Compatibilizar projetos reduz custo da obra em até 10%
Ferramenta multidisciplinar abrange todas as áreas envolvidas em uma construção, mas precisa que um especialista esteja liderando o processo
Por: Altair Santos
O termo é pouco conhecido pelos não especialistas, mas a chamada compatibilização de projetos de engenharia é tendência em crescimento na construção civil. O motivo é simples: a construção de qualquer edificação exige uma série de projetos – topográfico, estrutural, hidrossanitário, elétrico, de refrigeração, arquitetônico, entre outros. Na maior parte dos casos, esses projetos são feitos separadamente, o que aumenta as chances de conflito se o problema for identificado apenas durante a obra. Isso exige alterações de última hora ou até a quebra de estruturas já construídas para adaptação. A compatibilização consiste justamente em sobrepor da melhor forma possível todos os projetos antes do início da construção, evitando o retrabalho.
Compatibilizar projetos requer investimentos que podem representar de 1% a 1,5% do custo da obra, mas gera diminuição de despesas que varia de 5% a 10% desse mesmo custo. Além de reduzir o tempo gasto no canteiro de obras, os ganhos são garantidos pela redução do desperdício e eliminação do retrabalho. A previsibilidade também garante diminuição do desperdício de material e conquista de tempo durante as obras. “O importante é que haja organização das ações e preocupação com a gestão dos processos para garantir que o tempo gasto na compatibilização seja o mínimo necessário para um bom trabalho”, diz a arquiteta Patrizia Chippari, que na entrevista a seguir detalha como funciona essa ferramenta multidisciplinar. Confira:
O que é a compatibilização de projetos?
A compatibilização é feita pela sobreposição dos desenhos dos diversos projetos necessários para uma obra. O processo de compatibilização é multidisciplinar e envolve, além do projeto arquitetônico, os diversos projetos de engenharia. É, portanto, uma atividade que tem como resultado a integração das interfaces entre os projetos do edifício, com o objetivo de resolver com sucesso os problemas históricos da fragmentação dos projetos no setor de edificações e reduzir - ou até eliminar - alguns dos seus principais problemas: as interferências físicas e perdas de funcionalidade, que geram retrabalho no canteiro de obras, decorrentes da incompatibilidade de projetos. A intenção do trabalho é detectar e corrigir falhas relacionadas às interferências e inconsistências físicas entre os vários elementos da obra, visando o perfeito ajuste entre os projetos com o objetivo de minimizar os conflitos existentes, simplificando a execução, otimizando e racionalizando os materiais e o tempo de construção.
Seria possível citar exemplos?
Se o projeto arquitetônico contempla uma pérgola metálica atirantada como solução de cobertura para o terraço de um apartamento, o projeto estrutural também deve contemplar reforços nas vigas de concreto que sustentarão os tirantes dessa cobertura metálica. Na obra, essa solução seria impossível. Outro exemplo: promover a interface entre o projeto hidrossanitário e o estrutural. É muito comum que uma tubulação hidráulica que caminha na horizontal encontre uma viga de concreto. Na fase de projeto é perfeitamente possível desviar essa tubulação ou prever uma furação na viga de concreto. No canteiro de obras, solucionar essa falta de compatibilidade certamente acarretará em custos não previstos. Outro exemplo é a escolha antecipada do tamanho do piso cerâmico que será utilizado nos banheiros e sua compatibilização com a posição do ralo. Se a interface for pensada corretamente, o ralo ficará posicionado exatamente na quina de um piso cerâmico, evitando cortes desnecessários na cerâmica e desperdício de material, além da garantir um efeito estético muito melhor.
Quais as vantagens da compatibilização de projetos?
As principais são:
- Permite antever os problemas e retrabalhos que aconteceriam no canteiro de obras, frutos da falta de compatibilidade entre os projetos.
- Possibilita rever soluções, ainda na fase de projeto, que façam com que os problemas relatados acima não aconteçam e, com isso, o custo previsto da obra se mantenha.
- Após a compatibilização, todos os projetos são detalhados, inclusive o arquitetônico, permitindo que o orçamento da obra seja feito com uma ordem de grandeza bem próxima ao real, e não de forma estimativa.
- Garante que o projeto arquitetônico seja executado de acordo com o que o arquiteto idealizou, sem alterações da sua concepção durante a obra por conta da falta de compatibilidade.
- Permite a interferência do incorporador em todas as decisões técnicas de cada projeto, que influenciarão diretamente o custo da obra e, consequentemente, suas margens de lucro.
- Melhora o controle dos prazos de uma obra.
No Brasil, a compatibilização já é usual em que tipo de obras?
A compatibilização é uma prática que começa a ganhar espaço no Brasil. Por enquanto, é usada principalmente em edifícios residenciais e comerciais.
Normalmente, qual o perfil do profissional contratado para fazer a compatibilização de projetos e como ele opera isso?
O profissional responsável pela compatibilização de projetos precisa ter sólidos conhecimentos na área de projetos e ter capacidade de organização para gerir o trabalho de diferentes profissionais ou equipes. Ele será o responsável por coordenar a atuação dos projetistas e coordenar todas as alterações necessárias para garantir que a sobreposição de todos os projetos ocorra da forma ideal.
As construtoras brasileiras já estão atentas à vantagem da compatibilização ou ainda são poucas que a praticam?
Essa é uma prática crescente. À medida que conhecem os benefícios da compatibilização (diminuição do retrabalho, economia de material, maior controle de prazos e orçamento) mais e mais construtores aderem a ela.
Na média, as obras no Brasil costumam sofrer atraso no cronograma. Por quê?
Uma das causas mais comuns de atraso nas obras é o surgimento de imprevistos que exigem adaptações inesperadas no canteiro de obras. A compatibilização garante o fim dessas “surpresas”. Além disso, boa parte das razões de atrasos em obras advém da falta de um planejamento adequado. Nesse sentido, pode-se dizer que o planejamento do desenvolvimento dos projetos, em sintonia com o cronograma, tem um papel significativo no controle do cronograma da obra.
Como o profissional da construção civil se especializa em compatibilização de projetos, há cursos?
Há inúmeros cursos de gestão de projetos em que se trata da questão da gestão de forma abrangente. A compatibilização de projetos é um item e, nesse caso, não há curso específico.
Além de arquitetos e engenheiros, há outros profissionais que podem se especializar em compatibilização de projetos?
