvimento político responsável; concorrência e negociação justas; promoção da responsabilidade social na esfera de influência da organização e respeito aos direitos de propriedade.

Questões dos consumidores
Inclui práticas justas de negócios; marketing e comunicação; proteção à saúde e segurança do consumidor; consumo sustentável; serviço e suporte pós-venda; privacidade e proteção de dados; acesso a serviços essenciais; educação e conscientização.

Envolvimento com a comunidade e seu desenvolvimento
Refere-se a investimento social; desenvolvimento tecnológico; criação de empregos; geração de riqueza e renda; promoção e apoio à saúde, educação e cultura.

ISO 26000 começa a se propagar no Brasil

O brasileiro Jorge Emanuel Cajazeira, que presidiu o Comitê que criou a norma de Responsabilidade Social, afirma que agora trabalha para expandir rapidamente os conceitos da nova ISO pelo país. Confira a entrevista:

As empresas brasileiras já estão se adequando à norma ou ela ainda vai levar um tempo para se propagar pelas corporações do país?
Uma boa parte delas já está parcialmente aderente à norma e o processo deve se expandir rapidamente. A norma foi lançada agora e estamos divulgando via federações de indústrias. Então, em breve, teremos um bom número de adesões à norma.

Hoje, quais as empresas brasileiras que estão trabalhando para se adequar à ISO 26000?
A Petrobras já tem trabalhos neste aspecto, assim como a Natura. Tenho informações de que a Braskem, que é ligada à Odebrecht, iniciou o processo, além da Suzano Papel e Celulose, da CPFL Energia e o Banco Santander.

O Brasil presidiu o Comitê Mundial da ISO de Responsabilidade Social, com o senhor à frente dos trabalhos. Como foi conduzir a elaboração da norma?
Não foi um trabalho fácil. Tomou um grande tempo de viagens, sobretudo para negociar com chineses e indianos, que se opunham à norma. Foi a primeira vez que um brasileiro presidiu um Comitê deste porte, do qual faziam parte quinhentas pessoas, e até pegar familiaridade com os termos e a ritualística demorou um pouco. Mas obtive muito apoio inquestionável da ABNT e da própria ISO, que não poupou recursos para que a norma saísse.

Além do senhor, quem mais do Brasil se envolveu no trabalho para a criação da norma ISO 26000?
Além de mim, o vice-secretário geral Eduardo Santiago, da ABNT, e mais seis especialistas participaram da redação da norma: o Aron Belinky, ligado ao Instituto Akatu; o José Salvador, da Fundação Vanzolini; o Rodolfo Guttilla, da Natura; a Ana Paula Grether, da Petrobras; o Reinaldo Ferraz, do Ministério de Ciência e Tecnologia, e o professor José Carlos Guarnieri, da FGV.

Especificamente sobre o setor da construção civil brasileira, ele está preparado para requerer a ISO 26000?
O setor da construção civil precisa, sobretudo, ter relações trabalhistas mais duradouras. Em determinados momentos ele emprega muito e em outros desemprega. Essas relações precisam ser mais perenes. Tem também a questão da legalidade, da saúde e da segurança. O lado positivo, é que o setor avançou muito na questão ética. Na parte de concorrência pública me parece que houve uma evolução grande e hoje ela é conduzida com mais transparência.

Lançamento da ISO 26000, no Brasil, em dezembro de 2010: país foi protagonista na elaboração da norma.

Responsabilidade socioambiental da Cia. de Cimento Itambé
A Cia. de Cimento Itambé conta atualmente com as certificações ISO 9001:2008 (Qualidade), 14001:2004 (Meio Ambiente) e a OHSAS 18001:2007 (Saúde e Segurança), concedidas pela SGS ICS Certificadora Ltda. Essas certificações estão consolidadas em um único sistema - Sistema Integrado de Gestão (SIG).

