Neuroarquitetura busca melhorar a produtividade e o bem-estar
O ambiente físico impacta diretamente no comportamento humano, provocando estímulos variados de acordo com cada espaço. E esse é o objetivo da neuroarquitetura, o de decorar e estruturar cada cômodo de acordo com as necessidades de cada local, com base em estudos científicos, e melhorar desde a produtividade no trabalho até a noite de sono em casa.
O Massa Cinzenta conversou com a neurocientista Geissy Araújo, pós-doutora em Neurociências pelo Instituto do Cérebro da UFRN, e a arquiteta e urbanista Rafaela Lopes, pós-graduada em Neurociências e Comportamento na PUC/SP, sobre o crescimento da neuroarquitetura no Brasil e os principais elementos utilizados nas mudanças de ambientes.
As especialistas, que trabalham juntas em projetos neuroarquitetônicos, também falaram sobre como a pandemia fez com que as pessoas buscassem a modificação dos espaços residenciais, não apenas para facilitar o home office, mas para trazer mais conforto e a sensação de identidade.
Pela experiência e observação de vocês, a aplicação da neuroarquitetura é cada vez mais crescente no Brasil?
Geissy e Rafaela: Cada vez mais a neurociência está sendo aplicada a projetos arquitetônicos com o intuito de melhorar a qualidade de vida e bem-estar dos seres humanos. Apesar de ser um campo novo no Brasil, a neuroarquitetura possui anos de pesquisa a aplicação ao redor do mundo.
É interessante observar que uma equipe multiprofissional passa a se unir com um propósito de utilizar o melhor da ciência e aproximar esses saberes de forma prática na vida das pessoas. Desse modo, observamos um grande crescimento na busca de projetos que utilizam a neurociência aplicada à arquitetura, o que acaba representando um avanço importante na integração e relação das pessoas com o ambiente que vivem em busca de mais qualidade e conforto.
Podemos dizer que os principais elementos utilizados nos ambientes são relacionados a cores, espaços verdes, iluminação e sons?
Geissy e Rafaela: Sim, a biofilia é o campo de estudo que aproxima elementos da natureza aos espaços residenciais, visando o bem-estar e conforto humano. Desse modo, além de plantas vivas e ornamentais, busca-se inserir elementos com textura, cor, densidade, ajustar luz e inserir sons que nos aproximem ao máximo da natureza.
Nosso sistema nervoso capta essas informações e, de certo modo, se regula para reduzir liberação de hormônios relacionados a estados mais reativos como ansiedade e estresse. Além disso, um projeto neuroarquitetônico é pensado de modo a utilizar o máximo de luz natural, favorecendo a regulação do ciclo sono-vigília, concentração e foco durante períodos de trabalho em home office.
Finalmente, os espaços são pensados de acordo com seus objetivos, tendo como prioridade o conforto e a funcionalidade juntamente com a integração com elementos da natureza.
A busca pela neuroarquitetura aumentou depois da pandemia?
Geissy e Rafaela: Com a pandemia e as recomendações de distanciamento físico, fomos obrigados a habitar espaços que antes eram ocupados apenas em momentos de descanso após um dia de trabalho. Tendíamos a passar o dia inteiro fora de casa e retornar apenas para dormir, descansar para retomar a rotina no dia seguinte.
Nos primeiros meses, toda a falta de informação acerca da Covid nos manteve em casa e nos deparamos com a necessidade de modificação do nosso espaço residencial, não apenas para adaptação ao home office, mas também para trazer mais conforto e identidade. Com esse movimento, muitos elementos que já sabemos por meio das neurociências que impactam o nosso bem-estar foram inseridos nos mais diversos cômodos.
Observamos o aumento de espaços verdes, com plantas naturais em casa, a utilização de materiais que trazem uma maior sensação de conforto aos sentidos, com uma iluminação mais adequada a uma leitura de qualidade, com menor impacto ao ciclo de sono-vigília (luzes branco quente/amarelas). Além disso, a liberação de espaço, retirando excessos de elementos que causam sensação de aperto/claustrofobia, também foi um processo observado na busca por modificações.
Mudança de coloração das paredes, com tons mais claros que remetem a uma sensação de bem-estar e favorecem a luminosidade do ambiente. De modo geral, a pandemia promoveu, portanto, uma transformação da casa em lar, aumentando o vínculo afetivo das pessoas com suas casas.
