Portaria padroniza tamanho dos blocos de concreto
Regulamento Técnico Metrológico estabelece condições para a comercialização e uniformiza dimensões do produto para uso na alvenaria
Por: Altair Santos
O consumo cada vez maior de blocos de concreto em obras de alvenaria levou o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) a publicar a portaria 15/2011, que está em vigor há quase um ano. Ela estabelece parâmetros de como os blocos devem ser confeccionados, padronizando dimensões, além de definir critérios para a embalagem, como número de unidades e identificação do fabricante. "Essa portaria garante ao consumidor que ele vai adquirir um produto uniforme. Não há mais risco de comprar um lote de blocos e as peças virem com dimensões variadas", explica Lindomar José Gomes, diretor técnico do IPEM( Instituto de Pesos e Medidas) do Espírito Santo/ES, e que atuou na elaboração da portaria.
O Inmetro, em parceria com os IPEMs (Institutos de Pesos e Medidas) estaduais, tem realizado a fiscalização para o cumprimento do Regulamento Técnico Metrológico 15/2011. "Não se adaptar às exigências da portaria pode resultar em sanções administrativas", alerta Lindomar José Gomes. As empresas que não seguirem os novos padrões de qualidade receberão multas entre R$ 150 a R$ 1,5 milhão. Esses valores, e todos os demais critérios, foram definidos em audiências públicas e audiências técnicas do Inmetro, com a participação efetiva do setor produtivo. "Por isso, a portaria levou um bom tempo para ser concluída", completa o diretor técnico do IPEM do Espírito Santo.
A partir da portaria 15/2011, o mercado tem a expectativa de que os blocos de concreto sejam tão consumidos quanto os blocos cerâmicos. "Com os novos parâmetros, a padronização é similar entre os dois produtos. A única diferença é que no bloco cerâmico é possível gravar em baixo relevo, em cada peça, o número do lote e as dimensões. No bloco de concreto não é possível fazer isso, pois ele tem matérias primas diferentes do bloco cerâmico", afirma Lindomar José Gomes, lembrando que vários procedimentos exigidos pelas normas técnicas da ABNT foram observados durante os debates para elaborar a portaria. "O objetivo é oferecer mais qualidade e segurança para os consumidores", finaliza.
Saiba mais sobre a portaria 15/2011: Clique aqui
Mais informações
Caso queira fazer reclamações ou denunciar blocos fora do padrão exigido, entre em contato com o IPEM pelo telefone 0800-039-1112
Entrevistado
Lindomar José Gomes, diretor técnico do IPEM do Espírito Santo
Currículo
Graduado em administração pela Universidade Federal do Espírito Santo
Contato: diretoriatecnica@ipem.es.gov.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Pisos industriais de concreto ganham novo status
Por: Altair Santos
Equipamentos e técnicas inovadoras elevam os pisos de concreto a um outro patamar. Antes confinados ao chão da fábrica, eles ganharam sofisticação e começam a chegar aos shopping centers, aos ambientes de escritório, aos hospitais, às universidades e até ao ambiente doméstico. "O que fez o setor de pisos de concreto se desenvolver nos últimos anos foi, em primeiro lugar, a percepção, por parte do usuário, que um bom piso é essencial para o desempenho da sua atividade. Além disso, houve avanços no detalhamento de projetos, procedimentos de execução e tecnologia de materiais", afirma Júlio Portella Montardo, presidente da Anapre (Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho).
Montardo explica que o que ocorreu foi a expansão do conceito de "piso industrial". "Antigamente, convencionava-se chamar de piso industrial os revestimentos de concreto dos galpões. Hoje em dia, esse conceito abraçou os pisos de obras comerciais, como supermercados e shopping centers, assim como áreas de grande circulação, como a garagem de um condomínio ou o pátio de uma escola", observa. "Portanto, o piso deixou de ser somente uma parte da estrutura do galpão. Atualmente, é muito mais que isso. O piso afeta o dia a dia do empreendimento, agindo diretamente em sua operação", completa.
Entre as evoluções tecnológicas que transformaram o piso industrial estão os selantes a base de epóxi e de poliuretano, desenvolvidos para juntas de dilatação, além de endurecedores de superfície, que reagem com os materiais químicos existentes no concreto e aumentam a resistência à abrasão. Esses novos materiais servem também para recuperar fissuras no substrato de pisos já construídos, através da injeção de resina epóxi. Há ainda argamassas uretânicas, capazes de oferecer proteção contra produtos cáusticos e que possuem alta resistência mecânica ao tráfego intenso. Outros componentes que ajudam a dar novo status aos pisos industriais são as tintas de alta espessura, que proporcionam blindagem mecânica e química ao concreto.
