Região portuária e centro histórico do Rio viram canteiro de obras gigante
Parceria Público-Privada injeta R$ 8 bilhões na principal intervenção urbana em andamento no Brasil, e que engloba 5 milhões de metros quadrados
Por: Altair Santos
A principal intervenção urbana em andamento no Brasil acontece na região portuária e no centro histórico do Rio de Janeiro. Num espaço de 5 milhões de metros quadrados, uma Parceria Público-Privada (PPP) está injetando R$ 7,6 bilhões em um plano de infraestrutura que engloba desde a transformação do sistema viário da região até investimentos em saneamento básico e telecomunicações. Batizado de Porto Maravilha, o projeto transformou a porta de entrada da capital fluminense em um gigantesco canteiro de obras. A previsão é que permaneça assim até 2015, quando toda a revitalização da área deverá estar concluída.
As obras abrangem 4 quilômetros em túneis, reurbanização de 70 quilômetros de ruas e avenidas, 650.000 metros quadrados de calçadas, reconstrução de 700 quilômetros de redes de infraestrutura urbana, além de 17 km em ciclovias. As mudanças principais no traçado virão com a construção de uma nova avenida e a substituição do Elevado da Perimetral por uma nova via expressa, que será metade em túnel e metade em nível. “Essa mudança vai aumentar a capacidade de tráfego em 50%. Além disso, está em estudo a implantação de um sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), interligando diversos pontos da região”, explica Jorge Luiz de Souza Arraes, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP), responsável pela implantação do Porto Maravilha.
O empreendimento, além de envolver megaobras, é um desafio à engenharia, pois a região está repleta de prédios antigos – boa parte deles tombados pelo patrimônio histórico do Rio de Janeiro. “O maior desafio será a construção dos túneis do binário e da via expressa, pelo fato de serem subterrâneos e com profundidade média de 15 metros, para evitar interferências na infraestrutura urbana e nas estruturas dos edifícios. Entretanto, por se tratar de intervenção em uma região estratégica, por suas características históricas, sociais e econômica, os desafios são muito mais de gestão do processo de transformação”, analisa Jorge Luiz de Souza Arraes.
Quando concluídas as obras, o consórcio Porto Novo - composto pelas construtoras OAS, Norberto Odebrecht e Carioca Engenharia - terá direito a explorar a região até 2025. A primeira etapa do empreendimento deve estar finalizada até o final de 2012 e envolve, além da renovação da infraestrutura urbana, a implantação do Museu de Arte do Rio (MAR), com inauguração prevista para junho de 2012, e do Museu do Amanhã, cujas obras começaram em dezembro de 2010. A fase dois teve início em 15 de junho de 2011 e deverá ser concluída até 2015. “O objetivo do Porto Maravilha é se tornar referência de urbanização para outras cidades”, comenta o presidente da CDURP.
O projeto Porto Maravilha possibilitou também uma requalificação da região portuária do Rio. Significa que o uso do solo industrial foi transformado em residencial, comercial e empresarial, através de uma nova lei de zoneamento da área. O redesenho permite a construção de prédios de até 50 andares no local. “Essa operação urbana consorciada vai criar novas condições de trabalho, moradia, transporte, cultura e lazer para a população e fomentar expressivamente o desenvolvimento econômico da cidade”, avalia Jorge Luiz de Souza Arraes. Por conta desta intervenção urbana, o metro quadrado na região já custa mais de R$ 4,5 mil.
Pavimento rígido
Nos túneis a serem executados, as obras subterrâneas serão construídas pelo método NATM (New Austrian Tunneling Method) por causa do terreno formado por material de baixa coesão, e em região de prédios antigos. O NATM consiste na escavação sequencial do maciço, utilizando concreto projetado como suporte, associado a outros elementos como cambotas metálicas, chumbadores e fibras no concreto, em função da capacidade autoportante do maciço. Quando prontos, os túneis receberão pista em pavimento rígido. Mas não será apenas nesta etapa do Porto Maravilha que o concreto estará manifesto. O material se fará presente também nas redes de drenagem, de esgoto e de telecomunicações, em forma de pré-fabricado.
Mais informações
Conheça o projeto Porto Maravilha
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Entrevistado
Jorge Luiz de Souza Arraes, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP)
Currículo
- Engenheiro civil especializado em engenharia sanitária e ambiental, em planejamento ambiental e política de urbanização.
- Coordenou projetos do Departamento de Pesquisas do Banco Nacional da Habitação (BNH), gerenciou a área de Saneamento e Desenvolvimento Urbano na Caixa Econômica Federal.
- O executivo também foi diretor imobiliário da Fundação dos Economiários Federais (Funcef).
- Atualmente é presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP), responsável pela implantação do projeto Porto Maravilha.
Contato: jorge.arraes@cdurp.com.br / lubraga@cdurp.com.br (assessoria de imprensa) / www.portomaravilha.com.br Twitter:@portomaravilha
Créditos Fotos: divulgação/ CDURP/ www.cidadeolimpica.com/ Lucíola Villela
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330a
Sul mapeia gargalos para melhorar competitividade
Federações das Indústrias do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul criam Comitê de Infraestrutura e Logística para interagir com governos e sugerir soluções
Por: Altair Santos
Estudo inédito sobre a logística e a infraestrutura de transporte na região sul do Brasil pretende mapear os principais gargalos do setor, a fim de que a questão receba tratamento diferenciado dos governos estaduais e federal. Batizado de Sul Competitivo, o projeto é uma iniciativa das Federações das Indústrias dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (FIEP, FIESC e FIERGS) e conta ainda com o apoio da Confederação Nacional da Indústria. A meta é traçar uma radiografia do que há hoje e apresentar soluções integradas para o transporte de produtos através de portos, aeroportos, ferrovias, hidrovias, dutovias e rodovias.
Uma consultoria foi contratada para levantar os dados e deverá concluir o estudo até fevereiro de 2012. Neste período, uma equipe de 12 profissionais fará um amplo diagnóstico das condições de infraestrutura de transportes na região sul e nas ligações com o Mercosul (Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai). Serão pesquisadas 19 cadeias produtivas, que englobam 70 produtos agrícolas, minerais, florestais e industriais. “Serão analisados números sobre a produção atual e futura e o local de consumo de todas essas cadeias, bem como as matrizes origem-destino e o impacto destas no custo logístico”, explica Olivier Girard, diretor da Macrologística, consultoria que está à frente do desenvolvimento do estudo.
Trabalho semelhante já foi encomendado pelos estados da região Norte e só de custo com logística o projeto passou a gerar economia anual de R$ 3,8 bilhões. A expectativa é que o Sul Competitivo ofereça também dados para baratear a produção e o transporte de cargas. “Quanto mais redução houver nos custos logísticos e no lead time (período entre início da produção e a chegada do produto ao consumidor) melhor será para os nossos produtores, que terão a oportunidade de reduzir os custos e aumentar a competitividade no mercado”, avalia Paulo Eduardo Rodrigues Ceschin, coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).
