Plano define futuro da mineração brasileira
Principal legado do Plano Nacional de Mineração será o levantamento geológico de jazidas ainda não conhecidas no país
Por: Altair Santos
A expectativa é de que nos próximos 20 anos o Brasil aumente até cinco vezes a produção de cimento, minério de ferro e aço. Essa projeção consta do Plano Nacional de Mineração (PNM), lançado em fevereiro de 2011. O programa pretende nortear o setor até 2031 e prevê o investimento de R$ 650 milhões, principalmente em pesquisa mineral para a expansão e descoberta de jazidas e também para a implantação de novas unidades de transformação mineral.

De acordo com o assessor do departamento minerário do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), Carlos Eugênio Gomes Farias, o principal legado do PNM será o levantamento geológico de jazidas ainda não conhecidas no país. “Isso será muito importante para o desenvolvimento do setor. É preciso ter mais conhecimento geológico, porque, no que concerne às jazidas de calcário, importantes para a indústria cimenteira, as reservas atuais são suficientes, mas é preciso agregar mais reservas nos próximos 20 anos”, disse.
O assessor do SNIC avalia que o Plano Nacional de Mineração precisa também se preocupar com a infraestrutura que movimenta o setor e que, segundo ele, é um “problema sério”. “Existem gargalos, principalmente no transporte ferroviário, no transporte rodoviário e no sistema portuário. Melhorar isso é muito importante para o escoamento, não só de cimento, mas de todo o setor mineral”, disse.
Para tornar o setor mineral mais competitivo, o PMN prevê a criação da Agência Nacional de Mineração e do Conselho Nacional de Política Mineral, que vão trabalhar a consolidação do marco regulatório, a questão da outorga de títulos minerais e uma nova política de royalties. No documento que lançou o plano há o reconhecimento de que a atual legislação sobre o pagamento de indenizações pela exploração da mineração apresenta fragilidades e que o modelo de tributação onera a indústria mineral no país.
No entender do setor, desde que o PMN não consiga desobstruir os problemas do setor haverá dificuldades para que o plano incentive a inovação tecnológica ao longo da cadeia produtiva e também para que seja agregado valor aos produtos. “O setor mineral é um setor básico para toda a indústria. Só existe indústria de construção civil, indústria de automóvel e qualquer outra indústria por causa da indústria mineral. O mineral é sempre um fator básico. Então é muito importante para o setor resolver as questões propostas no plano”, diz Carlos Eugênio Gomes Farias.
O objetivo do Plano Nacional de Mineração é fazer com que o setor atinja no Brasil o mesmo status obtido na atividade petrolífera. A expectativa é de que até 2031 o faturamento da indústria mineral aumente em 50% sua participação no PIB (Produto Interno Bruto) nacional, que hoje está em 10%. No ano passado, o faturamento do setor foi de R$ 282 milhões e representou 25% das exportações do país.
Entrevistado
Carlos Eugênio Gomes Farias, assessor do departamento minerário do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento)
Currículo
- Carlos Eugênio Gomes Farias é graduado em Engenharia de Minas pela Universidade Federal de Pernambuco (1966)
- Pós-graduado em Engenharia Econômica (Universidade Católica de Pernambuco), em Administração (Fundação Getúlio Vargas) e Engenharia Ambiental (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
- Já atuou como professor de Geometria Analítica e de Termodinâmica da Universidade Católica de Pernambuco
- Atualmente é diretor Técnico da Companhia Nacional de Mineração Candiota e assessor do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC)
Contato: ceugeniofarias@terra.com.br
Crédito Foto: Divulgação/Arquivo pessoal
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Paver transforma calçadas de Curitiba
Bloco de concreto intertravado avança pelas ruas da capital paranaense e melhora mobilidade dos pedestres
Por: Altair Santos
A calçada que utiliza bloco de concreto intertravado, também conhecido como paver, já é predominante na cidade de Curitiba. Em seis anos, esse modelo de calçamento já se estendeu por 363 quilômetros da capital paranaense, e a tendência é que avance mais. Numa nova etapa para revitalizar os equipamentos de mobilidade para os pedestres, outros 88 quilômetros estão em obras no município.

Além do trecho da avenida Marechal Floriano, que vai da Linha Verde até a divisão com São José dos Pinhais, e que soma 14 quilômetros de extensão, mais oito bairros de Curitiba estão ganhando calçamento em paver. São Rebouças, Alto da XV, Alto da Glória, Centro Cívico, Bom Retiro, Mercês, Batel e Água Verde. Todos estão interligados pelo Anel Viário que a prefeitura está viabilizando para desafogar o trânsito no entorno do centro da capital.
Trata-se de obras que, junto com a revitalização de avenidas como a Fredolin Wolf e a construção do binário Chile-Guabirotuba, já integram o programa de mobilidade de Curitiba para a Copa do Mundo de 2014. Por isso as novas calçadas em paver priorizam ruas que dão acesso ao transporte coletivo e a equipamentos urbanos como escolas, colégios, unidades de saúde, hospitais, parques e praças.
Além do paver, a Prefeitura de Curitiba tem utilizado também o piso vibro prensado para calçadas customizadas, como a da Rua Riachuelo, e iniciou recentemente o uso de blocos fabricados com resíduos da construção civil. “Nossas calçadas são modelos de inovação. Tudo é pensado. Desde a acessibilidade, passando pela iluminação, até o paisagismo. Hoje, as árvores que ornamentam essas calçadas são escolhidas para não danificá-las com a raiz”, explica o secretário municipal de obras públicas, Mário Yoshio Tookuni.