O profissional compatibilizador deve ter o olhar treinado e conhecimento das soluções técnicas que envolvam um projeto executivo. Além disso, é necessário estar cercado de ferramentas de gestão eficientes que garantam a administração dos recursos humanos e prazos envolvidos conforme o planejamento. Por isso, o comum é que o trabalho seja executado por arquitetos ou engenheiros.
Entrevistada
Patrizia Chippari, sócia e diretora da Espaço Livre Arquitetura
Currículo
- Patrizia Chippari é graduada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Mackenzie (SP)
- Em 2004, idealizou uma empresa que ofereceria não somente o projeto arquitetônico, mas também a compatibilização com os projetos de engenharia e o gerenciamento do seu desenvolvimento. Escolheu Florianópolis como sede, em razão da demanda por profissionais qualificados para fazer parte do momento histórico de expansão da cidade
- Desde então, é sócia e diretora da Espaço Livre Arquitetura, que já desenvolveu mais de 45 projetos de arquitetura, corporativos e residenciais. Conta atualmente com uma equipe qualificada para a gestão e compatibilização de projetos de engenharia, capaz de aliar técnica à estética, oferecendo projetos de arquitetura de qualidade, sempre respeitando as necessidades e prazos do cliente
- Em 2012, a Espaço Livre organizou um curso in company em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre gestão de projetos, justamente para garantir a eficiência dos processos internos e garantir o cumprimento de prazos
Contato: contato@espacolivre.arq.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Trincas, fissuras, fendas e rachaduras exigem cuidado
Em alguns casos, são sintomas que não oferecem risco à obra. Mas, dependendo do local onde surgem, podem sinalizar que há patologias nas edificações
Por: Altair Santos
Não é raro construções apresentarem trincas, fissuras, fendas ou rachaduras. Algumas passam despercebidas de quem utiliza o imóvel; outras, não. Mas a questão é: quando elas precisam ser tratadas como patologias estruturais, e necessitam do acompanhamento de um engenheiro civil, e quando estão mais relacionadas à manutenção da edificação, causando apenas desconforto estético? No entender do engenheiro civil Paulo Helene, professor-titular da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) e diretor da PhD Engenharia, trincas e rachaduras se enquadram no termo técnico fissura. Destas, as ativas progressivas é que, na maioria das vezes, devem ser qualificadas como graves. A causa, em geral, ocorre por recalques - excesso de carga.
Já as fissuras passivas ou mortas e as ativas estacionárias, explica Paulo Helene, são graves quando superam aberturas de 0,3 mm a 0,4 mm (milímetros). "Do ponto de vista prático ou do usuário, grave é qualquer fissura que cause infiltrações ou desconforto estético ou psicológico. Do ponto de vista estrutural, 99% das fissuras não causam qualquer redução da capacidade resistente das estruturas, ou seja, poderiam ser desprezadas. No entanto, se não tratadas, no longo prazo podem dar origem à corrosão do aço das armaduras e essa corrosão pode vir a reduzir a capacidade resistente da estrutura", diz o professor, qualificando fissura como sintoma, e não como manifestação patológica. Ele também alerta que nenhuma obra, por melhor construída que seja, está livre de, ao longo de sua vida útil, apresentar fissuras.
O consultor sobre patologias em edificações e ex-laboratorista do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) Roberto Massaru Watanabe lembra que intervenções no entorno de uma edificação são grandes causadores de sintomas como trincas e rachaduras. "Construções de novos prédios na vizinhança, obras de infraestrutura de porte, como galerias de águas pluviais e de metrô, são geradores de vibrações, trepidações e modificações no lençol freático. Isso, normalmente, afeta os prédios existentes", diz.
Já o professor Paulo Helene completa que as casas são, geralmente, as mais prejudicadas. "Às vezes, até ações dinâmicas causadas por quem frequenta uma residência pode causar esses sintomas. Um exemplo: uma casa transformada em escola de dança ou academia de musculação tem muitas chances de apresentar fissuras", afirma.
Por isso, explica Watanabe, é sempre recomendável consultar um engenheiro civil ou de manutenção antes de submeter a obra a "esforços extras". "Simples atividades rotineiras, como lavar um piso com produto inadequado, pode resultar em problemas, como o descolamento da argamassa de assentamento do piso. Com o tempo, a argamassa não segura mais a placa de revestimento que começa a soltar", frisa, completando que se o comprador de um imóvel novo detectar esses sintomas no empreendimento, o construtor tem a obrigação, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, de consertar. "Durante os primeiros cinco anos, o construtor é responsável pela correção desses problemas, que, em 99% das vezes, não são estruturais", complementa Paulo Helene.
Definições para fissura, trinca, rachadura e fenda
Fissura
Estado em que um determinado objeto ou parte dele apresenta aberturas finas e alongadas na sua superfície. Exemplo: a aplicação de uma argamassa rica em cimento apresentou, após a cura, muitas fissuras em direções aleatórias. As fissuras são, geralmente, superficiais e não implicam, necessariamente, em diminuição da segurança de componentes estruturais.
Trinca
Estado em que um determinado objeto ou parte dele se apresenta partido, separado em partes. Exemplo: a parede está trincada, isto é, está separada em duas partes. Em muitas situações, a trinca é tão fina que é necessário o emprego de aparelho ou instrumento para visualizá-la. As trincas, por representar a ruptura dos elementos, podem diminuir a segurança de componentes estruturais de um edifício, de modo que mesmo que seja muito pequena e quase imperceptível deve ter a causa ou as causas minuciosamente pesquisadas.
Rachadura
Estado em que um determinado objeto ou parte dele apresenta uma abertura de tal tamanho que ocasiona interferências indesejáveis. Exemplo: pela rachadura da parede entra vento e água da chuva. As rachaduras, por proporcionarem a manifestação de diversos tipos de interferências, devem ser analisadas caso a caso e serem tratadas antes do seu fechamento.
Fenda
Estado em que um determinado objeto ou parte dele apresenta uma abertura de tal tamanho que pode ocasionar acidentes. Exemplo: um veículo caiu dentro da fenda aberta no asfalto. As fendas, por terem causas geralmente não visíveis (como solapamento do subsolo) podem ficar incubando por longo período e manifestar-se de forma instantânea, causando acidentes graves.
