Alvenaria estrutural: saiba como evitar patologias

Mão de obra qualificada, blocos em conformidade com as normas e projeto bem especificado são fundamentais para o sucesso deste tipo de obra

Por: Altair Santos

Na história da construção civil brasileira há relatos de que na década de 1960 surgiram os primeiros prédios em alvenaria estrutural. A tecnologia intensificou-se nos anos 1970, recrudesceu, mas a partir de 2009, quando foi lançado o Minha Casa, Minha Vida, praticamente transformou-se no sistema construtivo oficial do programa. Hoje, a alvenaria estrutural que utiliza blocos de concreto é a que predomina nas obras do MCMV. A intensidade de uso do sistema levou a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) a se debruçar, entre 2010 e 2011, na revisão das normas de blocos cerâmicos e blocos de concreto, assim como dos métodos de construção. As medidas focaram no combate às patologias.

Construção em alvenaria estrutural: fase de planejamento é que garante a operacionalidade do sistema.

Segundo as diretoras do CDTEC (Centro de Desenvolvimento Tecnológico S/A) Tayana Bianco Garcez Castellano Cunico e Lidia Krefer, as patologias que mais afetam a alvenaria estrutural são as fissuras, decorrentes dos seguintes problemas: variação de temperatura, principalmente nos pavimentos mais altos; cargas atuantes que excedam a capacidade resistente da estrutura solicitada; recalques nas fundações e o assentamento inadequado das aberturas, como portas e janelas. "Para que uma obra não venha a sofrer com patologias é sempre importante respeitar o sistema construtivo, ou seja, cada etapa deve ser realizada atendendo as particularidades de cada item", ressalta Lidia Krefer.

A afirmação da tecnóloga é corroborada pelo gerente de desenvolvimento de produtos da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) Cláudio Oliveira Silva. "No último pavimento é preciso um cuidado especial com a movimentação da laje, caso contrário surgirão fissuras entre a laje e o respaldo da parede", frisa. Ele alerta ainda que a alvenaria estrutural é o sistema construtivo que mais requer cumprimento das normas. "Os projetistas têm um guia normativo para ser cumprido. A partir do momento que o projeto segue as normas, o risco de patologias é muito pequeno", diz.

As especialistas destacam ainda que na concepção dos projetos arquitetônicos em alvenaria estrutural deve-se estar atento a critérios como modulações, tipos de blocos, argamassa e graute. "A mão de obra também deve ser treinada para entender as particularidades do sistema construtivo, bem como ter ferramentas adequadas. A fiscalização eficiente das etapas executadas é outro fator decisivo no sucesso desta tecnologia", diz Tayana Bianco, sem esquecer que a manutenção também é componente relevante para a alvenaria estrutural. "A conservação preventiva está prevista em norma, assim como são vetadas alterações arquitetônicas sem autorização do projetista da obra", complementa.

Blocos de concreto

Tayana Bianco: mão de obra deve estar bem treinada.

É preciso observar ainda a conformidade dos blocos de concreto. A não obediência das características físicas em relação à análise dimensional, como largura, altura e comprimento, pode acarretar falhas na modulação, tanto horizontal quanto vertical, assim como na precisão geométrica do conjunto - fundamental para a segurança das paredes que serão elevadas. Já quanto à absorção dos blocos, se a porcentagem recomendada for superior ao especificado as paredes ficam porosas e podem rapidamente absorver umidade e causar infiltrações, manchas e bolor no revestimento interno. "Se essas especificações forem insatisfatórias, tendem a prejudicar a integridade e a segurança de toda a estrutura", destaca Tayana Bianco.

Neste item, mais uma vez Cláudio Oliveira Silva confirma o que diz a engenheira. "Como estamos falando de um sistema que vai receber o carregamento da estrutura, construir com um bloco que não atenda a resistência mecânica especificada no projeto traz um risco muito grande para essa estrutura. Então, eu diria que usar blocos em conformidade, aliada a uma mão de obra bem treinada, assim como o cumprimento das normas, permite que uma edificação em alvenaria estrutural gere uma economia de até 30% em relação à alvenaria convencional, em se tratando de um edifício de até quatro pavimentos", compara.

Lidia Krefer: alvenaria estrutural requer cumprimento das normas.

Outro elemento importante para o sucesso da alvenaria estrutural é a argamassa de assentamento. Ela possui as funções básicas de solidarizar os blocos de concreto, transmitir e uniformizar as tensões entre as unidades de alvenaria, absorver as deformações naturais a que a alvenaria estiver sujeita e selar as juntas contra a penetração da água da chuva. "Por isso, devem ser aplicadas as espessuras de juntas horizontais e verticais dentro dos limites das superfícies estabelecidas e tolerâncias de norma, pois é através deste material que podem ser detectados os primeiros sinais de falhas de todo o conjunto da estrutura", lembra Lidia Krefer, citando as normas que regulamentam a alvenaria estrutural:

- ABNT NBR 15961- Alvenaria Estrutural – Blocos de concreto - Parte 1: Projeto.
- ABNT NBR 15961- Alvenaria Estrutural – Blocos de concreto - Parte 2: Execução e controle de obras.
- ABNT NBR 6136 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Requisitos.
- ABNT NBR 12118 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Métodos de ensaio.
- ABNT NBR 15812 - Alvenaria Estrutural – Blocos Cerâmicos - Parte 1: Projeto.
- ABNT NBR 15812 - Alvenaria Estrutural – Blocos Cerâmicos - Parte 2: Execução e Controle de obras.
- ABNT NBR 5738 e 5739 - Moldagem e ensaio de resistência à compressão do graute.