Curitiba, desde 2007, tem uma lei que padroniza as calçadas da cidade. Para serem construídas, elas devem estar de acordo com os critérios estabelecidos pelo decreto 1066/07. São permitidos três padrões: paver, asfalto ou placas pré-moldadas de concreto. Diz a lei que o calçamento com paver é prioridade para as chamadas vias estruturantes. São proibidos obstáculos como degraus, rampas e desníveis que dificultem o livre trânsito de pedestres. É proibida a construção de estacionamento de veículos na calçada ou na faixa de recuo predial obrigatório.
Veja o que diz o decreto 1066/07:
Determina padrões de construção e de materiais para serem usados na pavimentação dos diferentes tipos de calçadas. Os padrões são definidos de acordo com os lugares da cidade, como área central, setor histórico, unidades de conservação e demais vias. Ao todo são quatro padrões de materiais com as seguintes características:
- Padrão A: executados com blocos de concreto intertravados, o paver, que apresenta vantagens como boas resistências, durabilidade, drenagem superficial, boa estética integrando-se aos ambientes, além da facilidade de aplicação e, principalmente, manutenção, reaproveitamento das peças e flexibilidade em cores.
- Padrão B: executadas em CBUQ (asfalto) com fiada de paralelepípedo.
- Padrão B1: CBUQ (asfalto) sem acabamento.
- Padrão C: placas de concreto de 40cm x 40cm ou 45cm x 45cm, com rejunte nivelado na superfície do piso.
O decreto diz ainda que o IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) pode utilizar outras tecnologias ou materiais desde que resultem em superfície regular, firme contínua e antiderrapante. As calçadas de Curitiba também devem atender à norma técnica NBR 9050 (acessibilidade a edificações, mobiliário, espaço e equipamentos urbanos).
Das ruas da capital paranaense só as tombadas pelo patrimônio histórico da cidade não podem sofrer mudança de material. É o caso da Rua XV, originalmente construída em petit pavet, em 1972. Mesmo assim, a secretaria municipal de obras públicas, em conjunto com o IPPUC, estuda a revitalização do calçamento da Rua das Flores. Entre as propostas está a de construir um contrapiso de concreto e reassentar o petit pavet em cima. “Isso acabaria com as ondulações das pedras e daria mais estabilidade para os pedestres”, explica o secretário Mário Yoshio Tookuni.

Entrevistado
Mário Yoshio Tookuni, secretário de obras públicas da Prefeitura de Curitiba
Currículo
- Engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) – 1973
- Possui curso de aperfeiçoamento em Engenharia de Construção, na Faculdade de Engenharia da Universidade de Kyoto (Japão) – 1981
- Coordenou o Departamento da Cidade Industrial de Curitiba - de 1979 a 1982
- Diretor do Departamento de Edificações da Secretaria Municipal de Obras Públicas - De 1986 a 1988 e em 1999
- Diretor técnico e também geral do Departamento Estadual de Construção de Obras e Manutenção (DECOM) - 1991 a 1994
- Superintendente da Secretaria Municipal de Obras Públicas - 1999 a 2004
- Coordenador geral da Unidade Técnico-Administrativa de Gerenciamento (UTAG) – 2005
- Diretor do Departamento de Pavimentação da Secretaria Municipal de Obras Públicas – 2006
- Secretário municipal de Obras Públicas – desde 2006
Contato: matookuni@smop.curitiba.pr.gov.br
Crédito: Divulgação/Prefeitura de Curitiba
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Lei tende a reduzir resíduos sólidos na construção civil
Política Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor desde 2010, mas com previsão de estar totalmente implantada em 2014, cria responsabilidade compartilhada entre poder público e empresas
Por: Altair Santos
Não é possível apontar com precisão que a construção civil brasileira é a grande vilã das estatísticas sobre produção de resíduos sólidos no país. Quem faz essa constatação é o diretor-executivo da Abrelpe (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) Carlos Alberto Vieira da Silva Filho, que diz que não há como confirmar se o setor polui mais ou menos do que outras áreas da economia. “O peso específico do resíduo da construção civil é bastante elevado. Por ser mais pesado, ele se destaca nas estatísticas em relação a outros tipos de resíduos. Mas não há dados suficientes que permitam comparar setores que produzem mais ou menos resíduos”, afirma.

Em 2010, o Brasil produziu 60,8 milhões de toneladas de lixo sólido, dos quais os dados brutos apontam que quase 31 milhões vieram de resíduos de novas construções e de demolições. É o que diz o Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil, divulgado em abril de 2011 pela Abrelpe. No entanto, saindo da frieza dos números, percebe-se um esforço do setor em dar destinação adequada aos resíduos. Em parcerias com o poder público, as empresas têm estimulado projetos de gerenciamento de resíduos da construção civil. O resultado é que atualmente boa parte das cidades com mais de 500 mil habitantes possui diretrizes para a destinação dos resíduos e seu aproveitamento em processos de reciclagem.
A partir da lei sancionada em agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), todos os municípios brasileiros terão que pôr em prática medidas que impeçam que esses materiais cheguem aos aterros. O prazo vai até 2014. “Reciclar o material excedente é a saída para a construção civil e a Política Nacional de Resíduos Sólidos estimula isso”, diz Carlos Alberto Vieira da Silva Filho. Neste sentido, algumas ideias já têm sido colocadas em prática. Belo Horizonte e Porto Alegre, por exemplo, criaram recentemente Bolsas de Resíduos, onde são publicadas ofertas de solo escavado para obras de terraplenagem e de resíduos de gesso, para que sejam utilizados como matéria-prima nas indústrias de cimento.
Segundo o diretor-executivo da Abrelpe, iniciativas como as que já existem em Porto Alegre e Belo Horizonte vão ao encontro ao que prega a Política Nacional de Resíduos Sólidos. “Na lei, há a determinação de que na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos seja aplicada uma ordem de prioridade de ações conforme sequência estabelecida pela legislação: redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final dos rejeitos. Com a vigência da lei, apenas os rejeitos poderão ser encaminhados para disposição em aterros, os demais materiais precisam passar por processos licenciados de aproveitamento”, explica. “Para isso, será necessário uma efetiva fiscalização por parte das autoridades municipais”, completa.
