Bilionário saudita impõe mais um desafio à engenharia: erguer prédio de mil metros
Projeto pretende superar o Burj Khalifa, construído em Dubai, e que tem 828m de altura. Empreendimento exige investimento superior a US$ 1 bilhão e alta tecnologia
Por: Altair Santos
Inaugurada em 2010, a torre Burj Khalifa, construída em Dubai, está com o seu título de edifício mais alto do mundo ameaçado. Com 828 metros de altura, ela deverá ser superada em 172 metros, caso o projeto do bilionário príncipe saudita Alwaleed bin Talal se concretize. A intenção é que até 2016 a cidade de Jeddah, na Arábia Saudita, abrigue uma torre com 1.000 metros de altitude, transformando-se na mais imponente do planeta.
Para erguer a Kingdom Tower, estima-se investimento de US$ 1,23 bilhão de dólares (R$ 2,21 bilhões). A torre será desenhada pelo escritório de arquitetura norte-americano Adrian Smith + Gordon Gill e será construída pela Saudi Binladin Group (SBG). O custo da obra é menor do que o da Burj Khalifa, que saiu por US$ 1,5 bilhão (R$ 2,7 bilhões), e foi erguida pela construtora Emaar Properties.
Os cálculos preveem que a Kingdom Tower consumirá pelo menos 500 mil m³ de concreto e tenha 530 mil m² de área construída. Comparativamente, a Burj Khalifa consumiu 330 mil m³ de concreto e 31.400 mil toneladas de aço. Concreto e aço, aliás, formam a base estrutural dos arranha-céus até hoje construídos. Essas edificações só se tornaram possíveis quando estes materiais passaram a ser produzidos em escala industrial.
O primeiro edifício com mais de 100 andares foi construído em 1931, na ilha de Manhattan, em Nova York. O Empire State Building, com 102 andares e 381 metros de altura, sustentou o título de maior do mundo até 1972, quando foi inaugurado o World Trade Center, também em Nova York. Isso desencadeou uma corrida por megaedifícios, que se propagou por outros continentes. Atualmente, os 10 maiores prédios do mundo são:
1º) Burj Khalifa, em Dubai, com 828 m e 163 andares
2º) Taipei 101, na Tailândia, com 508 m e 101 andares
3º) Centro Financeiro Mundial Xangai, na China, com 492 m e 101 andares
4º) Centro Comercial Internacional, em Hong Kong, na China, com 484 m e 108 andares
5º) Petronas Towers, na Malásia, com 452 m e 88 andares
6º) Zifeng Tower, em Nanjing, na China, com 450 m e 88 andares
7º) Sears Tower, em Chiga (EUA), com 442 m e 108 andares
8º) Centro Financeiro Guangzhou Internacional, na China, com 439 m e 103 andares
9º) Torre Trump Internacional, em Chicago (EUA), com 423 m e 98 andares
10º) Empire State Building, em Nova York (EUA), com 381 m e 102 andares
Construções de arranha-céus, no entanto, exigem tecnologias próprias, como explica o engenheiro Manoel Lapa e Silva, especializado em estruturas pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Confira:
Em termos de legado para a engenharia e a arquitetura, o que obras como esses arranha-céus deixam, sob o ponto de vista de tecnologias construtivas?
A construção de edifícios altos exige a adoção de tecnologias feitas sob medida para cada caso. Em prédios de baixa e média altura, é possível a utilização de tecnologias correntes de pré-fabricação e outras que dão ganhos de escala. Em muitos casos, em edifícios altos, é necessário desenvolver concretos especiais de alto desempenho, ensaios em túnel de vento de modelos reduzidos, com o objetivo de conceber estruturas mais eficientes e econômicas, e aparelhos de apoios especiais de grandes dimensões, para permitir a rotação e o deslocamento de peças estruturais e, assim, liberar os apoios de determinados esforços horizontais introduzidos pelo vento e terremotos. Em alguns casos, são contratados institutos de pesquisa para desenvolver e ensaiar materiais e calcular esforços de soluções inovadoras. A
pesquisa científica e tecnológica tem contribuído para o desenvolvimento de soluções que, posteriormente, podem ser adaptadas para casos correntes.
Em termos de materiais usados nestes empreendimentos, só o concreto permite erguer megatorres ou apenas com a combinação concreto e aço isso é possível?
Tanto o concreto como o aço, sozinhos ou combinados, são utilizados para a construção de edifícios altos. É certo que, normalmente, são utilizados tanto concretos de alto desempenho (CAD) quanto aços especiais. Do ponto de vista do dimensionamento estrutural, admite-se que um edifício pode ser considerado alto quando a influência das cargas horizontais (devidas ao vento e sismos) assume uma importância considerável. Com o aumento da altura, torna-se crucial atender à influência das ações horizontais na concepção do sistema estrutural. Assim, o partido estrutural adotado deve prever uma rigidez global que permita resistir às ações horizontais. Um outro aspecto a ser observado é o encurtamento diferencial dos pilares pela ação do peso próprio.
O Brasil já tem tecnologia e material humano capaz de erguer prédios com mais de 100 andares ou isso ainda é uma realidade distante do país?
O Brasil já tem há muitos anos capacidade para projetar e construir construções complexas incluindo edifícios altos. Já existem, inclusive, edifícios altos construídos com tecnologia nacional.
O que leva à construção de edificações como essas? Elas são lucrativas ou valem mais pelo marketing que proporcionam mundo afora?
Em grandes metrópoles, onde o custo do solo é muito alto em áreas centrais, construir edifícios altos pode ser economicamente interessante. Em alguns casos, como nos Emirados Árabes, a razão pode ser política, pela afirmação de nações em mostrar a capacidade de empreender e atrair a atenção de grandes empresas e pessoas de alta renda.
Saiba mais aqui.
Entrevistado
Manoel Lapa e Silva, vice-presidente do Clube de Engenharia
Currículo
Engenheiro civil com especialização em estruturas, formado em 1975 na UFRJ. Tem projetos estruturais construídos no Brasil e no exterior. É primeiro vice-presidente do Clube de Engenharia
Contato: diretoria@clubedeengenharia.org.br
Créditos Fotos: Divulgação/AS+GG/Skyscraper
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Aeromóvel de Porto Alegre tem previsão de ficar pronto em 2012
Obra vai consumir 2.600 m³ de concreto e trem vai circular sobre pilares e vigas de pré-moldado que pesam até 80 toneladas
Por: Altair Santos
Atualmente, uma das principais obras em andamento em Porto Alegre - prevista no cronograma de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014 – é a construção do aeromóvel. O veículo sobre trilhos irá percorrer um trecho de 998 metros, fazendo a ligação entre o aeroporto internacional Salgado Filho e a estação de metrô mais próxima do complexo aéreo da capital gaúcha.
