Crescem desafios à indústria de tubos de concreto
Por: Altair Santos
Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tubos de Concreto (ABTC) revelam que, após o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o investimento público em saneamento básico fez com que o setor experimentasse crescimento de até 30% no volume de produção. "Houve um impulso grande até o ano passado (2011) e em 2012 experimentamos uma estabilidade no mercado", cita Jean Royer, diretor de marketing da ABTC.
O Brasil tem atualmente cinco mil fábricas de tubos de concreto catalogadas pela ABTC, onde a maioria é de pequeno e médio porte. Por isso, o setor enfrenta restrições quanto ao aporte de tecnologia e de inovações, além de problemas com a qualificação da mão de obra. "É preciso reconhecer que poucas estão bem industrializadas. Diria que umas 20 podem ser consideradas de grande porte em todo o país. A maioria ainda utiliza equipamentos obsoletos e encontra dificuldades com a mão de obra", explica Jean Royer.
Para aprimorar o setor de tubos de concreto, a ABNT debruça-se para lançar novas normas e atualizar outras. Em 2007, foi revisada a NBR 8890, com versão corrigida em 2008 (Tubo de concreto de seção circular para águas pluviais e esgotos sanitários - Requisitos e métodos de ensaios). Ainda em 2008, ocorreu o lançamento da NBR 15645 (Execução de obras de esgoto sanitário e drenagem de águas pluviais utilizando-se tubos e aduelas de concreto). "São normas que procuram padronizar a fabricação dos tubos e também a instalação, para que depois de a obra feita o asfalto e a calçada não cedam", afirma o diretor de marketing da ABTC.
A Associação Brasileira dos Fabricantes de Tubos de Concreto se mobiliza agora para que haja a normatização do poço de visita, algo que em outros países há décadas já existe. "Aqui no Brasil cada estado usa um modelo de poço de visita. É preciso padronizar, pois isso ajudará a agregar tecnologia ao setor. Fora do país, como na Alemanha e na Espanha, já há máquinas que mecanizam todo esse processo. Mas é preciso normatizar", explica Jean Royer.
Déficit grande
Segundo dados do Ministério das Cidades, ainda que tenha crescido o investimento público em saneamento básico, o Brasil injeta menos da metade dos recursos que deveria para zerar o déficit em 20 anos. Hoje são R$ 7 bilhões por ano, quando o valor já deveria estar em R$ 15 bilhões. Para estimular o setor, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) lançou em 2011 o projeto Sanear É Viver. Porém, os fabricantes de tubos de concreto defendem que o saneamento básico seja desmembrado do PAC, como foi o Minha Casa, Minha Vida. "Seria preciso um PAC do saneamento básico. Não há uma cidade no país que não tenha problema nesta área. Os governos precisam entender que o dinheiro gasto em saneamento básico é na prática um investimento em saúde futura", avalia Fabian Silveira de Moraes, da Premocon, uma das maiores do setor na região sul do país.
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Entrevistados
Jean Royer, diretor de marketing da ABTC, e Fabian Silveira de Moraes, presidente da Premocon
Currículos
- Jean Royer é diretor de marketing da ABTC, diretor-presidente da Marco Tubos e engenheiro industrial.
- Fabian Silveira de Moraes é engenheiro civil e presidente da empresa Premocon Artefatos de Concreto Ltda.
Contatos: jean@marcotubos.com.br / tubos@marcotubos.com.br / premocon@promocon.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Brasil desperta para a fiscalização de obras
Com a assistência do sistema Confea/CREA, proliferam leis municipais para combater irregularidades e o exercício ilegal da profissão
Por: Altair Santos
Os desastres ocorridos recentemente nas cidades do Rio de Janeiro/RJ e em São Bernardo do Campo/SP fizeram os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia despertarem para a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa dos empreendimentos ao longo de suas vidas úteis. Pelo menos nas principais capitais brasileiras têm surgido propostas de leis para que as vistorias técnicas sejam regulamentadas. A maioria dos CREAs reivindica que o poder público os habilite a fiscalizar e lhes permita aplicar multas – hoje uma atribuição exclusiva das prefeituras.
A primeira cidade do Brasil a adotar esse modelo foi Balneário Camboriú, em Santa Catarina, com a lei nº 2805/2008. O município, que tem o maior número de arranha-céus por quilômetro quadrado do país, tornou obrigatória as vistorias periódicas, fazendo com que a fiscalização seja cada vez mais rigorosa conforme os edifícios forem envelhecendo. A medida inspirou o estado de Santa Catarina a elaborar um projeto de lei com características semelhantes, e que engloba também os prédios públicos, além de servir de base para uma proposta que tramita no Senado Federal (PL 491/2011) o que pode dar amplitude nacional a ela.
No Paraná, a primeira cidade a ter uma legislação que obrigue vistorias técnicas nas edificações deve ser Curitiba. O CREA-PR atuou como parceiro na elaboração do projeto de lei nº 005.00012/2012, que desde 30 de janeiro de 2012 tramita na Câmara Municipal. "Esse projeto dispõe sobre a realização de vistorias técnicas periódicas e manutenção preventiva das edificações. Somos parceiros nesta ação por entender a necessidade da manutenção periódica das edificações", explica o presidente do Conselho, Joel Krüger, que recentemente lançou o programa de excelência do CREA-PR, voltado para a manutenção predial.
