CAU planeja conviver de forma "republicana" com Confea/CREA

Conselho de arquitetos elege primeira diretoria e estabelece como uma das metas difundir a arquitetura para a população de baixa renda

Por: Altair Santos

Após 76 anos vinculados ao sistema Confea/CREA, os arquitetos têm agora um conselho próprio - eleito em outubro de 2011 -, e cuja primeira missão é promover a transição de toda a categoria para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). Ainda não há uma data definida para que os arquitetos se desmembrem completamente do Confea/CREA, mas segundo Jeferson Dantas Navolar, presidente do IAB-PR, e que passa a integrar a diretoria do CAU-PR, o importante é que essa migração seja feita sem rupturas. " A transição entre o CREA e o CAU será longa. A relação de 76 anos não pode ser resolvida improvisadamente. Queremos um entendimento republicano com o sistema Confea/CREA, para que possamos trabalhar pautas em comum", afirmou.

Jeferson Dantas Navolar, presidente do IAB-PR: "Transição entre o CREA e o CAU será longa. A relação de 76 anos não pode ser resolvida improvisadamente".

A lei que criou o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (12.378/2010) foi a última sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 30 de dezembro de 2010. Por enquanto, os únicos artigos em vigor são o 56 e o 57. O primeiro tratou do processo eleitoral, que será finalizado entre 21 de novembro a 19 de dezembro de 2011, quando todos os conselhos estaduais serão empossados. Já, nacionalmente, o conselho federal do CAU toma posse no dia 17 de novembro de 2011, em Brasília, quando entram em vigor os demais artigos da lei 12.378/2010. Até lá, o organismo está sob a gestão da CCEArq (Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Arquitetura do CONFEA) e das demais Câmaras Especializadas de Arquitetura dos CREAs.

Enquanto a instalação do CAU nos estados não é concluída, os estudantes e profissionais da área continuarão sujeitos às normas vigentes dos CREAs. Quando o CAU estiver pronto, os registros destes profissionais irão migrar para o banco de dados do novo conselho. Uma vez finalizado, será de responsabilidade do Conselho de Arquitetura e Urbanismo manter um cadastro nacional das escolas e faculdades de arquitetura e urbanismo, juntamente com o currículo dos cursos oferecidos. Além disso, o conselho deverá realizar a fiscalização do exercício correto da profissão de arquiteto, garantindo a sua legalidade e coibindo irregularidades. "A qualidade da formação será tema presente no CAU, que terá uma comissão permanente de ensino para avaliar as escolas", diz Jeferson Dantas Navolar.

Arquitetura popular

O diretor do novo conselho afirma também que uma das bandeiras do CAU é popularizar a arquitetura. "A sociedade tem direito à arquitetura e queremos atingir a população de baixa renda. A outra bandeira do conselho é que arquitetura seja uma atribuição de arquiteto. Hoje, os arquitetos convivem no sistema Confea/CREA com aproximadamente 300 outros títulos profissionais, o que torna inevitável o sombreamento de atividades. Com o CAU poderemos esclarecer a sociedade sobre as atribuições da profissão", diz, assegurando que não haverá sobretaxa para o consumidor da construção civil. "Sob o aspecto financeiro, o CAU também oferecerá vantagens aos consumidores. Em todo o país, a taxa do registro da responsabilidade técnica terá valor único de R$ 60,00", completa.

Além de definir taxas, o CAU também já se submete ao artigo 57 da lei 12.378/2010. Refere-se à administração financeira do conselho, que, no período de transição, passará a receber dos atuais CREAs 90% do valor das anuidades, das anotações de responsabilidade técnicas e de multas recebidas das pessoas físicas e jurídicas de arquitetos e urbanistas, arquitetos e engenheiros-arquitetos (aqui ele se refere a engenheiros que têm também formação em arquitetura). Essa transferência de recursos se dará até que ocorra a instalação plena do CAU-BR, cuja eleição do presidente acontece no dia 17 de novembro. Os demais artigos da lei entram em vigor quando o conselho estiver em funcionamento e estiver com sua infraestrutura montada. "O CAU está contratando o que tem de melhor sobre o aspecto da Tecnologia da Informação (TI). Todo o sistema será online e o conselho vai emitir certificação digital", finaliza Jeferson Dantas Navolar.

Diretoria do CAU eleita no Paraná e que vai representar o Estado no CAU-BR:

NOME TITULAR INSTITUIÇÃO
CAU-BR Laércio Leonardo de Araujo Títular IAB/PR - Instituto de Arquitetos do Brasil - Dep. do Paraná
CAU-BR Luis Salvador Petrucci Gnoato Suplente IAB/PR - Instituto de Arquitetos do Brasil - Dep. do Paraná
1 Jeferson Dantas Navolar Titular IAB/PR- Instituto de Arquitetos do Brasil - Dep. do Paraná
1 João Carlos Diório Suplente IAB/PR - Instituto de Arquitetos do Brasil - Dep. do Paraná
2 Orlando Busarello Titular ABAP - Associação Brasileira Arquitetos Paisagistas
2 Flavio Egydio de Oliveira Carvalho Neto Suplente ABAP -  Associação Brasileira Arquitetos Paisagistas
3 Carlos Hardt Titular ABEA - Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura
3 Antonio Carlos Zani Suplente UEL - Universidade Estadual de Londrina
4 Cláudio Forte Maiolino Titular ASBEA - Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura
4 Adolfo Sakaguti Suplente ASBEA - Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura
5 Dalton Vidotti Titular ASBEA - Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura
5 Silvana Weihermann Ferraro Suplente UFPR - Universidade Federal do Paraná
6 João Virmond  Suplicy Neto Titular IAB/PR - Instituto de Arquitetos do Brasil - Dep. do Paraná
6 Carlos Domingos Nigro Suplente IAB/PR - Instituto de Arquitetos do Brasil - Dep. do Paraná
7 Marli Antunes da Silva Aoki Titular AEAC - Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Cascavel
7 Leandro Teixeira Costa Suplente AEAFI - Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Foz do Iguaçu
8 Manoel de Oliveira Filho Titular AEAM - Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Maringá
8 Ideval dos Santos Filho Suplente AEAA - Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Apucarana
9 Luiz Becher Titular AREA/CM - Associação Reg. de Arq. e Eng. de Campo Mourão
9 Taila Felleiros Lemos Schmitt Suplente AEAG - Associação Reg. de Arquitetos e Engenheiros de Guarapuava
10 Ricardo Luiz Leites de Oliveira Titular AREA/MCR - Associação Reg. de Arq. e Eng. de Mal. Cândido Rondon
10 Antonio Ricardo Nunes Sardo Suplente AEAT - Associação Regional de Arquitetos e Engenheiros de Toledo
11 André Luiz Sell Titular CEAL - Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina
11 Carlos Antonio Galbe Domingues Suplente CEAL - Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina
12 Alexander Fabri Hulsmeyer Titular UNIPAR - Universidade Paranaense
12 Aníbal Verri Junior Suplente UEM - Universidade Estadual de Maringá
13 Eli Loyola Borges filho Titular ASBEA - Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura
13 Jucenei Gusso Monteiro Suplente ACP - Associação Comercial do Paraná
14 Glauco Pereira Junior Titular SEDU - Secretaria do Desenvolvimento Urbano do Estado
14 Luiz Fernando Gomes Braga Suplente IPPUC - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba
15 Bruno Soares Martins Titular MATER DEI - Faculdade Mater Dei de Pato Branco
15 Luiz Henrique Werlang Roncato Suplente SUDENG - Associação dos Eng. e Arq. do Sudoeste do Paraná

