Uso da internet mede interesse no trabalho

Para especialista, se alguma empresa tem registro de cyberslacking é por que o colaborador que a comete pode estar dando sinais de desmotivação

Por: Altair Santos

Conhecido pelo termo inglês de cyberslacking, o tempo que o colaborador desperdiça na internet tem sido um dos principais problemas relacionados com a baixa produtividade nas empresas. Pesquisa da Triad PS revela que 62,3% dos que têm acesso à rede, dentro das corporações, se perdem em outros assuntos durante a navegação e procrastinam tarefas importantes.

Samuel Pagano: empresas com metas bem definidas não precisam colocar filtros em suas redes.

Para o consultor Samuel Pagano, a culpa não está na internet, mas no nível de interesse que o trabalho desperta no colaborador. Segundo ele, o cyberslacking está relacionado à desmotivação do funcionário. Neste caso, é papel da empresa detectar onde está a falha e estabelecer metas bem definidas de produtividade, que voltem a conectar o indivíduo com sua função. Veja como fazer isso na entrevista a seguir:

Recentemente, a Triad PS revelou pesquisa em que mais de 62% dos entrevistados admitiram se perder na internet, comprometendo a produtividade no trabalho. Como se resolve isso?
Isso se resolve com bom planejamento e metas bem descritas. Cabe à empresa deixar bem claro aos colaboradores que a internet é uma ferramenta para auxiliar na produtividade e para atingir os objetivos da corporação. Caso contrário, a pessoa acaba se dispersando e não atingindo o que foi proposto pela Companhia.

A empresa colocar filtros que impeçam o acesso a determinados sites e redes sociais é uma solução que traz resultado?
Não, principalmente barrando redes sociais. Hoje há muitos clientes sendo atraídos através das redes sociais. Diria que não só clientes, mas colaboradores também. Além disso, atualmente se faz muita pesquisa de mercado usando as redes sociais. Elas foram incorporadas às ferramentas de trabalho, tornaram-se aliadas e filtrá-las é contraproducente.

As empresas que conseguiram aumentar a produtividade, apesar da internet, obtiveram sucesso com quais ações?
Um passo importante se dá na contratação do colaborador. É importante deixar claro qual será o papel do indivíduo na corporação e qual é o intuito da empresa. Assim, quando a pessoa é contratada, ela sabe onde a Companhia quer chegar, quais as metas e como funciona o planejamento.

Como daria para definir o que é cyberslacking?
Cyberslacking está ligada com a desmotivação do colaborador e a perda de foco dentro da empresa. Daí, ele utiliza a internet como uma fuga e isso se torna um vício, que é denominado de cyberslacking. Quais são os sintomas. O mais acentuado é quando o empregado chega na Companhia e, antes de ver os emails, ele mergulha nas redes sociais e deixa de lado o planejamento e as metas da corporação.

Cyberslacking: vício faz com que produtividade seja deixada em segundo plano na corporação.

Quando ocorre cyberslacking em algum setor da empresa, qual o peso da responsabilidade do gestor da área?
É 100%. O gestor tem que nortear a equipe. Ele tem que estar atento e saber qual a necessidade de cada um de seus comandados. E isso se dá com interação, para que ele possa medir o grau de envolvimento do funcionário.

E quando é o gestor quem pratica cyberslacking?
Aí é complicado, pois ele vai perder o controle da equipe, deixá-la desmotivada e isso vai refletir na produtividade. Daí, quem estiver acima dele na hierarquia precisa intervir e, provavelmente, esse gestor vai precisar ser monitorado para ver o grau do vício e quais razões o levaram àquele comportamento.

A pesquisa da Triad PS também mostrou índices altos para "falta de energia para iniciar uma tarefa" (60,4%) e "preguiça" (44,1%). Isso mostra colaboradores pouco comprometidos. Quando é assim, de que forma dá para reverter o quadro?
Uma empresa precisa ter um plano de carreiras para sinalizar ao colaborador que, se ele for produtivo, vai atingir as metas da corporação e, consequentemente, seus objetivos. Caso contrário, o que vai acontecer: quando chegar domingo à noite, na hora do Fantástico, o funcionário vai pensar: meu Deus, amanhã é segunda-feira, tenho que ir trabalhar! Isso é um sinal claro de desmotivação. Então, cabe à empresa fazê-lo encontrar respostas para as seguintes perguntas: por que ele está vindo trabalhar? Por que a empresa precisa dele? O que ele quer fazer com o dinheiro que ganha? Quais as metas pessoais? Onde ele pode chegar dentro da empresa? Tudo isso está contemplado na palavra planejamento. A empresa e seus colaboradores precisam andar de mãos dadas.

Segundo estudo realizado nos Estados Unidos, um colaborador, lá, perde até duas horas de sua carga horária na internet. Será que no Brasil os trabalhadores perdem mais tempo na internet?
Isso está menos vinculado à nacionalidade e mais à produtividade. Vai de cada empresa e de cada indivíduo. Um brasileiro motivado vai produzir mais que um americano desmotivado, e vice-versa. O importante é que, após cumprir sua carga horária, o trabalhador tenha a convicção de que produziu.

Entrevistado
Samuel Pagano, consultor da Triad Consulting e sócio-proprietário da Fábrica de Empreendedores Treinamentos
Currículo
- Samuel Pagano tem formação em marketing e pós-graduação em pedagogia empresarial
- É consultor da Triad Consulting e sócio-proprietário da Fábrica de Empreendedores Treinamentos
Contato: comercial@triadedotempo.com.br
Crédito: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Trem-bala mostra China veloz e Brasil lento

Construção recentemente inaugurada em Pequim revela que burocracia e equívocos operacionais são os maiores obstáculos nacionais em direção às megaobras

Por: Altair Santos

Em 2007, quando o Brasil começou a debater o projeto do trem-bala, a China também pôs em andamento o plano de construir a maior linha de TAV (Trem de Alta Velocidade) do mundo. No final de 2012, os chineses inauguraram o trecho de 2.298 quilômetros, entre Pequim e Cantão, que será percorrido em oito horas a uma velocidade média de 315 km/h. Enquanto isso, o governo brasileiro ainda está na fase do edital de licitação e espera que o leilão ocorra em setembro de 2013. Se, finalmente, tudo correr dentro do prazo, é possível que o trem-bala brasileiro seja inaugurado entre 2019 e 2020, com uma extensão de 511 quilômetros, unindo Campinas/SP ao Rio de Janeiro/RJ, com passagem por São Paulo/SP.

TAV chinês: tecnologia exportada para mais de 10 países.

Diante desta disparidade, a pergunta que se faz é: por que a China consegue construir com tanta velocidade, enquanto o Brasil esbarra nas dificuldades burocráticas e operacionais? Para a ANEINFRA (Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura) que recentemente coordenou um grupo de trabalho sobre o tema, os dois países legislam de forma muito diferente sobre as obras de infraestrutura. O regime de contratação chinês é muito mais simplificado e a legislação ambiental quase inexiste. No caso brasileiro, além das exigências legais, a falta de mão de obra nos organismos que deveriam agilizar os processos licitatórios de infraestrutura é outro empecilho.

Três dos principais ministérios ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento - Transportes, Cidades e Integração Nacional - perderam, desde 2009, 818 analistas de infraestrutura, que são os servidores responsáveis pela elaboração de projetos licitatórios e cronogramas de investimento. Enquanto isso, entre 2008 e 2012, a China Railway Construction Co. - estatal responsável pela malha ferroviária no país - contratou 14 mil engenheiros civis e elétricos. Até 2020, quando o TAV deverá se estender por uma rota de 16 mil quilômetros em território chinês, outros seis mil engenheiros deverão ser contratados. Ou seja, a demanda de mão de obra é outro abismo que separa Brasil e China.

Só no trecho Pequim-Cantão trabalharam 110 mil operários. Por isso, em documento sobre o trem-bala, o Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) alerta que o projeto nacional deverá definir todo o arcabouço que envolverá a megaobra antes de levá-la a leilão. "Caberá estabelecer procedimentos e normas, definir especificações e padrões de controle de construção, operação e manutenção. Todas essas atribuições e responsabilidades são de natureza estritamente técnica", diz o CBT, que conclui: "Projetos detalhados e licitações justas vão certamente implicar na redução de custos da construção e da operação."

Trem-bala consumiu 117 milhões de toneladas de concreto na China.

No TAV Chinês, que já tem 14.813 mil quilômetros construídos, foram investidos o equivalente a R$ 300 bilhões. No Brasil, estima-se que a obra custará R$ 35,6 bilhões. No entendimento de especialistas, trata-se de um custo muito alto para um traçado de 511 quilômetros. Por isso, o CBT defende que se "promova, já na fase da pré-licitação, a realização de estudos mais aprofundados e detalhados do projeto básico, tal como recomenda a prática da boa engenharia em projetos de vulto e tal como aconteceu em casos semelhantes em países que adotam tais sistemas”. É o que diz o trecho do documento do comitê, intitulado "TAV – Presente (quase) perfeito para o futuro".

Além do projeto, da execução e da tecnologia, o trem-bala brasileiro precisará também de uma boa estratégia para o fornecimento do material de construção para a megaobra. Na China, por exemplo, foram consumidos nos trechos já construídos do TAV 48,8 milhões de m3 de concreto e 5,040 milhões de toneladas de aço. O país também desenvolveu know-how para construir o trem-bala. A ponto de hoje exportá-lo para Turquia, Venezuela, Arábia Saudita, Rússia, México, Polônia, Índia, Austrália, Cingapura, Vietnã e Estados Unidos. O Brasil também pode importar essa tecnologia, mas só quando superar todos os obstáculos para ter seu primeiro TAV.

Entrevistados
Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) e ANEINFRA (Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura) (via assessoria de imprensa)
Contatos: www.tuneis.com.br / www.aneinfra.org.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Mercado exige qualidade dos postes de concreto

Brasil tem 21 fábricas certificadas - a maioria nos estados de Paraná e Santa Catarina -, que passaram a aperfeiçoar seus produtos a partir da ABNT NBR 8451:2011

Por: Altair Santos

Programas governamentais, como Luz para Todos, Aceleração do Crescimento e Minha Casa, Minha Vida têm impulsionado o mercado de postes de concreto e, consequentemente, o aprimoramento de sua fabricação. Há dez anos, o Brasil possuía apenas seis empresas certificadas - hoje são 21. A maioria absoluta concentra-se nos estados do Paraná e de Santa Catarina. É em território paranaense onde está também o único certificador do país para esse tipo de artefato de cimento: o OCP LACTEC (Organismo Certificador de Produtos, do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento).

