Vocação turística impulsiona infraestrutura de SC

Com investimento federal estimado em R$ 5 bilhões, Estado tem 72 grandes obras programadas, algumas já em fase de execução.

Por: Altair Santos

Desde a criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Santa Catarina é o estado da região sul que mais conseguiu canalizar recursos federais para obras de infraestrutura. Há 72 empreendimentos em fase de projeto ou em etapa de execução programados para as várias regiões catarinenses. Por causa da vocação turística do estado, boa parte destas obras está voltada para rodovias, ferrovias e vias urbanas. Dos R$ 5,16 bilhões de investimentos programados para Santa Catarina até 2017, R$ 3,05 bilhões serão revertidos ao setor de mobilidade.

Perspectiva da ponte estaiada de Laguna: parte do projeto de duplicação da BR-101.

A obra que mais tem recursos assegurados é a que envolve a duplicação da BR-101, no trecho que liga Santa Catarina ao Rio Grande do Sul. São R$ 2,2 bilhões, entre eles R$ 597 milhões para a construção da terceira maior ponte do Brasil - perdendo em extensão apenas para a Rio-Niterói e a do Rio Negro, no Amazonas. Com o canteiro de obras recentemente instalado, o empreendimento deve ficar pronto em 2015. Ligando Florianópolis a Laguna, a obra terá 2.815 metros de comprimento, dos quais 400 metros de vão central serão estaiados, com 60 cabos sustentados por dois mastros de concreto.

As torres terão 50 metros de altura, e cada uma delas sustentará 30 estais (15 de cada lado). Já a estrutura da ponte de Laguna, que quando inaugurada irá se chamar Anita Garibaldi, será construída com aduelas pré-moldadas. O projeto prevê o uso de 500 unidades, cada uma pesando 30 toneladas e medindo quatro metros de comprimento. A cargo de um consórcio que engloba as construtoras Camargo Corrêa, M. Martins e Construbase, estima-se que a obra irá consumir 65 mil toneladas de cimento.

Outros projetos rodoviários relevantes em construção em Santa Catarina, e que também contam com recursos federais, são a via expressa do Porto de Itajaí e as duplicações das rodovias BR-282 (Florianópolis), BR-280 (trecho São Francisco do Sul-Jaraguá do Sul) e BR-470, entre o Porto de Navegantes e Indaial, passando pela BR-101, Gaspar e Blumenau. Esta obra foi dividida em quatro lotes, dos quais dois tiveram editais de licitação publicados em 2012. No trecho 1, que ligará Navegantes à BR-101, previsto para ser licitado em 2013, há estudos da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) favoráveis à pavimentação em concreto numa extensão de 20 quilômetros.

O estado também tem recebido um forte investimento em empreendimentos ferroviários. Entre eles, a construção do contorno de São Francisco do Sul, do contorno de Joinville, da ferrovia Litorânea (Imbituba-Araquari) e da ferrovia do Frango (Itajaí-Chapecó). Ainda na parte de obras de mobilidade, está em construção o novo complexo aeroportuário de Florianópolis.

Setor elétrico

Outra grande construção em Santa Catarina é a usina hidrelétrica Garibaldi. A cargo da construtora Triunfo, o empreendimento tem orçamento de R$ 780 milhões. Erguida no rio Canoas, entre os municípios de Abdon Batista e Cerro Negro - a 350 quilômetros de Florianópolis -, a obra terá capacidade instalada de 190 megawatts. A hidrelétrica será construída com laje de concreto compactado a rolo (CCR). A barragem terá 37 metros de altura e 915 metros de largura.

Entrevistado
Departamento Estadual de Infraestrutura de Santa Catarina (Deinfra-SC)
Contato: www.deinfra.sc.gov.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Sete virtudes destacam prédios de Recife

Edificações com quase 130 metros de altura investem em inovações e conseguem superar a reação álcali-agregado, uma característica da capital pernambucana

Por: Altair Santos

Torres Gêmeas. Esse é o apelido que os recifenses deram aos edifícios Píer Maurício de Nassau e Píer Duarte Coelho, que levaram modernidade ao centro velho da capital pernambucana. No entanto, a coincidência com os prédios que até 2001 foram referência para Nova York e para o mundo para por aí. Nos empreendimentos que estão de frente para Olinda, a concepção arquitetônica e o modelo de construção em nada se comparam às edificações norte-americanas. Utilizando 100% de tecnologia nacional, e apostando no potencial do concreto para erguer arranha-céus, o projeto foi eleito pela ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) como a melhor edificação do Brasil em 2012.

João José Asfura Nassar (dir.): Recife tem características que incentivam a construção de edifícios esbeltos.

Sete virtudes garantiram o prêmio às Torres Gêmeas de Recife: concepção estrutural, processo construtivo, originalidade, monumentalidade, relação com o ambiente, esbeltez e estética. "Dificilmente, um empreendimento consegue nota máxima em todos os quesitos e a somatória de pontos acaba por definir o ganhador. No caso desse empreendimento, seus destaques foram a concepção estrutural, simples para a esbeltez, e o formato do edifício. A originalidade na interação com a fundação, para uma solução inovadora que vencesse os desafios do solo de Recife, juntamente com a estética, além da relação com o ambiente, também conquistaram importantes pontos que garantiram o merecido prêmio para este projeto", explica Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, vice-presidente de relacionamento da ABECE.