 

Entrevistado
Jeferson Dantas Navolar, presidente do IAB-PR
Currículo

- Graduado em Arquitetura pela Universidade Federal do Paraná (1983) e é mestre na área de Conservação e Restauro, pela Universidade Federal da Bahia.
- É membro efetivo do Conselho Nacional de Políticas Culturais e suplente do Conselho Consultivo do IPHAN, além de integrar a nova diretoria do CAU-PR
- Escreveu o livro A arquitetura resultante da preservação do patrimônio edificado em Curitiba
Contato: jdnavolar@gmail.com

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Censo do Confea/CREA quer localizar a geração perdida de engenheiros

Levantamento pretende gerar um banco de dados para atender a mão de obra na área tecnológica, que envolve também arquitetos, agrônomos, técnicos e tecnólogos

Por: Altair Santos

Até abril de 2012, o sistema Confea/CREA terá atualizado todos os dados dos engenheiros existentes no Brasil, independentemente das especialidades. Com o apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Conselho Federal de Engenharia iniciou dia 30 de setembro de 2011 o Censo dos Profissionais da Engenharia. As informações serão coletadas até 31 de dezembro deste ano e o objetivo principal é viabilizar soluções para os gargalos de mão de obra que afetam a área tecnológica no país.

Neuza Maria Trauzzola: demanda do país hoje é por todas as especialidades da engenharia

O levantamento servirá para traçar políticas públicas e promover ações concretas de capacitação e reinserção dos profissionais não atuantes no mercado tecnológico. "Queremos descobrir quem está fora do mercado e quer voltar. Por isso, junto com a convocação para a participação dos profissionais, há no site do sistema Confea/CREA um link para a inclusão de currículos. O censo também terá esse viés: de realocar os profissionais onde eles estiverem faltando. Na verdade a gente quer conhecer o universo como um todo, ou seja, não inclui apenas engenheiros, mas arquitetos, agrônomos, técnicos e tecnólogos", explica Neuza Maria Trauzzola , superintendente de planejamento, programas e projetos do Confea.

A ideia do censo surgiu quando se especulou importar engenheiros para o Brasil, a fim de suprir a demanda. O Confea/CREA, a fim de proteger o mercado para os profissionais brasileiros propôs o censo, que teve o apoio do MDIC e foi elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). "O interesse do censo não é somente para nós, do sistema CONFEA/CREA, mas para o desenvolvimento de políticas públicas junto ao MDIC e junto ao MEC também, para definir se hoje há cursos tecnológicos suficientes para atender o mercado", diz Neuza Trauzzola.

 O acesso ao questionário do censo está disponível nos sites do Confea/CREA (http://www.confea.org.br/) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) (http://www.mdic.gov.br/). O Conselho Federal de Engenharia tem cadastrado quase um milhão de engenheiros, arquitetos, agrônomos, técnicos e tecnólogos, mas estima que o número esteja subestimado. "Em décadas passadas, sabemos que muitos profissionais, quando se formaram, ficaram sem exercer a profissão. Agora, com o aquecimento da economia, entendemos que muitos destes profissionais estariam dispostos a retornar ao mercado e realizar cursos de atualização. São estes profissionais desconhecidos que queremos encontrar", afirma a superintendente de planejamento, programas e projetos do Confea/CREA. 

Neuza Trauzzola admite que o censo terá um foco especial sobre a engenharia civil."É evidente que a gente sempre olha mais a engenharia civil, por causa da parte de infraestrutura, como portos, aeroportos e rodovias, além da área habitacional, mas a demanda do país hoje é por todas as especialidades da engenharia . Na áreas técnicas, o aquecimento é geral", finaliza.

Entrevistada
Neuza Maria Trauzzola, superintendente de planejamento, programas e projetos do Confea/CREA
Currículo

- Neuza Maria Trauzolla é graduada em engenharia civil pela Escola de Engenharia Mauá (1982) e em direito pela Uniceub (2010)
- Tem pós-graduação e especialização em engenharia de materiais pela Universidade Mackenzie (1997), além de especialização em comunicação publica pelo IESB (2008)
- Possui mestrado  em arquitetura e urbanismo pela Universidade Mackenzie (2008)
- Atuou na CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) na elaboração do Qualihab - o programa de qualidade da cadeia da construção habitacional paulista
- Foi vice-presidente do Instituto de Engenharia, em São Paulo
- Foi gerente de infraestrutura, superintendente de comunicação e marketing e gerente de relações Institucionais do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea)
 - Foi presidente da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização, assessora da Diretoria do Metrô de São Paulo)
- Atualmente ocupa o cargo de superintendente de planejamento, programas e projetos do Confea/CREA
Contato: super.pp@confea.org.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Brasil já tem 15 leis que estimulam e promovem a inovação tecnológica

