Plataforma Mãos à Obra pretende retomar obras paralisadas pelo país
Já está em funcionamento a plataforma Mãos à Obra, lançada pelo governo no dia 10 de março com o objetivo de monitorar as obras paralisadas pelo país e que precisam ser retomadas. O projeto foi desenvolvido pelo Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) para que o Governo Federal centralize as informações e possa dar andamento aos trabalhos, de forma mais rápida e eficaz.
Durante a apresentação da nova plataforma, realizada em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que são mais de 14 mil obras paralisadas em todo o Brasil. "Queremos que os prefeitos e as prefeitas participem conosco na execução de políticas públicas porque são eles que sabem qual rua está esburacada, qual é o lugar onde a obra está e onde é preciso investir", disse Lula.
"Temos, por exemplo, R$ 23 bilhões para gastar em obras de infraestrutura só no Ministério dos Transportes, e precisamos destinar a obras que atendam a necessidade das pessoas", avaliou o presidente.
Como funciona a plataforma
Os gestores de municípios e estados serão os responsáveis por atualizar as informações sobre as obras abandonadas ou inacabadas na plataforma, que receberá os dados até a próxima segunda-feira (10 de abril). "É o prazo adequado para quem tem pressa, para quem quer retomar as obras e quer entregar creches, postos de saúde e escolas para a população", disse o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Assim, a Mãos à Obra poderá mapear o cenário atual e apresentar a situação real das obras nas áreas de educação, saúde, mobilidade urbana, habitação, saneamento, esporte e cultura, definindo o prosseguimento dos empreendimentos e avaliando para onde o dinheiro deverá ir e será melhor empregado. "A plataforma vai possibilitar a formação de uma rede de parcerias com os estados e 39 associações de prefeituras para chegarmos a todos os municípios brasileiros", explica a ministra da Gestão e da Inovação dos Serviços públicos, Esther Dweck.
O Governo Federal irá analisar as informações em lotes, por ordem de chegada.
Investimentos previstos
Além dos R$ 23 bilhões que serão destinados ao Ministério dos Transportes, mencionados pelo presidente Lula, o Governo Federal liberou R$ 351,1 milhões para a execução de obras na área de educação - além de outros R$ 253,5 milhões anunciados em fevereiro para os municípios.
Isso totaliza o valor de R$ 604,6 milhões liberados nos três primeiros meses do ano, recurso que assegura o pagamento de 84% das dívidas existentes no setor até janeiro deste ano.
De acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educação (FNDE), existem 3,5 mil obras com pendências na área, sendo 2,6 mil delas inacabadas e 918 paralisadas, em 833 cidades - incluindo projetos em creches e escolas e construção e cobertura de quadras.
Fontes
Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados)
Comunicação Presidência da República
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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Como os aditivos contribuem para a durabilidade do concreto
A mistura de aditivos químicos ao concreto tem como objetivo alterar suas propriedades a fim de obter os melhores resultados de acordo com a necessidade de cada projeto. Eles podem ser usados para reduzir o consumo de água, conferir estabilidade, melhorar a trabalhabilidade, permitir maior resistência e aumentar a durabilidade, entre outras possibilidades.
Para falar sobre a questão da durabilidade, o Massa Cinzenta conversou com o engenheiro civil Roberto Dakuzaku, que trabalha como consultor independente na S. Takashima Consultoria e Assessoria. O especialista falou sobre a importância do uso dos aditivos, a exigência das normas, as vantagens desse processo e se o custo-benefício vale a pena.
O uso de aditivos no concreto pode aumentar em até quanto tempo a sua durabilidade?
Roberto Dakuzaku: Na realidade, o uso de bons aditivos químicos em concreto facilita atendimento da durabilidade prevista em projeto, durante a vida útil calculada pelo projetista da estrutura. Atualmente, de acordo com a tabela C.5 da ABNT NBR 15575, no Brasil, obras de concreto devem ser concebidas para resistir à vida útil de projeto – VUP [vida útil de projeto] mínima de 50 anos para a estrutura de um edifício de construção normal e 75 anos para edificação de padrão construtivo superior.
Para estruturas de obras de pontes, viadutos, edificações emblemáticas, metrô, entre outras, a vida útil de projeto supera 100 anos. Portanto, a função de bons aditivos adicionados ao concreto é reduzir a quantidade de água de amassamento da dosagem para atender o FCK [Resistência Característica do Concreto à Compressão], a resistência, o módulo Ec, a classe de agressividade ambiental CAA e, em alguns casos, a relação água/cimento especificados em projeto.
E, muito importante, permitir à equipe de concretagem executar e produzir boas estruturas sem ocorrências de defeitos construtivos que venham a reduzir a vida útil de projeto.
Quais são os tipos de aditivos que proporcionam essa maior durabilidade?
Roberto Dakuzaku: Os tipos de aditivos mais empregados para esta finalidade são os redutores de água, tipo I e tipo 2, especificados na ABNT NBR 11768-1:2019, podendo ser combinados com outros aditivos especiais como aditivo compensador de retração, aditivo impermeabilizante por cristalização integral do concreto, aditivo redutor de permeabilidade e aditivo inibidor migratório de corrosão. Essa combinação de aditivos especiais exige análise da agressividade atuante sobre o concreto da estrutura, inclusive contatos com solos e águas agressivas.
O uso de aditivos com intenção de durabilidade é mais indicado para obras menores, obras maiores ou nos dois casos a importância é a mesma?