Para o gerente de qualidade da Itambé, Rogério Lunardon, as normas permitem que a empresa tenha um compromisso com a qualidade, que vai desde a prospecção do calcário até a entrega do produto ao consumidor. “Há uma interação, afinal não faria sentido ter qualidade sem respeito ao meio ambiente e sem padrões de trabalho seguro”, afirma.

A Itambé desenvolve também uma política de responsabilidade social, que se sustenta em três pilares básicos: a valorização do potencial humano, o desenvolvimento das comunidades onde está presente e o respeito ao meio ambiente. A empresa faz isso por meio do PIPA (Programa Itambé de Participação Social), com ênfase em obras de infraestrutura nos municípios de Balsa Nova e Campo Largo, onde estão localizadas sua fábrica e mina, respectivamente.

Segundo Cecília Chiesse Hara, coordenadora de comunicação corporativa da empresa, o PIPA, que foi criado em 2001, já recebeu da Itambé o repasse de mais de R$ 2 milhões. “Só em 2010, foram R$ 300 mil”, diz. Voltado para a educação e saúde, o programa proporciona melhor qualidade de vida aos moradores dos municípios em que a companhia atua, prioritariamente, das localidades do Jardim Serrinha, em Balsa Nova, e do Itambezinho, em Campo Largo.

Nessas comunidades, o PIPA já viabilizou as reformas das escolas e postos de saúde que atendem à comunidade local. Além disso, abre a biblioteca da Itambé para alunos das redes de ensino de Balsa Nova e Campo Largo que tem acesso a todo o acervo literário da empresa. O espaço dispõe de dois mil títulos e conta ainda com um auditório de 105 lugares, onde é realizado o projeto Sessão Cinema, e que em 2010 atendeu três mil estudantes.

Entrevistados
Jorge Emanuel Reis Cajazeira, Presidente do comitê mundial da ISO 26000
Currículo

- Doutorando e mestre pela FGV-EAESP
- Presidente mundial da ISO Responsabilidade Social
- Membro do conselho da Aberje
- Gerente Corporativo de Competitividade da Suzano Papel e Celulose
- Eleito entre o 4 executivos mais inovadores em 2005 pela Revista Exame
- Coordenador Grupo Tarefa de Responsabilidade Social Corporativa – ABNT
Contatos: jbarretto@suzano.com.br/ joiceb.je@suzano.com.br (assessoria de imprensa)

Cecília Chiesse Hara, coordenadora de comunicação corporativa da Itambé

Rogério Lunardon, gerente de qualidade da Itambé

Crédito Fotos: Divulgação/Petrobras/Suzano

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

BRICS impulsiona venda de cimento no mundo

Países do bloco, do qual o Brasil faz parte, lideram consumo, mas presidente do SNIC avalia que crescimento será moderado a partir de 2012

Por: Altair Santos

Relatório global do setor de cimento, publicado recentemente pela revista britânica International Cement Review, mostra que em 2009 e 2010 o mercado registrou crescimento acentuado em todo o mundo. O documento avalia dados de 160 países e revela que a produção saltou de 2.830 milhões de toneladas em 2008 para 3.294 milhões de toneladas em 2010. Seguindo neste ritmo, há a expectativa de que o crescimento registre recorde em 2012, atingindo 3.859 milhões de toneladas.

José Otávio Carneiro de Carvalho, presidente do SNIC: “O cimento, através do concreto, é culturalmente a base da construção brasileira.”

No Brasil, não é diferente. A indústria cimenteira do país descarta, inclusive, exportar, para investir somente no mercado interno, onde PAC, Olimpíadas, Copa do Mundo e Minha Casa, Minha Vida levam a indústria a planejar aumento de capacidade de 65% em 5 anos, segundo o relatório global da International Cement Review. No entanto, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), José Otávio Carneiro de Carvalho, mostra um otimismo moderado.