O texto do projeto de lei curitibano determina que a primeira vistoria técnica deverá ocorrer contando o prazo de cinco ano, a partir da data de expedição do certificado de vistoria de conclusão de obras ou da ocupação do imóvel, e uma nova vistoria técnica e novo laudo técnico deverão ser realizados a cada cinco anos. As edificações existentes há mais de cinco anos terão o prazo de 15 meses a contar da data de sanção da lei para a realização da primeira vistoria técnica.
O projeto também prevê que os responsáveis pelas edificações deverão providenciar, no prazo definido no relatório ou laudo técnico, a recuperação, manutenção, reforma ou restauro necessário. A multa ao estabelecimento ou ao profissional responsável que não cumprir algum item, conforme o documento, será no valor de R$ 5 mil, dobrando a cada reincidência. A meta é tentar diminuir drasticamente o número de obras irregulares, principalmente as que não contam com profissionais habilitados para conduzi-las, além de dar ao município poder de polícia administrativa para que ele possa embargar construções e punir irregularidades.
Em 2011, no Paraná, o CREA promoveu perto de 50 mil fiscalizações em edificações e em serviços vinculados à construção civil, priorizando o exercício ilegal da profissão. Os dados revelaram que 67% das obras no Estado tinham algum tipo de irregularidade. "O conselho vem tratando com rigor esta questão da qualificação dos profissionais e levamos nossa preocupação ao legislativo municipal para contribuir de forma participativa com o projeto de lei”, finalizou Joel Krüger.
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Entrevistado
Joel Krüger, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-PR)
Currículo
- Possui graduação em engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (1984) e mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1995)
- Tem dois cursos de especialização: didática no ensino superior e gestão técnica do meio urbano, promovidos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e pela Universite de Technologie de Compiegne, na França
- Atualmente é professor adjunto da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, aonde ocupa o cargo de Coordenador do Curso de Engenharia Civil
- Ocupou o cargo de Diretor no Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (Senge-PR)
- Tem experiência profissional na área de Engenharia de Transportes, com ênfase em Planejamento e Organização do Sistema de Transporte, atuando principalmente nas áreas de mobilidade urbana, acessibilidade e logística
- Tem experiência de mais de 12 anos como diretor tesoureiro e presidente da Comissão de Acessibilidade do CREA-PR
- É presidente do CREA-PR na gestão 2012-2014
Contato: comunicaçao@crea-pr.org.br (assessoria de imprensa)
Créditos foto: Divulgação/CREA-PR
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Norma populariza parede de concreto moldada “in loco"
Com a publicação da ABNT NBR 16055, expectativa é que em 2012 sejam executadas 200 mil unidades com esse modelo construtivo
Por: Altair Santos
Em vigor desde maio de 2012, a NBR 16055:2012 (Parede de concreto moldada "in loco" para a construção de edificações - Requisitos e Procedimentos) surge para popularizar a tecnologia. Antes da norma, empresas que empregavam esse método construtivo precisavam se submeter às diretrizes do Sistema Nacional de Aprovações Técnicas (Sinat) para obter o Documento de Avaliação Técnica (DATec). A partir de agora, isso tornou-se dispensável e o modelo de construção passa a ser igual a outros já convencionais. "Antes da norma, já existia uma força produtiva intensa. A partir da NBR 16055, a expectativa é que o mercado de construtoras absorva ainda mais a tecnologia e ela ganhe mercado", analisa o engenheiro civil Arnoldo Wendler, que foi o coordenador da nova norma.
Livre das limitações burocráticas que cercam tecnologias inovadoras, o sistema de paredes de concreto moldadas "in loco", através de fôrmas removíveis, pode ser utilizado por qualquer construtora que tenha mão de obra qualificada. Segundo Arnoldo Wendler, que é consultor da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) e da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), o treinamento básico é simples. "Pode ser feito, inclusive, com pessoas que não têm experiência anterior na construção civil. Para formar o que a gente chama de montador leva 15 dias. Neste sistema, não existe a figura de pedreiro ou servente. Todos são montadores de fôrmas e para uma turma nova entrar no ciclo de produção (desformar, formar e concretar) leva cerca de um mês", garante.
Pela facilidade da execução do sistema, comparativamente à alvenaria convencional, a expectativa do setor é que o programa Minha Casa, Minha Vida se beneficie amplamente da tecnologia, sobretudo em sua etapa 2 - voltada para habitações de interesse social. "O sistema traz significativa agilidade a uma construção muito comum no Minha Casa, Minha Vida, que são prédios de quatro pavimentos. Se no concreto armado, a estrutura e o fechamento é feito em até seis meses, e se na alvenaria estrutural faz-se em dois meses, em paredes de concreto você demora dez dias. Com isso, custos diretos e indiretos da obra diminuem brutalmente", diz o coordenador da norma NBR 16055, que levou um ano para ser elaborada e publicada e envolveu o trabalho de 50 especialistas.
Desde que a nova norma de fato impulsione o sistema de paredes de concreto moldadas "in loco", através de fôrmas removíveis, Abece e ABCP estimam que a produção de unidades habitacionais construídas através da tecnologia pode quadruplicar em 2012. Hoje, produz-se no país 50 mil. A expectativa é que feche o ano em 200 mil. Além disso, a projeção é também multiplicar por três o número de empresas especializadas neste modelo construtivo. Neste caso, as atuais 20 passariam para 60 em todo o Brasil.