Roberto Dakuzaku: O uso de bons aditivos para aumentar a durabilidade não deve diferenciar o porte da obra. Em obras menores, quando não existem projetos ou requisitos específicos para a durabilidade do concreto, a dica é seguir as exigências das normas ABNT NBR 6118 e ABNT NBR 12655, que estabelecem exigências para espessura mínima de cobrimento de armadura, controle de abertura de fissura, classe de agressividade ambiental, consumo mínimo de cimento e relação água/cimento máxima. Ou seja, é possível executar e produzir estruturas duráveis sem ter um projeto especial.
Além da durabilidade, quais as vantagens mais procuradas em aditivos usados na construção?
Roberto Dakuzaku: Os benefícios são muitos, porém, ainda de pouco conhecimento do grande mercado consumidor de concreto dosado em central. A tecnologia atual de aditivos existentes em nosso mercado permite elaborar e produzir dosagens de concreto com manutenção estendida da trabalhabilidade do concreto fresco, chegando à obra pronto para ser lançado por bomba ou de forma convencional.
Mesmo sendo a logística de fornecimento desfavorável, com temperaturas elevadas e períodos de tempo de concretagens maiores que o previsto, não causa entupimentos na linha de bombeamento, juntas frias, falhas de concretagens, perdas por devolução de concreto vencido ou perda de slump, interrupção da concretagem, [além de evitar] equipe parada, horas extras e outras não conformidades que podem alterar e reduzir a durabilidade. Dito isso, as vantagens são muitas, infelizmente, desconhecidas do grande mercado.
O custo-benefício vale sempre a pena? Tendo em vista não apenas o valor, em si, mas as vantagens agregadas.
Roberto Dakuzaku: Evidente que sim! Somente as vantagens acima e uma redução do tempo de concretagem, que pode ser de até 10 minutos por betoneira recebida na obra, com concreto pronto para descarga dosado na central, já pagam o custo de usar um aditivo de qualidade superior, até 3 vezes mais caro que um aditivo de linha.
Por exemplo, uma vez que foi comprado um traço especial, com uso de aditivos de melhor desempenho que o aditivo de linha da central, o concreto chega pronto para descarregar e lançar sem a necessidade de redosagem ou ajuste de slump na obra. Um concreto FCK 25 MPa bombeável pode custar entre R$ 20,00 a R$ 30,00/m³ a mais que o traço de linha.
Em uma concretagem de 64 m³ de concreto, o acréscimo no custo do insumo de concreto será entre R$ 1.280,00 a R$ 1.920,00. Desse custo, se o concreto chegou pronto para descarregar, até 100 minutos a menos será economizado no tempo de concretagem, amortizando este custo dentro de uma boa engenharia de valores - e a qualidade e a durabilidade da estrutura serão aumentadas.
Fontes
Roberto Dakuzaku, engenheiro civil e consultor independente na S. Takashima Consultoria e Assessoria
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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Como serão as cidades inteligentes?
Durante a Copa do Mundo, o Qatar construiu uma cidade do zero, Lusail. Esse município foi pensado de acordo com conceitos de mobilidade, sustentabilidade e soluções tecnológicas de infraestrutura. Em 2022, a Arábia Saudita anunciou a construção do prédio The Line, que faz parte da cidade intitulada NEOM e terá energia 100% renovável e 95% de sua área será preservada para a natureza. Em 2020, a Prefeitura de Foz do Iguaçu assinou um decreto que estabelece o Bairro Itaipu A como ambiente que possibilita o teste e experimentação de tecnologias voltadas às Cidades Inteligentes. O que faz uma cidade inteligente?
De acordo com a Comissão Europeia, uma cidade inteligente é um lugar onde redes e serviços tradicionais são tornados mais eficientes com o uso de soluções digitais em benefício de seus habitantes e empresas. “Uma cidade inteligente vai além do uso de tecnologias digitais para melhor uso de recursos e emissões reduzidas. Significa redes de transporte urbano mais inteligentes, instalações de abastecimento de água e disposição de resíduos atualizadas e maneiras mais eficientes de iluminar e aquecer edifícios. Também significa uma administração municipal mais interativa e responsiva, espaços públicos mais seguros e atendimento às necessidades de uma população que está envelhecendo”, informa a Comissão.
No Brasil, a Carta Brasileira Cidades Inteligentes, feita pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, declara que cidades inteligentes são aquelas comprometidas com o desenvolvimento urbano e a transformação digital sustentáveis, em seus aspectos econômico, ambiental e sociocultural, que atuam de forma planejada, inovadora, inclusiva e em rede, promovem o letramento digital, a governança e a gestão colaborativas e utilizam tecnologias para solucionar problemas concretos, criar oportunidades, oferecer serviços com eficiência, reduzir desigualdades, aumentar a resiliência e melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas, garantindo o uso seguro e responsável de dados e das tecnologias da informação e comunicação.
Planejamento urbano
Durante o Smart City Expo Curitiba 2023, um dos temas discutidos foi o planejamento urbano. A futurista premiada Cecilia Tham, que abriu o evento, lembrou que um planejamento urbano projetado com a mais recente ciência de dados há cinco ou dez anos estaria desatualizado hoje. “Isso não significa que os planejadores urbanos devam esperar, mas sim que precisam projetar ‘cidades que aprendem’. Prédios e cidades aprendem quando podem ser facilmente modificados por seus ocupantes. Famílias, empresas, transportes e outros agentes sempre mudarão, mas as cidades precisam ser capazes de se transformar com eles”, declarou Cecilia.