Entrevistados
Tayana Bianco Garcez Castellano Cunico e Lidia Krefer, diretoras do CDTEC (Centro de Desenvolvimento Tecnológico S/A), e Cláudio Oliveira Silva, gerente de desenvolvimento de produtos da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
Currículos
- Tayana Bianco Garcez Castellano Cunico é graduada em engenharia civil pela UTP (Universidade Tuiuti do Paraná) com pós-graduação em gestão da qualidade pela FAE (Faculdade de Administração e Economia)
- Atua como Diretora Técnica do CDTEC desde 2002
- Lidia Krefer é graduada em tecnologia da construção civil pela UTFPR, e especialista em concreto pelo IDD
- Atua como gerente técnica do CDTEC desde 2006
- Localizado em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, o CDTEC atua no controle tecnológico do concreto e da alvenaria estrutural, prestando assessoria quanto aos ensaios necessários dentro das recomendações das normas que englobam todo sistema, bem como os especificados no projeto estrutural
- Cláudio Oliveira Silva é graduado em engenharia civil pela Universidade de Guarulhos (1993) com mestrado em materiais de construção e administração industrial pela USP (Universidade de São Paulo), além de marketing pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing)
Contatos: www.cdtecsa.com.brcdtecsa@cdtecsa.com.brclaudio.silva@abcp.org.br
Créditos fotos: Chico Rivers / ABCP / Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Em vigência plena, NR 35 amplia segurança

Por: Altair Santos

Desde 27 de março de 2013, as empresas ligadas à construção civil estão obrigadas a treinar os trabalhadores que tiverem de cumprir tarefas nas alturas (acima de dois metros) assim como as equipes de emergência e salvamento. Com essa exigência, a NR 35 passa a vigorar plenamente. Publicada em março de 2012, a norma regulamentadora foi instituída através da portaria 313 do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) e deu prazo de 12 meses para que o setor se adaptasse integralmente. Parte da NR 35 já vigora desde setembro do ano passado e agora passou a ser exigido o termo final, que é o capítulo 3 do item 6.4, e que trata da qualificação e da capacitação.

Haruo Ishikawa: NR 35 não tende a onerar o custo das obras.

Segundo o vice-presidente de relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, a medida não atinge apenas as construtoras, mas toda a cadeia produtiva. "A construção civil já tem uma norma de trabalho em andaimes, que é a NR 18.15. Com a NR 35, aprimora-se a anterior, pois ela passa a exigir planejamento na execução e capacitação da mão de obra, garantindo mais segurança na atividade trabalho em altura e abrangendo toda a cadeia produtiva", explica, complementando que a nova norma regulamentadora instrui que o trabalhador que vá atuar em alturas superiores a dois metros receba, no mínimo, um treinamento de oito horas.

No entender de Haruo Ishikawa, nas capitais brasileiras, boa parte das construtoras já aderiu à NR 35 antes mesmo de ela passar a vigorar integralmente. Em São Paulo, e nos estados da região sul, o SindusCon tem sido atuante, dando cursos de qualificação, principalmente para as empresas com número inferior a 50 funcionários. A expectativa, no entanto, é que a adesão no interior do país, e em regiões como centro-oeste, norte e nordeste, seja gradual. "É natural isso, pois será preciso ter equipes suficientes para dar o curso de capacitação", afirma. A obrigação de fiscalizar o cumprimento da NR 35 será do Ministério do Trabalho e Emprego, através de seus auditores, que estão espalhados em todo o território nacional.

A expectativa é que a NR 35 não influencie no custo da obra, até porque o número de trabalhadores a serem capacitados refere-se apenas àqueles que vão trabalhar em altura. Outro detalhe lembrado pelo vice-presidente de relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP é que a NR 18.15 já preparou boa parte das construtoras para a nova norma regulamentadora. "Como houve investimento forte para a NR 18.15, vários requisitos já foram atendidos. O que a NR 35 faz é melhorar alguns itens que não estavam claros. Por isso, ela não tende a onerar custos", avalia, concluindo que o importante é que o Brasil dá mais um passo para atingir padrões internacionais de segurança em canteiro de obras.

Entrevistado
Haruo Ishikawa, vice-presidente de relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP
Currículo
- Haruo Ishikawa é graduado em engenharia civil e ocupa o cargo de vice-presidente de relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP
- É também conselheiro do Instituto Falcão Bauer de Qualidade e da Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes (ABPA)
- Integra o efetivo da Comissão Permanente de Relação trabalhista da CBIC e é membro do Comitê Permanente Nacional da NR 18 (CPN NR18), onde foi coordenador entre 2010 e 2012
- Também é membro efetivo do Comitê Permanente Regional da NR 18 de São Paulo e sócio-presidente da construtora H. Ishikawa Engenharia e Construções Ltda.
Contato: haruo@ishikawaengenharia.com.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Universidades corporativas priorizam engenheiros

Grandes Companhias nacionais, como Embraer, Petrobras e Vale, investem em formação complementar para acelerar processos produtivos

Por: Altair Santos

Embraer, Petrobras e Vale são algumas das grandes Companhias nacionais que decidiram resolver o problema da formação inconsistente de engenheiros, investindo em universidades corporativas. O objetivo é fazer com que os profissionais contratados, e que vêm de formações heterogêneas, entendam o espírito da engenharia que é praticada nas empresas. Segundo o headhunter Leandro Muniz, da consultoria Michael Page, o que as corporações têm feito é salutar tanto para elas quanto para os profissionais. "Com as universidades corporativas, elas conseguem uma formação bastante específica no seu nicho de mercado, sanando suas necessidades específicas. Trata-se de um modelo interessante, pois os profissionais ficam prontos mais rapidamente", avalia.

Objetivo das universidades corporativas é dar homogeneidade à formação dos engenheiros.

Ainda segundo o especialista, o ideal no Brasil é que fosse perseguido um sistema similar ao que se pratica no Canadá. "Lá os cursos de engenheira, independentemente da especialização, são divididos em trimestres. A partir do quarto trimestre, o aluno, obrigatoriamente, passa a intercalar um período de estágio e um período de disciplinas na universidade. A própria universidade mantém convênios com grandes empresas e oferece as vagas de estágio. São todas remuneradas, justamente para que os alunos (mesmo aqueles que possuem renda baixa) tenham a possibilidade de cumprir os estágios. Com isso, o aluno sai da faculdade com uma visão ampla do mercado e um bom direcionamento do que quer fazer no futuro", explica.