Responsabilidade compartilhada
De acordo com o diretor de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Silvano Silvério da Costa, uma das novidades da Política Nacional de Resíduos Sólidos é possibilitar o compartilhamento da responsabilidade sobre a destinação dos rejeitos. “Antes, só o poder público municipal era responsável pela coleta dos resíduos sólidos. A partir da lei, isso passa a ser compartilhado com fabricante, distribuidor, comerciante e usuário”, diz. Depois que o modelo for totalmente implantado, com previsão para agosto de 2014, Costa lembra que o município será obrigado a fazer a coleta seletiva e mandar para o aterro sanitário só o que não for passível de reciclagem ou reutilização – o chamado rejeito.
Segundo ele, de 30% a 37% do lixo produzido no país constitui resíduo seco que pode ser reutilizado. Outros 55% são resíduos úmidos, aí incluindo o material orgânico. Sobram, portanto, de 8% a 10% de rejeito. “Com a nova lei, é só o material sem possibilidade de reaproveitamento que o município enviará para o aterro sanitário, o que vai reduzir em muito o desperdício de resíduos sólidos reaproveitáveis”, avalia Silvano Silvério da Costa.
O diretor de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente salienta ainda que a lei cria a obrigatoriedade do município se adequar à sistemática de coleta seletiva, pois determina que os municípios que não o fizerem, até agosto de 2014, deixarão de receber repasses de verbas do governo federal. Essa obrigação aumenta os desafios para as pequenas e médias cidades que ainda usam lixões a céu aberto por não disporem de recursos financeiros nem capacidade técnica para a gestão adequada dos serviços. Para esses casos, Costa afirma que os municípios mais pobres podem viabilizar autarquias regionais, com interveniência dos governos estaduais.
Entrevistado
- Carlos Alberto Vieira da Silva Filho, diretor-executivo da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais)
- Ministério do Meio Ambiente
Currículo
- Carlos Alberto Vieira da Silva Filho é advogado pós-graduado em Direito Administrativo e Econômico pela Universidade Mackenzie
- Diretor-executivo da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais)
- Secretário-executivo da Rede Ibero-Americana de Resíduos Sólidos firmada entre entidades do Brasil, Argentina, Portugal e Espanha.
- Coordenador da Regional da América Latina da ISWA (International Solid Waste Association)
Contato: Carlos Alberto Vieira da Silva Filho (assessoria de imprensa) - comunicacao@abrelpe.org.br / Ministério do Meio Ambiente (assessoria de imprensa) - ascom@mma.gov.br
Crédito: Divulgação/Abrelpe
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Investimento em pesquisa destaca curso de Engenharia Civil da PUC-RJ
Universidade tem 95% de professores-doutores e vários trabalhos premiados e incentivados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Por: Altair Santos
O número de alunos do curso de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) dobrou desde 2009. O motivo é a posição alcançada pela graduação no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). A avaliação, aplicada a quem ingressa e conclui cursos superiores no país, colocou a Engenharia Civil da PUC-RJ em 1.º lugar no ranking do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) divulgado em janeiro de 2011.

Com nota 4,59, o curso estima que alcançará desempenho ainda melhor na próxima edição do Enade, cuja avaliação está marcada para 6 de novembro de 2011. “A demanda pela Engenharia Civil aumentou, mas estamos conseguindo agregar mais qualidade ao curso. Hoje temos cerca de 240 alunos, mas o corpo docente formado por 95% de professores-doutores e o investimento na infraestrutura do curso nos faz crer que estamos qualificando ainda mais a graduação”, diz Michéle Dal Toé Casagrande, coordenadora da graduação.
Fundado no início dos anos 1950, o curso de Engenharia Civil da PUC-RJ tem como diferencial o investimento em pesquisa. “Temos muitos professores antigos, que já têm linhas de pesquisa consolidadas e isso faz com que a Engenharia Civil tenha uma experiência maior para passar para os alunos. Hoje, por exemplo, temos 18 professores envolvidos em tempo integral como pesquisadores do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)”, revela Michéle Casagrande.
A Engenharia Civil da PUC-RJ desenvolve atualmente pesquisas voltadas para poços de petróleo, estruturas de aço e concreto e geotécnica, cuja demanda por causa dos recentes deslizamentos ocorridos na região serrana do Rio de Janeiro tem sido grande. A universidade também desenvolve estudos sobre perfurações de túneis e pavimentos em estradas. “Trabalhamos para ampliar o laboratório de pavimentação, visando mais projetos voltados para estradas em parceria com empresas”, afirma a coordenadora.
Por conta das pesquisas, a PUC-RJ comemora duas premiações recentes. Em 2010, ganhou concurso promovido pela Construtora Odebrecht, voltado para construções sustentáveis. O trabalho vencedor usou cinzas de resíduos sólidos para a base de pavimento. Neste ano, a universidade ganhou o prêmio Oscar Niemeyer, promovido pelo CREA-RJ. “Tudo isso ajuda no currículo dos alunos e permite que eles sejam absorvidos rapidamente pelo mercado de trabalho”, avalia Michéle Casagrande.
Para alunos que queiram continuar a estudar após a conclusão da graduação, a PUC-RJ também tem cursos de pós-graduação e doutorado, além de intercâmbio com universidades estrangeiras. Há convênios com França, Inglaterra, Estados Unidos, Espanha e Itália. “Elas recrutam os melhores alunos e também vem estudantes destes países para cá. No momento, tenho alunos de Portugal, da Dinamarca e da França”, completa a coordenadora. Sinal de que o status alcançado pela engenharia Civil da PUC-RJ já ultrapassou as fronteiras do país.
