Bairro planejado é solução para bom urbanismo
Brasil já tem bons exemplos, como o Pedra Branca, em Santa Catarina, e o Riviera, em São Paulo, que contrastam com falta de planejamento do MCMV
Por: Altair Santos
Enquanto a iniciativa privada investe em bairros planejados, onde residências ou apartamentos são construídos acoplados a complexos urbanísticos, no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) estão surgindo comunidades sem qualquer infraestrutura. No Paraná há dois exemplos emblemáticos. Em Londrina, no conjunto Bela Vista, foram construídas 2.700 habitações para alojar 12 mil pessoas. Esqueceu-se, no entanto, de suprir a comunidade de escolas, creches, centros comerciais, hospitais e postos médicos, que encontram-se a uma distância mínima de dois quilômetros de distância.
Em Curitiba, no bairro Ganchinho, até 2013 serão entregues 2.800 unidades do MCMV. A população da localidade dará um salto de 11 mil para 21 mil habitantes e quem já mora na região prevê um cenário caótico, haja vista que não haverá escolas, creches, postos de saúde e outros serviços para atender a demanda. Na opinião do especialista em estruturação de projetos imobiliários, Ricardo Valls, o desordenamento urbano tem sido uma das principais falhas do programa habitacional federal. Bem diferente do que ocorre com iniciativas que têm criado bairros planejados no país.
Eles ainda são poucos, mas o sucesso estimula o surgimento de novos empreendimentos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Os melhores exemplos são os bairros Pedra Branca, em Santa Catarina, e o Riviera de São Lourenço, em São Paulo. Na entrevista a seguir, Ricardo Valls explica o que os diferencia dos bairros que têm surgido a partir de aglomerados urbanos gerados pelo Minha Casa, Minha Vida. Confira:
A construção de bairros planejados é uma tendência no Brasil ou ainda há apenas projetos-pilotos em andamento?
É uma tendência mundial, com maior ênfase nos Estados Unidos, mas com boa consistência no Brasil. Não só é uma discussão constante nas pautas das incorporadoras e desenvolvedores urbanos, mas também dos órgãos de governo em todas as esferas, visto que tem relação íntima com questões urbanas muito atuais, em especial a mobilidade urbana e a segurança pública. Naturalmente, o Brasil ainda precisará aprender a fazer o bom urbanismo, fruto da conjugação de esforços públicos e privados, com rigoroso planejamento de longo prazo. Precisaremos de uma mudança de mentalidade, que, acredito, já estar em curso. Mas já há bons exemplos nacionais de bairros planejados e grande quantidade de projetos-piloto.
Como o senhor define o conceito do Alphaville. Ele pode ser caracterizado como um bairro planejado ou os novos empreendimentos têm características diferenciadas?
Não considero o Alphaville um bom exemplo de bairro planejado. É um condomínio residencial unifamiliar bem feito, com alguma estrutura comercial de conveniência, mas que não atende aos principais preceitos do bom urbanismo, como a grande diversidade de usos, a presença de diferentes tipologias, a menor dependência de carros, a prevalência de espaços públicos bem distribuídos e planejados, uma boa conectividade e caminhabilidade acentuada, permitindo que as necessidades cotidianas do morador sejam atendidas com caminhadas de, no máximo, 5 minutos. Além disso, o bom urbanismo não segrega públicos, não é dirigido para esta ou aquela classe. A segregação favorece a formação de ilhas sociais, com grandes prejuízos para a cidade. Uma comunidade bem formada é diversa, possui jovens e velhos, ricos e pobres, trabalho e residência, escola e lazer. Acredito que os novos empreendimentos serão bem sucedidos se obedecerem estes preceitos – e atrairão todas as classes.
Quanto tempo leva para se maturar um projeto de bairro planejado?
Segundo a experiência já consumada no Brasil e fora do país, um projeto de bairro planejado leva cerca de 20 a 30 anos para ficar maduro, com plena integração e presença de todos os usos propostos inicialmente e com a densidade populacional que o justifica e valoriza. Naturalmente, diferentes estratégias dos incorporadores podem aumentar ou diminuir este prazo, com maior ou menor risco de insucesso.
E da concepção do projeto até a entrega das chaves, quanto tempo leva para que um bairro planejado comece a ser habitado?
Vai depender do tamanho e de qual entrega de chaves estamos falando – da primeira ou da última? Porque a última vai demorar uns 30 anos, como disse. Isso em um empreendimento grande. Mas a primeira chave, caso o empreendimento não sofra muitos problemas de licenciamento e tenha uma concepção adequada, além de planejamento integrado com o poder público, poderá ser entregue em 5 anos ou até menos. Cada caso guarda as suas peculiaridades, acredito que não há um padrão.
Qual região do país está apostando mais nesse conceito de bairro planejado?
De forma geral, a tendência é nacional. Mas há mais projetos consolidados nas regiões Sudeste e Sul. Os indutores do surgimento de novos projetos com estas características serão, principalmente, os governantes e legisladores municipais. Assim, poderemos assistir ao surgimento de bairros planejados em qualquer região, sem necessário condicionamento geográfico. É mais uma consequência de uma estratégia política de bom desenvolvimento urbano, com foco no crescimento econômico. Os governos que primeiro reconhecerem as vantagens econômicas do bom urbanismo o adotarão, acredito.
Os condomínios horizontais predominam ou já há projetos que procuram mesclar casas com apartamentos?
Predominam condomínios horizontais, com certeza, mas, reforço, isto não é bairro planejado. Um condomínio fechado não é um bairro planejado. É apenas um condomínio que tem cotistas e serviços somente para eles, conveniências apenas para eles, lazer apenas para eles. No bairro planejado, a mescla de casas, apartamentos, lojas, comércios, escritórios, prédios cívicos e áreas de convivência social ou lazer é muito bem-vinda. Um ótimo exemplo é a Pedra Branca, em Santa Catarina. Outro caso é o do Riviera de São Lourenço, em São Paulo.
