Estaca pré-fabricada de concreto terá norma própria

Projeto, que em breve entrará em consulta pública, levou dois anos para ser elaborado pelo comitê de estacas pré-fabricadas de concreto da Abcic

Por: Altair Santos

Depois de dois anos de debates dentro de um dos comitês da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) a primeira norma que vai tratar exclusivamente de estacas pré-fabricadas de concreto está pronta para ir a consulta pública. O CB-18 - Cimento, Concreto e Agregados, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) está em fase de definição do número da norma e a expectativa é que a partir de julho de 2013 a nova NBR entre em discussão nacional.

Nova norma foi detalhada durante seminário da Abcic, no Construction Expo 2013.

Segundo o engenheiro civil Luís Fernando de Seixas Neves, secretário da comissão técnica da ABNT que trabalhou no conteúdo da nova norma, os objetivos são promover a qualidade das estacas pré-fabricadas de concreto, no que diz respeito à matéria-prima, aos parâmetros, ao controle de qualidade, ao manuseio de estocagem, ao transporte e à qualidade do material de suporte. O projeto tem como referência as NBRs 6118 (Projeto de estruturas de concreto – Procedimento) 9062 (Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado) e 6122 (Projeto e execução de fundações) que até que a nova norma entre em vigor seguem regulamentando o produto.

O anúncio de que as estacas pré-fabricadas de concreto terão uma norma exclusiva ocorreu no dia 6 de junho de 2013, durante o painel da Abcic, dentro do Construction Congresso - evento simultâneo ao Construction Expo, que aconteceu recentemente em São Paulo. No evento, houve o seminário "Desempenho e Confiabilidade das Estacas Pré-fabricadas de Concreto como Solução de Fundações Profundas". O encontro destacou importantes aspectos para um bom desempenho dos produtos como solução de engenharia, englobando desde pontos relativos à fabricação dos elementos até sua efetiva aplicação nos canteiros de obras, passando também pelo controle de qualidade e normalização de todo o processo.

Industrial e artesanal

Os palestrantes foram os engenheiros Celso Nogueira Correia, especialista em solos e atualmente presidente da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos – núcleo regional São Paulo; Ivan de Oliveira Joppert Júnior, especialista em fundações e mecânica de solos, e Luís Fernando de Seixas Neves, que trabalha com cálculo, projeto e consultoria em geotecnia e fundações. "No Brasil, as estacas confeccionadas industrialmente já alcançam padrões internacionais. O problema está nas estacas fabricadas artesanalmente, onde o controle de qualidade é baixo. Por isso, a necessidade de uma norma própria para o produto", explica Seixas Neves.

As estacas pré-fabricadas de concreto são utilizadas frequentemente em obras onde há solo mole e o terreno resistente encontra-se há vários metros de profundidade. Neste caso, os elementos suportam as cargas da estrutura e as transferem, de forma equilibrada, para as camadas mais profundas e consistentes do solo. Elas são especificadas de acordo com a resistência e o formato, observando aspectos como carga de suporte, seção transversal, área de ponta ou perímetro das estacas. Em relação à seção transversal, as formas geométricas mais empregadas são circulares, quadradas, hexagonais e octogonais, podendo ter área de ponta vazada ou maciça.

As estacas também se diferenciam pelo processo de produção, podendo ser vibradas, centrifugadas, extrudadas, e pela armação protendida ou passiva. De acordo com a NBR 6122 (Projeto e execução de fundações), as dimensões do produto podem ir de 15 cm a 70 cm. Já o comprimento máximo deve ser de 12 metros. Se for preciso utilizar estacas mais longas, a norma recomenda emendar as peças com solda. Quanto ao concreto utilizado para a fabricação das estacas, Luís Fernando de Seixas Neves explica que deve ser um material de alta resistência inicial, que possibilite a desforma rápida e cujo módulo de elasticidade seja controlado para que haja um índice de quebra considerado satisfatório em obra.