De acordo com ele, a expectativa de crescimento sustentável vai depender do cenário econômico do país. “O consumo de cimento é muito sensível ao comportamento das condições macroeconômicas. É extremamente sensível, diria. Então, é preciso ver como o Brasil vai combater o retorno da inflação, e quais medidas serão tomadas”, diz, mantendo-se confiante para 2011. “Neste ano, a expectativa é de crescimento na faixa de 8%. A partir daí, não tem como estimar”, avalia.

Para o presidente do SNIC, o bom andamento da indústria de cimento nos próximos anos vai depender das futuras medidas que o governo federal irá tomar em relação ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Segundo José Otávio Carvalho, o MCMV é mais relevante para a indústria do cimento do que eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas. “O Minha Casa, Minha Vida é um programa que já provou ser sustentável. Já Copa e Olimpíadas são apenas indutores de crescimento”, diz.

Dentro de seu otimismo moderado, José Otávio Carvalho crê que, se as medidas governamentais forem corretas, o Brasil tende, a médio prazo, a ultrapassar os Estados Unidos no consumo de cimento. Até por uma questão cultural, avalia. “No mercado brasileiro, o cimento faz parte da cultura da engenharia civil. Não só no emprego de obras de infraestrutura, como na própria construção de edificações, sejam elas habitacionais, comerciais ou industriais. O cimento, através do concreto, é culturalmente a base da construção brasileira”, afirma.

Já os Estados Unidos têm uma predileção pelas estruturas de aço, completa o presidente do SNIC. “O cimento lá é relativamente pouco usado na construção de edificações, onde prevalece o uso de estruturas metálicas. São mercados completamente diferentes. Portanto, se o Brasil tiver realmente uma grande expansão de consumo nos próximos anos, é possível que venha a ultrapassar os Estados Unidos em consumo”, conclui José Otávio Carvalho.

BRICS
O presidente do SNIC avalia que os países que compõem o bloco chamado BRICS - formado por Brasil, Rússia, Índia, China e, agora, África do Sul – é o grande responsável pelo crescimento de consumo no mundo de 2009 para cá. “A Rússia sentiu um impacto maior da crise internacional, mas China, Índia e Brasil atravessaram este período de dificuldades conjunturais do mundo mantendo taxas de crescimento consideráveis de consumo de cimento. Os três foram quase exceção diante do cenário global”, afirma.

Diante do cenário, José Otávio Carvalho acha que é zero o risco de o Brasil enfrentar problemas para abastecer o mercado interno de cimento. “Houve algumas importações pontuais, sobretudo de clínquer, mas elas não foram representativas a ponto de indicar ameaça no abastecimento. Até por que, o setor reagiu exemplarmente e já colocou em marcha a ampliação de suas fábricas e a instalação de novas unidades. É um compromisso da indústria nacional do cimento abastecer o mercado interno”, finaliza.

Evolução da venda de cimento no Brasil em 12 meses.
Regiões do mundo que mais consomem cimento.
Os 10 maiores consumidores de cimento do mundo em 2010.


Entrevistado
José Otávio Carneiro de Carvalho, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC)
Currículo

- Formou-se em Engenharia de Produção, na PUC-RJ, em 1965.
- Em 1969, concluiu Pós-Graduação em Engenharia Econômica, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
- Entre 1975 e 1978 integrou a equipe de assessoria econômica do então ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen.
- Trabalha como consultor de empresas e desde 1982, atua no setor de cimento, onde prestou consultoria em diversos projetos.
- Em 2001, foi convidado para o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), onde assumiu a função de Secretário Executivo e depois se tornou vice-presidente Executivo da entidade.
- No início de 2011, assumiu o cargo de presidente do SNIC.
Contato: snic@snic.org.br / adriana.alves@fsb.com.br (assessoria de imprensa)

Créditos:
Infográficos:  Snic / Relatório global do setor de cimento, da International Cement Review
Foto:  Divulgação/SNIC

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330