Qual é a área ideal para se desenvolver um bairro planejado?
Qualquer escala pode ser admitida para o planejamento urbano bem feito. Eventualmente, podemos falar da revitalização de bairros já existentes, intervenções pontuais que revigoram uma área decadente e, com isto, contaminam positivamente o entorno, alcançando maior escala de forma espontânea – como Puerto Madero, na Argentina. Mas para ter viabilidade econômica para o empreendedor, áreas um pouco maiores, acima de 15 hectares, são mais adequadas ao bairro planejado que sai do zero. Em áreas muito grandes, o faseamento inteligente é determinante para a valorização de cada nova etapa e aumento da margem de lucro.
Como esses empreendimentos privados conversam com o poder público (prefeituras) para organizar a infraestrutura dos bairros planejados?
Este ainda é um diálogo bastante travado aqui no Brasil. O que observamos, geralmente, são os governantes tentando empurrar suas responsabilidades infraestruturantes para os empreendedores e estes tentando obter benesses descabidas em troca. Se cada um fizer seu papel, a viabilidade da expansão urbana organizada aumentará significativamente. Para isso, é necessário que tenhamos maior sensibilidade e respeito com o bem comum, com o compromisso de longo prazo, que deve transcender interesses políticos, partidários ou econômicos. O futuro da cidade, que é um patrimônio de todos os que nela vivem, precisa estar à frente de todo e qualquer outro interesse particular. Caso contrário, a infraestrutura acompanhará os melhores acordos e não necessariamente o melhor planejamento urbano.
O programa Minha Casa, Minha Vida tentou em algumas regiões erguer novos bairros, mas esqueceu de suprir as novas residências de infraestrutura. O que faltou neste caso?
Uma análise rápida pode demonstrar que o governo federal, ao incentivar o crédito de forma exacerbada, gerou uma demanda difícil de controlar – tanto de consumidores quanto de produtores. A própria Caixa Econômica Federal, órgão central do governo neste programa, tem sido protagonista dos maiores problemas relacionados ao programa. Assim, avalio que alguns municípios podem ter sido pegos de surpresa quando foram invadidos por empreendedores interessados. Não estavam preparados para recebê-los. Houve também muita mudança de regras ao longo da implantação – por exemplo, os acessos viários não eram obrigatoriamente por vias asfaltadas. Depois, passaram a ser. Não há empreendedor que aguente tanta surpresa: crédito em colapso, custos imprevistos. Tem que ser mágico para lucrar neste cenário.
Um empreendimento como um bairro planejado é construído por um pool de construtoras ou há construtoras que abraçam empreendimentos deste porte sozinhas?
Há vários modelos de negócios com sucesso e podem ser com vários ou um único construtor/incorporador. É comum, cada vez mais, a associação do incorporador com o mercado financeiro, que começa a ter produtos estruturados especificamente para o desenvolvimento urbano. Desta forma, o risco e as competências são divididas, o que traz enormes benefícios para o empreendimento.
Entrevistado
Ricardo Valls, especialista em estruturação de projetos imobiliários
Currículo
- Graduado e pós-graduado em administração de empresas pela PUC-RJ
- É sócio da Imobisul, empresa com atuação na estruturação de projetos imobiliários para a captação de investimentos financeiros
- Também é representante no sul do Brasil da empresa americana DPZ (www.dpz.com) um dos ícones do novo urbanismo e planejadora/desenhista de mais de 300 cidades ou bairros planejados em todo o mundo
Contato: ricardo@valls.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Com um ano, CAU ainda mapeia arquitetos do Brasil
Censo organizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo é fundamental para saber quem são e quais são as perspectivas dos profissionais que atuam no país
Por: Altair Santos
Não é à toa que o Conselho de Arquitetura e Urbanismo escolheu o dia 15 de dezembro como data de fundação. O marco coincide com o aniversário de Oscar Niemeyer, que recebeu o registro número 1 do CAU. Em 2012, o conselho, que desvinculou arquitetos e urbanistas do Confea/CREA, completa um ano. Neste período, o maior desafio tem sido identificar os profissionais que atuam em todo o país.
Por isso, o CAU promove um censo para mapear a categoria. O trabalho tem sido feito paralelamente à emissão da carteira de identidade profissional de arquitetos e urbanistas. "Agora que temos um conselho exclusivo, pretendemos fazer uma pesquisa abrangente para conhecer quem são os profissionais de arquitetura e urbanismo do Brasil. O objetivo é estratificar o nosso conjunto para podermos nos aproximar e ter um CAU cada vez mais útil para todos”, explica o ouvidor geral do CAU, José Eduardo Tibiriçá.
Os dados mais recentes, divulgados Confea/CREA, revelam que em 2010 havia 79.093 arquitetos e urbanistas e engenheiros-arquitetos no Brasil. Destes, 57,22% concentravam-se na região Sudeste do país, 21,28% na região Sul, 11,73% na região Nordeste, 6,76% no Centro-Oeste e 3,01% no Norte. Ainda de acordo com a pesquisa, que contou com a participação da ABEA (Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo), o Brasil forma anualmente 6.500 profissionais nos 200 cursos espalhados no território nacional.
Com o censo, que tende a atualizar esses números e aprofundar os dados, o Conselho espera definir uma política salarial para a categoria, identificar profissionais de outras áreas que estejam desenvolvendo atividades de atribuição exclusiva a arquitetos e urbanistas e definir a geografia dos profissionais no país, até para estimular a criação de novos cursos em instituições de ensino. Além disso, o CAU trabalha na consagração de um código de ética e na criação de um manual de fiscalização e exercício profissional.
