Construção civil profissionaliza e atrai investidores
Impulsionadas pelo cenário econômico do país, empresas passaram a despertar o interesse de fundos europeus e dos Estados Unidos
Por: Altair Santos
A Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC) projeta que em 2012 o setor irá receber mais de US$ 14 bilhões (R$ 24,5 bilhões) em investimento estrangeiro. Segundo analistas, o volume de recursos vem aumentando ano a ano, desde 2005. Além da retração econômica nos Estados Unidos e na Europa, o que fez o capital externo buscar alternativas, a profissionalização da construção civil do país também é responsável por atrair os investidores. "Muitas empresas do setor se organizaram para receber esses recursos", explica Rodolpho da Costa Vasconcellos, conselheiro da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-RJ).
Outro especialista em investimento estrangeiro na construção civil, Arnaldo Gomes da Rocha, entende que houve melhoria de gestão e de governança das empresas, e que isso as preparou para receber capital externo. "Boa parte investiu em tecnologia, obteve grau de sofisticação de gestão e de governança e reestruturou a forma de buscar financiamentos para seus empreendimentos. Para essas empresas, a onda de atração de investimento tende a continuar. Já para as que não se prepararam, elas vão precisar acordar para esse novo momento", diz o engenheiro civil e consultor da DealMaker.
De acordo com Rodolpho da Costa Vasconcellos, as empresas que têm conseguido atrair investimento estrangeiro são as que profissionalizaram a gestão do canteiro de obras, incrementando novas tecnologias e qualificando a mão de obra. "A profissionalização da área técnica é decisiva para convencer os investidores", afirma. O conselheiro da Ademi-RJ destaca ainda que o cenário sinaliza que a entrada destes recursos será crescente. "Antes, o setor da construção civil passou muitas décadas num processo de stop and go, quer dizer, para e continua. Vinha investimento, acabava e começava um círculo recessivo. Agora, verifica-se estabilidade na injeção de recursos", completa.
Sem distinção
Os especialistas avaliam que os investidores têm prospectado negócios em todo o país. "Este processo é generalizado. No Nordeste, há muito investimento. Até pela proximidade com os países europeus", avalia Rodolpho da Costa Vasconcellos. "Certamente os negócios atingem as outras regiões do país, mas claro que Rio e São Paulo atraem uma grande massa de investimentos. No entanto, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia são estados que também têm muitos atrativos para investidores estrangeiros", cita Arnaldo Gomes da Rocha.
Recentemente, no Paraná, o Grupo Thá - um dos mais tradicionais do estado - vendeu seu controle acionário para o fundo de investimento norte-americano Equity international, cuja intenção é explorar também a prestação de serviços por meio do segmento de engenharia. Outra aquisição ocorrida há pouco tempo foi promovida pelo grupo investidor Paladin, também dos Estados Unidos, que comprou a construtora Inpar. Nos anos 1990, a empresa assinou prédios de altíssimo padrão em endereços exclusivos de São Paulo. "São recursos que capitalizam a empresa, incorporam, dão musculatura e ficam no país por um longo prazo", comenta Rodolpho da Costa Vasconcellos, mostrando que não se pode confundir esse tipo de dinheiro com capital especulativo.
O que muda, para o consumidor, a entrada de capital estrangeiro na construção civil brasileira:
- Mais oferta de imóveis
- Concorrência maior
- Redução de preços
Entrevistados
Rodolpho da Costa Vasconcellos, conselheiro da Ademi-RJ e especialista em investimento estrangeiro no mercado imobiliário
Arnaldo Gomes da Rocha, consultor e sócio da DealMaker
Currículos
Rodolpho da Costa Vasconcellos é consultor da Capital Consult e conselheiro da Ademi-RJ
Arnaldo Gomes da Rocha é graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Qualidade e Produtividade pelo ITCQ-USP
Liderou projetos em planejamento estratégico, reestruturação corporativa e desenvolvimento de negócios em áreas de energia , TI, serviços e varejo
Atualmente é sócio da DealMaker, consultoria especializada em aquisições e fusões
Contatos: rodolpho@capitalconsult.com.br / arnaldo.rocha@dealmaker.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável Altair Santos - MTB 2330
Implosão de obras exige tecnologia de ponta
Softwares, tipos variados de explosivos e itens de segurança estão entre as inovações que tornam o Brasil um dos países-referência neste setor
Por: Altair Santos
A propagação de obras pelo Brasil afora tem feito com que velhas estruturas deem lugar a novos empreendimentos. Com isso, aumentou a demanda por implosões. Ao contrário do que se possa imaginar, o procedimento requer tecnologia avançada. No país há poucas empresas especializadas. Entre elas a Fábio Bruno Construções, que recentemente ganhou o World Demolition Awards 2011 - espécie de Oscar da demolição.
Engenheiro de minas, Fábio Bruno revela que as implosões necessitam de projetos tão intrínsecos quanto os da construção de uma obra. Atualmente, softwares já auxiliam nos cálculos para que a estrutura seja primeiro enfraquecida e depois implodida. Além disso, o Brasil é considerado inovador em sistemas de segurança para implosões. É o que pode ser conferido na entrevista a seguir :
Quando fala-se em implosão de uma obra, o leigo talvez não tenha noção da tecnologia embarcada num procedimento deste tipo.