Trata-se de uma engenharia meticulosa, já que envolve a fabricação e o transporte de grandes peças de concreto pré-moldado. Os 48 pilares, cada um pesando 12 toneladas e medindo 15 metros, serão transportados da fábrica Premold, em Sapucaia do Sul - distante 20 quilômetros de Porto Alegre – até o local da construção, enquanto outras 48 vigas, cada uma pesando 80 toneladas, serão fabricadas no próprio canteiro de obras do aeromóvel.
Segundo o engenheiro Amilton Ribeiro, gerente de fiscalização da ETM Integradora de Serviços de Engenharia Ltda., empresa que lidera o consórcio do empreendimento, a construção do aeromóvel vai envolver 2.600 m³ de concreto. “As peças maiores são as que comportarão o duto de propulsão e os trilhos de rodagem do veículo”, explica. A expectativa é de que o aeromóvel seja inaugurado no primeiro semestre de 2012.
Os trens que irão circular sobre a estrutura em pré-moldado não utilizam a tecnologia MagLev, mas sim um sistema de propulsão pneumático. O ar é soprado por ventiladores industriais de alta eficiência energética, por meio de um duto localizado dentro da via elevada. O vento empurra uma aleta (semelhante a uma vela de barco) fixada por uma haste ao veículo, que se movimenta sobre rodas de aço em trilhos. “Para nós é um projeto inédito”, explica Amilton Ribeiro.
Atualmente 90 pessoas trabalham na construção do aeromóvel. Segundo relatório de fiscalização da Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S/A) de setembro de 2011, a obra está com 36% de sua execução concluída. A fase atual é de instalação de 204 estacas para receber os pilares, e também de montagem das formas das vigas que serão fabricadas “in loco”.
Simultaneamente, o canteiro de obras já recebeu 20,9 toneladas de trilhos ferroviários, por onde os trens irão percorrer. Além disso, os dois veículos – um com capacidade para 150 passageiros, outro para 300 - estavam com 29% de seus projetos concluídos até setembro de 2011. A empresa responsável pela fabricação do aeromóvel é a T’Trans Sistemas de Transportes S.A. O custo total do empreendimento está estimado em R$ 29.877.9
57,31.
Animação do aeromóvel de Porto Alegre: http://vimeo.com/14681034
Entrevistado
Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S/A)
Contato
kaue.menezes@trensurb.gov.br (assessoria de imprensa)
http://www.aeromovel.com.br
http://www.trensurb.gov.br
Twitter: @Trensurb
Créditos Fotos: Divulgação/Trensurb
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
PBQP-H faz construção civil entender diferença entre investimento e custo
Programa nasceu para estimular a cadeia produtiva na busca de modernização tecnológica, além de balizar a industrialização de produtos em conformidade com as normas técnicas
Por: Altair Santos
Pode-se dizer que a construção civil, no que tange principalmente ao enfoque habitacional, tem um antes e um depois do surgimento do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). Em mais de 10 anos, o PBQP-H vem estabelecendo parcerias entre o setor público e o setor privado, no sentido de buscar soluções para a condição do habitat urbano nas cidades brasileiras.
Através do programa, o Estado passou a atuar como agente indutor da cadeia produtiva, enfrentando desequilíbrios nos padrões de qualidade, práticas da não conformidade e baixo nível de inovação tecnológica - fatores que contribuíam para um habitat urbano de baixa durabilidade.
Na coordenação deste QG que norteia a produção de habitações no país está a arquiteta Maria Salette de Carvalho Weber, que na entrevista a seguir mostra como funciona o PBQP-H junto à construção civil. Confira:
O PBQP-H já existe há mais de 10 anos. Neste período, que legado ele deixou?
Os resultados alcançados neste período de implementação do programa são diversos. Depoimentos de representantes dos prestadores de serviço revelam que, se antes os empresários encaravam a implementação de um sistema de qualidade em suas empresas como custo, hoje eles a veem como um investimento e sabem que o retorno é certeiro e rápido. O menor desperdício e a menor necessidade de manutenção de um produto da construção civil, apesar de não aferidos, justificam o esforço realizado. Outro aspecto relevante é a ampliação de abrangência do programa, com a inclusão dos setores de saneamento e infraestrutura urbana, oriunda da mudança de enfoque para habitat, introduzindo-se os conceitos de sustentabilidade. Isso faz com que o programa seja atualmente chamado a debater em outros fóruns, passando a ser um programa do Ministério das Cidades que contempla hoje a questão da sustentabilidade. Isso amplia naturalmente mais ainda o seu leque de parcerias, como, por exemplo, a parceria com o MME (Ministério das Minas e Energia) na questão da eficiência energética em edifício.
O que motivou a criação do PBQP-H?
Um dos maiores desafios do Estado e do setor da construção civil é encontrar soluções para a melhoria das condições do habitat urbano. A baixa qualidade das habitações e da infraestrutura urbana prejudica fundamentalmente os segmentos de baixa renda da população. Em 1998, um esforço conjunto em busca da qualidade e produtividade do setor ganhou corpo com a criação do PBQP-H, no qual o Estado passou a atuar como agente indutor e mobilizador da cadeia produtiva da construção civil para mudar a realidade do setor, que era marcada por desigualdade nos padrões de qualidade, prática da não conformidade intencional e baixo nível de inovação tecnológica - fatores estes que contribuíam para um habitat urbano de baixa qualidade.
Desde a origem do PBQP-H, o programa sofreu muitas transformações ao longo do seu percurso?
Desde a origem do PBQP-H houve uma maior participação do setor privado, que passou a ter um maior comprometimento com a qualidade na execução das obras e na fabricação de materiais em conformidade com as normas técnicas. O programa ganhou projeção nacional, como era o desejo do setor e do governo federal, que passou a apoiar o esforço de reestruturação do setor produtivo em torno de duas questões fundamentais: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva. Ao longo do percurso, o PBQP-H ampliou suas responsabilidades na garantia de que os investimentos do governo em habitação e saneamento tenham qualidade e custo adequados, tornando o programa um aliado importante da política do ministério das Cidades voltada para a redução do déficit habitacional e melhoria da infraestrutura urbana, principalmente por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida.