Para o presidente nacional do CAU, Haroldo Pinheiro, além de organizar o Conselho é obrigação da atual diretoria conduzir debates sobre a atualização do ensino de arquitetura e urbanismo, assim como dar ênfase à responsabilidade técnica do setor. "Estamos determinados a lutar pela correta compreensão da importância da nossa profissão e pela universalização do acesso à arquitetura e urbanismo de qualidade", destaca.
A criação do CAU foi o último decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com data de 31 de dezembro de 2010. Amparado pela lei n.º 12.378, o Conselho dota de personalidade jurídica de direito público o exercício da profissão de arquitetura e urbanismo. De acordo com Haroldo Pinheiro, trata-se de uma "realidade irretornável". "O apagão que havia sido previsto para a arquitetura e urbanismo não ocorreu. Estamos concluindo as normas fundamentais para o funcionamento do nosso conselho e abrindo discussões públicas sobre os diversos assuntos de interesse da sociedade, no que se refere ao setor", conclui.
Entrevistado
Haroldo Pinheiro, presidente nacional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR)
Currículo
- Haroldo Pinheiro é arquiteto e urbanista, formado pela Universidade de Brasília (1980). Entre seus principais trabalhos, é autor do projeto e membro da direção da obra de retrofit do Palácio do Congresso Nacional, em Brasília, com supervisão de Oscar Niemeyer
- Também é coautor do anteprojeto de arquitetura e urbanismo para alteração no centro urbano de Brasília – SHN/SDN, com Lúcio Costa
- Atuou em inúmeros projetos e obras com o arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé), fundando, em sociedade, o Instituto Habitat
- Foi presidente nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e membro do Conselho Superior da União Internacional dos Arquitetos (UIA)
- Atualmente é presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR)
Contato: comunicacao@caubr.gov.br / www.caubr.org.br
Créditos foto: Divulgação/CAU
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Bons e maus exemplos ajudam a evitar colapso progressivo
Caso Ronan Point, ocorrido em 1968, em Londres, foi significativo para a engenharia estrutural, assim como o atentado ao prédio do Pentágono, em 2001
Por: Altair Santos
Uma das sumidades nacionais em projetos estruturais, o engenheiro civil Antonio Carlos Reis Laranjeiras cita que o fenômeno conhecido como colapso progressivo é abordado pelas normas brasileiras de forma sumária e sem maiores aprofundamentos. Ele se refere à NBR 9062- estruturas pré-moldadas - e à NBR 6118 - projetos de estruturas de concreto -, que está em processo de revisão. Quando for republicada, em 2013, a nova NBR 6118 será mais abrangente para abordar os cuidados que devem se tomados para se evitar esse tipo de patologia. Porém, enquanto a norma ainda está em fase de elaboração de seu texto final, o que os engenheiros estruturais fazem é se apegar nos bons e maus exemplos para que seus projetos não passem nem perto do risco de sofrer colapso estrutural.
Recentes desabamentos ocorridos no Brasil realçaram a preocupação dos especialistas com o risco de as edificações virem a sofrer esse tipo de patologia. Por isso, atualmente, a segurança estrutural passou a ser tema de um bom número de seminários e palestras. Um dos mais recentes ocorreu no ENECE 2012 (Encontro Nacional de Engenharia Estrutural e Consultiva) onde o engenheiro Justino Vieira explicou que os riscos de colapso progressivo ocorrem, basicamente, em duas situações: na fase de execução da obra, quando o colapso pode se dar por baixa resistência do concreto, retirada prematura do escoramento ou aplicação de técnica inadequada, ou, quando o prédio já está concluído, por erros de projeto ou intervenções de terceiros na estrutura do edifício.
Justino Vieira cita um exemplo emblemático para a engenharia estrutural, que foi o caso Ronan Point. Trata-se de uma edificação construída na região oeste de Londres, que em 1968 teve parte de sua estrutura afetada por um colapso progressivo. Construído com painéis portantes pré-moldados, o prédio foi alvo de explosão de um botijão de gás localizado no 18º andar. Isso causou o desmoronamento em cadeia dos painéis portantes, trazendo abaixo uma parte do edifício. "Foi um acidente que não poderia ter atingido as proporções que atingiu, mas isso ocorreu por que os pilares e as vigas de transição falharam", explica o engenheiro, lembrando que o colapso progressivo está ligado à desproporção entre a causa e o dano final que ela causa a uma estrutura.
A partir do caso Ronan Point, as normas britânicas vieram sofrendo revisões constantes até culminar na BS 5950-2000, que hoje é tida como referência mundial para que construções se protejam do risco de colapso progressivo. Justino Vieira cita ainda que outro bom exemplo contra esse tipo de patologia ocorreu no atentado ao Pentágono, em 2001. O fato de o prédio ter resistido a um ataque aéreo demandou estudos sobre sua estrutura, e que passaram a nortear futuros projetos. "O Pentágono tem tudo de bom que se possa imaginar. Há pilares sistemáticos, harmoniosamente distribuídos, e a estrutura é fortemente porticada. Os pilares principais contêm concreto confinado e a sobrecarga projetada é muito maior do que necessitaria", elogia.