Por enquanto, no Brasil, o exemplo melhor acabado deste tipo de parceria universidade-empresa é o que existe entre ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e Embraer, onde a universidade forma engenheiros para a empresa. Na USP (Universidade de São Paulo) recentemente passou-se também a valorizar este modelo. "Temos feito muito investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) inovação e empreendedorismo, justamente para atender a demanda das empresas que nos procuram", diz José Roberto Castilho Piqueira, vice-diretor da Escola Politécnica da USP.

Especificamente sobre a engenharia civil, tem-se investido na formação humanista dos profissionais. "O relacionamento com vários stakeholders está ficando cada vez mais complexo na construção civil. Então, o engenheiro precisa interpretar demandas que vão desde os sentimentos dos clientes até questões de sustentabilidade ambiental", completa Leandro Muniz.

Leandro Muniz: universidade corporativa não forma engenheiro, apenas lapida.

Piqueira lembra, no entanto, que as escolas de engenharia não podem também perder o foco, que são as ciências exatas, somente em função das novas demandas do mercado. "A base do direito é a linguagem; da medicina, a biologia, e da engenharia, é a matemática. Ninguém concebe um advogado que se expressa mal no idioma pátrio e isso equivale ao engenheiro que não sabe matemática e física. Então, as universidades corporativas são importantes para isso. São elas que vão fazer a abordagem transdisciplinar, complementando a formação do engenheiro", afirma. "É importante saber que não é a universidade corporativa que vai formar o engenheiro. Essa realização ele vai obter na universidade. A universidade corporativa apenas irá lapidá-lo para as necessidades da empresa", complementa o headhunter Leandro Muniz.

Entre as universidades corporativas do país, a da Embraer já formou 1.200 engenheiros de 2001 até 2012. O curso conta hoje com uma demanda de 50 candidatos por vaga e é feito em parceria com o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica). São três fases: 1) Fundamental, de cinco meses; 2) Especialização, de quatro meses, e 3) Projeto. A mesma metodologia é aplicada na Universidade Petrobras. Na estatal de petróleo há cursos com duração de 3 a 13 meses e, além das engenharias, engloba outras 16 profissões de nível superior. Em qualquer uma das empresas, a universidade corporativa é acessível apenas para os funcionários.

José Roberto Castilho Piqueira: universidade corporativa faz a abordagem transdisciplinar.

Outros modelos

Além das universidades corporativas, outros modelos de relação empresas-escola prevalecem no país. Um deles é o convênio, do qual a Cia. de Cimento Itambé é adepta. Por meio de acordos com universidades, a empresa participa ativamente do aprimoramento da construção civil. A meta é apoiar a formação de novos engenheiros. Desde 2007, a Companhia possui um convênio com o Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR). São realizadas palestras, aulas de laboratório, visitas à fábrica, à mineração e às centrais de concreto. Em 2010, a Itambé fechou um convênio nos mesmos moldes com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Em 2012, as atividades promovidas pela parceria beneficiaram 198 alunos das duas instituições. A empresa também apoia programas de Mestrado e Iniciação Científica.

Entrevistados
Leandro Muniz, headhunter e integrante da equipe de consultoria da Michael Page
José Roberto Castilho Piqueira, vice-diretor da Escola Politécnica da USP
Currículos
- Leandro Muniz é graduado em engenharia civil, com MBA em finanças pela Ibmec Business School
- Trabalhou como consultor financeiro e coordenador de projetos na Votorantim Industrial e Votorantim Cimentos por quase 10 anos
- Atua na Michael Page, como headhunter, desde 2010
- José Roberto Castilho Piqueira é graduado em engenharia elétrica pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP) em 1974
- Obteve os títulos de mestre em engenharia elétrica também pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP) em 1983. Em 1987, obteve o título de Doutor em Engenharia Elétrica pela Poli e, em 1995, o de livre docente em controle e automação, também pela Poli
- No setor industrial, trabalhou em vários projetos ligados à comunicação de
dados para várias empresas e órgãos governamentais, assessorando também
entidades de fomento à pesquisa. No âmbito da USP, Piqueira participa da
Comissão Permanente de Avaliação e já foi membro do Conselho Universitário
e da Comissão Especial de Regimes de Trabalho
- É presidente da Sociedade Brasileira de Automática e, atualmente, concilia as atividades da vice-diretoria da Poli USP com as de professor titular e coordenador do Laboratório de Sincronismo, iniciado por ele em 2002
- Participa ainda do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Complexos (CNPq)
Contatos: www.michaelpage.com.br / engineering@michaelpage.com.br
                   jose.piqueira@poli.usp.br / diretoria@poli.usp.br
                   jlvi_leandromuniz@yahoo.com.br

Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Pequenas empresas dominam construção civil no país

Pesquisa mostra que quase 95%, das 195 mil construtoras em atividade, têm idade média de 13 anos e menos de 50 empregados

Por: Altair Santos

Ampla pesquisa encomendada pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) ao Instituto Sensus revela que o setor da construção civil, que atua diretamente no canteiro de obras, está dominado por empresas de pequeno porte, com até 49 empregados. Este segmento, que engloba construtoras, incorporadoras, demolidoras, preparadoras de terreno, instaladoras elétricas e hidráulicas, acabamento e outros serviços especializados, representa atualmente 184,8 mil (94,8%) das 195 mil que estão em atividade no país.

Luís Fernando Melo Mendes: formalização da mão de obra é peça-chave para o setor das pequenas construtoras.

Destas, quase a metade (49,4%) tem a receita operacional bruta anual de até R$ 5 milhões. Já 14%, faturam de R$ 5 milhões a R$ 10,5 milhões. Quase 5%, entre mais de R$ 10,5 milhões até R$ 15 milhões. Outras 4% indicam receita entre R$ 15 milhões e R$ 30 milhões. Cerca de 3,5% têm faturamento bruto entre mais de R$ 30 milhões e menos de R$ 60 milhões e 5,1% registram receita igual ou superior a R$ 60 milhões.