Entrevistado
Luís Fernando de Seixas Neves, secretário da comissão técnica da ABNT que trabalhou no conteúdo da nova norma sobre estacas pré-fabricadas de concreto.
Currículo
- Luís Fernando de Seixas Neves é engenheiro civil graduado pela USP de São Carlos (2000) com mestrado na área de geotecnia e fundações.
- Tem experiência em execução de fundações em estacas pré-fabricadas e gerenciamento de fábrica de estacas pré-fabricadas de concreto.
- Atualmente é engenheiro civil e de fundações da Cepollina Eng. Cons. Ltda. Trabalha com cálculo, projeto e consultoria em geotecnia e fundações.
- Também é secretário da comissão técnica da ABNT que trabalhou no conteúdo da nova norma sobre estacas pré-fabricadas de concreto.
Contato: lfneves@cepollina.com.br
Créditos foto: Divulgação/Construction Expo 2013

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Globalização requer novas competências do engenheiro

Entrada de portugueses, espanhóis e chineses no mercado nacional exige que profissionais brasileiros priorizem a gestão de carreira

Por: Altair Santos

A abertura do mercado da construção civil a novas tecnologias, agregando sistemas inovadores e equipamentos importados, mexe também com a mão de obra que atua no setor. Sobretudo, a ligada à engenharia. O profissional que trabalha nesta área também passou a ter a necessidade de desenvolver outras competências para se adequar à nova realidade. Se nas décadas de 1980 e 1990 houve a descontinuação do mercado de engenharia, e quem sobreviveu se limitou a ser um "tocador de obras", hoje o engenheiro precisa entender de gestão. "Atualmente, esse profissional tem que ser gestor de obras, gestor de custos, gestor de projetos e gestor de pessoas", explica o especialista em gerência de projetos, pela FGV-RJ (Fundação Getulio Vargas), Rubens Leite Borges.

Rubens Leite Borges: desde que começa a estagiar, engenheiro civil precisa ter um plano de ação.

Diretor do IBEC (Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos) Borges palestrou no Construction Expo 2013, evento que aconteceu de 5 a 8 de junho, em São Paulo. Intitulada “Planejamento e gestão de carreira no mercado de engenharia”, a palestra do especialista enfatizou que as mudanças tecnológicas que vêm se impondo à construção civil têm causado também impacto nos negócios. "As empresas brasileiras estão se globalizando e indo prospectar obras no exterior, assim como empresas de fora estão vindo atuar no país. Isso gera mudança e inovação, exigindo um novo modelo de engenheiro. Só o conhecimento adquirido dentro da universidade não é mais suficiente, pois as companhias entendem que o conhecimento técnico tem curto prazo de validade. Elas querem competências comportamentais, que se traduzem em saber comunicar, saber liderar e saber negociar", explica.

Rubens Leite Borges usou um exemplo, afirmando que o setor de engenharia hoje exige profissionais eficazes, e não somente eficientes. "Qual a diferença entre o eficiente e o eficaz? O eficiente, dentro de um processo em andamento, é o indivíduo que consegue mantê-lo funcionando. Mas se o processo parar ou der problema, ele pede ajuda. Já o eficaz resolve o problema. Então é isso que o mercado busca nos engenheiros, ou seja, profissionais com capacidade de diagnosticar situações e resolver problemas. Enfim, que não saibam apenas construir o produto, mas também prestar serviço e serem cooperativos", afirma o diretor do IBEC, completando: "Existem dois tipos de pessoas: as que estão do lado do problema e as que estão do lado da solução. Empresas precisam de quem resolva a questão. Muitas vezes é preciso quebrar um processo para encontrar a solução."

Para os profissionais que se enquadrem neste perfil, Rubens Leite Borges prevê um mercado promissor. "Não tenho dúvidas de que a construção civil seguirá aquecida no Brasil. Ao meu ver, as obras de infraestrutura são inadiáveis e irão gerar muito trabalho. Só que o profissional brasileiro precisa estar preparado, pois ele tende a enfrentar a concorrência de engenheiros de outros países. Veja que em 2011 foram concedidos 22 mil vistos de trabalho para quem atua no setor da construção civil (engenheiros, arquitetos, tecnólogos e operários). Em 2012, esse número subiu para 73 mil. A concorrência só tende a aumentar, principalmente de espanhóis e portugueses, que têm escolas de engenharia muito qualificadas. Sem contar que os chineses também estão chegando", alerta.