Empenho em dar competitividade ao país ainda esbarra em gargalos burocráticos, que impedem o setor produtivo de se beneficiar integralmente das boas mudanças

Por: Altair Santos

O Brasil está construindo um arcabouço legal relevante no que se refere ao incentivo à inovação. Já há 15 leis, seja no âmbito federal ou estadual, dando estímulos fiscais e facilitando o acesso a financiamentos voltados à pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias. No entanto, outros obstáculos burocráticos impedem que haja uma conexão maior entre o que é desenvolvido nas universidades e o setor produtivo.  Quem faz o alerta é o professor Eduardo Grizendi, autor do Manual de Orientações Gerais sobre Inovação. Na entrevista a seguir, ele explica como funcionam as leis em vigor e o que ainda precisa ser feito pra que o país se torne ainda mais competitivo. Confira:

Eduardo Grizendi: "A indústria da construção civil está despertando para este potencial de investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação"

O Brasil hoje já conta com um conjunto de leis de inovação. Quais são elas e quais as mais relevantes?
Existe a lei federal de inovação, existem as leis estaduais de inovação e depois existem várias outras leis que mudaram a lei de inovação federal ou mudaram as leis de incentivo fiscal de inovação. No Paraná, a lei de inovação está parada na Assembleia Legislativa. Mas hoje há 14 leis de inovação, sendo 13 estaduais e uma federal, que é a mais relevante. É dela que derivam as estaduais, gerando incentivos fiscais à pesquisa. Popularmente ela é mais conhecida como Lei do Bem. Na verdade, trata-se do capítulo três da Lei do Bem.

A expectativa é que se criem mais leis?
A expectativa é que todos os estados tenham suas próprias leis, para reforçar o arcabouço legal da lei federal e incentivar ainda mais a inovação. Mas existe uma lei que tornou-se também relevante, que é a chamada de Lei do MEC de Inovação. Ela alterou o capítulo três da Lei do Bem e pode ser considerada como a 15ª lei.

Não seriam muitas leis para o incentivo da inovação ou elas são complementares?
Não. O que acontece é o seguinte: a lei federal de inovação, entre vários benefícios, flexibiliza a transferência de tecnologia das universidades e instituições federais de pesquisa para o mercado. Mas, por exemplo, a Universidade Estadual de Londrina, a UEL, não se vê na lei federal de inovação. Por quê? Por que o Paraná ainda não tem sua lei estadual de inovação e a UEL é regida pela lei estadual. Da mesma forma, a Unicamp, a UNESP e a USP, mas São Paulo já tem sua própria lei. Na verdade, cada estado - principalmente os estados que têm universidades estaduais e instituições estaduais de pesquisa - precisa destas leis para estabelecer incentivos. Por isso, elas não se duplicam. A lei estadual em Minas Gerais estabelece benefícios e rege o arcabouço legal para o estado de Minas Gerais, assim como São Paulo, Santa Catarina, e aí por diante.

Sob o ponto de vista de financiamento para a inovação, as leis existentes cumprem esse papel?
Cumprem. A lei federal de inovação trouxe dois importantes benefícios de incentivo à inovação. Um é o incentivo direto, na qual a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) tem um papel importantíssimo. Tratam-se de recursos não reembolsáveis, portanto incentivos diretos na forma de subvenção econômica para as empresas desenvolverem o projeto de inovação. Além disso, trouxe benefícios indiretos na forma de incentivos fiscais, que foram regulamentados pelo capítulo três da Lei do Bem. As leis estaduais também andaram exercitando instrumentos de incentivo financeiro e fiscal.

Comparativamente com outros países, o Brasil hoje conta com leis modernas para estimular a indústria e o setor acadêmico e científico a buscar pela inovação?
O problema maior não é a lei em si, mas é que nós temos um arcabouço legal e regulatório do setor público muito arcaico. Apesar da lei da inovação ter trazido vários incentivos, não é fácil estas leis serem implementadas na prática porque há muita burocracia, há muitas soluções de conflitos entre leis para que ela seja exercida. Não é ela a grande culpada pelos incentivos não serem exercitados na sua plenitude, mas em grande parte é a dificuldade de todo o nosso ambiente jurídico. Eu falo, por exemplo, de uma lei federal de inovação flexibilizando uma instituição como a UFPR (Universidade Federal do Paraná) para que ela possa proteger a sua propriedade intelectual e transferir o resultado desta propriedade intelectual para as empresas. A lei até mostra os instrumentos, mas daí na prática a universidade vai tentar aplicar a lei e esbarra em vários obstáculos decorrentes da lei que rege o regime de servidor público ou a lei que estabelece que ela é uma autarquia e, por conseguinte, vinculada ao MEC. Enfim, outras leis geram obstáculos jurídicos que dificultam a UFPR de exercer na sua plenitude aquilo que preconiza a lei federal de inovação.

Na mais recente Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) o Brasil viu evoluir em quanto seu percentual de inovação?
A gente tem que olhar com lupa esta melhoria. Mas houve melhorias. Quando a gente fala em quanto este percentual de inovação foi aumentado, temos que olhar na verdade que parâmetros estamos enxergando ou que parâmetros estamos analisando. De uma maneira geral houve uma melhora, não muito significativa, no quanto as empresas investem em inovação em relação ao seu faturamento. Esta melhora foi em torno de 1,4% para 1,5% em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, é muito pouco sensível. O fato é que estamos longe de atingir o investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) comparativamente aos países desenvolvidos, principalmente aqueles agressivos, que investem pesadamente em P&D para inovação, em relação ao PIB. Estes países chegam a investir de 5% a 6% do seu PIB, às vezes até mais, em inovação. Aqui no Brasil, se a gente considerar os investimentos das universidades e instituições de pesquisa, ainda assim a gente não chega sequer a 2,5%. É muito pouco para o tamanho do nosso PIB. Infelizmente, a nossa produção tecnológica, pelos parâmetros mundiais que medem a produção tecnológica - número de patentes, número de engenheiros e número de doutores - é muito modesta, quase que insignificantes em relação a outros países.