O maior contingente das pequenas empresas é representado por construtoras (cerca de 60%) que até o lançamento de programas como o Minha Casa, Minha Vida e o PAC atuavam como terceirizadas das grandes empreiteiras. No entanto, impulsionadas principalmente pelo crescimento do setor habitacional, elas passaram a ter mais autonomia para empreender e promover seus próprios negócios. Com isso, conquistaram uma participação maior no PIB da construção. Em 2009, era 0,7%. Hoje, esse setor representa 11,6%.

A pesquisa "A Construção na visão de quem produz" revela ainda que boa parte destas pequenas empresas que dominam o setor, e que têm em média 13 anos de existência, está preocupada agora em buscar novas tecnologias construtivas, novas técnicas de gestão e novas regras de negócio, além da formalização da mão de obra. "A sinalização clara do mercado é que, quem não se formalizar, tende a ficar fora das oportunidades e no limite do próprio mercado", destaca Luís Fernando Melo Mendes, assessor econômico da CBIC.

Aproximadamente 48% destas pequenas empresas atuam no segmento da construção de edifícios. Trata-se de um setor em que a idoneidade é peça-chave para se conseguir sobreviver e atrair novos negócios. "É uma demanda do consumidor, que passou a rechaçar a informalidade, e também dos governos, que contratam essas construtoras para atuar em programas habitacionais", diz Luís Fernando Melo Mendes, para quem o cenário é de estabilização no surgimento de novas construtoras no mercado. "O cenário atual aponta para o aperfeiçoamento das empresas, para que elas construam atendendo as exigências dos consumidores. Se novas construtoras surgirem, elas deverão se diferenciar pelo modelo de gestão e pela tecnologia", completa.

Outro dado relevante trazido pela pesquisa encomendada pela CBIC é que, das receitas das pequenas empresas, 72,2% advêm de obras industriais e obras residenciais, contratadas por clientes privados. As obras públicas, como edificações, saneamento e transporte, são minoritárias na composição da receita operacional: 22,6% tinham origem em obras municipais; 15,5%, em obras estaduais, e 9,7%, em obras federais. Já a incorporação imobiliária foi apontada como a segunda principal fonte de receita indicada pelas pequenas construtoras. O maior volume de recursos tem como origem a compra de imóveis pela classe média (29,3%).

Confira a pesquisa completa

Entrevistado
Luís Fernando Melo Mendes, assessor econômico da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)
Currículo
- Luís Fernando Melo Mendes é graduado em economia e atua como assessor econômico da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)
Contato: economista@cbic.org.br
Créditos foto: Divulgação/CBIC

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Das 50 maiores obras no mundo, 14 estão no Brasil

Juntas, elas movimentam alguns milhões de m³ de concreto, mas avançam lentamente por causa de entraves burocráticos

Por: Altair Santos

Entre projetos já em andamento e ainda não iniciados, o Brasil detém 14 das 50 maiores obras de infraestrutura do mundo. Elas ocupam posição de destaque no ranking, seja por qual ângulo que se queira analisar. Sob o ponto de vista de recursos, equivalem a R$ 250 bilhões. Olhando-se pelo volume de concreto, são empreendimentos que precisarão, no mínimo, de 26,3 milhões de m³ para serem concluídos.

Cinturão das Águas no Ceará: obra leva irrigação para produção de frutas no nordeste brasileiro.

A previsão era que todas as construções - boa parte delas vinculadas ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) - fossem concluídas até 2015. Mas hoje estima-se que muitas podem se estender até 2020. Um exemplo clássico é a usina de Belo Monte, no rio Xingu, dentro do território do estado do Pará. Iniciada em 2011, a obra já sofreu 11 interrupções, seja por liminares que paralisam seu andamento, seja por manifestações de movimentos sociais, indígenas e moradores locais ou por invasões dos canteiros de obras.
Belo Monte é também o maior empreendimento em construção no Brasil. Orçada em R$ 26 bilhões, a hidrelétrica envolve 22 mil operários e irá consumir 3,7 milhões de m³ de concreto até ser concluída. A usina, e outras obras, fazem da região norte do país a que mais concentra megaconstruções. Os estados de Amapá, Amazonas, Pará e Rondônia englobam os seguintes projetos, além de Belo Monte: hidrelétricas Teles Pires (na divisa entre Pará e Mato Grosso), Santo Antônio (Rondônia), Jirau (Rondônia), São Luiz de Tapajós (Pará), Linhão Manaus-Tucuruí-Amapá (entre Amazonas e Amapá), Gasoduto Urucu-Coari-Manaus (Amazonas) e Arena Amazônia (Amazonas).

Rodoanel, em São Paulo: confiabilidade de que esteja 100% concluído até 2016 é alta.

Do complexo de obras que faz o Brasil aparecer com destaque na construção civil internacional, o único que deve ser concluído até 2014 é o que envolve os projetos da Copa do Mundo. Doze estádios e obras de mobilidade espalhados pelas subsedes irão consumir 8,6 milhões de m³ de concreto (5,1 milhões de m³ só nos estádios). Também se mostram confiáveis de serem concluídas até 2016 os seguintes empreendimentos: Rodoanel de São Paulo (trechos leste e norte), usina nuclear Angra 3 e Arco rodoviário do Rio de Janeiro. Tratam-se de construções que, além de recursos federais, contam com investimentos estrangeiros e estaduais e, por isso, estão mais rigorosas com o prazo de entrega.

O contraponto dessas obras com previsão para acabar é o que envolve a transposição do rio São Francisco. Iniciada em 2005, passados quase oito anos, a megaobra não tem cronograma de entrega definido. Só seu custo avança. Saiu de R$ 4,7 bilhões para R$ 8,2 bilhões, e somente 43% está concluído. O problema é que são trechos que não se interligam e que, portanto, ainda não têm condições de conduzir a água para o sertão nordestino - historicamente afetado pelas secas. Pela quantidade de problemas, é provável que a transposição do São Francisco seja concluída depois de uma obra similar que avança no Ceará: o Cinturão das Águas. Ele parte do sul do estado e envolve todo o território cearense. A 1ª etapa já foi entregue e vem beneficiando diretamente a produção de frutas no nordeste brasileiro.