Eustáquio Ferreira, tecnologista e auditor do programa Qualicerti/Lactec/OCP Lactec: organismo certifica os postes no Brasil

Segundo Eustáquio Ferreira, tecnologista e auditor do programa Qualicerti/Lactec/OCP Lactec, o controle de qualidade dos postes segue as seguintes normas: ABNT NBR 12654 (Controle tecnológico de materiais componentes do concreto), ABNT NBR 12655 (Concreto de cimento Portland - Preparo, controle e recebimento) e ABNT NBR 8451:2011 (Postes de concreto armado e protendido para redes de distribuição e transmissão de energia elétrica). Esta, mais recente, e que passou a vigorar a partir de 7 de janeiro de 2012, é considerada um marco para o setor. "Ela trouxe um avanço técnico considerável para a fabricação de postes", diz o especialista.

A grande virtude da nova norma é que ela permite um controle sistemático de toda a matéria-prima utilizada no processo de fabricação de postes, ou seja, agregados, água, aditivos, aço e cimento, além de ensaios de verificação da conformidade do concreto fresco e endurecido. Neste caso, todos os resultados de ensaios preconizados pela ABNT NBR 8451:2011 devem ser atendidos. Tais como: inspeção geral (dimensional, acabamento e identificação), absorção de água, elasticidade (flecha nominal e residual), ruptura, carga vertical, cobrimento de armadura e retilineidade.

Outro aspecto importante trazido pela ABNT NBR 8451:2011 é que ela reativou a fabricação de postes com concreto protendido, o que é uma tendência mundial e no Brasil estava parado há mais de 40 anos por não existir um controle eficaz do processo de produção. "Essa era uma falha enorme no setor", resume o tecnologista e auditor do programa Qualicerti/Lactec/OCP Lactec, lembrando que, a partir da nova norma, os concretos para postes devem atender três classes de agressividade ambiental:

Postes para linha de transmissão: norma recomenda concreto armado ou concreto protendido.

- Classe ambiental II - CA (Concreto armado) 25,0 MPa e CP (concreto protendido) 30,0 MPa.
- Classe ambiental III CA (Concreto armado) 30,0 MPa e CP (concreto protendido) 35,0 MPa.
- Classe ambiental IV CA (Concreto armado) 40,0 MPa e CP (concreto protendido) 40,0 MPa.

Tratam-se de medidas novas para combater as patologias mais comuns aos postes de concreto, que são ataques químicos (cloretos, sulfatos), abrasão e RAA (Reação álcali agregado). "A RAA pode ser mitigada por meio do uso de aditivos minerais, como a pozolana e microsílicas ou sílica. Mesmo assim, a RAA em postes de concreto ainda é um assunto que merece maior investigação através de pesquisas científicas. Já os ataques no concreto por íons cloretos e sulfatos podem ser evitados com a espessura de cobrimento adequado, conforme especificado pela norma ABNT NBR 8451:2011. O objetivo é proteger as armaduras da deterioração e, consequentemente, o rompimento do concreto por fissuração", define Eustáquio Ferreira.

Confira os parceiros da Cia. de Cimento Itambé que fabricam postes: clique aqui

Entrevistado
Eustáquio da Conceição Ferreira, tecnologista e auditor do programa Qualicerti/Lactec/OCP Lactec
Currículo
- Eustáquio Ferreira cursa engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
- É técnico em Química (Escola Técnica Vital Brasil, de Belo Horizonte) e bacharel em Ciências Contábeis (UNICENTRO de Guarapuava-PR) (1989 – 1992)
- Possui experiência de 35 anos em construção de hidrelétricas e PCHs, qualidade de materiais, normatização e certificação de artefatos de concreto.
- Atua como coordenador do comitê de postes, cruzetas de concreto e mourões de concreto.
- É palestrante e coordena o Workshop Qualicerti de artefatos de concreto, realizados na sede do LACTEC, em Curitiba
- Ganhou o Prêmio Liberato Bernardo 2009, do Ibracon, como tecnologista em laboratório de concreto
Contato: eustaquio@lactec.org.br

Créditos foto: Divulgação / CEEE

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Recuperar obra inacabada é superar imprevistos

Equipe destacada para finalizar construção nunca sabe o que poderá encontrar nas estruturas do edifício e, normalmente, é preciso refazer o projeto

Por:Altair Santos
Palácio das Araucárias, em Curitiba: acabamento exigiu materiais leves para não sobrecarregar estrutura.

No final de 2005, um edifício abandonado havia 20 anos teve sua obra reiniciada no Centro Cívico de Curitiba - região que abriga prédios públicos do governo paranaense, além da sede da prefeitura da capital. Inicialmente projetada para abrigar as várias varas cíveis da cidade, a construção passou por uma reforma conceitual e hoje é a sede de algumas secretarias governamentais. Inaugurado em 2007, com o nome de Palácio das Araucárias, o empreendimento é emblemático para a engenharia civil, quando se precisa exemplificar como é preciso estar preparado para imprevistos ao reativar uma obra inacabada.

Para dar vida ao "esqueleto", a Thá Engenharia lançou mão de uma série de tecnologias que, ao mesmo tempo que recuperaram a estrutura de concreto, não a sobrecarregaram. Além disso, foi preciso considerar que o prédio fora abandonado por causa de problemas no projeto. Não havia, por exemplo, estudo do solo onde a construção se localiza. Isso causou desnivelamento das lajes e comprometimento dos pilares de sustentação, que chegaram a ficar com as ferragens aparentes. A solução foi construir uma estrutura auxiliar para o prédio e recuperar a antiga, substituindo barras de ferro e injetando concreto em algumas áreas.

Esqueleto do Palácio das Araucárias: abandonado por 20 anos, prédio tinha ferragens aparentes nos pilares de sustentação.