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
Urbanização no Brasil cresceu 19% de 2015 a 2019, segundo IBGE
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma pesquisa que mostra que as áreas urbanizadas cresceram 19% entre 2015 e 2019. Estão inclusos nesta estatística aglomerados de casas, ruas e edificações.
De acordo com IBGE, o Brasil tem 45.945 km² de áreas urbanizadas. Apesar de parecer um número alto, ele corresponde a 0,54% do território total brasileiro.
Urbanização x setor imobiliário
Para Luis França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), o mercado imobiliário é o grande responsável pela construção das cidades e essa alta demanda favorece o desenvolvimento delas. “Trata-se de um setor que tem um efeito direto na prosperidade econômica de diversas regiões do Brasil, visto que ele movimenta 97 atividades econômicas e é responsável pela geração de 10% dos empregos no país. Obviamente, quanto maior a diversidade econômica dos locais onde ocorre o aumento da urbanização mais perene será o impacto na economia. Portanto, a urbanização fortalece o desenvolvimento dos municípios brasileiros, estimula o transporte público, atrai investimentos, melhora a segurança e outros itens que impactam na qualidade de vida da população brasileira”, aponta França.
Déficit habitacional no Brasil
O crescimento das cidades e a concentração da população nacional em médios e grandes municípios é um reflexo da transição urbana iniciada no final do século XIX e acelerada a partir da década de 60 do século passado. “Como resultado, atualmente, 85% da população brasileira vive em centros urbanos impondo uma série de desafios no combate ao déficit habitacional. Por outro lado, é preciso considerar que o aumento da população urbana gera uma demanda por imóveis formais, que pode ser amplamente respondido pelo setor imobiliário, mas faz-se cada vez mais necessários programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida; uma legislação cada vez mais clara que favoreça o investimento em novos empreendimentos e acesso a crédito para investidores e consumidores. Isto pode garantir, ainda, o desenvolvimento destas localidades e geração de empregos. Sem estas medidas, o déficit habitacional pode aumentar”, explica França.
A pesquisa do IBGE apontou que o Brasil possui uma concentração habitacional forte no litoral, seguindo um padrão iniciado ainda na colonização. A costa tem 443 municípios, que representam 27% do território nacional e 8% das áreas urbanizadas. Fora do litoral, as cidades se concentram alinhadas com vias de circulação, como rodovias. “O litoral brasileiro compreende uma extensão de 7,4 mil quilômetros, portanto, dado a sua dimensão, é natural o desenvolvimento imobiliário. Todavia, os investimentos em empreendimentos no litoral brasileiro são parte do próprio projeto de desenvolvimento das cidades brasileiras, em um processo de urbanização iniciado há décadas. O dinamismo econômico de algumas cidades litorâneas, que aos poucos deixam de ser meros pontos turísticos com a expansão de polos industriais também atraem investimentos imobiliários de todos os tipos”, destaca França.
Por fim, a pandemia do coronavírus e o home office podem ter alterado alguns comportamentos de consumo e estimulado o trabalho remoto diretamente de cidades litorâneas, aliado às plataformas de locação de imóveis online. Um exemplo disso é que dados do DataZAP+ do segundo trimestre de 2021 apontam que houve aumento da participação das buscas de 1,49 p.p. por imóveis nas cidades do litoral do Estado – Santos, Praia Grande, Guarujá, São Vicente, Bertioga e Caraguatatuba. “Isto atrai investimentos de todos os tipos, gera empregos, tributos e contribuem para a diminuição do déficit habitacional”, conclui França.
Fonte
Luis França é presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC)
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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Casas inteligentes se popularizam no Brasil
Robô aspirador, fechadura eletrônica, luzes com controle de voz, assistente virtual... Hoje existem diversas tecnologias que auxiliam no dia a dia em casas. O mercado global de automação doméstica deve atingir US$ 10,9 bilhões (R$ 58,8 bilhões) até 2028, com uma taxa de crescimento anual de 10,2% no período analisado, segundo dados da empresa de pesquisas internacional ReportLinker. Atualmente, o Brasil ocupa a 11ª posição no mercado de casas inteligentes, com US$ 1,116 bilhões. Nos Estados Unidos, primeiro colocado, o mercado é de US$ 25,246 bilhões. A previsão é que este mercado continue crescendo a uma taxa de 30% ao ano no Brasil e 11,9% ao ano no mundo todo, segundo o International Data Corporation (IDC).