Usina de Santo Antônio: uma das megaobras em andamento na região norte do país.

Confira as 14 megaobras do Brasil, em volume de concreto:

Obras da Copa - 5,1 milhões m3 (estádios) 3,5 milhões m3 obras de mobilidade
Hidrelétrica Belo Monte - 3,7 milhões m3
Hidrelétrica Santo Antônio - 3,2 milhões m3
Hidrelétrica Jirau - 2,8 milhões m3
Programas de saneamento - 2 milhões m3
Hidrelétrica São Luiz de Tapajós - 1,5 milhão m3
Transposição do São Francisco - 1,3 milhão m3
Rodoanel de São Paulo - 800 mil m3
Gasoduto Urucu-Coari-Manaus - 800 mil m3
Cinturão das Águas do Ceará - 600 mil m3
Hidrelétrica Teles Pires - 480 mil m3
Linhão Manaus-Tucuruí-Amapá - 240 mil m3
Usina nuclear Angra 3 - 200 mil m3
Arco rodoviário do Rio de Janeiro - 92 mil m3

Angra 3: após 23 anos parada, obra no Rio de Janeiro foi retomada em 2010 e avança rapidamente.

Entrevistados
Ministério do Planejamento, SUDAM (Superintendência do desenvolvimento da Amazônia) e governos de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará (via assessoria de imprensa)
Contatos: www.pac.gov.br / www.sudam.gov.br / www.ceara.gov.br
                   www.rj.gov.br / www.sp.gov.br
Créditos fotos: Divulgação

 

 

 

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Empresas recém-nascidas aderem à filosofia 4P

Conceito permite planejamento adequado, otimiza uso de recursos, dá visão de futuro e constrói alianças produtivas e duradouras

Por: Altair Santos

Depois da filosofia 5S, as empresas agora estão descobrindo o conceito 4P (propósito, processo, pessoas e parcerias). Cada um desses itens está voltado à melhoria da gestão.O Sebrae já trabalha com esse modelo inovador, quando orienta a formação de novos empreendimentos. No entanto, Marcelo Sinelli, consultor de marketing do Sebrae-SP, explica que o princípio 4P deve ser aplicado sempre, e não só na abertura de negócios.

Marcos Sinelli, do Sebrae: propósito, processo, pessoas e parcerias regem a filosofia 4P.

Segundo o especialista, o método pode ser usado para redimensionar a empresa, aproveitar a sazonalidade, promover inovação ou mirar novos nichos. "Podemos dizer que o princípio pode ser usado por todo tipo de empresa e, principalmente, pelas que estão iniciando suas atividades. Ele permite que a Companhia faça um planejamento adequado, otimize o uso dos seus recursos, tenha uma visão de futuro e construa alianças produtivas e duradouras com todas as partes interessadas no seu negócio", afirma.

O consultor de marketing do Sebrae-SP distingue também a diferença entre o conceito 5S [do japonês Seiri (utilização) Seiton (ordenação) Seisō (limpeza) Seiketsu (Saúde) e Shitsuke (Autodisciplina)] e o 4P. "Os dois conceitos são ligados ao aumento de produtividade e eficiência. No entanto, a filosofia do 5S é voltada para dentro da empresa e de seus processos e métodos de trabalho. O conceito do 4P é um pouco mais abrangente e não fica restrito ao âmbito interno, na medida em que trabalha a questão da parceria e do propósito", diz.

Dentro da filosofia 4P para gestão, cada P tem um significado:

Propósito
É a razão de ser da empresa ou sua missão. Sua correta definição é fundamental para a empresa crescer e se desenvolver. O conceito empresta personalidade à corporação e é importante para criar um diferencial. Muitas vezes, o Propósito não tem relação direta com o produto que a Companhia vende. Ele pode ser definido como: qual o problema que a empresa resolve para seu cliente e o que o cliente busca encontrar quando procura a empresa?

Processo
Se em Propósito falamos sobre o que a empresa faz, aqui falamos sobre como ela faz. A correta definição dos processos padroniza os produtos, otimiza o uso dos recursos e, mais importante, permite que a empresa institucionalize suas atividades. Ou seja, faz com que ela não fique refém da competência ou da boa vontade de determinados profissionais. No Processo, todos os funcionários sabem o que têm que fazer e como fazer.

Pessoas
É quem faz. Isso inclui empregado e empregador. Os dois devem construir uma relação baseada na inspiração e não no poder. A noção de hierarquia mudou bastante. O empresário precisa entender que seus funcionários podem contribuir de forma positiva se forem corretamente estimulados.

Parceria
Parceria envolve as partes interessadas na gestão, incluindo fornecedores e até mesmo concorrentes. O empresário deve ficar atento às oportunidades que podem surgir de uma parceria bem planejada. É possível se unir com concorrentes para entrar em novos mercados ou desenvolver novos produtos. Com fornecedores, pode-se pensar, por exemplo, em trabalhar com estoque enxuto, melhorando o capital de giro.

Marcelo Sinelli lembra que qualquer setor industrial ou comercial pode implantar a filosofia 4P. Na construção civil, ele avalia que o conceito pode trazer a economia de materiais no canteiro de obras, minimizando perdas e reduzindo o retrabalho. Além disso, permite aprimorar a mão de obra, atingindo o propósito do setor, que é construir com qualidade, satisfazendo as pessoas (clientes) e as parcerias (fornecedores). "Como a construção civil tem uma cadeia produtiva ampla, a filosofia 4P encontra no setor um ambiente desafiador para ser implantada", define.

Entrevistado
Marcelo Sinelli, consultor de marketing do Sebrae-SP
Currículo
Marcelo Sinelli é graduado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com pós-graduado em marketing pela Universidade Metodista de São Paulo e MBA em gestão empresarial na Fundação Getúlio Vargas
Contato: ‏@marcelosinelli /  imprensa@sp.sebrae.com.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Arena Pernambuco une futebol e usina solar

Quarto estádio a ficar pronto para a Copa do Mundo tem capacidade de gerar um megawatt e abastecer seis mil residências

Por: Altair Santos

Os 73,5 mil m³ de concreto estrutural usados para construir a Arena Pernambuco sustentam a principal inovação do estádio. A cobertura de um dos palcos da Copa do Mundo de 2014 foi transformada em uma usina de energia solar, com capacidade de um megawatt de potência instalada - suficiente para abastecer seis mil residências por mês. A preocupação com a sustentabilidade foi um dos compromissos assumidos pelos projetistas da arena, cuja arquitetura também a torna ecoeficiente em ventilação e iluminação natural.

Arena Pernambuco: teto funciona como usina solar.

Pré-inaugurada em 14 de abril de 2013, e com o primeiro evento-teste programado para 14 de maio, a Arena Pernambuco foi concluída oito meses antes do planejado. A aceleração encareceu a obra em cerca de 30%. O valor inicial, estimado em R$ 532 milhões, tende a fechar em R$ 680 milhões. Construído no regime de PPP (Parceria Público-Privada) o estádio de 46 mil lugares envolveu 4.600 operários e representa o marco de uma nova centralidade urbana para a Grande Recife, expandindo a região metropolitana para a zona oeste.

Uma obra estratégica para esse projeto é a Via Mangue - considerada a maior obra viária da capital pernambucana em 20 anos. No sentido Centro-Boa Viagem, o corredor terá 4,5 quilômetros de extensão. Já no sentido contrário, serão 4,37 quilômetros. O investimento total é de R$ 432,9 milhões, alternando pavimento em concreto e pavimento asfáltico, além de obras de arte. Serão dois elevados, oito pontes, uma passagem semienterrada, uma alça de ligação e uma ponte estaiada com altura de 70 metros.

Via Mangue: avenida dará acesso ao novo estádio de Recife.

A Via Mangue teve suas obras iniciadas em 7 de abril de 2011. Em dezembro de 2012, a obra encontrava-se 38,22% concluída, com ritmo mensal médio de 1,82%. Ao final do mês de março de 2013, o empreendimento apresentava 50% de conclusão, com ritmo mensal de 3,66%. A previsão é que a obra esteja concluída em dezembro de 2013. O canteiro de obras envolve 1.650 trabalhadores e todo o material utilizado na obra é pré-fabricado e montado "in loco". O volume de concreto empregado deve chegar a 65 mil m³.

Ficha técnica da Arena Pernambuco
A Arena
- 6 pavimentos
- 46 mil lugares
- 102 camarotes
- 4.700 assentos Premium
- 15 mil lugares para o Todos com a Nota (programa que combate a sonegação fiscal em Pernambuco. Quem junta uma quantidade de notas fiscais, troca por ingresso)

Conforto
- 13 escadas rolantes
- 9 elevadores
- 8 rampas de acesso no térreo
- 42 quiosques de alimentação e 2 restaurantes
- 84 sanitários femininos e masculinos, além de 32 cabines para pessoas com necessidades especiais
- 4.700 vagas de estacionamento, sendo 800 cobertas
- Espaços de convivência, como lounges e restaurantes
- Cadeiras individuais e rebatíveis

Tecnologia
- 2 telões de LED em alta resolução com 77 m²
- Usina de energia solar

Segurança
- 271 câmeras de segurança, sendo 34 em HD
- Evacuação do público em, no máximo, 8 minutos
- Orientadores em todos os setores, especialmente treinados para manter o bem-estar do público

Capacitação de pessoas
- 250 trabalhadores de limpeza
- 400 profissionais de catering
- 50 integrantes para guest service
- 250 seguranças
- 6 equipes de socorristas, cada uma com dois profissionais

Operação
- Cerca de 1.000 integrantes a cada evento com capacidade total
- 9 áreas de primeiros socorros e um posto médico
- 5 ambulâncias, cada uma composta por uma equipe médica

Entrevistada
Secretaria Estadual da Copa (Secopa-PE)
Contato: media@secopa.pe.gov.br
Créditos fotos: Divulgação/Secopa-PE

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

PR quer ser o 1º a ter blocos 100% normatizados

Sindicaf inicia campanha para que fabricantes do Estado atendam padrões de qualidade e desenvolvam estruturas técnicas e administrativas

Por: Altair Santos

Com associados em 250 dos 355 municípios do Paraná, o Sindicaf (Sindicato das Indústrias de Produtos de Artefatos de Cimento, Fibrocimentos e Ladrilhos Hidráulicos do Estado do Paraná) trabalha para que o estado seja o primeiro a ter todos os fabricantes adequados aos padrões de qualidade ditados pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). "Para isso, vamos intensificar o combate à não conformidade intencional e desenvolver estrutura técnica e administrativa que permita a produção e a comercialização de blocos de concreto e peças de concreto para pavimentação com qualidade e custos compatíveis", explica Geraldo Francisco Pomagerski, primeiro-secretário do Sindicaf.

Sindicaf quer promover a isonomia competitiva entre os fabricantes de blocos de concreto.

A meta será atingida por etapas. Após criar a Comissão dos Fabricantes de Blocos de Concreto, o sindicato inicia a campanha em 39 municípios, abrangendo primeiramente Curitiba e região metropolitana, além de litoral, Campos Gerais e União da Vitória. "A função da comissão será fiscalizadora e educativa. Serão fornecidos para os associados cursos de mão de obra para alvenaria estrutural e para a execução de pavimentação intertravada. Ao mesmo tempo, ocorrerão fiscalizações em obra públicas e particulares para verificar a qualidade de blocos de concreto e pavimentos intertravados", diz Francisco Pomagerski, garantindo que outras regiões do estado também passarão pelo controle de qualidade. "A intenção é atingir todos os fabricantes do setor", completa.

Vale ressaltar que a ação do Sindicaf está adequada às práticas da Associação Brasileira de Cimento Portland, e é prioridade do sindicato fazer com que seus associados atinjam os padrões exigidos pelo Selo de Qualidade ABCP. Esta certificação é referência nacional para atestar a conformidade de produtos cimentícios adequados às normas da ABNT e validá-los no mercado. Até porque, a não conformidade - principalmente a intencional - acarreta concorrência desleal no setor da construção civil, representando crime contra o consumidor, segundo a lei 8.078 (art. 39, inciso VIII do Código de Defesa do Consumidor).

Exemplo paranaense

Entre os estados brasileiros, a indústria de artefatos de cimento do Paraná destaca-se pela alta produção de materiais adequados às normas da ABNT. O objetivo do Sindicaf é estender esse nível de qualidade a 100% dos fabricantes paranaenses. Para isso, haverá um especial empenho para atacar a não conformidade dos produtos. "É o principal pecado cometido pelos fabricantes. Há um bom número que desconhece as normas técnicas vigentes e, como não há uma fiscalização efetiva, esses equívocos persistem", destaca o primeiro-secretário do Sindicaf, afirmando que as visitas ocorrerão em empresas de grande, médio e pequeno porte. "A ideia é também difundir conhecimento. Se um fabricante adota uma boa prática, a intenção é propagá-la para outras Companhias", afirma.
O Sindicaf anuncia que empresas que queiram ser inspecionadas voluntariamente podem ligar para o telefone (41) 3024-2405 e agendar a visita.

Entrevistado
Geraldo Francisco Pomagerski, primeiro-secretário do Sindicaf
Currículo
- Geraldo Francisco Pomagerski é graduado em direito e ocupa o cargo de primeiro-secretário da nova diretoria do Sindicaf (Sindicato das Indústrias de Produtos de Artefatos de Cimento, Fibrocimentos e Ladrilhos Hidráulicos do Estado do Paraná)
Contato: www.fiepr.org.br / sindicaf@gmail.com
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Concretagem em tempo frio

Na região sul do Brasil, as temperaturas diminuem bastante no inverno. Por isso, exigem-se cuidados especiais na preparação do concreto

Por: Jorge Aoki, Gerente de Assessoria Técnica na Cia. de Cimento Itambé

Com a proximidade do inverno, a preparação das concretagens deve ser realizada com cuidados especiais, por causa da queda acentuada da temperatura. Isso ocorre principalmente nos estados da região sul do Brasil. A norma brasileira ABNT NBR 7212 – Execução de concreto dosado em central – Procedimento, em seu item 4.5.4, estabelece a temperatura ambiente de 5°C como mínima para se fazer o lançamento do concreto.

Nas baixas temperaturas, a água contida no concreto pode congelar, interrompendo o processo de endurecimento e provocando um aumento de volume.

Também a norma ABNT NBR 14931 – Execução de estruturas de concreto – Procedimento, determina a interrupção da concretagem quando a temperatura ambiente ficar abaixo de 0°C nas 48 horas seguintes, salvo condições especiais estabelecidas no projeto – item 9.3.2.

Nas baixas temperaturas, a água contida no concreto pode congelar, interrompendo o processo de endurecimento e provocando um aumento de volume. Desta forma, criam-se tensões internas na massa do concreto, ocasionando separação dos materiais componentes, já que a sua resistência, neste momento, ainda é insuficiente para impedir este fenômeno. Nestas condições, mesmo que a hidratação não seja interrompida, o ganho de resistência mecânica é bastante retardada e deve ser previsto nas fases posteriores à concretagem.

As normas nacionais e internacionais recomendam cuidados especiais na execução das concretagens durante o período de inverno. Entre eles:

1) Elaboração de cuidadoso plano de concretagem para rápida aplicação do concreto, tendo em vista o acesso dos equipamentos como bombas de concreto e caminhões betoneiras ou deslocamento de carrinhos e jericas.

2) Disponibilização de mão de obra extra para ajuda na aplicação e demais cuidados para agilizar o transporte do concreto, lançamento, adensamento e cura.

3) Manutenção, na obra, de quantidade suficiente de material isolante, tais como lençóis plásticos, lonas, papel impermeável, mantas de palha, sacos de aniagem ou de papel, para cobrir o concreto e as formas, logo após a aplicação, com o objetivo de manter o próprio calor do concreto.

4) Manutenção das formas por mais tempo, uma vez que estas servem de proteção contra o frio, além do fato de que o endurecimento do concreto se faz de maneira mais lenta.

5) Manutenção de vibradores de reserva para evitar a interrupção da concretagem.

Todos estes cuidados devem ser supervisionados pelo(a) engenheiro(a) da obra, que determinará os quantitativos de tempo de desforma, material isolante, mão de obra, enfim, todo o planejamento da concretagem.

 

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Se a obra der prejuízo, faça um "construction claim"

Deficiências de projetos estão presentes em mais de 70% dos casos que resultam em desequilíbrio econômico-financeiro da construção

Por: Altair Santos

Diversos fatores podem causar o desequilíbrio econômico-financeiro de um contrato de construção civil. Vão desde alterações nos projetos, passando por serviços, até fatos imprevisíveis durante a execução da obra. Quando esses desajustes ocorrem, é preciso preparar o plano "construction claims” - recuperação de prejuízos em obras. Havendo fundamentos técnicos e legais que justifiquem as possibilidades de recuperar eventuais prejuízos, o encaminhamento deve seguir os seguintes passos:

1) Conhecer os pontos fortes e fracos da administração de uma obra e, assim, poderá preparar o caminho para evitar possíveis prejuízos.
2) Aplicar metodologia que facilita o encaminhamento de um pedido de claim, quando necessário.
3) Aprimorar fundamentos técnicos e legais que justifiquem a possibilidade de recuperar eventuais prejuízos.

Epara detalhar esses desequilíbrios, e explicar como eles surgem, que o professor Maçahico Tisaka concede a entrevista a seguir. Confira:

Professor Maçahico Tisaka: obras de infraestrutura são as mais suscetíveis a erros de projeto.

Entre os fatores que podem causar o desequilíbrio econômico-financeiro de um contrato de construção civil, quais os mais comuns?
Quando nos referimos à construção civil, é preciso saber se ela trata de edificações ou de obras de infraestrutura. Os principais causadores de desequilíbrio econômico-financeiro são os projetos incompletos, deficientes ou incoerentes e as prorrogações de prazos em virtude das alterações nos projetos. No caso de edificações em geral, os projetos são muito melhor definidos e têm níveis satisfatórios de detalhes. Porém, é em obras de infraestrutura que acontecem os maiores problemas. De qualquer modo, as deficiências de projetos contribuem para mais de 70% dos casos de desequilíbrio.

Na fase de projeto, o que é preciso fazer para se evitar esse desequilíbrio?
A legislação brasileira permite que em obras públicas as licitações possam ser feitas através de projetos básicos, e é onde surgem os principais problemas. Embora a lei estabeleça uma série de exigências, o projeto básico não é suficiente para possibilitar uma boa orçamentação, pois há possibilidades de haver omissões importantes de serviços, especificações mal feitas e quantificações de serviços fora da realidade.

Por que no Brasil há tantos casos de desequilíbrio econômico-financeiro de contratos na construção civil?
Uma outra causa de desequilíbrio dos contratos é resultante da própria lei de licitações e contratos – a Lei nº 8.666/93 – que contém cláusulas absolutamente fora da realidade, quando a decisão da empresa vencedora se dá pelo menor preço. Esse critério de decisão pelo menor preço acaba resultando numa concorrência predatória, que penaliza as boas empresas, prejudica quem contrata e presta um grande desserviço à nação.

Hoje, uma obra, dependendo de sua envergadura, passa por engenheiros de planejamento, engenheiros de obra, gestores de contrato, gerenciadores, advogados, etc. e, mesmo assim, há muitos casos de desequilíbrio econômico-financeiro?
O problema não é ter em seus quadros profissionais de grande capacidade e especialização compondo a cadeia de produção das obras de construção. Na realidade, há muitos outros fatores que contribuem para esse desequilíbrio. Por exemplo, falta de treinamento de seus funcionários, insuficiência de estrutura adequada de fiscalização por parte da administração, fatores imprevisíveis, como fenômenos da natureza, embargos judiciais envolvendo questões de propriedade, embargos ambientais e descoberta de sítios arqueológicos nos locais de construção.

Quais os tipos de obras mais suscetíveis de haver desequilíbrios?
São obras que lidam com movimentação de terras e natureza dos solos, tais como obras de estradas, obras que exigem fundações especiais, obras de saneamento básico, obras de túneis, obras de arte e canalização de rios e córregos.

É muito frequente ocorrer problemas de desequilíbrio econômico-financeiro em grandes obras de infraestrutura?
Na maioria das grandes obras de infraestrutura sempre haverá a possibilidade de ocorrência de várias situações e aspectos impossíveis de serem previstos na fase de projetos e de contratação. Se forem apenas alterações de projetos e de quantitativos, a lei prevê a possibilidade de acréscimos de até 25% no valor do contrato através da aprovação de aditivos contratuais. Se surgirem fatos imprevistos ou imprevisíveis, que venham a onerar excessivamente o contrato, é caracterizado como desequilíbrio econômico-financeiro do contrato.

O que é o chamado construction claim e qual é o seu objetivo?
A palavra em inglês claim pode se traduzido como “reivindicação” ou “pleito” de alguma forma de crédito provocado por fatores que não possam ser caracterizados como de responsabilidade da contratada. A palavra composta construction claim é utilizada no mundo inteiro e agora também no Brasil para a preparação de pleitos a serem encaminhados ao dono da obra.

Atualmente as ferramentas como BIM e softwares de gestão de obras facilitam controlar financeiramente a obra?
O BIM, sigla de Building Informatiom Model, que pode ser traduzido como Modelagem de Informação da Construção, é uma ferramenta que traz um conjunto de informações geradas e mantidas durante todo o ciclo de vida de uma construção. Existem também inúmeras outras ferramentas úteis no mercado, que propiciam aos profissionais da construção ferramentas úteis para elaboração de orçamentos, planejamento e controle de obras, a fim de possibilitar uma boa gestão dos contratos de construção.

Quais tipos de empresas são mais suscetíveis de sofrer desequilíbrios em seus contratos: as de grande porte, médias ou pequenas?
Todas as empresas de construção, grandes ou pequenas, são suscetíveis de sofrer desequilíbrios em seus contratos de construção. Depende da qualidade dos projetos, das alterações desses projetos ao longo da sua execução, do aumento ou diminuição expressiva das quantidades iniciais e dos fatores incontroláveis da natureza, como chuvas não previstas ou inundações, além de embargos judiciais ou ambientais não previstos no contrato e outros fatores imprevisíveis ou previsíveis que possam vir a onerar demasiadamente a contratada.

Entrevistado
Engenheiro civil Maçahico Tisaka, especialista em laudos, perícias, pareceres técnicos sobre engenharia econômica e de custos, sobretudo em processos de arbitragem e soluções de reequilíbrio econômico-financeiro de contratos de construção civil, privada e pública
Currículo
- Engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP em 1964, tem vários cursos de pós-graduação e especialização em planejamento urbano e transportes, administração, engenharia econômica e de custos e engenharia de segurança.
- Trabalhou em grandes empresas de construção e infraestrutura onde executou e supervisionou obras de médio e grande porte, como empreendimentos habitacionais, comerciais e industriais, obras rodoviárias, ferroviárias e metroviárias, obras portuárias, barragens, hidrelétricas etc.
- Além de inúmeros artigos em revistas técnicas, é autor dos livros “Critérios para Fixação de Preços de Serviços de Engenharia”, “Orçamento na Construção Civil – Consultoria, Projeto e Construção”, “Como Evitar Prejuízos em Obras de Construção Civil” da Editora PINI – “Norma Técnica nº 001 para Elaboração de Orçamento na Construção Civil” do Instituto de Engenharia.
- É também professor de diversos cursos de especialização e de pós-graduação em engenharia econômica e de custos atendendo várias universidades e organizações de ensino continuado.
Contato: mtisaka@hotmail.com
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330