Com função habitacional, o Píer Maurício de Nassau e o Píer Duarte Coelho têm 42 andares cada um, com apartamentos medindo 247 m², e que, a princípio, criam um contraste estético na área central da capital pernambucana. Os edifícios localizam-se em uma região portuária cercada de antigas linhas férreas desativadas. Desabitados ou sem população fixa, esses setores da cidade, a partir dos novos empreendimentos, passam por um processo de reurbanização. "Foi pensando na implantação desse arrojado projeto que a Moura Dubeux Engenharia S/A partiu para a modernização através da construção das duas torres. A região central do Recife voltou a ser local para moradia com qualidade de vida", avalia o engenheiro civil João José Asfura Nassar, autor do projeto estrutural.

Torres Gêmeas de Recife: reação álcali-agregado foi neutralizada com metacaulim.

Além de superar o desafio imposto pelo local em que foi construído, as Torres Gêmeas de Recife também suplantaram obstáculos técnicos. Contando com pesquisas e testes realizados nas universidades de Pernambuco, os prédios neutralizaram, por exemplo, a propensão a reações álcali-agregado nas estruturas dos edifícios recifenses. "Nas fundações do empreendimento, para inibir a reação álcali-agregado (RAA) foi utilizado adição de metacaulim na proporção de 12%. Esta recomendação hoje é utilizada em todas as fundações das edificações de Recife", revela Nassar. Além disso, as edificações consumiram concreto com resistência característica (fck) variando ao longo de sua altura, partindo de fck ≥ 50MPa até fck ≥ 35MPa. O volume empregado foi de 14.250 m³.

Com 126,47 metros de altura, o projeto das torres não precisou ser submetido a testes em túnel de vento por que Recife tem uma das menores velocidades de vento no mundo. "Isso permite fazer edifícios com esbeltez alta, chegando até a valores de 14. Só para se ter uma noção, no mundo existe uma tabela para classificar a esbeltez dos edifícios e poucos passam do nível seis, o que já indica alta esbeltez", comenta João José Asfura Nassar. Por esse motivo foi possível inovar na fundação dos edifícios, que utilizaram estacas metálicas com seção decrescente. "Inicialmente, foram executadas estacas-piloto e realizados vários ensaios de carregamento dinâmico e provas de carga estática, que atestam a viabilidade técnica da solução. O projeto foi então desenvolvido, trazendo resultados plenamente satisfatórios", finaliza o projetista.

Entrevistados
- Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, vice-presidente de relacionamento da ABECE.
- João José Asfura Nassar, autor do projeto estrutural e sócio da Nassar Engenharia Estrutural S/C Ltda.
Currículos

- Augusto Guimarães Pedreira de Freitas é graduado em engenharia civil pela EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) em 1988
- Possui especialização em vários cursos de extensão na área de projeto estrutural de concreto armado e protendido, alvenaria estrutural e garantia de qualidade
- É sócio e diretor-administrativo do escritório Pedreira de Freitas S/C Ltda
- Ocupa a vice-presidência de relacionamento da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural)
- João José Asfura Nassar é graduado em engenharia civil pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 1979
- É um dos pioneiros nos estudos de reações álcali-agregado nas edificações de Recife
- Em 1985 fundou a Nassar Engenharia Estrutural S/C Ltda
- Já elaborou cerca de 2.400 projetos no Brasil e outros países, como Angola e Honduras
Contatos: engenharia@nassarengenharia.com.brwww.premiotalento.com.br / www.abece.com.br
Créditos fotos: Abece / Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Geração Y chega à liderança com expectativas elevadas

Moldados no Brasil em crescimento, novos ocupantes de cargos de poder almejam, além de bons salários, atuar em empresas preocupadas com a sustentabilidade

Por: Altair Santos

Em empresas vinculadas aos setores de tecnologia, mineração e industrial, representantes da geração Y - conceito criado para definir os nascidos entre 1979 e 1995 - têm galgado cargos de liderança com mais rapidez que seus antecessores. A explicação é que eles chegam às Companhias trazendo um conjunto de habilidades que facilita evoluírem na carreira de forma mais acelerada. Ao mesmo tempo, são colaboradores que entram nas corporações com expectativas elevadas e só se mantêm se elas forem atendidas. "A explicação é em função do cenário em que esta geração foi moldada, ou seja, no Brasil em crescimento, com mercado de trabalho aquecido e com escassez de talentos. Então esse ambiente faz com que a geração Y, por princípio, seja mais ambiciosa e mais exigente", explica Sócrates Melo, da consultoria e recrutamento Robert Half.

Sócrates Melo, da Robert Half: geração Y tem grande potencial de sucesso.

Recentemente, a Robert Half, que além do Brasil opera nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Ásia, América Latina e Oceania, realizou pesquisa com 2.179 CFOs (chefes do setor financeiro) para coletar dados sobre a geração Y. A conclusão foi que 48% dos executivos entrevistados apontaram que os nascidos no período de 1979 a 1995 são os mais difíceis de atrair e de reter. A principal dificuldade de retenção é por conta das expectativas em relação ao plano de carreira (60%), seguida da remuneração (54%) e da qualidade de vida (36%). "A geração Y tem afinidade com empresas que valorizem a sustentabilidade, cultivando qualidade de vida, bem-estar e preocupação ambiental", afirma Sócrates Melo. No setor da construção civil, Companhias com esse perfil têm conseguido não só atrair jovens como promovê-los a cargos de liderança.