Entrevistados
- Paulo Helene, professor-titular da USP
- Roberto Massaru Watanabe, consultor sobre patologias em edificações e professor da Unicamp
Currículos
- Paulo Roberto do Lago Helene é graduado em engenharia civil, professor-titular da Escola Politécnica da USP, diretor da PhD Engenharia, presidente da ALCONPAT Int. (Asociación Latino Americana de Patologia y Control de la Calidad) e conselheiro Permanente do IBRACON
- Roberto Massaru Watanabe é graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP (1972) e atuou também como laboratorista do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT)
- Atualmente é consultor e professor de pós-gradução na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
Contatos: www.ebanataw.com.br /roberto@ebanataw.com.br / paulo.helene@concretophd.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Micros da construção civil ganham programa inédito
Sebrae, Fiep e SindusCon-PR levarão gestão, qualificação e inovação às pequenas construtoras e fabricantes de artefatos de cimento da Grande Curitiba
Por: Altair Santos
Na década passada, a taxa de sobrevivência das micro e pequenas empresas (MPEs) ligadas à construção civil girava em torno de 62% - contando do prazo de abertura até o período de dois anos. De 2010 para cá, o número cresceu. Hoje, de cada 100 MPEs que se lançam no mercado, 66% rompem a barreira dos dois anos, segundo dados do Departamento Nacional de Registro Comercial (DNRC) ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, e Comércio Exterior (MDIC).
Apesar do aumento de 4% na taxa de sobrevivência, o segmento da construção civil ainda segue atrás de outros setores que também atraem micro e pequenas empresas. Como o comércio, onde a taxa é de 74,1%, e o de serviços, com 71,7%. Atento a esses números, o Sebrae lançou recentemente o Programa Construção Competitiva 2013. A princípio, será testado em Curitiba e região metropolitana. O objetivo é levar inovação e tecnologia à cadeia produtiva, acoplada a modelos de gestão e empreendedorismo.
Em parceria com a Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) e o SindusCon-PR (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná) o programa começará atendendo setores específicos da cadeia produtiva, entre eles cerâmico, construtoras, escritórios de engenharia e arquitetura, lajes, pré-moldados e artefatos de cimento. "Estes são os setores mais carentes e que têm maior demanda em termos de desenvolvimento empresarial. Vamos focar as empresas que têm potencial de desenvolvimento dentro de cada uma dessas áreas", explica Adriana Kalinowski, gestora do programa de competitividade do Sebrae.
A princípio, o Construção Competitiva terá como prioridade os empresários do setor. Durante as etapas do programa, aqueles que se credenciarem receberão, por exemplo, aulas de gestão. "Todo o nosso trabalho é focado na gestão empresarial e no aumento da competitividade, através da melhoria de qualidade e da produtividade", completa Adriana Kalinowski, lembrando que há cinco anos o Sebrae já atua com 80 empresas paranaenses da construção civil, desenvolvendo trabalho semelhante, e que, através da parceria com Fiep e SindusCon-PR, esse número tende a aumentar.
Ao aderir ao programa, os empresários terão acesso a uma série de soluções empresariais, que contam com a experiência e a expertise das entidades envolvidas. "Serão ações focadas na inovação, na gestão ambiental e sustentabilidade, por exemplo. Outra questão importante que será trabalhada no programa é com relação ao grau de competitividade em que as empresas paranaenses se encontram. Vamos medir como está o patamar competitivo das empresas que participarem", complementa a gestora do Sebrae.
Segundo o SindusCon-PR, as estatísticas mostram que as MPEs da construção civil, na maioria das vezes, nascem seguindo o seguinte princípio: o funcionário vira empreiteiro, o empreiteiro abre uma empresa e a empresa inicia os serviços, normalmente com pouca ou nenhuma organização e com método copiados, quando não, incorporados pelas experiências vividas em trabalhos anteriores. "Mudar esse cenário é a missão do programa”, diz o assessor técnico do sindicato, Ivanor Fantin Júnior, resumindo as virtudes do Construção Competitiva. "Nele, haverá convivência efetiva com a inovação, troca de experiências e, principalmente, evolução sistemática da cadeia produtiva”, afirma. A expectativa é que o programa entre efetivamente em vigor até o final do 1º semestre de 2013.
Entrevistados
Adriana Kalinowski, consultores e gestora do Programa de Competitividade Sebrae-PR, e
Ivanor Fantin Júnior, assessor técnico do SindusCon-PR
Currículos
- Adriana Kalinowski é designer, consultora e gestora do Programa de Competitividade Sebrae-PR.
- Ivanor Fantin Júnior é graduado em engenharia civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
- Atualmente atua como assessor técnico do SindusCon-PR
Contatos: sebrae@pr.sebrae.com.br / engenharia@sindusconpr.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Novo consumidor muda loja de material de construção
Empresário do setor precisa estar atento, desde o layout do estabelecimento até a qualificação constante de seus vendedores
Por: Altair Santos
Em sua 19ª edição, a Feicon Batimat 2013 trouxe, entre seus seminários, um que monopolizou os donos de lojas de material de construção. O tema era: "Você está preparado para fazer sua loja de material de construção crescer?”. O evento, que agregou várias palestras entre 12 e 13 de março, abordou assuntos como liderança, exposição de produtos, utilização das redes sociais, relacionamento e qualificação de vendedores. Promovido pela Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) o objetivo foi mostrar o quanto o varejo precisa estar preparado para mudar e atender o consumidor.
Para o presidente da Anamaco, Cláudio Elias Conz, hoje quem entra numa loja para comprar material de construção se comporta da mesma forma como um consumidor que vai a um ponto de venda de eletroeletrônicos. "A busca por novidades é igual. A tecnologia, a variedade e o conforto fazem parte da decisão de compra da mesma forma", afirma, completando que há um novo consumidor e que é preciso se adaptar a ele. "O cliente está cada vez mais exigente. Cada vez mais ele pesquisa, procura entender do produto, seja dentro da própria loja ou por meio da internet ou de seu smartphone", analisa.
Segundo Conz, o desafio do lojista atualmente é oferecer sempre a melhor experiência de compra aos clientes. "É necessário ter uma loja com produtos de qualidade e com as novidades do mercado, todos com preços acessíveis. Ter o estabelecimento sempre limpo e organizado também é importante. Oferecer um ambiente agradável fará com que o cliente tenha prazer em voltar. Vitrines bem decoradas vendem mais. Iluminação e bom atendimento também. Tudo isso conta", explica, lembrando que a Loja Escola do Varejo da Anamaco prepara os lojistas para essa nova realidade do mercado.
No entender do especialista, o desejo do consumidor por novidades no setor de material de construção não está apenas relacionado a produtos de acabamento, mas aos insumos também. "Se ele sabe que a Itambé vende cinco tipos de cimento, e que esse produto vai agregar qualidade à sua obra, ele vai querer se informar e comprar. Hoje, três pilares sustentam o novo consumidor: qualidade, tecnologia e preço, isso independentemente do produto", garante.
Na Feicon Batimat 2013 foi possível comprovar a preocupação dos lojistas com essa tendência. Mais de 130 mil donos de estabelecimentos, profissionais de venda e fornecedores estiveram na feira, que reuniu 1.030 marcas nacionais e internacionais no centro de convenções Anhembi, em São Paulo. "A Feicon é a grande vitrine propulsora de nosso setor. Ela traz produtos, tendências, soluções e lançamentos. Reúne em um único local o maior número de expositores de todas as partes do mundo, gerando networking e negócios. É o local ideal para se detectar o que o consumidor vai querer daqui para frente", resume Cláudio Elias Conz.
Entrevistado
Cláudio Elias Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco)
Currículo
- Cláudio Elias Conz é presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), do Sindicato do Comércio Atacadista de Materiais de Construção do Estado de São Paulo (Sincomaco), do Instituto Brasileiro de Serviços e Terceirização na Construção e na Habitação (IBSTH) e do Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação – ligado ao Ministério das Cidades (CTECH)
- É também membro do Conselho Curador do FGTS, representando a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e presidente da Câmara da Construção da Fecomércio de São Paulo
Contato: presidencia@anamaco.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Congresso prepara setor para concessões de rodovias
Brazil Road Expo terá debates entre poder público e área privada, além de seminários voltados a difundir novas tecnologias para a construção de estradas
Por: Altair Santos
No começo de fevereiro de 2013, o governo federal divulgou novas regras para atrair capital privado à infraestrutura rodoviária do país. O plano de concessões permite 30 anos de exploração das estradas, através de pedágio, amplia o financiamento de linhas de crédito para até 25 anos e dá prazo de carência de 5 anos para as empresas que forem captar recursos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico), no Banco do Brasil ou na Caixa Econômica Federal. São medidas com as quais espera-se que, finalmente, as concessões de rodovias decolem. O termômetro para medir se o poder público e as empresas começam a falar a mesma língua será o Brazil Road Expo, que acontece de 19 a 21 de março, em São Paulo.
O evento atrairá a administração pública para debater soluções que modernizem a malha rodoviária nacional. Por isso, paralelo à feira, ocorrerá o II Fórum Nacional de Investimentos em Rodovias, e que contará com a presença de autoridades do setor, como Marcelo Perrupato (Secretário de Políticas Especiais de Transportes, do ministério dos Transportes) José Alberto Pereira Ribeiro (presidente da Associação Nacional de Obras Rodoviárias - ANEOR) e Jorge Fraxe (diretor-geral do Dnit). "O envolvimento de toda a esfera da administração pública gera um efeito positivo nos players dos segmentos interessados em ver o país dar um salto de qualidade em suas rodovias", diz Guilherme Ramos, diretor da Brazil Road Expo.
Nos três dias do evento, além da feira que mostrará novas tecnologias e equipamentos voltados à construção de rodovias, ocorrerá o Brazil Road Summit - congresso que debaterá as melhores práticas construtivas para o setor. A exemplo do que já ocorreu nas duas edições anteriores (2011 e 2012) as obras em concreto terão espaço relevante no encontro. "Neste ano, teremos um seminário sobre pontes, que abordará os principais assuntos do segmento, desde o projeto até o monitoramento das obras de arte", explica Guilherme Ramos. Entre os palestrantes deste seminário, estarão o presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) Túlio Nogueira Bittencourt e o consultor espanhol Hugo Corres, da FHECOR Ingenieros Consultores.
A expectativa dos organizadores do Brazil Road Expo é que o evento atraia 12 mil profissionais da área e gere cerca de R$ 500 milhões em negócios. Estima-se que boa parte dos equipamentos vendidos na feira atendam a chamada linha amarela - máquinas para construção de rodovias, como pavimentadoras, retroescavadeiras e motoniveladoras. O setor prevê crescimento nas vendas de 12,5% em 2013, já preparando-se para futuras obras em rodovias federais. A expectativa é que os primeiros leilões atendam trechos da BR-101 (Bahia), da BR-262 (Belo Horizonte-MG - Vitória-ES), das BRs 163, 262 e 267 (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e das BRs 060 e 153 (Brasília, Goiás e Tocantins).
Saiba mais sobre o Brazil Road Expo: clique aqui.
Entrevistado
Guilherme Ramos, diretor da Brazil Road Expo
Currículo
- Guilherme Ramos é graduado em engenharia civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2002) e diretor da Quartier Feiras, desde 2010
Contato: imprensa@brazilroadexpo.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Vídeo apresenta processo industrial da Itambé
Filme mostra como se fabrica cimento com tecnologia de ponta, ao mesmo tempo em que reforça a vocação da Companhia em compartilhar conhecimento
Por: Altair Santos
A Cia. de Cimento Itambé acaba de lançar um vídeo onde é mostrado todo o processo industrial que envolve a fábrica localizada no município de Balsa Nova, na região metropolitana de Curitiba. O produto é mais do que uma peça publicitária dedicada a clientes e fornecedores. Didático, funciona como uma verdadeira aula sobre produzir cimento com conceitos modernos e ecoeficiência. Por isso, destina-se também a estudantes das áreas ligadas à mineração e à engenharia, assim como a qualquer pessoa interessada em saber como se fabrica um dos produtos mais consumidos no planeta: o cimento.
Trata-se de mais um passo da Itambé em seu processo contínuo de compartilhar conhecimento. "Nosso objetivo é proporcionar novas ferramentas de conhecimento, úteis ao mercado da construção civil”, comenta Lycio Vellozo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé, elencando outras ferramentas importantes da empresa no cumprimento desse papel. Como o Massa Cinzenta, que foi reformulado em novembro de 2012, ampliando as áreas de informação e priorizando a interatividade com seu público. Além disso, a Companhia também se preocupa em fornecer ferramentas que auxiliem na utilização eficiente do cimento, lançando o APP Cimento - disponível para smartphones e tablets.
Este filme é uma iniciativa que envolveu o departamento de marketing e a assessoria técnica, além da colaboração de outros setores da empresa. Como o coordenado pelo engenheiro químico Dair Favaro Junior, gerente industrial da Itambé, para quem o novo vídeo evidencia a preocupação da Companhia em ser transparente em seu processo industrial. "A Itambé já divulga em seu site os resultados dos testes laboratoriais realizados com os produtos. Com esse vídeo, que mostra como é fabricado o cimento, a Companhia apenas está reafirmando sua transparência perante o mercado da construção civil. Assistindo ao vídeo, nosso público fica sabendo de todos os cuidados que a Itambé tem com a mineração, com a escolha das matérias-primas, com a produção de clínquer e com o produto final, que é o cimento", garante.
O novo vídeo também mostra toda a tecnologia que envolve o processo industrial da Itambé. Desde maio de 2012, a cimenteira inaugurou sua nova linha de produção que, como define Dair Favaro Junior, é o estado da arte em termos de equipamentos. "Isso possibilita à Companhia, que hoje produz cinco tipos de cimento, ampliar seu portfólio de acordo com a necessidade do mercado. Além disso, permite uma produção mais ecoeficiente. Diria que a nova linha quadriplica nossa capacidade de coprocessar resíduos industriais, utilizando-os como combustíveis alternativos", diz o gerente industrial.
Criado em forma de animação, o vídeo foi dividido em oito etapas que detalham minuciosamente a linha de produção da Itambé (seleção de matérias-primas, transporte e pré-homogeneização, dosagem de matérias-primas e moagem de cru, secagem e homogeneização da farinha crua, pré-calcinação, clinquerização, moagem e armazenagem, carregamento e expedição). Segundo o diretor de criação Paulo Renato de Oliveira, contratado para o desenvolvimento gráfico do vídeo, além da preocupação em ser fiel ao processo industrial, o produto se pautou também pelo despertar da curiosidade. Por isso, a opção pela animação. "A animação atende muito bem a diversos públicos - do estudante ao engenheiro -, que desejem conhecer melhor o processo. O vídeo funciona com uma linguagem de grande apelo informativo e visual", conta.
Conheça agora o novo vídeo do processo de fabricação do Cimento Itambé
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Acesse a home do Massa Cinzenta
Entrevistados
Lycio Vellozo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé; Dair Favaro Junior, gerente industrial da Cia. de Cimento Itambé, e Paulo Renato de Oliveira, diretor de criação.
Créditos fotos: Divulgação/Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Governança corporativa ganha impulso no Brasil
Instituto ligado às boas práticas inicia parceria global e expectativa é que intercâmbios disseminem ferramenta para outras empresas, além das de capital aberto
Por: Altair Santos
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em parceria com organismos semelhantes que operam na África do Sul, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Malásia, Nova Zelândia, Reino Unido e União Europeia, viabilizou no começo de 2013 a criação da Rede Global de Institutos de Conselheiros de Administração - Global Network of Director Institutes (GNDI). A iniciativa cria um novo fórum para compartilhar conhecimentos, ideias e práticas de governança corporativa nestes países.
Além disso, os membros da GNDI passam a desenvolver e a promover práticas de liderança, a fim de assegurar desempenho sustentável e de longo prazo às organizações. Também tornam-se metas da GNDI educar os principais formadores de opinião sobre os benefícios e valores da governança corporativa, cujos pilares ajudam as corporações a serem dirigidas e monitoradas, com o envolvimento de acionistas, cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal.
Segundo a superintendente-geral do IBGC, Heloísa Bedicks, a inclusão do Brasil no grupo mundial trará reflexos positivos para a propagação da governança corporativa no país, sobretudo para os debates que começam a surgir sobre a aplicação dessa ferramenta no serviço público e na disseminação de práticas bem sucedidas nas companhias de capital aberto para as de capital fechado e familiares. Confira a entrevista:
Recentemente foi criada a Rede Global de Institutos de Conselheiros de Administração. Qual a contribuição que esse novo organismo dará para a governança corporativa, principalmente no Brasil?
O GNDI é o esforço conjunto dos maiores institutos de Conselheiros de Administração e Governança do mundo, que visa fazer uma sinergia entre estes institutos, de forma a termos uma voz conjunta para buscar melhorias tanto para os conselheiros quanto para a disseminação das melhores práticas. Aqui no Brasil, já temos o trabalho do IBGC há 17 anos e o GNDI vai reforçar o trabalho do instituto.
A partir do GNDI, haverá a possibilidade de um intercâmbio maior entre profissionais brasileiros e de outros países?
Não é esse o foco, mas faz parte. O principal objetivo é o intercâmbio de conhecimentos, até mais do que o interrelacionamento de posições de conselheiros. É uma busca para termos uma voz única objetivando a disseminação das melhores práticas para conselhos de administração.
Atualmente, quais são as questões emergentes que têm causado mais impacto sobre as práticas de governança corporativa?
Dentro do GNDI, o que estamos discutindo atualmente é a diversidade em conselhos, não só de gênero, mas também diversidade de conhecimento, de idade, e até mesmo de posição geográfica. Há também a questão do rodízio de auditoria. Não que sejam os assuntos mais importantes, mas são os que estamos discutindo neste momento.
No Brasil, há um mercado emergente para a governança corporativa dentro das empresas?
Sim, existe um grande mercado de melhorias de boas práticas de governança, para todas as empresas, independentemente de ser num mercado maduro ou em um mercado em desenvolvimento. Podemos afirmar que no Brasil esse mercado existe não só para empresas de capital aberto, mas também para empresas de capital fechado. É importante ressaltar que governança serve para qualquer tipo de organização, desde uma empresa pequena, de capital fechado, até uma empresa listada ou uma cooperativa. Serve até mesmo para entidades do terceiro setor como ONGs.
Com a crise europeia, o Brasil tem atraído especialistas em governança corporativa de outros países?
Não tenho conhecimento da vinda de nenhum profissional específico de governança corporativa para trabalhar no Brasil, em decorrência da crise nos Estados Unidos ou na União Europeia. Pode até ter ocorrido, mas o que temos visto é um nicho dentro do mercado brasileiro para profissionais na área de governança. Grandes empresas já têm diretorias de governança e o mais frequente, independentemente do porte da empresa, é a secretaria de Governança. Função esta que assessora o conselho de administração e cuida da governança da empresa.
No caso do poder público, a governança corporativa tem encontrado espaço?
Muito pouco ainda. É um assunto que dentro do planejamento estratégico do IBGC será focado a partir de 2015. Há muito a ser feito nesta área. Ainda falta transparência, ética e muita prestação de contas dentro do setor público.
Sobre a Copa do Mundo, percebe-se hoje que boa parte das obras de mobilidade previstas para o evento não ficarão prontas. Faltou governança corporativa nestas ações?
Mais do que isso. Faltou um bom planejamento estratégico. Sabíamos que o Brasil sediaria este grande evento mundial e faltou planejamento.
Empresas ligadas à construção civil têm despertado para a governança corporativa?
Algumas sim. Há um número razoável dentro do novo mercado da Bovespa, onde existem as regras mais rígidas de governança. Mas ainda tem espaço grande para melhorias relacionada à implantação de práticas de governança por essas empresas.
E as empresas familiares, como se comportam diante da governança corporativa?
Muitas estão preocupadas, pois a temática da sucessão normalmente é um tabu dentro de empresas familiares. Muitas empresas buscam ajuda de profissionais externos, trazendo conselheiros independentes para o conselho de administração ou, numa empresa menor, um conselho consultivo. Dentro dos eventos e dos cursos do IBGC temos visto com frequência proprietários de empresas familiares, herdeiros e profissionais que atuam nestas empresas, objetivando a implantação de melhores práticas dentro dos seus negócios.
O Brasil tem boas escolas que ministram cursos sobre governança corporativa?
Existem alguns MBAs executivos que lecionam a matéria. A Fipecafi e a PUC-RS têm MBA, em parceria com o IBGC, sobre Governança Corporativa. A Business International, em São Paulo, também tem. Mas na maioria dos cursos de graduação não existe a matéria dentro do conteúdo programático. O tema é abordado dentro de outras disciplinas, e a carga horária é muito pequena em relação ao que o profissional, quando se forma, deveria conhecer.
Qual o perfil do profissional que busca se especializar em governança corporativa?
De modo geral, a maioria dos participantes dos nossos cursos ainda é ligada à área de administração, finanças, contabilidade e jurídica. Mas percebe-se um crescente interesse de engenheiros em busca de cursos e treinamentos.
Entrevistada
Heloísa Bedicks, superintendente-geral do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa)
Currículo
- Heloísa Bedicks é graduada em economia pela Unicamp e ciências contábeis pela PUC de Campinas
- É Mestre em administração financeira pelo Mackenzie e possui especialização em governança corporativa pela Yale University e pelo Global Corporate Governance Forum, além de especialização em conselhos de administração pela University of Chicago
- Escreveu o livro Governança Corporativa e Dispersão de Capital - Múltiplos Casos no Brasil
- Atua como superintendente-geral do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) desde 2001. Também preside a IGCLA (Rede de Institutos de Governança Corporativa da América Latina) e é conselheira da International Corporate Governance Network (ICGN)
- É conselheira independente da MAPFRE Seguradora de Garantias e Créditos S.A. e membro do conselho de autorregulação do programa de certificação continuada da Anbima (Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais)
Contato: ibgc@planin.com
Créditos foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Senai cria instituto para atender norma de desempenho
Centro de pesquisa vai funcionar em Ponta Grossa, no Paraná, e começa a operar em junho de 2013. Haverá instalações semelhantes em outros quatro estados
Por: Altair Santos
O Senai (Serviço Nacional da Indústria) está implantando quatro institutos de tecnologia e um de inovação, para atender exclusivamente a pesquisa e a formação de mão de obra na construção civil. Até 2015, estarão em funcionamentos (é assim mesmo?) os ISTs (Institutos Senai de Tecnologia) de São Paulo, Bahia e Maranhão, além do ISI (Instituto Senai de Inovação) do Ceará. No entanto, o primeiro a entrar em operação - já em 2013 - será o IST de Ponta Grossa, no Paraná.
A prioridade dada ao instituto paranaense se deve ao fato de que seus laboratórios serão equipados para atender a NBR 15575 - norma de desempenho -, publicada dia 19 de fevereiro de 2013 pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e que entrará em vigor no dia 19 de junho de 2013. "Esse IST receberá equipamentos para comprovar a qualidade e a segurança das edificações, sob o ponto de vista estrutural, térmico, acústico e de resistência ao fogo, entre outras especificações", revela Indianara Prestes Mattar Milleo, vice-presidente executiva e coordenadora regional da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná).
O Instituto Senai de Tecnologia, em construção em Ponta Grossa, vai demandar recursos na ordem de R$ 8 milhões, sendo R$ 6 milhões financiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) e R$ 2 milhões pelo Senai Paraná. O centro de pesquisa e de testes laboratoriais ocupará uma área de 2,5 mil m², dentro da própria estrutura do Senai pontagrossense. "Para atender as demandas, haverá os seguintes laboratórios na nova estrutura: solos e pavimentação, cerâmica vermelha, químico, minerais não metálicos, desempenho e inovação construtiva, concreto e argamassa, tecnologia BIM e conforto de edificações", enumera Indianara.
A vice-presidente executiva e coordenadora regional da FIEP destaca ainda que o empreendimento tende a se tornar referência para a construção civil da região sul do país, completando que a implantação será gradativa. "As primeiras instalações já começam a operar em junho e o projeto total será implantado até o final de 2015", diz. Paralelamente ao centro de pesquisa funcionará uma escola para formação e qualificação de mão de obra. "Teremos cursos desde o nível técnico até graduação e pós-graduação. Já confirmados, estão o curso técnico de edificações e a pós-graduação em gerenciamento de obras", informa.
Outros ISTs
Além do instituto voltado à construção civil, o Senai irá construir outros seis no Paraná - esses vinculados a outros setores industriais. São eles: moveleiro, em Arapongas; meio ambiente, em Curitiba; tecnologia da informação, em Londrina; papel e celulose, em Telêmaco Borba; metalmecânica, em Maringá, e alimentos, em Toledo. Em todo o país, o Senai planeja construir 30 ISTs para estimular a pesquisa e a formação tecnológica.
Entrevistada
Indianara Prestes Mattar Milleo, vice-presidente executiva e coordenadora regional da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná)
Currículo
- Indianara Prestes Mattar Milléo é graduada em pedagogia e pós-graduada em orientação educacional pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
- Foi presidente da Associação de Proteção a Maternidade e Infância e vice-presidente do Instituto Melhor
- É sócia-fundadora da BPW Ponta Grossa, membro do Conselho Empresarial da Mulher Executiva, sócia-proprietária da IIN Moda Esportiva Indústria e Comércio Ltda., sócia-proprietária da M.M.Milléo Construções e Incorporações, vice-presidente executiva e coordenadora regional da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e presidente do Clube Ponta-Lagoa, em Ponta Grossa
- Também assumiu recentemente a secretaria de governo da prefeitura de Ponta Grossa
Contato: fieppg@fiepr.org.br
Créditos fotos: Divulgação/Fiep/Senai
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Nova ponte Brasil-Paraguai prevê 960 dias de obras
Construção, que está em processo licitatório, vai desafogar tráfego na Ponte da Amizade, que hoje recebe fluxo de 40 mil veículos por dia
Por: Altair Santos
No dia 1º de março era para ter sido definida a contratação das obras para a construção da nova ponte Brasil-Paraguai. Porém, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) adiou o processo para resolver entraves sobre a aquisição de mão de obra estrangeira. A licitação, que ocorrerá na modalidade de Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) tende a ser retomada ainda no 1º semestre de 2013. A partir do momento em que haja uma empresa vencedora, o prazo de execução previsto no edital é de 960 dias consecutivos, contados desde a emissão da ordem de início dos serviços pelo Dnit.