Outro bom exemplo, cita o especialista, está no Empire State Building, em Nova York. "É um prédio de uma robustez enorme. Por quê? Por que há redundância das estruturas. Isso se consegue projetando vigas e pilares pouco espaçados, pensando em vigas contínuas que resistam à torção, em pilares bem confinados e em lajes com armaduras anticolapso progressivo. É com uma boa conectividade horizontal e vertical que se garante a redundância das estruturas e se evita a construção de castelos de cartas", ensina, concluindo que hoje, além de normas mais rigorosas, os engenheiros estruturais têm a tecnologia a seu favor. "Antigamente prevalecia a sensibilidade e o desconfiômetro. Hoje há softwares que avaliam esforços numa amplitude muito maior. Basta saber usá-los bem", completa.
Entrevistado
Justino Vieira, professor na Universidade Federal Fluminense e na PUC-Rio
Currículo
- Justino Vieira é engenheiro civil graduado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) com mestrado pela UFF
- É professor das cadeiras de sistemas isostáticos, estruturas de edifícios e complementos de concreto armado, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio e na UFF
- É associado da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) no Rio de Janeiro.
- Atua na área de projeto de edificações em concreto armado desde 1970 e é sócio da Justino Vieira Monica Aguiar Projetos Estruturais
Créditos foto: Divulgação/ABECE
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Novo forno da Itambé atrai mais visitas à fábrica
Companhia tem programa destinado a clientes, estudantes de engenharia civil e arquitetura, além de associações, sindicatos e institutos ligados à construção civil
Por: Altair Santos
A terceira linha de produção da Cia. de Cimento Itambé, instalada na fábrica de Balsa Nova, na região metropolitana de Curitiba, tem servido também para alavancar o programa de visitas da empresa. Desde a instalação dos novos equipamentos, em 2012, a unidade de produção e a mina receberam 239 pessoas, entre clientes, profissionais da construção e estudantes de engenharia civil e arquitetura. Associações, sindicatos e institutos ligados ao setor também se inscrevem para acompanhar todas as etapas do processo de fabricação de cimento.
O programa formal da Cia. de Cimento Itambé começou em 2005, embora a empresa desde a sua fundação, já levasse clientes e formadores de opinião à fábrica. A visita é agendada previamente, por questões de segurança, e para a preparação dos setores para receber os visitantes. Um assessor técnico faz o acompanhamento, e no início da visita faz uma palestra sobre o processo da fabricação. A Itambé fornece todos os equipamentos de proteção individual e o agendamento é feito através do preenchimento de formulário no site www.cimentoitambe.com.br.
Entre os visitantes que recentemente estiveram na fábrica da Cia. de Cimento Itambé estão os diretores da ASCON Vinhedos (Associação das Empresas de Construção Civil da região de Bento Gonçalves-RS) e da Bento Concretos. "Estivemos em uma comitiva de quinze pessoas e conhecer o novo parque fabril só reforçou para nós a qualidade da Itambé", disse Alan Scomazzon, diretor da Bento Concretos, que usa Cimento Itambé para produzir concreto para pré-moldados, tubos, calhas e galerias.
Para Diogo Parisotto, presidente da ASCON Vinhedos, a visita à Cia. de Cimento Itambé permitiu fortalecer a marca da empresa junto à associação. "Pudemos esclarecer todas as nossas dúvidas e verificar todo o processo de fabricação. Nos foi proporcionado uma troca fantástica de conhecimento. Desta forma, a imagem da Itambé ficou ainda mais fortalecida perante nosso público, pois percebemos a seriedade com que a empresa trata de seus processos, materiais e funcionários", afirmou.
Parisotto afirma que o setor da construção civil na região da serra gaúcha passa por uma fase de crescimento constante. "O mercado na serra gaúcha é um mercado muito eletivo e forte, onde a região se destaca pelas características de imóveis com um padrão de construção muito qualificado. Por isso, a Cia. de Cimento Itambé é uma parceira importante nessa nossa preocupação de crescer com sustentabilidade", comenta o presidente da ASCON Vinhedos, que foi fundada em 1996 e reúne construtoras e incorporadoras, prestadores de serviço, lojas de materiais de construção e indústrias cimentícias.
Entrevistados
- Diogo Parisotto, presidente da ASCON Vinhedos
- Alan Scomazzon, diretor da Bento Concretos
Currículos
- Diogo Parisotto é graduado em administração de empresas pela UCS (Universidade de Caxias do Sul) e pós-graduado na FGV em MBA em Gestão de Negócios Imobiliários e da Construção Civil
- Atua há 17 anos no ramo da construção civil e ocupa o cargo de sócio-diretor da Parisotto Construções
- É presidente da ASCON Vinhedos e diretor do setor da construção civil do CIC (Centro da Indústria e Comércio) de Bento Gonçalves-RS
- Alan Scomazzon é graduado em administração de empresas e há três anos é diretor da Bento Concretos
Contatos: comercial@parisottoconstrucoes.com.br / comercial@bentoconcretos.com.br
Créditos foto: Divulgação/Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Boa comunicação empresarial atrai talentos (Podcast)
Para o especialista Eloi Zanetti, corporações ligadas ao setor da construção civil precisam superar esse desafio para enfrentar a escassez de mão de obra
Por: Altair Santos
Entrevistado
Eloi Zanetti, consultor em marketing, comunicação empresarial e vendas
Currículo
- Eloi Zanetti já ocupou os cargos de diretor de comunicação do Banco Bamerindus e de marketing de O Boticário.
- Foi o idealizador da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, além de conselheiro da Universidade Livre do Meio Ambiente e da TNC (The Nature Conservancy) para o Brasil e da SPVS (Sociedade para a Preservação da Vida Selvagem).
- Escreve sobre marketing, comunicação, criatividade e vendas para vários jornais, revistas e portais especializados.
- É autor dos seguintes livros:
- O Encantador de Clientes
- Técnicas de Montagem & Gestão de Workshop em Vendas
- Administração, Futebol & Cia
- O General que Sabia Ganhar Batalhas
- O Mago Pareto
- Posso Ajudar?