“Nos últimos anos, o custo de instalar sistema de automação residencial caiu de forma significativa. O apelo do uso de smartphones e assistentes de voz tornou mais intuitiva e viável a introdução e o uso pelos moradores. Questões ligadas à segurança e ao monitoramento de nossas casas também têm impacto positivo. Além disso, sistemas que possibilitam economia de energia e de manutenção passam a ser mais utilizados. Por fim, empresas de tecnologia mais conhecidas (como Amazon, Apple, Google, Samsung e outras) favorecem a divulgação das novidades”, aponta o engenheiro José Roberto Muratori, gestor do Projeto Conectar e do Instituto da Automação.
Em 2021, entrou em vigor a Lei 14.108, que dá incentivos à chamada internet das coisas. Para Muratori, os benefícios não são imediatos nem mensuráveis, mas acontecem quando desenvolvedores locais buscam soluções mais inovadoras para seus produtos e podem contar com estes incentivos. “De certa forma toda a cadeia que atua com Internet das Coisas se beneficia e a automação residencial aos poucos tem incorporado estas tendencias também”, destaca o engenheiro.
Tecnologias mais buscadas
As tecnologias mais solicitadas estão ligadas a aspectos de segurança, conforto e lazer, segundo Muratori. “Nos últimos anos, em função da massiva adoção de home office, a busca por redes de dados mais confiáveis e robustas tornou possível o uso de produtos de casa inteligente que antes precisavam de uma infraestrutura mais complexa. Alguns exemplos são as fechaduras digitais, câmeras e controles de iluminação e similares”, explica o engenheiro.
Desafios do setor de automação
Na opinião de Muratori, existem dois principais desafios: “O primeiro é esclarecer ainda mais os potenciais clientes (moradores) sobre a grande gama de benefícios que é possível usufruir com a instalação destes sistemas. Em segundo lugar, capacitar e certificar mais profissionais para que as novas empresas que surgirem no mercado possam atender a demanda com qualidade e presteza”.
Fonte
José Roberto Muratori é engenheiro e gestor do Projeto Conectar e do Instituto da Automação.
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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Como a realidade virtual pode impactar a construção civil
Novas tecnologias surgem a todo o momento para revolucionar todos os segmentos da sociedade, e a construção civil, claro, também acaba sendo diretamente impactada por essas inovações.
Os treinamentos em realidade virtual (RV) têm potencial para beneficiar diversos setores da área, desde as primeiras etapas do projeto até o momento da venda. Segundo o arquiteto e urbanista Cauê Duarte Costa, as equipes podem se "encontrar" dentro do modelo tridimensional para discutir opções e decisões projetuais, além de potencializar a experiência vivida pelo público. "Com óculos de realidade virtual, a sensação passada para um cliente de realmente estar em uma sala ou dormitório, por exemplo, fica muito maior."
Quando o assunto é a proteção dos profissionais, a tecnologia também pode ser fundamental. "A partir do momento que se tem um modelo tridimensional da obra ou da construção, é possível programar um treinamento similar à realidade. Situações de risco como quedas de altura e incêndios podem ser utilizadas para treinar os trabalhadores a praticar as medidas de segurança", afirma.
"O treinamento de montagens de peças em locais complexos pode ser feito antes em realidade virtual, permitindo uma aproximação inicial ao objeto do trabalho", explica Cauê, que é mestre em Design com o tema "Realidade virtual de baixo custo no ensino de Design de Interiores".
Investimento
O ambiente de realidade virtual possibilita a geração de cenas e objetos que parecem reais, permitindo, assim, que os usuários se sintam imersos no universo proposto. Para isso ser viável, são necessários um computador com alto potencial gráfico e os óculos compatíveis com o sistema - gastos, em tese, não muito altos para uma empresa.
"Porém, para treinamentos, é possível que seja necessário utilizar mais de um conjunto, podendo elevar o custo. A produção e a programação dessas experiências também podem ter um custo mais elevado, pois são normalmente feitas para cada uma das soluções indicadas de uma obra ou projeto. Os benefícios para elas são os apresentados anteriormente: segurança em treinamentos, gerenciamento de projetos mais assertivos e marketing", explica Cauê.
Segundo o arquiteto, a tecnologia ainda não é tão difundida no Brasil, apesar de haver cada vez mais empresas que investem no segmento e produzem esses ambientes digitais. "Eu acredito que a RV tem um potencial muito grande em situações específicas, como é o caso da construção civil. Os óculos de realidade virtual têm tido um investimento de pesquisa muito grande, com lançamentos mais baratos a cada ano e com uso mais simplificado. Produzir um ambiente em RV também tem ficado mais simples ao longo dos anos. Por isso, entendo que a médio e longo prazo a RV será uma realidade no meio."