Revitalizados, os pilares receberam revestimento com ACM (Aluminum Composite Material) para protegê-los de infiltrações e outras patologias. A fachada, que estava fora do nível, foi revestida com granito preso a inserts metálicos. Com isso, chegou-se ao prumo sem expor o edifício à sobrecarga. Outra medida para poupar a edificação de peso excessivo foi retirar o piso de concreto, onde ele estava desnivelado, e substituí-lo por estruturas metálicas, além de construir as paredes internas no sistema drywall e valorizar o vidro na fachada. As limitações que a obra inacabada impunha levaram a Thá Engenharia a adotar conceitos hoje muito comuns aos prédios verdes.

Retomar a construção de prédios inacabados, porém, tem sempre um preço elevado. O resgate do Palácio das Araucárias custou R$ 30 milhões. "Recuperar significa mandar o prédio para a UTI. Ele será curado de uma série de anomalias e os remédios não saem barato. Então, esse tipo de obra sempre terá um acréscimo de custo, sem dúvida alguma", explica Euclésio Manoel Finatti, vice-presidente administrativo do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Paraná (SindusCon-PR). Ele lembra que o setor está sempre atento às edificações inacabadas. "Isso gera desconforto e a recomendação às construtoras é que iniciem uma obra com a certeza de que ela será finalizada", alerta.

Euclésio Manoel Finatti, do SindusCon-PR: prédios inacabados geram desconforto ao setor.

Nesse aspecto, em 1999 a construção civil brasileira sofreu um dos maiores impactos negativos, gerados pela falência da Encol. A empresa deixou 762 prédios inacabados em 64 cidades do país, causando prejuízo a 42 mil compradores. Mais de uma década depois, um bom número desses edifícios já foi entregue e outros estão em processo de retomada das obras. A maioria deles foi encampada por construtoras de pequeno e médio porte, que usaram os incentivos financeiros e fiscais dados pelo programa Minha Casa, Minha Vida para retomar as construções e alavancar seus negócios.

Vale lembrar que, no caso dos prédios inacabados da Encol, eles foram abandonados por falta de recursos e não por falhas nos projetos, o que tornou a recuperação muito mais em conta e com menos imprevistos. "De qualquer forma, um empreendimento parado sempre exige uma avaliação técnica. Não é recomendável retomar uma obra que ficou muito tempo parada sem a análise de um perito", recomenda o engenheiro civil Euclésio Manoel Finatti.

Entrevistado
Euclésio Manoel Finatti, vice-presidente administrativo do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Paraná (SindusCon-PR)
Currículo
- Euclésio Manoel Finatti é engenheiro civil graduado pela PUC–PR e pós-graduado em Engenharia de Produção pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP)
- Também é graduado em Ciências Econômicas pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná
- É diretor e responsável técnico há mais de 26 anos da Braengel – construções e empreendimentos imobiliários Ltda
- Participa há 18 anos da diretoria do SindusCon-PR, do conselho deliberativo do IEP (Instituto de Engenharia do Paraná) e da Federação das Indústrias do Estado do Paraná(FIEP)
- Representa a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) no grupo de trabalho PAC/Trabalhadores da Construção Civil do ministério do Trabalho.
Contato: euclesio@braengel.com.br / braengel@braengel.com.br /www.braengel.com.br

Créditos foto: Divulgação / Júlio Covello / SECS

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Fundos imobiliários atraem pequeno e médio investidor

Em 2012, aplicação foi a que teve maior rentabilidade (35%). Mas é preciso estar atento aos riscos e escolher com cuidado um dos 87 fundos existentes no Brasil

Por: Altair Santos

Os fundos imobiliários negociados na BM&F/Bovespa renderam em 2012, segundo o Ifix - índice que mede o desempenho desta modalidade de investimento, 35,02%. Foi, disparado, o tipo de aplicação que mais retorno trouxe no ano passado. A pujança tem explicação. Com a queda da taxa Selic, os fundos imobiliários passaram a atrair pequenos e médios investidores, que saíram em busca de ganhos maiores para seus recursos. O resultado é que o número de pessoas físicas que recorreram ao investimento quase triplicou em 12 meses. Saiu de 35,2 mil investidores para 96,2 mil.

Sérgio Belleza: fundos imobiliários que operam no país são muito seguros.

Há a expectativa de que mais investidores acabem aderindo a esse modelo de aplicação em 2013. O motivo é simples: os fundos imobiliários tendem a se manter mais lucrativos que outros investimentos, mesmo que não rendam tanto quanto no ano passado. Além disso, os analistas econômicos avaliam que a popularização deste tipo de aplicação está apenas começando e que, por si só, a adesão de novos interessados será suficiente para mantê-la aquecida. Outra tendência é que o número de fundos aumente. No final de 2011, eram 66. Ao término de 2012, foram contabilizados 93 em operação no Brasil.

Atualmente, os fundos imobiliários que atuam no país acumulam patrimônio de R$ 37 bilhões. São recursos investidos em shopping centers, edifícios comerciais, empreendimentos industriais e nos setores hoteleiro e hospitalar. Instalados no Brasil há quase 20 anos (a lei que regulamenta essa modalidade é de junho de 1993) eles funcionam com uma estrutura semelhante aos dos fundos de capitais, só que exclusivamente focados em negócios imobiliários. Atualmente, os lotes mínimos giram em torno de R$ 1 mil a R$ 5 mil. Isso não impede, no entanto, que investidores com maior poder aquisitivo adquiram cotas maiores.

Fundos imobiliários aceitam aplicações a partir de R$ 1.000,00 e estima-se que haja no país quase 100 mil investidores.