Segundo o consultor da Robert Half, na função de liderança a geração Y começa a administrar profissionais que têm os mesmos anseios: crescimento acelerado, necessidade de feedbacks e questionadores. "Por isso, o desafio destes jovens gestores é conseguir orientar essa energia para a execução de projetos, com foco nos resultados. Quando isso ocorre, os profissionais desta geração se diferenciam", afirma. Sócrates Melo entende também que esse processo de promover líderes da geração Y é um caminho sem volta. Até por que, ela se mostra mais preparada que os concorrentes da geração X. "Eles trazem consigo muita vontade e desejo de mudança", explica. Estima-se que no Brasil 20% das grandes corporações, principalmente as que operam no sistema financeiro e em áreas tecnológicas, já tenham jovens até 35 anos em cargos de liderança.

Diferença

Na pesquisa da Robert Half fica definida a diferença entre a geração Y e suas antecessoras: a “baby boomers”, que engloba profissionais nascidos entre 1946 e 1962, e a "X", formada por pessoas que nasceram entre 1963 e 1978. A “baby boomers” ficou marcada por pessoas totalmente fiéis à empresa, permanecendo muitas vezes toda a carreira com um só emprego. Já a X buscou a diversificação, mas com uma dedicação extrema ao trabalho para atingir o sucesso profissional. Ainda de acordo com o estudo, a geração Y busca uma nova maneira de encarar a vida profissional e prefere mostrar o trabalho em resultado produzido e não em horas trabalhadas. Isso significa o fim dos workaholics. "O modelo em que competência é entrar às 7h e sair à meia-noite está sendo desafiado. A geração Y quer subir rapidamente, mas com qualidade de vida", finaliza a análise.

Entrevistado
Sócrates Melo, diretor de operações dos escritórios da Robert Half em Belo Horizonte e Rio de Janeiro
Currículo
- Sócrates Melo é graduado em Business Administration pela Northwood University, com especialização em Contabilidade e Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)
- Iniciou sua carreira na área de importação e exportação, na Knor-Bremse, foi analista financeiro na CCP – Food (USA) e retornou ao Brasil para atuar como Supervisor Administrativo Financeiro na MJMelo. Na área de recrutamento, iniciou como gerente administrativo financeiro na Locer Consultoria, de onde foi para a Robert Half
Contato: socrates.melo@roberthalf.com.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Engenheiro precisa aprender a dizer não

Nem todos os projetos devem ser encampados pelos profissionais, ensinam Jorge Batlouni Neto e Roberto Bernasconi. Para eles, qualidade da obra é fator determinante

Por: Altair Santos

Os engenheiros civis José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) de São Paulo-SP, e Jorge Batlouni Neto, coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (Sindicato da Construção) acompanharam em setembro de 2012 uma missão técnica brasileira que visitou diversas construções na Alemanha. O objetivo foi verificar como o principal país europeu conseguiu fazer o setor da construção civil investir em qualidade, eliminando o desperdício e o retrabalho durante as várias fases de uma obra. A conclusão foi que, para chegar aonde chegou, a Alemanha teve uma participação decisiva de seus engenheiros. Mobilizados, os profissionais aprenderam a dizer não para projetos não comprometidos com produtividade e sustentabilidade.

Jorge Batlouni Neto: tudo que é planejado na engenharia dá certo.

Para Bernasconi e Batlouni Neto, é hora da categoria fazer o mesmo no Brasil. "O contratante precisa saber que tudo que é planejado na engenharia dá certo. Só que isso requer projetos bem consolidados, simples e com remuneração justa. A Alemanha nos deu essa lição, mostrando que eles estão focados em estruturas que combinam economicidade e segurança. Eles chegaram ao ponto de produzir concreto e aço com preço 50% mais barato que no Brasil. Além disso, a mão de obra deles hoje está em 8 a 9 homens/hora por m³ de concreto consumido em obra. No Brasil, até 1995, esse valor era de 72 homens/hora e atualmente foi reduzido para 17 homens/hora, o que ainda é muito alto. Houve uma evolução significativa no país, de 2007 para cá, mas o Custo Brasil ainda nos impõe projetos de risco. É para isso que temos que aprender a dizer não", afirma Jorge Batlouni Neto.

O presidente do Sinaenco avalia que trata-se de uma questão cultural entre o que acontece na Alemanha e no Brasil. "A engenharia é o instrumento de crescimento e o engenheiro é o operador desse crescimento. Então, lá na Alemanha, todas as etapas de uma licitação têm engenheiros envolvidos, sobretudo nas obras públicas. Aqui, isso não ocorre. Prevalece uma única tese: licitação no menor prazo e com menor preço. É uma realidade cruel que deve piorar com a lei 8.666, que institui o Regime Diferenciado de Contratação (RDC). Isso está possibilitando algumas aberrações, como licitações serem vencidas com desconto de 47% no orçamento. Só há uma certeza nesta prática: o serviço não será de qualidade. Para isso, o engenheiro precisa aprender a dizer não", alerta Roberto Bernasconi.

Roberto Bernasconi: sem engenharia não se faz desenvolvimento com qualidade.