A futurista defende, portanto, o uso da tecnologia como uma ferramenta de aprendizagem e discussão do futuro, com a participação da população. Cecilia acredita que a criação de “gêmeas digitais” (modelagem virtual de algum comportamento ou objeto real) pode ser benéfica. “Elas devem começar por pequenas regiões da cidade e entender seu comportamento e suas possibilidades. Esta tecnologia traz transparência e desempenha um papel importante na modelagem da cidade e previsão do seu futuro”, afirma.
Já o arquiteto e urbanista Washington Fajardo ressaltou durante o Smart City Expo a importância de recuperar e ocupar as áreas centrais dos municípios apoiadas em marcos regulatórios, dados e tecnologias inclusivas. “Temos a tendência de acreditar que um bairro novo, planejado, será melhor para viver em detrimento da área central. Nas Américas, criamos uma visão expansionista sem critérios, que tem um custo elevado e nos obriga a investir e criar todo o suporte de infraestrutura e transporte em cada novo espaço. A setorização das cidades proposta no século 20 esvaziou as áreas centrais e criou uma dinâmica de morar e trabalhar em lugares distintos tendo o carro para se locomover”, destaca.
O arquiteto acredita que com a inteligência artificial, é possível recriar a visão de uma favela. Com isso, haveria a possibilidade de redesenhar novas formas de ocupação e mobilizar as pessoas em prol das melhorias. O seu projeto Favelas 4D foi justamente desenvolvido com o propósito de mapear a Rocinha para identificar construções e ruas ou vielas da região. A partir desse trabalho, foi possível entender no detalhe a estrutura da favela e propor ações mais efetivas.
Fonte
Smart City Expo Curitiba 2023
Contato:
contato@smartcityexpocuritiba.com
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Marina Pastore
DRT 48378/SP
Pavimento de concreto pode ser alternativa para escassez de asfalto em obras
O Ministro dos Transportes, Renan Filho, realizou uma reunião com a Petrobras em fevereiro para falar sobre como o mercado poderá suprir a demanda por asfalto no Brasil. A preocupação tem a ver com a alta quantidade de obras previstas no chamado Plano de 100 Dias do governo, que destinou investimento, somente até abril, de R$ 1,7 bilhão na construção, manutenção e revitalização de estradas federais nas cinco regiões do Brasil.
Por isso, os pavimentos feitos em concreto podem se tornar uma alternativa ainda mais necessária e importante. "Entendo que já há algum tempo a previsibilidade em relação ao asfalto tem diminuído. Não apenas do lado da oferta, mas também - e talvez principalmente - na oscilação de preços", diz Valter Frigieri, diretor de Mercado da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). "O setor de cimento já está posicionado para atender as demandas, não apenas pela eventual ausência do asfalto, mas principalmente porque hoje somos competitivos em boa parte dos projetos."
Mestre em engenharia, Valter afirma que o setor teria total capacidade para atender às demandas dos projetos do governo, caso fosse necessário. "Estamos falando de qualidade, quantidade e de logística para entregar o produto em qualquer ponto do país que tenha uma rodovia em construção."
No programa desenvolvido pelo Ministério, que prevê a facilitação do escoamento da safra agrícola de 2022/2023, a prioridade é realizar, até abril, intervenções nas estradas do Arco Norte, principalmente nas que dão acesso aos portos de Santarém (PA), Vila do Conde (PA) e Itaqui (MA), e no Corredor Sul-Sudeste, nas vias que seguem até os portos de Santos (SP) e Vitória (ES).
Ainda sobre o uso do pavimento de concreto, o diretor da ABCP conta que, no último ciclo de desenvolvimento do país, a indústria do cimento foi chamada a acompanhar o crescimento planejado do Brasil e elevou de forma significativa sua capacidade produtiva. "O cimento é usado para obras sociais, projetos que melhoram a infraestrutura das cidades e soluções construtivas que impactam a mobilidade, a logística e a produtividade local a favor do bem-estar dos brasileiros. Motivo pelo qual o consumo de cimento é usado como indicador de investimentos e de desenvolvimento do país."
Utilização mais ampla e vantagens do concreto
Valter Frigieri conta que, pelas vantagens econômicas e sustentáveis, a porcentagem de vias em concreto está subindo no país. "Em relação à previsibilidade dos preços, entendo que os tomadores de decisão podem avaliar a série histórica de cada material e tirar suas conclusões. As vantagens do concreto se expressam na competitividade já no custo de construção, nas economias geradas ao longo do seu ciclo de vida por conta de uma menor manutenção, nos ganhos ao meio ambiente e na economia de combustível que o concreto possibilita."
E completa ressaltando que os benefícios ficam ainda mais evidentes quando os números levam em conta uma projeção maior de tempo. "Se já somos mais competitivos no custo de construção, imaginem quanto de ganho é possível ao projetar uma estrada para 30 anos. Colocado em escala, esse raciocínio traria ganhos de grande impacto para o país."
Fontes
Valter Frigieri, diretor de Mercado da ABCP
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Fabiana Seragusa
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7º Encontro Mica reúne 3.000 pessoas no Jockey Club do Rio; veja destaques
A 7ª edição do Encontro Mica movimentou o setor da construção civil nos dias 21 e 22 de março, no espaço EXC do Jockey Club Brasileiro, no Rio de Janeiro, ao reunir mais de 70 profissionais da arquitetura, do design e da engenharia em palestras e painéis sobre assuntos relevantes do momento.
O evento contou com público de aproximadamente 3.000 pessoas no total, número acima da expectativa, que era de 2.000, segundo a organização. Das 9h às 20h, os visitantes puderam conferir uma programação intensa realizada em dois palcos dispostos em uma área de 1.400 m², além de conhecer estantes e espaços de showroom.