A nova ponte será estaiada, com comprimento total de 760 metros e vão central de 380 metros, além de dois vãos laterais de 190 metros. O tabuleiro apresenta largura total de 19,8 metros, implicando uma área total de tabuleiro de 15.048 m². Sua localização será ao sul da Ponte da Amizade, sobre o Rio Paraná, ligando Foz do Iguaçu ao município paraguaio de Ciudad Presidente Franco. Outra característica técnica é que a obra será construída em concreto protendido e as faixas de rodagem receberão pavimento flexível (asfalto). O projeto foi concebido pela Vetec Engenharia.
Nele, as duas torres de estais terão 136 metros de altura, deixando o leito do rio livre de pilares. A pista de rolamento terá duas faixas e dois acostamentos, duas barreiras e duas passagens para pedestres. Prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a obra está orçada em R$ 195 milhões, porém somente depois da execução de todos os projetos é que o valor real será conhecido. O governo paraguaio entrará com US$ 720 mil dólares (cerca de R$ 1,4 milhão) para viabilizar as obras de acesso à cidade de Presidente Franco. Do lado brasileiro, será construída uma via de 14,5 quilômetros, interligando a ponte à BR-277.
Este acesso viário viabilizará o tráfego de veículos vindos de outras partes do país pela BR-277, sem passar pelo centro de Foz do Iguaçu, o que preservará o tráfego local e agilizará o acesso à nova ponte. Outra função da obra será desafogar a Ponte da Amizade, inaugurada em 1965, e que atualmente recebe 40 mil veículos por dia (caminhões, carros e motos) em média. Para este projeto, o Dnit não exigiu que ele fosse apresentado na modelagem BIM. Com o adiamento da licitação, as empresas interessadas na concorrência estão liberadas a realizar novas visitas técnicas ao local da obra.
Confira o edital de licitação: clique aqui.
Entrevistado
Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) (via assessoria de imprensa)
Contato: imprensa@dnit.gov.br
Créditos fotos: Divulgação/Dnit
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Normas contra incêndio: saiba onde é preciso evoluir
Sumidade sobre o assunto, professor-doutor Valdir Pignatta e Silva aponta os avanços do país e também o que é necessário ser feito para melhorar
Por: Altair Santos
No Brasil, as normas ABNT NBR 15200 - Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio - e ABNT NBR 14432-2001 - Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações - estão entre as mais atuais e avançadas do mundo. Por outro lado, o país já está atrasado na revisão da ABNT NBR 9077 - saídas de emergência em edifícios -, assim como na busca de um aprimoramento dos códigos de obras nas cidades brasileiras. A constatação vem do professor-doutor Valdir Pignatta e Silva, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli - USP), considerado a sumidade nacional a respeito de estruturas em situação de incêndio.
Autor de sete livros, o especialista defende que haja nas universidades de engenharia civil uma disciplina obrigatória sobre segurança contra incêndio em edificações. É dele também a constatação de que falta qualificação nos organismos públicos credenciados para liberar projetos de edifícios, sobretudo no conhecimento das normas técnicas. Mesmo assim, defende Pignatta, o Brasil está muito a frente de outros países sul-americanos quanto à legislação sobre estruturas anti-incêndio. Esse é um dos temas que ele aborda na entrevista a seguir:
O Brasil tem normas atualíssimas sobre situações de incêndio em edificações. Destaque para a ABNT NBR 15200 - Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio, revisada em 2012, e a ABNT NBR 14432-2001 - Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações. No entanto, nem sempre elas são cumpridas. Por qual motivo?
Informo que existe também a norma ABNT NBR 14323 - Dimensionamento de estruturas de aço e de estruturas mistas aço-concreto de edifícios em situação de incêndio -, que após revisada está em processo de ser publicada em 2013, e a sobre projeto de estrutura de madeira, que é a ABNT NBR 7190/2012, que tem capítulo sobre estruturas de madeiras em situações de incêndios. Então, o que precisa é o engenheiro calcular as estruturas seguindo a norma. Sempre lembrando que as exigências aumentam à medida que o edifício aumenta de altura, por que é uma composição de perigo e consequência. Quanto mais alto o edifício, as consequências são maiores. Mas o que interessa para o projeto de engenharia é que existe um padrão, em função do aquecimento das estruturas. As estruturas perdem capacidade de resistência com o aquecimento, seja qual for o material. Então, o engenheiro deve calcular a estrutura para suportar esse aquecimento. Se ele fez um projeto conforme as normas, conforme as exigências, conforme os padrões internacionais, este projeto está bem feito. O que não significa que ele vai ou não cair. O engenheiro jamais vai dizer que uma estrutura vai cair ou não. O que importa é que estes padrões internacionais e exigências sejam seguidos. Isso vale para ação da gravidade, ação do vento e vale também para ação do fogo. Se o projeto não seguir estas exigências, há uma maior probabilidade de ruína. Nós, engenheiros de estrutura, somos probabilísticos. Dizemos que existe uma maior probabilidade de ruína ou uma menor probabilidade de ruína conforme forem seguidas as exigências e as normas técnicas.
A regulamentação da profissão de bombeiro civil tem ajudado no cumprimento dessas normas?
No final de 2010 foi criada a profissão de bombeiro civil e bombeiro civil mestre. O bombeiro civil é o bombeiro que cuida do combate ao fogo e de instruir brigada de incêndio. É uma atividade mais técnica. Já o bombeiro civil mestre seria uma atividade conforme a letra da lei, de uma pessoa formada em engenharia ou arquitetura que tenha prática ou feito cursos sobre seguranças contra incêndios. Isso é muito pouco conhecido no Brasil. Eu diria que isso não existe na prática. Por quê? Por que as exigências de segurança contra incêndio são amplas e para cumpri-las deveria haver um gerenciador, algum profissional de engenharia, de arquitetura, que tenha conhecimento destes aspectos para contratar especialistas e realizar o trabalho adequadamente. Só que existe um problema no Brasil: não há nenhuma universidade brasileira com disciplina obrigatória sobre segurança contra incêndio, quer para engenharia civil, quer para arquitetura. Então o profissional se forma, vai para a prática e é obrigado a seguir a legislação que ele não aprendeu com a devida profundidade na escola. Resultado: há poucos especialistas nesta área no país. E não há esse tipo de gestor formado por cursos, formado nas escolas brasileiras de engenharia e arquitetura.