No 15º Enece (Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural) que ocorreu em outubro, em São Paulo, Bernasconi e Batlouni participaram de uma mesa redonda em que expuseram um exemplo clássico de obra licitada pelo menor preço, que gerou uma construção de má qualidade e que compromete a credibilidade da engenharia. "Na Transposição do rio São Francisco, em um dos 14 lotes, num trecho de dez quilômetros, existe apenas dois furos de sondagem, ou seja, houve um total desrespeito com a engenharia", reclama Bernasconi. Os furos de sondagens são regulamentados pela norma técnica NBR 6484. Ela define o número de furos de sondagem de acordo com a área de projeção da edificação e do padrão do solo.

Uma proposta colocada por Bernasconi é que CONFEA/Crea e CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) criem códigos de ética que disciplinem a participação de construtoras em licitações, regulando preço mínimo e prazo para a apresentação de projetos consistentes. "O ganho pela economia deve ter restrições, tanto na área pública quanto no setor privado. Hoje há muita gente vendendo soluções mágicas e desrespeitando os critérios de engenharia, que são muito sérios. Não é à toa que tem se visto muitos casos de patologias em obras. Nestes casos, é melhor dizer não que entrar numa aventura", finaliza o presidente do Sinaenco.

Entrevistados
José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) de São Paulo-SP, e Jorge Batlouni Neto, coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (Sindicato da Construção)
Currículos
- Jorge Batlouni Neto é graduado e pós-graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP e mestre em engenharia pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo)
- É diretor-técnico da Tecnum & Corporate Empreendimentos Imobiliários, além de professor de tecnologia na gestão da produção de edifício do MBA da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
- Também atua como coordenador do grupo de estruturas do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, além de ocupar o cargo de assessor da presidência do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto)
- José Roberto Bernasconi é graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e advogado pela Faculdade de Direito pela Universidade Paulista de São Paulo
- Foi professor na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no Departamento de Estruturas e Fundações (1970 a 1975) das disciplinas construções de concreto e, posteriormente, pontes e grandes Estruturas
- Preside o Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) de São Paulo-SP
Contatos: jbn@tecnum.com.br / sinaenco@sinaenco.com.br
Créditos fotos: Divulgação / Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Demanda aquece área da construção civil voltada aos hotéis

Até 2016, por conta dos eventos Copa do Mundo e Olimpíadas, Brasil deverá ganhar mais 396 novos empreendimentos. Industrialização impulsiona setor

Por: Altair Santos

Das 27 unidades federativas do Brasil - incluindo o Distrito Federal -, apenas o Piauí não está construindo novos hotéis. No país, há 396 projetos com esse perfil, segundo a ferramenta de pesquisa e-Construmarket. Somente na região sudeste, existem 187 obras em fase de execução ou em estudo de viabilidade econômica. Outras 100 localizam-se no Nordeste, 55 no Sul, 37 no Centro-Oeste e 17 no Norte. Por conta dos eventos Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas 2016, o mercado hoteleiro é o segundo mais aquecido no país - perdendo apenas para o habitacional -, porém com as construções mais aceleradas. Isso se deve ao maciço investimento do setor em processos industriais.

Caio Calfat: Secovi-SP desenvolveu manual de melhores práticas para construção de hotéis.

Alvenaria estrutural, construções em pré-fabricado e tilt-up - sistema que utiliza painéis pré-moldados em concreto - estão entre as modalidades construtivas que têm ajudado a impulsionar as obras de hotéis no Brasil. "São tecnologias que aceleram as obras, uma vez que o hotel precisa estar pronto o mais rápido possível e quanto mais industrializada a construção, melhor", avaliza Caio Sérgio Calfat Jacob, especialista em real estate consulting. Por conta desta celeridade, o investimento em hotel é o que mais tem dado rentabilidade aos fundos imobiliários em 2012. O retorno é de 56%, contra 42% de quem investe em escritórios e 20% dos recursos aplicados em shopping centers e lojas.

Boa parte dos investimentos no setor concentra-se nos chamados hotéis econômicos. No Brasil, o preço das diárias neste segmento subiu 20% e a ocupação cresceu 12%. "Eles predominam, por que são a base da pirâmide. São os modelos de hotéis que mais se precisa construir no Brasil", destaca Caio Sérgio Calfat Jacob. Trata-se também da modalidade que mais tem investido em processos industriais de construção e acabamento. Como exemplo, os hotéis econômicos utilizam paredes em dry-wall e os banheiros prontos pré-fabricados. São inovações que antecipam a entrega em até um semestre. "Conseguimos reduzir o tempo por volta de seis meses, ou seja, o que daria para fazer em um ano e seis meses hoje dá para fazer em um ano", comenta o especialista em real estate consulting.

Hotel construído no sistema Tilt-up: sistemas industriais hoje permitem economia de seis meses nas obras.