Implodir exige um projeto tão ou mais preciso do que construir?
Com certeza. Primeiro, porque a implosão não pode dar errado. É necessário analisar todas as vigas, todos os pilares, todas as lajes, enfim, tudo o que tiver função estrutural. Além disso, antes da implosão, é preciso enfraquecer a estrutura a ponto de ela não cair antes do momento certo. Tem que ter um cálculo exato para poder enfraquecer a estrutura ao máximo para, depois, com a menor quantidade de pontos possíveis, detoná-la. É um cálculo que exige muita precisão.
Assim como há sistemas construtivos diferenciados, há modelos de implosão diferentes?
Sim. Um dos recursos é a darda hidráulica, que é feita sem explosivos. Mas mesmo com explosivos, existem vários tipos que podem ser usados. Alguns com velocidade maior ou menor. Outros com potência maior ou menor. Por exemplo, para destruir um pilar de ferro dá para usar um tipo de explosivo que chamamos de carga moldada. Já para destruir um pilar de concreto é preciso usar uma banana de dinamite normal.
Como funciona a darda hidráulica?
São feitos furos no concreto para a colocação de cunhas interligadas por mangueiras. Por meio de pressão, o concreto é expandido até romper. O problema deste procedimento é que parte do equipamento se perde na demolição, o que torna seu custo muito alto. Mas há locais, como Londres, onde é proibido usar explosivo para fazer demolições, que essa técnica é muito usada.
Quais as especialidades profissionais que são envolvidas quando se planeja uma implosão?
São duas engenharias: a de minas e a civil. O engenheiro de minas é especializado em explosivos e o engenheiro civil é especializado em estrutura. Sem as duas especialidades não há implosão.
Quais estudos são feitos para que a implosão ocorra sem erros?
Existe um software importado dos Estados Unidos que permite simular a implosão. Utilizamos o programa no estádio Castelão, em Fortaleza. Era preciso demolir parte da arquibancada, sem afetar a estrutura remanescente do estádio. A gente fez cinco ensaios diferentes de simulação para avaliar qual o tipo ideal de implosão.
Estrutura, materiais usados na obra, tipo de fundações e terrenos são relevantes para definir o modelo de implosão?
Sim. É importante saber onde o terreno está apoiado, principalmente por causa da vibração. Se o terreno está todo apoiado em rocha, a vibração será muito maior do que se estiver em solo, por exemplo. É importante avaliar onde o prédio está situado, para poder avaliar como eu faço para minimizar o efeito da vibração na implosão.
Quais materiais são usados nas implosões?
Existem carga moldada, darda hidráulica, bananas de dinamites, retardos e cordéis detonantes. O ativador da implosão também é importante. Ele pode ter uma iniciação elétrica, uma iniciação por estopim ou uma iniciação por brinel, que é um ativador espontâneo.
Em termos de tecnologia, houve evolução acentuada nos processos de implosão de uns tempos para cá?
O software que simula a implosão é um exemplo disto. Há muita troca de informação entre os especialistas em implosão do mundo todo. Anualmente nos reunimos em Amsterdam, na Holanda, para apresentar inovações.
O Brasil tem know-how próprio para implosões ou ainda importa tecnologia?
Importa e exporta também. A utilização de telas faixadeiras para proteger contra o lançamento de detritos é uma inovação nossa. Nos Estados Unidos e na Europa passaram a adotar a técnica que foi criada aqui no país.
Recentemente, o país tem realizado mais implosões. A que se deve isso?
Por esse conhecimento desenvolvido. Eu, por exemplo, já tenho mais de 30 implosões no Brasil, e todas com sucesso. Outro aspecto é que o país tem muitos prédios sem manutenção, e com mais de 50 anos. Com o crescimento da construção civil, eles estão sendo demolidos para ceder lugar a empreendimentos novos. Um exemplo foi o Hospital do Fundão, no Rio. O prédio tinha 52 anos e nunca havia recebido manutenção. Resultado: entrou em colapso e precisou ser implodido.
Em termos de logística, o que envolve uma implosão?
O primeiro item é o prazo. Tem que definir o dia da explosão, para que todos os organismos públicos - polícia, corpo de bombeiros, defesa civil e companhias de água, energia e gás - possam se programar. Também é necessário obter a licença dos explosivos e organizar a entrega de material explosivo, já que ele não pode ficar exposto na obra. Então, antes, é preciso definir quantos furos serão necessários para a implosão. Tudo isso leva cerca de 30 dias, pelo menos.
Entrevistado
Fábio Bruno Pinto, diretor operacional da Fábio Bruno Construções
Currículo
- Graduado em engenharia de minas pela Universidade federal de Minas Gerais (UFMG) em 2000
- Tem MBA em Gestão Empresarial pela FGV, em 2005
- Possui especialização na utilização de explosivos pela Michigan Technological University
- Foi o único palestrante da América Latina no World Demolition Summit 2011, em Amsterdam
- É o único da América Latina a ser membro do “The Institute of Demolition Engineers” – IDE
- Sua empresa foi considerada a melhor em implosão de 2011, pelo World Demolition Awards 2011 (Explosion Demolition Awards)
- Possui mais de 30 implosões realizadas. Entre elas: estádio Castelão, antiga fábrica da Brahma no Sambódromo, antiga fábrica da CCPL, hospital universitário do Fundão (UFRJ) e presídio Frei Caneca.