O presidente da Anapre destaca que todo esse aparato tecnológico deu aos pisos de concreto não apenas uma função estrutural, mas funcional. "É sobre o piso que se dá toda a operação da empresa, independentemente do nicho em que ela atua. Por isso, ele precisa oferecer conforto e segurança, além de resistir aos ataques químicos e biológicos em alguns casos", complementa Júlio Portella Montardo.
Entrevistado
Júlio Portella Montardo, presidente da Anapre (Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho)
Currículo
- Graduado em engenharia civil pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e mestre na mesma área pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
- Tem experiência em gestão de negócio de produtos para construção civil, com ênfase em desenvolvimento do mercado de fibras sintéticas e estruturais para concreto
- Atualmente é Diretor da Neomatex Comércio de Fibras e Têxteis Técnicos Ltda. e presidente da Anapre (Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho)
Contato: anapre@anapre.org.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Aditivos de concreto entram na era da nanotecnologia
Entre as vantagens, inovação diminui emissão de CO₂, além de gerar materiais com melhores propriedades e, portanto, mais duráveis
Por: Altair Santos
A nanotecnologia começa a ser testada em aditivos de concreto para aprimorar as qualidades do material. As microestruturas têm a propriedade de realçar características como resistência e robustez, além de influenciar na permeabilidade e na cura do material. "É uma série de vantagens, entre elas a redução no consumo de água e a diminuição na emissão de CO₂ para produzir a mesma quantidade de concreto, além da rapidez na cura interna, o que torna o material mais resistente", diz Fabricio André Buzeto, coordenador de tecnologia da Basf.
Outro exemplo no avanço dos aditivos a base de nanopartículas é que eles promovem um efeito de melhoria da fluidez do concreto ao longo do transporte da central dosadora até a obra. "Isso permite que com a seleção de nanocompostos se modifique o tipo de aditivo, levando em consideração as características químicas que o material vai precisar para cumprir plenamente sua função", explica Humberto Benini, chefe do Departamento de Físico-Química da Grace.
Segundo Fabricio André Buzeto, a aplicação de materiais nanoestruturados permite criar produtos específicos para cada tipo de obra. "A tecnologia será muito importante na exploração da camada pré-sal. Hoje já existem produtos utilizados em cimentação de poços de petróleo que são baseados em nanoestruturas", revela. Uma das características mais importantes destes materiais é que eles são "inteligentes". Através de nanobots, são capazes de apontar fissuras e problemas estruturais, reduzindo sensivelmente o risco de vazamento.
Atenta a essa tecnologia, a Petrobras, desde 2011, por meio do Centro de Pesquisa Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), firmou convênios para o desenvolvimento de pesquisas nanotecnológicas em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo/SP, e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O objetivo tem também a incumbência de formar pesquisadores em nanocompostos. "A capacitação é fundamental, pois a tecnologia representa uma quebra de paradigma no que se refere aos métodos e práticas vigentes na construção civil", afirma Humberto Benini.
Um dos obstáculos para que a nanotecnologia seja definitivamente incorporada à indústria cimenteira é a sua viabilidade econômica. "O uso combinado do cimento Portland e os nanotubos de carbono (CNT) ainda apresenta muitos desafios para sua viabilização econômica como material de construção, mas o potencial de uso é imenso. Tanto é que na Europa se formou um consórcio, o NanoCem, para desenvolver soluções envolvendo fabricantes, usuários, universidades e institutos governamentais. É um exemplo de ação setorial para o desenvolvimento da nanotecnologia, como ocorre também nos Estados Unidos, onde há um programa semelhante", comenta Benini.
Quando alcançado o estágio de produção industrial, os benefícios da nanotecnologia aplicada aos canteiros de obra serão inquestionáveis, avaliam os especialistas. "Os ganhos de produtividade, redução da dependência do operador e mecanização dos processos representarão um grande benefício à indústria da construção, tanto pela redução dos custos e melhoria da qualidade quanto ao consumidor final e a sociedade, que contará com construções de melhor qualidade, mais duráveis e, portanto, com menor impacto ambiental e econômico", conclui o chefe do Departamento de Físico-Química da Grace.