Caio Sérgio Calfat Jacob avalia que esses novos hotéis em construção no Brasil passarão pelo seu grande teste, sob o ponto de vista de viabilidade econômica, depois da Copa e das Olimpíadas. "Se eles não forem bem planejados, podem ficar ociosos. Por isso, o Secovi-SP desenvolveu um manual de melhores práticas para a construção de hotéis. Nenhum empreendimento neste setor deve ser iniciado sem antes ser realizado um estudo de mercado de viabilidade econômica-financeira. Nossa recomendação é que não sejam construídos hotéis apenas para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Tem que haver planejamento para que o investimento traga retorno não apenas por um mês, mas por vários anos", alerta.
Entrevistado
Caio Sérgio Calfat Jacob, especialista em real estate consulting
Currículo
- Caio Sérgio Calfat Jacob é graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP e diretor-geral da Caio Calfat Real Estate Consulting – empresa de consultoria imobiliária que atua em planejamento e desenvolvimento de empreendimentos imobiliários desde outubro de 1996
- É vice-presidente de assuntos turístico-imobiliários do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo) para o mandato 2012-2014
- É fundador, ex-presidente e membro do conselho deliberativo vitalício da LARES (Latin American Real Estate Society)
- É professor de análise de projetos de hotéis e resorts, do MBA Real Estate promovido pela FUPAM-USP, na FAU-USP
- É professor de planejamento de empreendimentos hoteleiros, do curso de especialização em gerenciamento de empreendimentos na construção civil, na FAU-Mackenzie, de São Paulo
Contato: caio@caiocalfat.com /  www.caiocalfat.com / www.lares.org.br
Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Internet democratiza ações de marketing imobiliário

Meio digital potencializa resultados, muda relação com o cliente e permite que pequenas e médias construtoras sejam tão competitivas quanto as grandes

Por: Altair Santos

Atualmente, há uma certeza no mercado imobiliário brasileiro. Não se sobrevive sem investimento em marketing. Das gigantes, às médias e pequenas empresas do setor, todas buscam ações para atingir o consumidor. A internet é, seguramente, o canal mais usado para propagar mecanismos de divulgação, venda e convencimento de clientes. Segundo a publicitária Mariana Ferronato, a mídia eletrônica democratizou o marketing imobiliário. "Hoje, praticamente todas as empresas e profissionais do mercado possuem condições de divulgar seus imóveis online, não necessitando de altos investimentos como outras mídias, que ainda por cima não permitem a mensuração e controle dos resultados. A internet possibilita o controle total do investimento, gerando ações mais inteligentes. Por isso, digo que a internet democratizou o marketing imobiliário", avalia.

Mariana Ferronato: marketing influencia da escolha do terreno à entrega do empreendimento.

As ferramentas de marketing tornaram-se tão fundamentais que passaram a influenciar o empreendimento em todas as suas fases. "As ações envolvem desde a escolha do terreno até a entrega da obra. Especificamente sobre o projeto, o marketing imobiliário, acompanhado de pesquisas de demanda, define o produto projetado através de dados sobre o público-alvo e dos empreendimentos concorrentes no entorno", explica a especialista, lembrando que esses estudos servem para balizar as empresas diante de um consumidor cada vez mais capacitado para tomar decisões menos impulsivas e mais inteligentes. "Por outro lado, as ações de marketing, especialmente de construtoras e incorporadoras, estão cada vez mais sedutoras, usando jantares, eventos e artistas famosos para atrair o cliente", completa.

Essa é uma estratégia recorrente entre as gigantes do setor - Gafisa, Cyrela, Even, Brookfield, MRV, Tecnisa, Rossi, PDG, Rodobens e Plaenge -, que também se especializaram em utilizar as redes sociais para interagir com os consumidores. Em 2009, por exemplo, a Tecnisa efetuou a primeira venda de um apartamento pelo twitter. "De lá para cá, as empresas amadureceram a linguagem social. Hoje, com o crescimento do Facebook no Brasil, além da popularização do acesso móvel, via smartphones, a tendência é que este modelo de venda seja definitivamente incorporado pelas Companhias", cita Mariana Ferronato.

A especialista não esquece de ressaltar que soluções como e-mail marketing ainda são muito eficientes. "Apesar do grande preconceito existente contra o e-mail marketing, ele é uma das grandes ferramentas disponíveis para o marketing imobiliário. Ocorre que, para ter retorno, é necessário uma série de boas práticas que na grande maioria das vezes não é realizada. Entre elas, a mais importante é a segmentação. Não adianta oferecer um empreendimento de 900 mil reais para um mailing de pessoas que não tenham dinheiro para comprar. O retorno nunca virá", reforça.

Um dos empecilhos para que o marketing imobiliário aja com eficiência, segundo a publicitária, é a gestão centralizadora e conservadora de uma parcela das empresas do setor. Ela usa como exemplo a estratégia que algumas Companhias utilizam de não divulgar o preço do imóvel na internet. "O que muitas empresas não se atentaram é que com a internet o consumidor passou a querer as informações agora. No caso do preço, o que ocorre é que se o cliente não achá-lo no site de quem construiu, ele procura na internet e acha o mesmo imóvel, com preço, no site de outra imobiliária ou de algum corretor. Assim, esconder o preço, que poderia ser uma estratégia para aumentar leads de potenciais compradores, acaba reduzindo o número de contatos", alerta, concluindo que quem não quiser se abrir para todas as possibilidades do marketing imobiliário é melhor continuar na "era das placas".