Em relação à adequação de faculdades e cursos especializados a essa nova realidade, Cauê acredita que eles ainda não estejam totalmente adaptados - de acordo com sua experiência com a pesquisa de mestrado, em 2019. "Porém, entendo que, mesmo sendo utilizada de forma inicial, a RV tem grande potencial de ser usada na graduação de forma cada vez maior."
Fonte
Cauê Duarte Costa, arquiteto e urbanista
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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Pesquisa discute perspectivas e desafios para 2023 no mercado imobiliário
Empresários do setor da construção participaram da pesquisa "Economia e Mercado Imobiliário: Perspectivas e Desafios para 2023", realizada pela Brain e pela Secovi-SP e divulgada durante webinar realizado em 15 de fevereiro.
Estiveram presentes na live Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CII/CBIC), Ieda Vasconcelos, economista da CBIC, Marcos Kahtalian, fundador da Brain, e Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain.
A pesquisa em questão foi realizada em novembro de 2022 com cerca de 350 empresários, que destacaram o ambiente político-institucional, a taxa de juros elevada e o aumento de custos com materiais como sendo os fatores mais preponderantes que podem afetar os próximos lançamentos do setor.
Dados da pesquisa
Em relação à expectativa para o mercado imobiliário, 51% dos entrevistados consideram-na regular, enquanto 40% dizem ser boa. No final de 2022, quando a pesquisa foi feita, 55% dos empresários disseram estar investindo naquele momento, 40% só observando e 5% desinvestindo.
Além disso, 66% dos participantes acham excelente ou boa a expectativa para as próprias empresas nos próximos 12 anos, com 30% vislumbrando algo regular. No quesito segmentos que oferecem melhores oportunidades, 74% disseram ser o residencial, seguido de 41% para galpões, 38% para loteamentos e 14% para escritórios.
Opinião dos especialistas
Sobre as perspectivas para este ano, Ieda Vasconcelos diz que há expectativas positivas, mas, também, grandes desafios. "Colocando a construção civil de forma geral, e não só o mercado imobiliário, há dois anos nós crescemos acima do PIB do país", explica. "Em 2021, a construção cresceu 10%, enquanto a economia nacional cresceu 5%. Em 2022, a economia cresceu 3%, de acordo com as expectativas, e a nossa projeção da construção, como um todo, é de 7%. Isso não significa que o setor estaria em 'céu de brigadeiro'. Nós estamos recuperando uma parte dos 30% que caímos de 2014 a 2020."
A economista da CBIC completa citando a importância do programa habitacional brasileiro. "Nós temos para este ano, em termos de crescimento, o que a gente já tinha lançado e o que nós estamos construindo, então vamos continuar o nosso desempenho positivo em 2023. E temos uma expectativa positiva ainda maior no segmento de baixa renda, com o lançamento de novas unidades - com projeção de mais de 2 milhões de unidades até 2026 - para a faixa de habitação social do Minha Casa, Minha Vida."
Para Celso Petrucci, presidente da CII/CBIC, o setor tem muito chance de continuar crescendo. "Tem a resiliência do mercado imobiliário, do incorporador imobiliário e de quem trabalha com a indústria da construção civil. Eu sou um pouco mais otimista do que a média porque já é o 4º ano que estamos entrando com uma expectativa muito ruim, e os últimos três surpreenderam favoravelmente", afirma. "E eu quero crer que vamos ter um ano onde a maturidade do setor imobiliário e do sistema financeiro de habitação vai fazer com que tenhamos resultados satisfatórios em relação a outros segmentos."
Fontes
Brain
Secovi-SP
Celso Petrucci, presidente da CII/CBIC)
Ieda Vasconcelos, economista da CBIC
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
Taxa Selic em 13,75%: qual impacto para a construção civil?
Em janeiro, durante a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), foi anunciado que a taxa Selic seria mantida em 13,75% a.a.. Com isso, ela continua no mesmo patamar de dezembro/16 e é a maior desde outubro/16 (14%), de acordo com Informativo Econômico da Câmara Brasileira da Indústria da Construção.
Além disso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de inflação no País, encerrou em 5,79%, valor acima do teto da meta que era de 5%. “A inflação do ano passado só não foi ainda maior em função da desoneração dos preços dos combustíveis, que tiveram as alíquotas de impostos federais zeradas”, lembra Ieda Vasconcelos, economista da CBIC.