Serviço
Outros cursos da PUC-RJ bem conceituados pelo Enade:
- Arquitetura (4.º do país)
- Ciências Sociais (3.º)
- Filosofia (4.º)
- História (3.º)
- Pedagogia (1.º)
- Engenharia Industrial (1.º)
- Informática (10.º)

Entrevistada
Michéle Dal Toé Casagrande, coordenadora do curso de graduação de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Currículo
- Possui Graduação em Engenharia Civil pela Universidade de Passo Fundo (UPF/1998)
- Mestrado (UFRGS/2001) e Doutorado (UFRGS/2005) em Engenharia Civil / Geotecnia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com Doutorado Sanduiche em Geotechnical pela Imperial College of Science, Technology and Medicine - London (2004)
- Atualmente é professora do Quadro Principal do Departamento de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (DEC / PUC-RJ) atuando em Ensino e Pesquisa a nível de Graduação e Pós-Graduação
- Tem experiência na área Geotécnica, atuando principalmente em reforço de solos e pavimentos, geotécnica experimental, bem como no estudo do comportamento de materiais alternativos e novos materiais geotécnicos para aplicações em obras de terra e pavimentação
- É Bolsista de Produtividade em Pesquisa Nível 2 do CNPq, Diretora Técnica da ABPv (Triênio 2011-2013) e Secretária Geral da ABMS / NRRJ (Biênio 2011-2012).
Contato: michele_casagrande@puc-rio.br / michele.casagrande@hotmail.com
Créditos Fotos: Divulgação/PUC-RJ/Arquivo pessoal
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Construtoras buscam soluções para minimizar escassez de mão de obra
Estudo da CNI revela que empresas investem em “canteiros-escolas”, na migração de trabalhadores e na valorização salarial para reter os profissionais qualificados
Por: Altair Santos
Recente estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) confirma que o setor da economia que mais encontra dificuldades com a falta de qualificação da mão de obra é a construção civil. Divulgada no final de abril de 2011, a Sondagem Especial da Construção Civil revela que 89% das construtoras instaladas no país enfrentam problemas para contratar trabalhadores, principalmente para os canteiros de obras, como pedreiros e serventes. “Isso é reflexo da baixa qualidade da educação básica, o que gera dificuldade em aprender um ofício e de se adaptar às novas tecnologias. Essa é a origem desse descompasso”, diz o gerente de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca.

Para suprir esse déficit, algumas empresas passaram a instalar “canteiros-escolas” para qualificar os colaboradores. É o que constatou o estudo da Confederação Nacional da Indústria. “As empresas estão contratando pessoas não totalmente qualificadas e ensinando o ofício no próprio canteiro de obras. Outra opção é a migração de trabalhadores, indo principalmente das regiões norte e nordeste para sul e sudeste”, afirmou Renato da Fonseca, alertando que essa é uma tendência constatada nas grandes companhias da construção civil. “As grandes empresas têm unidades em outros lugares e é mais fácil para elas trazerem pessoas de outras regiões”, completa.
Outra constatação feita pelo estudo da CNI é o aumento dos salários e dos benefícios ofertados para segurar os profissionais qualificados. “Grande parte das empresas está aumentando salários e benefícios. Outras pesquisas confirmam isso, como a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE e a da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Então, percebe-se um aumento significativo de salários dos profissionais da construção civil. E faz todo o sentido, pois com a escassez de profissionais qualificados há uma valorização maior dos já qualificados”, analisa o gerente de pesquisa da confederação.
A busca incessante por profissionais com experiência para atuar na construção civil tem causado problemas para as pequenas empresas do setor, que não conseguem oferecer salários para competir com as corporações maiores. “Algumas estão enfrentando uma queda de produção significativa, porque, quando perde um trabalhador ou precisa contratar, a pequena empresa tem que encontrar o trabalhador já qualificado. Ela não tem condições de ficar qualificando a mão de obra que vai usar”, observa Renato da Fonseca. “Isso se reflete na obra, com o atraso do cronograma ou a queda na qualidade do empreendimento”, complementa.
A Sondagem Especial da Construção Civil revela que, por conta do gargalo da falta de mão de obra, 64% das empresas do setor estão qualificando o trabalhador no próprio canteiro. A pesquisa mostra ainda que 45% das construtoras adotaram a política de reter os profissionais através de aumento salarial e oferta de benefícios. Outro detalhe do estudo demonstra que 43% das empresas têm recorrido à terceirização em algumas etapas das obras para suprir a falta de mão de obra. A sondagem da CNI ouviu 385 empresas que empregam acima de 20 trabalhadores. Do total, 191 eram pequenas, 145 médias e 49 grandes corporações.
Mais empregos
Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, o Brasil tem atualmente 147 mil empresas atuando na construção civil. Para 2011, de acordo com recente boletim do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) o setor deve abrir mais 168.340 novos postos de trabalho. Hoje, o país tem 2.964.163 trabalhadores atuando na construção civil. Destes, 171.458 estão no Paraná, 159.331 no Rio Grande do Sul e 108.142 em Santa Catarina.
Para 2011, na região Sul, o Paraná também é o que deve abrir mais vagas: 13.685, diante de 10.950 no Rio Grande do Sul e 5.392 em Santa Catarina. Trata-se do 4.º estado com a melhor projeção de empregos para este ano, ficando atrás de Minas Gerais (24.418), Pernambuco (22.624) e São Paulo (20.660).