Entrevistada
Mariana Ferronato, publicitária e idealizadora do marketingimob.com, o principal site de marketing imobiliário do Brasil
Currículo
- Publicitária, idealizadora do marketingimob.com
- Possui 8 anos de experiência na gestão de marketing de imobiliárias e construtoras
- Atualmente é gerente de marketing no portal imobiliário VivaReal (vivareal.com.br) em São Paulo
- Atua como palestrante em mais de 10 estados e é colunista para revistas do segmento
Contato: marketingimob@gmail.com
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Conselho busca competitividade para a construção civil

Governo desenvolve agenda para estimular sistemas industrializados, disseminar o BIM e difundir a norma de desempenho e as construções sustentáveis

Por: Altair Santos

Instalado em agosto de 2011, o Conselho de Competitividade Setorial da Construção Civil é considerado atualmente como uma das áreas mais estratégicas do Plano Brasil Maior. É a partir dele que o governo federal pretende estabelecer uma política de Estado que consolide avanços como a industrialização dos canteiros de obras, a consolidação da Tecnologia de Informação nos sistemas construtivos e a qualificação da mão de obra. O objetivo é, em dez anos, colocar a construção civil nacional em patamares semelhantes aos que são vistos hoje na Europa e nos Estados Unidos. "A agenda tem medidas de curto, médio e longo prazo. Há ações de até dez anos, mas vamos fazer um corte no final do ano que vem (2013) para medir o que já foi realizado", explica Talita Tormin Saito, vice-coordenadora do Conselho

Reunião do Conselho de Competitividade Setorial da Construção Civil: ações devem se estender por pelo menos dez anos.

Essa agenda setorial conta com a participação dos principais players ligados à construção civil brasileira. Entre eles, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Sinaprocim (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento), Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT) e Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). "É importante ressaltar que todas as medidas tomadas pelo conselho levam em consideração gerar condições para a expansão do programa Minha Casa, Minha Vida", afirma Talita Tormin Saito.

Por esse motivo, o Conselho de Competitividade Setorial da Construção Civil tem priorizado três frentes de trabalho. Uma delas é propagar a norma de desempenho NBR 15575. "O Conselho estimula a difusão e a preparação do setor privado para o atendimento da norma que será um fato a partir de março de 2013. Nossa função é ajudar a tirar dúvidas dos empresários e adequar a norma à realidade brasileira", destaca a vice-coordenadora do Conselho, ressaltando que outras frentes estão focadas no estímulo aos processos industriais de construção e no sistema BIM (Building Information Modeling). "Acreditamos que quanto mais tecnologia for agregada ao setor, mais competitivo ele será", completa.

Outro compromisso do Conselho é incentivar as construções sustentáveis. "Temos uma preocupação também com as políticas que gerem menos resíduos. Por isso, o estímulo aos prédios verdes está na nossa agenda. Tudo isso, com base nas atividades de tecnologia industrial alinhadas com o SINMETRO (Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial)", complementa Talita Tormin Saito, que também comanda o Departamento de Indústrias Intensivas, Mão de obra e Recursos Naturais do ministério da Indústria e Comércio.

Entrevistada
Talita Tormin Saito, coordenadora-geral do Departamento de Indústrias Intensivas, Mão de Obra e Recursos Naturais do Ministério da Indústria e Comércio e vice-coordenadora do Conselho de Competitividade Setorial da Construção Civil
Currículo
- Talita Tormin Saito é analista em comércio exterior e funcionária de carreira do governo federal.
Contato: sdp-deorn@mdic.gov.br
Créditos foto: Divulgação/MDIC

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Riscos e fraudes existem. Saiba como se proteger

Ambiente da construção civil brasileira, por causa da informalidade e da falta de cultura no controle de obras, é mais suscetível a esses problemas

Por: Altair Santos

O setor da construção civil profissionaliza-se rapidamente no Brasil, mas ainda existem gargalos que oferecem riscos e possibilidades de fraudes. Por esse motivo, os investidores, sejam eles do segmento imobiliário, comercial ou de infraestrutura, têm buscado cada vez mais informações sobre as obras em que decidem colocar dinheiro. Isso faz aumentar a demanda por consultores como Felipe Gutiérrez - especialista em mapear empreendimentos, sob o ponto de vista do retorno financeiro e da segurança da obra. Seu papel é disponibilizar ferramentas que identifiquem eventuais riscos. Na entrevista a seguir, ele revela como é possível detectar quais projetos são bons ou não para se investir. Confira: 

Felipe Gutiérrez: se o empreendimento é novidade para a construtora, o risco de haver problemas é maior.

Atualmente, quais são as principais ferramentas para identificar e mensurar riscos em obras?
Esta questão é bem ampla, existem vários riscos quando se trata de uma obra. Tem os riscos de engenharia, propriamente dito, tem os riscos de execução durante a obra, riscos de gestão, riscos ambientais, enfim, existe uma série de riscos e o ideal é determinar quais tipos de riscos estão envolvidos para daí fazer um trabalho de identificação e mensuração desses riscos. Por exemplo, entregar uma obra com atraso ou gastando mais do que o inicialmente orçado pode ser mensurado de várias formas. Uma delas, mais subjetiva, é consultar uma pessoa com muita experiência em obras similares. Porém, a abordagem é relativamente leve em termos de sustentação e pode ser facilmente questionada. Por isso, existem outros procedimentos que são mais detalhados e permitem regressões estatísticas, como a técnica de Monte Carlo. Há também o uso de softwares especializados. Mas o mais importante é fazer sempre a avaliação qualitativa do risco e levar em consideração a experiência das pessoas que conhecem os contratos.

Quais são os principais riscos em obras para os investidores?
Para o investidor vai estar sempre relacionado com o objetivo dele, que é colocar dinheiro e ter um retorno x num prazo y. Qualquer obstáculo que impacte a obra no prazo ou no custo vai impactar o investidor também. Além disso, para fazer investimento numa obra x, ele quer saber quem vai fazer a obra, se a empreiteira é renomada e se existe um freework de gestão adequado para a construção. Enfim, o que interessa é saber como o custo, o prazo e o escopo da obra vai impactar diretamente no resultado que o investidor está buscando naquele investimento.