Entrevistado
Rubens Leite Borges, especialista em gerência de projetos e diretor do IBEC (Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos).
Currículo
- Rubens Leite Borges é graduado em engenharia cartográfica pela UERJ- RJ, com especialização em gerência de projetos pela FGV-RJ.
- Tem 10 anos de experiência em planejamento, gerenciamento e implantação de sistemas para gestão empresarial e 18 anos dedicados ao estudo da Filosofia.
- É professor de negociação, ética e responsabilidade socioambiental nos cursos de pós-graduação e MBA da FASP
- Ocupa o cargo de diretor da unidade do IBEC, em São Paulo.
Contato: ibec@ibec.org.br
Créditos foto: Cia. de Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

ABCP retoma Congresso Brasileiro do Cimento

Temas como sustentabilidade, inovação e qualidade do cimento Portland serão destaque no evento que acontece em maio de 2014

Por: Altair Santos

O investimento em ampliação e modernização do parque industrial cimenteiro do Brasil estimulou a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) a retomar o Congresso Brasileiro do Cimento. O evento, que não acontecia desde 1999, terá sua 6ª edição em maio de 2014. O anúncio oficial ocorreu no dia 19 de junho de 2013, em São Paulo, e o encontro é visto como a oportunidade para reunir especialistas nacionais e internacionais do setor, a fim de que sejam debatidos temas prioritários para a indústria de cimento. Entre eles, inovação, produção com qualidade e sustentabilidade ambiental.

Depois de 15 anos, congresso volta a reunir cadeia produtiva do cimento no país.

A edição 2014 do Congresso Brasileiro do Cimento (CBC) se desenvolverá em dois dias, em meio a atividades plenárias (conferências e palestras) e, simultaneamente, reunirá em 40 estandes empresas fornecedoras de serviços, produtos e equipamentos para fabricação de cimento. A agenda do CBC terá a seguinte organização:

1. Manutenção, modernização e ampliação de fábricas de cimento.
2. Inovação em processos de fabricação de cimento.
3. Mudanças climáticas e meio ambiente: metodologia e inventário de emissões, logística reversa, legislação, recuperação de áreas entre outros.
4. Normalização e qualidade do cimento Portland.
5. Combustíveis e energia: coprocessamento, blendeiros (fornecedores de combustíveis alternativos) e outros.
6. Refratários: produtos e processos.
7. Equipamentos de controle de poluição: analisadores online.
8. Sistemas de pesagem e transporte.
9. Sistemas de britagem e moagem: moinhos, corpos moedores, placas classificatórias e outros.
10. Cimento e a construção sustentável.

O congresso está desenhado para atender aos profissionais e grupos cimenteiros que atuam no Brasil. No entanto a ABCP não descarta que o evento desperte interesse de grupos estrangeiros interessados em prospectar oportunidades no país. "Em todos os segmentos industriais, principalmente da importância como o de cimento, há sempre movimentações para fusões e surgimento de novos players. Mesmo em se tratando de um setor de capital intensivo e cuja maturação é larga, sempre existe a possibilidade de que surjam novos grupos. Se até pouco tempo atuavam dez, hoje já existem quinze no país. Recentemente, tivemos a chegada de um grupo português, pela aquisição de uma planta industrial, do mesmo modo que outro grupo português que atuava no Brasil foi adquirido por um grupo brasileiro. O setor do cimento é propenso a movimentações, assim como outros setores", cita Hugo da Costa Rodrigues Filho, gerente de comunicação da ABCP.

Sobre o longo período de interrupção do CBC - a 5.ª edição ocorreu em 1999 -, a ABCP justifica que nos anos 2000 a associação se voltou para a "tecnologia depois do saco". Isto é, a aplicação dos sistemas construtivos à base de cimento. "A indústria brasileira na oportunidade, já moderna e consolidada, demandava menos a necessidade de fóruns técnicos, como o congresso, que reunissem as inovações na área de produção do cimento, o que permitiu a decisão de interromper a promoção do evento, sem prejuízo de nossa indústria", aponta Hugo Rodrigues. No entanto, temas como controle de emissões, combustíveis alternativos, coprocessamento de resíduos, normalização e produtos e níveis diferenciados de adições, que passaram a ter forte influencia na competitividade do setor, estimularam a ABCP a retomar o CBC.

Entrevistado
Associação Brasileira de Cimento Portland (via assessoria de imprensa)
Contato: abcp@abcp.org.br
Créditos fotos: Divulgação/ABCP

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

RJ combate enchentes com rio de concreto

Obra de R$ 292 milhões envolve mais de 55 mil m³ de concretagem e tem previsão de entrega para o primeiro semestre de 2014

Por: Altair Santos

A construção de um rio subterrâneo em leito de peças pré-fabricadas de concreto, além de cinco piscinões, pretende pôr fim às históricas enchentes no centro da cidade do Rio de Janeiro. A megaobra interligará dois conhecidos rios da capital fluminense - o Joana e o Maracanã -, desviando a vazão de ambos para a Baía da Guanabara. A previsão é que o empreendimento envolva pelos menos 55 mil m³ de concreto, com investimento de R$ 292 milhões. "São intervenções que vão mitigar de forma enfática as históricas inundações que há um século causam transtornos aos cariocas", diz o engenheiro civil Paulo Luiz da Fonseca, chefe de gabinete da Fundação Rio-Águas.

Piscinão na Praça da Bandeira: um dos cinco reservatórios que armazenarão mais de 100 mil m³ de água das chuvas.

Dos piscinões, o da Praça da Bandeira é o que está com o cronograma mais adiantado. A execução já atingiu 75%. Os reservatórios serão os que consumirão mais concreto. Os cálculos estimados chegam a 42.491 m³. Em termos de tecnologia, explica Paulo Luiz da Fonseca, essas obras estão usando o método de construção por paredes diafragma, com escavação mecânica com auxílio de guindaste. Na execução do desvio do rio Joana, o túnel é escavado por meio do método NATM (New Austrian Tunnelling Method) com utilização de enfilagem, tirante e cambota, quando necessários. Além disso, para viabilizar os reservatórios, foi importada de Portugal uma escavadeira telescópica, que consegue atingir 15 metros de profundidade.

A previsão é que as obras comecem a ficar prontas entre o segundo semestre de 2014 e o primeiro semestre de 2016, quando a cidade do Rio de Janeiro irá sediar os jogos olímpicos. Por isso, os canteiros de obras nos cinco piscinões, e na construção do rio subterrâneo, envolvem atualmente 740 trabalhadores. Juntos, os reservatórios comportarão mais de 100 mil m³ de água - aproximadamente 55 piscinas olímpicas. Já o rio subterrâneo, que terá extensão de 2.400 metros (parte do túnel) e 700 metros de galeria, possui 8 metros de largura e 6 metros de altura. "Ele foi projetado para, num dia de chuva intensa, receber todo o fluxo de água que antes ia para a calha do rio Joana e não tinha mais condições de receber esse volume de água", relata Wilmar Lopes, diretor de obras do empreendimento.

Alongamento do rio Joana até a Baía de Guanabara: obra subterrânea está com as escavações adiantadas.

São Paulo é pioneira

A construção de piscinões para conter enchentes não é novidade no Brasil. A primeira capital a adotar essa tecnologia foi São Paulo, que nos anos 1990 começou a implantar reservatórios para conter o transbordamento de rios e canais. A obra mais emblemática neste sentido, e a maior do país, está localizada em frente ao estádio do Pacaembu, e que comporta 74 mil m³ de águas pluviais. O empreendimento consumiu 6 mil m³ de concreto armado.