Como funciona a estrutura do PBQP-H e quanto ele tem de participação do setor público e do setor privado?
O PBQP-H está sob o abrigo do ministério das Cidades, mais especificamente na Secretaria Nacional de Habitação. O programa funciona em gestão compartilhada entre o setor público e o setor privado, fundamentado em parcerias, onde o setor público exerce o papel de indução, mobilização e sensibilização da cadeia produtiva. Essa parceria se dá de forma transparente, baseada fundamentalmente em discussões técnicas, respeitando a capacidade de resposta do setor e as diferentes realidades regionais. Buscam-se, com esse processo, metas e ações consensuais por todas as partes envolvidas, com base em um diagnóstico conjunto feito pelo governo e setor privado. Sua estrutura está organizada na forma matricial de seus sistemas. Para possibilitar a gestão e articulação com a sociedade e o setor privado, foram criadas uma coordenação geral, um comitê consultivo (CTECH), um grupo de assessoramento técnico (GAT) e os sistemas implementados (SiAC, SiMaC e SiNAT). Cada sistema conta com uma comissão nacional, podendo subdividir em outros colegiados, tais como comitês, fóruns e grupos de trabalho.
Como era a construção civil antes do PBQP-H e depois. Mudou muito o setor, desde que o programa passou a balizá-lo?
O cenário do setor de fabricantes de materiais e componentes para a construção civil, antes da implantação do PBQP-H, apresentava baixos índices de conformidade. De 1998 a 2002, foi definida a Meta Mobilizadora da Habitação, que previa a elevação para 90% o percentual médio de conformidade com as normas técnicas dos produtos que compõem a cesta básica de materiais de construção. Na atualidade, já existem materiais que ultrapassaram a meta de 90% de conformidade, promovendo um cenário de crescente isonomia competitiva no setor da construção civil.
Como funciona o SiMaC (Sistema de Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos)?
A implantação do SiMaC, viabilizada pelos Programas Setoriais da Qualidade (PSQs), que hoje são trinta, envolve as atividades de normalização técnica, desenvolvimento de programas de avaliação da conformidade, realização de auditorias e de ensaios laboratoriais, acompanhamento dos indicadores da conformidade técnica do setor e outras atividades de TIB (Tecnologia Industrial Básica). Nos PSQs, o número de marcas acompanhadas é em torno de 1.100 e de produtos avaliados é aproximadamente 4.500. Destaca-se que o indicador de conformidade com as normas da ABNT nos PSQs acompanhados é, em média, de 81%. Antes da implantação do SiMaC, este indicador era entorno de 40%.
E o SiAC (Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras)?
No que tange ao sistema de gestão da qualidade, antes do PBQP-H, poucas empresas de serviços e obras estavam aptas para certificarem o sistema de gestão baseados na série de normas ISO 9000. O SiAC, com abrangência nacional, estabeleceu níveis progressivos de certificação, com caráter evolutivo, que possibilita a implantação gradual do sistema de gestão da qualidade nas empresas de serviços e obras. Atualmente, o número de empresas certificadas no SiAC alcançou o número de 2.670, o que representam mais de 70% das empresas habilitadas nos agentes financiadores públicos de habitação.
E a função do SiNAT (Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Produtos Inovadores), qual é?
Outro sistema é o SiNAT, que possibilita a harmonização de critérios para a avaliação com base no desempenho de componentes e sistemas construtivos inovadores, reduzindo as práticas heterogêneas de avaliação no país, trazendo maior segurança ao usuário e ao agente financiador. Com menor risco dos intervenientes, estimula-se o desenvolvimento e o emprego de inovação tecnológica na cadeia produtiva da construção civil, resultando no aumento da competitividade do setor. Atualmente, contamos com cinco diretrizes publicadas, que estabelecem os critérios e as metodologias para a avaliação técnica de sistemas construtivos em paredes de concreto, integrados por painéis estruturais pré-moldados, tipo steel frame e wood frame. Desde o início da operação do SiNAT, em 2009, foram aprovados seis sistemas construtivos inovadores, e encontra-se em avaliação nas Instituições Técnicas mais de setenta produtos inovadores.
O caráter do PBQP-H é de ser indutor de inovações ou de corretor de rota do que precisa ser melhorado?
Principalmente de indutor, por meio de regulamentação e o uso do poder de compra para a implantação de mecanismos de modernização tecnológica e gerencial, contribuindo para ampliar o acesso à moradia, em especial para a população de menor renda.
Especificamente na área de cimento e concreto, que tipo de acompanhamento desenvolve o PBQP-H?
O cimento e o concreto são acompanhados em todos os sistemas do PBQP-H. No SiAC, o cimento está entre os materiais controlados e o concreto está presente nos serviços de execução controlados conforme o nível de certificação da empresa. No SiMaC, o cimento portland conta com um Programa Setorial de Qualidade (PSQ) e o concreto está presente em dois PSQs: o de lajes pré-fabricadas e o de blocos de concreto e peças de concreto para pavimentação. A finalidade dos PSQs é de promover a isonomia competitiva, induzindo o setor para produção de materiais em conformidade com as normas técnicas. O concreto também é avaliado com base no desempenho no âmbito do SiNAT, em dois sistemas construtivos inovadores: paredes de concreto armado moldadas no local e painéis estruturais pré-moldados - de acordo com os requisitos e as metodologias definidas em Diretrizes SiNAT.
Como se posiciona hoje a construção civil brasileira em comparação a outros países?
A cadeia produtiva da indústria brasileira é bastante heterogênea. A inovação tecnológica é a alternativa para o aumento da produtividade e competitividade do setor no plano nacional e internacional. As políticas do governo, principalmente o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), impulsionaram o crescimento e vêm estimulando a modernização do setor da construção civil.
Entre os programas federais, o PBQP-H se envolve mais com o Minha Casa, Minha Vida ou com o PAC?
O PBQP-H está mais focado no Programa Minha Casa, Minha Vida, sendo este um dos seis eixos de atuação do PAC, e também mais voltado para as políticas sociais.
O que define que uma empresa seja qualificada como nível A, B, C ou D do PBQP-H?