- 31 Dicas Para Não Vender
- O Médico que Não Sabia Fazer Bilu-bilu
- O Nó do Afeto (infantil)
- Ruivão, o lobo bom com cara de lobo mau (infantil)
- Making Of – Como e por que fazer vídeos corporativos
- Mudou Curitiba ou mudei eu?
Créditos foto: Divulgação
Clique no player abaixo e ouça agora um resumo da entrevista. Para ouvir a entrevista na íntegra clique aqui.
Benefícios do coprocessamento são irrefutáveis
Para o setor de cimento, queima de resíduos não representa apenas a substituição de combustíveis fósseis, mas uma ferramenta de gestão de passivos ambientais
Por: Altair Santos
No Brasil, o coprocessamento de resíduos em fornos da indústria de cimento tende a atingir em 2013 a marca de 1,5 milhão de toneladas. A taxa de crescimento, em relação a 2012, será de 10%, como prevê o geólogo Yushiro Kihara, gerente de tecnologia da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). "Ao longo dos últimos anos, notamos o crescimento da utilização de resíduos em fornos de cimento, como combustível alternativo ou substituto de matéria prima. Mantendo-se a taxa histórica, estima-se para 2013 uma evolução do coprocessamento próxima a 10%", diz.
Desde a década de 1980 a indústria nacional de cimento atua com coprocessamento de resíduos. Hoje, o setor é referência internacional, por seu excelente desempenho em termos de emissão específica de CO₂ - equiparável a países como Estados Unidos, União Europeia e Japão. "Essa posição é fruto de um grande esforço das indústrias que realizam, há anos, ações pela redução das emissões, dentre as quais o coprocessamento é a principal ferramenta", destaca Yushiro Kihara.
Isso se deve ao fato de o coprocessamento ter agregado competitividade às cimenteiras. "Ele gera economia de recursos naturais não renováveis, tais como combustíveis convencionais e matérias primas, causando redução significativa dos custos de produção e, como consequência, tornando a empresa mais competitiva", explica o engenheiro Ronaldo Ferrari, gerente de coprocessamento da Cia. de Cimento Itambé, que tornou-se parceira da ABCP num projeto que se propõe a explicar as vantagens ambientais do coprocessamento.
Segundo Yushiro Kihara, entre as alternativas de destinação de resíduos e passivos ambientais, o coprocessamento é o que reúne os melhores benefícios econômicos e ambientais, pois elimina definitivamente os resíduos, preservando jazidas e reduzindo a pegada ambiental das atividades extrativas. Um exemplo emblemático é o que a indústria de cimento faz com os pneus inservíveis - hoje o principal resíduo coprocessado no Brasil. Somente no ano de 2011 registrou-se a recuperação térmica de mais de 45 milhões de pneus utilizados como combustível alternativo para a produção de cimento. "Com isso, presta-se um serviço de saúde pública ao país, ajudando no combate à dengue", alerta.
Atualmente, a indústria brasileira de cimento é composta por 15 grupos, que, juntos, reúnem 81 unidades de produção espalhadas pelo país. Destas fábricas, 52 são dotadas de fornos que possuem tecnologia para coprocessar resíduos e 36 estão licenciadas para operar o coprocessamento. Há a tendência deste número aumentar, haja vista que o setor vem se modernizando e adquirindo fornos dotados de equipamentos específicos, como pré-aquecedores e pré-calcinadores - essenciais para que possam utilizar diferentes tipos de resíduos sem afetar a qualidade do cimento produzido. "Uma das premissas básicas do coprocessamento é não influenciar na qualidade do cimento produzido, além de não causar impactos ambientais significativos, não afetar as condições de saúde e segurança e não causar danos aos equipamentos utilizados na fabricação", frisa Ronaldo Ferrari.
Parceira ambiental
A partir da lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos - aprovada em 2010 e que prevê a extinção dos lixões até 2014 -, a indústria cimenteira tende a se tornar uma grande parceira ambiental do país, como ressalta Yushiro Kihara. "O coprocessamento nos fornos de cimento é uma das alternativas mais eficazes para a destinação ambientalmente correta e segura de grandes volumes de resíduos. A contribuição da indústria tende a se tornar mais significativa após 2014, pois o que se verifica atualmente é que no Brasil se descartam, por dia, 200 mil toneladas de resíduos urbanos e menos de 2% desse volume é reciclado. E mais agravante: quase 40% são lançados no ambiente", cita.
De acordo com Ronaldo Ferrari, a indústria de cimento está preparada para absorver os resíduos passíveis através da tecnologia de coprocessamento. "Trata-se de uma destinação definitiva e mais nobre do que aterros ou lixões", destaca. Já Yushiro Kihara complementa que coprocessar o lixo urbano será o novo estágio do coprocessamento. "Segundo o artigo 1.º da Resolução 264 do CONAMA, é proibido o coprocessamento de resíduos domiciliares brutos, ou seja, não classificados. Mas o coprocessamento de resíduos domiciliares tratados poderá constituir, após a extinção dos lixões, numa excelente opção para amenizar o problema da saturação de aterros municipais. No que depender da indústria cimenteira, ela está pronta para cumprir essa função", finaliza.
Saiba mais sobre coprocessamento: clique aqui
Entrevistados
Yushiro Kihara, gerente de tecnologia da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e Ronaldo Ferrari, gerente de coprocessamento da Cia. de Cimento Itambé
Currículos
- Yushiro Kihara é geólogo graduado pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP (1969), mestre em mineralogia pelo Instituto de Geociências da USP (1973) e doutor em mineralogia e petrologia pelo Instituto de Geociências da USP (1982).