"Buscamos sempre a inovação e muita excelência em tudo o que fazemos, e nesta edição não poderia ser diferente", afirma a arquiteta e urbanista Michelle Beatrice Fernandes, idealizadora do Mica. "Além da inovação em tecnologia com a criação do Micaverso, onde contamos com toda a divulgação do encontro em tempo real para o mundo, ampliamos a rede de compartilhamento de conhecimentos através de dois palcos com palestras acontecendo simultaneamente."
A empreendedora também ressaltou outros pontos de destaque do evento, como a realização de exposição de artes, arenas de sustentabilidade, tecnologia e arquitetura e, ainda, o lançamento do Podcast Mica, que contou com entrevistas ao vivo com personalidades do setor. "Foi, de fato, um grande sucesso em inovação. Estou muito satisfeita com todo o resultado."
Programação
Com o tema "Transformando Lugares e Aproximando Pessoas", o 7º Encontro Mica recebeu em seus palcos nomes como Fábio Queiróz, sócio-proprietário da Rio Innovation Week, e o prestigiado arquiteto Indio da Costa, que compartilhou projetos desenvolvidos por seu escritório, com mais de 40 anos de atividades.
A arquiteta e urbanista Tainá de Paula, vereadora e atual Secretária de Ambiente e Clima da cidade do Rio de Janeiro, também foi uma das convidadas e aproveitou sua participação para abordar os desafios relacionados à estruturação das favelas da capital fluminense.
"Ao passo que nós diminuímos, do ponto de vista nacional, o número de favelas, o Rio de Janeiro aumenta verticalmente [essa quantidade] e cria um novo tipo de favela, que é periférica, que tem atores/agentes não regularizados (fora do mercado tradicional da construção civil) e que vem produzindo uma cidade injusta, fora dos regulamentos urbanísticos e fora dos parâmetros que a gente quer", explica.
Durante a sua apresentação ao público, Tainá ressalta que “as obras necessárias, a contenção de encostas, as soluções de engenharia e a pesquisa no campo da engenharia e da arquitetura que nós precisamos reconstruir não serão realizadas a partir apenas dos nossos esforços” e que é preciso uma agenda que entenda a crise e consiga planejar ações a curto, médio e longo prazos.
Outros temas abordados durante o evento foram tecnologias a favor da sustentabilidade na construção civil (com a engenheira civil Iza Valadão), o uso do BIM em incorporadora e construtora (com o arquiteto Felipe Wilbert) e o painel sobre criatividade, inovação e empreendedorismo.
O Encontro Mica contou com apoio de grupos como o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), a Associação dos Arquitetos e Urbanistas, a CBIM/RJ (Câmara Brasileira de BIM/RJ) e o Grupo G10 Empreendedores.
Fontes
Assessoria Encontro Mica
Michelle Beatrice Fernandes, idealizadora do Encontro Mica
Tainá de Paula, vereadora e atual Secretária de Ambiente e Clima da cidade do Rio de Janeiro
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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Fórum Norte e Nordeste da Indústria da Construção Civil discute habitação e tributos
O Fórum Norte e Nordeste da Indústria da Construção Civil (FNNIC) aconteceu em Manaus nos dias 23 e 24 de março. Organizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas (Sinduscon-AM), o evento tem como objetivo impulsionar ainda mais a atividade econômica, que tem projeção de crescimento, neste ano, de 2,5%, conforme a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
“Dentre os objetivos do FNNIC estão articular e promover ações que desenvolvam o setor da construção do Norte e Nordeste, visando sempre equalizar as diferenças regionais. Acima de tudo, o evento tem como missão ser um fórum estruturado como entidade representativa destas regiões, reconhecido pela contribuição efetiva para a melhoria dos resultados do setor”, aponta a arquiteta Ester Ramirez, que abriu o evento.
Ester aponta também outras metas:
- Induzir políticas públicas favoráveis ao Norte e Nordeste, como projetos habitacionais de interesse social. Um exemplo disso é a Casa Macapá;
- Promover projetos com impacto relevante para o setor, como o estudo e análise do déficit habitacional em comparação com os programas habitacionais existentes;
- Promover o aprendizado e a inovação nas empresas do setor;
- Elevar a integração na cadeia produtiva do setor.
Déficit habitacional & Programas habitacionais
Durante o evento, um dos temas discutidos foi o déficit habitacional. Na ocasião, o ministro das Cidades, Jader Filho, estava presente e afirmou que o Governo Federal, estados e municípios estão avaliando a criação de uma proposta para zerar a parcela retida de beneficiários do Faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
“Nós vamos fazer com que as pessoas da faixa 1 não precisem dar entrada na hora de comprar o imóvel próprio. Na hora oportuna iremos anunciar como será feito isso. Vamos dar clareza para que todos tenham ciência dos critérios, sempre dialogando com todos os setores, parceiros e todos os segmentos da sociedade”, explicou Jader Filho.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, pontuou que a política pública habitacional deve contemplar soluções de moradias aliadas a serviços sociais. De acordo com Lima, existem no Estado projetos de pequenos conjuntos habitacionais com até 100 habitações, que estão inseridas dentro da dinâmica social.
De acordo com a Caixa Econômica Federal, as novas regras dispõem de cerca de R$ 10 bilhões para este ano e o objetivo é entregar até 9 mil unidades habitacionais no primeiro semestre de 2023. “Ele vem agora com uma roupagem de mais recursos, focando nas famílias de mais baixa renda que estavam excluídas dos programas habitacionais nos últimos anos. Então, nós vemos com bons olhos o retorno do ‘Minha Casa, Minha Vida’, em especial aqui no estado do Amazonas, que tem um déficit habitacional”, aponta Rodrigo Wermelinger, diretor habitacional da Caixa.