O nível D é a etapa inicial para a implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Os demais níveis são alcançados por meio de certificação, que são efetuadas por organismos acreditados pelo Inmetro. Os níveis de avaliação da conformidade são diferenciados pelos requisitos do SGQ que são atendidos, assim como o percentual dos materiais e dos serviços de execução que são controlados pela empresa.
CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Caixa Econômica Federal e Ministério das Cidades firmaram recentemente um acordo setorial nacional para garantir a qualidade das contratações de obras e serviços incluídos no MCMV e no PAC. Que tipo de atuação terá o PBQP-H nesta tarefa?
O objetivo deste acordo é estabelecer os critérios da contratação de unidades habitacionais e definir os prazos de adequação das empresas aos níveis de avaliação da conformidade do SiAC do PBQP-H para a contratação de empreendimentos dos programas habitacionais geridos pelo Ministério das Cidades e operados pela Caixa. Dentre as atividades previstas, o PBQP-H é um dos responsáveis pela mobilização do setor da construção civil, promoção do acordo e articulação com as entidades do setor.
Entrevistada
Maria Salette de Carvalho Weber, Coordenadora Geral do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades
Currículo
- Arquiteta formada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL-RS) em 1983
- Tem pós-graduação em Arquitetura pela Universidade de Brasília (UnB) 1985
- Conta com especialização em Gestão pela Qualidade no Setor Público (ENAP/PR) 1992, além de curso de mestrado em Planejamento Urbano pela Universidade de Brasília (UnB) 1996
- É funcionária de carreira do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, desde 1985
- De 1985 a 1988, assessorou o Programa Especial Cidades de Porte Médio e Regiões Metropolitanas
- De 1989 a 1990 fez acompanhamento técnico aos Projetos de Lei em Tramitação no Congresso Nacional, relacionados com a questão Urbana e Habitacional da Secretaria de Desenvolvimento Habitacional do MINTER (Ministério da Terra)
- De 1990 a 1992 chefiou a divisão de Normas e Procedimentos da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério da Ação Social (SNH/MAS)
- De 1992 a 1996 chefiou a Divisão de Desenvolvimento Tecnológico e Coordenadora do Programa Nacional de Tecnologia da Habitação (PRONATH) da Secretaria de Habitação do Ministério do Bem-Estar Social (SH/MBES)
- De 1996 a 1999 chefiou a Divisão da Coordenação Geral de Fundos da Secretaria de Política Urbana (SEPURB/MPO)
- De 1999 a 2002 tornou-se coordenadora técnica do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade da Habitação (PBQP-H)
- A partir de 2003 assumiu a coordenação geral do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) da Secretaria Nacional de Habitação do ministério das Cidades
Contato: salette.weber@cidades.gov.br
Créditos Fotos: Divulgação/Ministério das Cidades
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Prédios sustentáveis devem começar pelo canteiro de obra
Especialista alerta que terceirização na construção civil exige cuidados e que a base para um bom desenvolvimento da edificação está no cumprimento da NR 18
Por: Altair Santos
Desde a década de 1980, a construção civil brasileira adota a terceirização para os canteiros de obras. Hoje, reavaliando os problemas que surgiram em decorrência deste modelo, as construtoras estão dando aos seus departamentos de recursos humanos instrumentos para que possam fiscalizar e auditar as empreiteiras que lhe prestam serviço. Essa mudança de comportamento vai além de questões organizacionais e trabalhistas. Tornou-se importante também para que uma edificação siga os preceitos de sustentabilidade e esteja de acordo com a NR 18 (Norma Regulamentadora número 18).
Criada em 1995, e aperfeiçoada por uma série de portarias, a norma surgiu para estabelecer diretrizes nos canteiros de obras, definindo ordem administrativa, planejamento e organização, medidas de controle, sistemas preventivos de segurança e processos de proteção ao meio ambiente. “A base para todo o trabalho que será desenvolvido tem início na organização do canteiro de obras. Conhecer a NR 18 e aplicá-la é primordial para uma construção que se pretende sustentável”, explica a consultora Neide Gomes Barros, autora do livro Desafios na Arte da Construção - Novas Perspectivas na Gestão de Pessoas.
Neide Gomes alerta para os cuidados que devem ser tomados no momento em que se decide pela terceirização no canteiro de obras. “É importante observar os aspectos legais da contratação, assim como sua operacionalização, em função do afastamento da relação empregatícia, ou seja, o poder de mando inserido sobre os empregados perde importante ferramenta de controle”, diz, ressaltando que a fiscalização no cumprimento da legislação tem como objetivo a redução do risco trabalhista e a garantia da segurança e saúde do trabalho. “Estas responsabilidades devem ser realizadas de forma integrada entre setores, como gestão de contrato, Recursos Humanos e Segurança e Medicina do Trabalho”, completa.
RH especializado
A especialista ressalta, no entanto, que a terceirização é uma boa solução, principalmente para os canteiros de obras, desde que a empresa contratada apresente qualificação e responsabilidade trabalhista e previdenciária com seus colaboradores, além de se adequar às exigências da empresa que a contrata. “Os elevados índices de causas trabalhistas, resultantes da terceirização, têm levado as construtoras a maiores exigências no processo de contratação das prestadoras de serviços, como também maior rigor no controle e acompanhamento das exigências trabalhistas e previdenciárias”, reforça.
Para aprimorar as relações nos canteiros de obras, as empresas da construção civil passaram a especializar cada vez mais seus departamentos de recursos humanos. Capacitados, eles dispõem de mais instrumentos para desenvolver programas e ações direcionados às melhorias de questões como baixa qualificação profissional e turnover, gerando melhores condições no ambiente de trabalho. “As empresas estão desenvolvendo estratégias para atrair e reter seus talentos. Para isso, têm realizado parcerias com instituições como Sesi, Senai, Sebrae e universidades”, destaca Neide Gomes Barros.
Saiba mais sobre a NR 18: http://www.fundacentro.gov.br/dominios/PROESIC/anexos/NR18Atualizada.pdf
Sobre o livro Desafios na Arte da Construção - Novas Perspectivas na Gestão de Pessoas
A obra, de 150 páginas, editada pela Nossa Livraria, faz uma apresentação da atuação estratégica da área de Recursos Humanos em empresas da construção civil. De acordo com a autora, mesmo diante de um ambiente em constante mutação, é possível desenvolver um trabalho voltado para a qualidade e a produtividade.