- Atualmente é professor doutor do Instituto de Geociências da USP e gerente de tecnologia da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
- Autor e coautor de 100 trabalhos técnico-científicos publicados em revistas e anais de congressos nacionais e internacionais.
- Ronaldo Ferrari é engenheiro químico, com especialização em gestão em engenharia ambiental
- Ocupa o cargo de gerente de coprocessamento da Cia. de Cimento Itambé.
Contatos: yushiro.kihara@abcp.org.br / ronaldo@cimentoitambe.com.br
Créditos foto: Divulgação/Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Niemeyer transformou concreto em obra de arte
O mais famoso arquiteto brasileiro morre aos 104 anos, deixando um legado de 500 obras espalhadas por todos os continentes
Por: Altair Santos
Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares, ou simplesmente Oscar Niemeyer, deixa como seu principal legado para a arquitetura e a engenharia o fato de ter conseguido transformar o concreto armado em arte. Em As Curvas do Tempo, seu livro de memórias lançado quando ainda era um jovem de 91 anos, ele descreve sua paixão. "De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein", narra, pautando a partir desta frase toda a sua obra.
Com Niemeyer, a densidade do concreto tornou-se leve. É o que se pode constatar no conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte/MG, ou nos verdadeiros palácios que projetou em Brasília/DF. Do Alvorada ao Planalto, passando pelo Congresso Nacional, o prédio do Supremo Tribunal Federal ou pela catedral do Distrito Federal, é possível ver um Niemeyer comprometido com sua paixão pelas curvas e com a funcionalidade dos prédios que idealizou.
Essa característica própria do arquiteto o fez espalhar obras por todos os continentes. Nas cidades contempladas com seus projetos, as construções tornaram-se verdadeiros marcos para a arquitetura local. Calcula-se que cerca de 500 obras assinadas por Niemeyer estejam hoje em algum lugar do mundo. O número tende a crescer mesmo após sua morte, pois ele deixou projetos prontos, cujas construções ainda estão sendo viabilizadas. Não é à toa que o professor e sociólogo Darcy Ribeiro, um de seus melhores amigos, e também já falecido, o definiu com a seguinte frase: “Daqui a 300 anos o único brasileiro conhecido será Oscar Niemeyer”.
Entre as "esculturas" que Niemeyer deixou fora do Brasil, as mais relevantes são as seguintes:
1938 – Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova York (Nova York - EUA) - desmontada
1947 – Sede da ONU (Nova York – EUA)
1947 – Residência de Burton Tremaine (Santa Bárbara – EUA) – projetada
1955 – Museu de Arte Moderna (Caracas – Venezuela) – projetada
1957 – Prédio para a exibição Interbau (Berlim – Alemanha)
1962 – Feira Internacional e Permanente do Líbano (Trípoli – Líbano)
1963 – Universidade de Haifa – pré-projeto (Haifa – Israel)
1966 – Pestana Casino Park (Funchal – Portugal)
1968 – Centro Cívico (Argel – Argélia) – interrompida
1968 - Mesquita de Argel sobre o mar (Argel – Argélia)(projetada)
1968 – Sede da Editora Mondadori (Milão – Itália)
1969 – Universidade Mentouri (1ª etapa) (Constantine – Argélia)
1971 – Sede do Partido Comunista Francês (Paris – França)
1972 – Centro Cultural Le Volcan (Le Havre – França)
1972 – Bolsa do Trabalho (Bobigny – França)
1975 – Sede da FATA Engenharia (Turim – Itália) – projetada
1975 – Escola Politécnica de Arquitetura e Urbanismo (Argel – Argélia)
1975 – Sala Poliesportiva “A Cúpula” (Argel - Argélia)
1980 – Mesquita estadual de Penang (George Town – Malásia)
1981 – Ilha de Lazer (Abu Dhabi – Emirados Árabes Unidos)
1989 – Sede do jornal L’Humanité (Seine-Saint-Denis – França)
2001 – Auditório (Ravello – Itália) - projetada
2001 – Acqua City Palace (Moscou - Rússia) (projetada)
2003 – Pavilhão da Galeria Serpentine (Londres – Reino Unido)
2006 – Centro Cultural Principado de Astúrias (Avilés – Espanha)
2007 – Centro Cultural (Valparaíso – Chile) – projetada
2007 – Universidade de Ciência e Informática (Havana – Cuba ) – inacabada
2008 – Puerto La Musica (Rosário – Argentina)
2010 – Auditório (Ravello – Itália) - projetada
Trajetória
Oscar Niemeyer não foi um gênio precoce. Formou-se engenheiro-arquiteto pela Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, com quase 27 anos. Trabalhou de graça até praticamente os 30 anos e somente aos 33 assinou sua primeira obra relevante: o conjunto arquitetônico da Pampulha, encomendada pelo então prefeito de Belo Horizonte/MG, Juscelino Kubitschek. Ainda pelas mãos de JK, projetou Brasília/DF. Daí em diante, não parou mais. "Tenho vontade de ajudar as pessoas, ser-lhes útil, dividir", se autodefiniu.
Se não bastasse todo o seu legado, Oscar Niemeyer ainda ajudou na evolução da indústria do cimento e do concreto. Exigente com a qualidade do material empregado em suas obras, ele incentivou a criação de normas e especificações cada vez mais detalhadas. Sobre a predileção pelo concreto, a melhor definição que deu foi em uma de suas últimas entrevistas - publicada no começo de 2012 pela revista do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto). "O concreto corresponde a um material especialmente generoso, capaz de oferecer ilimitadas possibilidades ao arquiteto. Ainda mais quando esse se anima em explorar as linhas curvas ou o jogo entre retas e curvas, como é o meu caso", disse.