Na análise de Ceschin, dependendo do setor industrial, infraestrutura e logística estão em primeiro lugar na ordem hierárquica dos problemas. “Eles afetam diretamente a produção, quer em nível micro ou macro, e muitas vezes chegam a sobrepor as questões tributárias”, diz. Especificamente sobre o Paraná, o coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEP avalia que o estado trava uma corrida contra o tempo. “Ao compararmos nossa infraestrutura e facilidades logísticas com nossos concorrentes, lamentamos constatar que estamos em nítida desvantagem. Nas últimas décadas rarearam grandes investimentos em infraestrutura e logística no nosso estado. Dessa forma, temos que correr contra o tempo”, completa.
A FIEP, através do Conselho Temático de Infraestrutura, elenca quais devem ser as prioridades para que o Paraná se torne competitivo:
- Investimentos na expansão da base portuária, com ampliação da capacidade operacional dos portos.
- Ampliação da estrutura aeroportuária, com destaque para a implantação de uma nova pista do Aeroporto Internacional Afonso Pena, além da ampliação do terminal de cargas e de passageiros.
- Modernização do sistema rodoviário, com a duplicação dos corredores que ligam os principais pólos do estado.
- Construção de uma nova ferrovia ligando Guarapuava a Paranaguá.
Saiba mais
O Conselho Temático de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Paraná é composto por 30 membros, entre representantes de setores produtivos, sindicatos empresariais e de entidades de classes. Dele também participam organismos ligados à engenharia, como o Sindicato das Empresas da Construção Pesada (SICEPOT) e o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA/PR).
Entrevistado
Paulo Eduardo Rodrigues Ceschin, Coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEP
Currículo
- Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
- Mestre em Administração e Direção de Empresas pela MDA ESADE. É presidente da empresa Geoplan do Brasil LTDA
- Ocupa o cargo de Coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEP
- É membro do Conselho Temático Permanente de Infraestrutura da CNI
Contato:
pceschin@geoplan.com.br
conselhotematico@fiepr.org.br
secretaria@geogroupbrasil.com.br
eloyse.bacila@fiepr.org.br
Créditos Fotos: Mauro Frasson/Fiep, Divulgação/Fiep, Gílson Abreu/Fiep
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Um líder precisa ser respaldado por valores, princípios e ética (Podcast)
O CEO (Chief Executive Officer) da Volvo Brasil, Yoshio Kawakami, afirma que aprendizado é apenas um aspecto na formação de lideranças. Vocação e experiência de vida também são definidores
Por: Altair Santos
Currículo: Yoshio Kawakami, presidente da Volvo Construction Equipment Latin America
Engenheiro Mecânico e de Produção graduado pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI)
É ainda pós-graduado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing e pelo Programa de Desenvolvimento Gerencial (PDG)
Iniciou sua carreira como engenheiro de qualidade em 1975. Está na Volvo Construction Equipment Latin America desde 2000. Além do português, sua língua materna, fala fluentemente inglês, espanhol e japonês
Contato: newton.chagas@volvo.com (assessoria de imprensa)
Clique no player abaixo e ouça agora um resumo da entrevista. Para ouvir a entrevista na íntegra clique aqui.
Com mão de obra e recursos abundantes, China vive era das megaconstruções
País ergueu em tempo recorde a maior ponte do mundo sobre o mar. No Brasil, entraves legais ainda impedem que se atinja esse nível de competitividade
Por: Altair Santos
Os maiores empreendimentos de infraestrutura do mundo atualmente estão concentrados na China. O país tornou-se o centro das megaobras, como a recentemente inaugurada Ponte Qingdao Haiwan. Com 41,58 quilômetros, ela foi construída em quatro anos e cruza o golfo de Hangzhou, tornando-se a mais prodigiosa intervenção da engenharia sobre o mar. Projetada pelo Shandong Gausu Group, a ponte liga a cidade de Qingdao aos subúrbios da ilha de Huangdao, na baía de Jiaodhou.
A megaobra custou o equivalente a R$ 85 milhões por quilômetro. O preço final foi de R$ 3,59 bilhões. Por cruzar um trecho de mar com fortes ondas, a ponte é sustentada por mais de 5 mil pilares e consumiu 450.000 toneladas de aço – o suficiente para quase 65 Torres Eiffel – e 2.300.000 metros cúbicos de concreto, o que daria para encher 3.800 piscinas olímpicas. Outro marco do empreendimento é o túnel submarino em que a ponte se transforma quando chega a Qingdao, percorrendo 3.950 metros abaixo do nível do mar.
Depois desta obra, que foi inaugurada no final de junho de 2011, a China já se prepara para iniciar outro desafio à engenharia: em dezembro começará a construção da ponte que ligará Hong Kong a Macau, ao custo de quase R$ 15 bilhões. O valor é mais elevado do que o complexo Qingdao Haiwan, porque paralela à ponte haverá um corredor de transporte público (veículo leve sobre trilhos). O projeto terá 29,6 quilômetros de extensão, incluindo um túnel de 6,75 quilômetros. A previsão é que esse novo megaempreendimento fique pronto em 2016.
Comparando com o Brasil, o tempo de construção e o custo das obras de infraestrutura na China são infinitamente menores. Um exemplo é a ponte sobre o rio Negro, em Manaus, que mede 3,6 quilômetros e começou a ser erguida em 2007 – mesmo ano da que liga Qingdao a Huangdao -, mas ainda não está pronta. A previsão é que seja inaugurada em outubro de 2011. Essa obra, a princípio orçada em R$ 574,8 milhões, não será concluída por menos de R$ 1,07 bilhão.
Outro exemplo é o projeto da nova ponte sobre o rio Guaíba, em Porto Alegre, que ainda não saiu do papel. Com uma extensão de 2,9 quilômetros – catorze vezes menor do que a ponte chinesa – ela está orçada em R$ 1,16 bilhão e as obras devem durar no mínimo quatro anos. Para o engenheiro civil e diretor da ANEINFRA (Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura), Alessandro Borges, há vários aspectos que diferenciam a China e o Brasil quando o assunto são obras de infraestrutura. Entre eles, recursos, mão de obra e modelos legais para a viabilização de construções. É o que o especialista explica a seguir:
A China inaugurou recentemente a maior ponte sobre o mar. Pelo tamanho da obra, foi construída em tempo recorde. Por que eles conseguem promover esse tipo de empreendimento com tanta eficiência e o Brasil não?
Essa eficiência da China para construir grandes obras de infraestrutura se deve, primeiro, à quantidade de recursos de que ela dispõe. Ela não precisa importar nada. Tem aço, cimento e outros insumos todos em casa. Por conta dessa indústria de base muito boa, o país consegue viabilizar obras a um custo bem mais barato.
O que o Brasil precisaria para atingir tal nível de excelência?
A China tem 1,4 bilhão de habitantes e, consequentemente, uma mão de obra excedente e de baixíssimo custo. Eles ainda estão naquela transição de população rural, que ainda representa 40% dos chineses, para população urbana. Some-se a isso um sistema de contratação muito diferente do nosso. Aqui no Brasil a legislação trabalhista e o controle sobre uma obra, através do TCU (Tribunal de Contas da União), são muito rigorosos. O regime de contratação de obras deles é muito mais simplificado e a legislação ambiental quase inexiste. No nosso caso, temos uma das leis ambientais mais rígidas do mundo. Então, até que uma obra no Brasil consiga atender todas as exigências legais leva-se muito tempo. Isso é que torna a China mais competitiva.
Além disso, quais os outros entraves que mais prejudicam as obras de infraestrutura no Brasil?
Em geral, as grandes construções de infraestrutura são intensivas em mão de obra. No Brasil, o custo por empregado é de 100% a 120% do salário dele, ou seja, você contrata uma pessoa por R$ 1.000,00 e o custo para o empregador vai ser de até R$ 2.200,00, incluindo aí Previdência Social, 13.º Salário, FGTS, COFINS, etc, e tudo isso recai como custo para o empregador e será repassado para a obra. Na China não tem sistema de previdência social. O empregado chinês não tem nenhuma garantia trabalhista. Se ele está empregado, está recebendo. Terminou a obra, não tem seguro-desemprego, não tem previdência social, não tem nada. Enquanto no Brasil a gente trabalha em níveis de valorização ao trabalho, na China o trabalhador não tem amparo nenhum. No Brasil, o amparo tem seu custo, tanto para aumentar o valor da mão de obra quanto para aumentar o custo da obra em si. Outro fator importante também é o chamado Custo Brasil (carga tributária alta, juros elevados e burocracia e corrupção) que chega a onerar uma construção em até 40%. Este custo na China está em torno de 15%. Então são componentes que contribuem muito para que no Brasil o custo de obra seja mais caro se comparado com a China.
Ou seja, não há parâmetro de comparação que possam equiparar o Brasil ao atual nível de competitividade com a China.
Os parâmetros entre Brasil e China são muito distintos. Para mudar isso envolveria mudanças muito grandes na nossa regulamentação e na nossa legislação. Não se pode pensar hoje em mudar o nosso código ambiental de um dia para o outro sem ter um amplo debate. O Brasil é um país democrático e a democracia pressupõe que para se mudar as regras do jogo deve haver debate. Na China isso não é feito, porque o governo é centralizado, não existe uma democracia de fato. Um grupo decide e isso é imposto. Aqui no Brasil a gente tem que seguir os ritos democráticos. De qualquer forma, para acelerar as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) o governo recentemente propôs o RDC (Regime Diferenciado de Contratação) que é uma forma de simplificação do regime de contratação para a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016, que hoje é baseado na Lei 8.666/93, uma lei importantíssima, moralizadora e que trouxe rédeas curtas aos contratos de licitação. Mas a RDC tenta flexibilizar um pouco mais para que empreendimentos como o PAC andem mais rápido do que seria o normal. É uma ferramenta importante para se acelerar o processo licitatório no Brasil.
Entrevistado
Alessandro Borges, diretor de comunicação da ANEINFRA (Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura) com sede em Brasília
Currículo
- Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Goiás (1995)
- Pós graduado em Ciência da Computação pela Universidade de Brasilia (2004)
- Pós graduado em Governança em Tecnologia da Informação pela UnICESP (2010)
- Analista de Infraestrutura da Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos, ligada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
- Diretor de Comunicação e Divulgação da Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura
Contato: alessandroborges@gmail.com
Crédito: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Otimismo e inovação marcam a 14.ª edição da Construsul
Segunda maior feira da construção civil no país, evento em Porto Alegre apresentou novidades ao mercado e celebrou pujança do setor
Por: Altair Santos
Com 543 expositores, 73 mil visitantes em quatro dias e R$ 250 milhões em negócios, a Construsul – maior feira da construção civil da região sul do país – realizou sua 14.ª edição em clima de otimismo. “Ela não foi maior por falta de espaço”, revelou Luís Inácio Sebenello, diretor do evento que ocorreu na primeira semana de agosto de 2011, em Porto Alegre.
A Construsul foi também vetor de inovações, tanto em produtos quanto em equipamentos. Além disso, paralelamente à feira foi promovido o seminário “Tecnologia, Inovação e Sustentabilidade na Construção Civil”. “As palestras procuraram mostrar formas de construções planejadas, mais produtivas e integradas ao meio ambiente”, disse o presidente do Sinduscon-RS (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul), Paulo Vanzetto Garcia.
O programa do seminário incluiu palestras do professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) em Gerenciamento de Projetos, Aldo Dórea Mattos, que abordou a importância da utilização de produtividades realistas no orçamento e no planejamento de obras, e do representante do Sinduscon-PR, Ivanor Fantin Júnior, que tratou das discussões que tramitam na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre as revisões das normas NBR 14037 - Manual de operação, uso e manutenção das edificações, NBR 5674 - Manutenção de edificações e NBR 15575 - Edifícios Habitacionais de até 5 Pavimentos – Desempenho.
No âmbito dos negócios, a Construsul serviu para que empresários do Rio Grande do Sul anunciassem o lançamento de fábricas de artefatos de cimento voltadas para o setor de saneamento básico e infraestrutura. Também mostrou equipamentos inovadores, como o que realiza o reboco automatizado de paredes. Com um rendimento de 400 m² por dia, a máquina corresponde ao serviço de 12 operários. Essa tecnologia foi apresentada na ExpoMáquinas – evento paralelo à Construsul e voltado a equipamentos para a construção civil.
A feira também envolveu transações internacionais, já que expositores de Israel, Estados Unidos, Argentina, Equador e China participaram do evento. Mas foram os negócios internos que impulsionaram a Construsul, o que deixa o setor otimista. Segundo a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) a estimativa é que em 2011 as vendas atinjam crescimento de 6,5% superior a 2010, quando o comércio faturou R$ 49,08 bilhões. “O que se observa é que o setor da construção atingiu um ciclo de crescimento sustentável e que no segundo semestre de 2011 deve seguir em um ritmo forte”, concluiu Cláudio Richter, diretor de eventos da Construsul.
Entrevistados
Luís Inácio Sebenello e Cláudio Richter, diretores da Sul Eventos, organizadora da Construsul
Contato: Jaqueline Vargas, coordenadora de comunicação da Sul Eventos: jaqueline@suleventos.com.br
Créditos: Divulgação/Construsul
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Nova classe C não para de crescer e muda paradigmas do setor imobiliário
É ela quem move o mercado consumidor atualmente no Brasil e, prestes a se tornar maioria, exige qualidade. Entre seus sonhos, o da casa própria é prioridade
Por: Altair Santos
Entre 2008 e 2010, cerca de 13,3 milhões de pessoas passaram a fazer parte da classe C no Brasil. A informação está no estudo "Os Emergentes dos Emergentes", que a Fundação Getúlio Vargas fez para o Construbusiness 2010 (Seminário da Indústria Brasileira da Construção). O levantamento mostrou que em 2003 a classe C representava 66 milhões de habitantes, atualmente está em 95 milhões e em 2014 deverá chegar a 113 milhões, tornando-se maioria no país. Por conta desta alteração na pirâmide social, está mudando também o padrão de consumo dos brasileiros.
Atento ao movimento, o setor imobiliário passou a atender esse nicho com produtos diferenciados e desenvolvidos exclusivamente para suprir as necessidades habitacionais da nova classe C. Marketing, recursos, investimento em pesquisa e tecnologia construtiva foram revistos diante da mudança de paradigmas imposta pelo mercado. A ponto de atualmente quase todas as grandes construtoras do país contarem com braços empresariais para atender exclusivamente o segmento popular.
Trata-se de algo bem diferente do que vivia o setor da construção civil até 2005, quando o mercado imobiliário sobrevivia da oferta de imóveis para as classes A e B. “Hoje, impulsionada pelo programa Minha Casa, Minha Vida, a classe C passou a ser a grande protagonista da construção civil na área residencial”, avalia o economista Márcio Falcão, consultor do Data Popular – Instituto de Pesquisa especializado em apurar dados sobre a população emergente do Brasil.
Segundo o Data Popular, a nova classe C começou a surgir de 2001 para cá. Emergiu das classes D e E e, sufocada por restrições ao crédito e pela baixa renda, vivia com recursos limitados. A partir do momento em que a oferta de crédito se expandiu e a renda começou a aumentar, ela emergiu com demanda reprimida pelo consumo, com destaque pela casa própria. “Na lista de prioridades da classe C está a formação dos filhos e a complementação dos estudos, seguida pela aquisição da moradia”, explica Márcio Falcão.
Para o economista do Data Popular, o que surgiu desta nova classe C é um consumidor cuja palavra-chave é “custo-benefício”. “É uma classe que busca ser atendida bem e que exige produtos de qualidade acima de tudo”, diz, alertando que o fabricante que confunde o consumidor emergente com aquele que poderia ser atendido com um produto de qualidade inferior pode ter problemas. “Se uma empresa pensa que vai vender um produto de qualidade inferior para este público corre sério risco de não ser dar bem. Estudos mostram que a propaganda boca a boca é muito mais forte neste grupo, tanto para elogiar quanto para criticar”, acrescenta Márcio Falcão.
Perfil
De acordo com dados da mais recente Pesquisa de Amostra Domiciliar (Pnad), a nova classe C tem renda familiar de R$ 1 mil a R$ 4 mil por mês. Ela é majoritariamente urbana (89%) e, em sua maioria, está em três regiões brasileiras: Sul (61%), Sudeste (59%) e Centro-Oeste (56%). O percentual da população nessa camada social é maior em cidades de pequeno porte (45%), com menos de 100 mil habitantes, do que em regiões metropolitanas (32%) e em cidades de médio porte (23%).
Composta por maioria feminina (51%) e branca (52%), a nova classe C é predominantemente adulta, com mais de 25 anos (63%), e 99% de suas crianças e adolescentes (7 a 14 anos) frequentam a escola. Ainda de acordo com o Pnad, seis em cada dez pessoas da classe C estão empregadas. A maioria tem registro formal (42% com carteira assinada e 11% como funcionário público); 19% trabalham sem registro; outros 19% trabalham por conta própria; 3% são empregadores; e 6% não são remunerados. O perfil de formalização da classe C (53%) está acima da média nacional (47%). “Trata-se de uma classe que veio para ficar e que vai cada vez mais ter influência na economia do país”, finaliza Márcio Falcão, do Instituto Data Popular.
Entrevistado
Márcio Falcão, consultor do Instituto Data Popular
Currículo
Economista formado pela FAAP, com mestrado em economia pela PUC-SP.
Contato: sabrinah@datapopular.com.br (assessoria de imprensa)
Crédito: Divulgação/Data Popular
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Vulnerabilidade exige produção de 300 mil profissionais de TI até 2012
Brasil é um dos mais ameaçados na área de tecnologia da Informação e precisa reagir rápido. Recentes ataques a sites governamentais comprovam isso
Por: Altair Santos
Pesquisa de março de 2011 divulgada pela Unisys – empresa mundialmente conhecida na área de Tecnologia da Informação - revela que o Brasil ocupa um surpreendente segundo lugar no índice geral de desconfiança em relação à internet. Entre as 14 nações pesquisadas, o país manteve-se à frente apenas da Colômbia. Na divisão por áreas, os brasileiros mostram-se bem preocupados com roubo de dados pessoais (77%), vírus e emails indesejáveis (43%) e compras on-line e internet banking (36%).
Na avaliação do presidente da APETI (Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação) Kleber Rodrigues Júnior, o Índice de Segurança da Unisys, como se intitula a pesquisa, revela que o brasileiro está tomando consciência de que a utilização da internet requer cuidados. “O Brasil é um dos países mais visados, mas o nível de imprudência está caindo. Com o avanço da utilização da internet as pessoas começam a ficar mais cuidadosas, mais maduras neste sentido, principalmente as novas gerações” avalia.
No entanto, o especialista alerta que nenhuma pessoa ou nenhuma corporação está totalmente segura na internet. A prova está nos recentes ataques a sites governamentais no Brasil, na invasão ao site da Sony, onde milhares de contas de usuários foram violadas, e até na tentativa de burlar a segurança do Google. “O risco tende a aumentar, a partir do momento em que tudo isso for levado para a nuvem, sem ter sistemas que possam nos garantir segurança”, diz, referindo-se ao Cloud Computing (Computação em Nuvem) uma espécie de rede virtual de servidores que armazenariam todos os dados disponíveis na internet.
Segundo Kleber Rodrigues Júnior, essa vulnerabilidade projeta para o Brasil, segundo dados do ministério da Ciência e Tecnologia, a necessidade de o país produzir até 2012 mais 300 mil profissionais de Tecnologia de Informação (TI) para dar conta da demanda nacional. “Só a cadeia produtiva da construção civil tem demandado muitos profissionais desta área. A saída talvez seja formar técnicos em TI, como tem feito a FATEC (Faculdade de Tecnologia de São Paulo) que tem cursos com duração de dois anos para abastecer o mercado”, analisa o presidente da APETI.
Entre os 10 em TI
Desde 2010, o Brasil integra a lista dos 10 países que mais investem em Tecnologia da Informação. Ao lado da China, é o único dos emergentes que faz parte desse grupo. A lista é encabeçada por Reino Unido, Alemanha, França, Suécia, Holanda, Finlândia e Estados Unidos. O Brasil está em 9.º lugar e já ultrapassou a Austrália. No investimento global em TI, o país ocupa a fatia de 2,1% - o ideal é que até 2014 duplique esse percentual. Hoje, as instituições financeiras brasileiras são as que mais investem no setor.
Entrevistado
Kleber Rodrigues Júnior, presidente da APETI (Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação)
Currículo
Graduado em Administração de Empresas pela FASP (Faculdades Associadas de São Paulo) com ênfase em Análise de Sistemas
Pós-graduado em Administração de Empresas pela INPG (Instituto Nacional de Pós-Graduação) em São José do Rio Preto
Cursou Planejamento Estratégico pela FGV, em São José do Rio Preto-SP
Contato: kleber@kpconsulting.com.br / www.kpconsulting.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Para engajar jovens, lideranças precisam ter estratégia definida
No Brasil, um dos desafios das empresas é obter comprometimento de trabalhadores com idade entre 18 e 29 anos. Especialista avalia que isso passa pelo modelo de gestão
Por: Altair Santos
Estudo global conduzido pela GfK - empresa de pesquisa de mercado - aponta que um dos desafios das corporações é obter o engajamento de jovens trabalhadores entre 18 a 29 anos. Na pesquisa, que envolveu 29 países, o Brasil desponta com um índice de comprometimento de 20%. É o 7.º na lista, a frente de Portugal, Alemanha, Reino Unido e Bélgica. Segundo a consultora em recursos humanos Maria Inês Felippe, quanto mais uma empresa tem um modelo de gestão preparado para receber esse tipo de trabalhador mais ela vai conseguir bons resultados. “A palavra de ordem é treinar lideres e trabalhadores neste novo cenário para saber lidar com a diversidade”, explica.
Maria Inês Felippe avalia que o caminho para obter comprometimento dos jovens é despertar neles “motivação e paixão”. “Se não existirem esses dois fatores o engajamento não acontece. Em se tratando de jovens em formação, cabe à liderança provocar tais sentimentos. São os dois lados da moeda: em um está o jovem, com seus valores, interesses e atitudes; no outro, a empresa, que também tem valores, interesses e atitudes. A conciliação disso se faz através do respeito em relação ao ser humano”, explica a consultora, afirmando que em corporações que praticam assédio moral e bullying, independentemente da faixa etária, o que se consegue é o desengajamento.
Analisando outro ponto destacado pela pesquisa da GfK, que é a questão do conflito de gerações, Maria Inês Felippe procura desmistificar o que o mundo corporativo passou a rotular de geração Baby booner, geração Y ou geração X. “Se a empresa tiver um estilo de liderança voltado para o engajamento, ele vai saber não só prevenir os conflitos como resolvê-los criativamente. É preciso buscar pontos de convergência. Volto a reforçar: não devemos nos preocupar somente com o jovem trabalhador, mas com todos”, diz, alertando que sem uma política de convergência as corporações correm o risco de sofrer com a alta rotatividade do trabalhador jovem – o turnover.
Para evidenciar essa tendência, o estudo da GfK mostra que 61% dos jovens trabalhadores acreditam que há oportunidades de carreira para eles, mas muitos acham que só vão encontrá-las em outro lugar – ou em outro país. Seis em cada 10 jovens trabalhadores (58%) estão procurando por um novo emprego ou estarão nos próximos seis meses e 41% estão dispostos a emigrar para encontrar um novo trabalho. Ainda no Brasil, 77% dos entrevistados acham que há oportunidades disponíveis para eles no mercado, 28% estão ou estarão procurando por um novo emprego nos próximos seis meses e 53% mudariam para outro país em busca de um emprego melhor. Além disso, 55% considerariam trocar de carreira.
São números que evidenciam que um dos pontos-chaves para o jovem trabalhador é conseguir o equilíbrio entre sua vida profissional e pessoal. Como resultado dessa tendência, a pesquisa revela que, no Brasil, 59% dos que têm idade entre 18 e 29 anos estão em busca deste equilíbrio. Segundo Maria Inês Felippe, a estatística demonstra que engajamento não tem muito a ver com oferta de emprego ou boa fase econômica. “Engajar profissionais não é somente em função do aquecimento da economia. Ele é, sobretudo, uma questão de estratégia empresarial”, completa.
Sobre a pesquisa
A GfK International Employee Engagement Survey foi realizada internacionalmente pela GfK. Ela inclui as opiniões de 30.556 adultos, que trabalham em 29 países e foram entrevistados entre 8 de fevereiro e 4 de abril de 2011, usando os seguintes meios: online, telefone, pessoal ou outra técnica de entrevista adequada para o país.
Criado há mais de 75 anos na Alemanha, o grupo GfK é a 4ª maior empresa de pesquisa de mercado do mundo. Com 115 subsidiárias, está presente em mais de 100 países nos cinco continentes. No Brasil, é a 4ª maior empresa de pesquisa, com 23 anos de atuação no mercado. Entre seus clientes, estão Unilever, Ambev, Schincariol, Coca-Cola, Pernod Ricard, Nestlé, Kraft, L`Oreal, Avon, Nívea, Colgate, SC Johnson, Mattel, Whirlpool (Brastemp), Vivo, TIM, Claro, Motorola, Nextel, Grupo Santander, HSBC, Bradesco, Itaú Unibanco, Mapfre, Leroy Merlin, Editora Abril, Roche, Boheringer, Nycomed, Wyeth, Novartis, GM, Volkswagen, Ford e Nissan.
Para mais informações acesse: www.gfkcr.com.br
Entrevistada
Maria Inês Felippe, consultora, palestrante e especialista em RH
Currículo
- Psicóloga pós-graduada em Administração de Recursos Humanos
- Mestre em Criatividade e Inovação Aplicada pela Universidade de Santiago de Compostela, Espanha. Realizou também o Training Course on Solving Human & Organizational Problems for Brazil, no Japão
- É autora do livro 4 C’s para Competir com Criatividade e da Inovação, lançado no CONARH 2007, pela Editora Qualitymark, e co-autora de cinco livros
- Vice-presidente de Interação ABRH Nacional com Academias
- Palestrante convidada da Faculdade de Fernando Pessoa (Portugal), professora de graduação e pós-graduação: FAAP, INPG (Instituto de Pós-graduação) e MBA Instituto Chiavenato (SP)
- Professora convidada pela USP no “Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais”, do Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores da Polícia Militar do Estado de São Paulo
- Membro atuante em entidades como ABRH e ABTD
- Criadora e Gestora do Prêmio APARH - Revista Vencer! de Criatividade nas empresas e do 1.º Fórum de Inovação Aplicada ao Negócio
Contato: mariaines@mariainesfelippe.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Trecho leste do Rodoanel terá inovações construtivas
Ponte de 11 quilômetros será erguida pelo sistema “encontro leve estruturado” para causar menos impacto ambiental. Obra é estratégica para economia paulista
Por: Altair Santos
A experiência adquirida durante a construção dos trechos oeste e sul do Rodoanel será usada para dar mais celeridade às obras do trecho leste, que começam em setembro de 2011. O empreendimento é o terceiro de quatro etapas do sistema viário que contorna o município de São Paulo, criado para desafogar o tráfego de veículos pesados da área urbana da maior metrópole do país.
O novo trecho terá 43,5 quilômetros de extensão e será estratégico para a economia paulista, pois vai ligar as cinco rodovias do trecho oeste (Bandeirantes, Anhanguera, Raposo Tavares, Castello Branco e Régis Bittencourt) ao sistema Anchieta-Imigrantes e, consequentemente, ao Porto de Santos. Diferentemente de outras etapas do Rodoanel, a parte leste teve um modelo de licitação com menos encargos, o que permitirá pedágios mais baratos.
Outra inovação é que o trecho, previsto para ser concluído em 36 meses, terá obras menos impactantes para o meio ambiente. Por exemplo, para atravessar a transposição das várzeas dos rios Guaió e Tietê o consórcio responsável pela construção - o SPMar – optou por erguer uma ponte com 11 quilômetros de extensão pelo sistema “encontro leve estruturado”.
A literatura sobre engenharia ensina que esse modelo construtivo consiste de fundação com estacas de 70/80 t, com um bloco de ancoragem, de onde nascem os pilares, com 7 m a 15 m de altura no máximo. A meso-estrutura é complementada com uma viga que serve de apoio para a laje (moldada in loco), com comprimento máximo de 8 m a 10 m.
Túnel de 1.100 m
O trecho leste do Rodoanel cortará sete municípios da região metropolitana de São Paulo: Guarulhos, Suzano, Arujá, Ribeirão Pires, Poá, Itaquaquecetuba e Mauá. Além da ponte sobre a região de Suzano, outra intervenção da engenharia para poupar áreas de preservação será a construção do túnel na região de Mauá, que desviará o Parque Ecológico da Gruta de Santa Luzia.
Com 1.100 metros de extensão, o túnel terá a rocha removida transformada em pedra britada para utilização no pavimento. Como nos trechos anteriores do Rodoanel, o leste também dará prioridade ao pavimento em concreto, por causa do grande fluxo de veículos que as pistas receberão. Estima-se 12 mil por dia, com projeção de que 60% voltado para o transporte de carga.
O consórcio responsável pelo trecho ainda não tem projeções sobre o volume de concreto a ser empregado na obra. No entanto, a opção será pela produção dos pré-moldados de concreto em usinas que serão instaladas próximas aos locais de uso das peças.
Antes desta etapa, o consórcio precisa da desapropriação de 16,7 milhões m² de área, nos sete municípios onde o trecho leste vai passar. Para essa etapa serão gastos R$ 1,1 bilhão. O custo total da obra está orçado em R$ 5,1 bilhões.
Para realocar quase 900 imóveis, entre rurais e urbanos, a SPMar estabeleceu parcerias com as prefeituras dos municípios por onde a obra vai passar. “Nós ficaremos três anos nessas cidades realizando a construção. E essa aproximação se faz necessária, uma vez que, seremos todos parceiros dessa grande obra”, disse o presidente do consórcio, Sérgio Santillan.
Um dos atrativos para os municípios que serão cortados pelo trecho leste do Rodoanel é a geração de empregos. A concessionária estima criar em torno de seis mil postos de trabalho diretos e perto de 27 mil indiretos. Os canteiros de obras já estão em fase final de conclusão e quando as obras começarem, 10 frentes de trabalho simultâneas vão atuar ao longo do trecho.
Especificações técnicas do trecho leste do Rodoanel de São Paulo
Obras de Arte
Superestrutura
- Moldada no local sobre escoramento direto
- Com tabuleiro composto por vigas pré-moldadas
- Executadas pelo método dos balanços sucessivos
Obra de Arte Especial
Infraestrutura
- Na presença de solos moles
- Com estadas escavadas com lama bentolítica
- Com tubulões em ar comprimido
- Com estacas metálicas
Pavimentação
- Pavimento rodoviário com o mínimo de 4 faixas, 2 faixas em cada sentido, com os seguintes revestimentos: placas de concreto de cimento Portland, concreto asfáltico modificado por polímeros e concreto asfáltico com adição de borracha SMA (Stone Mastic Asphalt)
Túneis
- Túnel rodoviário com o mínimo de 4 faixas, 2 faixas em cada sentido, compreendendo escavações em 1ª, 2ª e 3ª categoria de material
Entrevistado
ARTESP (Agência de Transporte do Estado de São Paulo)
Concessionária SPMar
Contatos: imprensa@artesp.sp.gov.br / www.artesp.sp.gov.br / luiz.ferreira@gwacom.com (assessoria de imprensa)
thiago.manolio@gwacom.com (assessoria de imprensa)
Crédito Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Construção civil pode ser importante indutor da sustentabilidade
Setor já trilha a linha da economia verde na área residencial, mas precisa de maior engajamento da construção pesada, avalia especialista da Fundação Getúlio Vargas
Por: Altair Santos
Pesquisa recentemente encomendada pela MIT Sloan Management Review – revista norte-americana especializada em sustentabilidade e inovação - mostra que mais da metade da cadeia produtiva da construção civil (54%), a nível global, já adota estratégias de sustentabilidade. Para a coordenadora do Programa Finanças Sustentáveis e Sustentabilidade Empresarial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberta Simonetti, trata-se de um sinal positivo, mas é preciso mais. “É importante engajar a outra metade. No caso do Brasil, principalmente a construção pesada”, diz.
Segundo a especialista, convencer esse segmento da construção civil é crucial para que o setor torne-se indutor da sustentabilidade no país. “A construção civil, por depender do uso de uma série de produtos carbointensivos de grande impacto ambiental, pode ser um bom indutor de melhorias nos demais segmentos. O problema é que, especialmente na construção pesada brasileira, o setor concentra-se num pequeno número de grandes empresas que, aparentemente, ainda não estão muito dispostas a mudar a forma de atuação”, avalia.
Simonetti analisa que no Brasil o setor de construção residencial já iniciou um movimento em direção à sustentabilidade, mas é pouco se comparado com países desenvolvidos da Europa. “Há um movimento natural de países desenvolvidos, com um elevado nível de educação e com poucos recursos naturais, em buscar novas tecnologias. Países que não possuem reservas de petróleo e nem grandes rios para gerar energia hidrelétrica saem na frente”, afirma.
Holanda e Alemanha são exemplos, por estarem investindo em construções de casas capazes de absorver calor de forma eficiente no inverno, reduzindo a necessidade da energia fóssil e de energia nuclear. “A eficiência energética é outro ponto de grande relevância quando se fala da contribuição que a construção civil pode dar. Até 75% da energia consumida por um edifício está na fase pós-construção. Se todas as construtoras considerassem a melhor tecnologia disponível para a redução do consumo de energia ao longo do ciclo de vida de um edifício, poderíamos chegar a uma redução estimada entre 25 e 30% da demanda energética do setor”, calcula.
Roberta Simonetti, no entanto, avalia que faltam incentivos governamentais para estimular a construção civil a dar passos mais rápidos em direção a práticas sustentáveis. “Isso tem um custo que, quando incorporado ao preço de um imóvel, o torna mais caro do que os concorrentes não-sustentáveis. Se existissem políticas claras e eficazes de incentivo à eficiência energética, que tornassem esse cenário menos distorcido, as construções sustentáveis ganhariam espaço”, completa.
Falta consenso sobre o que é sustentabilidade
Na entrevista a seguir, a coordenadora do Programa Finanças Sustentáveis e Sustentabilidade Empresarial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberta Simonetti, analisa que, assim como o Brasil, boa parte do planeta ainda está procurando entender os conceitos de sustentabilidade. Para ela, falta consenso, o que torna o discurso um e a prática outra. Confira:
Os líderes empresariais parecem já ter percebido a importância de adotar políticas de sustentabilidade nas corporações. Mas até que ponto o discurso e a prática têm andado juntos?
Alguns líderes perceberam e já iniciaram um movimento crescente, porém ainda não é uma visão amplamente difundida. Dentre aqueles que adotaram tais práticas, nem todos as aplicam da mesma maneira, com a mesma profundidade e intensidade. O caminho da sustentabilidade nem sempre é uma escolha autêntica. Ouvimos dizer: “Não importa se a escolha é por convicção ou por conveniência, o importante é fazer”. Eu discordo em parte, pois na minha visão apenas a escolha por convicção é capaz de induzir a verdadeira mudança. Uma escolha por conveniência está sujeita a ser deixada de lado, caso não seja mais “conveniente”. Um fato é que não existe um consenso, uma visão e compreensão uniforme do que seja sustentabilidade. Por isso alguns preferem descrever o que nos torna insustentáveis. O TNS (“The Natural Step”) fala em quatro condições sistêmicas, ou seja, quatro condições para que o nosso sistema seja sustentável. Mas poucos líderes, de fato, levam isso em consideração e realmente a sério. Três destas condições estão relacionadas ao ambiente físico, à biosfera, que é onde se desenvolve a vida: “Aumento sistêmico da concentração na biosfera de substâncias extraídas da crosta terrestre e de substâncias produzidas pelo homem e a degradação por meios físicos”. A quarta condição fala sobre a sociedade e a capacidade das pessoas de satisfazer suas necessidades. Em outras palavras, o modelo econômico atual se baseia na contínua (e crescente) transformação de recursos (naturais ou minerais) em bens. Tal processo, como todos os demais, gera perdas que convencionamos chamar de resíduos.
Ou seja, o discurso é um e a prática é outra.
A falta de sintonia entre discurso e prática é fato e pode ter diferentes causas. Pode ser a simples atitude de marketing, uma ação superficial por pura conveniência momentânea, ou talvez uma incoerência devido à falta de compreensão e de visão de como as coisas estão correlacionadas. Um exemplo contundente é o fato de que, apesar de sabermos dos limites físicos do planeta, tanto de prover recursos como de absorver resíduos – dos quais, muitos que produzimos sequer podem ser “reciclados pela natureza” - continuamos a falar em crescimento, aumento de produção, aumento de consumo. Isso é insustentável. É a contraposição entre crescimento e desenvolvimento, pois nada no mundo, na natureza, cresce indefinidamente. Todos os seres vivos, produto de bilhões de anos de evolução, crescem até certo ponto e depois “apenas” se desenvolvem. A única coisa que cresce (fisicamente) dentro de nós são os tumores, um sinal de que algo está muito errado.
Envolver todos os processos, da diretoria ao chão da fábrica, passando pela cadeia de fornecedores, parece ser o grande dilema para que programas de sustentabilidade funcionem na prática dentro das corporações?
Existe o lado físico da sustentabilidade, relacionado às questões mencionadas acima. Mas tão importante quanto, é o lado social. Um dos pilares da sustentabilidade é a complexidade, onde todos os elos estão interligados, onde todos se influenciam mutuamente. Cada um tem um importante papel a cumprir, devendo ser envolvido para haver maior coerência nas ações e maiores chances de se encontrar uma solução conjunta e que seja, de fato, transformadora e eficiente. Os processos podem ter origens diferentes: alguns começam na diretoria e caminham em direção ao “chão da fábrica”, outros caminham em sentido contrário. Alguns começam nos fornecedores ou nos clientes. Todos são importantes. É claro que um alto escalão convicto e, autenticamente decidido, tem maiores chances de “fazer funcionar”, pois é quem gerencia os recursos, humanos e financeiros, necessários para que ocorra a mudança. As empresas mais engajadas e mais avançadas nesse processo já conseguiram internalizar uma série de conceitos e práticas. Algumas colocaram as questões da sustentabilidade na sua estratégia, como eixo central da sua atuação, e agora partem para influenciar a sua cadeia, especialmente os fornecedores.
Daria para deduzir que o Brasil, assim como a maioria dos países, ainda busca um modelo de economia verde?
Sem dúvida, existe esse movimento fora e dentro do Brasil, mas estamos apenas começando a trilhar esse caminho e precisamos acelerar o passo. Veja, este é o tema central da Rio+20 e de outras iniciativas que antecedem este evento, como a conferência do Instituto Ethos. O PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), por meio do TEEB (The Economics of Ecosystems and Biodiversity) tem trabalhado muito com esse tema. A Conservação Internacional (CI) lançou recentemente (junho de 2011) uma edição do seu periódico Política Ambiental dedicado a esse tema (“Economia Verde: Desafios e Oportunidades”). Precisamos lembrar que a ideia da “economia verde”, apesar de ser um conceito ainda em construção, é ampla e inclui não apenas questões ambientais, mas também questões sociais. Não é o mesmo (apesar de alguns terem essa compreensão) que uma “economia de baixo carbono”, apesar de também envolver esta questão. Trata-se de um modelo econômico que foca em atividades que “aproveitam e potencializam o capital natural, social e humano, considerando em suas decisões os limites do planeta e os interesses sustentáveis da sociedade”, de acordo com o “Green Economy Coalition”.
Quais setores da economia brasileira estão dispostos a buscar soluções de sustentabilidade? Um exemplo talvez seja a parceria Ambev e WWF-Brasil. Mas o que nisso é ação de sustentabilidade e ação de marketing?
Isso é uma referência ao Movimento CYAN, que, segundo a empresa, tem por objetivo “promover o uso consciente da água, um recurso elementar para a vida no nosso planeta” e também fazer com que a empresa assuma o “compromisso de aperfeiçoar sua atuação, por meio de metas arrojadas de redução de consumo de água em seus processos de produção”. Esse é um exemplo que visa trazer a sustentabilidade para a estratégia da companhia. O negócio da AMBEV se baseia no uso intensivo do recurso natural água. Um recurso que, apesar de ter uma quantidade constante no planeta, está se tornando (economicamente) escasso devido ao mau uso, desperdício, poluição, etc. A questão que se apresenta não é a “finitude da água”, mas sim o aumento crescente dos custos de tratamento da água ou mesmo a impossibilidade de remoção de algumas substâncias, tais como os disruptores endócrinos. A empresa percebeu que em alguns lugares seu negócio seria inviabilizado por falta deste recurso e resolveu agir. Não me parece, portanto, uma ação de marketing, mas sim uma ação para possibilitar a continuidade do negócio. É uma iniciativa onde ganha a empresa e ganha a sociedade. É claro que existem incoerências, como em todo o ser humano e em todas as atividades humanas, e o nosso objetivo deve ser constantemente a busca pela coerência. No caso deste setor, por exemplo, sabemos que um dos grandes problemas está relacionado à questão social, especialmente ao consumo de álcool, às questões de saúde e segurança, e à questão dos resíduos sólidos. Todas essas questões precisam ser equacionadas de forma coerente e conjunta.
Ainda é comum empresas atuarem publicamente em projetos ambientais, mas lutarem contra medidas de controle aos danos ao meio ambiente?
Sim, existem exemplos clássicos. Esse é o problema de não agir sistemicamente e de atuar por conveniência. De que serve, por um lado, salvar certa espécie da fauna e por outro intoxicar outras tantas com excesso de poluição? De que adianta gerar energia (“limpa”) renovável às custas da diminuição da biodiversidade, áreas de conservação, extermínio de espécies da flora e da fauna, prejuízo de populações tradicionais e desrespeito à própria constituição? A legislação (até agora) do país é uma das melhores no mundo, mas frequentemente desrespeitada. O debate sobre o código florestal é um bom exemplo. O setor empresarial viu as propostas de alteração como uma possibilidade de redução de custos com ações para a recuperação de passivos ambientais, por exemplo, porém não fizeram a correlação com os serviços ecossistêmicos prestados pelas áreas florestais e o provimento de água e a estabilização climática, entre outros.
No entanto, cresce a percepção de que é preciso criar estratégias de sustentabilidade, até para garantir mais competitividade?
O conceito de competitividade é um dos que precisa evoluir na nossa sociedade. Competitividade não encontra eco na sustentabilidade. O desafio é o da colaboração. Já imaginou o que aconteceria, por exemplo, se o cérebro “resolvesse” competir com o rim, ou outro órgão, por oxigênio? A grande questão é que somos individualistas, seja como cidadãos ou como empresas. É preciso entender que não existe “empresa sustentável”. Ou seremos todos sustentáveis, como sociedade e civilização, ou todos, cedo ou tarde, fracassaremos. É claro, que, olhando para o contexto da empresa, e pensando em um conceito “menos canibal” da competitividade, mas como a possibilidade de permanecer ativo e vivo no mercado, as estratégias de sustentabilidade são vitais. De um lado, por que temos a questão da redução de custos e de riscos e, nesse caso, por exemplo, a eficiência pode ser uma aliada. Por outro lado, é crescente o nível de exigência dos consumidores, de obter produtos mais “responsáveis social e ambientalmente”. O fato é que isso ainda é bastante restrito devido a questões econômicas e culturais, leia-se educação.
O custo para realizar mudanças e a falta de incentivos governamentais, incluindo os fiscais, atrapalha esse avanço para uma economia verde?
Sim, sem dúvida nenhuma. Lester Brown (presidente do Earth Policy Institute) em seu livro “Plano B 4.0 Mobilização para Salvar a Civilização” aponta como um dos fortes mecanismos a mudança de impostos e subsídios. Basicamente significa uma mudança estrutural, que diminua a cobrança de impostos que incidem sobre renda e aumente os impostos das atividades destrutivas da natureza. Nosso modelo de formação de preços de produtos e serviços desconsidera custos indiretos (também chamados de externalidades), por exemplo, custos relacionados à saúde, à poluição, às mudanças climáticas. Um exemplo citado é o do “preço real da gasolina”, onde menciona que um estudo mostra que os custos indiretos (pagos pela sociedade e relacionados às mudanças climáticas, subsídios e reduções fiscais para a indústria petrolífera, proteção ao suprimento de petróleo, tratamento de doenças respiratórias relacionadas às emissões de poluentes atmosféricos) correspondem a um valor 3 vezes o preço do litro de gasolina pago pelo cidadão americano. Se esses custos indiretos fossem de fato computados e internalizados, os carros elétricos, por exemplo, se tornariam viáveis.
Entrevistada
Roberta Simonetti, coordenadora do Programa Finanças Sustentáveis e Sustentabilidade Empresarial da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Currículo
Bacharel e licenciada em Física pela Universidade de São Paulo Mestre em Ciências (Física de Partículas Elementares) e Doutora em Ciências (Mecânica Estatística) pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo
Possui Especialização em Gestão de Sustentabilidade pela EAESP-FGV
Desde 2006 integra a equipe do GVces (Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-EAESP) coordenando o Programa de Sustentabilidade Empresarial e Finanças Sustentáveis
Dentre os projetos executados neste programa, destacam-se as metodologias do Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa (ISE) e do Guia Exame de Sustentabilidade, a elaboração da Matriz de Indicadores do Protocolo Verde e o GT da ISO 26000
Atuou por nove anos em instituição financeira internacional, nas áreas de gerenciamento de riscos de mercado e análise quantitativa e, previamente, desenvolveu atividades no campo educacional, ministrando aulas de Física e participando da elaboração do curso de Física do Telecurso 2000, da Fundação Roberto Marinho
Contato: roberta.simonetti@fgv.br