Entrevistados
Fabricio André Buzeto, coordenador regional de tecnologia para a América do Sul da Basf e Humberto Benini, gerente regional de produto para América Latina da Grace
Currículos
- Fabricio André Buzeto é bacharel em química com atribuições tecnológicas, pela PUCCAMP, com extensão em gerenciamento de projetos e extensão em gerenciamento estratégico de núcleos de inovação tecnológica pela Unicamp
- Também é mestre em ciência, tecnologia e gerenciamento de materiais poliméricos, pela Universidade de Ferrara (Itália), pela Universidade de Hamburgo (Alemanha), e mestre em engenharia química, ciência e tecnologia dos materiais, pela Unicamp
- Tem doutorado em engenharia química, ciência e tecnologia dos materiais, pela Unicamp
- Humberto Benini é engenheiro químico, com doutorado em engenharia da construção civil e materiais pela Universidade de São Paulo (USP). Atua há 12 anos como profissional na indústria de cimento, concreto e aditivos
Contato: fabricio.buzeto@basf.com / humberto.r.benini@grace.com
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Pernambuco concentra megaobras nordestinas
Cinco grandes projetos de infraestrutura fazem estado avançar para o 2º lugar no consumo de cimento e produção de concreto na região
Por: Altair Santos
Dados do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria Cimenteira) mostram que Pernambuco fechou 2011 saltando da 5ª para a 2ª posição em consumo de cimento e produção de concreto na região Nordeste - atrás apenas da Bahia. Há cinco razões para esse avanço: as obras de transposição do rio São Francisco, a construção da ferrovia Transnordestina, o plano de contenção de enchentes, o Porto de Suape e os empreendimentos voltados para a Copa do Mundo de 2014 - Arena Pernambuco e PAC da Mobilidade.
Alguns números impressionam nesse volume de obras. A fábrica de dormentes instalada pela construtora Norberto Odebrecht na cidade de Salgueiro, no sertão pernambucano, consome 1.824 m³ de concreto por dia para abastecer a Transnordestina. A ferrovia de 1.728 quilômetros, que também corta os estados de Piauí e Ceará, tem como objetivo final o porto de Suape. Para a indústria cimenteira do Brasil, tanto a Transnordestina quanto o terminal portuário de Suape têm importância relevante, pois facilitarão o escoamento da produção do polo gesseiro localizado no sertão do Araripe para outras regiões do país e também para a exportação. O gesso é matéria-prima para a fabricação de cimento e estudos preliminares apontam que as jazidas do Araripe podem abastecer até 95% da produção nacional.
Além do escoamento de minério, Suape será estratégico também para a indústria petroquimica. Por isso, entre as obras mais importantes do porto estão a construção de dois píeres petroleiros e de uma tubovia para o escoamento de materiais líquidos, principalmente o óleo diesel a ser processado pela Refinaria Abreu e Lima, na região metropolitana de Recife. Essa está em execução pelo consórcio formado pelas Andrade Gutierrez, OAS e Norberto Odebrecht.
A estrutura da tubovia exige a construção de uma ponte com 2,3 quilômetros de extensão. Para erguer as estruturas têm sido usadas duas bombas de concreto capazes de movimentar 90 m³/h cada uma. Atualmente, o empreendimento está entre os cinco maiores canteiros de obras do país em volume de obras - 130 no total -, movimentação de mão de obra e consumo de cimento. Entre as construções das indústrias instaladas no entorno do complexo, os projetos de infraestrutura e os empreendimentos do porto, estima-se que até 2014 o complexo terá consumido quase 15 mil m³ de concreto.
Junte-se a essa gama de obras a transposição do rio São Francisco, que, apesar do ritmo lento, prevê a construção de cinco canais, seis túneis, 12 aquedutos, quatro estações de bombeamento, 13 reservatórios intermediários e duas hidrelétricas. No território de Pernambuco passam 60% desses projetos. O estado ainda desenvolve seu plano de contenção de enchentes, que prevê cinco barragens. A maior delas é o Reservatório Serro Azul, na Mata Sul pernambucana, que terá um paredão de concreto com mais de 1 km de extensão e 65 metros de altura - equivalente a um prédio de 22 andares. Com isso, terá capacidade para conter 303 milhões de m³ de água.
Já Recife acelera a construção do estádio Arena Pernambuco para receber a Copa das Confederações, em 2013. O estádio terá 129.581 m² de área construída e capacidade para 46.154 lugares, com previsão de consumo de concreto de 65 mil m³. A capital pernambucana também recebe obras do PAC da Mobilidade, como a duplicação da BR-408, da BR-101 (pavimento rígido) e da BR-232, que cruzam a região metropolitana da cidade. Também há a ampliação do metrô da capital pernambucana, além de projetos para a criação de um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Somados, os cinco megaprojetos em Pernambuco envolvem investimento de R$ 50 bilhões.
Entrevistados
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, gabinete do governador e secretaria especial da Copa, todos ligados ao governo de Pernambuco
Contatos: imprensa@segov.pe.gov.br / governo@governadoria.pe.gov.br / www.pe.gov.br /
www.secopa.pe.gov.br
Créditos foto: Divulgação / Companhia Ferroviária do Nordeste / Governo de PE
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Estrangeiros qualificam construção civil do Brasil
Engenheiros e arquitetos, principalmente de países como Portugal, Espanha, Itália e França, suprem gargalos de mão de obra do país
Por: Altair Santos
O desempenho da construção civil brasileira contrasta com o de países como Portugal, Espanha, Itália e França. Por isso, engenheiros civis e arquitetos destas nacionalidades têm buscado intensamente o mercado de trabalho do outro lado do Atlântico. Mas não são só eles. Profissionais dos Estados Unidos também vislumbram oportunidades no Brasil. A prova é que dados do Ministério da Justiça mostram que, entre 2010 e 2011, o pedido de vistos permanentes para trabalho no país cresceu 37% - neste período, foram concedidos 2.692 autorizações. Calcula-se que 25% destes vistos tenham sido concedidos a engenheiros e arquitetos.
Os números crescem exponencialmente quando contabilizados os vistos temporários de trabalho, entre 2010 e 2011. Nestas condições, 1,460 milhão de pessoas entraram no país em busca de oportunidades. A estimativa é que 30% desse pessoal tenha vindo atuar na construção civil brasileira, independentemente da qualificação. Entre as nacionalidades que mais buscam vaga no Brasil estão, disparado, portugueses e espanhóis. "Da Espanha, temos recebido atualmente cem currículos por mês, com um percentual de 70% deles ligados a profissionais altamente qualificados, como engenheiros e arquitetos", explica Maria Luisa Castelo Marin, diretora-executiva da Câmara Oficial Espanhola de Comércio.
Sob o aspecto de excelência profissional, a construção civil brasileira tem lucrado com essa entrada de estrangeiros no país. "Estive conversando recentemente com dirigentes do CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agricultura de São Paulo) e com headhunters de São Paulo, e a opinião deles é que os engenheiros europeus estão melhor preparados. A explicação é que o Brasil ficou três décadas sem movimentar sua engenharia, enquanto na Europa só agora é que a construção civil se ressente de investimentos. Então, os engenheiros europeus têm uma maior expertise, principalmente para áreas que o Brasil vai precisar, como exploração do pré-sal e construção de portos, aeroportos e estradas", diz Maria Luisa Castelo Marin.
O levantamento mais recente, realizado pelo sistema Confea/CREA, aponta que há 820 mil profissionais de engenharia e arquitetura registrados nos conselhos regionais. Até 2020, segundo dados da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) o Brasil vai precisar ter 1,5 milhão de engenheiros em ação. Como as universidades do país têm capacidade de colocar no mercado apenas 48 mil por ano, estima-se que nesta década (2010-2020) possam ser importados pelo menos 300 mil profissionais da área. "É bom ressaltar que na Europa e nos Estados Unidos, os engenheiros civis estão mais ligados à construção pesada. A construção de imóveis é dominada por arquitetos. Por isso, os arquitetos europeus também têm encontrado bom mercado aqui", lembra a diretora-executiva da Câmara Oficial Espanhola de Comércio.
Validação do diploma
Engenheiros e arquitetos oriundos de outros países precisam validar seus diplomas para exercer a profissão no Brasil. A homologação é feita através de uma instituição de ensino superior credenciada pelo Ministério da Educação. Somente as universidades federais têm essa prerrogativa. Normalmente, esse processo dura seis meses, pois precisa passar pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Obtida a validação, o profissional pode filiar-se ao conselho regional de sua região (CREA para engenheiros e CAU para arquitetos) e trabalhar sem empecilhos, podendo registrar ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), gerenciar obras e assinar projetos.
Entrevistada
Maria Luisa Castelo Marin, diretora executiva da Câmara Oficial Espanhola de Comércio
Currículo
- Graduada em Direito e assumiu a diretoria-executiva da organização em fevereiro
- Possui experiência em direção e liderança de grandes equipes, bem como em processos de ativação de empresas estrangeiras no Brasil
- A executiva já atuou como consultora da EPISE Talento y Resultados (Brasil), tendo participado de todo o processo de start up da empresa no país
- Também atuou anteriormente na Zurich Financial Services e Caudal Seguros na Espanha
Contato: comercial@camaraespanhola.org.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Combustível, transporte e energia lideram obras
Das mais de 12 mil construções de grande porte que serão erguidas no Brasil até 2016, 81% advêm destes três setores da economia
Por: Altair Santos
Dez setores da economia irão gerar 12.265 construções de grande porte no Brasil até 2016. São obras cujo montante de investimento se aproxima de R$ 1,5 trilhão, entre os quais as áreas de combustível, transporte e energia serão as mais contempladas. É o que revela estudo encomendado pela Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção). "São empreendimentos que vão influenciar no PIB do país, a partir de 2013. Hoje, a Sobratema trabalha com as seguintes premissas de crescimento: 3,5% em 2012, 6,5% em 2013 e 2014 em 6,5%", diz o vice-presidente da associação, Mário Humberto Marques.
De acordo com o levantamento da Sobratema, as construções voltadas para os setores que receberão o maior número de obras representam 81% do total das 12.265 construções a serem encaminhadas até 2016. "Os maiores investimentos serão realizados, respectivamente, em combustível, com 46% do total; seguido por transporte, com 23%, e energia, com 12%", revela Mário Humberto Marques. Além destas áreas, também serão contempladas saneamento básico, habitação, indústria, hotelaria, turismo, shopping center e infraestrutura esportiva (Copa do Mundo e Olimpíadas).
A região Sudeste receberá o maior volume de investimentos (R$ 835 bilhões, em 3,2 mil obras) com destaque para os estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, principalmente pelos projetos relacionados à exploração de petróleo offshore na camada pré-sal. "No entanto, merece destaque a participação da região Nordeste, que receberá até 2016 aproximadamente 23% do total a ser investido, com um montante de R$ 345 bilhões", alerta o o vice-presidente da Sobratema. A região Sul aparece em terceiro, com captação de recursos para obras chegando a R$ 100,4 bilhões.
Na opinião de Mário Humberto Marques, esse volume de obras e recursos dá à construção civil brasileira a oportunidade de atingir o nível de crescimento sustentável. "A construção é uma parte importante da atividade econômica brasileira. Com esse grau de investimentos, o país atingirá o crescimento é sustentável, mas cabe ao governo executar esses investimentos que lhe competem, e também estimular adequadamente a iniciativa privada a investir", lembra. Com esse avanço, a Sobratema projeta também o crescimento do setor de equipamentos para a construção civil. "Em outra pesquisa que realizamos identificamos as seguintes projeções para o avanço das vendas de equipamentos no Brasil: 2012 (5,1%), 2013 (8,1%), 2014 (10,7%), 2015 (9,7%) e 2016 (8,3%)", conclui.
Confira o estudo completo: Clique aqui
Entrevistado
Mário Humberto Marques, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema)
Currículo
- Engenheiro mecânico graduado em 1976, pela Universidade Federal de Uberlândia
- Cursou MBA em finanças no IBMEC, concluído em 1997, e pós-graduação lato senso pela FIA (USP) em gestão de negócios, concluído em 1999
- Em 2006 concluiu o curso de atualização em gerenciamento de projetos pela Fundação Getúlio Vargas
- É vice-presidente da Sobratema e diretor de Equipamentos e Suprimentos da Construtora Andrade Gutierrez S.A.
- Desenvolveu o programa de Supply Chain da Construtora Andrade Gutierrez S.A. e aprimorou os processos de suprimentos em plataforma WEB e orientou o desenvolvimento de e-procurement próprio
Contato: sobratema@sobratema.org.br / www.sobratema.org.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Construir em São Paulo vira desafio às construtoras
Rigorosas leis de compensação ambiental exigem que incorporadoras se adaptem para que a cidade continue produzindo novos imóveis
Por: Altair Santos
Entre os envolvidos com a construção civil de São Paulo/SP costuma-se dizer que a incorporadora bem-sucedida não é aquela que tem o maior volume de recursos para viabilizar empreendimentos, mas a que possui o maior estoque de terrenos. Encontrar áreas para construir na capital paulista tornou-se o maior desafio para as empresas do setor. O motivo são as rigorosas leis de compensação ambiental, consideradas as mais rígidas do país, e que, dependendo do projeto, podem encarecer demais o custo da obra.
Hoje, antes de empreender em São Paulo, qualquer construtora precisa realizar um estudo de viabilidade ambiental. Significa verificar se vale ou não a pena construir em determinada área. Caso haja no terreno espécies nativas da Mata Atlântica ou ameaçadas de extinção, há duas saídas: abandonar o projeto ou adaptá-lo, a fim de que a área verde seja preservada. Derrubar árvores é que não pode. Primeiro, porque o embargo da obra é certo; segundo, por causa das pesadas multas aplicadas pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente.
O organismo público é hoje o mais temido pela construção civil que investe em território paulistano. Criada em 2005, ele ganhou autonomia para defender o crescimento sustentável da cidade, custe o que custar. Amparada por leis e, sobretudo, por uma fiscalização eficiente, a secretaria levou o setor a se adaptar. Em São Paulo, hoje, não se trabalha sem planejamento sustentável. Um empreendimento, antes de ser posto em pé, absorve pelo menos dois anos de estudos.
Segundo Enéas José Arruda Campos, presidente da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos Municipais de São Paulo (SEAM), verticalizar cada vez mais os edifícios tem sido a solução encontrada pelas incorporadoras para equacionar questões como pouco estoque de terrenos e lei ambiental. "Com o encarecimento dos terrenos, os empreendimentos, para serem viáveis economicamente, precisam sempre ter o maior número de unidades que a lei permita, inclusive utilizando os instrumentos como a Outorga Onerosa e os CEPACs (certificados de potencial construtivo)", explica.
Adotando essa estratégia, o mercado imobiliário paulistano, de acordo com dados do Secovi-SP (Sindicato de Habitação de São Paulo) cresceu a um ritmo de economia chinesa entre 2000 e 2011. Os lançamentos de apartamentos saltou de 29 mil para 37 mil por ano. "Isso se deve à qualidade dos projetos. Atualmente São Paulo concentra os melhores projetistas do país e todos eles estão atualizados sobre as matérias do meio ambiente", avalia Enéas José Arruda Campos.
O consumidor, no entanto, sente o custo deste esforço para se continuar construindo em São Paulo. O metro quadrado na cidade, dependendo da região, varia de R$ 5,5 mil a R$ 7 mil. Além disso, o desembolso de encargos tributários ao se adquirir um imóvel também cresceu. A carga da compensação ambiental no VGV (Valor Geral de Venda) de um empreendimento pode chegar a 1,5% da obra. Já o imposto conhecido como ITBI, que é recolhido à prefeitura na averbação do imóvel, teve elevação de até 50% em alguns casos. "Para que houvesse um equilíbrio nestes custos, São Paulo precisaria parar de crescer", alerta o presidente da SEAM.
Entrevistados
Enéas José Arruda Campos, presidente da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos Municipais de São Paulo (SEAM) e Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente
Currículo
Enéas José Arruda Campos é engenheiro civil aposentado da prefeitura de São Paulo e atua como perito judicial
Contato: seam@seam.org.br / svma_imprensa@prefeitura.sp.gov.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Empresas da construção civil precisam ser resilientes (Podcast)
Quem se adapta melhor às pressões do dia a dia cria um diferencial de mercado e obtém resultados mais eficientes, analisa especialista.
Por: Altair Santos
Entrevistado
Arnaldo Mazzolin Júnior, consultor de empresas e palestrante
Currículo
- Arnaldo Mazzolin Júnior é administrador de empresas e mestre em administração, com área de concentração em recursos humanos.
- Participou de dezenas de cursos de especialização em desenvolvimento organizacional, gestão empresarial e qualidade.
- Exerceu funções executivas na São Paulo Alpargatas, Polidura Tintas e Vernizes e Seagram.
- Atua como consultor de empresas há doze anos. Participou da fusão entre Volkswagem e Chrysler; do projeto de criação da Autolatina; da transferência da Lacta Kraft Foods; da divisão por unidade de negócios da São Paulo Alpargatas; da Polidura Tintas e Vernizes; da Seagram Industria e comércio de Bebidas; da implantação da Peugeot no Brasil; da implantação da Kia Motors no Brasil.
- Participa do sucesso de empresas como WEG, SLC, Todeschini, Marcopolo, Agrale, Gerdau, Marisol, Doux-Frangosul, Jonh Deer, Springer Carrier, Dal Ponte, Klabin, entre outras.
Contato: arnaldo@mazzconsultoria.com.br / @arnaldomazzolin (Twitter)
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Créditos: Divulgação
Eficiência térmica é a maior virtude do CCA
Concreto celular autoclavado foi submetido a testes pelo Cefet-MG e mostrou desempenho acima da média comparado a outros materiais
Por: Altair Santos
Estudo realizado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) revelou que o concreto celular autoclavado (CCA) apresentou o melhor desempenho térmico em comparação a outros materiais com características semelhantes. O teste usou blocos com a medida de 60 cm x 30 cm x 20 cm e painéis de 3 metros de comprimento, 0,55 metro de altura e 20 cm de espessura.
Na medição, a diferença para o ambiente externo foi de 8 graus Celsius. Além disso, o material mostrou-se uma das soluções da construção civil que apresenta melhor resistência ao fogo, podendo suportar altas temperaturas por até seis horas. Em contrapartida, o CCA equivale a 1/5 do peso do concreto armado e é, segundo a pesquisa, 30% mais leve do que a alvenaria em bloco cerâmico.
A pesquisa teve entre seus coordenadores o engenheiro civil Conrado de Souza Rodrigues, do departamento de engenharia civil do Cefet-MG. Na entrevista a seguir, ele explica os resultados do estudo e quais as vantagens do concreto celular autoclavado, principalmente quando aplicado em construções habitacionais e empreendimentos como shopping centers. Confira:
Estudo do Cefet-MG revelou que o concreto celular autoclavado (CCA) apresentou o melhor desempenho termoacústico entre outros materiais com características semelhantes. Por que isso ocorre?
Na verdade, nossa pesquisa priorizou o desempenho térmico do CCA. Entretanto, é muito vinculado o termo conforto termoacústico porque as características que influenciam num e noutro são as mesmas. Neste caso, verificamos que o CCA tem um desempenho térmico mais adequado do que outros materiais de construção, como blocos de concreto e blocos cerâmicos. Isso ocorre por que o CCA possui um volume muito grande de poros. Em alguns casos, essa porosidade chega a 80%. Isso oferece maior dificuldade na produção de calor, o que permite construir ambientes que demandam menos energia pelo condicionamento térmico. Tanto em regiões frias, para calefação, quanto em regiões quentes, no caso do ar-condicionado.
Na pesquisa do Cefet-MG, o concreto autoclavado foi comparado com quais outros materiais?
No ponto de vista de conforto térmico, fizemos ensaios comparando CCA com blocos de concreto e elementos de alvenaria de cerâmica vermelha, conhecido como bloco cerâmico.
Para a produção de um concreto autoclavado, se exige alguma modalidade especial de cimento?
O CCA tem uma química bem diferente de um concreto convencional e do cimento convencional. Então, no processo de produção do CCA, utilizamos como uma das matérias primas o cimento, mas ele não é o único aglomerante. Usamos também cal e gesso como parte dos aglomerantes.
Em termos de resistência, o concreto autoclavado também é um material eficiente?
A resistência do CCA está vinculada à função que ele vai cumprir. É possível produzir CCA tanto para alvenaria de vedação quanto para alvenaria estrutural. A variável principal envolvida nesta escolha da classe de resistência está relacionada à quantidade de bolhas será criada no interior do material. O material estrutural, que precisa ter uma resistência mecânica mais elevada, é produzido com um teor menor de bolhas. Consequentemente, ele terá uma densidade maior e terá reduzido eu desempenho térmico. E isso é regra: quando se busca ganho de resistência mecânica, se perde no aspecto de conforto térmico.
O concreto autoclavado é mais recomendável para áreas de vedação ou pode também ser usado em lajes?
No Brasil, ele é usado basicamente em vedação. Em outros países, ele tem múltiplas funções. É usado para vedação horizontal, pisos, e até em sistemas de cobertura. Então, grosseiramente falando, ele pode ser utilizado em vários sistemas dentro da construção civil, e não só alvenaria de vedação estrutural.
Quanto ao uso do concreto autoclavado, ele é bem difundido na construção civil brasileira?
Ainda não. Aqui em Belo Horizonte/MG há uma produção em alta escala de CCA. Por isso, o uso do produto é facilitado. Não é raro construções prediais, shopping centers e construções industriais usarem o material. Só que em outras cidades brasileiras a frequência do CCA em obras não é tão intensa.
Mas o concreto autoclavado pode ser usado em qualquer tipo de construção?
Como disse, construções prediais, industriais e shopping centers são empreendimentos que recebem bem o CCA.
O uso de concreto autoclavado encarece uma obra?
Se formos comparar bloco de CCA com o bloco cerâmico, ele é mais caro. Trata-se de um material com um desenvolvimento tecnológico maior e que tem um processo de produção diferenciado, notadamente quanto à cura. A cura do material, ou seja, o ganho de resistência do material é feito em autoclave, ou seja, uma panela de pressão industrial onde o material é submetido a temperaturas e pressão elevadas. Isso aumenta o custo inicial do material. Mas ao longo do tempo, esse custo se dilui. Por quê? Porque, no caso de uma construção habitacional, ela vai manter sua funcionalidade térmica por décadas, reduzindo o custo com consumo energético. Neste aspecto, o CCA é imbatível quando comparado com outros materiais.
Onde foi criado o concreto autoclavado, quando e qual a popularidade do material fora do país?
É uma história extremamente interessante e que tem um paralelo muito grande com a nossa realidade da construção civil. O CCA foi desenvolvido na Suécia na década de 1920, em uma crise energética tremenda. Então, o governo sueco da época estabeleceu que os materiais de construção civil tinham de ser termicamente eficientes. Foi neste ambiente que o CCA foi desenvolvido. Ele foi patenteado na década de 1920 e se difundiu primeiro pela Europa. É interessante ressaltar que os processos de fabricação utilizados em países como França, Alemanha, Canadá, EUA, Brasil, Austrália e África do Sul seguem basicamente a mesma receita. São matérias primas com as mesmas características, processos de produção muito semelhantes e o material tem um desempenho muito parecido em diferentes regiões. Ele tem uma difusão muito grande, principalmente na Europa, onde existe a preocupação com a sustentabilidade na construção. Por isso, ele tende a se popularizar mais daqui para frente.
Pelo potencial termoacústico do concreto autoclavado, ele é o material ideal para edifícios residenciais e comerciais?
Principalmente para os edifícios residenciais, e no caso dos edifícios comerciais onde haja demanda de um condicionamento térmico. A aplicabilidade dele também é interessante nas construções de shopping centers, onde o condicionamento térmico é importantíssimo.