Em termos de metodologias para verificar riscos de fraude em projetos de construção, quais se destacam?
Existe uma ferramenta muito importante que é o canal de denúncia, que é largamente utilizada, principalmente em grandes obras, grandes projetos. Muitas vezes as empresas já têm o seu próprio procedimento, a sua própria política para lidar com esta questão da denúncia anônima. Esta é uma ferramenta importante para identificar possíveis fraudes em obras. De forma mais ampla, o próprio ambiente de controle nas obras é uma forma muito importante para se verificar se o pessoal é bem treinado e se os procedimentos, processos e políticas estão bem definidas. Ter um sistema que dê apoio na gestão das obras também é uma ferramenta importante para esta identificação.

Quando se fala em fraude em projetos, como elas se manifestam e como detectá-las?
Isso pode acontecer de diversas formas. Mas a grande maioria passa por movimentação de estoques e de equipamentos. Muitas vezes uma obra não é bem controlada, o que permite, por exemplo, que o encarregado compre dois caminhões de brita, mas na verdade a construção precisa de um só. Ele assina o recebimento de dois caminhões de brita, mas só um chega na obra e o outro é desviado para outro lugar. Este tipo de descontrole sobre gestão e estoque de materiais é uma fonte grande de fraudes. Outro ponto são as fraudes contábeis, financeiras e de aprovação de contratações. Às vezes muda-se de nível. Passa-se para um nível de tomada de decisão corporativa, definindo a contratação de um fornecedor sem que seja feito o processo adequado de cotação.

Comparativamente a outros setores econômicos, o mercado imobiliário apresenta um volume maior ou menor de riscos de fraudes?
Mais, por que o ambiente no Brasil ainda tem muita informalidade. Além disso, não há tanta cultura de controle de obras. A fiscalização é maior em obras públicas, porque estão mais à vista. Se ocorrer uma fraude numa obra de um aeroporto ela chama mais a atenção, pois está sendo gasto dinheiro público. Porém, se esse tipo de fraude estiver acontecendo no departamento de compras de uma indústria alimentícia, por exemplo, enquanto isso não for muito grande e não impactar administrativamente nas demonstrações financeiras da empresa, dificilmente vai ser fiscalizado. O que evita as fraudes é ter um ambiente devidamente planejado e implementado.

Quanto ao cumprimento de normas legais (compliance) que regulamentam a realização de obras, hoje os construtores e incorporadores estão mais atentos a isso?
Sim, mas ainda há muito a ser feito. Principalmente em termos de se conhecer o que está em conformidade. Tem muitos clientes e empresas que nem sempre conhecem 100% as leis, principalmente aqueles que estão crescendo ou estavam em atividade informal. É preciso ter conhecimento de ações que até então não faziam parte do dia a dia. Como muitas construtoras estão crescendo - empresas que eram pequenas, estão se tornando médias e grandes -, é importante que elas se informem das normas legais do negócio.

O mercado imobiliário brasileiro, comparativamente ao que se faz em outros países, tem maior ou menor incidência de riscos e fraudes em projetos de construção?
No Brasil tem mais, por que no mundo anglo saxão esta cultura de ambiente de controle é mais difundida, está mais arraigada. E não só de ambiente de controle como também de planejamento e gestão na execução.

Entre obras de infraestrutura, imobiliárias e comerciais, como shopping centers, quais são mais suscetíveis a riscos e fraudes em projetos de construção?
Depende muito da empresa que está fazendo a obra. Se o empreendimento é novo para a construtora, localizado numa região que ela não tem conhecimento dos aspectos culturais, legais e tributários, assim como da mão de obra, tudo indica que haverá problemas. Agora, se a empresa já detém todo o tipo de informação, ela estará menos suscetível. Lugar novo e condições novas aumentam a probabilidade de haver problemas.

Entrevistado
Felipe Gutiérrez, sócio-diretor da KPMG Brasil, empresa especializada em auditorias e consultoria no setor da construção civil
Currículo
- Tem 12 anos de experiência no segmento de consultoria
- Iniciou sua carreira em 1998, na KPMG, onde hoje é o sócio-diretor responsável pela linha de serviços “Major Projects Advisory” (MPA) no Brasil
- É Mestre em Economia; PMP (Project Management Professional) pelo PMI (Project
- Management Institute); CIA (Certified Internal Auditor) e CRMA (Certified in Risk Management Assurance) pelo IIA (The Institute of Internal Auditors)
- É membro de diversos institutos, integra a equipe global da KPMG International e apoia clientes em obras de grande porte, em diversos segmentos, como mineração, metalurgia/siderurgia, real estate, oil&gas, infraestrutura&governo
Contato: fagutierrez@kpmg.com.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Para cada tipo de concreto, um tipo de brita

Estruturas de concreto sofrem forte influência mineralógica dos agregados. A escolha errada pode prejudicar na resistência e na durabilidade do material

Por: Altair Santos

No que o tipo de brita misturada ao cimento, à areia e à água influencia na resistência, na durabilidade e em outros fatores do concreto? Segundo o geólogo, diretor do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e professor titular da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) Cláudio Sbrighi, cada tipo de estrutura pede um tipo de brita. "Tratando-se de uma estrutura de concreto para uma casa, a influência mineralógica da brita é relativamente pequena. Mas se a construção envolver edifícios, pavimento de concreto, obras de infraestrutura ou pré-moldados, o agregado certo otimiza o empreendimento", explica.