De acordo com Ieda, a taxa Selic foi elevada para ajudar a conter a inflação, encerrando o ano passado em 13,75%, o que correspondeu a um aumento de 11,75 pontos percentuais, já que em março de 2021 ela estava em 2%.
Projeções para o ano
Para Ieda, a estimativa para a inflação é de mais um ano de alta superior ao teto da meta. Segundo a economista, em janeiro de 2023, o IPCA aumentou 0,53% em relação a dezembro de 2022.
De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, a projeção é que a Selic termine 2023 em 12,50%. Ieda destacou que as estimativas, de uma forma geral, não sinalizam redução da Selic antes do segundo semestre de 2023. “Ao final de 2022, acreditava-se que a taxa poderia iniciar o seu ciclo de queda em julho, ou agosto. No entanto, com as perspectivas para a inflação ainda em alta, as projeções de mercado já indicam o mês de setembro como o início do recuo da taxa”, pontuou.
Consequências
Diante deste cenário, Ieda lembra que a elevação da Selic traz algumas consequências como o aumento dos juros cobrados pelos bancos, a redução dos investimentos produtivos e a queda do consumo da população.
Um dos efeitos que já pode ser observado é o aumento de 0,46% do Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC) em janeiro de 2023. Segundo a economista, trata-se da maior alta desde julho/22 (0,86%). Este acréscimo foi motivado principalmente pelo custo com a mão de obra, que aumentou 0,70%. Já o custo de materiais e equipamentos subiu 0,05% e o custo com serviços teve alta de 1,02%.
Segundo Ieda, o custo com materiais e equipamentos vem registrando variações mais modestas desde agosto do ano passado – o único mês que não teve resultado negativo foi novembro de 2022. “Depois de mais de dois anos preocupando a construção civil com fortes elevações, vale lembrar a importância desse comportamento do custo com insumos”, ressaltou Vasconcelos.
Crescimento da construção civil
Em 2023, a perspectiva é que a construção civil siga crescendo, uma vez que já existe um ciclo de negócios em andamento e que trouxe este resultado. “No entanto, isso não constitui ausência de desafios – sendo o maior deles o patamar elevado da taxa de juros”, pondera a economista.
Da mesma forma, o Programa Minha Casa Minha Vida também traz expectativas positivas, segundo Ieda.
Em fevereiro de 2023, o Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção (ICEI) deu sinal de melhoras, após uma sequência de quatro meses em queda. No último mês, ele avançou 2,1 pontos, na comparação com janeiro, para 51,7 pontos. Além disso, o índice voltou a superar a linha de 50 pontos, mostrando que os empresários estão confiantes. A Sondagem da Indústria da Construção também apontou que o índice de intenção de investimento da indústria da construção avançou 6,2 pontos na passagem de janeiro para fevereiro, atingindo 44,7 pontos.
Fonte
Ieda Vasconcelos é economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)Contatos
Assessoria de imprensa CBIC – ascom@cbic.org.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
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Construção Civil gerou cerca de 195 mil empregos formais em 2022
O Ministério do Trabalho divulgou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes ao número de novos postos de trabalho com carteira assinada em 2022. Na construção civil, foram 194.444 no total, um crescimento de 8,42% em relação a 2021, quando o total de trabalhadores formais passou de 2,3 milhões para 2,5 milhões.
Tendo esse bom desempenho como base, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em dezembro de 2022, revisou as expectativas de seu crescimento: a projeção é de alta de 7% no PIB da Construção em 2022.
Detalhes dos empregos gerados
Os dados detalhados mostram que o setor de Construção de Edifícios foi responsável por 84.878 novos empregos, seguido por Serviços Especializados para a Construção, que gerou 80.486 postos, enquanto as Obras de Infraestrutura criaram 29.080 vagas.
Em relação aos locais com mais oportunidades geradas no ano passado, os números revelam que os cinco estados com mais novos postos de trabalho formais foram São Paulo (57.504), Rio de Janeiro (27.950), Bahia (19.567), Santa Catarina (10.376) e Pernambuco (8.920). E as cinco cidades com mais novas vagas no setor foram São Paulo (25.591), Rio de Janeiro (11.759), Salvador (8.011), Brasília (7.033) e Fortaleza (6.192).
"Desde que a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil, a construção civil já gerou quase meio milhão de novos empregos, o que evidencia toda a importância social e econômica do setor", afirmou Ieda Vasconcelos, economista da CBIC. A especialista também destaca que "de março de 2020 até dezembro de 2022, o setor criou 474.988 novos empregos com carteira assinada".