Desafios na Arte da Construção - Novas Perspectivas na Gestão de Pessoas é destinado, principalmente, a profissionais da área de recursos humanos, empresários e gestores em geral, instituições de ensino, acadêmicos, além de profissionais da área da construção civil.
Entrevistada
Neide Gomes Barros, sócia-diretora da CAB (Consultores Associados do Brasil) – empresa de consultoria, assessoria, terceirização de gestão empresarial, recursos humanos, auditoria trabalhista e previdenciária
Currículo
- Graduada em serviço social pela UFAL (Universidade Federal de Alagoas)
- Tem mestrado em gestão empresarial pela Universidade Autônoma de Lisboa (UAL)
- É consultora para implantação de sistemas de gestão de qualidade, com base na NBR ISO 9001:2000, pelo Serviço nacional de Aprendizagem Comercial (Senac)
Contato: neide@cabconsultores.com.br / monica@cabconsultores.com.br (assessoria de imprensa)
Créditos Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Crise internacional não impede que PIB da construção cresça mais que o do país
Dados apontam que setor vai fechar 2011 e 2012 experimentando taxas maiores de avanço econômico do que outras áreas, apesar dos gargalos ainda existentes no Brasil
Por: Altair Santos
No 83º Enic (Encontro Nacional da Indústria da Construção) que aconteceu em agosto de 2011, em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff afirmou aos empresários do setor que o Brasil tem alicerces bem fundamentados para se proteger de uma segunda onda da crise internacional. Um deles é a cadeia produtiva da construção civil. Dados confirmam essa expectativa. Projeções do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) com base em estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que neste ano e em 2012 o PIB (Produto Interno Bruto) do setor será maior do que o do país.
O cenário vai repetir 2010, mas com menor intensidade. No ano passado, a construção civil cresceu 11,6% diante de um PIB de 7,5% do país. Neste ano, segundo Eduardo Zaidan, diretor de economia e presidente do conselho consultivo do SindusCon-SP, o setor vai crescer seguramente 5% diante de projeções do governo federal de que o Produto Interno Bruto do Brasil chegue a 4,5%, apesar de analistas de mercado, com base em projeções do departamento econômico do Citibank Brasil, avaliarem que esse número pode chegar no máximo a 3,7%. “Quando a economia cresce, a construção civil experimenta taxas maiores que a média dos setores”, confirma Zaidan.
O diretor de economia do SindusCon explica por que a construção civil tem conseguido estabelecer taxas de crescimento acima do país. “Como a construção civil é uma indústria de produção com prazos longos, pode-se dizer que o PIB de 2011 e boa parte do de 2012 já está contratado. Somente haverá tendência de diminuição nos índices de crescimento do setor se ao fim desses contratos não houver reposição de obras. Mas só poderemos verificar esta tendência observando o ritmo de crescimento da economia daqui a dois ou três trimestres futuros”, diz.
Zaidan também explica que o crescimento constante verificado nos anos recentes tem feito o setor resolver as distorções de produtividade, mas que o Brasil precisa fazer a sua parte solucionando os gargalos institucionais, micro e macroeconômicos. Entre eles estão os sempre apontados por todos os setores da economia nacional: carga tributária elevada, juros altos, complexidade tributária, insegurança jurídica, baixa qualificação profissional, burocracia, lentidão e complexidade nos procedimentos de obtenção de licenças e permissões municipais, estaduais e ambientais. “A lista é longa”, cita.
Um exemplo dado pelo diretor do SindusCon-SP está no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que não avança na velocidade que deveria, e cujas demandas vão passando de um ano para outro. Zaidan avalia que neste aspecto o Minha Casa, Minha Vida está trazendo resultados mais efetivos. “O MCMV contratou a construção de um milhão de novas moradias em 2009 e em 2010 e agora começou a fase dois do programa, com a promessa da contratação de mais dois milhões até 2014. Está indo bem, enquanto o PAC anda mais devagar”, analisa.
Por conta desses entraves é que ainda não é possível cravar que a construção civil entrou num período de crescimento sustentável, apesar de ter mudado de patamar de 2005 para cá. “Em face das vulnerabilidades latentes na economia brasileira, ainda não podemos falar em crescimento sustentável. Vale lembrar que na crise internacional de três anos atrás (2008) o setor cresceu apenas 1%. Mas o momento é positivo. É só observar o consumo de cimento e de concreto, que são umas das balizas do setor. As vendas estão em um bom patamar. Trata-se de produtos cativos da construção e não estocáveis. Com a maior formalização da construção, que aconteceu a partir de 2006 e 2007, fato saudável para o país, é impossível dissociar o crescimento de um e de outro, e eles são positivos.”
Três milhões de empregos
Atualmente, a cadeia produtiva da construção civil emprega formalmente três milhões de trabalhadores. A marca foi atingida no primeiro semestre de 2011. Dos 3.026.011 contratados com carteira assinada, 1.556.361 estavam no Sudeste, 634.247 no Nordeste, 421.833 no Sul, 237.357 no Centro-Oeste e 176.213 no Norte. Por isso, o setor é um dos alicerces do país contra a crise internacional.
Entrevistado
Eduardo Zaidan, diretor de economia e presidente do conselho consultivo do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo)
Currículo
- Graduado em engenharia civil pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP)
- Pós-graduado em Administração de Empresas pela EASP FGV-SP
- MBA Executivo Construção Civil pela Escola de Economia da FGV-SP
- Possui mais de 30 anos de experiência no mercado imobiliário e da construção
- Diretor executivo da RFM Construtora Ltda
- Diretor de Economia e presidente do Conselho Consultivo do Sinduscon-SP
Contato: zaidan@rfm.com.br / rmarko@sindusconsp.com.br (assessoria de imprensa)
Créditos Fotos: Divulgação/SindusCon-SP
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Para reduzir patologias, projetos de edifícios precisam planejar melhor as fachadas (Podcast)
Danos nos revestimentos são causados, na maioria das vezes, por uso de produtos inadequados ou pela mão de obra sem a devida qualificação
Por: Altair Santos
Currículo
Mércia Maria Bottura de Barros, professora-doutora do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
- Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de São Carlos (1985), mestrado (1991) e doutorado (1996) em Engenharia de Construção Civil e Urbana, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Atualmente é professora- doutora do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
- Tem experiência na área de Engenharia de Construção Civil. Participa do Grupo de Ensino e Pesquisa em Tecnologia e Gestão da Produção de Edifícios
- Os trabalhos realizados são focados nas linhas "Inovação e racionalização nos processos construtivos e Gestão da produção na construção civil , voltados aos temas: projetos de modernização produtiva (códigos de práticas e capacitação e certificação profissional), racionalização e Inovações em vedações verticais e horizontais e revestimentos
- Atua também na área de reabilitação de edifícios com foco para as tecnologias e custos. É pesquisadora da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE)
- É assessora ad hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP)
Contato: mercia.barros@poli.usp.br
Clique no player abaixo e ouça agora um resumo da entrevista. Para ouvir a entrevista na íntegra clique aqui.