Prevenção de riscos
Outro tema destacado durante o evento foi a criação da secretaria Nacional de Políticas para Territórios Periféricos, que tem como objetivo urbanizar assentamentos precários, melhoria habitacional de projetos e obras de contenção de encostas em áreas urbanas. De acordo com Jarder Filho, a prevenção de risco está entre as prioridades. “Estamos analisando esses pontos de alto risco para que não ocorram mais mortes e que famílias não vivam com medo de perder seus pertences”, assegurou o ministro das Cidades.
Reforma tributária
Um dos temas debatidos durante o encontro foi a questão da reforma tributária. “Qualquer análise do que vai acontecer nos próximos dias ou meses passa sobre os debates a respeito da reforma tributária. Eu sou muito crítico com relação às PECs 45 e 110. Uma das razões para isso é que o sistema tributário nacional é muito complexo. Além disso, ele é profundamente regressivo – a atividade produtiva compromete mais o seu patrimônio com o pagamento de tributos do que a atividade especulativa. Isso acontece porque o Brasil fez uma opção de super-tributar o consumo e a folha de pagamento e sub-tributar a renda e a propriedade. A propriedade foi tão sub-tributada que quase todos os tributos sobre ela são do município. Como consequência, as propostas que estão transitando querem discutir somente a tributação sobre o consumo e ela será neutra. Outro equívoco é acreditar que alíquota única é justiça tributária – quem tem cadeia longa, compensa o tributo. No entanto, quem tem cadeia curta não compensa o crédito. 25% de alíquota para a indústria é uma coisa, mas para a construção civil é completamente diferente. Justiça tributária é a que considera a compensação de crédito na cadeia e não alíquota única para todo mundo”, afirma Marcelo Ramos, advogado e ex-deputado federal.
Fonte
SindusCon Amazonas
Contato:
atendimento@sinduscon-am.org.br
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Marina Pastore
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Feicon 2023 terá 50% mais expositores e atrações inéditas
Faltam três semanas para o início da 27ª edição da Feicon, que ocupará o São Paulo Expo, na capital paulista, de 11 a 14 de abril com uma série de atividades gratuitas para os profissionais do setor.
A feira que é considerada o maior evento de construção civil da América Latina, confirmou um número 50% maior de marcas expositoras em 2023, com perspectiva de superar o sucesso que já foi a edição anterior.
"Como principal evento do setor e importante palco para lançamento de tendências e geração de negócios dessa indústria, queremos movimentar ainda mais o mercado e destacar todo o processo de inovação da construção civil, trazendo um panorama amplo de estudos, debates, soluções, produtos e tecnologias que estão transformando a área", ressalta Lúcia Mourad, gerente da Feicon.
Atrações inéditas
Promovida e organizada pela RX, a Feicon é uma das principais plataformas de geração de negócios, atualização profissional e networking do setor. E, para potencializar ainda mais esses importantes encontros, o evento preparou uma série de novidades para os quatro dias de atividades.
Uma das novas atrações é a chamada Rota da Tecnologia, que trará soluções e tecnologias construtivas inovadoras, selecionadas por um comitê de especialistas da área. Já o Lounge dos Influenciadores vai destacar a participação de formadores de opinião e oferecer conteúdo com grandes especialistas do setor da construção civil e arquitetura.
“Sabemos que essa indústria tem um papel estratégico e essencial para o desenvolvimento do país, com geração de negócios, emprego e renda, e o PIB do setor tem superado a média nacional nos últimos anos. Por isso, a cada edição buscamos surpreender os participantes, elevando o nível das experiências e atrações, impactando a geração de negócios durante o ano”, reforça Lúcia Mourad.
O público da Feicon também poderá participar da 96ª edição do ENIC (Encontro Nacional da Indústria da Construção), que será realizada durante o evento por meio de uma parceria entre a RX e a CBIC (Câmara Brasileira da Construção). De 12 a 14 de abril, haverá oficinas, palestras e painéis para debater assuntos do momento e apontar tendências.
Segundo Claudio Della Nina, diretor geral da RX para a América Latina, a realização da ENIC durante a Feicon "reforça nosso objetivo de conectar os principais players da cadeia construtiva com conhecimento e informações relevantes que tendem a pautar os próximos passos do setor, além de ser um momento estratégico para realização de negócios, troca de experiências, atualizações e networking".
Programação tradicional
Além das novidades, a Feicon vai reunir atrações consideradas tradicionais do evento, como é o caso da Casa Cerâmica, um modelo de projeto para conjuntos habitacionais que voltará a expor uma casa em tamanho real - com produtos modernos que proporcionam redução de custo para construtores e para o público final.
A Rota da Sustentabilidade é outro destaque confirmado na feira. O espaço contemplará marcas e produtos que atendam aos critérios de ESG selecionados por especialistas.
O credenciamento para profissionais do setor está aberto e disponível pelo site da Feicon.
Fontes
Lúcia Mourad, gerente da Feicon
Claudio Della Nina, diretor geral da RX para a América Latina
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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Barueri investe em grandes obras para conter enchentes
Em fevereiro de 2023, uma forte chuva atingiu cidades da Região Metropolitana de São Paulo, em especial municípios como Barueri, Osasco e Santana de Parnaíba, causando diversos pontos de alagamento. Para evitar esse tipo de problema, desde novembro de 2021, a Prefeitura de Barueri, por meio da Secretaria de Obras, vem realizando obras para conter as enchentes na região. Dentre as obras, estão reservatórios e um túnel para escoar a água.