Entrevistado
Renato da Fonseca, economista e gerente-executivo da Unidade de Pesquisa, Avaliação e Desenvolvimento da CNI (Confederação Nacional da Indústria)
Contato: rfonseca@cni.org.br
Créditos Fotos: Rose Brasil Rose Brasil/ABr/Carlos Rudney/CNI
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Novas tecnologias modernizam norma-chave da construção civil
NBR 6122, que trata de projetos e execuções de fundações, sofreu importantes alterações em relação à edição anterior, de 1996, trazendo mais segurança para as obras
Por: Altair Santos
Desde outubro de 2010, as equipes de estrutura e de fundação estão atuando em conformidade com a versão atualizada da norma ABNT NBR 6122 - Projeto e execução de fundações. Influenciada pelas novas tecnologias que desembarcaram na construção civil, a norma sofreu profundas modificações em relação à original, de 1996. Além de trazer novo conceito aos projetos, ela agrega também maior segurança às obras.

É o que revela o engenheiro civil e professor da Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) Jaime Domingos Marzionna, que coordenou a comissão revisora da NBR 6122. Por sete anos, uma das normas-chave da construção civil passou por criteriosa avaliação até que o texto final fosse colocado em vigor pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Na entrevista a seguir, Marzionna revela o que há de novo na nova NBR 6122. Confira:
As novas tecnologias construtivas é que levaram à revisão da NBR 6122?
As novas tecnologias construtivas de fundações realmente levaram à revisão da norma NBR 6122, mas não apenas elas. As novas metodologias e conceitos introduzidos no projeto das fundações também conduziram à necessidade de revisão da NBR 6122. Portanto, a versão de 1996 da NBR 6122 estava desatualizada, tanto no que se refere ao projeto quanto ao de execução das fundações.
Em relação à versão anterior, de 1996, o que mudou?
A NBR 6122:2010 é uma norma totalmente nova, a começar pela sua estruturação. A norma atual está dividida em projeto e execução dos vários tipos de fundação. Foram também introduzidas mudanças importantes na parte de projeto, com a introdução da possibilidade de cálculo das fundações com coeficiente de segurança global ou com coeficientes de segurança parciais. Outra novidade foi a introdução do conceito de região representativa do terreno. Isso permite um projeto mais otimizado das fundações, em determinadas situações em que se tenha um melhor conhecimento do subsolo local. Merece destaque também a fixação das situações onde é obrigatório o acompanhamento do comportamento das estruturas com, no mínimo, monitoramento de recalques e a fixação de critérios claros para a verificação do desempenho das fundações em estacas, através da realização de provas de carga estáticas ou de ensaios de carregamento dinâmico.
A NBR 6122 vale para todo tipo de construção, incluindo obras em pré-moldado?
Sim, a norma NBR 6122 contempla o projeto e execução de fundações para qualquer tipo de edificação, não importando de qual material é constituída a superestrutura.
Em termos de prova de carga, a norma muda a forma de avaliação?
A norma NBR 6122:2010 fixa, claramente, as condições em que é obrigatória a realização de provas de carga estáticas ou de ensaios de carregamento dinâmico de estacas para comprovação do desempenho destes elementos de fundação. Estabelece também a possibilidade de se executar provas de carga antes do desenvolvimento do projeto ou no início da execução da obra, com a vantagem de redução do coeficiente de segurança.
Para revisar a norma, quanto tempo levou e quantas pessoas integraram a equipe?
A revisão da norma NBR 6122 teve início no dia 26 de maio de 2003, com a realização de um evento público no SindusCon de São Paulo, onde foi escolhida uma comissão revisora. Essa comissão era formada por um coordenador, um secretário, representantes da cadeia produtiva (projeto e execução), um representante dos consumidores (construtoras) e um membro neutro que era o representante da sociedade. Essa comissão tinha a função de elaborar o novo texto da norma, colocá-lo em discussão, atender e responder a todos os questionamentos levantados por toda a sociedade. O trabalho de desenvolvimento do novo texto da NBR 6122 não ficou restrito aos membros da comissão. Outras subcomissões foram formadas e vários outros colegas colaboraram com o desenvolvimento e aprimoramento do texto atual através de sugestões. Os trabalhos da comissão revisora encerraram-se em 15 de dezembro de 2009, quando foi realizada a última reunião da comissão, com a finalização do texto, que foi então encaminhado a consulta pública pela ABNT, o que ocorreu em março de 2010. Ao todo foram realizadas 143 reuniões da comissão revisora, o que resultou em pelo menos 215 horas de reunião.
A revisão da NBR 6122 se baseou em alguma norma internacional?
A norma NBR 6122 não seguiu nenhuma norma internacional específica. No entanto, vale registrar que a comissão revisora estudou com detalhes a norma europeia (EUROCODE) e em alguns pontos a NBR 6122 utilizou conceitos ali empregados.
Entrevistado
Jaime Domingos Marzionna, coordenador da comissão revisora da NBR 6122
Currículo
- Engenheiro Civil pela Politécnica da Universidade de São Paulo – 1974
- Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo -1979
- Professor Assistente da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo desde 1975
- Foi Secretário Executivo, Vice-Presidente e Presidente do Núcleo São Paulo da ABMS
(Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica)
- Foi Vice-Presidente da ABEG (Associação Brasileira de Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia Geotécnica)
- Iniciou sua carreira profissional atuando na área de projeto de obras civis de grandes projetistas, como Promon e Themag, desenvolvendo projetos de grande porte tais como metrôs e barragens.
- Em 1988 criou a Engeos Engenharia, onde até hoje atua na área de projetos geotécnicos e de consultoria.
- Foi o Coordenador da Comissão Revisora da Norma Brasileira NBR-6122 – “Projeto e Execução de Fundações”.
Contato: jaime@engeos.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Paraná repotencializa setor de pequenas hidrelétricas
Estado estimula parcerias entre Copel e iniciativa privada para ampliar capacidade de geração de energia sem precisar construir grandes usinas
Por: Altair Santos
Considerado o estado com a maior capacidade hidrelétrica do país, o Paraná perdeu espaço na geração de energia através das chamadas PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas). Hoje, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul exploram com mais eficiência esse tipo de usina, que, de acordo com a resolução nº 394 da Aneel, pode gerar de 1 megawatt (MW) a 30 megawatts (MW). Porém, para se reposicionar neste mercado, recentes ações governamentais prometem repotencializar as PCHs no Paraná.