Outra vantagem dos fundos imobiliários é a isenção de Imposto de Renda para o investidor que tenha menos de 10% de participação no capital total do empreendimento, o que abrange quase a totalidade das pessoas físicas que buscam esse tipo de investimento. Além disso, a depreciação do imóvel é controlada pelo administrador, o que permite que ele possa vender o empreendimento e comprar ativos imobiliários de construções mais novas, e que mantenham a rentabilidade dos cotistas. Em 2012, a rentabilidade da aplicação girou de 0,65% a 0,70% ao mês, superando todos os investimentos de renda fixa.

O portfólio de imóveis ofertados no Brasil e a segurança da aplicação são outras virtudes dos fundos imobiliários. "O brasileiro tem como premissa a segurança no investimento em imóveis. Com relação aos fundos imobiliários que operam no país, eles são muito seguros, pois não é permitido que eles tomem recursos emprestados para a compra de um imóvel, utilizando somente recursos próprios. Além disso, contam com os mesmos órgãos de regulamentação e fiscalização do mercado de ações: CVM, Banco Central, ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e BM&F/Bovespa", explica o especialista Sérgio Belezza Filho.

Confira os fundos imobiliários que mais atraíram negócios em 2012: clique aqui

Entrevistado
Sérgio Belezza Filho, sócio e diretor da empresa Fundo Imobiliário - Consultoria de Investimentos Ltda
Currículo
- Sérgio Belezza Filho é sócio e diretor das empresas Fundo Imobiliário Ltda. e Ticker – Agente Autônomo de Investimentos Ltda
- É professor-convidado do FGV-PEC (Programa de Educação Continuada da Fundação Getúlio Vargas) no módulo de Investimentos Imobiliários, além de palestrante
- Criou o website Fundo Imobiliário - Investimento Concreto (www.fundoimobiliario.com.br)
- É membro da Comissão Consultiva de Produtos Financeiros Imobiliários do SECOVI-SP e consultor de Valores Mobiliários e Agente Autônomo de Investimentos, com registro na CVM
Contato: sergio@fundoimobiliario.com.br / www.fundoimobiliario.com.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Varandas de prédios precisam de cuidados especiais

Estruturas têm a tendência de serem vulneráveis a patologias, principalmente quando o morador decide promover intervenções sem avaliação técnica

Por: Altair Santos

Em 2008, o edifício Dom Gerônimo, na cidade de Maringá - localizada no noroeste paranaense - sofreu um colapso progressivo de varandas instaladas em 15 pavimentos do prédio. Houve uma combinação de falha de execução com falta de manutenção, que culminou com o desabamento das sacadas. As construções ficaram vulneráveis a infiltrações, permitindo a corrosão das ferragens.

Valmir Luiz Pelacani: norma de desempenho trará mais segurança às varandas.

Com isso, a marquise instalada sobre a varanda do 15º andar desabou, causando um efeito dominó sobre as demais estruturas, que foram construídas em sistema de balanço.

O acidente desencadeou uma série de inspeções prediais na cidade. Finalizado o trabalho, em 2009 constatou-se que aproximadamente 50% das marquises dos prédios em Maringá continham patologias que colocavam em risco a vida útil das estruturas e ameaçavam os usuários dos apartamentos e os pedestres. O problema levou à aprovação de uma lei municipal que passou a obrigar vistorias periódicas nas varandas, sacadas e marquises dos edifícios, além de impor limites às transformações que os moradores normalmente costumam fazer nessas estruturas - por vezes agregando-as às áreas úteis do apartamento.

Varanda em apartamento, com inclusão de churrasqueira e muretas divisórias: sobrecarga.

A partir da NBR 15575 (norma de desempenho) prevista para entrar em vigor em março de 2013, a expectativa dos engenheiros-peritos é que esse tipo de "agressão" às estruturas de varandas e sacadas seja feita seguindo orientações técnicas. "A partir da norma de desempenho, as construtoras deverão entregar manuais aos moradores, especificando como usar, como operar e como intervir, se for o caso, na área comum e na área privativa do prédio. Esse manual será semelhante ao que acompanha os veículos novos, em que o comprador é orientado sobre as revisões e o que pode ou não fazer no carro", alerta o engenheiro civil Valmir Luiz Pelacani.

O especialista lembra que toda varanda é projetada para receber uma sobrecarga de segurança. Se a estrutura for do tipo em balanço, o cuidado deve ser redobrado quanto à mudança no seu uso. "Alterar o uso da sacada, agregando-a ao ambiente de uso interno do apartamento, como a sala, por exemplo, pode incorrer em risco à estrutura. Qualquer mudança de uso das varandas deve ser precedida de cálculo e análise de profissional devidamente habilitado", destaca o perito, que prestou assessoria técnica para a elaboração da lei municipal que existe em Maringá.

Marquise e varandas que desabaram em edifício de Maringá, em 2008.

Valmir Luiz Pelacani cita que, dependendo da estrutura da sacada, até “spliters” de ares-condicionados podem sobrecarregá-la. No caso de instalações de vidros laminados do tipo “blindex” sobre os peitoris das varandas, trata-se de um procedimento que depende de estudo para ver se a estrutura suporta o peso do vidro temperado (geralmente acima de 10 mm de espessura).

Mas o que mais causa apreensão é quando um morador decide quebrar paredes para unir a sacada à sala. "É necessário avaliar se é possível efetuar a abertura no local desejado sem que ela abale os elementos estruturais de concreto. Saliento que as paredes em alvenaria autoportante (blocos de concreto celulares ou vazados) não devem sofrer aberturas sem participação antecipada do profissional responsável pelo cálculo estrutural. Via de regra, jamais deve ser aberto parede com este tipo de alvenaria autoportante", ressalta o engenheiro-perito.