Vale ressaltar que, considerando o período compreendido entre 2012 e 2022, o último ano se tornou o segundo com melhor resultado de vagas geradas pela Construção, de acordo com o Caged. O primeiro lugar fica com 2021, que contabilizou 245.044 novos postos formais.
O saldo positivo foi possível mesmo considerando uma queda em dezembro passado, quando o setor perdeu pouco mais de 74 mil empregos. Porém, a série histórica do Caged mostra que esse é um movimento sazonal e que, sempre neste mês, há registro de perda de postos de trabalho nesse segmento.
Construção no retrato geral
Os dados gerais do levantamento no Brasil mostram que, em 2022, houve registro de 2.037.982 novas vagas de trabalho com carteira assinada, considerando todos os segmentos. A Construção foi responsável por quase 10% desse total, com 194.444.
Para efeito de comparação, os outros setores de destaque são os de Serviços, que contribuiu com 1.176.502 postos formais, de Comércio, com 350.110 vagas, e a Indústria, com 251.868.
Fontes
Caged
Ministério do Trabalho
Ieda Vasconcelos, economista da CBIC
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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37% da Geração Z pretende comprar um imóvel
Normalmente, uma das características mais apontadas da geração Z, que é formada por pessoas nascidas entre 1995 e 2010, é a busca pela liberdade e experiências. No entanto, uma pesquisa realizada com jovens entre 21 e 27 anos, pela Brain Inteligência Estratégica para o Estadão Imóveis, apontou que cerca de 37% deste público tem a intenção de adquirir um imóvel.
“É muito comum termos a imagem dessa geração como nômades digitais e que prezam pela experiência – quer primeiro viajar o mundo para depois se estabelecer de alguma maneira. No entanto, o conceito da casa própria, principalmente no contexto brasileiro, ainda é algo valorizado, uma vez que temos uma cultura patrimonialista. Ao chegar em um momento de maior independência financeira e de relacionamentos mais sólidos e duradouros, é comum que eles tenham esse desejo. De alguma forma, a compra do imóvel próprio também representa uma liberdade, uma vez que alguns deles ainda moram com os pais e outros vivem em imóveis locados. Desta maneira, é um investimento, mas também não deixa de ser uma forma de independência”, afirma Tiziana Weber, sócia e coordenadora de Projetos Especiais da Brain Inteligência Estratégica.
Tecnologia e sustentabilidade
A geração Z já nasceu na era da internet e tem bastante afinidade com a tecnologia. Para Daniel Diniz Sznelwar, CEO da LOT Consult, estes indivíduos não fazem diferenciação entre a vida online e offline. “Neste sentido, a ‘internet das coisas’ promete mudar a relação de consumo”, define.
Com relação à tecnologia, as questões associadas à segurança são as mais buscadas atualmente, segundo Tiziana. É o caso por exemplo da biometria e do reconhecimento facial.
Além disso, trazem uma grande preocupação com a sustentabilidade. Como isso afeta a venda de imóveis? Para Tiziana, existem alguns desafios que o mercado imobiliário terá que enfrentar para preencher os requisitos desta geração.
“Esta geração amadureceu com a pauta ESG. Alguns imóveis mais modernos já trazem esta questão de energia solar, reuso de água, mais áreas verdes. Certamente, a questão da sustentabilidade é algo que será muito valorizado – tanto quanto as áreas comuns. Isso ocorre tanto pelas questões de valores pessoais e éticos, como também por uma questão da economia individual, afinal, recursos de reuso de água e energia solar também têm um impacto financeiro”, explica Tiziana.
Localização
Outra preferência da geração Z é por imóveis em regiões mais centrais. “A região traduz muito o estilo de vida desta pessoa. Apesar de ser uma geração preocupada com o coletivo e pautas sociais, eles também valorizam a individualidade e a personalização. E isso se traduz nas características do empreendimento, como a localização. Obviamente, não é possível generalizar, uma vez que há vários nichos dentro de uma mesma geração. No entanto, a localização é um aspecto primordial e reflete como essa pessoa vive – se ela não tem carro, é natural que ela queira viver numa área mais central, mais urbana. Há também a preferência por morar numa região próxima à da família de origem”, aponta Tiziana.
Sznelwar acredita que a valorização dos centros urbanos é cada vez maior. “Embora a pandemia tenha levado a um movimento para fora do centro, no período pós vacinação temos visto o movimento contrário. Algumas pessoas estão voltando para os escritórios, enquanto outras querem ficar mais próximas dos serviços. No entanto, houve um grande aumento do preço dos imóveis nos grandes centros urbanos, que não foi acompanhado pelo salário destes indivíduos. Portanto, há uma incongruência com relação à capacidade de compra com a oferta de imóveis. Isto é, o imóvel que ele quer, geralmente é mais difícil de conseguir”, justifica.