Como os estados se comportam no sentido de incentivar a inovação. Há alguns que têm leis mais estimulantes que outros?
O estado de São Paulo diferencia-se. Ele investe pesadamente em inovação, ciência e tecnologia. São Paulo tem três universidades públicas estaduais muito fortes, que geram muita pesquisa e desenvolvimento em áreas tecnológicas, como nanotecnologia, biotecnologia e ciência da computação. Essas atividades são capitaneadas pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pela Secretaria de Ciência e Tecnologia. Então, podemos enxergar São Paulo como um exemplo. A FAPESP recebe 1% do ICMS do estado e investe pesadamente em ciência e tecnologia, estimulando teses de mestrado e doutorado.

Hoje a iniciativa pela busca da inovação ainda está dentro das universidades ou a indústria já começa a tomar a frente?
A lei federal de inovação faz um grande esforço para que isso aconteça. Felizmente, começa a ter um movimento. Principalmente, através de projetos de cooperação com as universidades.

Em quais setores a indústria demonstra mais energia pela busca da inovação?
Historicamente, o setor de Tecnologia da Informação (TI). Afinal de contas, estamos tropeçando nos nossos Ipads, Iphones, tablets, notebooks e celulares. Esta realmente é uma indústria que tem uma pujança muito grande pela inovação. Mas tem outros setores, como biotecnologia, nanotecnologia e a indústria aeroespacial. Elas são muito inquietas em pesquisa e desenvolvimento e geração de inovação.

A indústria da construção civil pode ser qualificada como inovadora ou incentivadora da inovação?
Eu diria que a construção civil tem mudado muito nos últimos anos. Eu vejo a indústria da construção civil investindo significativamente em melhorias de processos, para melhor aproveitamento dos materiais e utilização de novos materiais em seus sistemas de edificações. Acho que a indústria da construção civil está despertando para este potencial de investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Agora, é preciso investir mais, ousar mais e buscar a oferta de novos produtos, assim como investir em melhoria de processos. Há muito espaço para a indústria da construção civil investir em nanotecnologia, por exemplo.

Veja o que diz o capítulo 3 da Lei do Bem
A lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, conhecida como Lei do Bem, em seu Capítulo III, artigos 17 a 26, e regulamentada pelo Decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006, que consolidou os incentivos fiscais que as pessoas jurídicas podem usufruir de forma automática desde que realizem pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica. Esse Capítulo foi editado por determinação da Lei nº 10.973/2004 – Lei da Inovação, fortalecendo o novo marco legal para apoio ao desenvolvimento tecnológico e inovação nas empresas brasileiras.

Os benefícios do Capítulo III da Lei do Bem são baseados em incentivos fiscais, tais como:
- Deduções de Imposto de Renda e da Contribuição sobre o Lucro Líquido – CSLL de dispêndios efetuados em atividades de P&D;
- A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI na compra de máquinas e equipamentos para P&D;
- Depreciação acelerada desses bens;
- Amortização acelerada de bens intangíveis;
- Redução do Imposto de Renda retido na fonte incidente sobre remessa ao exterior resultantes de contratos de transferência de tecnologia;
- Isenção do Imposto de Renda retido na fonte nas remessas efetuadas para o exterior destinada ao registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares;
- Subvenções econômicas concedidas em virtude de contratações de pesquisadores, titulados como mestres ou doutores, empregados em empresas para realizar atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica, regulamentada pela Portaria MCT nº 557.
- A Portaria MCT nº 943, de 08/12/2006, aprovou o formulário para que as pessoas jurídicas beneficiárias dos incentivos fiscais previstos no Capítulo III da Lei nº 11.196, de 2005, regulamentados pelo Decreto nº 5.798, de 2006, prestem ao Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT as informações anuais sobre os seus programas de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica.

O que diz a Lei do MEC de Inovação
- A nova lei permite que haja dedução de no mínimo metade e no máximo duas vezes e meia o valor investido na pesquisa. Essa redução de impostos será inversamente proporcional à participação da empresa na propriedade intelectual do produto decorrente da pesquisa.
- A empresa pode, por exemplo, escolher deduzir menos impostos e depois ganhar mais na repartição da patente. Ou, se não tiver interesse específico na tecnologia, pode abater até 250% do investimento em tributos, sem direito a patente.
- A exemplo do que ocorre com projetos culturais na Lei Rouanet, só poderão se beneficiar projetos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) que forem previamente aprovados por uma comissão formada pelo MEC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Ministério da Ciência e Tecnologia.
- Os projetos serão submetidos pelas instituições, mas já deverão vir acompanhados de uma proposta de investimento da empresa.

Confira o Manual de Orientações Gerais sobre Inovação: Manual_Inovacao_v_6.2

Entrevistado
Eduardo Grizendi, autor do Manual de Orientações Gerais sobre Inovação, publicado pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty)
Currículo

- Engenheiro eletrônico pelo ITA (instituto Tecnológico da Aeronáutica)
- Tem mestrado em telecomunicações pelo INATEL e MBA em gestão empresarial pela FGV
- É professor do INATEL
- Trabalhou para importantes empresas de tecnologia. Foi Diretor de Desenvolvimento Tecnológico da Inova (Agência de Inovação da Unicamp)
- Possui artigos publicados sobre Processos de Inovação, Transferência de Tecnologia e Desenvolvimento de Negócios Tecnológicos
- É autor do Manual de Orientações Gerais sobre Inovação, publicado pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty)
- Orienta arranjos produtivos, instituições e empresas no estabelecimento de suas políticas de inovação e também presta serviços a empresas em geral no entendimento, orientação, aplicação e usufruto dos incentivos à inovação, incluindo os incentivos fiscais da Lei do Bem
- Ministra workshops de estratégias e incentivos à inovação, tendo ministrado palestras na UFSCar, UESC, USP, Porto Digital, CNI/IEL, ANPEI, SOFTEX e ABDI

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

No rastro dos estudantes, executivos aderem aos intercâmbios fora do país

Profissionais têm optado por duas modalidades: o internship, que é um programa de estágio em empresas estrangeiras, e os cursos de extensão em universidades no exterior

Por: Altair Santos

Desde 2006, as agências especializadas em intercâmbio no exterior detectam que a busca de conhecimento fora do país tem se tornado uma prioridade para os profissionais. Atualmente, esse segmento já conta com uma demanda quase igual à gerada por estudantes. Entre 2009 e 2010, a procura aumentou 70%. Em 2011, deve fechar com taxa de crescimento em torno de 35% em relação ao ano passado. São empresários, CEOs, diretores e gestores, além de profissionais liberais, os mais interessados em programas de estágio em empresas internacionais ou em cursos de extensão.