Patologias mais comuns

Vista de aberturas em alvenaria de blocos de concreto para agregar a varanda à sala: procedimento perigoso.

- O problema mais comum encontrado em varandas, principalmente as com estruturas em balanço, concentra-se no acúmulo e infiltração de água.

- Se a varanda, sacada ou marquise acumula água em local não projetado (ralo e tubulação de drenagem de água pluvial) é sinal de risco à estrutura (corrosão e perda da resistência das ferragens pelo efeito químico conhecido como “pilha”).

- Outro risco está relacionado à falta de manutenção, o que pode causar a soltura de rejuntes dos pisos ou a trinca do cimentado, comprometendo o sistema de impermeabilização e levando à instabilidade da estrutura em concreto armado.

- Não raramente podem ocorrer também colapsos por falha de projeto, sobrecarga de utilização (peso em excesso) ou aumento de dimensões do ambiente sem a devida readequação do projeto estrutural (agregá-la à área interna).

Poça de água em marquise de prédio.

 

 

 

 

 

 

 

Entrevistado

Valmir Luiz Pelacani, engenheiro-perito e membro titular do IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia)
Currículo
- Valmir Luiz Pelacani é graduado em engenharia civil pela Universidade Estadual de Maringá (1985)
- É membro titular do IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia)
- Foi professor da UEM (1990) e do CESUMAR (Centro Universitário de Maringá) (2010 e 2011)
- Atua como diretor da AEAM (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Maringá)
- É autor dos livros "O Perito Judicial e o Assistente Técnico" e "Responsabilidade Civil na Construção"
Contato: pelacani@creapr.org.br

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Novo Maracanã tem amortecimento inédito no mundo

Estádio usa sistema contraforte para suportar a vibração das arquibancadas, as quais foram projetadas para receber quase 80 mil espectadores

Por: Altair Santos

Em vez de utilizar tecnologia convencional de amortecimento, que imita a aplicada nos veículos, os engenheiros responsáveis pelos cálculos estruturais do novo Maracanã executaram um sistema de contraforteusando resíduos de demolição do estádio antigo, além de material bota-fora e terra das escavações feitas no local da obra. A inovação consiste em uma enorme piscina de concreto preenchida com entulhos, que foi instalada na parte mais baixa das arquibancadas. O mecanismo compensa a carga vertical que virá a ser gerada quando o Maracanã estiver lotado, sejam em partidas de futebol, shows ou outros eventos.

João Luís Casagrande: projeto do novo Maracanã vai suportar o dobro da vibração exigida para um estádio de futebol.

Segundo o projetista João Luís Casagrande, da Casagrande Engenharia - responsável pelos cálculos estruturais da obra -, essa é a primeira vez no mundo que o sistema contraforte é usado na construção de um estádio. "A tecnologia que utiliza amortecedores semelhantes aos usados nos veículos, como o que foi aplicado no Mineirão, tem um problema que é o custo da manutenção. De tempos em tempos é preciso trocá-lo. Já com o contraforte, ele é definitivo. Além disso, permitiu assentar parte das arquibancadas pré-moldadas sobre estruturas de aço, ganhando prazo para que o Maracanã fique pronto para a Copa das Confederações (torneio que ocorre em junho de 2013)", diz.

João Luís Casagrande explica que o contraforte instalado na base das arquibancadas do Maracanã funciona como a borda de uma piscina, ou seja, as vibrações que virem a ser geradas pelos 78.639 torcedores que caberão no estádio serão contidas pela grande estrutura de concreto, preenchida com entulhos, que circunda a obra. Assim, o novo Maracanã vai suportar até 6 Hz (hertz) de frequência - normalmente, o máximo exigido para estádios é 3 Hz. Outra vantagem desse sistema de amortecimento é que ele permitiu que as estruturas metálicas que sustentarão as arquibancadas do anel intermediário fossem concebidas com uma massa mais leve. "Consequentemente, o custo da obra reduziu", avalia o engenheiro.

Maracanã: primeiro estádio do mundo a usar contraforte como sistema de amortecimento.

Previsto para ser inaugurado em março de 2013, o novo Maracanã apresenta números dignos de uma megaobra. A área construída envolve 203.462,60 m², enquanto o volume de concreto chega a 31.500 m³ - equivalente a 220.500 sacos de cimento. Já a estrutura de aço empregada para sustentar parte da arquibancada pesa 7.200 toneladas. "A grande vantagem deste novo estádio é que a manutenção dele será mais barata. Em qualquer arena, o custo da construção, em relação à vida útil da obra, representa 40%. O mais caro é a manutenção, e no Maracanã a economia, depois que ele ficar pronto, será significativa", afirma João Luís Casagrande.

Entrevistado
João Luís Casagrande, projetista do novo Maracanã e sócio da Casagrande Engenharia

Currículo
- João Luís Casagrande é graduado em engenharia estrutural pela Universidade Santa Úrsula-RJ, em 1997
- Possui mais de 400 projetos desenvolvidos no Brasil. Além do Maracanã, atua nas obras de arte do Arco Metropolitano, também no Rio de Janeiro
- Também projetou construções fora do país, como a Universidade de Abuja, na Nigéria, e a Usina Hidrelétrica de Inga II, na Republica Democrática do Congo

Sistema de amortecimento foi preenchido com terra e entulhos da própria demolição do antigo Maracanã.