Resumo da NBR 16055
A norma se aplica às paredes concretadas com todos os elementos que farão parte da construção final, tais como detalhes de fachada (frisos, rebaixos), armaduras distribuídas e localizadas, instalações (elétricas e hidráulicas) quando embutidas, além de considerar as lajes incorporadas ao sistema por solidarização com as paredes, tornando o sistema monolítico (funcionamento de placa e membrana).
A normalização leva em consideração um edifício construído em paredes de concreto de até cinco pavimentos, com lajes de vão livre máximo de 4 m e sobrecarga máxima de 300 kgf/m², que não sejam pré-moldadas. Além disso, o piso máximo da construção deve ser de até 3 m e as dimensões em planta de no mínimo 8 m.
De acordo com o documento, as paredes de cada ciclo construtivo de uma edificação são moldadas em uma única etapa de concretagem, permitindo que, após a desforma, as paredes já contenham, em seu interior, vãos para portas e janelas, tubulações ou eletrodutos de pequeno porte, além de elementos de fixação para coberturas.
Entrevistado
Arnoldo Wendler, engenheiro civil, coordenador da NBR 16055 e consultor da Abece e da ABCP
Currículo
- Graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1977)
- Possui pós-graduação em engenharia de estruturas pela mesma universidade
É engenheiro titular da Wendler Projetos, desde 1980
Contato: franca@wendlerprojetos.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Suíça projeta laboratório para test-drive de habitações
Por: Altair Santos
O projeto suíço foi batizado de "Ninho". Concebido pelo chefe do departamento de engenharia civil e mecânica do EMPA, Peter Richner, ele consiste em um edifício-esqueleto de concreto armado, com cinco pisos abertos para a inserção das pesquisas. "O “Ninho” é a espinha dorsal, onde suas fachadas são intercambiáveis para permitir investigações de conceitos, gestão de energia e testes de materiais", diz Richner, completando que esse modelo permitirá romper a resistência da construção a inovações. "O setor é conservador, porque quem compra imóveis é conservador. Ninguém que é proprietário quer que sua propriedade seja cobaia de engenheiros", completa, em entrevista à publicação alemã Autocad&Inventor Magazin.
No "Ninho", explica Peter Richner, as experiências estarão livres de processos e indenizações. "Teremos um ambiente seguro, sem expor a risco os moradores das habitações que iremos testar", diz o engenheiro, que planeja que seu projeto possa sair do papel até o final de 2012. "Buscamos recursos e parceiros europeus da construção civil", diz. Caso consiga se autofinanciar, o "Ninho" será construído na cidade suíça de Dübendorf e abrigará 6.000 m² para pesquisas e testes. Atualmente, a ideia já conta com os apoios científicos de organismos como Eawag, ETH Zurique e Lausanne EPF, além do próprio EMPA. "Com esse projeto, chegaremos ao Darwinismo na construção civil", analisa Peter Richner.
Boa recepção
No Brasil, pesquisadores apoiam e torcem pra que o projeto "Ninho" prospere na Suíça. Entre eles está o coordenador adjunto do curso de engenharia civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) Ricardo José Bertin. Para ele, iniciativas assim são um avanço no campo da pesquisa dentro da construção civil e estimulam outros países, como o Brasil, a fazer o mesmo. Confira a entrevista:
O senhor avalia que a engenharia civil carece de pesquisas mais inovadoras?
Talvez em algumas áreas, sim. No caso do Brasil, o país hoje ocupa o 13º lugar no ranking mundial em publicações sobre pesquisas na construção civil. Então, eu não diria que haja falta de pesquisas, mas sim de uma maior integração entre a indústria da construção civil - o setor empresarial - com as universidades, para que houvesse a aplicação da pesquisa.
No Brasil, o campo da pesquisa focado na engenharia civil tem registrado avanços ou carece melhorar?
Temos registrado muitos avanços. A linha de pesquisa na engenharia civil, na área de pesquisas sustentáveis e na área de construções mais limpas tem avanços enormes. É claro que em termos de pesquisas sempre há espaços para melhorar, sempre há espaços para investir, sempre há espaços para você focar mais em algum ponto. O Governo Federal está bastante preocupado com isso. Tanto é que foi divulgado recentemente um documento chamado de "livro azul", em que ele define as áreas que têm futuro na pesquisa. Uma destas áreas é a sustentabilidade de construções, economia de energia, construções com menos desperdício.
Há laboratórios no país capacitados para fazer pesquisas encorpadas como a que se propõe o EMPA?
Eu não conheço todos os laboratórios de pesquisa no Brasil e não conheço a capacidade que se teria para fazer uma pesquisa como esta do EMPA, que é testar casas inteiras, construções inteiras. Mas o IPT (Instituto Pesquisa Tecnológica) em São Paulo/SP é um dos mais bens equipados, capacitados do Brasil e, quiçá, do mundo. Outro que tem uma série de laboratórios bem capacitados é a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Em termos de inovação na área da construção civil, qual o senhor qualifica como a mais impactante que tenha surgido recentemente?