Entrevistado
Conrado de Souza Rodrigues, pesquisador e professor adjunto III do departamento de engenharia civil do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Currículo
- Conrado de Souza Rodrigues é graduado em engenheiro civil pela Universidade Federal de Ouro Preto (1997)
- É mestre e doutor em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1999 e 2004)
- Foi pesquisador visitante no Departamento de Engenharia Civil e Geociências da Universidade de Tecnologia de Delft, Holanda (doutorado sanduíche, 2002) e no Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (pós-doutorado, 2004-2005)
- Atualmente é pesquisador e professor adjunto III do departamento de engenharia civil do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, onde atua nos cursos de engenharia de produção civil e mestrado em engenharia civil
- É líder do grupo de pesquisa "Materiais para Construção Sustentável", cujas atividades enfocam, principalmente: 1) Fibrocimentos sem amianto; 2) Concreto celular autoclavado; 3) Resíduos agroindustriais como adições minerais em cimentos e concretos e; 4) Bambu como componente estrutural
- É membro da ABMTENC (Associação Brasileira de Materiais e Tecnologias Não-Convencionais) e compõe o comitê técnico-científico internacional dos congressos da série NOCMAT (Non-Conventional Materials and Technologies)
Contato: crodrigues@civil.cefetmg.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Mercado quer uso do FGTS em imóveis de até R$ 750 mil
Proposta é estimulada pelo encarecimento do metro quadrado, mas governo teme que medida inviabilize habitações de interesse social
Por: Altair Santos
Há um movimento em curso, acionado pelo mercado imobiliário, que propõe a revisão do teto para financiamento habitacional com recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). A reivindicação é que o limite seja estendido para R$ 750 mil. Em 2009, já houve um aumento. Antes, o trabalhador só podia usar o FGTS no financiamento de um imóvel se ele custasse no máximo R$ 350 mil. Hoje, o teto é de R$ 500 mil. Para que aconteça uma nova mudança neste valor, é preciso que haja autorização do Banco Central, onde o pedido encontra-se em análise técnica.
O mercado imobiliário alega que o custo do metro quadrado, principalmente nas grandes metrópoles do país, começa a inviabilizar a construção de alguns modelos de imóveis com o teto até R$ 500 mil. Em 2011, a valorização do metro quadrado foi de 26%, segundo o índice FipeZap, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Por outro lado, o Conselho Curador do FGTS, que é contra a elevação do teto, alega que essa medida pode inflacionar o setor imobiliário e inviabilizar programas habitacionais voltados ao interesse social, como o Minha Casa, Minha Vida.
No meio deste fogo cruzado está o consumidor, que na opinião da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH) pode se beneficiar de um novo limite desde que haja recursos suficientes no FGTS. "A principal preocupação do Conselho Curador é ver se realmente os recursos do FGTS conseguem atender a estas demandas de imóveis de 500 mil a 750 mil, sem afetar o investimento na baixa renda, pois o principal objetivo dos financiamentos com recursos do FGTS é dar prioridade a esse setor. Então, se houver dinheiro sobrando no FGTS, elevar o teto pode ajudar a manter aquecido o mercado", analisa Leandro Pacifico Souza Oliveira, presidente da ABMH.
O que está no centro deste debate é a preservação do interesse social dos programas habitacionais que recebem recursos do FGTS. A meta é evitar que o Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, incorra no erro que resultou no fim do BNH - banco que nasceu para fomentar habitações populares e terminou financiando construções mais caras. "O Minha Casa, Minha Vida, hoje já não cumpre seu papel na faixa de zero a três salários mínimos. Ele está muito bem na de três a dez salários mínimos, que atende a nova classe C", alerta Leandro Pacifico Souza Oliveira.
Independentemente do valor do imóvel a ser financiado, dados da Caixa Econômica Federal revelam que, de 2008 a 2011, os saques de recursos do FGTS para a compra da casa própria cresceram 57,2%. "O rendimento do fundo, por ano, gira em torno de 3% a 4%, no máximo. Já os juros do financiamento habitacional, com os mesmos recursos do FGTS, chegam a 8% ou mais por ano. Então, quem tem conta do FGTS, precisa utilizar esse dinheiro para a compra da casa própria", recomenda o presidente da ABMH.
Em 2011, os financiamentos imobiliários, através da Caixa Econômica Federal, somaram R$ 67,8 bilhões, com crescimento de 15,7% em comparação a 2010. Do total de operações, as que usaram recursos da poupança somaram R$ 36,4 bilhões, enquanto as que usaram recursos do FGTS chegaram a R$ 31,4 bilhões. Para realizar o sonho da casa própria, o fundo pode ser usado nas seguintes situações: compra à vista de um imóvel, sinal na compra, lance em consórcio imobiliário, pagamento de prestações em atraso, amortização extraordinária de saldo devedor, liquidação antecipada de saldo devedor e pagamento de parte das parcelas mensais do financiamento.
Entrevistado
Leandro Pacifico Souza Oliveira, presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação
Currículo
Leandro Pacifico Souza Oliveira é advogado
Contato: noticias@abmh.com.br (assessoria de imprensa) / abmh@abmh.org.br / @abmhnoticias / www.abmh.org.br
Créditos foto: Divulgação