Confira linha do tempo sobre a vida de Oscar Niemeyer: clique aqui
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Sociedade muda, e com ela as plantas das moradias
Fórmula criada há 150 anos, na Belle Époque francesa, sofre alterações a partir do novo papel da mulher na família e em sua inserção no mercado de trabalho
Por: Altair Santos
O modelo de plantas de habitações, centrado em três áreas - social, íntima e serviços -, predomina em praticamente todo o mundo desde a Belle Époque francesa, há cerca de 150 anos. Em busca de respostas para saber por que esse tipo de construção criou raízes tão profundas na humanidade, o Nomads-USP (Núcleo de Estudos de Habitares Interativos, da Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo em São Carlos) iniciou estudo, ainda em processo de conclusão, o qual aponta que essa formatação de planta tende a sofrer transformações, apesar da resistência do mercado imobiliário.
Segundo o arquiteto Felipe Anitelli, que desde 2007 é pesquisador do Nomads, já há vários indicadores que sugerem que esse conceito de planta não é mais tão eficiente para o contexto cultural e sócio-econômico atual. "Esse modelo tem como forte referência a planta burguesa europeia, difundida e popularizada no século 19. Acho improvável que seja adequado para a sociedade do século 21", diz, afirmando que o comportamento da mulher tem muito a ver com essa tendência de mudança. "A sociedade mudou e os modos de vida são outros. A alteração do papel da mulher na família e sua inserção no mercado de trabalho não cabe mais numa planta moldada de acordo com as demandas da Belle Époque", completa.
De acordo com o mais recente censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) hoje só 48,5% das famílias brasileiras são constituídas por casal e filho(s). A maioria já é composta por casal ou pessoas que moram sozinhas. Isso, constata o Nomads, vem derrubando alguns paradigmas da arquitetura para habitações. Um deles é o fim da estanqueidade funcional entre as áreas social, íntima e de serviços. A queda da parede entre a cozinha e a sala, é uma prova cabal disso. "Antigamente, fazer comida era uma atribuição dos serviçais. Hoje, isso está mais vinculado a lazer e convivência. Por isso, a cozinha migrou para a área social", explica Felipe Anitelli.
Só que o arquiteto do Nomads, que agora aprofunda a pesquisa visitando as capitais brasileiras para perceber as diferenças entre uma região e outra do país, afirma que em algumas cidades - como Porto Alegre e Pernambuco - a tradição de separar a cozinha da sala com paredes e portas ainda persiste. "Pode ser conservadorismo desses mercados. Aliás, os avanços nas plantas poderiam ocorrer de forma mais acelerada se os produtos imobiliários desenvolvidos atualmente por incorporadoras brasileiras ousassem mais", avalia, citando que há ainda poucas construtoras no país que adotam, por exemplo, o modelo de plantas flexíveis.
Isso leva, na maioria das vezes, o próprio comprador a "customizar" o imóvel, transformando quarto em escritório ou sala de TV ou ampliando as zonas íntimas ou sociais de uma habitação. "Portanto, afirmações como 'apartamentos de um, dois e três dormitórios' estão perdendo o sentido. Muitas vezes, dentro do próprio edifício, já é possível encontrar unidades habitacionais que mantiveram a tradição e outras que foram transformadas, rompendo com o paradigma da Belle Époque", conclui o pesquisador da Nomads.
Entrevistado
Felipe Anitelli, pesquisador do grupo de pesquisas Nomads-USP do IAU-USP
Currículo
- Felipe Anitelli é graduado em arquitetura e urbanismo pelo Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto em 2003
- Tem doutorando no Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos (com apoio FAPESP) e mestrado pelo IAU-USP em 2010 (com apoio FAPESP). A temática de estudo do mestrado e do doutorado é o edifício de apartamentos paulistano e brasileiro
- Desde 2007 é pesquisador do grupo de pesquisas Nomads-USP
Contato: felipeanitelli@yahoo.com.br
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Novo Massa Cinzenta valoriza interatividade
Ferramenta de relacionamento da Cimento Itambé transforma-se em portal para seguir como referência ao mercado
Por: Altair Santos
O Massa Cinzenta, ferramenta de relacionamento da Cimento Itambé com clientes, estudantes e profissionais da construção civil, está de cara nova. Nascido em 2001, o blog tornou-se agora um portal com vasto conteúdo. São aproximadamente 1.800 reportagens e podcasts com tendências e temas pertinentes ao setor. "Disponibilizamos informações úteis ao mercado e o grande número de acessos e cadastros ao Massa Cinzenta demonstra que estamos cumprindo este objetivo", afirma Lycio Vellozo, diretor comercial da Cimento Itambé.
A partir de agora, o portal é, desde um canal de relacionamento para quem procura mais suporte ao consumo e à aplicação dos produtos da Cimento Itambé, até uma referência para quem quer estar bem informado sobre construção civil, engenharia, gestão e tecnologia. “O nosso objetivo é oferecer uma plataforma de crescimento contínuo. O Massa Cinzenta não vai parar de crescer e se destacar. Como toda ação de relacionamento, existe uma continuidade no diálogo, por isso novas surpresas serão desenvolvidas no ano que vem (2013)", complementa Lycio Vellozo.
No ar desde 22 de novembro de 2012, o novo Massa Cinzenta traz em seu DNA, segundo afirma Rodrigo Turra - CEO (Chief Executive Officer) da Redirect - parceira no desenvolvimento do portal -, a importante função de ser uma ferramenta de branding e relacionamento da Cia. de Cimento Itambé com o mercado. "É uma máxima antiga, mas verdadeira: não existe boa comunicação sem um bom produto. O conteúdo é uma forma de agregar valor na relação entre marca e cliente. O conteúdo não é uma promessa, é efetivamente uma entrega aos clientes, alimentando um dos pilares mais importantes atualmente: credibilidade e comprometimento", destaca.