Cláudio Sbrighi: 95% dos agregados para concreto britado usados no Brasil são de origem granítica, basáltica ou calcária.

De acordo com o especialista, os pavimentos de concreto, por exemplo, precisam de uma brita que seja mais resistente à abrasão. "Neste caso, é muito melhor usar um granito ou basalto do que usar calcário, que tem baixa resistência abrasiva", resume Cláudio Sbrighi, lembrando que no Brasil a grande maioria dos agregados para concreto britado tem origem em rochas ígneas, de onde procedem granito e basalto, ou de rochas metamórficas, de onde vem as britas de calcário. "São as principais famílias, a partir das quais se produzem 95% dos agregados para concreto no país", comenta, completando que, com exceção da região amazônica, os demais estados do país têm farta produção de brita. São Paulo responde por cerca de 30% da produção nacional. Outros importantes estados produtores são Minas Gerais (12%), Rio de Janeiro (9%), Paraná (7%), Rio Grande do Sul (6%) e Santa Catarina (4%).

Para melhorar a qualidade da brita, os laboratórios que pesquisam concreto têm se concentrado no aperfeiçoamento das características dos materiais, além de investir na descoberta de produtos artificiais. "No Brasil, temos agregados leves produzidos a partir da argila inteirizada, pelotizada e sintetizada. Ela responde por uma pequena porcentagem do mercado. Não é largamente utilizada, mas tem a propriedade de produzir concreto em massa unitária mais leve, podendo ser utilizada em estruturas em que haja interesse de economia nas fundações", revela o geólogo.

Atualmente, existem também aplicações de agregados britados feitos a partir de entulho da construção civil. Cláudio Sbrighi afirma que esse tipo de material deve ser usado para concreto sem responsabilidade estrutural. "É permitida a substituição de parte do agregado por agregado originado de entulho de construção, desde que de boa qualidade, apenas em obras como guias, sarjetas e outros elementos que não tenham função estrutural relevante", diz. Já no caso das peças pré-moldadas, o recomendável é que sejam agregados não reciclados e que atendam os limites especificados pela ABNT. As normas técnicas (NBR) são: agregado para concreto (7211), apreciação petrográfica (7389), amostragem (7216), forma (7809), pedra e agregados naturais (7225) e alterabilidade (12696/7).

No caso de concretos com alta resistência usam-se britas de origem ígneas - basaltos e granitos -, enquanto nos autoadensáveis, especialmente no caso do agregado graúdo mais fino, os calcários são mais vantajosos. Quando tratam-se de grandes obras, as britas 2 e 3 são as mais utilizadas. De acordo com a NBR 7225, a classificação dos agregados é a seguinte:

Com exceção da região amazônica, todas as outras têm farta produção de brita no país.

Pó de brita – Malha 5 milímetros
É muito utilizado nas usinas de asfalto, para calçamentos com base asfáltica e de concreto para obtenção de textura fina, assim como em calçadas. Também é usado na fabricação de pré-moldados e como estabilizador de solo, na confecção de argamassa para assentamento e emboço.

Pedrisco ou brita nº 0 – Malha 12 milímetros
Produto de dimensões reduzidas, muito requisitado na fabricação de vigas e vigotas, lajes pré-molduradas, intertravados, tubos, blocos, bloquetes, paralelepípedos de concretos, chapiscos e acabamentos em geral.

Brita 1 – Malha 24 milímetros
É o produto mais utilizado pela construção civil, muito apropriado para fabricação de concreto para qualquer tipo de edificação de colunas, vigas e lajes assim como em diversas aplicações na construção de edificações de grande porte.

Brita 2 - Malha 30 milímetros
É voltado para fabricação de concreto que exija mais resistência, principalmente em formas pesadas. Usada para a fabricação de concreto bruto, para maior resistência, e na construção de fundações e pisos de maior espessura.

Entrevistado
Cláudio Sbrighi, geólogo, diretor do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e professor titular da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado)
Currículo
- Graduado em geologia pelo Instituto de Geociências e Astronomia da USP (1970)
- Tem mestrado em engenharia civil pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (1975) e doutorado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP (1993)
- Atualmente é diretor do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) e professor titular do Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP)
Contato: csbrighi@yahoo.com
Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

TI tem amplo terreno a galgar na construção civil (Podcast)

Para Anauri Marafon, especialista em implantar Tecnologia da Informação em construtoras, só agora a filosofia BIM começa a ser absorvida no país

Por: Altair Santos
Anauri Marafon: é irreversível o processo de avanço da TI na construção civil.

Entrevistado
Anauri Marafon, engenheiro civil com mais de dez anos de experiência na implantação de sistemas de gestão em construtoras e incorporadoras
Currículo
- Anauri Marafon é graduado em engenharia civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
- Tem especialização em gestão na construção civil pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul)
- Conta com mais de 10 anos de experiência em consultoria e implantação do Sienge (Software de Gestão Integrada para empresas da Indústria da Construção)
- Já ocupou o cargo de engenheiro de planejamento na Solução Empreendimentos Imobiliários, de Florianópolis. Há 13 anos atua na Softplan/Poligraph, na área de gestão para a indústria da construção
Contato: anauri@softplan.com.br
Créditos foto: Divulgação

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