Versatilidade
Cada vez mais há uma busca por espaços que sejam versáteis e multiuso. “Nada desnecessário faz sentido para esta geração. É o caso, por exemplo, de uma sala que tem espaço para escritório, mas também uma varanda gourmet. Essa praticidade é valorizada”, ressalta Tiziana.
Flexibilidade
O desejo de consumo da geração Z continua sendo o imóvel, mas a flexibilidade é a palavra-chave para estes indivíduos. “Hoje temos uma cultura globalizada e é comum que o jovem pense em morar fora, nem que seja por um tempo. Esse aspecto acaba favorecendo as locações – não só do primeiro apartamento, mas dos demais também. Ele vai sempre comparar com as oportunidades de compra e locação – é comum que eles façam o cálculo que vale a mais a pena”, lembra Sznelwar.
Entrevistados:
Daniel Diniz Sznelwar é formado em engenharia civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Daniel possui mais de dez anos de experiência no setor de Real Estate. O CEO da LOT Consult tem vivência em todas as atividades que envolvem a incorporação, desde a prospecção de terrenos, estruturação e captação de recursos, passando por desenvolvimento e pesquisa de produtos, estudos de viabilidade física, técnica e econômica à criação de campanhas publicitárias de lançamento e gestão de vendas.
Tiziana Weber é Sócia e Coordenadora de Projetos Especiais da Brain Inteligência Estratégica.
Contatos
Daniel (Assessoria de imprensa): rebeca.freitas@viracomunicacao.com.br
Tiziana (Assessoria de imprensa): beatriz.mota@viracomunicacao.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Concreto dosado em central também é ideal para pequenas obras
Redução de custo, diminuição de mão de obra e aumento de qualidade são algumas das vantagens obtidas pela utilização de concreto dosado em central, já que a quantidade de cada material é feita de forma controlada, dentro das especificações técnicas.
Por que, então, há obras que não optam por esse sistema? "Há projetos muito grandes de elevado volume que se justificam montando uma central de concreto exclusiva, dentro do canteiro de obras, e, a meu ver, continuam sendo obras que consomem concreto dosado em central", afirma o professor Paulo Helene, que é engenheiro civil, educador, pesquisador e diretor da PhD Engenharia.
"Outras muito específicas, como uma pequena obra de engenharia no interior de um hospital ou de uma escola onde não há acesso viável de bombas e caminhões, optam por fazer concreto no local. As pequenas obras de autoconstrução, aos poucos, também estão percebendo as vantagens do concreto dosado em central e, muitas delas, na grande São Paulo, já o consomem", completa.
O especialista diz que o concreto dosado sem controle de umidade, sem balanças e sem ensaios são chamados concretos informais, sem participação da engenharia e destinados a obras de pequeno porte ou pouca relevância. "Porém, na verdade, esse descaso na produção representa uma economia falsa, pois os prejuízos futuros devidos à heterogeneidade, baixa qualidade, reduzida durabilidade e alta deformidade acabam comprometendo o desempenho e a sustentabilidade a médio e longo prazo."
Para efeito de comparação, Paulo Helene conta que há mais de 30 anos o concreto das calçadas das ruas de Toronto, no Canadá, deve ter fck (resistência característica à compressão) superior a 35 MPa. "Citei Toronto como exemplo, mas poderia citar muitas outras cidades. Calçada de países desenvolvidos devem respeitar os cidadãos e dar preferência à qualidade e mobilidade. Isso só é viável com uso intensivo de concreto dosado em central", diz o professor.
"Na indústria de artefatos de concreto e na indústria de pré-moldados, os concretos, estruturais ou não, são produzidos no canteiro, mas as exigências de controle de umidade, os limites de desvios e tolerâncias de massa, no traço, são equivalentes ao praticado nas centrais comerciais, ou seja, não se costuma fazer diferenças."
Normas e propriedades fundamentais
Sobre as normais atuais, no caso do Brasil, o concreto estrutural deve ter fck igual ou acima de 25 MPa - e o concreto com fck acima de 20 MPa deve, necessariamente, ser produzido com controles de umidade e de massa, em balanças técnicas, além de se amassado em betoneiras de alta eficiência que garantam a uniformidade da mistura. "Em outras palavras, todos esses concretos devem ser produzidos em centrais dosadoras ou misturadoras de concreto."