Todas as pesquisas na área de construções sustentáveis. Recentemente foi inaugurado aqui na PUC-PR um centro de pesquisas em parceria com a Siemens, que é um dos seis que a empresa tem no mundo, para trabalhar com redes de energia elétrica inteligentes. A ideia é que as edificações sejam autossustentáveis, inclusive energeticamente. Este é um conceito que tem vindo com bastante força da Alemanha, dos Estados Unidos e no Brasil já está começando a se pensar com mais intensidade.
Além desta pesquisa dentro PUC-PR, há outras em desenvolvimento na universidade voltadas ao setor da construção civil?
Nós temos pesquisas na área térmica em paredes, que envolvem refrigeração e sustentabilidade. Temos também um grupo de pesquisa que se chama Eco Habitare, que trata de construções ecologicamente corretas e sustentáveis. Uma das pesquisas é a que reaproveita o pó de mármore para a fabricação de tijolos.
No universo acadêmico, como estão as pesquisas voltadas à construção civil?
Tem uma série de universidades pesquisando sobre a construção civil. A crítica que eu faria é que muitas vezes não há investimento da indústria, não há investimento do setor empresarial e não há um direcionamento. Nós não somos demandados. O setor empresarial não vem aqui e diz: olha, nós gostaríamos que vocês fizessem uma pesquisa nesta área. Está faltando isso.
A entrada da iniciativa privada como patrocinadora de pesquisas seria a solução para que o setor acadêmico buscasse mais inovações na área da construção civil?
Sem dúvida. Quando a gente pensa em inovação, a gente tem que pensar que isso tem que solucionar um problema de qualidade de vida do ser humano. A pesquisa, no meu modo de ver, tem de estar voltada para o ser humano, senão ela fica uma pesquisa muito pura. No geral, a pesquisa deve ter alguma influência sobre o ser humano para melhorar a qualidade de vida. Aí, a iniciativa privada seria importante para ajudar a focar em estudos que tenham utilização mais imediata para a sociedade.
Entrevistado
Ricardo José Bertin, coordenador adjunto do curso de engenharia civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
Currículo
- Possui graduação em engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (1982), mestrado em Transport Engineering and Operation - University Of Newcastle Upon Tyne (1992) e doutorando em engenharia mecânica pela PUC-PR
- Atualmente é coordenador do Centro de Formação de Tecnólogos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (campus Curitiba)
- É professor adjunto III do curso de Engenharia Civil
- Tem experiência na área de engenharia civil, com ênfase em ferrovias, projetos, superestruturas, logística, pavimento de concreto e análise por elementos finitos
Contato: ricardo.bertin@pucpr.br
Créditos foto: Divulgação/EMPA
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Segurança na construção civil une esforços por melhorias
Empresas, organismos setoriais e representantes trabalhistas buscam soluções para reduzir acidentes e ganham apoio de programa governamental
Por: Altair Santos
Segundo o mais recente anuário estatístico da Previdência Social, entre 2010 e 2011 a construção civil teve 42.978 acidentes de trabalho com registro do CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). Reduzir essa estatística é o desafio do setor. Por isso, no final de abril de 2012, vários segmentos reuniram-se na 5ª Jornada de Segurança na Construção Civil, realizada em São Paulo/SP. Os debates foram centralizados em três questões:
- Falta de mão de obra especializada.
- Falta de conscientização quanto à necessidade de utilizar equipamentos de proteção individual e coletiva.
- Falta de informação quanto às normas e condições de meio ambiente na indústria da construção civil.
Uma das conclusões do evento, que reuniu empresas, organismos setoriais e representantes trabalhistas, é que a construção civil brasileira deve estimular a industrialização no canteiro de obras e fiscalizar melhor a mão de obra terceirizada. "A industrialização é uma solução, pois permite fazer mais rápido, com mais economia e com menos pessoas envolvidas. Partindo deste princípio, ela pode ajudar na diminuição de acidentes. Aliado a isso, é preciso que a terceirização seja melhor preparada, treinada e capacitada. Para isso, ela precisa deixar de ser informal, até para sabermos quais são as reais estatísticas que a envolvem em acidentes de trabalho", analisou Expedito Eloel Arena, um dos promotores da 5ª Jornada de Segurança na Construção Civil.
Hoje, os acidentes mais comuns na construção civil são os relacionados às quedas - estima-se que 60%. A maioria ocorre por falta de uso ou falha dos EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva) ou dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). "Muitas vezes, os equipamentos estão lá, mas o trabalhador não usa. Então, isso abrange informação, formação e capacitação das pessoas, para que elas saibam a importância de se seguir as normas de segurança.", alerta Expedito Eloel Arena.
Por isso, a 5ª Jornada de Segurança na Construção Civil procurou dissecar três normas que referendam a segurança do trabalho na construção civil: a NR18 – Condições e Meio Ambiente na Indústria da Construção Civil; a N12 – Máquinas e Equipamentos, e a NR35 – Trabalho em altura. Esta foi recentemente publicada em março de 2012 e trata das condições para se realizar um trabalho a uma altura superir a 2 metros. A norma estabelece que o empregador deverá promover um programa de capacitação dos trabalhadores para a realização de atividades em altura, com treinamento - teórico e prático - onde a carga horária mínima deve ser de oito horas. As obrigações gerais da NR35 entram em vigor em setembro de 2012 e a obrigatoriedade de treinamento e capacitação passa a valer daqui a 12 meses.