Contato: fabio@fabiobruno.com / http://www.fabiobruno.com/index.htm
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Túnel de vento agrega segurança e inovação às obras
Brasil tem três equipamentos. O da UFRGS é o que mais atende a construção civil e já ajudou a viabilizar mais de 300 projetos
Por: Altair Santos
Desde a NBR 6123:1988 - Forças devidas ao vento em edificações -, os túneis de vento passaram a ser equipamentos imprescindíveis à construção civil. É através deles que se agregam segurança e inovação às obras. No Brasil, a utilização desta tecnologia é recente. Até porque, há poucos túneis no país. São três, mas o mais requisitado para testes em projetos arquitetônicos é o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os que existem no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) priorizam as indústrias de aviação e automobilística.
Na UFRGS, o túnel de vento foi construído pela iniciativa do engenheiro civil Joaquim Blessmann, em 1972. Localizado dentro do Laboratório de Aerodinâmica das Construções (LAC) o equipamento é hoje o mais completo da América Latina. Seu uso tornou-se intenso a partir de 1996, quando o Brasil passou a otimizar as construções e torná-las mais seguras e resistentes à pressão dos ventos. " O túnel de vento é a ferramenta mais eficaz para detectar e controlar o efeito de fenômenos aerodinâmicos em obras civis", explica o professor da UFRGS, Acir Mércio Loredo-Souza, que dirige o LAC.
A ferramenta da UFRGS já atendeu mais de 300 projetos da construção civil. O procedimento começa com o envio das plantas em Autocad ao laboratório. A partir daí, os engenheiros do LAC projetam uma maquete para submetê-la ao ensaio. "Além da edificação, reproduzimos todo o contexto no qual ela será inserida, como as construções do entorno e tudo o que possa interferir na pressão do vento”, explica Acir. Segundo ele, os testes em túneis de vento representam 1% do valor da obra. "É um investimento, pois o estudo mostra o desempenho da edificação", completa.
Ao atingir um edifício, o vento imprime dois tipos de esforços: a pressão frontal (barlavento) e a sucção (sotavento). Por isso, quando há um teste em túnel de vento, leva-se em consideração o local que a edificação será construída (situação geográfica), o tipo do terreno e a presença de obstáculos no entorno, além de geometria e altura da edificação. "No caso de obras civis, são realizadas todas as medições de pressões, forças, deslocamentos e acelerações causadas pelo vento", conta o diretor do Laboratório de Aerodinâmica das Construções da UFRGS.
Atualmente, é exigido que prédios superaltos tenham seus projetos submetidos a túneis de vento. Uma das primeiras aplicações do equipamento em edificações se deu quando foram construídas as torres gêmeas do World Trade Center, construídas em 1973 e destruídas por um atentado em 2001. O estudo realizado no WTC balizou todas as outras análises feitas em túneis de vento para a construção civil. Isso envolve não apenas arranha-céus, mas pontes e viadutos. No Brasil, além de obedecer a NBR 6123:1988, as edificações precisam se submeter a requisitos da Associação Brasileira de Engenharia do Vento e da Associação Internacional de Engenharia do Vento.
Veja efeito do vento de acordo com a altura dos edifícios:
Entrevistado
Professor Acir Mércio Loredo-Souza, diretor do Laboratório de Aerodinâmica das Construções da UFRGS
Currículo
- Graduado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 1988
- Tem mestrado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992) e doutorado em engineering science
- Ph.D. pela University of Western Ontario, do Canadá (1996)
- Atualmente é Professor Associado I da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de engenharia civil, com ênfase em engenharia do vento, atuando principalmente nos estudos relativos à ação e efeitos do vento sobre edificações, pessoas e o meio ambiente
- É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq - Nível 1D
Contato: 00009661@ufrgs.br / http://www.ufrgs.br/lac/
Créditos foto: Divulgação / UFRGS
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Brasil ocupa topo do ranking imobiliário internacional
Mercado de escritórios e de condomínios logísticos industriais do país é indicado por associação de investidores estrangeiros
Por: Altair Santos
A Associação de Investidores Estrangeiros em Imóveis (Afire, sigla em inglês) divulgou recentemente um estudo que destaca o Brasil como o segundo país mais indicado para compras imobiliárias em 2012. O mercado de escritórios e de condomínios logísticos industriais desperta o interesse de 18,6% dos entrevistados. Só o desempenho dos Estados Unidos, apontado por 42,2% dos investidores, supera o brasileiro. "Isso é extremamente positivo para o país, pois vai atrair grandes fundos internacionais para o nosso mercado corporativo", avalia a consultora Simone Santos.
Segundo a Afire, em todo o mundo o setor da construção civil voltado para imóveis comerciais receberá investimento de US$ 874 bilhões (R$ 1,52 trilhão). Deste volume de recursos, US$ 162,5 bilhões (R$ 284,3 bilhões) devem desembarcar no Brasil. A expectativa é que em São Paulo, apontada na pesquisa como a quarta cidade que mais receberá recursos para novos empreendimentos - atrás apenas de Nova York, Washington e Londres -, sejam investidos US$ 22,75 bilhões (R$ 39,81 bilhões) em 2012. "São Paulo deve capitanear, mas Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Curitiba também despertam o interesse dos investidores", diz Simone Santos.
A consultora cita que aproximadamente 70% de todo estoque de empreendimentos previsto para ser entregue até o final do primeiro semestre de 2012 já foi previamente adquirido pelos investidores. Por isso, ela ressalta que o Brasil precisou impor uma velocidade maior na conclusão das obras, capacitando mais os trabalhadores do setor, além de resolver o problema da falta de terrenos para construir. "Um entrave que pode segurar esse volume de investimento é a falta de mão de obra, além da valorização dos terrenos. Este assédio dos investidores pode gerar especulação e se tornar um impeditivo para que determinadas regiões se aproveitem deste bom momento", comenta.
No entender de Simone Santos, apesar dos recursos que estão chegando ao Brasil, o mercado corporativo não irá se sobrepor em volume ao setor de empreendimentos residenciais. A consultora destaca que os dois segmentos se comportam de maneira diferente. "Enquanto o residencial é mais varejo, o corporativo requer mais análises, mais estudos. O investidor é diferenciado. Ele busca características que atendam as corporações, como localização da obra, pontualidade e, hoje em dia, empreendimentos sustentáveis", afirma.
A pesquisa encomendada pela Afire foi realizada pelo centro de Real Estate James A. Graaskamp, da Escola de Negócios de Wisconsin.
Confira os gráficos que apontam a boa posição do Brasil no mercado imobiliário internacional (clique nas imagens para ampliar):
Entrevistada
Simone Santos, diretora de serviços corporativos da Herzog Imóveis Industriais e Comerciais
Currículo
- Graduada em direito pela UNIP (Universidade Paulista)
- Ocupa o cargo de diretora de serviços Corporativos da Herzog Imóveis Industriais e Comerciais há 14 anos
- Tem especialidade em consultoria, pesquisa, avaliações comerciais e tenant representation.
Contato: simone@herzog.com.br / www.herzog.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
PAC completa cinco anos, mas avança pouco
Programa de Aceleração do Crescimento esbarra no despreparo técnico dos projetos, na falta de boa gestão e no desinteresse da iniciativa privada
Por: Altair Santos
Lançado em 2007, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) caminha lentamente. Dos 1.704 empreendimentos contratados, apenas 243 foram concluídos até o final de 2011. A escassez não se deve à falta de dinheiro. No ano passado foram liberados R$ 28 bilhões para o programa. O problema maior está na elaboração dos projetos. Mal concebidos pelos municípios, eles ficam suscetíveis a contestações judiciais, o que resulta em atrasos ou, em alguns casos, na inviabilidade das obras.
Um dos segmentos mais atingidos por essa demora é o do saneamento básico. Alardeado como um dos carros-chefe do programa, o setor teve 101 projetos contratados em 2011, para municípios com população acima de 500 mil habitantes, mas que ainda aguardam a liberação de recursos. "Os procedimentos entre a apresentação do projeto até a obra, atualmente demoram acima de 24 meses. Isso quando o processo corre de forma satisfatória", explica Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.
Segundo dados do próprio Ministério das Cidades, o Brasil investe hoje menos da metade do que deveria em saneamento básico. São R$ 7 bilhões por ano, quando o valor já deveria estar em R$ 15 bilhões para que se atingisse a meta de universalização em 20 anos. Para Édison Carlos, se o PAC não consegue suprir a demanda, deveria ser convocada a participação do setor privado para atuar também em obras de saneamento básico. "Onde isso foi tentado, há exemplos de boa gestão", diz Édison Carlos.
Atualmente, cidades como Ribeirão Preto e Jundiaí, em São Paulo; Niterói, no Rio de Janeiro, e Paranaguá, no Paraná, têm seus sistemas de saneamento básico privatizados. O número de concessões, no entanto, é ínfima e hoje não atinge nem 0,5% dos 5.566 municípios brasileiros. "É preciso desburocratizar as licitações, desonerar o saneamento e estimular as parcerias público-público, público-privado e todas as demais modalidades", defende o presidente da Trata Brasil.
Édison Carlos avalia que mais investimentos em saneamento básico trará ainda maior crescimento à cadeia produtiva da construção civil. "A expansão tem impacto direto no setor, pois são obras grandes, que movimentam grandes quantidades de produtos e serviços. Além disso, em nossa pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Básico, realizada em conjunto com a FGV, ficou clara a relação entre a expansão dos investimentos em saneamento básico e os benefícios econômicos para a sociedade. Por exemplo, caso houvesse acesso universal à rede de esgoto, os imóveis poderiam sofrer uma valorização média de até 18%", cita.
Para alcançar esse estímulo, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) lançou recentemente o projeto Sanear É Viver. Entre as propostas, estão questões relacionadas à produção de planos regionais de saneamento, à recuperação das companhias municipais e estaduais de saneamento, ao desenvolvimento de um Programa de Melhoria da Gestão das Concessionárias, às mudanças no modelo de tributação sobre projetos de saneamento e à política de subsídios para populações de baixa renda.
Gargalos que impedem o PAC de avançar :
- Falta de qualidade técnica dos projetos
- Lentidão das licenças ambientais
- Problemas nas licitações
- Gestão inadequada de empresas operadoras
- Falta de coordenação entre os níveis municipal, estadual e federal
- Falta de mão de obra especializada
Regiões do país mais carentes de saneamento básico:
Sudeste - 95% dos municípios atendidos por coleta de esgoto
Nordeste - 45,6% dos municípios atendidos por coleta de esgoto
Sul - 39,7% dos municípios atendidos por coleta de esgoto
Centro-Oeste - 28,3% dos municípios atendidos por coleta de esgoto
Norte - 13,3% dos municípios atendidos por coleta de esgoto
Fonte: Atlas do Saneamento do IBGE
Confira a pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Básico: Clique aqui
Entrevistado
Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil
Currículo
- Graduado em Química pela Faculdade Oswaldo Cruz
- Pós-graduado em Comunicação Estratégica
- Atuou por quase 20 anos em várias posições no Grupo Solvay, sendo que nos últimos anos foi responsável pela área de Comunicação e Assuntos Corporativos da Solvay Indupa
Contato: edison.carlos@tratabrasil.org.br / milena.serro@tratabrasil.org.br (assessoria de imprensa) / www.tratabrasil.org.br
Créditos foto: Divulgação/Trata Brasil
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Em 2012, empregabilidade para engenheiros será de 100%
Mercado brasileiro tem um déficit de aproximadamente duzentos mil profissionais da área. Maior carência está na construção civil
Por: Altair Santos
De cada 100 vagas ofertadas no Brasil, 22 requisitam engenheiros. Trata-se da profissão com maior demanda no país atualmente, seguida de longe por administradores (14 vagas para cada 100) contabilistas (6 vagas para cada 100) e economistas (5 para cada 100). Os dados constam de pesquisa recentemente divulgada pela consultoria Ricardo Xavier, que revela ainda que de cada 22 engenheiros requisitados pelo menos metade é para o setor da construção civil.
Segundo Marshal Raffa, diretor executivo da consultoria, só a engenharia mecânica é tão requisitada quanto a civil. "Os engenheiros ligados à construção civil têm fortalecido esta posição devido aos grandes eventos do mercado brasileiro (Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas). Para a execução destes eventos é necessário infraestrutura. Tem ainda os investimentos no ramo imobiliário e a promessa do governo de executar na prática o PAC 2", diz Marshal.
A expectativa é que as engenharias, em especial a civil, tenham um nível de empregabilidade de 100% pelo menos nos próximos cinco anos. Até porque, há escassez de profissionais no mercado. O Brasil forma anualmente 8 mil engenheiros, mas, de acordo com Marshal Raffa, para suprir a demanda o país deveria, no mínimo, graduar cinco vezes mais engenheiros. "México e Coreia do Sul formam mais do que nós. De cada um graduado aqui, lá eles graduam dois e cinco, respectivamente", diz.
O consultor, no entanto, alerta que, além de graduar engenheiros, o Brasil precisa colocar profissionais qualificados no mercado. "Há uma carência de profissionais formados, mas também, mais do que isso, uma carência de profissionais qualificados", afirma. Por isso, a escala de empregabilidade tem sido a seguinte: 1º) Engenheiros com experiência; 2º) Engenheiros com mestrado e doutorado; 3º) Recém-formados. "Existe trabalho para todos, pois hoje o Brasil deve ter uma falta de cerca de duzentos mil engenheiros", estima Marshal.
Mais concorrido
A demanda por engenheiros civis tem causado mudanças até dentro das universidades. Atualmente, o curso desponta como o mais procurado em algumas instituições. No vestibular Fuvest 2012, que qualifica para a Universidade de São Paulo (USP), a graduação em engenharia ofertada no campus de São Carlos, no interior paulista, foi a mais procurada pelos candidatos. Para os aprovados em 2011, a concorrência foi de 26,78 por vaga; para 2012, 52,27.
Entrevistado
Marshal Raffa, diretor executivo da Ricardo Xavier Recursos Humanos
Currículo
- Graduado em ciência da comunicação (fonoaudiologia) pela PUC Campinas
- Tem MBA em gestão empresarial, especialização em responsabilidade social e coach profissional formado pela Pro Fit & Corporate Coach U
- É docente nas disciplinas de gestão em serviços, gestão de pessoas (bacharelado) e docente em projetos e processos (pós-graduação)
- Possui 15 anos de experiência como headhunter e na área de planejamento de carreira.