Veja vídeos das obras


http://youtu.be/UP_A2pb4k_4

http://youtu.be/vRfeFNL9CEU
Entrevistado
Paulo Luiz da Fonseca, chefe de gabinete da Fundação Rio-Águas
Currículo
- Paulo Luiz da Fonseca é graduado em engenharia civil pela Universidade Federal Fluminense (1986) e em matemática (Bacharelado e Licenciatura) pela Faculdade de Humanidades Pedro II (1993).
- Tem especialização em engenharia sanitária e ambiental pela UERJ (1988), em análise de sistemas pela UVA (1990) e em geoprocessamento pela UFRJ (2003).
- Possui mestrado em educação matemática pela Universidade Santa Úrsula (2002) e doutorado em engenharia civil pela Universidade Federal Fluminense (2008).
- Atualmente é engenheiro civil da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Fundação Instituto das Águas do Município do Rio de Janeiro (Rio-Águas) atuando como diretor da diretoria de estudos e projetos (DEP).
- Também é professor-adjunto do departamento de engenharia civil (TEC), setor recursos hídricos e meio ambiente da Universidade Federal Fluminense.
Contato: rioaguas@pcrj.rj.gov.br / ascom.smo@gmail.com
Créditos fotos: Divulgação/Fundação Rio-Águas

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Formar mais engenheiros é fator-chave para o Brasil

Estudo da CNI aponta metas que o país precisa alcançar até 2022, caso queira tornar-se competitivo diante do cenário global

Por: Altair Santos

Em 2022, o Brasil comemora o bicentenário da independência. Mais do que um período festivo, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entende que o ano deve servir como um marco para o país atingir macrometas. Por isso, lançou o Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022. O documento levou nove meses para ser elaborado e mapeou dados fornecidos por 520 pessoas, entre empresários, executivos, acadêmicos e presidentes de associações nacionais setoriais e federações de indústrias. Foram definidos dez fatores-chave para que a indústria nacional torne-se mais competitiva, divididos em quatro grupos: educação, ambiente de atuação da indústria, custos de produção e dos investimentos e inovação e produtividade.

Robson Braga de Andrade, presidente da CNI: mapa indica o que é preciso fazer.

Em todas as metas, as conclusões convergiram para um só ponto: a formação de engenheiros. Segundo o Global Competitiveness Report 2012-2013, numa lista de 144 países, o Brasil ocupa a posição 113 em número de engenheiros. Atualmente, de cada 10 mil habitantes, apenas dois são graduados em engenharia no país. Na Coreia do Sul e na Finlândia, que ocupam o topo das estatísticas, há 16,4 por 10 mil. Para reverter esse quadro, o Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 propõe que a nota média dos brasileiros no PISA - programa internacional que avalia o desempenho dos estudantes de 67 países - alcance 435 pontos em 2015 e chegue a 480 pontos em 2021. O ideal, segundo o economista e assessor da presidência do BNDES, Jorge Arbache, é ter a Coreia do Sul como exemplo. "Eles investiram pesado em ciência, tecnologia e inovação e hoje são referência mundial", destacou.

Para superar o gargalo na formação de engenheiros, o país precisaria pelo menos duplicar a taxa de dois profissionais por 10 mil habitantes até 2022. Segundo o relatório da CNI, a solução está em qualificar o ensino de matemática nas primeiras fases da educação, para evitar também e evasão no ensino médio e, consequentemente, de novos graduandos dos cursos de engenharia. Hoje, 51% dos jovens brasileiros entre 15 e 19 anos cursam o ensino médio. A proposta do mapa é aumentar para 80% até 2017 e 95% em 2025. Com isso, o estudo estima que o volume de engenheiros graduados, do total de formandos todos os anos, salte dos atuais 7,3% para 10% em 2017 e 15% em 2022.