Contato: jlcasagrande@cagen.com.br / www.cagen.com.br

Créditos foto: Divulgação/Casagrande Engenharia

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Construção civil consegue desonerar mão de obra

Para abrir mais vagas nos canteiros, governo federal lança pacote que reduz tributos sobre a folha de pagamento das construtoras

Por: Altair Santos

A partir de março de 2013, a construção civil será beneficiada pelo pacote lançado no final de 2012, e que, a exemplo do que já havia ocorrido com outras áreas produtivas da economia nacional, desonera a folha de pagamento do setor. A medida, baixada pelo Ministério da Fazenda, beneficia principalmente as construtoras e os prestadores de serviço vinculados ao setor habitacional. A proposta é que seja reduzida de 6% para 4% a alíquota do Regime Especial de Tributação (RET) Social e de 20% para 2% a contribuição sobre o faturamento bruto da empresa, recolhida ao INSS. "O setor é responsável por quase metade do investimento que nós fazemos no país. Portanto, estimular a indústria de construção é estimular o investimento no país”, justificou o ministro Guido Mantega, no dia do lançamento do pacote.

Ministro Guido Mantega: desonerações devem aliviar folha em quase R$ 3 bilhões.

Para que as novas regras entrem em vigor, é preciso que a medida provisória enviada pelo governo ao Congresso Nacional seja votada até 4 de março na Câmara e no Senado. Para orientar as construtoras, a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) distribuiu circular explicando o que muda com os novos procedimentos tributários, e que pretendem também destravar a construção de imóveis para a faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, cujo teto é de R$ 76 mil. Essa foi uma reclamação permanente do setor em 2012, para o qual tornou-se inviável investir mais no MCMV e, consequentemente, prejudicou um crescimento maior da construção civil. "Agora, volta a ser interessante investir na faixa 1", observou Paulo Safady Simão, presidente da CBIC.

Junto com o pacote, a Caixa Econômica Federal vai disponibilizar R$ 2 bilhões para financiar projetos de pequenas e médias construtoras, com faturamento anual até R$ 50 milhões. Para a CBIC, as medidas poderiam também incluir o aumento no limite do uso de FGTS para o financiamento de unidades habitacionais. Hoje, esse valor é de R$ 500 mil, mas o setor quer que ele passe a R$ 750 mil. Já a Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) para quem 2012 representou um crescimento de 2% - contrariando a projeção de 4,5% -, a expectativa é que em 2013 o seguinte cenário se consolide: mais desonerações, mais investimentos em projetos de infraestrutura, maior volume de créditos com juros baixos e intensificação das obras para a Copa do Mundo. "Era o que desejávamos para 2012, mas fica para 2013", disse o presidente da Abramat, Walter Cover.

Com as reduções nas alíquotas de RET e de INSS, a construção civil deixará de pagar R$ 2,8 bilhões de tributos que recaem sobre a mão de obra. Dentro da cadeia produtiva, a decisão governamental só desagradou as empresas incorporadoras - responsáveis pela venda dos imóveis - e o chamado setor pesado da construção civil, aquele voltado para obras de infraestrutura. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon) Brasília perdeu a chance de baratear as grandes obras de que o país precisa. Além disso, desperdiçou a chance de obrigar muitas empresas que terceirizam mão de obra com outras subempreiteiras, que nem sempre recolhem os impostos corretamente, inclusive o FGTS dos trabalhadores, a passarem a pagar o que está na lei. "Desta forma, a concorrência entre as empresas ficaria mais equilibrada e competitiva, baixando o custo das obras", avalia o Sinicon.

Entrevistados
CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) e Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada) via assessoria de imprensa
Contatos: comunica@cbic.org.br / abramat@abramat.org.br / sinicon@sinicon.org.br /

Créditos foto: Wilson Dias/Abr

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Bactéria pode dar "imortalidade" ao concreto

Desenvolvido na Holanda, organismo promove a regeneração do material e pode ser a solução para a corrosão que ataca as tubulações da rede de esgoto

Por: Altair Santos

Na Universidade Técnica de Delft, na Holanda, pesquisadores desenvolveram um tipo de bactéria - proveniente da Bacillus Subtilis - que promove o processo de "autocura" do concreto. O organismo, criado para se desenvolver exclusivamente no concreto, produz calcário e entra em ação quando em contato com a água, evitando a corrosão do material.

Henk Jonkers mostra reação da bactéria dentro do concreto, quando em contato com a água: material se regenera.

Desenvolvido pelo microbiologista Henk Jonkers e pelo engenheiro especialista em materiais de construção, Eric Schlangen, a expectativa é que em três anos já possa ocorrer as primeiras incursões do produto no mercado.

Em laboratório, a bactéria consertou rachaduras de 0,5 milímetro de largura. Agora, o desafio dos pesquisadores é saber em quantos tipos de concreto o organismo reage positivamente. Outro objetivo é como agregar o agente no material sem que ele eleve demasiadamente o custo. Nos testes, o preço de fabricação ficou 50% mais caro que o normal. Uma das apostas dos cientistas holandeses é que esse alto valor se pague ao longo da vida útil da construção, já que a nova descoberta praticamente garante "imortalidade" ao concreto.Para o engenheiro civil José Marques Filho, vice-presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) pelo que foi apresentado na Universidade Técnica de Delft as perspectivas são positivas quanto ao potencial de reparo das bactérias. Para ele, é possível que a melhor empregabilidade da novidade se dê na fabricação de tubos de concreto para o saneamento básico das cidades. "Pelos primeiros resultados, seriam úteis em tubulações com fissuração moderada", avalia.