Há pouco tempo, o estado criou um Grupo Especial de Trabalho (GET) para atuar no licenciamento ambiental de empreendimentos estratégicos para o desenvolvimento econômico e sustentável. Entre as metas do grupo, está o incentivo às Pequenas Centrais Hidrelétricas. Para isso, desde abril de 2011, a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) vêm capacitando técnicos para agilizar o licenciamento das PCHs.
Além dos entraves ambientais, os investidores em PCHs avaliam que é preciso desburocratizar as linhas de crédito ofertadas por bancos de fomento como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). “Existem empresas pensando em não produzir mais, porque não têm retorno. É preciso ter sinergia do banco de fomento e do marco regulatório”, diz Alceu Grade, da Grameyer, uma das empresas da iniciativa privada que investem em Pequenas Centrais Hidrelétricas no país.
Sem essa sinergia, o setor voltado para as PCHs avalia que o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), lançado em 2002, não conseguirá atingir uma de suas metas até 2022, que é ter 10% da energia produzida no Brasil a partir das Pequenas Centrais Hidrelétricas. “É preciso estimular o empreendedor”, afirma Alceu Grade, dizendo que o Paraná está fazendo isso. “O novo governo que está aí tem uma visão mais empreendedora, voltada a incentivar a Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) a promover parcerias com a iniciativa privada”, completa.
Demanda reprimida
Segundo dados de 2010 da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) o Brasil tem potencial para ter 2.200 unidades de PCHs instaladas, porém apenas 375 estão em operação, representando 2,9% de toda a energia gerada no país. Juntas, elas produzem atualmente 3.270.874 kW. Hoje, por causa dos entraves, uma Pequena Central Hidrelétrica, desde a concepção do projeto até a construção, não fica pronta antes de dois anos.
De acordo com Alceu Grade, esse tempo poderia ser reduzido, haja vista que o sistema de construção das PCHs evoluiu, assim como as instalações elétricas. “A parte elétrica e de controle, hoje, ficam prontos em cinco meses e cabem num container. Já a obra civil tem maior demanda na construção da barragem, mas ela gera baixo impacto ambiental, pois as novas tecnologias de construção substituíram os reservatórios pelo escavamento na beira do rio. A área alagada é pequena, pois o reservatório é ao longo do curso do rio”, lembra Alceu Grade.
Se o empenho paranaense der certo, até 2014 o estado deverá acrescer ao seu potencial gerador mais 1.381 MW, através de novas PCHs. Atualmente o governo tem 137 projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas para avaliar. O número é quatro vezes superior ao total de PCHs operando no estado, que são 30 e que geram 181 MW de energia. No momento, há mais duas em construção no território paranaense, com capacidade de 29 MW, e 23 já foram outorgadas para, juntas, produzirem 370 MW.
Entrevistado
Alceu Grade, presidente da Grameyer Equipamentos Eletrônicos Ltda., empresa do setor privado especializada em PCHs
Currículo
- Presidente da Grameyer Equipamentos Eletrônicos Ltda.
- Conselheiro da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC)
- Presidente da ACIAS (Associação Comercial Industrial e Agrícola de Schroeder-SC)
- Membro do Conselho Regional de Desenvolvimento de Jaraguá do Sul-SC
Contato: alceu@grameyer.com.br
Crédito Foto: Divulgação/Grameyera
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Até 2014, Brasil quer 75 mil bolsas de estudo no exterior
Governo estabelece parcerias com países de tecnologia avançada e estudantes de engenharia terão prioridade no programa federal recentemente criado
Por: Altair Santos
A excelência em pesquisa e tecnologia que o Brasil detém nos setores da agricultura, da aviação civil e da produção de petróleo servirá de modelo para que outros segmentos da economia atinjam o mesmo nível. Entre eles, está o da construção civil, para quem o governo federal elabora um Programa Nacional para as Engenharias. O objetivo, além de estimular a formação de novos engenheiros, é permitir que parte destes futuros profissionais possam se especializar fora do país.

A meta, recentemente exposta no 6.º Encontro de Lideranças, promovido pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), é que nos próximos três anos pelo menos 75 mil estudantes possam ser estimulados a cursar mestrado ou doutorado no exterior, através de bolsas de estudo. O número foi exposto pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que sustentou a necessidade de intensificar o processo de formação de engenheiros para inserir o Brasil no atual contexto de competitividade internacional.
O governo federal trabalha na criação de um portal na internet para detalhar como será feita a oferta de bolsas de estudo no exterior. A perspectiva é que o recrutamento comece ainda em 2011. “Há interesse, há disposição. Nós vamos eleger quais são as áreas estratégicas que queremos motivar e vamos oferecer bolsas para que esses pesquisadores agreguem conhecimento ao Brasil”, disse Mercadante. O ministério da Ciência e Tecnologia pretende estimular a chamada “bolsa sanduíche”, em que o formando vai para o exterior, passa dois anos e retorna ao país.
O modelo é semelhante ao adotado na China, que, apenas nos Estados Unidos, possui atualmente 80 mil estudantes cursando doutorado. Para seguir o mesmo caminho, na recente visita do presidente dos EUA Barack Obama, ao Brasil, um dos acordos diplomáticos firmados tratou deste tema: cooperação prevendo o intercâmbio de alunos e professores entre os dois países. Também foi firmado convênio semelhante com a Alemanha, em maio de 2011, quando o presidente alemão Christian Wulff esteve em Brasília.
Segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, serão 10 mil bolsas só para a Alemanha, com prioridade para as áreas de Ciências Exatas e Engenharia. “Isso significa que eles têm que dar suporte para o aprendizado do alemão, além de abrir espaços nas universidades alemãs. O governo brasileiro vai se responsabilizar pela passagem, estada e seguro desses jovens que vão estudar”, explicou Mercadante.
Os acordos diplomáticos que o Brasil vem alinhavando também pretendem incentivar a volta de cientistas brasileiros que estão no exterior, além de estimular a formação de redes fora do Brasil, articuladas com as instituições de pesquisa nacionais. Atualmente, somente nas universidades norte-americanas, existem aproximadamente três mil professores brasileiros lecionando e interessados em participar de forma ativa do esforço nacional em ciência, tecnologia e inovação.
Fundo para a construção civil
Outra medida de estímulo ao conhecimento pode nascer da sugestão apresentada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que propõe a criação de um fundo específico para o setor, como ocorre com os fundos setoriais em áreas estratégicas, administrados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “Isso merece muita atenção. A economia do futuro é voltada para informação e conhecimento. É a economia da inteligência, que precisa ganhar espaço no debate político do país”, disse o ministro.
O fundo a ser criado pode gerar centros de pesquisa voltados para a engenharia, como os que existem hoje na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na Embraer e na Petrobras. No caso da estatal do petróleo, por exemplo, nos próximos quatro anos serão investidos R$ 1,4 bilhão em pesquisas, cujos recursos serão destinados a 19 laboratórios espalhados pelo litoral do país e 60 institutos de pesquisa direcionados para a cadeia de gás e petróleo. No centro deste maciço investimento está o Pré-Sal, que, segundo o ministério de Ciência e Tecnologia, deve absorver 200 mil engenheiros nos próximos 15 anos.
Entrevistado
Aloizio Mercadante, ministro da Ciência e Tecnologia
Currículo
- Graduado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado em Ciência Econômica (1989) e doutorado em Teoria Econômica (2010), pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
- É professor licenciado de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Unicamp.
- Foi deputado federal, senador e atualmente exerce o cargo de ministro de Estado da Ciência e Tecnologia.
- Dentre as obras publicadas destacam-se: "Brasil: A Construção Retomada, 2010"; "Observatório: Coletânea de artigos sobre a evolução do Brasil nos últimos anos, 2009"; "Brasil: Primeiro Tempo - Análise comparativa do governo Lula, 2006"; "O Brasil pós-real: a política econômica em debate, 1998".
Contato: pautamct@mct.gov.br (assessoria de imprensa)
Crédito Foto: Divulgação/MCT
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Seguro no formato transferência de risco cresce entre construtoras
Aquecimento do mercado imobiliário e venda de vários empreendimentos ainda na planta, leva construtores e empresas incorporadoras a buscarem proteção diferenciada
Por: Altair Santos
A plenitude produtiva do mercado imobiliário e da indústria da construção civil trouxe embutida a responsabilidade crescente de empresas e profissionais vinculados ao setor. Por isso, há investimento cada vez maior em ferramentas que tragam proteção às inúmeras variáveis que podem alterar o sucesso em uma obra. Atentas, as seguradoras criaram o chamado seguro no formato transferência de risco, que consiste em fazer uma avaliação do dano máximo provável, valorá-lo e contratar um seguro nesse montante.

Com isso, segundo o consultor Adriano Valente Rocha, a empresa e o profissional responsáveis pelo empreendimento têm lastro para calçar eventuais prejuízos. Lastros esses que costumam ser divididos em três partes: risco de colapso da própria obra, risco de danos de terceiros à obra e risco de dano profissional – este, o chamado erro técnico. “Estas três esferas de risco podem ser mitigadas pelo gerenciador de risco destas empresas, podem ser anuladas por algum programa de gerenciamento também ou podem ser transferidas para uma seguradora”, explica.
O recomendável é que o seguro de transferência de risco seja feito ainda na etapa de tratativas de elaboração do projeto, já que os riscos envolvidos numa obra de engenharia estão relacionados com a produção de projeto, com a execução, com os materiais e com os profissionais elencados para atuar no empreendimento. “É errado buscar esta ferramenta quando a obra já começou ou quando eventualmente já aconteceu um sinistro. O ideal é, na fase de organização para a execução ou nas fases preliminares de projeto, já iniciar o estudo do risco do negócio”, alerta Adriano Valente Rocha.
A legislação atual enquadra as falhas nas obras na peça jurídica denominada responsabilidade civil profissional, a qual não hierarquiza se houve imperícia, imprudência ou negligência ou se foi a empresa ou o profissional quem errou. “A verdade é que hoje existem vários diplomas jurídicos, como o código de defesa do consumidor e as normas regulatórias, que dão livre trânsito ao consumidor a reclamar pela solidez da obra, pela solidez do produto que adquire. Isso, sem dúvida nenhuma, até que se o prove o contrário, acaba recaindo na responsabilidade profissional”, diz Valente Rocha.
O direito brasileiro também tem usado o conceito chamado solidariedade para julgar casos de obras com falhas. Neste caso, o construtor não fica isento se tentar imputar a culpa ao material usado. “O executor é responsável plenamente pelos bens, pelos recursos materiais que usa e pelos recursos humanos que são utilizados na execução do projeto. Não há como dissociar se o construtor usar um mau material e se isso tiver um reflexo lá na frente. Se isso causar prejuízos para terceiros, certamente este construtor vai ser arrolado como corresponsável”, completa o consultor.