Veja o que diz a NR 12: Clique aqui
Veja o que diz a NR 18: Clique aqui
Veja o que diz a NR 35: Clique aqui
A 5ª Jornada de Segurança na Construção Civil, de certa forma também antecipou o programa lançado dia 27 de abril de 2012 pelo Governo Federal, batizado de Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho. Nele, está estabelecido que a educação continuada é uma das diretrizes a serem seguidas, com a inclusão de conhecimentos básicos sobre saúde, segurança no trabalho e prevenção de acidentes no currículo dos ensinos fundamental e médio das redes pública e privada. O plano também buscará revisar as referências curriculares para a formação de profissionais em saúde e segurança no trabalho, de nível técnico, superior e pós-graduação.
Segundo dados oficiais, o Brasil é o quarto colocado mundial em número de acidentes fatais do trabalho. De acordo com o Governo, é registrada no país cerca de uma morte a cada 3,5 horas de jornada diária e são gastos mais de R$ 14 bilhões por ano com acidentes de trabalho. “Tivemos praticamente 18 milhões de pessoas a mais inseridas no mercado de trabalho nos últimos nove anos. Por isso, é importante o empenho crescente para reduzir cada vez mais a quantidade de acidentes de trabalho. O maior ativo das empresas são os recursos humanos e temos de cuidar dele cada vez mais”, diz o ministro do Trabalho, Paulo Roberto Pinto.
Entrevistados
Engenheiro civil Expedito Eloel Arena, sócio da rede de lojas Casa do Construtor e promotor da 5ª Jornada de Segurança na Construção Civil
- Assessorias de imprensa dos Ministérios do Trabalho e Emprego e da Previdência Social
Contatos: assessoria@empautacomunicacao.com.br / ascom@mte.gov.br / ascom@mpas.gov.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Ponta de estoque chega ao setor imobiliário
Apartamentos que não conseguem ser vendidos de imediato pelas incorporadoras podem ser comprados com desconto de até 30%
Por: Altair Santos
O conceito ponta de estoque ou outlet chega ao mercado imobiliário. O modelo começou a ser adotado por incorporadoras e construtoras para negociar imóveis que, por algum motivo, ficam sem encontrar compradores. Pode ser aquele apartamento mal posicionado na planta, com algum defeito no acabamento ou que teve a negociação de venda interrompida, seja por desistência do interessado ou não aprovação do financiamento.
Esses imóveis estocados acabam gerando encargos extras para as construtoras e incorporadoras, principalmente quando os edifícios já estão concluídos. São taxas, IPTU, manutenção e condomínio, que levam as empresas a preferir vendê-los com descontos a mantê-los fora do mercado. Por isso, a necessidade de se adotar um novo tipo de venda, que tem sido experimentado em São Paulo/SP através da RealtON. A imobiliária inovou ao concentrar esse modelo de negócio através de parcerias que ajudam as incorporadoras a desonerar seus custos.
O processo de venda também procura ser econômico. A RealtON disponibiliza todas as ofertas na internet e em redes sociais. "Os interessados tiram as dúvidas online e só depois da convicção da compra é que eles são acompanhados por consultores até a unidade à venda. Isso poupa gasto com deslocamentos e visitas incansáveis a muitos imóveis. Quando a compra é negociada, a intermediação é feita por um corretor", explica Rogério Santos, que trouxe esse novo conceito ao mercado imobiliário.
Segundo ele, a ponta de estoque de imóveis é uma tendência impulsionada pelo fato de as companhias terem aberto seus capitais e se virem forçadas a aumentar significativamente o número de lançamentos e, consequentemente, de estoque. "Estima-se que hoje as companhias abertas acumulem um estoque superior a R$ 35 bilhões. A necessidade de caixa que se seguiu após todos os lançamentos incentivou as empresas a darem mais liquidez aos seus estoques. Daí o surgimento da RealtON", diz Rogério Santos.
Em São Paulo, o modelo outlet negocia imóveis de 20 grandes construtoras com capital aberto. Entre março e abril de 2012, foram vendidos, em média, cinco apartamentos por dia. Os descontos variam de 5% a 30%, definidos a partir de cada negociação com a incorporadora e tipo de imóvel. "Temos casos de negociações com descontos muito bons, que chegam a ficar duas horas no site e são arrematados rapidamente", diz o diretor da RealtON. Os imóveis negociados têm valores que variam de R$ 300 mil a R$ 4 milhões e 60% dos compradores são investidores.
Outra característica do negócio é que não são colocados à venda imóveis que tenham pendências com agentes financeiros. "Trabalhamos diretamente com as incorporadoras. Os imóveis em estoque dependem da avaliação de cada incorporadora. Em geral, são disponibilizados entre seis e oito meses após a data de lançamento. Estimamos que 60% dos imóveis comercializados pela RealtON estão prontos. Os demais, em construção", revela Rogério Santos, que estuda abrir o mesmo modelo de empreendimento nas cidades de Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Manaus/AM, Salvador/BA e Curitiba/PR.