Samuel Lloyd, da Student Travel Bureau (STB): volume de profissionais em busca de intercâmbio cresceu 35% em 2011

A busca pelo aprimoramento do idioma é a mais procurada pelos profissionais. Porém, outras modalidades de intercâmbio crescem exponencialmente.  "As extensões universitárias no exterior têm virado a vedete deste segmento.  Um dos nossos programas mais contratados é o oferecido pela  University of Califórnia, em San Diego (EUA) sobre finanças. Há ainda programas de international business e programas de marketing e comunicação que têm ganhado vários adeptos", explica Samuel Lloyd, gerente de marketing da Student Travel Bureau (STB).

Outro tipo de intercâmbio em evidência é o internship - um programa de estágio em empresas estrangeiras, que pode durar de seis meses a um ano. Neste caso, as multinacionais são as que mais promovem essa modalidade de troca de conhecimento. Mas Samuel Lloyd avalia que a globalização da economia e o papel de destaque que o Brasil tem obtido internacionalmente estimula o mercado doméstico a também buscar esse modelo de intercâmbio.  "Em busca de novos negócios, as empresas brasileiras sentem a necessidade de colocar seus profissionais conectados com o que acontece lá fora", diz.

Custo e países preferidos

Mas o intercâmbio financiado pelas empresas ainda não é comum no Brasil. Por enquanto, esse tipo de upgrade na carreira tem partido dos próprios profissionais. "Às vezes, eles usam o período de férias para fazer o investimento", revela  o gerente de marketing da Student Travel Bureau (STB). Os valores dos intercâmbios podem variar de R$ 4,5 mil (inglês para negócios, de duas a quatro semanas) até R$ 60 mil (MBA e especializações, de um a três anos). Já os cursos de extensão em universidades estrangeiras custam entre R$ 10 mil a R$ 30 mil (de três meses a um ano). Isso, excluindo gastos com transporte e hospedagem.

Estados Unidos e Inglaterra são os que mais atraem os interessados em intercâmbio profissional. "A maioria já estudou inglês por vários períodos da vida, mas nunca conseguiu adquirir a fluência no idioma", destaca Samuel Lloyd, justificando o fato de os países de língua inglesa serem os preferidos.  Ele cita ainda que é comum a experiência adquirida  fora do país gerar mudanças na carreira do profissional. "O intercâmbio tem três aspectos fundamentais: imersão em outra cultura, network profissional  e geração de novos negócios e projetos", completa.

Entrevistado
Samuel Lloyd, gerente de marketing da Student Travel Bureau (STB)
Currículo

- Graduado em relações públicas pela PUC/Minas
- O executivo possui especialização em marketing de serviços pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em gestão de negócios e serviços pela Universidade Presbiteriana Mackenzie
- Lloyd já atuou como consultor do Great Place to Work Institute e como coordenador de campanhas publicitárias e de desenvolvimento de serviços educacionais no Senac São Paulo
- Também já esteve à frente da gerência de intercâmbios de trabalho do STB por dois anos, no qual foi responsável pelo planejamento e desenvolvimento de programas internacionais para jovens e adultos
- Além disso, Lloyd acaba de ser eleito tesoureiro da Wyse Work Abroad, para o mandato de três anos. A associação é um braço da World Youth Student & Educational Travel Confederation (WYSETC), voltada para o turismo educacional jovem e estudantil
Contato: anapaulajoaquim@rp1.com.br (assessoria de imprensa)

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Engenharia civil requer formação mais ampla e educação continuada

Recente debate na USP concluiu que novos profissionais não podem mais parar de estudar e precisam também ter conhecimento sobre biologia, ciência dos materiais e design
 

Por: Altair Santos

Para discutir os grandes temas de interesse nacional na área da engenharia, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) promoveu no final de outubro de 2011 a 1ª Conferência USP sobre Engenharia. O evento começou com o painel Engenharia para o Século XXI, no qual foram debatidos os novos rumos da profissão. Nesse tópico, o vice-diretor da Poli, José Roberto Castilho Piqueira - um dos organizadores do congresso - destacou que houve um consenso de que a formação de engenheiros requer um ensino menos cartesiano. “Nos dias de hoje, os profissionais precisam amplificar os conhecimentos, expandindo para as áreas de biologia, ciência dos materiais e design”, diz.

José Roberto Castilho Piqueira

O professor José Roberto Castilho Piqueira destaca ainda que, no que se refere à engenharia civil, especificamente, a graduação não pode ser mais encarada pelo profissional como o ponto final da formação. Segundo ele, uma das conclusões da conferência é que o setor vai exigir cada vez mais uma educação continuada. “Além do conhecimento básico das ciências de engenharia, seguir estudando vai representar um papel cada vez mais decisivo nesta área, uma vez que as inovações em insumos e processos são quase diárias”, explica. Piqueira ressalta, porém, que as escolas brasileiras estão preparadas para esse desafio. “Do ponto de vista acadêmico, pesquisamos sobre engenharia no mesmo nível que os países desenvolvidos”, completa.

Entretanto, a 1ª Conferência USP sobre Engenharia fez um alerta: o Brasil ainda não consegue converter as pesquisas acadêmicas em produtos inovadores na velocidade que precisaria, principalmente por falta de investimentos governamentais e pela pouca participação da iniciativa privada. “Esse foi um ponto muito abordado. Ficou claro que não há uma estratégia planejada nesse sentido, embora a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) tenha demonstrado grande preocupação, tentando criar programas que incentivem projetos de ponta”, comenta o vice-diretor da Poli USP, destacando que, no caso da engenharia civil, o que o Brasil precisa é desenvolver técnicas que coíbam o desperdício de materiais e sejam menos danosas ao meio ambiente.