O fato de cada estado, e às vezes cada município, ter uma legislação ou não ter legislação nenhuma sobre vistoria técnica de edificações, dificulta o cumprimento das normas sobre incêndio?
Vou falar por São Paulo, mas isso talvez sirva para outras capitais ou outras cidades. No caso de São Paulo, há um código de obras, mas ele não trata muito sobre incêndio. Fala sobre locais de reuniões públicas. Mas se eu fizer um projeto em uma outra cidade, onde não haja código de obras ou nenhum outro tipo de recomendação, serão seguidas as instruções técnicas do Corpo de Bombeiros. No que tange as estruturas, essas instruções têm as exigências de tempo de restrição ao fogo, mas não dizem como cumprir as exigências a partir de normas nacionais da ABNT. Então, dependendo do aspecto, isso pode confundir o meio técnico.
O Corpo de Bombeiros de São Paulo criou o Projeto Técnico Simplificado, desburocratizando a regularização das edificações. A burocracia atrapalha o cumprimento da normatização?
Trabalho há 25 anos na parte de estrutura em situação de incêndio e conheço também outros aspectos na parte de segurança contra incêndio. No caso do Projeto Técnico Simplificado, ele vale para pequenas edificações, ou seja, onde as exigências sejam mínimas. Neste caso, a desburocratização ajuda. Mas em se tratando de edifícios altos, o projeto acaba indo para o Corpo de Bombeiros e leva um certo tempo para análise. Por quê? Volto para a minha máxima: faltam especialistas brasileiros na área de segurança em construção.
O Grupo de Pesquisa em Segurança contra Incêndio, do Núcleo de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo da USP, tem conseguido desenvolver e difundir o conhecimento científico sobre o tema?
Este grupo tem 18 anos de existência. Hoje ele chama-se grupo de fomento de segurança contra incêndio. Tem um site para quem quiser buscar mais informações (http://www.gsi-incendio.com.br). A ideia é difundir mais a área e promover cursos pela defesa da vida em casos de incêndio.
O senhor avalia que é preciso rever leis e normatizações sobre incêndio em edificações?
Quanto às regulamentações do Corpo de Bombeiros, elas são estadualizadas e, não há duvida, existe a necessidade de uma releitura. Por exemplo, eu não sei se há um artigo que trate de artefatos pirotécnicos acesos em ambientes fechados. Por outro lado, existem as normas brasileiras, como a ABNT NBR 9077 - saídas de emergência em edifícios, que é datada de 2001, mas o fato é que ela é dos anos 1990. Ela só foi reimpressa nos anos 2000. Há mais de uma década especialistas da área lutam por uma revisão desta norma e acredito que agora isso vá ocorrer, por pressão da sociedade e do meio técnico.
Edificações com estruturas em concreto seguem se sobrepondo às de aço quando se fala em resistência ao fogo?
Esta é uma pergunta recorrente. É importante frisar que a estrutura deve ser dimensionada para a situação de incêndio, seja concreto, aço, alvenaria estrutural, enfim qualquer uma delas. Se elas forem dimensionadas adequadamente, todas resistem de forma igual. Ocorre que, no caso do concreto, o calculista, ao projetar a estrutura, já a faz pensando na resistência ao fogo. No caso da estrutura de aço, como a peça não é feita in loco, isso é mais difícil. Mas hoje há materiais de revestimento antifogo e a espessura destes materiais também são calculadas por especialistas. Se forem bem calculadas, elas resistem. Só que eu diria que no Brasil não há ainda uma norma que dimensione edifícios de alvenaria estrutural em situação de incêndio. Neste caso, o Corpo de Bombeiros recomenda que devem ser seguidas as normas europeias, mas é bastante difícil seguir uma norma internacional, pois não se sabe se os blocos usados lá são os mesmos usados aqui.
A NBR 15575 - norma de desempenho - faz alguma referência à segurança contra incêndio?
Salvo engano, o que ela diz é seguinte: caso existam normas dos materiais utilizados, que sigam estas normas. No caso do concreto, do aço, os materiais mais convencionais, devem seguir as normas da ABNT. Para novos materiais, ela lista uma série de ensaios que devem ser feitos para comprovar o comportamento destes materiais. Também salvo engano, pois há poucos laboratórios no Brasil capacitados para esse tipo de ensaio. Parece-me que apenas o IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológico) está aparelhado para isso. Isso é um problema.
Comparativamente a outros países, o Brasil tem normas competentes sobre estruturas anti-incêndio e resistência ao fogo?
Em maio estarei em Portugal, palestrando sobre normas e exigências de estruturas na América Latina. Falando em termos de continente sul-americano, o Brasil está muito à frente dos demais países. Lendo a legislação, só Colômbia e Argentina têm algo semelhante. Os demais países estão muito pobres em termos de legislação de segurança contra incêndio. No caso dos países chamados desenvolvidos, todos têm uma normatização bastante avançada. As mais avançadas são os códigos europeus chamados eurocodes. As normas brasileiras se inspiraram nestes eurocodes.
Incidentes com incêndio, apesar de indesejáveis, acabam resultando em melhorias das normas de segurança e de construção?
Como começaram as regulamentações de segurança no Brasil? Foram a partir dos terríveis incêndios nos edifícios Andraus, em 1972, e Joelma, em 1974. Nos Estados Unidos, tragédias ocorridas no final do século 19 e início do século 20 também incentivaram a criação de leis e normas. Infelizmente, é assim que ocorre no mundo todo.
Entrevistado
Valdir Pignatta e Silva, professor-doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP)
Currículo
- Valdir Pignatta e Silva é professor-doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e autor de 7 livros e de mais de 150 artigos publicados
- Ocupa o cargo de vice-presidente da ALBRASCI (Associação Luso-Brasileira para Segurança contra Incêndio)
- Atua na área de Engenharia de Estruturas, com ênfase em "engenharia de estruturas em situação de incêndio"
- É membro da IAFSS, IBRACON e ABECE
Contato: valpigss@usp.br
Créditos foto: Divulgação