Entrevistado
Rogério Santos, CEO da RealtON, imobiliária especializada em venda de ponta de estoque de imóveis
Currículo
- Formado em marketing pela ESPM e pós-graduado pela FGV
- Atua há 25 anos no mercado imobiliário e já trabalhou como diretor de marketing de empresas como Cyrela do Brazil Realty S/A e Abyara Brokers Intermed. Imobiliária S/A
- É o fundados da RealtON, outlet de imóveis
Contato: www.realton.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Curva ABC é antídoto contra desperdício de cimento
Gráfico ajuda não apenas a controlar gastos com insumos e outros materiais, como favorece planejamento de custo com mão de obra
Por: Altair Santos
Orçar uma obra é tarefa básica para quem constrói. Cumprir o orçamento, porém, nem sempre é fácil. Por isso, no setor construtivo, dissemina-se a utilização de gráficos que projetam os custos futuros e ajudam a controlá-los durante a execução de um empreendimento. Entre os modelos, o que mais é usado é a Curva ABC. São cálculos que permitem priorizar os gastos com insumos, mão de obra e equipamentos.
Pela sua relevância na construção civil, o cimento é um dos materiais que ocupam o topo da Curva ABC. "Ela é muito eficiente para o controle do cimento, principalmente para evitar perdas e ajudar na negociação com o fornecedor. Se a construtora administra bem o estoque, ela ganha margem para fazer uma compra com melhores prazos e descontos", explica o professor Carlos Torres Formoso, do Grupo de Gestão e Economia da Construção da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Segundo Carlos Torres Formoso, algumas construtoras utilizam apenas o conceito da Curva ABC, usando-a informalmente, e outras aplicam a técnica dispondo de recursos gráficos e softwares para fazer o controle de materiais, equipamentos e mão de obra dentro do canteiro. "Quanto melhor ela for aplicada, mais resultados gera", explica. "A Curva ABC facilita o controle do que é consumido na obra, mas ela não é a única ferramenta gerencial. Sozinha, não traz ganhos relevantes. O ideal é ela ser empregada com outros sistemas de planejamentos, sistemas de controle de qualidade e gestão da cadeia de suprimentos", completa.
O nome Curva ABC explica como ela funciona. O método hierarquiza insumos e serviços em A, B ou C. Os materiais, negociações e cotações mais relevantes ocupam o topo da tabela (A). As intermediárias se distribuem na faixa B e as que requerem menos prioridades distribuem-se na parte inferior da planilha (C). "O conceito da Curva ABC deve ser usado em todas as etapas do andamento da obra. Ela nasce com o projeto, com o planejamento de layout do canteiro, no caso dos empreendimentos preocupados em controlar perdas", ressalta o professor da UFRGS.
Carlos Torres Formoso cita que um engenheiro civil bem qualificado tem plenas condições de organizar uma Curva ABC, apesar de atualmente as construtoras contarem com engenheiros de produção para desempenhar essa tarefa. "Boas escolas de engenharia civil têm enfatizado cada vez mais a produção enxuta, reforçando conceitos como Just in Time e conceitos de gestão de suprimentos, nos quais a Curva ABC é muito importante. Ela é ensinada dentro da gestão de Curvas, mas hoje em dia tem especializações em nível de mestrado e doutorado sobre esse conceito", finaliza.
Confira estudo da UFRGS sobre perdas na construção civil: Clique aqui
Entrevistado
Carlos Torres Formoso, coordenador do Grupo de Gestão e Economia da Construção do Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação (NORIE), da UFRGS
Currículo
- Bolsista de produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1A
- Possui graduação em engenharia civil pela UFRGS (1980), mestrado em engenharia civil pela UFRGS (1986), doutorado em engenharia civil pela University of Salford (1991) e pós-doutorado pela Universidade da Califórnia, Berkeley, EUA (1999-2000)
- Atualmente é professor associado II da UFRGS e coordenador do Grupo de Gestão e Economia da Construção do Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação (NORIE).
- É docente permanente do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da UFRGS
- Tem atuado como consultor ad hoc da FINEP, FAPESP, CAPES, CNPq, CYTED, entre outras agências de fomento
- Também é membro do Grupo de Assessoramento Técnico do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), liderado pelo Ministério das Cidades
- Atua na área de gerenciamento na construção civil, principalmente nos seguintes temas: projeto e gestão de sistemas de produção, produção enxuta (lean production), gestão da segurança do trabalho, aprendizagem organizacional, medição de desempenho de empresas e empreendimentos de construção, habitação de interesse social e gestão do processo de desenvolvimento do produto.
Contato: formoso@ufrgs.br
Créditos foto: Miguel Ângelo/CNI
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Novos engenheiros ampliam foco na sustentabilidade
A 8ª Maratona Global de Engenharia e Tecnologia mostrou que preocupação com o "crescer sem agredir" aumenta entre empresas e futuros profissionais
Por: Altair Santos
Anualmente, um grupo de empresas multinacionais voltadas à construção civil, coligadas com universidades de vários países, promove a Maratona Global de Engenharia e Tecnologia. Em 2012, o evento teve sua 8ª edição. O Brasil participou pela quinta vez do encontro, cujo tema sustentabilidade esteve no centro dos debates. "Tanto empresas quanto instituições de ensino têm fomentado as questões relacionadas à sustentabilidade, o que se reflete nos estudantes e profissionais das áreas de engenharia e tecnologia. Sustentabilidade já é uma realidade para algumas empresas e se tornou tendência para outras. Portanto, é imprescindível que os novos profissionais entenda m os conceitos envolvidos", diz Katia Hamada, líder regional de engenharia da DuPont Brasil, e uma das palestrantes da maratona.
Em 2012, o evento aconteceu na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para o Brasil, além de a sustentabilidade ser o ponto central das palestras, também foram abordadas as oportunidades de carreira para os jovens engenheiros do país. Houve uma conferência específica sobre engenharia civil, através da palestrante Eleanor Allen, diretora de desenvolvimento da CH2MHILL América Latina - uma das maiores construtoras do mundo. A executiva falou sobre oportunidades e desafios para os jovens engenheiros no Brasil, contextualizando o cenário global e local. "Há muito a fazer no Brasil, seja na área de infraestrutura, energia, saneamento, industrial ou de meio ambiente. Por isso, o país é hoje um dos pólos da construção civil no mundo", discursou Eleanor Allen.
A engenheira civil norte-americana enfatizou aos estudantes a importância de participar de programas de intercâmbio acadêmico. "É relevante entender como funciona o mundo fora da faculdade e do Brasil, assim como é importante se inspirar na carreira de alguém para traçar metas. Entendam que a faculdade dá ferramentas para o futuro, ensina a pensar como resolver problemas, amplia a visão e desenvolve o raciocínio lógico, mas ela não é o fim", afirmou Eleanor Allen, que palestrou para cerca de 200 estudantes de engenharia na PUC-SP. A conferência também foi transmitida online para estudantes dos Estados Unidos, China, Índia, países da América Latina, Europa, África e Oriente Médio. "Esse tipo de evento global oferece a oportunidade para pessoas alavancarem aprendizados com base nos desafios e soluções das diferentes sociedades", completa Katia Hamada.
Só mulheres
A 8ª Maratona Global de Engenharia e Tecnologia teve uma peculiaridade. As conferências foram todas ministradas por mulheres, porque a data do evento coincidiu com o Dia Internacional da Mulher. "Todas as apresentações foram feitas por mulheres influentes em suas áreas de atuação. O intuito foi homenagear as profissionais com carreiras em engenharia e tecnologia e mostrar que essas áreas têm atraído cada vez mais profissionais do sexo feminino", finalizou Hamada.
Saiba mais sobre a Maratona de Engenharia e Tecnologia: Clique aqui
Entrevistada
Katia Hamada, líder regional de engenharia da DuPont Brasil
Currículo
- Graduada em engenharia mecânica pela Universidade de São Paulo (USP) com especialização em administração pela Fundação Getúlio Vargas, com MBA em finanças, RH, marketing e operações
- Tem experiência em coordenação de equipes multidisciplinares, para resolução de problemas em uma ampla gama de fluxos de trabalho, como operações químicas vegetais, desenvolvimento de novas aplicações do produto, formação de equipes e projetos de capital
- Também pode atuar como consultora para projetos de energia de redução de custos e técnicas de resolução de problemas grupos focais
Contato: katia.r.hamada@bra.dupont.com
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Financiamento imobiliário segue com viés de alta
Inadimplência residual, desemprego em baixa e crédito farto mantêm otimismo do setor e também da Caixa Econômica Federal para 2012
Por: Altair Santos
Estudo realizado pelo Secovi-SP (Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo) revela que o crédito para financiamento imobiliário seguirá com viés de alta ao longo de 2012. Sustentam a projeção dados como uma das menores taxas de inadimplência do setor, estimulada pelo baixo índice de desemprego e por saldo crescente da caderneta de poupança. A Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) corrobora a expectativa e estima que, através da caderneta de poupança, os recursos para crédito imobiliário ultrapassem os R$ 100 bilhões este ano.
Além de Secovi-SP e Abecip, a Caixa Econômica Federal também tem números que indicam a sustentabilidade do financiamento imobiliário. "Atualmente, a inadimplência da carteira imobiliária da Caixa está em 1,7%. Comparativamente, é uma das menores da história do banco. Em junho de 2003, chegou a 3%. E em tempos de inflação desmedida, a 15%. O setor de crédito imobiliário possui um crescimento sustentável em função da disponibilidade de crédito, aliado a qualidade com que se constitui a carteira, a agilidade da economia e a diminuição do desemprego", avalia Suely Yara Perez Molinari, gerente regional de habitação e construção civil da Caixa.
Outro instrumento que estimula o financiamento imobiliário é a garantia trazida pela lei 9.514, que a partir de 2007 passou a ser aplicada pelo mercado e que instituiu a alienação fiduciária em substituição à hipoteca, cujo processo judicial de retomada do imóvel é mais demorado. Com a alienação, a propriedade do imóvel é transferida para o banco como garantia e só é repassada para o comprador após a quitação da dívida. Em caso de atraso, a retomada do bem é permitida após 90 dias de inadimplência.
Todos esses componentes estimulam a Caixa Econômica Federal a projetar que em 2012 os recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) irão financiar mais do que as 493 mil unidades de 2011. Explica Suely Yara Perez Molinari, que o SBPE é uma linha de crédito imobiliário para operações enquadradas no Sistema Financeiro Habitacional (SFH), para imóveis com valor até R$ 500 mil, e financiamentos fora do SFH com valor superior a esse. As taxas variam de 9,5% a 12% ao ano.