Por causa da legislação, as chances de um construtor falir por conta de erros em uma obra são maiores hoje. O motivo envolve as margens operacionais, as margens de lucro e as margens financeiras de um empreendimento – atualmente mais apertadas. “Fazer um desembolso adicional para reparar algo que acidentalmente foi acometido, compromete as margens de retorno do projeto”, diz Adriano Valente Rocha. “É por isso que todo o bom construtor segue regras, segue normas, acompanha projetos, instala programas de gerenciamento de riscos, de gerenciamentos de obras e contratação de seguros”, finaliza.
Outro lado
A modalidade de seguro de transferência de risco existe também para ser acionado no caso de o comprador não concluir a quitação do empreendimento. Se, por um lado, a incorporadora ou a construtora podem não entregar por uma quebra contratual, o comprador ou o investidor também podem sofrer uma falência pessoal, um desequilíbrio financeiro ou vir a deixar de quitar o imóvel por morte ou invalidez. Neste caso, existem seguros que podem garantir o incorporador.
Quem faz e quanto custa
O boom imobiliário no Brasil fez recentemente com que boa parte das seguradoras criasse carteiras para seguros de obras ou seguros de responsabilidade civil de obras. O recomendável, no entanto, é agir com prudência na hora de contratar um seguro e procurar sempre seguradoras especializadas em riscos especiais. Quanto ao custo, é universal que um seguro custe muito menos que o pagamento da indenização que o responsável tenha de fazer. Em geral, o seguro custa o equivalente a 1% do valor global do empreendimento. O valor da apólice, porém, varia de caso a caso.
Entrevistado
- Adriano Valente Rocha, diretor da ValenteRocha Consultora e Corretora de Seguros
Currículo
- Engenheiro civil formado pela UFPR (Universidade Federal do Paraná).
- Corretor formado pela Funenseg (Escola Nacional de Seguros) e que há 10 anos atua como especialista em riscos especiais, dentre os quais figuram as soluções para riscos de responsabilidade civil, riscos para engenharia e seguros garantia.
Contato: adriano@valenterocha.com.br / www.valenterocha.com.br
Crédito foto: Divulgação/ValenteRocha
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Crédito imobiliário precisa criar fontes alternativas
Mercado cresce mais do que os recursos gerados pela caderneta de poupança para financiar imóveis e Abecip prevê escassez em três anos
Por: Altair Santos
A Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) iniciou em 2011 uma cruzada para alertar o governo brasileiro de que o modelo de financiamento imobiliário no país precisa ser revisto. Atualmente, apenas duas fontes geram recursos para quem precisa emprestar dinheiro para comprar a casa própria. Uma é o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a outra é a caderneta de poupança.

Em 2010, de 1,052 milhão de imóveis residenciais financiados, 631 mil utilizaram dinheiro do FGTS e 421 mil do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). O comprometimento dos recursos do fundo de garantia e da poupança chegou a 57% do estoque. Por lei, o limite de financiamento destas duas fontes não pode extrapolar o teto de 65%. Segundo a Abecip, no ritmo atual de crescimento, isso deve ocorrer em três anos.
O problema é que, enquanto a demanda por financiamento imobiliário cresce a taxas de 50% ao ano no Brasil, o FGTS e a poupança só conseguem expansão média anual de 20%. “A escassez dessa fonte de recursos está prevista para dentro de dois a três anos. Aí está uma preocupação: temos de buscar fontes alternativas de financiamento”, alerta Luiz Antonio Nogueira de França, presidente da Abecip.
Segundo o dirigente, o governo brasileiro já está atento a esse descompasso, assim como o sistema financeiro. "Estamos trabalhando muito com a Secretaria de Política Econômica, do Ministério da Fazenda. Felizmente, o governo se sensibilizou sobre o assunto", afirma Luiz França. Segundo ele, uma das propostas é que o governo estimule os bancos privados a entrar no mercado de crédito imobiliário. Hoje, 85% desta modalidade de financiamento é gerenciado pela Caixa Econômica Federal.
A Abecip defende que o incentivo às instituições financeiras privadas poderia vir na forma de uma autorização para que elas emitissem títulos para captar recursos específicos para o financiamento imobiliário e também na redução dos impostos cobrados dos bancos para operar esse tipo de crédito.
A associação defende alternativas como a securitização e os covered bonds – espécie de título de investimento que já tem ampla aceitação na Europa, por exemplo. “São papéis de longo prazo, adequados ao financiamento imobiliário. No caso dos covered bonds, será necessária uma grande discussão envolvendo todas as entidades e o governo, para que venhamos a ter uma estrutura em que as prestações, com as novas fontes de funding (dívida de longo prazo) sejam semelhantes às atuais”, destaca o presidente da Abecip.
A busca de novas alternativas de financiamento também é vista como estratégica para fomentar o crédito imobiliário, que hoje representa apenas 4% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. “Acreditamos que, em 2014, esse número deve atingir 11% do PIB, com uma carteira da ordem de R$ 500 bilhões”, estima Luiz Antonio França, que apesar dos gargalos se mostra otimista. Ele compartilha da ideia de que o mercado imobiliário tem garantido crescimento sustentado para os próximos 20 anos.
Serviço
Quer saber mais sobre o assunto?
Dia 2 de junho de 2011, em São Paulo, a Abecip promove o seminário “Ampliando o funding para o mercado imobiliário”.
Mais informações no www.abecip.org.br
Entrevistado
Luiz Antonio França, presidente da Abecip (Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança)
Currículo
- Graduado em Engenharia Civil, formado pela Universidade Mackenzie
- Diretor Gerente do Banco Itaú, desde 1995
- Diretor do Credit Lyonnais Securities Corporate Finance (Nova York - USA)
- Conselheiro da CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras)
- Diretor do Comitê Executivo de Negócios da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos)
- Membro do Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Construção Civil - MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior)
- Membro do Conselho Estadual de Habitação de São Paulo
Contato: abecip@abecip.org.br / imprensa@abecip.org.br (assessoria de imprensa)
Crédito foto: Divulgação/Abecip