"Estamos quase finalizando esse reservatório ao lado da estação ferroviária. Ainda estamos com obras em outro piscinão próximo do complexo esportivo do Jardim Silveira para contenção das águas do córrego Laranja Azeda e com 60% das obras já feitas no Tamboré, na construção de um túnel para ajudar a escoar as águas da chuva naquela região", destaca o secretário de Obras, Beto Piteri.
Piscinão do Jardim Silveira
Uma das obras que está sendo realizada é o piscinão ao lado da estação ferroviária do Jardim Silveira (linha 8 – Diamante da CPTM). Em fevereiro de 2023, mais de 80% da sua obra já estava concluída, e ele já estava em funcionamento para evitar alagamentos na região central da cidade.
De acordo com a Prefeitura, ao ser finalizado, este piscinão terá cerca de 24 mil metros quadrados de área e aproximadamente 22 metros de profundidade. Com isso, ele será capaz de suportar mais de 200 milhões de litros de água.
Reservatório no Laranja Azeda
Outro piscinão que está sendo construído é o do córrego Laranja Azeda, que também fica perto do reservatório da estação ferroviária. Com capacidade de 120 milhões de litros de água, o terreno do reservatório fica na avenida Alziro Soares e terá profundidade de 24,5 metros quando pronto. Em fevereiro de 2023 já havia sido construída a primeira cortina (“parede de contenção”). Em seguida, deve-se iniciar a escavação vertical do reservatório.
Piscinão Vila Marcia
No bairro da Vila Marcia, está sendo construído um piscinão com 24 mil metros quadrados de área e capacidade para reter mais de 350 milhões de litros de água.
Tunnel liner
Na região do Tamboré, está sendo construído um túnel subterrâneo para canalização e drenagem de águas da chuva. Esta obra será responsável por escoar a água para o rio Tietê. O sistema de construção a ser utilizado é conhecido como “não destrutível” do chamado tunnel liner. Com isso, a obra deverá trazer menos transtornos para o trânsito, uma vez que estará cerca de seis metros abaixo do nível da rua. Em fevereiro de 2023, 60% da obra estava concluída.
“Trata-se de uma região que tem integração com um grande sistema viário com acesso à rodovia Castello Branco, ligando cidades como Osasco e Carapicuíba, de modo que quando alaga causa enormes transtornos ao trânsito”, explica Piteri.
Fonte
Prefeitura de Barueri
Contato
scs.jornalismo@barueri.sp.gov.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Tendências da construção civil para 2023
Em 2023, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) prevê um crescimento de 2,5% para o setor da construção civil. Dentro deste contexto, quais são as tendências que devem surgir neste ano nesta área? Quais os impactos da economia neste setor e quais efeitos podemos esperar?
Inteligência artificial
Em 2023, a inteligência artificial tem ficado em voga com a chegada do ChatGPT. Para Victor Moraes, engenheiro civil e CEO da BR Work, a tecnologia do ChatGPT irá aumentar a competividade do mercado uma vez que os processos serão otimizados, no final da cadeia produtiva isso sempre é revertido em uma redução de custo no produto final.
“Podemos afirmar com uma margem pequena de erro que isso deve ser cada vez mais comum nos próximos anos. Isso permitirá aprimorar desde a metodologia da cadeia de ensino de nossa classe até as operações in-loco dos canteiros de obras”, afirma Moraes.
Já Mariana Albuquerque, arquiteta e sócia do Studio Dwg, acredita que a inteligência artificial será um importante recurso de comunicação entre as empresas e os clientes – algo que sempre foi um desafio para a construção civil pelo grande volume de informações. “Melhorar a eficiência, a qualidade e a agilidade desta troca proporcionarão um grande ganho para esta indústria. Desta forma, os arquitetos poderão dedicar mais tempo ao desenvolvimento e criação dos projetos e o cliente terá uma melhor experiência em todos os sentidos”, argumenta Mariana.
Para o engenheiro Milton Bigucci Junior, diretor da MBigucci, a expectativa é que este tipo de ferramenta agregue mais agilidade, qualidade e maior volume nas informações, levando, consequentemente, a uma melhora no desenvolvimento do setor como um todo. “Seja em planejamento, projetos, documentação, compra de materiais, contribuindo também para execução das obras, tornando-se uma ferramenta extremamente útil para os profissionais da área, bem como para o mercado em geral”, opina Junior.
Sustentabilidade na construção civil
Cada vez mais as empresas do setor de construção civil têm buscado opções sustentáveis – seja com materiais com menos emissão de gases ou técnicas construtivas com menos desperdício. 2022 também foi marcado pela Copa do Qatar, na qual construções temporárias foram erguidas e que posteriormente poderão ser reaproveitadas com outros usos.
Na opinião de Moraes, as empresas do setor da construção civil perceberam um amadurecimento do setor. “A sigla ESG (Governança ambiental, social e corporativa) tem ganhado muito mais relevância, a empresa que está ligada neste novo comportamento de mercado terá vantagens na comunicação com seu time, fornecedores e clientes”, esclarece o engenheiro.
Mariana pontua que o maior foco de tudo que está relacionado ao mercado de construção civil deve estar voltado a evitar o desperdício. Além disso, ela vê que há anos é realizado o lançamento de materiais e técnicas que reduzem o consumo de energia. “Os telhados verdes, por exemplo, surgiram assim e conquistaram o mundo”, exemplifica.