Ao optar pela dosagem em central, os responsáveis pelas obras precisam, ainda assim, ficar de olho no processo como um todo. "Em geral, as duas propriedades fundamentais são resistência à compressão do concreto endurecido, fck e trabalhabilidade do concreto fresco, expressa pela consistência ou fluidez, e limite do diâmetro máximo do agregado graúdo", detalha o especialista.
"Além dessas propriedades básicas, é fundamental a durabilidade, que é mais complexa e pode ser expressa de várias formas: exigir certa natureza de agregados, exigir agregados não reativos, exigir cimentos com certas adições, exigir certas adições no traço, controlar relação água-aglomerantes máxima, evitar cura térmica elevada, reduzir calor de hidratação, classificar o grau de agressividade do meio, segundo a ABNT NBR 12655, indicar aditivos especiais, limitar volume máximo de água por m3 em 175 l, para reduzir risco de retração etc.", explica Paulo Helene.
Ele completa dizendo que, em algumas ocasiões, também pode ser fundamental controlar a pega do concreto, dando mais tempo às operações de transporte e adensamento. "Em certos casos, pode ser necessário controlar e reduzir deformações, ou seja, exigir módulo de elasticidade alto, o que implica em verdadeiros desafios em certas regiões do país onde os agregados não são os ideais."
Fonte
Paulo Helene, engenheiro civil, educador, pesquisador e diretor da PhD Engenharia
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
World of Concrete 2023: três tendências para ficar de olho
A 49ª edição do evento World of Concrete, uma das maiores feiras mundiais que fomenta o crescimento do mercado de concreto e alvenaria, foi realizada no final de janeiro, em Las Vegas, nos Estados Unidos.
“A edição de 2023 ultrapassou nossas expectativas. O salão lotado e as sessões educacionais lotadas provam o quão essencial é o encontro presencial, que continua importante. Agora, mais do que nunca, é fundamental ter um espaço para conectar, aprender, compartilhar entre as indústrias de concreto, alvenaria e construção”, afirma Jackie James, vice-presidente do World of Concrete.
O evento trouxe alguns destaques em termos de inovação. Confira as principais tecnologias apresentadas:
- Impressão 3D
Um dos destaques do World of Concrete foi a presença de várias empresas de impressão 3D. Neste sentido, a empresa COBOD trouxe um sistema de impressão capaz de imprimir com argamassas, além de ser a única impressora do mundo a imprimir concreto real. Ao longo do evento, ela fez uma demonstração de impressão 3D contínua de uma estrutura de parede, durante 3 dias seguidos.
- Inteligência artificial
No mundo todo, só se fala em inteligência artificial – e no World of Concrete 2023 não foi diferente. A Giatec criou o primeiro programa de inteligência artificial para a indústria de concreto. Chamado de 'Roxi™', ele será capaz de monitorar com precisão o concreto nos locais de trabalho, reduzindo drasticamente a chance de erro humano. De acordo com a empresa, o programa consegue identificar anomalias em vários estágios do ciclo de vida do concreto, incluindo: produção, entrega, colocação, endurecimento e demais serviços.
Outra solução apresentada durante o evento foi o lançamento da plataforma ConcreteDNA, que interpreta os dados em tempo real de um sensor, permitindo que os usuários observem o ganho de resistência à compressão do concreto e prevejam quando ele atingirá a resistência crítica por meio de IA avançada e dados climáticos locais. Isso possibilita que os profissionais de concreto comecem a trabalhar mais cedo, pois os usuários podem medir diretamente o endurecimento em vez de depender de estimativa. Além disso, com esta ferramenta, é possível adaptar a quantidade exata de cimento necessário na mistura, o que evita o desperdício de material.
- Sustentabilidade
Um dos assuntos mais abordados durante o evento foram as alternativas sustentáveis. Uma das soluções apresentadas foi o concreto armado com fibra de aço. Em um dos painéis, mostrou-se que esta tecnologia está bastante avançada e permite uma otimização em termos de design, sustentabilidade e economia. Além disso, também abordou os benefícios de mudar da armadura contínua para a descontinua.
Outro tema abordado foi o concreto aerado autoclavado, que é considerado sustentável. Ele pode ser utilizado em projetos residenciais e comerciais. Dentre as vantagens, estão o seu isolamento térmico e acústico e baixa manutenção.
Fonte
Jackie James é vice-presidente do World of Concrete.
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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP