Construção civil será protagonista na Rio+20

Conferência da ONU, que acontece em junho, servirá para que setor mostre avanços ecoeficientes, principalmente em sua indústria cimenteira

Por: Altair Santos

Em junho, na cidade do Rio de Janeiro, acontece a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - a Rio+20. A construção civil estará no centro dos debates. No caso do Brasil, o setor terá bons exemplos a mostrar. A indústria cimenteira nacional, considerada a mais ecoeficiente do planeta, levará à Rio+20, junto com outros organismos como a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), o projeto Construção Sustentável. Ele engloba um conjunto de ações do setor para racionalizar a construção e diminuir perdas.

Mario Willian Esper: da Eco92 à Rio+20, indústria cimenteira nacional tornou sua produção sustentável.

O processo de elaboração do projeto já dura 3 anos e tem o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e de bancos multilaterais.  A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) também integra a elaboração do plano, como revela o gerente de relações institucionais da ABCP, Mario William Esper, na entrevista a seguir:

Em junho, ocorre a Rio+20. O que a indústria cimenteira nacional irá apresentar no evento, haja vista que ela é considerada a mais ecoeficiente do planeta, em comparação a outros países?
Será destacado, entre os avanços tecnológicos que se refletem na preservação ambiental, o papel fundamental da indústria de cimento na destinação final de resíduos industriais, que, até pouco tempo, iam para os aterros industriais e são hoje coprocessados em fornos de cimento. O parque industrial nacional de produção de cimento se caracteriza pelo avanço tecnológico, merecendo destaque, inclusive, se comparado aos melhores do mundo. O impulso para esses avanços veio da automação do processo e da busca constante pela redução do consumo de energia térmica e elétrica. Hoje, incluímos nos processos produtivos vários tipos de resíduos como matéria-prima ou combustível alternativo, eliminando, assim, o contraditório ambiental gerado por uma produção industrial em franca e bem vinda ascensão.

Como estão hoje os indicadores de sustentabilidade de produção de cimento no Brasil?
É preciso dividir essa resposta em quatro partes:

Energia
No Brasil, a indústria do cimento possui um parque industrial moderno e eficiente, com instalações que operam com baixo consumo energético. Praticamente todo o cimento no país é produzido por via seca, processo industrial que garante a diminuição do uso de combustíveis em até 50% em relação a outros processos. Os fornos via seca, no Brasil, são responsáveis por 99% da produção de cimento, enquanto, em escala mundial, esses fornos, de acordo com dados do CSI, representaram somente 81% em 2009. Como resultado dessa modernização tecnológica, estudo elaborado pela IEA (International Energy Agency) analisando o potencial de redução de consumo energético dos principais países produtores de cimento, identificou o Brasil como tendo um dos menores potenciais de redução, considerando as melhores tecnologias existentes.

Água
Na produção de cimento, a água é utilizada nas torres de arrefecimento e injeção nos moinhos para resfriamento do material, representando um consumo de 100 litros por tonelada de cimento. A água empregada para resfriamento dos gases é absorvida no processo e liberada na forma de vapor, sem nenhum contaminante. Já aquela utilizada para resfriar equipamentos, passa por separadores de óleo e é reaproveitada. A água consumida na maioria das fábricas é praticamente 100% recirculada, não havendo, portanto, a geração de efluentes líquidos industriais.

Coprocessamento
Em fornos devidamente licenciados para essa finalidade, são utilizados resíduos sólidos industriais e urbanos como substitutos de materiais combustíveis ou matérias-primas, no processo de produção. Atualmente, existem no país 37 plantas licenciadas para realizar o coprocessamento. A indústria de cimento coprocessa cerca de 1 milhão de toneladas por ano. No período de 1991 a 2010, foram coprocessados 7 milhões de toneladas de resíduos. A expectativa é de que esse volume caia, em breve, para 2,5 milhões de tonelada por ano. Somente em 2010, estima-se, foram coprocessadas 183 mil toneladas de pneus usados, o equivalente a 36 milhões de pneus que, enfileirados, iriam do Rio de Janeiro a Tóquio. No período de 2003 a 2008, foram coprocessados aproximadamente 1 milhão toneladas de pneus, equivalente a 210 milhões de pneus usados.

Emissão de CO²
A indústria do cimento no Brasil possui um parque industrial moderno e eficiente, com unidades que operam com baixo consumo de combustíveis e, consequentemente, uma menor emissão de CO², quando comparada a outros países. A crescente utilização, desde longa data, de adições ao cimento, no Brasil, tem representado uma das mais eficazes medidas de controle e redução das emissões de CO² da indústria. Levantamento da CSI (Cement Sustainability Initiative) coloca o Brasil como referência internacional na busca por cimentos com menor emissão. O Brasil também é o país que mais utiliza biomassa (considerada carbono neutra) na produção de cimento, também conforme levantamento do CSI, com cerca de 9% de participação na sua matriz energética.

Para a Rio+20, organismos ligados à construção civil elaboram o projeto Construção Sustentável, que engloba um conjunto de ações do setor para racionalizar a construção e diminuir perdas. A ABCP participa deste projeto?
Sim, a ABCP participa do projeto como representante da indústria cimenteira brasileira.

Quais propostas a ABCP pretende acrescentar no projeto Construção Sustentável a ser apresentado na Rio+20?
A ABCP apresentará ações desenvolvidas pela indústria cimenteira e os desafios de tornar o setor cada vez mais sustentável.

Antes da Rio+20, deverá ocorrer um pré-evento denominado “Setor Industrial e a Rio+20". Já se sabe quais linhas serão abordadas no encontro?
Serão abordados cases do setor que podem ser tomados como exemplo de ecoeficiência, seja na diminuição do consumo de energia e da emissão de CO², seja na destinação correta dos resíduos industriais por meio do coprocessamento. Serão abordadas as iniciativas da indústria como um todo, que têm o objetivo de contribuir com o crescimento do país de forma sustentável.

A tendência é que a construção civil esteja no centro dos debates da Rio+20?
Sim, pois o aumento da demanda deste setor, devido à realização dos megaeventos esportivos mais importantes do mundo e ao avanço dos programas do governo federal - Minha Casa, Minha Vida e obras do PAC, além do advento do bicentenário da independência do Brasil, que será comemorado em 2022 -, gera a necessidade de uma produção que atenda esse crescimento e os investimentos necessários em infraestrutura. Portanto, a construção civil deve ser uma pauta bastante discutida durante o evento.

É possível que a partir da Rio+20 se fortaleça a ideia de que é preciso industrializar a construção civil, principalmente no Brasil?
A tendência de se pensar em sistemas construtivos industrializados já vem se desenvolvendo há algum tempo. Exemplo disso são as obras do PAC, que impulsionaram o Brasil a desenvolver e a criar a consciência da necessidade de se pensar processos produtivos que deem conta da escassez de mão de obra e da necessidade de rapidez na execução das obras.

Há gargalos no país que impedem processos mais sustentáveis na construção civil? Caso sim, quais são eles?
Sim, exemplo disso é que o governo federal lançou em 3 de abril a segunda etapa do programa Brasil Maior. Trata-se de um conjunto de medidas de incentivo à indústria nacional. No caso da construção civil, o objetivo do programa é tornar o setor mais competitivo, visando minimizar os gargalos do setor, como: capacitação da mão de obra, burocracia cartorária, inovação tecnológica, gestão da tecnologia da informação, normalização e padronização de materiais e adoção de sistemas construtivos industrializados entre outros.

Da Eco92 à Rio+20, quais evoluções são as mais evidentes, em termos de sustentabilidade, na construção civil brasileira?
Há 20 anos, as ações da indústria cimenteira brasileira, visando a ecoeficiência, estavam no estágio inicial. Hoje, as iniciativas estão consolidadas e garantem uma produção sustentável. No que diz respeito à indústria de cimento, houve uma evolução muito grande tanto na diminuição das emissões de CO² quanto na utilização do coprocessamento para eliminar resíduos industriais e passivos ambientais. Já no que diz respeito à construção civil a ao desenvolvimento de sistemas construtivos e produtos sustentáveis, a ABCP busca competitividade, sem tirar o foco da construção sustentável. Exemplo disso é que a ABCP tem desenvolvido soluções como os pavimentos permeáveis, que permitem a infiltração de água na sua estrutura e funcionam como um sistema de drenagem sustentável. Desta forma, a ABCP contribui para a sustentabilidade da construção civil ajudando a desenvolver sistemas construtivos que sejam mais competitivos, gerem menos entulho e causem menos danos ao meio ambiente.

A correta destinação de resíduos sólidos da construção deverá ter uma atenção especial na Rio+20?
Sim, a iniciativa impacta na sustentabilidade da construção civil e de diversos outros setores da economia. A gestão de resíduos sólidos terá grande destaque durante o evento, seja no campo da inovação e da gestão, seja no desenvolvimento da consciência da sociedade em relação ao tema.

Entrevistado
Mario William Esper, gerente de relações institucionais da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
Currículo

- Possui graduação e mestrado em engenharia civil pela Poli-USP
- Construiu carreira sólida ao longo de 38 anos de atividade no setor
- Atua na Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) desde 1974
- Atualmente é responsável pela área de relações institucionais da ABCP e integrante de diversas entidades ligadas à indústria da construção, como: Departamento da Indústria da Construção e Departamento de Competividade e Tecnologia, ambos da Fiesp
- Além disso, integra o Comitê Brasileiro de Normalização (CBN) e é membro do Conselho Curador do FGTS
Contato: mario.william@abcp.org.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Parede dupla de concreto potencializa industrialização

Sistema é recente no Brasil, e ganha espaço em projetos de galpões industriais e shopping centers por causa da rapidez na montagem

Por: Altair Santos

Criado na década de 1990, na Alemanha, o sistema de paredes duplas de concreto começa a tornar-se competitivo no Brasil para construções de galpões industriais e shopping centers. No país, a tecnologia chegou apenas em 2009 e em três anos experimenta uma demanda crescente. "A nossa fábrica está com produção totalmente comprometida até julho de 2012, o que demonstra o crescimento do volume de obras", relata Fábio Marcello Casagrande, diretor da Sudeste Pré-Fabricados, com sede em Americana, no interior de São Paulo.

Parede dupla de concreto: tecnologia customiza aberturas para portas, janelas e sistemas elétricos e hidráulicos.

O sistema consiste na montagem de módulos, que chegam prontos ao local da obra. As paredes, com dimensões que podem atingir 13,30 m de largura x 3,20 m de altura e 37 cm de espessura, são içadas por máquinas e, em seguida, recebem preenchimento interno com concreto ou outro material, como concreto celular, poliuretano expandido ou isopor, dependendo da função do projeto. Isso garante ao sistema de vedação alto isolamento termoacústico.

Além disso, as paredes duplas de concreto dependem de menos operários no canteiro. Estima-se que, comparado com o sistema tijolo a tijolo, a tecnologia economiza até 50% de mão de obra. Consequentemente, também há redução de custos, proporcionada pelo menor tempo de execução. O serviço chega a ser 30% mais rápido que as técnicas convencionais. O sistema apresenta ainda a possibilidade de customizar o projeto, o que possibilita prever aberturas para portas, janelas e sistemas elétricos e hidráulicos.

Em prol da sustentabilidade, o processo tem desperdício zero de material e garante a reutilização das placas. As paredes são desenhadas em uma forma por um sistema a laser, que permite a projeção de peças (paredes ou lajes) 100% personalizadas. A Sudeste consegue produzir 48 placas a cada turno de 8 horas. A tecnologia foi importada da Áustria, onde as paredes duplas servem não apenas para obras industriais, mas também para prédios residenciais de até 15 pavimentos.

Estima-se que, comparado com o sistema tijolo a tijolo, a tecnologia de parede dupla de concreto economiza até 50% de mão de obra. O sistema também oferece ganhos de coeficiente ecológico, por não gerar resíduo. “Por serem pré-fabricadas, as paredes duplas não produzem entulho de material”, diz Casagrande, explicando que a pintura pode ser aplicada sem a necessidade de acabamento com argamassa ou massa fina. "Durante a produção, o concreto recebe um tratamento especial que diminui a porosidade das paredes, deixando-as extremamente lisas", explica.

A tecnologia de parede dupla de concreto tem sido apoiada e difundida pela Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC). A Sudeste, por exemplo, tem o selo de excelência nível 3 da ABCIC e já foi convidada a expor o sistema em eventos como o Concrete Show 2011 e a International Concrete Conference & Exhibition (ICCX) que aconteceu em março de 2012 em Florianópolis. Fábio Marcello Casagrande, alerta, no entanto, que o Brasil ainda investe muito pouco em inovações na construção civil, na área de pré-fabricados. "Talvez, com a vinda de empresas europeias focadas em automação, e com a ida de empresários brasileiros a feiras no exterior, essa situação mude nos próximos anos. Tenho noticias de investimentos em fábricas para aumento de produção, mas não há investimento em máquinas e softwares para a automação de produção, aumento de produtividade, busca da qualidade e redução de custos", avalia.

Entrevistado
Fábio Marcello Casagrande, diretor da Sudeste Pré-Fabricados
Currículo
Graduado em engenharia civil e, em 2007, após pesquisas na Europa, trouxe para o Brasil o sistema de parede dupla de concreto
Contato:  http://www.sudeste.ind.br / fabio@sudeste.ind.br / sudeste@sudeste.ind.br

Créditos foto: Divulgação / Sudeste

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Conceito de estado da arte independe da obra

Projetos e construções precisam de um período de maturação para serem alçados a esse patamar, avalia especialista

Por: Altair Santos

O dicionário define estado da arte quando um equipamento, uma obra ou uma área científica atinge o grau de obra-prima. Na construção civil, há casos em que vale mais o conceito do que a construção em si. "Por vezes, o trabalho intelectual que levou a determinado projeto é que merece ser chamado de estado da arte. Então, o alto grau de conhecimento de um profissional ligado ao setor, seja ele projetista, arquiteto ou engenheiro, é que gera o estado da arte", avalia o experiente engenheiro civil Luciano Décourt.

Museu Guggenheim, em Nova York: inaugurado em 1959, hoje é exemplo mundial de obra que atingiu o estado da arte.

Décourt é o autor do famoso trabalho que, há mais 20 anos, definiu o estado da arte do ensaio SPT (Standard Penetration Test) e que até hoje é parâmetro para o dimensionamento de fundações. "Foi um apanhado do conhecimento universal sobre o assunto, aonde eu apresentei uma síntese deste conhecimento, que, aliás, apesar de fazer vinte e tantos anos, ainda é o relatório do estado da arte que prevalece quando o assunto é SPT", explica. Na ocasião, em 1992, Luciano Décourt criou o conceito de fundação mista, na qual coloca-se uma estaca embaixo de uma sapata para que elas funcionem em conjunto. "Hoje, os grandes edifícios de Dubai são feitos dentro deste conceito", completa.

O engenheiro-pesquisador ressalta ainda que boa parte das obras hoje alçadas à condição de estado da arte carece de um tempo de maturação para serem conceituadas como tal. "Tem muito disso. Às vezes, concebe-se um projeto que é, de fato, um estado da arte, mas daí o mercado leva tempo para absorver e assimilar, ou seja, tudo o que merece o título estado da arte é algo diferenciado e, como tal, é mais difícil de ser reconhecido e absorvido", diz.

Dentro da definição de estado da arte, segundo Luciano Décourt, até o canteiro de obras integra o conceito. "Se a infraestrutura para se construir uma edificação levar em conta aspectos ambientais e sócio-econômicos, além de utilizar práticas recomendadas sob o ponto de vista tecnológico, e conseguir mitigar ações de natureza gerencial, as chances de a obra atingir o estado da arte são bem maiores", analisa.

No Brasil, entre os exemplos clássicos de construções que atingiram o estado da arte, estão o conjunto de prédios que formam a esplanada dos ministérios, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, em Brasília/DF, assim como a ponte Rio-Niterói, a estátua do Cristo Redentor e, mais recentemente, a ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, construída em São Paulo/SP. Fora do país, há o Coliseu, em Roma, cujas fundações até hoje são citadas como modelo de resistência, assim como o conjunto de edifícios na praça São Pedro, no Vaticano, a sede do museu  Guggenheim, em Nova York, a ponte Vasco da Gama, em Lisboa, e o metrô de Londres.

Entrevistado
Engenheiro civil Luciano Décourt
Currículo
- Graduado em engenharia civil (1963) pela Escola Politécnica da USP. Fez cursos de pós-graduação entre 1964 e 1965 na mesma Escola Politécnica e na Universidade de Harvard (EUA). Iniciou sua carreira no Instituto de Pesquisas Tecnológicas, na seção de Solos, em 1964
- Em 1973 fundou a Luciano Décourt Engenheiros Consultores Ltda, sendo desde então seu diretor presidente
- De 1968 a 1978, lecionou Mecânica dos Solos na Faculdade de Engenharia da Fundação Armando Álvares Penteado, inicialmente como professor assistente, passando a professor adjunto e depois a professor titular
- De 1989 a 1994, foi vice-presidente da “International Society for Soil Mechanics and Foundation Engineering” (ISSMFE)
- Em 1991, foi eleito para o grau de “Fellow” da American Society of Civil Engineering (ASCE)
- Em 1982, em Amsterdã, Holanda, durante o ESOPT II (“European Symposium on Penetration Testing”) foi premiado pela melhor previsão da capacidade de carga de uma estaca pré-moldada de concreto armado, utilizando para essa previsão fórmula de sua própria autoria
- Em 2009, foi eleito para a Academia Nacional de Engenharia
Contato: decourt@decourt.com.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Ceará entra na era do pavimento em concreto

Anel viário no entorno de Fortaleza terá 32 quilômetros e está entre as cinco principais obras de infraestrutura do estado

Por: Altair Santos

Uma das obras mais reivindicadas pela população cearense, o Anel Viário no entorno de Fortaleza/CE começou a ser viabilizado a partir de janeiro de 2012. O empreendimento, que foi repassado do governo federal para o governo do Ceará, traz uma inovação para o estado. Pela primeira vez, rodovias cearenses receberão pavimento em concreto. A expectativa é que até 2015 o novo complexo viário esteja concluído e consuma cerca de 35 mil m³ de concreto.

Porto de Pecém: complexo viário com pavimento rígido vai facilitar escoamento da produção Cearense.

A obra terá 32 quilômetros de extensão e vai ligar as seguintes estradas: CE-040, BR-116, CE-060, CE-065 e BR-020. O investimento, orçado em R$ 200 milhões, permitirá que o fluxo de veículos que circula diariamente nestas rodovias trafegue melhor entre o distrito industrial de Maracanaú, Maranguape e Ceasa e faça a conexão com o Porto de Pecém, que também ganha obras de infraestrutura. Neste trecho, diariamente, circulam mais de 15 mil veículos. Por isso, a escolha pelo pavimento rígido.

Segundo o superintendente do DER, Sérgio Azevedo, no Ceará não havia a cultura do uso do pavimento de concreto, com exceção do trecho que liga ao Aeroporto Internacional Pinto Martins. Por isso, antes de optar por essa tecnologia, o governo estadual promoveu um seminário que contou com a participação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). “Mostramos que quando bem executado, o pavimento de concreto dura até 40 anos, com manutenção mínima. O gasto de conservação chega a ser até 10 vezes menor do que o de outras opções de pavimento”, explicou o gerente regional do Norte e Nordeste da ABCP, Eduardo Barbosa de Moraes.

Outras obras

O Ceará ocupa atualmente a quarta colocação entre os estados brasileiros que mais investem recursos em obras de infraestrutura. Além do Anel Viário, outro empreendimento de envergadura é o que amplia o terminal de múltiplo uso do porto de Pecém. A previsão é que seja inaugurado em 30 meses, a um custo de R$ 568,7 milhões. Não se trata, porém, da obra que irá receber a maior injeção de recursos nos próximos anos. As linhas Sul e Leste do metrô de Fortaleza são as que irão demandar mais investimentos.

Juntas, têm custo estimado de R$ 4,75 bilhões e fazem parte das obras da capital cearense voltadas para receber a Copa do Mundo. 
Confira os principais empreendimentos no Ceará

Porto do Pecém
Obra: ampliação do terminal de múltiplo uso (TMUT)
Custo: R$ 568,7 milhões
Prazo: 30 meses
O que será construído: uma nova ponte de acesso ao quebra-mar, com 1.520 metros de extensão; pavimentação de 1.065 metros sobre o quebra-mar e a ampliação do quebra-mar em 90 metros; construção de 600 metros de cais, com dois berços de atracação de navios cargueiros ou porta-contêineres.

Linha Sul do metrô de Fortaleza
Obra: extensão do serviço de transporte púbico da capital cearense
Custo: R$ 1,75 bilhão, incluindo recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
Prazo: previsão de entrega para março de 2013
O que será construído: linha com 24,1 quilômetros de extensão em via dupla, sendo 18 km de
superfície, 3,9 quilômetros subterrâneo e 2,2 quilômetros em elevado. A linha irá receber um total de 20 trens, que formarão dez composições de 80 metros cada, e 18 novas estações.

Linha Leste do metrô de Fortaleza
Obra: extensão do serviço de transporte púbico da capital cearense
Custo: R$ 3 bilhões, incluindo recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
Prazo: conclusão prevista para 2016
O que será construído: linha com 12,4 quilômetros, todos eles subterrâneos, e 12 novas estações.

Anel Viário da Grande Fortaleza
Obra: duplicação de rodovias ligando cidades da região metropolitana da capital cearense
Custo: R$ 200 milhões
Prazo: previsão de entrega em 2015
O que será construído: 32 quilômetros de pistas em pavimento de concreto, mais resistente e com maior durabilidade, além de novas pontes e viadutos.

Centro de Eventos do Ceará (CEC)
Obra: espaço acoplado ao pacote de obras voltado para a Copa do Mundo
Custo: R$ 437 milhões
Prazo: previsão de entrega no 2º semestre de 2012
O que será construído: espaço com 152,694 mil m² de área construída, será o segundo maior da América Latina e com capacidade para  até 30 mil pessoas.

Entrevistado
Secretaria da Infraestrutura do Estado do Ceará (Seinfra)
Contato:
@seinfrace (Twitter) / ascom@seinfra.ce.gov.br

Créditos foto: Divulgação / Seinfra

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Brasil engessa processos criativos na construção civil

João Filgueiras Lima, arquiteto conhecido como um dos maiores especialistas em pré-fabricado, critica burocracia e excesso de normatizações

Por: Altair Santos

Aos 80 anos, o arquiteto João Filgueiras Lima - conhecido como Lelé - pertence a uma geração que atuou diretamente com Oscar Niemeyer. Especializando-se em estruturas pré-fabricadas, desde 2008 ele coordena o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat. O objetivo é estimular pesquisas que favorecem, sobretudo, a aplicação do pré-moldado em construções habitacionais.

João Filgueiras Lima, o Lelé: "Governo precisa estimular mais pesquisas voltadas à construção civil".

Nesse ponto, Filgueiras, do alto de seus mais de 50 anos de profissão, revela-se um crítico ao fato de o Brasil não aproveitar o bom momento da construção civil para investir em novas tecnologias e na industrialização. Para ele, o excesso de burocracia engessa o setor e impede processos criativos. É o que o experiente arquiteto revela na entrevista a seguir. Confira:

Como o senhor avalia o momento das construções pré-fabricadas no Brasil?
O Brasil ainda deve muito à industrialização na construção. O que ocorre é o seguinte: embora haja uma demanda grande em termos de obras habitacionais, escolas e prédios na área de saúde, o investimento é muito pequeno em processos industriais. Veja a questão da pré-fabricação. Ela precisa de investimentos em tecnologias mais leves, como a argamassa armada, para que ela possa alcançar distâncias maiores sem onerar muito o custo de transporte. É uma questão de logística. Eu propus para o programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, usinas móveis que estejam próximas da montagem para minimizar o fator transporte. Sem isso, vai ficar se construindo apenas galpões, obras viárias e viadutos em pré-fabricado, sem avançar para construções mais complexas. Mas para isso, se pressupõe investimento em industrialização.

Sob o ponto de vista de obras públicas, como hospitais e escolas, o pré-fabricado é a solução mais rápida e barata?
É. Na Rede Sarah (um complexo de hospitais de reabilitação com sedes em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Macapá, Rio de Janeiro, Salvador e São Luís) tínhamos que industrializar prédios à longa distância e usamos a argamassa armada, não só como elementos estruturais como também elementos de vedação. Com isso, conseguimos uma diferença de custo incrível comparada com os custos convencionais. Mas é importante ressaltar que, no caso de obras mais complexas, como é o caso de hospitais, eles requerem uma industrialização flexibilizada. Não é, por exemplo, como na habitação, em que a gente pode reduzir a um número pequeno de elementos industriais. No caso dos hospitais a complexidade requer vários elementos pré-fabricados e vários tipos de tecnologia que têm que ser integradas.

Há um debate intenso no setor da construção civil, de que o país precisa incentivar a industrialização para superar gargalos como carência de mão de obra e custos das obras. Como o senhor vê isso?
Ainda usamos na construção civil uma mão de obra muito pouco qualificada. Quer dizer, não vejo nenhum investimento em tecnologia no próprio operário. Também está se perdendo a oportunidade de atrair empresas estrangeiras que possam transferir tecnologia. Ao invés disso, elas estão apenas querendo vender produtos. Por exemplo, atualmente fala-se muito em envelopar os prédios, ou seja, o edifício fica bonito por fora, com uma bela fachada, muito embora a construção por dentro seja péssima. Isso não é investimento em tecnologia ou industrialização. É apenas resolver um problema que não foi resolvido.

Questões tributárias e burocráticas impedem o avanço de mais projetos à base de pré-fabricados e que envolvam novas tecnologias?
A burocracia atrapalha mais que a carga tributária. A burocracia cria controles e estabelece normas que acabam engessando todos os processos criativos. Quer dizer, cria-se uma norma para fazer só aquilo e isso impede que se desenvolvam novas técnicas, novas pesquisas. O que precisa é criar mecanismos que estimulem a pesquisa. Isso é algo que o governo tem que fazer. A própria FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) devia estar estimulando pesquisas na área da construção civil que pudessem baratear e melhorar o desempenho do Minha Casa, Minha Vida, por exemplo. Mas veja o que acontece. Com a alta demanda por moradias, e sem tecnologia que acelere a produção, o preço está cada vez mais majorado. Com isso, um apartamento de caráter social já está custando o valor de um imóvel para a classe média.

O senhor criou em Salvador o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat. Quais as metas do instituto?
As metas do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat são desenvolver tecnologias adequadas à nossa cultura. É preciso saber que o nosso país é continental, tem diferenças climáticas e topográficas e, por isso, necessita que sejam desenvolvidas tecnologias adequadas para cada caso. Por isso, um dos objetivos do instituto é integrar essas demandas ao ensino e à pesquisa, através de um centro de convivência entre estudantes de engenharia e arquitetura, e outras profissões ligadas à construção, para que eles possam realizar seus estudos e aplicar novas tecnologias.

Sua história é de defesa dos pré-fabricados no Brasil. Como o senhor se sente reconhecido como um dos expoentes no uso desse material?
Eu trabalhei muito com o poder público ao longo dos últimos 50 anos e isso permitiu que estudasse bastante a questão do pré-fabricado. Só que, atualmente, estou inteiramente frustrado, pois percebo que não surgiram novas tecnologias. Bem diferente do que fazem outros países, como a China, que hoje constrói muito misturando elementos pré-fabricados com o aço.

Entrevistado
João Filgueiras Lima, arquiteto e urbanista
Currículo

- Arquiteto e urbanista graduado pela Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de janeiro (1957)
- É reconhecido como um dos maiores arquitetos brasileiros, pela sua preocupação pioneira com os processos de industrialização, através da utilização de elementos construtivos pré-fabricados
- Seu reconhecimento internacional é exprimido nas conquistas do prêmio da Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Urbanismo, em Madri, 1998 e no Grande Prêmio Latino-Americano de Arquitetura da 9ª Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires, em 2001
Contato: adrianarfilgueiras@hotmail.com

Crédito foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Goiânia ajudou a "tropicalizar" concreto autoadensável

Em 2004, graças a estudos desenvolvidos na Universidade Federal de Goiás, cidade foi pioneira no país a usar CAA na construção de edifícios

Por: Altair Santos

A literatura da engenharia civil brasileira traz registros de que a tecnologia do concreto autoadensável (CAA) chegou ao país nos anos 1980. No entanto, o produto só passou a fazer parte do cotidiano das obras a partir de 2004. A cidade de Goiânia tornou-se preponderante para que o CAA passasse a ser empreendido em construções.

André Geyer, da UFG: ele coordenou os estudos e aplicação prática do CAA nas construções.

Foi na capital de Goiás que construtoras, concreteiras, escolas de engenharia e entidades de classe dos engenheiros se uniram para estudar o material, adaptá-lo às condições técnicas e climáticas do Brasil e explorar seu potencial. "A inovação que se fez em Goiânia, a partir de 2004, foi a de se colocar em prática esta técnica na construção de edifícios, utilizando-a em larga escala e a custos compatíveis", explica André Geyer, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) que na época coordenou os estudos em torno do CAA.

Os esforços para que o concreto autoadensável ganhasse a confiança do mercado se concentraram nos laboratórios do curso de engenharia civil da UFG. "A universidade foi fundamental, pois as pesquisas desenvolvidas tornaram possíveis mostrar que o Brasil já detinha o conhecimento necessário para por em prática o CAA na construção integral de edifícios, a custos, inclusive, menores do que os com estruturas com concretos convencionais. Porém, sem o apoio das empresas de concreto e construtoras que aceitaram este desafio, nada seria possível, o que lhes dá igual importância nesse processo", revela André Geyer, citando que o CAA precisou ser adaptado para o bom uso no país. "Não havia métodos de dosagens e nem normas próprias para a aplicação deste concreto no Brasil. Foi necessária a tropicalização de métodos de dosagem, de insumos e aditivos, assim como de equipamentos, para tornar possível produzir, executar e controlar a qualidade do CAA", completa.

O professor-doutor da UFG relembra ainda que um dos desafios para a aplicação em larga escala do concreto autoadensável foi adaptá-lo às condições climáticas de regiões mais quentes do país. "Trata-se de um concreto que utiliza aditivos superplastificantes de última geração, os quais sofrem grande influencia negativa de altas temperaturas ambientais, o que é muito comum em todo Brasil. Assim foi mais difícil adaptar-se à técnica e às condições locais. Mesmo assim, com a criatividade de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás isto foi possível e está devidamente registrado em inúmeras dissertações de mestrado geradas nos cursos da UFG", diz André Geyer, relacionando as vantagens do concreto autoadensável:

· Redução do custo de aplicação por m³ de concreto
· Garantia de excelente acabamento em concreto aparente
· Permite bombeamento em grandes distâncias horizontais e verticais
· Otimização de mão de obra
· Maior rapidez de execução da obra
· Melhoria nas condições de segurança na obra
· Eliminação do ruído provocado pelo vibrador
· Significativa redução nas atividades de espalhamento e de vibração
· Permite a concretagem sem adensamento em regiões com grande densidade de armadura
· Aumento das possibilidades de trabalho com fôrmas de pequenas dimensões
· Redução do custo final da obra em comparação ao sistema de concretagem convencional
· Acelera o lançamento do concreto na estrutura, permitindo concretagens mais rápidas
· Redução da mão de obra no canteiro
· Melhoria do acabamento superficial
· Aumento da durabilidade devido à redução de defeitos de concretagem

Por causa da mobilização em Goiânia pelo uso do CAA, a cidade até hoje é considerada a "capital do concreto autoadensável". Na cidade, sua aplicação em obras está em torno de 40%, enquanto em outras capitais varia em cerca de 10%. Geyer, no entanto, acredita que a escassez de mão de obra para a construção civil possa tornar o CAA mais "comum" nos canteiros de obras. "Em alguns casos, a execução do concreto autoadensável requer 70% menos mão de obra que na aplicação de um concreto convencional. Isso começa a fazer o CAA expandir seu mercado", analisa. "Além disso, por se tratar de um concreto mais leve, ele expõe o trabalhador a menos esforços e é mais seguro, principalmente em obras de infraestrutura", ressalta.

Entrevistado
André Geyer, professor-doutor da Universidade Federal de Goiás
Currículo

- Graduado em engenharia civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1986)
- Tem mestrado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1995) e doutorado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2001)
- Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Goiás. Tem experiência na área de engenharia civil, com ênfase em materiais e componentes de construção, atuando principalmente nos seguintes temas: tecnologia do concreto, concreto de alto desempenho, concreto autoadensável e métodos de dosagem
Contato: andre.geyer@hotmail.com

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Versáteis, placas cimentícias ganham mercado

Por gerar economia de mão de obra, e ser modelo de construção a seco, material conquista competitividade e espaço no setor habitacional

Por: Altair Santos

Para atender a demanda por habitações de interesse social, a Caixa Econômica Federal, através do programa Minha Casa, Minha Vida, começa a certificar em vários estados a construção de casas que utilizam placas cimentícias como sistema de vedação. O produto, que no Brasil passou a ser usado em escala industrial há mais de uma década, tem grau de resistência semelhante aos blocos de concreto e tijolos cerâmicos,  além de proporcionar rapidez na montagem de paredes e servir tanto para construções de casas quanto edifícios.

Eliel Lopes Ferreira Júnior: presidente do grupo Bricka

Com os processos industriais ganhando mais espaço nos canteiros de obras, os fabricantes de  placas cimentícias atravessam um período de alta demanda. Agregando cada vez mais tecnologia ao produto, alguns deles experimentaram em 2011 crescimento de até 30% no volume de negócios em relação a 2010. Para o engenheiro civil  Eliel Lopes Ferreira Júnior, presidente do grupo Bricka, a expectativa é que o sistema se popularize ainda mais com o seu emprego em programas habitacionais. É o que ele comenta na entrevista a seguir:

Entre os processos de industrialização da construção civil, as placas cimentícias têm ganhado espaço pela versatilidade. É um mercado em expansão?
Com certeza. Hoje, no Brasil, existem vários sistemas construtivos inovadores. Diria que empilhar tijolos tornou-se coisa do passado diante de processos como a alvenaria estrutural com blocos de concreto, estruturas em steel frame e estruturas metálicas revestidas com placas cimentícias. São processos que a Bricka já executa há mais de 12 anos no Paraná e em outros estados do país. Porém, nossa perspectiva é que a placa cimentícia ganhe um volume maior de mercado diante das demandas geradas para a Copa do Mundo, tanto em obras de hotéis quanto em obras de estádios. Ela é uma solução técnica perfeita para obras que exigem sustentabilidade e rapidez.

O processo de construção com placas cimentícias ajuda a diminuir em quanto o tempo de uma obra?
Eu sempre digo que a placa cimentícia não é a solução ideal para todos os casos. Há algumas obras que a estrutura metálica é a melhor opção técnica e econômica. Tem outros em que a alvenaria estrutural com blocos de concreto é a indicada. Mas há processos em que o uso da placa cimentícia se torna imbatível. Com relação a prazo de obra, ela pode reduzir pela metade o tempo de execução de um projeto.

As placas cimentícias podem ser usadas na função estrutural e na função de vedação?
As placas cimentícias tem função única e exclusiva de vedação. A estrutura de concreto ou a estrutura metálica é que vai dar rigidez ao processo. Hoje é o sistema mais rápido no mundo para você fazer vedação, seja de paredes, forros ou de outros sistemas construtivos, como muros, painéis e beirais.

Casas populares com placas cimentícias da Bricka: sistema começa a ser incorporado pelo Minha Casa, Minha Vida.

A composição das placas cimentícias altera, dependendo da função que ela irá desempenhar na obra?
A Bricka trabalha com quatro tipos de placas. Existe a placa Brickwall Plus, que é fabricada com agregado leve, que pode ser utilizada principalmente em paredes, forros, tetos, muros e painéis. Fabricamos também a placa Brickwall Light, que é sugerida para uso em forros e beirais ou quando se vai apenas fazer um revestimento para um compensado naval, tanto para piso quanto para parede. Existe a placa Brickwall Heavy, que é produzida em peças pequenas justamente para uma pessoa só movimentar. E tem a placa com agregados flexíveis, que é a Brickwall Flex - utilizada quando você tem alguma exigência arquitetônica, como paredes curvas.

As placas cimentícias podem ser usadas em edifícios? Caso sim, até quantos andares é recomendável usá-la?
As placas cimentícias podem ser usadas como vedação em qualquer altura. Temos obras em Curitiba/PR, como é o caso do Tribunal Regional do Trabalho, que é um prédio de oito pavimentos, que foi todo fechado com placas cimentícias.  Existem também obras em Brasília/DF em edifícios de 20 pavimentos. Como a placa não tem função estrutural, ela pode ser usada em qualquer altura. Quando for usar uma estrutura metálica, aí sim ela é limitada a cinco pavimentos. Quer dizer, se eu for fazer uma construção em steel frame, a limitação é cinco pavimentos. É importante ressaltar que, com relação à parte de isolamento térmico e acústico, a placa cimentícia atende totalmente a norma de desempenho da construção civil.

A Cohab de Curitiba aprovou o uso de placas cimentícias na construção de casas populares. Já existe um projeto para empreender um número de casas com esse sistema?
Há dez anos coordenei um programa no Paraná chamado ConstruBusiness Paraná. Reunimos 40 empresas e apresentamos tecnologias de construção civil para a Cohab de Curitiba. Foram executadas uma casa com bloco de concreto estrutural, uma casa com bloco de encaixe de concreto, uma casa com paredes de concreto moldadas in loco e duas casas com placas cimentícias executadas pela Bricka. Recentemente, a ELOFER (construtora do grupo Bricka) ganhou a licitação para a construção de 45 casas para a Cohab, nas moradias de Rio Bonito e Santa Teresa. Pedimos à Cohab se poderíamos aproveitar a experiência anterior, com placas cimentícias, para executar essas 45 casas. O que a Cohab fez? Vistoriou as casas construídas há dez anos e confirmou que o produto é bom e não apresentou patologia nenhuma. Então, fomos autorizados a executar. Para certificar a qualidade da obra, contratamos uma pesquisa da USP (Universidade de São Paulo) a fim de que sejam feitos todos os ensaios e se consiga a certificação da Caixa Econômica Federal. Nós já temos obras em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro e agora estamos trabalhando para obter a aprovação desta inovação aqui no Paraná, para que a maioria das casas possa ser financiada aqui no Estado.

Há possibilidades de o sistema construtivo com placas cimentícias vir a ser usado no Minha Casa, Minha Vida?
Nos estados onde já existe a certificação da Caixa isso já é possível.  Eu acredito que este ano já deva ser liberado no Paraná também. No caso da Cohab, a autorização para licitarmos estas casas só foi possível porque os recursos que estão sendo utilizados para construí-las são oriundos do Fundo Municipal de Habitação de Curitiba.

No canteiro de obras de uma construção que usa placas cimentícias quanto se economiza com mão de obra?
Depende do tipo de obra. No caso de casas populares que utilizam o sistema de vedação com placas cimentícias, a redução pode passar de 50%.

Qual qualificação o operário da construção civil deve ter para operar as placas cimentícias?
A diferença fundamental é que, ao invés de trabalhar com centímetros, ele vai trabalhar com milímetro, ou seja, a obra fica mais técnica. A Bricka desenvolve treinamento para o pessoal e conta hoje com 40 pessoas que já sabem aplicar o sistema. Hoje o profissional que aplica o gesso acartonado - o Drywall - já tem toda a habilitação para aplicar a placa cimentícia. Apenas existe uma adaptação a ser feita: ao invés dele usar placa de gesso, vai usar placa de cimento; ao invés de usar fita de papel, vai usar fita de vídeo; ao invés de usar parafuso de Drywall, vai usar o parafuso específico para a placa; ao invés de usar a massa de rejunte de gesso, usa-se uma massa cimentícia para fazer o rejunte. É um produto que está em consonância com a construção a seco e com a sustentabilidade.

Quais as vantagens da placa cimentícia?
A placa cimentícia resolve problemas de fechamento externo, pois ela tem durabilidade e é garantida pela solidez do concreto. Alem disso, é 100% resistente a umidade, não se deteriora, não amolece, não desintegra ou apodrece. Também não descasca, tem resistência ao impacto, é não combustível, não sofre ataques nem por ácido, bactérias ou fungos, como a madeira, e, principalmente, ela tem respeito com o meio ambiente.

Entrevistado
Eliel Lopes Ferreira Júnior, presidente do grupo Bricka
Currículo
- Engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Paraná (1977) e administrador de empresas formado pela Faculdade de Administração e Economia (1979)
- Construtor e industrial, é presidente do grupo Bricka, formado pelas indústrias Bricka e Elofer Construções e Empreendimentos
- Foi presidente do Sindicato da Construção Civil no Estado do Paraná (SindusCon-PR) na gestão 1998 a 2001
- Foi coordenador do comitê permanente da NR-18, que reúne empresários, trabalhadores e governo. Foi um dos articuladores da medida que exige consenso do grupo para a implementação de mudanças na norma de segurança para os canteiros de obras
- Foi eleito o "engenheiro do ano" em 2001, pelo Instituto de Engenharia do Paraná
Contato:   bricka@bricka.com.br / comercial@bricka.com.br

Créditos foto: Divulgação/Bricka

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Acordo formaliza canteiros na construção pesada

Governo, empresários do setor e trabalhadores selam compromisso para melhorar mão de obra e modernizar processos construtivos

Por: Altair Santos

Desde março de 2012, as grandes obras de infraestrutura do país devem atender ao decreto presidencial que criou o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Construção. O acordo, celebrado entre governo federal, empresários do setor e trabalhadores, precisou de um ano para ser elaborado. A expectativa é que ele seja efetivamente colocado em prática a partir do segundo semestre de 2012, como explica Antônio Carlos Mendes Gomes, presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). "Falta a aprovação de um regimento interno, que ainda está sendo debatido entre as partes envolvidas no acordo", diz.

Acordo entre governo, empresários e trabalhadores foi assinado dia 1º de março de 2012 pela presidente Dilma Rousseff.

A diretriz principal do compromisso é formalizar as condições de trabalho dentro dos canteiros de obras dos empreendimentos que englobam o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Cada uma das partes envolvidas terá as seguintes atribuições:
1) Ao governo federal caberá mapear as grandes obras, grupos de obras ou frentes de trabalho e mobilizar toda a estrutura do Sistema Nacional de Emprego (Sine) para a realização das ações previstas em cada plano de ação.
2) Aos empregadores cabe disponibilizar as ofertas de vagas no Sistema Público de Emprego, por meio do Sine; contratar, preferencialmente, trabalhadores oriundos do local de execução dos serviços ou do seu entorno, e impedir a entrada de trabalhadores no local da obra antes da formalização do contrato de trabalho e do registro em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).
3) Aos sindicatos de trabalhadores caberá disponibilizar informações para o processo de recrutamento, seleção e contratação, além de promover campanhas de combate ao recrutamento e contratação irregulares, quando possível em conjunto com as demais partes envolvidas nas obras.

Segundo Antônio Carlos Mendes Gomes, o acordo só foi possível porque contemplou demandas tanto do setor empresarial quanto dos trabalhadores. "Sob o ponto de vista dos empresários, a principal vantagem é a conquista de um ambiente de cooperação e de um ambiente favorável ao bom andamento dos trabalhos e à boa execução das obras. Para os trabalhadores, a reciprocidade se dará na forma de melhores condições de trabalho e maior segurança", diz. O dirigente da CBIC ainda explica que o regimento interno do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Construção terá boa parte do seu conteúdo comprometido também com o aprimoramento da mão de obra. "A qualificação profissional é uma das diretrizes do documento, com diversas ações pensadas nessa direção", completa.

No entanto, o presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas da CBIC alerta que o acordo poderá encarecer o custo das obras, desde que não haja ganho de produtividade. "Esse é o grande desafio no momento: melhorar as condições de trabalho, inclusive a remuneração do trabalho, sem fazer com que os custos ultrapassem os limites que a própria sociedade é capaz de pagar pelo serviço prestado. Estrategicamente, a forma de obter ganhos de competitividade que sejam capazes de dar equilíbrio à relação é pela educação", explicita. Outro ponto para compensar esse gargalo deverá ser a incorporação de processos industriais aos canteiros de obras. "A construção civil brasileira tem que seguir por esse caminho de inovação tecnológica e de modernização dos processos construtivos, que exige um trabalhador melhor qualificado. Esse é um caminho que a construção civil brasileira não poderá renunciar. De forma inexorável tem que caminhar por essa direção", conclui.

Entrevistado
Antônio Carlos Mendes Gomes, presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) 
Currículo

- Graduado em engenharia civil pela Escola Nacional de Engenharia
- Atuou como empresário da construção civil no Rio de Janeiro, de 1965 a 1993
- Foi diretor do Sinduscon-RJ e do Seconci-RJ (Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro)
- É membro do Conselho Empresarial de Política Social Trabalhista da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)
- Na Confederação Nacional da Indústria (CNI) integra o Conselho Temático de Relações do Trabalho
- No Ministério do Trabalho é membro do Comitê Permanente Nacional de Segurança no Trabalho na Indústria da Construção (CPN), como representante da CNI
- Na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) preside a CPRT (Comissão de Política e Relações Trabalhistas) desde 1997
Contato: comunica@cbic.org.br

Créditos foto: Divulgação / Agência Brasil

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

SC projeta erguer prédio mais alto da América Latina

Empreendimento com 240 metros e 66 andares, em Balneário Camboriú, tende a superar edifício em Santiago do Chile, com 52 andares e 194 metros

Por: Altair Santos

Balneário Camboriú, no litoral catarinense,  tem uma população fixa de 108 mil habitantes, mas a quantidade de edifícios equivale a de uma cidade com 1,2 milhão de moradores. No Brasil, o município de 46 km² de área é, proporcionalmente, o mais verticalizado do país. Auri Pavone, secretário de planejamento de Balneário Camboriú, justifica que o plano diretor adotado pela prefeitura é que dá essa característica à cidade. "O município não prevê limite de altura para edifícios à beira da praia. A lei não impede execuções de obras, desde que erguidas dentro dos padrões de ocupação limitados em 40% do terreno", explica.

Jean Graciola, da FG Engenharia: meta é atingir 850 mil m² construídos até 2015.

É por conta desse ambiente propício para os arranha-céus que Balneário Camboriú prepara-se para receber o prédio mais alto da América Latina. Trata-se do Infinity Coast, um edifício com 240 metros de altura e 66 andares, que irá superar o Titanium La Portada, de Santiago do Chile, com 52 andares e 194 metros -  considerado atualmente o mais alto do continente sul-americano. O projeto ainda é mantido em sigilo pela FG Engenharia e Empreendimentos, que pretende lançá-lo oficialmente no final do primeiro semestre de 2012. "Ainda estamos desenvolvendo o projeto e as informações técnicas ainda são estimativas", diz Jean Graciola, que junto com o pai, Francisco Graciola, administra a FG.

A empresa de engenharia tem sede em Balneário Camboriú e já dispõe do terreno, localizado na Barra Norte. Recentemente, foram promovidas prospecções geológicas que confirmam que o local está apto a receber um arranha-céu. O projeto agora tramita na prefeitura do município, mas já se sabe que o edifício será um misto entre residencial e comercial, voltado para o público AA. Se a construção iniciar, como previsto, ainda em 2012, a expectativa é que o Infinity Coast possa ser inaugurado até 2015. Isso fará o volume de obras da FG Engenharia saltar de estimados 500 mil m²  em 2012 para 850 mil m² em 2015. "Nosso estoque de terrenos tem potencial de construção de 1,54 milhões de metros quadrados. Isso gera um VGV (Valor Geral de Vendas) futuro de R$ 6,3 bilhões”, diz o diretor geral Jean Graciola.

Maquete do Infinity Coast: projeto prevê empreendimento residencial e comercial.

Dos 350 mil m² de área construída que a FG Engenharia pretende acrescentar ao seu portfólio até 2015, pelo menos 200 mil m² estarão concentrados no Infinity Coast. A estimativa é que o prédio consuma aproximadamente 180 mil m³ de concreto e também utilize tecnologias sob medida, como explica o engenheiro civil Manoel Lapa e Silva, especializado em estruturas pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e vice-presidente do Clube de Engenharia. "Antes é preciso, por exemplo, avaliar o concreto de alto desempenho que será usado, além de submeter o projeto a vários testes, entre eles o de túnel de vento", diz.  Em busca de inovações tecnológicas, a FG Engenharia levou um grupo de engenheiros e arquitetos para pesquisar soluções no Panamá, na China e em Dubai, onde está o Burj Dubai - o maior prédio do mundo.

Confira infográfico com os maiores prédios do mundo: Clique aqui
Fonte: IG

Entrevistado
Jean Graciola, diretor geral da FG Engenharia e Empreendimentos
Currículo
Jean Graciola é empresário e desde os 16 anos atua ao lado do pai, Francisco Graciola, na administração da FG Engenharia e Empreendimentos. Atualmente o grupo atua nos setores de construção civil e incorporação, hotelaria, indústria alimentícia e de serviços.
Contato: http://www.fgempreendimentos.com.br/

Créditos foto: Divulgação/FG Engenharia

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Hoje não existe venda de imóveis sem a internet (Podcast)

Alessandro Barbosa Lima, especialista em inteligência de mercado, avalia que as redes sociais irão, cada vez mais, influenciar consumo de bens

Por: Altair Santos

 

Alessandro Barbosa Lima, especialista em monitoração, análise da mídia, redes sociais e inteligência de mercado.

Entrevistado
Alessandro Barbosa Lima, especialista em monitoração, análise da mídia, redes sociais e inteligência de mercado

Currículo
- Alessandro Barbosa Lima, 37 anos, é mestre em comunicação pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP) onde estudou a comunicação interpessoal on-line através das redes sociais
- É professor da Fundação Vanzolini (USP), autor do livro "e.life – Idéias Vencedoras para Marketing e Promoção na Web" e co-autor de "Marketing Educacional em Ação"
- Recentemente publicou e apresentou diversos artigos em conferências científicas e mercadológicas, no Brasil e em outros países
- Em 1995 lançou a primeira revista eletrônica da Internet brasileira, a Revista Mundi.
- Barbosa Lima também criou a Mundi Multimídia, Diga-me e Mundiweb, empresas especializadas em educação a distância e marketing na internet, tendo desenvolvido diversos produtos educacionais e serviços para clientes como Nestlé, C&A, Pizza Hut, Johnson & Johnson e Senac-SP
- Desde 2006, dirige a E.Life, empresa brasileira líder na América Latina em inteligência de mercado e gestão do relacionamento nas redes sociais sobre marcas, produtos e serviços a partir de comunidades, blogs, sites pessoais, fóruns e outros canais onde ocorram, de forma pública, diálogos espontâneos de consumidores
Contato: http://www.elife.com.br/

Clique no player abaixo e ouça agora um resumo da entrevista. Para ouvir a entrevista na íntegra clique aqui