Um conceito que vem crescendo muito, segundo Mariana, é o da biofilia na arquitetura. “Projetos estão nascendo cada vez mais incorporando a natureza no ambiente construído. Dentro e fora se mesclam. Conceitos como este são apaixonantes e retomam a estrada correta do modernismo que nos trouxe até aqui”, comenta.
Ainda, Junior aponta que a construção industrializada vem tomando corpo, uma vez que a mão de obra para o setor está cada vez mais difícil. “A industrialização dos procedimentos passou a ser uma realidade, contribuindo e muito para a redução de desperdícios”, destaca.
Técnicas construtivas: impressão 3D
Para Moraes, as construções com impressão 3D ganharão mercado nos próximos anos por conseguirem minimizar o impacto de três ou até mais dos principais obstáculos da área: gestão do coeficiente de erro humano nas obras, previsibilidade de tempo no processo construtivo e padronização dos resultados. “Esses pontos sempre foram grandes desafios para área. Ao minimizá-los, poderemos ter uma indústria mais competitiva, limpa e inteligente”, expõe Moraes.
No entanto, segundo Moraes, os custos não fecham em boa parte das operações. “Seja pela falta de mão de obra para operar as máquinas ou até mesmo pela tecnologia ainda estar em aprimoramento, a indústria da construção civil está entre as mais conservadoras. Sendo assim, a tecnologia deve ganhar força nas próximas décadas, mas terá grandes desafios pela frente”, opina o engenheiro.
Mariana, por sua vez, entende que a tecnologia e a impressão 3D possibilitam a exploração de novas formas, estruturas e materialidades. “Isto tudo abre novos caminhos para o processo criativo, mas do nosso lado surge um receio que por este motivo os projetos fiquem muito mirabolantes e futuristas. O mais belo seria usar esta tecnologia para aperfeiçoar soluções e a qualidade da construção, porém resgatar no conceito dos projetos a simplicidade e a eternidade”, argumenta a arquiteta.
Por outro lado, Junior acredita que a construção com impressoras 3D ainda é uma realidade muito distante para ser produzida em escala. “Pela construção de um prédio ser algo bastante volumoso fica mais difícil a logística para esta produção. Entretanto, a produção de pequenas peças que compõe uma residência por exemplo já é bem mais viável e pode ser uma realidade muito em breve, sempre falando em grande escala, uma vez que já existem diversos produtos impressos em 3D” pondera.
Influência do contexto socioeconômico na construção civil
2022 foi marcado pelo aumento de preços em vários setores decorrentes da guerra entre Rússia e Ucrânia, inclusive na construção civil. No mundo todo, a inflação aumentou. E, no Brasil, não foi diferente. Além disso, foi um ano de eleições. O que esperar para 2023 na construção civil?
Mariana vê que o contexto socioeconômico elevou muito o preço dos materiais e construir ficou mais caro. “Isto influencia diretamente nos projetos de arquitetura que devem buscar soluções economicamente viáveis e fontes de materiais disponíveis”, explica. Segundo a Pesquisa IPC Maps, as famílias brasileiras gastaram cerca de R$ 217,6 bilhões com materiais de construção no ano passado e R$ 91,8 bilhões na aquisição de imóveis. Junior acredita que as consequências da Guerra na Ucrânia, bem como da alta taxa de juros no País, já foram absorvidas pelo mercado que agora se mantem estabilizado. “Tivemos uma forte alta de preços dos materiais em 2022, porém, apesar da inflação, atualmente esta alta está mais controlada. A taxa de juros teve um impacto no crédito dos clientes imobiliários e trouxe uma estabilidade nas vendas que vinham crescendo significativamente nos últimos anos. Acreditamos que estes juros não devem aumentar e sim diminuir a médio prazo, o que vai favorecer o setor imobiliário”, defende o engenheiro.
Para 2023, Moraes lembra que o Governo atual aposta no programa Minha Casa, Minha Vida. “A meu ver, traz mais pontos bons do que ruins. Dados da Fundação João Pinheiro apontam que o Brasil tem um déficit habitacional de 5,876 milhões. E o programa deve fazer avanços nesta área. Olhando pelo ponto de vista econômico, a solução traz resultados de médio e longo prazo, uma vez que o programa é subsidiado pelos contribuintes. Se o governo atual conseguir reduzir a taxa básica de juros isso significará mais dinheiro injetado na economia. E, consecutivamente, mais recurso para esse e outros Programas”, opina.
Por outro lado, Mariana vê que a questão das habitações sociais é controversa. “No mundo ideal seria muito mais benéfico tornar acessível a aquisição de moradia em bairros inseridos no contexto urbano do que construir habitações em série em áreas periféricas e às vezes até rurais com uma padronização das construções totalmente desinteressante”, conclui.
Entrevistados
Mariana Albuquerque é arquiteta e sócia do Studio dwg.
Milton Bigucci Junior é engenheiro e diretor da MBigucci.
Victor Henrique Duque Castilho de Moraes, engenheiro civil e CEO da BR Work.
Contatos
Mariana Albuquerque: studiodwg@studiodwg.com.br
Milton Bigucci Junior: imprensa@mbigucci.com.br
BR Work: contato@brwk.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Tecnologia BIM vai revolucionar a construção civil em três anos, diz especialista
Um dos desafios da tecnologia BIM (Modelagem de Informação da Construção) é conseguir conectar todos os agentes da cadeia de produção em um único sistema integrado, e isso deve acontecer de forma efetiva em três anos, causando uma disrupção na construção civil.
É o que estima o presidente do BIM Fórum Brasil, Rodrigo Koerich, que diz já haver exemplos muito claros dessa mudança. "Vão surgir inúmeros outros modelos de negócio, com ganhos e reduções de custo e processo, que vão mudar drasticamente a cadeia. O que vai acontecer nesses próximos poucos anos é realmente uma transformação muito grande."