O SBPE, portanto, não abrange financiamentos de habitações de interesse social. "O financiamento de habitações de interesse social possui linhas específicas mais adequadas a atender as necessidades dessa faixa da população, que é o caso de recursos do OGU (Orçamento Geral da União) e do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial) utilizados na faixa I do MCMV (Programa Minha Casa, Minha Vida) e do FGTS, para imóveis com valor até R$ 150 mil (no caso de Curitiba/PR)", diz Suely Yara Perez Molinari.
Sistemas construtivos
O bom momento do crédito imobiliário também tem aberto oportunidades para que sistemas construtivos inovadores obtenham financiamento na Caixa Econômica Federal. Atualmente, o banco já tem credenciados 36 modelos tecnológicos para a construção civil. "O mercado imobiliário tem buscando alternativas econômicas e sustentáveis e a Caixa sempre apoia as inovações tecnológicas para o setor habitacional, quando elas são devidamente certificadas pelos organismos competentes", completa a gerente regional de habitação e construção civil da Caixa Econômica.
Entrevistada
Suely Yara Perez Molinari, gerente regional de habitação e construção civil da Caixa Econômica Federal
Currículo
- Formada em administração de empresas e pós-graduada em Gestão de Negócios
- Atua como gerente regional de habitação e construção civil da Caixa Econômica Federal em Curitiba
Contato: comunicacaoregional.pr@caixa.gov.br
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Plaenge ocupa topo do ranking das construtoras
Empresa paranaense lidera lista na região sul e aparece em 9º lugar entre as que mais constroem empreendimentos no Brasil
Por: Altair Santos
A 8ª edição do ranking da ITC (Inteligência Empresarial da Construção) revela que a construtora Plaenge tornou-se a maior do setor habitacional na região sul do país. A empresa paranaense desponta também entre as dez maiores da construção civil brasileira, de acordo com a área total construída em m² no ano de 2011. Segundo Roberto Melquíades, diretor financeiro da Plaenge Empreendimentos, a posição destacada da construtora é fruto de estratégias de crescimento adotadas com base nas tendências de mercado.
Entre elas, o dirigente cita a criação da Vanguard Home - marca focada no comprador do primeiro imóvel - e na decisão da empresa de manter o sistema de capital fechado. "Isso teve forte influência na performance da empresa, pois nos protegeu de pressões do mercado e contribuiu para que a expansão dos negócios e operações ocorresse de forma estruturada e organizada", revela. "Por isso, é motivo de muito orgulho integrar este ranking que apresenta o panorama do mercado brasileiro em nosso setor", completa Melquíades.
Alia-se a esse desempenho da Plaenge o fato de a empresa estar há 42 anos no segmento da construção e focada no excelente momento do mercado imobiliário brasileiro. Isso tem permitido que a construtora amplie seus negócios. Além de concentrar seus empreendimentos nas cidades de Curitiba/PR, Londrina/PR, Maringá/PR, Ponta Grossa/PR, Joinville/SC, Campo Grande/MS, Cuiabá/MT e Dourados/MS, a Plaenge, desde 2009, internacionalizou-se e passou a operar no Chile e na Venezuela.
Por isso, de acordo com Roberto Melquíades, há espaço para crescer mais em 2012 e galgar mais posições no ranking da ITC. "O cenário favorável para a economia brasileira, com aumento de renda da população e forte incremento nas operações e no volume de financiamentos, aliados ao déficit habitacional do Brasil, ao crescimento da população e a preferência sócio cultural pela casa própria, têm ampliado a demanda por imóveis residenciais no Brasil. Isso proporciona espaço para a continuidade de desempenho positivo da Plaenge", avalia.
A Plaenge atualmente está com 73 empreendimentos em execução, somando 160 torres, 11.411 unidades e 1.802.552,50 m² em construção. Isso no atendimento ao setor habitacional, pois no âmbito industrial a empresa atua com a Emisa Plaenge, com obras entregues em 19 estados brasileiros e na Venezuela. "Entre nossos clientes, estão Coca-Cola, Unilever, Philip Morris, Sig Combibloc, Matte Leão, Atlas Schindler, Dixie Toga, Beaulieu, Michelin e Adams", revela Roberto Melquíades.
A inovação também impulsiona os negócios da Plaenge. A empresa foi pioneira no país em ofertar plantas flexíveis aos clientes e a garantir o cronograma através do seguro da entrega da obra. Além disso, há o programa de otimização de processos e o portal do cliente, que aprimoram o desempenho do canteiro de obras e o relacionamento com os compradores. "Buscamos inovar constantemente, embasados nas pesquisas de mercado e suas principais tendências, proporcionando produtos diferenciados e reais soluções para nossos consumidores", garante o diretor financeiro.
Veja as construtoras que se destacaram no ranking do ITC:
Confira o ranking das 100 principais construtoras brasileiras: Clique aqui
Entrevistado
Roberto Melquíades, Diretor Financeiro da Plaenge Empreendimentos
Currículo
- Graduado em economia pela Universidade Estadual de Londrina, com formação em AMP (Advanced Management Program) pela IESE Business School
- Atua no mercado imobiliário há 42 anos, com forte experiência na área financeira, tendo ocupado por 15 anos vários cargos executivos no SindusCon Norte do Paraná
Contato: r.melquiades@plaenge.com.br
Créditos foto: Divulgação