Contato: imprensa@ricardoxavier.com.br / www.ricardoxavier.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Fôrmas metálicas requerem cuidados especiais no canteiro (Podcast)
Manutenção cuidadosa e correto manuseio são fundamentais para que equipamentos possam ser usados em várias obras pelas construtoras
Por: Altair Santos
Entrevistado
Haroldo Miller Júnior, presidente da ABRASFE (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas de Formas e Escoramentos)
Currículo
- Graduado em engenharia mecânica pela PUC-RJ
- Tem pós-graduação em engenharia econômica (UFRJ) e é presidente da ABRASFE (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas de Formas e Escoramentos)
- Atualmente é diretor comercial da Rohr S/A Estruturas Tubulares
Contato: rj@rohr.com.br
Clique no player abaixo e ouça agora um resumo da entrevista. Para ouvir a entrevista na íntegra clique aqui
Engenheiros civis latinos tentam unificar profissão
Entre as reivindicações estão o incentivo à acreditação e o apoio a um modelo de ensino comum nos cursos ofertados pelas universidades
Por: Altair Santos
Engenheiros civis de países de língua portuguesa e espanhola estarão empenhados em 2012 para buscar uma unidade na qualificação profissional e na grade curricular das universidades. O objetivo é diminuir as disparidades e as exigências que são feitas quando os engenheiros se propõem a migrar de uma nação para outra em busca de trabalho. "O pessoal é formado em um país e quer atuar em outro, mas encontra muitas dificuldades. Cada um tem seus critérios. O Brasil esteve no centro da discussão, pois hoje é um dos países onde a construção civil está mais aquecida", revela o presidente da ABENC (Associação Brasileira de Engenheiros Civis), Ney Fernando Perracini de Azevedo.
Da preocupação dos engenheiros civis saiu a proposta de se criar o Conselho de Engenharia Civil dos Países de Língua Oficial Portuguesa e Castelhana. Esse foi um dos consensos a que chegaram os profissionais que estiveram reunidos em Curitiba, no final de 2011, para dois eventos que aconteceram paralelamente na capital paranaense: o 3º Encontro das Associações Profissionais de Engenheiros Civis dos Países de Língua Oficial Portuguesa e Castelhana e o 3º Congresso Iberoamericano de Engenharia Civil. Houve a participação de profissionais de 22 países (Angola, Argentina, Bolívia, Brasil, Cabo Verde, Chile, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Espanha, Honduras, Macau, México, Moçambique, Paraguai, Peru, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, São Tomé e Príncipe e Uruguai).
Para que haja um fluxo menos burocrático de engenheiros civis entre os países iberoamericanos foi proposto que se crie um organismo único de acreditação (reconhecimento formal) dos profissionais. Os debates, no entanto, devem amadurecer ao longo do ano e em novembro voltarão a ser discutidos na cidade do Porto, em Portugal. "A acreditação é um tema bastante polêmico. Se o profissional já tem o diploma, o que vai se exigir mais dele para trabalhar em outro país? É preciso definir que credenciais e especializações o profissional precisa ter. Informalmente, isso já ocorre, mas precisa ter algo que dê parâmetros melhores", avalia o presidente da ABENC.
Brasil e Portugal saem na frente neste debate. Em março, a ABENC e a Ordem dos Engenheiros de Portugal se reúnem para uma conferência, em que, além do mercado de trabalho, será debatido também a questão do ensino de engenharia civil nas universidades dos dois países. "A ideia é promover mais intercâmbios. A engenharia brasileira está bastante avançada, desperta o interesse de vários países, principalmente da Europa, e é hora de aproveitar essas oportunidades, tanto para eles quanto para nós", diz Ney Fernando Perracini de Azevedo.
MANIFESTO DOS ENGENHEIROS CIVIS IBERO e DECLARAÇÃO DE CURITIBA
Entrevistado
Ney Fernando Perracini de Azevedo, presidente da ABENC (Associação Brasileira de Engenheiros Civis)
Currículo
- Engenheiro civil, formado pela UFPR em 1965
- Trabalhou no Comitê Coordenador dos Estudos Energéticos da Região Sul do Brasil (Comitê Sul), que realizou os primeiros estudos do aproveitamento integrado do potencial energético da região
- Atuou por 30 anos na Copel, em atividades relativas às obras das usinas de Salto Osório e Foz do Areia, na manutenção de obras civis e, por mais de 16 anos, na Assessoria da Presidência da Empresa
- Foi professor da Faculdade Católica de Administração e Economia (FAE) por sete anos
- Aposentou-se como Professor Adjunto da UFPR, onde lecionou por 30 anos disciplinas relativas à Estatística e Qualidade
- Presidiu o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) por três gestões e presidiu o Departamento do Paraná da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC/PR)
Contato: presidencia@abenc.org.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
"PAC da América do Sul" soma R$ 203 bi e 520 obras
Programa de ação estratégica entre os 12 países tenta viabilizar, até 2022, 31 projetos âncoras, dos quais o Brasil está envolvido em 11
Por: Altair Santos
O despertar do Brasil para as obras de infraestrutura tem influenciado os países vizinhos. As 12 nações que integram o continente Sul-americano realizam esforços para conseguir viabilizar, até 2022, projetos que englobam rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrelétricas. São 31 empreendimentos âncoras, que vão desencadear pelo menos outros 500 em seu entorno.
Chamado de "PAC da América do Sul", o plano já tem algumas obras em andamento, mas depende de viabilizar recursos para entrar em ritmo acelerado. No Brasil, quem participa das negociações é o ministro João Mendes Pereira, Coordenador-Geral Econômico para a América do Sul, Central e Caribe do ministério das Relações Exteriores. Na entrevista a seguir, ele revela como funciona o projeto e quais as obras prioritárias para o país. Confira:
Como está o desenvolvimento de projetos de infraestrutura para integrar os países da América do Sul?