Atualmente, uma tubulação de concreto para as redes de esgoto das cidades - se fabricada dentro das normas técnicas - é projetada para durar até 50 anos.

José Marques Filho: tubulações carregadas de enxofre são mais suscetíveis à corrosão.

Isso depende também de manifestações patológicas externas, que podem ser geradas por recalques diferenciais ou aplicação de esforços superiores à capacidade de resistência dos artefatos. No entanto, hoje o maior inimigo das tubulações é uma outra bactéria: a Thiobacillus Concretivorus, ou “bastonete de enxofre”, que tem ação contrária à da Bacillus Subtilis. Ela corrói o concreto.

Segundo José Marques Filho, pelo que foi divulgado da pesquisa holandesa, os resultados não permitem afirmar se a nova bactéria teria capacidade de combater a Thiobacillus Concretivorus, que se desenvolve na rede de esgoto e reage com o concreto, elevando seu PH.

A consequência é a perda de resistência, da coesão dos agregados e da estabilidade do material. "Hoje os estudos mostram que quanto mais enxofre houver nos efluentes, mais danoso ele é para o concreto e mais propício o ambiente para a proliferação do bastonete de enxofre", afirma o vice-presidente do Ibracon.

Concreto com a bactéria derivada da Bacillus Subtilis: mercado aguarda a nova descoberta.

Por isso, os estudos para minimizar esse problema são recorrentes - inclusive nas universidades brasileiras. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR) onde José Marques Filho atua dentro do departamento de hidráulica e saneamento do curso de engenharia civil, são constantes as pesquisas em torno do combate à corrosão e da durabilidade do concreto aplicado em artefatos usados na rede de esgoto. Para o engenheiro, a médio prazo o mercado terá soluções muito eficientes nesta área, seja através da autocura do concreto ou da utilização da nanocompósitos no material. "As pesquisas nos deixam muito animados", finaliza.

Entrevistado

José Marques Filho, vice-presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto)
Currículo
- José Marques Filho é graduado em engenharia civil pela Universidade de São Paulo (1980), com mestrado em engenharia civil pela Universidade de São Paulo (1990) e doutorado em engenharia civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005)
- Atualmente é engenheiro civil consultor da Companhia Paranaense de Energia (Copel), vice-presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) e coordenador da comissão de concreto, do Comitê Brasileiro de Barragens
- É professor-adjunto da Universidade Federal do Paraná, com especialidade nos seguintes temas: concreto, barragens, CCR, laboratório de concreto e caracterização
Contato: jmarques@copel.com

Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Assessoria técnica da Itambé bate recorde de visitas

Serviço prestado exclusivamente aos clientes da Companhia fortalece parcerias e melhora qualidade de produtos como concreto, pré-moldados e artefatos de cimento

Por: Altair Santos

Em 2012, as assessorias técnicas prestadas pela Cia. de Cimento Itambé estabeleceram um número recorde de atendimentos desde que a empresa criou o departamento, em 1995. Houve visitas a 50 clientes em toda a região sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) superando a marca de 2011, que havia sido de 40 assessorias. Na média de dez anos, a Itambé tem atendido 35 parceiros anualmente - boa parte deles atuando no mercado de concreteiras, pré-moldados e artefatos de cimento.

Equipe de assessoria técnica: criada em 1995, ela ajuda a melhorar a qualidade dos produtos que levam Cimento Itambé.

A vocação da Cia. de Cimento Itambé é voltada aos clientes industriais, para quem ela vende cimento na modalidade a granel. No entanto, recentemente, a assessoria técnica passou também a atender pequenas construtoras e clientes dos revendedores de Cimento Itambé, que são as microempresas de artefatos, e que, eventualmente, pedem auxílio para aprimorar seus processos de fabricação. Para esses parceiros também é disponibilizado o programa Timão, voltado para o aprimoramento da mão de obra dos profissionais que atuam na cadeia produtiva da construção civil.

A equipe da assessoria técnica é acionada quando o assessor comercial da empresa sente que o cliente está com dificuldades ou quando o próprio cliente, através do site da Itambé ou pelo telefone 0800419002, requer o serviço. “Tornar nosso cliente competitivo, fabricando produtos de qualidade e com custo controlado, fortalece nosso relacionamento e estabelece uma cumplicidade que é sentida principalmente nos momentos em que a Itambé tem que enfrentar seus concorrentes”, explica o engenheiro civil Lycio Vellozo, diretor comercial da Itambé.

O serviço de assessoria técnica é exclusivo para clientes Itambé. Os assessores comerciais detectam a necessidade dos parceiros e agendam, juntamente com os assessores técnicos, o período da realização dos trabalhos. Indo ao local, os especialistas acompanham o processo produtivo e detectam onde o cliente precisa melhorar para usar todo o potencial do Cimento Itambé e de outros materiais. De forma geral, cada etapa é realizada em três dias e o serviço é inteiramente gratuito.

Atualmente, a pedido dos próprios clientes, a assessoria técnica da Cia. de Cimento Itambé passou a orientá-los também sobre a disposição dos equipamentos de produção (layout), a ampliação do parque industrial e o uso de novos materiais e tecnologias. No entanto, a maior parte dos serviços está relacionada a dosagens de concreto para os produtos que os clientes fabricam, além de dosagens de argamassa, ensaios de cimento, controle tecnológico do concreto, ensaios de agregados, acompanhamento e avaliação do processo produtivo e apoio técnico em processos de certificação.

Entrevistado
Lycio Vellozo, diretor comercial da Itambé
Contato: www.cimentoitambe.com.br
Créditos foto: Divulgação/Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330