Neste ponto, a conferência abordou com profundidade o papel dos engenheiros na construção da sustentabilidade. “Ficou muito clara a necessidade da evolução tecnológica nas obras civis e na produção de materiais, evitando desperdício de matéria e energia, aliado à diminuição da emissão de gases de efeito estufa. Os produtos, sejam bens de capital, bens de consumo ou obras, devem ter seus ciclos de vida projetados incluindo sua entrada em desuso e o possível reaproveitamento da matéria prima”, afirmou o professor José Roberto Castilho Piqueira, sobre a que conclusão chegaram os debates.

Por isso, a 1ª Conferência USP sobre Engenharia finalizou com uma resolução consensual entre os participantes: a de que a construção civil brasileira precisa investir na automação, nas novas tecnologias de construção e nas estruturas pré-fabricadas. “Sociedade civil, universidades e governo têm obrigações a cumprir, neste sentido, para que o Brasil seja um país sustentável”, disse Piqueira, considerando que a 2ª conferência, já agendada para 2012, deve aprofundar os debates sobre os novos conceitos da construção civil.

Entrevistado
José Roberto Castilho Piqueira, vice-diretor da Poli USP e organizador da 1ª Conferência USP sobre Engenharia
Currículo

- Graduado em engenharia elétrica pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP) em 1974
- Obteve os títulos de mestre em engenharia elétrica também pela Escola de
Engenharia de São Carlos (USP) em 1983. Em 1987, obteve o título de Doutor
em Engenharia Elétrica pela Poli e, em 1995, o de livre docente em
controle e automação, também pela Poli.
- No setor industrial, trabalhou em vários projetos ligados à comunicação de
dados para várias empresas e órgãos governamentais, assessorando também
entidades de fomento à pesquisa. No âmbito da USP, Piqueira participa da
Comissão Permanente de Avaliação e já foi membro do Conselho Universitário
e da Comissão Especial de Regimes de Trabalho
- É presidente da Sociedade Brasileira de Automática e, atualmente, concilia as atividades da vice-diretoria da Poli USP com as de professor titular e coordenador do Laboratório de Sincronismo, iniciado por ele em 2002
- Participa ainda do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Complexos (CNPq).
Contato:jose.piqueira@poli.usp.br

Créditos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Déficit habitacional oferece espaço para braços de grandes construtoras crescerem

Empresas criadas para atender segmento de habitações populares tendem a seguir com vendas em alta, motivadas pelo avanço da nova classe C e pelo Minha Casa, Minha Vida

Por: Altair Santos

Se a primeira etapa do Minha Casa, Minha Vida contou com um desembolso de R$ 53,1 bilhões do governo federal, a segunda fase, que foi lançada em junho de 2011, promete investimento de R$ 125,7 bilhões até 2014, dos quais R$ 72,6 bilhões virão do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). De olho neste volume de dinheiro, as grandes construtoras do país estimam que seus braços econômicos, criados para atender o segmento de habitação popular, ainda têm muito espaço para crescer.   

Em 2011, “braços econômicos” devem responder por 50% das unidades comercializadas pelas grandes construtoras.

Em algumas empresas, a nova divisão de negócios já responde por até 50% das unidades comercializadas por ano. É o que ocorre com a construtora Ideal Rossi, que é o braço econômico da Rossi. No caso da Cyrela, que criou a Living há quatro anos, o segmento voltado a construções de habitações populares já representa 35% da receita total. A expectativa é que chegue a 50% até 2013. “Há espaço para elas crescerem mais, principalmente se houver um viés de redução de taxas de juros para incentivar o consumo”. avalia o economista Fausto Gouveia, da Legan Asset, especialista em tendências econômicas e mercado financeiro.

Não apenas o programa habitacional criado pelo governo federal em 2009, mas também a mobilidade social no país estimula as grandes construtoras há investirem em braços econômicos. Até empresas especialistas em obras estruturais hoje estão atuando nesse segmento. Como a Odebrechet, que criou a Bairro Novo. Elas se sentiram estimuladas pela nova classe C - principal cliente das subsidiárias - e também pelo déficit habitacional de 7,9 milhões de moradias que ainda há no país (6,4 milhões em área urbana e 1,5 milhão em área rural) segundo os mais recentes números do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Soma-se a isso a disponibilidade de crédito para o segmento imobiliário, que em sete anos praticamente triplicou. Saiu de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2004 para 4,6%, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). “Foi uma conjuntura econômica que levou as construtoras a tomarem esta estratégia de criar braços econômicos. Aqui no Brasil, o crédito sempre foi bastante reprimido. Com o plano Minha Casa, Minha Vida, ele alimentou o setor, gerou crédito abundante e atraiu as grandes construtoras”, disse Fausto Gouveia.

Para atender a demanda do mercado, os braços econômicos passaram a desenvolver estratégias próprias para construir seus empreendimentos. Boa parte das empresas padroniza os projetos, dá prioridade ao sistema construtivo conhecido como alvenaria estrutural e investe na mecanização do canteiro de obras. Mesmo assim, esbarram nos gargalos da construção civil, sobretudo na escassez de mão de obra. “Isso afeta a rentabilidade destas empresas, pois gera atraso na obras. Esse pode ser um dos motivos que causou a queda de algumas delas na bolsa de valores mas não significa que não tenham espaço para voltar a crescer”, analisa o economista da Legan Asset.

A projeção é que o segmento de habitação popular (unidades com valor até R$ 200 mil) tenha espaço para crescimento sustentável até 2023. É quando, segundo o Plano Nacional de Habitação (PlaHab) do Ministério das Cidades, deverá zerar o déficit por novas moradias no Brasil. De olho nessa projeção, e já consolidados nas regiões sudeste e sul, os braços econômicos das construtoras passam a priorizar o norte e o nordeste do país, onde estão os maiores percentuais do déficit habitacional brasileiro, com 22,9% e 20,6% da população, respectivamente.