São 31 projetos que fazem parte da Agenda de Projetos Prioritários de Integração (API) do Conselho de Infraestrutura e Planejamento da UNASUL (União de Nações Sul-Americanas). Como é que nós chegamos a estes 31 projetos? Isto foi um processo ao longo dos últimos dois anos, desde que a UNASUL criou o Conselho de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN). O conselho montou uma agenda de projetos prioritários, um estatuto, um regulamento e um programa de atividade para os próximos dez anos, de 2012 a 2022. É, digamos assim, o mapa que nós temos que seguir entre os 12 países para alcançar resultados mais concretos. Isso recolhe todo o arcabouço de atividades da IRSA (Iniciativa para Integração da Infraestrutura Física Sul-Americana) lançada no ano 2000, na primeira reunião de presidentes da América do Sul. Os 31 projetos são estruturantes, porque eles têm o caráter de induzir o desenvolvimento das regiões onde serão feitos e vão gerar outras 88 obras satélites. Mantidas as proporções, estamos gerando o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da América do Sul.
Dos 31 projetos, qual obra está mais próxima de sair do papel?
Estas obras têm diferentes perspectivas. Existem algumas que estão bem desenvolvidas como, por exemplo, os eixos rodoviário e ferroviário Montevidéu-Cacequi, que está em fase final de execução, e a rodovia interoceânica, entre Brasil e Peru, concluída em 2011. Outra obra importante é o corredor rodoviário bioceânico, unindo Brasil, Bolívia e Chile. Faltam apenas 40 quilômetros para concluir esta rodovia no território boliviano. Com isso, a expectativa é inaugurar até o meio do ano este corredor que sai de Santos, passa por Paranaguá, vai até Mato Grosso, entra pela Bolívia, via Santa Cruz de la Sierra, e desembarca nos portos chilenos. Outro corredor importante é a ferrovia que sairá de Paranaguá, passando por Foz do Iguaçu, pelo sul do Paraguai, por Resistência, na Argentina, indo até o sul do Pacífico, no porto de Antofogasta, no Chile.
Algumas obras foram projetadas há décadas. Como torná-las realidade?
Um dos grandes desafios é a questão de financiamento para a execução do projeto. São montantes muito grandes. Para ter uma ideia, a agenda de projetos prioritários de 31 projetos tem um valor estimado de quase R$ 24 bilhões. Isso é mais ou menos 12% do total de portfólio de obras que são em torno de 520 e que englobam R$ 203 bilhões. Então, hoje, o grande desafio para tornar realidade estas obras é dar um bom direcionamento para a questão de financiamentos. Entre as equações está o envolvimento de entidades como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a CAF (Corporação Andina de Fomento) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para poder pensar nesta questão do financiamento.
Haverá um fundo comum entre os países para custear os empreendimentos?
Não estamos trabalhando com a ideia de fundo para estas obras, mas de um banco de fomento, o Banco do Sul. Atualmente sete países-membros apoiam essa ideia. São Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador e Venezuela e há a expectativa de que Colômbia, Peru, Chile, Guiana e Suriname também possam se incorporar. O banco tem um propósito específico, que é financiar obras de infraestrutura da América do Sul. O convênio já foi assinado em 2009 e ratificado por quatro países: Venezuela, Equador, Argentina e Uruguai. Nós pretendemos, no Brasil, aprovar o convênio ainda este ano, para que o convênio possa entrar em vigor e a partir daí o banco possa iniciar, em cooperação com outras entidades, processos de cofinanciamento. A grosso modo é o conceito de um fundo, mas sem criar novas estruturas de financiamento, e sim buscar novas formas de utilizar as estruturas que já existem. Hoje você tem recursos disponíveis em agências como o BNDES, como o BID, como a CAF, mas que não trabalham articuladamente. Por isso, há um grupo de trabalho que busca soluções para fazer as agências de financiamento conversarem entre si e maturar esta questão do Banco do Sul.
Sob o ponto de vista da construção civil, o que pode significar essas obras para o setor?
Elas permitem que todas as entidades públicas e privadas ligadas à construção civil da América do Sul possam ter uma noção das necessidades de infraestrutura da região e possam pensar as suas atividades. Uma vez que o continente esteja integrado numa matriz de desenvolvimento regional, cria-se uma sinergia positiva de cooperação entre as diferentes entidades e até mesmo entre membros da construção civil, o que gera um efeito dinamizador de crescimento para as atividades de construção civil. Por isso, estamos começando a desenvolver neste início de ano atividades de divulgação desta agenda para o setor privado. O objetivo é mostrar o potencial de obras que existem na região e conseguir dar concretude à execução dos projetos.
Para o Brasil, qual ou quais projetos são mais relevantes?
Se pegar o mapa da América do Sul, pela própria dimensão do Brasil as obras que envolvem o país são relevantes para toda a região. O Brasil faz fronteira com praticamente todos os países, à exceção de Chile e Equador. Então, todas as obras tem alguma importância para o Brasil. Dos 31 projetos, dois são de interesse mais próximo do Brasil e no total são 11 que tem uma interface com o país. Os dois relevantes são o corredor ferroviário bioceânico Brasil-Paraguai-Argentina-Chile, por causa do agrobusiness, da produção agropecuária e do desenvolvimento energético do cone sul. Outro projeto é o que busca desenvolver ligações rodoviárias com Guiana, Suriname e Venezuela. Por quê? Porque ainda há ligações muito tímidas com o norte do Brasil e com o norte do continente. Ao mesmo tempo, são áreas de grande potencial agrícola e energético.
A maioria das obras engloba rodovias e ferrovias?
Tem rodoviárias e ferroviárias, mas tem gasodutos, melhorias logísticas, como portos e aeroportos, e linhas de transmissão, como a Itaipu-Assunção, além de melhorias na navegabilidade e no transporte multimodal, assim como túneis. A variedade de obras é grande.
As obras prioritárias para o Brasil necessitam de quanto em investimento?
Diretamente, são R$ 6,6 bilhões.
Para a economia da região, o que significa viabilizar esses projetos?
A ideia é que essas obras possam contribuir não só para o comércio exterior, mas ser efetivos mecanismos de desenvolvimento das regiões por onde elas passam.
Confira quais são as 31 obras âncoras da América do Sul: Clique aqui
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Entrevistado
Ministro João Mendes Pereira, Coordenador-Geral Econômico para a América do Sul, Central e Caribe do ministério das Relações Exteriores
Currículo
- João Mendes Pereira, 46, é bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (1987) e diplomata pelo Instituto Rio Branco (1991)
- É atualmente ministro de Segunda Classe da carreira diplomática
- Serviu na Missão brasileira junto às Comunidades Europeias (1995-1999), na Delegação do Brasil junto à ALADI e ao Mercosul (1999-2003) e na Embaixada do Brasil em Lisboa (2004-2007)
- No Brasil, foi assessor da Divisão de MERCOSUL (1991-1995), Coordenador-Geral das Negociações Mercosul-União Europeia (2003-2004), Chefe da Divisão de Integração Regional I (2007-2009) e exerce, desde 2009, o cargo de Coordenador-Geral Econômico para América do Sul, Central e Caribe
Contato: joao.mendes@itamaraty.gov.br / cgdecas@itamaraty.gov.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Senai terá R$ 1,5 bi para capacitar construção civil
Programa será financiado pelo BNDES e envolve ampliação e modernização de laboratórios, além de unidades móveis para formar profissionais
Por: Altair Santos
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestará R$ 1,5 bilhão ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para a implantação, ampliação e modernização de 23 institutos de inovação e 65 institutos de tecnologia. O dinheiro também atenderá a rede de escolas e financiará unidades móveis do Senai. A capacitação de mão de obra para a construção civil será a prioridade do programa.
Santa Catarina é um dos primeiros estados beneficiados pelos recursos liberados pelo BNDES. Quatro unidades móveis do Senai já percorrem os municípios para fornecer cursos, em parceria com prefeituras, sindicatos e empresas. Instaladas em contêineres, as unidades oferecerão qualificação e aperfeiçoamento a pedreiros, pintores, instaladores hidráulicos, eletricistas, carpinteiros de fôrma, armadores de ferragem, assentadores de cerâmica, projetistas e mestre de obras (gestores).
Cada unidade móvel tem capacidade para atender 24 alunos. A estimativa é que permaneçam de três a quatro meses em cada localidade, para prestar mais de 160 horas mensais de treinamentos. Elas poderão ser instaladas em ambientes públicos ou nos canteiros de obras. As primeiras cidades catarinenses a receberem o programa são Palhoça, Itajaí, Criciúma e Chapecó. O diretor regional do Senai no estado, Sérgio Roberto Arruda, lembra que a meta é ampliar ainda mais a capacidade de formação das unidades móveis. "O objetivo é atingir sete mil profissionais por ano", diz.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, considera que o investimento na expansão da rede Senai é fundamental para capacitar trabalhadores e agregar inovação às empresas. “Esse programa é muito importante para o país. A agenda de inovação é uma agenda de mobilização empresarial, mas é também de formação de recursos humanos e de desenvolvimento de infraestrutura para a oferta de serviços técnicos e tecnológicos”, disse.
Quanto aos institutos de pesquisa e inovação tecnológica que serão instalados, ampliados e reequipados, a ideia é que eles atuem em sete áreas: produção, microeletrônica, engenharia de superfícies e fotônica, materiais e componentes, tecnologia da comunicação e da informação, tecnologias construtivas e energia. Segundo o diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, que também é diretor-geral do Senai, toda a rede de institutos deve estar pronta e em pleno funcionamento até 2014.
O lançamento do programa ocorreu no final de 2011, no encontro batizado de Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). O objetivo é estimular as pequenas e médias empresas a desenvolverem novos produtos e aprimorarem seus métodos de produção. Em 2011, segundo pesquisa encomendada pela CNI, apenas 12% das empresas ligadas à confederação apontaram o desenvolvimento de novos produtos como objetivo principal de seus investimentos. A meta é que esse percentual suba para 20,9% em 2012.
Entrevistado
Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai)
Contato: imprensa@cni.org.br / imprensa@sc.senai.br
Créditos foto: Divulgação / Senai