Sobre o cenário atual, Koerich, que é Engenheiro Civil e Mestre em Estruturas, ressalta que o uso da tecnologia no Brasil ainda é menor em relação ao que deveria ser, mas que está crescendo - e destaca o fato de que o BIM é restrito, atualmente, à fase do projeto, sendo deixado de lado quando a construção, em si, é iniciada. "Isso é um problema que temos que resolver."
Em entrevista exclusiva ao Massa Cinzenta, o especialista, que também é Diretor de Portfólio na empresa AltoQi Tecnologia (desenvolvedora de softwares BIM para projetos, orçamento e gestão de edificações), fala sobre os custos do investimento e a busca por uma participação mais ativa do governo, para que possa criar políticas complementares e contratar em larga escala projetos em BIM.
A tecnologia BIM é muito usada em projetos no Brasil?
Rodrigo Koerich: Ainda é pouco em relação ao que deveria ser, mas está crescendo. Mais e mais projetistas, mais e mais construtoras estão contratando projetos em BIM. Depois que um projeto é contratado, entregue e começa a construção, aí o BIM deixa de ser usado por quase todas as construtoras. Ele deveria prosseguir sendo atualizado e mantido durante a fase de construção, mas não é isso que está acontecendo no mercado, infelizmente. O uso do BIM, hoje, ainda é bem restrito à fase do projeto. E isso é um problema que a gente tem que resolver.
Por que ainda é restrita à fase do projeto?
Por enquanto, as tecnologias que estão disponíveis para projeto conseguem ser integradas. Quando a gente vai para a fase de execução, existem tecnologias, mas elas estão desconectadas - muitas startups fazem pedacinhos do processo de gerenciamento da construção, mas não o fazem de maneira completa e não de maneira integrada. Por isso, os empreendedores também não estão conseguindo transformar em realidade os benefícios que o BIM pode oferecer.
Em sua avaliação, quando seria possível essa integração?
Se as coisas forem feitas a seu próprio tempo, sem que haja interferência, vai demorar, porque o mercado teria que, passo a passo, ir descobrindo as coisas. Eu venho defendendo que é preciso ter um trabalho intencional, planejado e estrategicamente concebido e executado para que isso seja acelerado. O que tem que ser feito? Existe um trabalho que a gente vem fazendo, no BIM Fórum Brasil, que é sensibilizar os entes do governo, acelerar a adoção da estratégia BIM BR e criar políticas e ações complementares para que ela seja adotada - especialmente que o governo realmente contrate em larga escala projetos em BIM.
Mas também é preciso fazer uma iniciativa e um trabalho dentro do setor produtivo, dentro da iniciativa privada, que envolve toda a cadeia da construção, desde as incorporadoras, as construtoras, os fabricantes. O investidor já percebeu o benefício do BIM e precisa estar sensibilizado de que realmente isso é possível e traz benefícios para ele. A gente também está começando a estruturar uma ação trazendo para a mesa o representante da cadeia produtiva, tentando começar a desenhar e a construir estratégias para que a cadeia da construção primeiro se sensibilize, e depois se prepare para fazer essa mudança de chave.
É muito caro o investimento na tecnologia BIM? Os custos devem diminuir?
Em toda nova tecnologia, a tendência é de que o custo vá diminuindo ao longo do tempo, então, aqui nesse caso, não seria diferente. Mas o investimento proporcional, o quanto que custa a mais para fazer o projeto em BIM, ele é um custo absolutamente marginal frente ao investimento e aos materiais que são utilizados.
Os erros que acontecem durante as fases de projeto e construção, as tomadas de decisão que são mal feitas porque não tinha informação suficiente, custam muitas vezes mais do que o custo da adoção da tecnologia. Então eu posso garantir que o investimento para a transformação digital é muitas vezes menor do que o benefício que se passa a ter.
E, quanto mais o tempo passar, quanto mais essas tecnologias estiverem integradas e mais agentes da cadeia de produção estiverem envolvidos, mais esse investimento será diluído. Construtoras e incorporadoras precisam fazer a virada de chave. Se demorarem a fazer, vão demorar a ter os benefícios. Mas alguém está fazendo isso.
Quando a gente conseguir conectar os agentes da cadeia, vai haver uma disrupção na construção. Vão surgir inúmeros outros modelos de negócio, inúmeras outras possibilidades, ganhos e reduções de custo e processo que vão mudar drasticamente a cadeia. O que vai acontecer nesses próximos poucos anos é realmente uma transformação muito grande.
Em quanto tempo você prevê essa grande mudança?
Eu estimo que em 3 anos. A gente já está vendo exemplos muito claros de vários empreendimentos que vão passar a ser construídos e gerenciados de uma maneira muito diferente daquela que estamos acostumados hoje.
Imagine dois empreendimentos iguais, um ao lado do outro, e um deles é vendido por 5% a menos. Só que 5% em um empreendimento que custa muitos mil, eventualmente, milhões de reais, é um dinheiro representativo para o comprador. Então faz diferença a escolha de um produto que tem base tecnológica, que foi construído em BIM, que tem mais qualidade, que tem mais informações agregadas, que facilita depois o processo de manutenção, em detrimento de um outro do lado, que custa 5% a mais e que não tem isso.
Portanto, quem fizer isso vai ter diferenciais de mercado impactantes para a cadeia. E isso já está em processo de acontecer.
Fontes
Rodrigo Koerich, presidente do BIM Fórum Brasil
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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