Para a reformulação do Massa Cinzenta, o feedback dado por quem já acessava o blog foi fundamental. Por isso, no site, destaca-se uma nova organização das informações. Com uma só consulta, o usuário pode encontrar serviços e diferenciais na relação com a Cimento Itambé, as quais já existiam, mas estavam fracionadas em lugares diferentes. Agregado a essa interatividade está o novo layout - agradável e que privilegia a informação. Além disso, a versão recém lançada também está preparada para ser visualizada em iPad e iPhone pelo browser, e com uma inovação: um aplicativo que auxilia nas decisões de escolha dos produtos da Cimento Itambé.
Cimento Itambé - Agora em embalagem digital
Através do novo Massa Cinzenta também é possível baixar aplicativos para smartphones e tablets, os quais permitem escolher o melhor cimento para cada tipo de construção. Esse serviço pode ser obtido diretamente do portal. Com os dispositivos para Android e iOS (iPhone e iPad), é possível verificar o desempenho de cada tipo de cimento, com base nos ensaios feitos pela Itambé em comparação com as normas da ABNT. O dispositivo ainda apresenta as especificações e a melhor aplicabilidade de cada produto. A Itambé produz cinco tipos de cimento: CP II-F-32, CP II-Z-32, CP IV-32, CP V-ARI e CP V-ARI RS.
Baixe o aplicativo e saiba como usar em sua obra: www.cimentoitambe.com.br/aplicativos
Acesse a home do Massa Cinzenta: www.massacinzenta.com.br
Entrevistados
Lycio Vellozo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé
Rodrigo Turra, CEO (Chief Executive Officer) da Redirect
Créditos foto: Divulgação/Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
IPT tem história intimamente ligada ao concreto
Dos 12 laboratórios do centenário instituto, dois dedicam-se exclusivamente às pesquisas relacionadas com a construção civil
Por: Altair Santos
Fundado em 1899, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) tem no concreto o material mais estudado ao longo de sua história. Até hoje, aliás, a cadeia produtiva do cimento concentra boa parte das pesquisas em seus dois centros voltados a estudos da construção civil: o Centro de Tecnologia de Obras de Infraestrutura (CT-OBRAS) e o Centro Tecnológico do Ambiente Construído (CETAC). Atualmente, o foco desses dois laboratórios está na busca de compósitos de baixo impacto ambiental. "Como exemplo, recentemente estudamos a aplicação de fibras obtidas na reciclagem de plástico residual para obtenção de painéis cimentícios reforçados", explica José Maria de Camargo Barros, diretor do CT-OBRAS.
Vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, o IPT tem um total de doze centros tecnológicos. No entanto, os que se dedicam às pesquisas para a construção são os mais tradicionais. Ao longo deste mais de um século, o instituto se dedica, tanto para o setor público quanto para o privado, a realizar os seguintes estudos:
- Ensaios laboratoriais químicos, físico-mecânicos e microestruturais;
- Coleta e execução de ensaios de materiais básicos de construção civil (como cimento Portland, cal, gesso, revestimento pétreo e agregados);
- Oferta de apoio tecnológico na caracterização de materiais convencionais e não-convencionais envolvidos na fabricação de cimento Portland e cal;
- Realização de dosagem de argamassas e concretos especiais;
- Pesquisas de compatibilidade de aditivos e adições minerais em concreto e atuação em caracterização e estudos de rochas ornamentais, com foco na normalização internacional.
Segundo José Maria de Camargo Barros, as crescentes demandas ambientais levam o IPT a dedicar-se com mais afinco aos estudos do uso de RCD (Resíduo da Construção e Demolição) na construção civil. "Podemos citar o desenvolvimento de cimento de baixo impacto ambiental a partir de finos de RCD. Outro campo de pesquisa é o estudo de aplicação de materiais não convencionais para a produção de cimento Portland, seja como matéria prima alternativa na produção de clínquer seja como adição mineral, empregando-se materiais residuais e subprodutos industriais e agrícolas. Já na cadeia produtiva do concreto, temos dado ênfase ao uso de RCD como agregado. Também as adições minerais têm sido testadas para a produção de concretos, visando um material ecoeficiente, ou seja, concreto com baixo consumo de cimento/MPa de resistência à compressão", relata.
Atualmente, 60% das receitas do IPT se originam de pesquisas, testes e análises técnicas de materiais para indústrias ligadas ao setor privado. O instituto contou em 2012 com um orçamento de R$ 200 milhões e espera incrementá-lo em pelo menos 20% para 2013. Para atrair ainda mais clientes, tem havido maciço investimento no aprimoramento dos laboratórios. Recentemente foi inaugurado um setor voltado ao desenvolvimento da nanotecnologia - área na qual a construção civil também apresenta demandas ao Instituto de Pesquisa Tecnológica.
Confira linha do tempo sobre a história do IPT: clique aqui.
Entrevistado
José Maria de Camargo Barros, diretor do Centro de Tecnologia de Obras de Infraestrutura (CT-OBRAS) do IPT.
Currículo
- José Maria de Camargo Barros é graduado em engenharia civil pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (1976). Possui mestrado (1985) e doutorado (1997) em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
- Recebeu bolsa do CNPq na categoria doutorado-sanduiche (1993/94 - University of Michigan)
- É pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, consultor ad hoc da FAPESP, além de professor titular da Escola de Engenharia Mauá e professor titular e coordenador do curso de engenharia civil da Faculdade de Engenharia São Paulo
Contato: jmbarros@ipt.br / www.ipt.br
Créditos fotos: Divulgação