Crédito foto: Divulgação
Tendência é que crédito imobiliário continue com larga oferta no Brasil
Alienação fiduciária do imóvel reduziu risco de calote e setor financeiro se sente estimulado a manter aquecido o financiamento para o setor habitacional
Por: Altair Santos
A oferta de crédito imobiliário seguirá com viés de alta, e tende a fechar o segundo semestre de 2011 com números ainda mais positivos que os apresentados entre janeiro e junho. O sinal vem da pesquisa “Indicadores de condições de crédito”, divulgada trimestralmente pelo Banco Central. Segundo o levantamento, entre abril e junho, as instituições financeiras registraram aumento de 0,75 ponto na demanda pelo segmento do crédito habitacional. Já para o período julho, agosto e setembro, a tendência é que a mesma demanda suba para 0,88 ponto.
A pesquisa do Banco Central é feita diretamente com os bancos, que respondem perguntas qualitativas sobre a expectativa para o trimestre que está por vir. As respostas são divididas por: grandes corporações, pequenas e médias empresas, pessoas físicas e financiamento imobiliário. As instituições financeiras respondem as questões com números que vão de -2, o cenário mais restritivo, até +2, cenário considerado mais flexível. Dentro dessa margem, o -1 demonstra cenário moderadamente mais restritivo e o +1, moderadamente mais flexível. Já o zero indica um cenário neutro para o trimestre em consulta.
Para o diretor do Creci-PR (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Paraná), Luiz Celso Castegnaro, os dados levantados pelo Banco Central coincidem com o que o organismo sente do mercado. “Pelas informações trazidas por nossos credenciados, a tendência é realmente de crescimento”, diz. O dirigente estima que isso se deve à demanda reprimida do mercado imobiliário. “O déficit habitacional ainda é muito grande e as políticas facilitadoras para a tomada de financiamento no setor estão estimulando cada vez mais o crédito imobiliário. É como uma corrente: um puxa o outro”, explica.
Luiz Celso Castegnaro aponta que, entre os itens fundamentais que alavancaram a oferta de crédito imobiliário no Brasil, está a posição do Banco Central em relação à política que determina a aplicação dos recursos da caderneta de poupança no setor habitacional. Diz a lei que as instituições financeiras, sejam públicas ou privadas, devem direcionar para a área de habitação 65% do captado através de aplicações em poupança. “Isso, antes, não era muito cobrado ou fiscalizado pelo Banco Central. Agora, está bem firme a cobrança, com os bancos, inclusive, sendo multados se não aplicarem este montante para a área da habitação”, revela.
Outro fator de estímulo ao crédito imobiliário foi, segundo o diretor do Creci-PR, a adoção da alienação fiduciária na venda de imóveis. “No sistema hipotecário, o comprador ficava cinco, seis, até oito anos brigando com o banco, discutindo prestações, discutindo contratos e seguia morando sem pagar o financiamento. Agora, com a alienação fiduciária, após três meses de atraso o banco pode requerer o imóvel. Para o sistema financeiro isso trouxe confiança para ampliar a oferta de crédito imobiliário”, comenta Luiz Celso Castegnaro, para quem, por causa desta regra, o Brasil dificilmente viverá uma bolha imobiliária. “No país os bancos seguem critérios muito rigorosos para emprestar dinheiro”, completa.
Como funciona
A alienação fiduciária permite ao agente financeiro retomar em prazo curto o imóvel, caso o comprador não honre o financiamento. Se houver atraso de 30 dias, o banco comunica o mutuário, via oficial de justiça, dando o prazo para ele fazer o pagamento. Persistindo o atraso, não há mais necessidade do despacho de um juiz para que o imóvel seja retomado pelo banco. O próprio cartório de registro de imóveis onde foi lavrado o contrato autoriza a retomada do imóvel. Todo esse processo, atualmente, leva cerca de três meses.
Perspectivas
- O Creci-PR trabalha com a projeção de que, pelo menos nos próximos dez anos, o mercado imobiliário seguirá crescendo de forma sustentável no Paraná.
- Estima-se que 80% dos contratos firmados para a compra de habitação no Paraná sejam através de financiamento que variam de 15 a 30 anos.
Entrevistado
Luiz Celso Castegnaro, diretor do Creci-PR (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Paraná)
Currículo
- Graduado no curso tecnólogo em gestão de negócios imobiliários pela ULBRA
- Tem pós-graduação em direito imobiliário pela FACINTER e é pós-graduando em ensino à distância pela UNICID
- Atua como gestor imobiliário há 23 anos
- É coordenador dos cursos de avaliação e perícia do Creci-PR e palestrante do sistema Creci-Cofeci, além de conselheiro do Creci-PR, presidente da CEFISP (Comissão de Ética e Fiscalização Profissional) do CRECI-PR, coordenador da COAPIM (Comissão de Análise de Inscrição Propositor) e coordenador do CRECICON (Comissão de Atendimento ao consumidor no mercado Imobiliário) no estado do Paraná
Contato: castegnaroimoveis@hotmail.com
Créditos Fotos: Divulgação/Elza Fiuza/ABr
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Negócios globais fazem pequenas e médias empresas aderirem à gestão de compliance
Não seguir normas e regulamentações custa tempo e recursos, pois gera gastos indiretos, prejudica a reputação e o desenvolvimento das corporações
Por: Altair Santos
A gestão de compliance pode ser entendida como o conjunto de esforços para a atuação das companhias em conformidade com leis e regulamentações inerentes às suas atividades. Atualmente, no Brasil, as instituições financeiras e as multinacionais já adotam compliance há um bom tempo. Esse modelo de gestão começa a proliferar entre as pequenas e médias empresas, por conta de seus negócios globais.
Muitas empresas legalmente constituídas já desempenham a gestão de compliance, ainda que intuitivamente. O que a especialista em governança corporativa, Mercedes Marina Stinco, recomenda é que as companhias avancem neste processo, para que o gerenciamento de risco possa ser “auditável” e “rastreável”. Coordenadora da comissão de gerenciamento de riscos corporativos do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) ela também dá dicas de como implantar compliance nas empresas. Confira:
Como explicar o que é compliance para um leigo no assunto?
Como a própria palavra diz, trata-se de avaliar se a empresa “cumpre” com requerimentos ou procedimentos internos e externos, incluindo legislações aplicáveis. Exemplos: cumprir com leis aplicáveis em geral ao negócio (trabalhista, societária, tributária). O “compliance” é um processo estabelecido para identificar as situações nas quais este “cumprimento” não ocorre.
As grandes corporações já praticam compliance há um bom tempo, mas agora parece ter chegado a vez das pequenas e médias empresas despertarem para o assunto. Isso se deve aos negócios que elas têm conseguido fechar no exterior?
Em parte sim. O mercado tem valorizado cada vez mais as empresas que implantam mecanismos de “compliance”, mesmo não sendo obrigatório.
Quais os primeiros passos que uma empresa não familiarizada com compliance tem que dar ao aderir a esse modelo de gestão?
Pesquisas e visitas às empresas com diversos segmentos de negócio são sempre uma excelente forma de iniciar. Adicione-se a isto o entendimento mais aprofundado da gestão, através da contratação de empresas especializadas no tema, e que vão traçar um panorama interno das áreas, departamentos ou processos já existentes na empresa. Esse raio-x vai dizer se há princípios de compliance no jurídico e na controladoria da empresa, por exemplo.
É caro implantar um processo de gestão de compliance numa empresa?
Os custos das implementações devem ser avaliadas em cada organização, pois dependem, inclusive, do tamanho da empresa e da quantidade de requisitos (externos e internos) que se aplicam ao negócio. Estudos de caso mostram que os custos podem ser reduzidos quando a metodologia é entendida pelo conselho ou pelo comitê executivo como forma de prevenção de riscos.
Dentro da corporação, o departamento jurídico seria o mais adequado para gerenciar a gestão de compliance ou é necessário criar um setor específico para isso?
Não há um modelo único. De forma geral, o departamento jurídico tende a ser o responsável, devido às características e competências existentes, ou, muitas vezes, inicia o processo e depois transfere a responsabilidade quando o processo se encontra em fase madura para departamentos específicos, como controles internos ou gestão de riscos.
Pode-se dizer que uma empresa que segue todos os processos legais, mesmo sem adotar explicitamente a gestão de compliance, pratica compliance empiricamente?
Sim, de certa forma seguir com todos os processos legais é o início. Entretanto, compliance trata da possibilidade de garantir que este “seguir” seja auditável e rastreável.
Quais os benefícios diretos gerados pela gestão de compliance?
É uma ferramenta preventiva para identificar riscos e, portanto, reduzir perdas financeiras e exposição de imagem, além de servir para se vencer as barreiras da burocracia.
Dos setores da economia brasileira, qual hoje é o que mais adota gestão de compliance?
O setor financeiro é um bom exemplo de gestão de compliance, devido aos inúmeros requerimentos exigidos pelo Banco Central.
No setor da construção civil já há muitos cases de gestão de compliance?
Entendo que a maioria das empresas de construção civil que tenham seu capital aberto possui estruturas de compliance ou algo similar. Para esse setor é uma forma, principalmente, de se prevenir riscos de ordem trabalhista e fiscal.
Entrevistada
Mercedes Stinco, coordenadora da comissão de gerenciamento de riscos corporativos do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
Currículo
- Bacharel em ciências contábeis pela Universidade Mackenzie.
- Atualmente é gerente de gestão de riscos e auditoria da Natura Cosméticos, função que exerce desde 2004, sendo responsável pelo gerenciamento do processo interno de audioria, coordenando as atividades do Comitê de Auditoria e de Gestão de Riscos e Finanças
- Também atuou na Ford Motor Company do Brasil, de 1999 até 2004, sendo responsável pelo gerenciamento da estrutura de Governança Corporativa, incluindo a coordenação e implantação do processo de Certificação da SOX e responsável pelo desenvolvimento do Comitê de Auditoria Interna
- Também foi Gerente de Auditoria na Coopers & Lybrand, Biedermann Bordasch Auditores Independentes
- Ocupa o cargo de coordenadora da comissão de gerenciamento de riscos corporativos do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
Contato: ibgc@ibgc.org.br / natalia@planin.com (assessoria de imprensa)
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Investimento em pesquisa eleva conceito da graduação da UFSC
Alunos do curso de engenharia civil interagem com estudos que são desenvolvidos na pós-graduação e no doutorado da universidade
Por: Altair Santos
A graduação em engenharia civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está entre as cinco melhores do país, segundo ranking do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) com base no desempenho do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Esse salto de qualidade se deu quando as pesquisas desenvolvidas na pós-graduação do curso passaram a ser compartilhadas pelos estudantes do 1.º ao 5.º ano. “Eles passaram a ter exemplos de como se desenvolvem pesquisas e também ficaram mais engajados com o curso”, avalia o professor Glicério Triches, coordenador da graduação da UFSC no biênio 2011 e 2012.
Fundado há 42 anos, o curso de engenharia civil da UFSC vem aprimorando cada vez mais seu colegiado docente. Atualmente, todos os professores têm dedicação exclusiva e 85% possuem doutorado e conciliam aulas para a graduação e a pós-graduação. A universidade também apura o conhecimento recebendo investimentos de agências de fomento como FINEP, CNPq, CAPES. “Desenvolvemos a capacidade de captar recursos para pesquisas, o que também tem atraído a parceria de empresas estatais do setor elétrico e a Petrobras”, revela Glicério Triches. “São projetos que envolvem de R$ 40 mil a R$ 5 milhões por ano, que nos chegam sob a forma de bolsa de estudos, equipamentos e insumos para nossos laboratórios”, completa.
A construção civil tem espaço relevante dentro da graduação e da pós-graduação da UFSC. Há linhas de pesquisa concentradas especificamente na aplicação da nanotecnologia no concreto e no cimento. “Temos um grupo de cinco professores que trabalham nesta área especificamente, no desenvolvimento de produtos à base do cimento Portland”, professor Glicério Triches. A UFSC também compartilha seus laboratórios com a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e os abre para ensaios de materiais de empresas privadas. “A Toniolo e a Blocaus têm parceria para o aprimoramento de seus sistemas produtivos”, destaca.
Entre as áreas da construção civil pesquisadas pela UFSC estão:
- Gerenciamento da construção
- Conforto ambiental
- Alvenaria estrutural
- Novos materiais
- Concreto
- Resíduos na construção
O curso de engenharia civil da UFSC atualmente conta com 640 alunos matriculados na graduação e outros 300 divididos entre mestrando e doutorando. Segundo a coordenação da universidade, apesar de a demanda por engenheiros ser alta, o objetivo é não antecipar etapas. “Não estamos direcionados a acelerar processos para abastecer o mercado. O importante é a boa formação de nossos alunos”, diz o professor Glicério Triches, admitindo, porém, que de dois anos para cá todos os formandos já saem empregados. “Esta mão de obra está sendo absorvida predominantemente na construção civil”, afirma o coordenador do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Santa Catarina.
Entrevistado
Professor Glicério Triches, coordenador do curso de graduação em engenharia civil da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)
Currículo
- Graduado em engenharia civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 1981
- Tem mestrado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 1985 e doutorado em infraestrutura aeroportuária pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) 1993
- É professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desde 1984
- Foi coordenador do programa de pós-graduação em engenharia civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) entre 2005 e 2009)
- No biênio 2011 e 2012 assumiu a coordenação da graduação em engenharia civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
- Tem experiência na área de engenharia civil, com ênfase em rodovias, projeto e construção, atuando principalmente nos seguintes temas: dimensionamento de pavimentos, controle tecnológico de execução, avaliação de pavimentos, desempenho de pavimentos, comportamento dos materiais empregados na pavimentação, engenharia rodoviária e mecânica dos solos
- Atualmente tem se dedicado a pesquisar temas relacionados com a sustentabilidade dos empreendimentos rodoviários. Coordena do Grupo de Pesquisa Rodovias Verdes e é responsável pelo site www.rodoviasverdes.ufsc.br
- Pesquisador CNPq, nível 2 a partir de março de 2010
Contato: ecv1gtri@ecv.ufsc.br /coord.ecv@ecv.ufsc.br
Créditos Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
Empresa vai gerenciar pesquisa e inovação industrial no Brasil
Embrapii terá gestão compartilhada pelos setores público e privado, para permitir a conexão da comunidade científico-tecnológica com as companhias nacionais
Por: Altair Santos
Tomando como exemplo o que a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) representa para a agricultura e a pecuária brasileiras, produzindo conhecimento científico e desenvolvendo inovações para os dois setores, a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) surge para atender as demandas da indústria nacional. O projeto se inspira na experiência alemã do Instituto Fraunhofer - fundação composta por 58 centros tecnológicos - e a expectativa é de que em 2012 esteja em funcionamento.
A Embrapii já tem um grupo de trabalho planejando sua instalação. Seus integrantes são membros da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e da Inovação (Setec/MCTI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Serviço Nacional de Indústria (Senai), do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos). A nova empresa não será uma estatal, mas sim uma companhia com gestão compartilhada entre os setores público e privado.
O primeiro passo do grupo de trabalho foi instituir, em agosto de 2011, um processo-piloto para definir com mais propriedade a figura jurídica da Embrapii. A meta é que a empresa seja uma espécie de organismo certificador para que as instituições mantenham a competência e possam aproximar-se da iniciativa privada. O processo-piloto deverá durar aproximadamente seis meses e nesse período será definida a área de atuação de cada instituto envolvido no projeto. Após a conclusão dessa etapa, será criada oficialmente a Embrapii, que já tem orçamento reservado. Durante a fase piloto serão R$ 30 milhões. A partir de 2012, R$ 60 milhões.
O modelo de captação de recursos para a Embrapii também se inspira no Instituto Fraunhofer. Os governos federal e estaduais entrarão com um terço do financiamento e os outros dois terços são adquiridos por meio de contratos de trabalho. É o que fez do Instituto Fraunhofer, na Alemanha, uma organização que atualmente conta com 58 centros de pesquisa e que emprega mais de 12.500 pessoas, principalmente cientistas e engenheiros. O orçamento anual do organismo é de cerca de € 1,8 bilhão (R$ 4,5 bilhões).
Construção civil
O projeto da Embrapii prevê que até 2014 pelo menos 30 centros tecnológicos ligados à empresa estejam em funcionamento no Brasil. Destes, estima-se que pelo menos cinco terão dedicação exclusiva à pesquisa na construção civil. Uma das metas pretendidas pelos idealizadores da empresa é que eles estimulem os processos de industrialização do setor. “Algumas empresas estão com necessidade de construção de plantas piloto neste setor e a Embrapii vai permitir aportar investimentos nestas plantas", prevê Domingos Manfredi Naveiro, diretor do Instituto Nacional de Tecnologia. “Há vários gargalos tecnológicos em áreas que têm se expandido, como a construção civil”, completa.
A Embrapii também pretende concentrar o maior número de professores-doutores nos laboratórios dos centros tecnológicos. O objetivo da empresa é permitir que a indústria nacional dê um salto em inovação e competitividade no mercado global. "A indústria nacional já avançou no quesito qualidade e agora enxerga que a grande fronteira é a inovação", avalia Domingos Manfredi Naveiro.
Entrevistado
Domingos Manfredi Naveiro, diretor do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI)
Currículo
- Engenheiro Mecânico formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
- Tem mestrado e doutorado em engenharia de produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
- Desde 2007 é diretor do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), onde chefiou por 17 anos a área de desenho industrial
- Também é professor do curso de desenho industrial da PUC-RJ desde 2004
- Atua ainda como conselheiro na Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Associação Estratégica dos Institutos Tecnológicos do Mercosul (ASITM), Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro (Redetec), Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear (IBQN) e Centro de Tecnologia em Dutos (CTDut)
Contato: direcao@int.gov.br / tais.salazar@int.gov.br (assessoria de imprensa)
Créditos Fotos: Divulgação/Justo D'Ávila/INT