Algumas Construtoras que investiram em braços econômicos
- Gafisa (Tenda e Fit)
- Cyrela (Living)
- Odebrechet (Bairro Novo)
- Rossi (Ideal Rossi)
- Plaenge (Vanguard)

Veja o documento do Ipea:
- O planejamento da habitação de interesse social no Brasil: desafios e perspectivas
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/111025_comunicadoipea118.pdf

Entrevistado
Fausto Gouveia, diretor da área Private da Legan Asset Management                                                                         
Currículo
- Economista e já atuou como analista de mercado, agente de investimentos e atualmente é economista chefe da Legan Asset Management
Contato: fausto@leganasset.com.br

Créditos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

 


Cadeia da construção civil ganha a mais completa base de dados

Criado pelo SindusCon-SP, ConstruData reúne estatísticas e informações estratégicas que interessam tanto aos profissionais da área quanto às construtoras e incorporadoras

Por: Altair Santos

 
O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) lançou em outubro de 2011 uma ampla base de dados estratégicos que interessam a todos os segmentos do setor. Reunidas no site batizado de ConstruData, as estatísticas foram organizadas e passaram a fornecer uma extensa gama de indicadores setoriais, demográficos, contas nacionais e regionais, que permitem às construtoras ter subsídios sólidos para estudar a viabilidade econômico-fi­nanceira de empreendimentos imobiliários em todo o Brasil.

Site traz uma extensa gama de indicadores setoriais e demográficos, sejam nacionais ou regionalizados.

A elaboração do ConstruData levou três anos e contou com a parceria da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sob a coordenação da economista  Ana Maria Castelo, especialista na área da construção civil. O objetivo é que o banco de dados se torne uma ferramenta de consulta para toda a cadeia produtiva, sejam empresas ou profissionais da área. “Essa é a ideia. Para isso estamos tentando cobrir informações de todos os segmentos do setor. Mas é importante lembrar que o site não se restringe apenas ao banco de dados. Ele possui também análises setoriais e disponibiliza a revista Conjuntura da Construção”, explicou.

Através do ConstruData, o empreendedor da construção civil terá acesso a informações melhor organizadas para verificar a viabilidade econômica de um negócio, por exemplo. “É um instrumento que vai facilitar a vida do empreendedor, na medida em que ele vai encontrar um grande número de informações setoriais em um único lugar, sem precisar recorrer a diversas fontes”, completa a economista da FGV. Além disso, o amplo acervo de dados e análises do site vai ajudar os profissionais no entendimento do desempenho e das tendências do setor. “Através da revista Conjuntura da Construção a gente pretende disponibilizar as análises produzidas com base nos dados obtidos via ConstruData”, reforça Ana Maria Castelo.

O ConstruData funciona como um catalisador e organizador de dados. Algumas áreas do site têm atualização quase diária, enquanto outras, que dependem de informações mais amadurecidas, podem ser divulgadas mensalmente, trimestralmente ou anualmente. A ferramenta também pretende agregar números gerados por outros organismos representativos da construção civil. “O objetivo é realmente ser uma referência de informações e análises consolidadas. Estamos apenas começando, ainda há muito que colocar no ConstruData para que ele tenha uma dimensão realmente expressiva dentro da cadeia da construção civil”, conclui a economista da FGV.
Acesse o ConstruData: http://www.construdata.com.br/index.php

Entrevistada
Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da FGV, co-editora da revista Conjuntura da Construção e responsável pela divulgação do INCC-M
Currículo
- Economista e mestre pela Universidade de São Paulo
- É coordenadora de projetos do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas, responsável pela divulgação do INCC e especialista na área da construção civil
- Co-editora da Revista Conjuntura da Construção, presta assessoria ao Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e à Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT)

Contato: ana.castelo@fgv.br

Créditos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Mão de obra da construção civil adota novo modelo de prestação de serviço

A figura do “pedreiro” cede espaço para empresas especializadas em reforma de imóveis e que agregam profissionais capazes de desenvolver multitarefas

Por: Altair Santos

A falta de mão de obra na construção civil não atinge apenas empreendimentos imobiliários e grandes obras estruturais. Ela afeta também o mercado das pequenas reformas. Só que, neste setor, a escassez de especialistas estimulou um novo modelo de serviço.  A figura do “pedreiro” cedeu espaço para empresas que desempenham multitarefas, como solucionar problemas hidráulicos e elétricos ou recuperar fachadas e promover reparos em imóveis.

David Pinto, da Doutor Resolve: criada no interior de São Paulo, hoje tem franquias espalhadas em todo o Brasil.

Bem sucedido, o novo segmento estimula ainda mais o chamado “consumo formiguinha” no comércio de material de construção. Segundo dados da ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) a venda no balcão já representa 77% do volume de produtos negociados anualmente pelas lojas do Brasil. “É um comércio que não para e a gente está atrelado a isso”, conta David Pinto, dono Doutor Resolve.

A empresa de David Pinto é pioneira neste novo modelo de prestação de serviço na construção civil. Fundada em São José do Rio Preto-SP, a Doutor Resolve já conta com 400 franquias espalhadas pelo país e movimenta por ano cerca de R$ 50 milhões em material de construção. “Entre os reparos mais solicitados, nós temos três carros chefe: a alvenaria, a elétrica e a hidráulica. Temos até um dado do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que aponta que pelo menos uma vez por ano um imóvel requer algum tipo de reparo ou reforma. Assim, nossa expectativa é de constante crescimento”, diz o empresário.

Atualmente, a expansão das reformas tem dois vieses. Um está concentrado no mercado de imóveis novos. “Tem havido uma grande demanda neste setor, porque os compradores sempre querem mudar algo e isso gera um volume de empreitadas”, conta David Pinto. O outro se deve à falta de terrenos para construir. “Isso leva às famílias a reaproveitarem os espaços, seja reformando a casa que existe ou construindo novas peças”, diz o dono da Doutor Resolve.

Segundo pesquisa de potencial de mercado, realizado pela Ibope Inteligência, em 2011 o consumo per capita dos brasileiros com material de construção deve fechar em R$ 469. Isso gera a expectativa de que o ano se encerre com um volume de vendas de R$ 76,4 bilhões para o setor. A região sudeste absorve maior parte deste consumo, com 54,2%. Os estados do sul, no entanto, projetam o maior gasto per capita do país: R$ 559.

Confira o estudo completo:
http://www.ibope.com.br/download/110314_Release_Pyxis_Material_de_Constru%C3%A7%C3%A3o.pdf

Entrevistado
David Pinto, presidente da Doutor Resolve
Currículo

-David Pinto, 27 anos, é empresário no ramo de venda de serviços ao varejo e, especialmente, em franquias, com ampla experiência no setor

Contato:   presidencia@doutorresolve.com.br / operacoes@doutorresolve.com.br  / http://www.doutorresolve.com.br/Dr-Resolve-Doutor-Resolve.aspx
Crédito: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330

Venda de imóvel na planta ou pelo panfleto abole termo 'imagem meramente ilustrativa'

Por lei, empresas devem entregar aquilo que prometem. SindusCon e Procon orientam consumidor a procurar construtoras que seguem as normas setoriais

Por: Altair Santos

Campanhas de lançamento de imóveis já geraram muita dor de cabeça, tanto para compradores quanto para construtoras. Isso precisou da intervenção do Código do Consumidor, que tem conseguido chegar a um bom termo quanto ao conteúdo que é trazido nos panfletos em relação às obras concluídas e entregues ao cliente.

Marcos Kahtalian, diretor de marketing do SindusCon-PR: “Compra de imóvel na planta implica a compra de uma promessa.”

A equação que minimiza perdas e danos também teve participação ativa do SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) no sentido de orientar as empresas. “Hoje, as construtoras estão atentas a isso, até porque a lei assim exige. Da mesma forma, o consumidor, melhor informado, também tem checado se as informações contidas nos prospectos de venda constam do memorial de incorporação”, diz Marcos Kahtalian, diretor de marketing do SindusCon-PR.

Atualmente, no Procon (procuradoria do Consumidor) do Paraná – contabilizando apenas dados de 2011 –, há 73 reclamações contra construtoras que atuam no estado. “A maioria se refere a imóveis vendidos na planta, que não respeitaram o prazo de entrega”, explica Cláudia Francisca Silvano, coordenadora do Procon-PR. Quando isso ocorre, a empresa autuada pode acabar pagando multa que varia de R$ 426,00 a R$ 3 milhões.

Para evitar transtornos, o SindusCon recomenda que o consumidor, antes de fechar negócio, verifique se a construtora segue as normas setoriais incentivadas pelo sindicato. “A compra de imóvel na planta implica na aquisição de uma promessa. Nesse sentido, para que o consumidor compre de uma empresa, ele precisa confiar nas promessas dessa empresa e ser sensível ao histórico dela, às suas ações e ao relacionamento dela com os clientes”, completa Kahtalian.

Diante desta nova relação entre clientes e construtoras, um subterfúgio antes comum nas peças publicitárias sobre imóveis está caindo em desuso. Trata-se da utilização do termo “imagem meramente ilustrativa”. Já é consenso legal de que a utilização desta expressão em panfletos, páginas da internet e em outras mídias não isenta a empresa de responsabilidade. “A oferta vincula a construtora. Portanto, aquilo que é ofertado no material publicitário tem que ser cumprido. Neste caso, o uso da frase imagens meramente ilustrativas não exime de responsabilidade a empresa”, alerta a coordenadora do Procon-PR.

Sob o ponto de vista do SindusCon, a orientação para as construtoras é que elas só iniciem a venda dos imóveis quando estiverem com o registro da incorporação em mãos, e que sigam fielmente o que preconiza o memorial da obra.

Segundo Marcos Kahtalian, é preciso entender que a transação em torno de um imóvel é mais complexa que as que envolvem outros bens de consumo. “O imóvel, quase sempre, é um investimento familiar. Trata-se de um bem de consumo durável e com valor agregado alto. Por isso, a compra é mais complexa. Mas atualmente as incorporadoras estão atentas a isso e sabem que o processo de compra é mais delicado”, conclui o diretor de marketing do SindusCon-PR.

Cláudia Francisca Silvano, coordenadora do Procon-PR: “Aquilo que foi ofertado tem que ser cumprido.”

Entrevistados
Marcos Kahtalian, diretor de marketing do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (SindusCon-PR)
Cláudia Francisca Silvano, coordenadora da Procuradoria do Consumidor no Paraná (Procon-PR)
Currículos
- Marcos Kahtalian é professor de marketing e marketing de serviços dos cursos de graduação e pós-graduação da FAE Business School, em Curitiba
- Mestre em Multimeios pela Unicamp, escreve regularmente colunas de negócios para jornais, revistas e portais de internet
- É consultor de empresas nas áreas de marketing e gestão há mais de 10 anos e atualmente ocupa o cargo de diretor de marketing do SindusCon-PR
- Cláudia Francisca Silvano é advogada, pedagoga, professora universitária de cursos de graduação e pós-graduação.
- Pós-graduada em direito civil e empresarial, atualmente é coordenadora do Procon-PR
Contatos: marketing@sindusconpr.com.br / claudia@procon.pr.gov.br

Créditos Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Escolha profissional não deve ser baseada no oportunismo (Podcast)

Para o orientador vocacional Leo Fraiman, estudante, ao optar por um curso superior, deve levar em conta a vida profissional no longo prazo e não se deixar influenciar pelo modismo

Por: Altair Santos
Leo Fraiman: estudante não pode pensar em apenas se formar e arranjar um emprego.

Currículo
- Leo Fraiman
é psicoterapeuta e supervisor clínico, diretor da Clínica Fraiman desde 1992
- Especialista em psicologia escolar e mestre em psicologia escolar e do desenvolvimento humano pela USP
- Autor de diversos livros sobre orientação para escolha profissional, empregabilidade e empreeendedorismo
- Professor da cadeira de projeto de vida no Colégio Guilherme Dumont Villares, desde 2001
- Orientador para programas de intercâmbio estudantil pelo Student Travel Bureau
- Professor universitário e palestrante internacional. Colabora com matérias e artigos em jornais e revistas de todo o país

Clique no player abaixo e ouça agora um resumo da entrevista. Para ouvir a entrevista na íntegra clique aqui.