Investimento em P&D

Diante dos levantamentos, o relatório da CNI conclui: "Considerando o estoque de cientistas e engenheiros e o valor do investimento em P&D (pesquisa e desenvolvimento) países como Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul se mostram mais bem preparados para enfrentar a competição na sociedade do conhecimento. No Brasil, a adequação do sistema educacional para uma qualificação voltada para a ciência e para o trabalho e a ampliação dos investimentos em P&D são fatores determinantes. O momento é oportuno para que o Brasil alcance mais rapidamente os países desenvolvidos, cujas economias crescem pouco e onde há restrições econômicas que limitam a capacidade de apoiar a inovação".

Segundo o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, o Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 indica os caminhos para o Brasil aproveitar as oportunidades e vencer os obstáculos que vão surgir na próxima década. "Estamos reiterando o papel da indústria no processo de desenvolvimento do país. A indústria pode ser maior e melhor. O segundo significado é a crença em uma visão de longo prazo. Estamos formulando uma estratégia sobre o que queremos ser e o que precisamos fazer", disse. Para desenhar o mapa, o setor industrial considerou as mudanças existentes no país e no mundo nas décadas recentes, como os desafios que a inovação e a difusão de novas tecnologias trazem para o setor produtivo, o fortalecimento do mercado interno brasileiro e o crescimento dos países emergentes.

Confira a íntegra do Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022

Entrevistado
Confederação Nacional das Indústrias (via assessoria de imprensa)
Contato: imprensa@cni.org.br
Créditos foto: Wilson Dias/ABr

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Pré-fabricado foi destaque na Construction Expo 2013

ABCIC montou salão dentro da feira e ainda promoveu curso para desmistificar o uso da construção industrializada em canteiros de obras

Por: Altair Santos

De 5 a 8 de junho de 2013, a Construction Expo transformou-se no QG da construção civil nacional e internacional. A feira, que ocorreu em São Paulo, reuniu expositores de 15 países e atraiu para o Construction Congresso - evento coligado à exposição - palestrantes de 135 organismos ligados à cadeia produtiva do setor. Entre os debates, os sistemas inovadores de construção centralizaram as atenções. Sobretudo, por que o Brasil tem 8.500 projetos de obras que dependem da tecnologia para se viabilizar. Destes, 46% estão vinculados ao setor de óleo e gás, 25% ao de transporte, 14% ao de energia, 10% ao de indústria, 2% ao de saneamento, 2% ao de infraestrutura esportiva e 1% ao de infraestrutura. “Estamos falando de R$ 1,6 trilhão em investimentos”, disse Mário Humberto Marques, vice-presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração), organizadora da feira.

Salão da ABCIC: espaço aproximou fabricantes de clientes, dentro da Construction Expo.

Para Afonso Mamede, presidente da Sobratema, o papel da Construction Expo foi propor caminhos e soluções para o desenvolvimento tecnológico da construção civil. Neste aspecto, o salão da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto) foi emblemático. Quem visitou o espaço pode conhecer melhor as vantagens do sistema de construção industrializada de concreto. Entre elas, maior durabilidade, resistência, precisão, redução de custos, agilidade em atender prazos mais ousados e qualidade. Dentro do Construction Congresso, a ABCIC também promoveu um curso sobre pré-fabricados de concreto. As aulas foram ministradas pelo engenheiro projetista Carlos Franco. “Trata-se de uma forma interessante de divulgação e de desmistificação do pré-fabricado”, constata Franco.

Entre as falsas ideias que ainda existem no mercado há a de que o pré-fabricado serve apenas para uso em obras repetitivas e industriais. Hoje, segundo Carlos Franco, o pré-fabricado tem condições de atender a inúmeras tipologias e aplicações de obras, inclusive a residencial. Outra mística que paira no mercado se refere ao custo e à rigidez de formas desse tipo de sistema construtivo, o que não é verdade, segundo o engenheiro. “O pré-fabricado dialoga com outros métodos construtivos, inclusive as construções metálica e in loco”, diz. Por isso, o foco do curso, segundo Carlos Franco, foi atingir um público diversificado, de arquitetos a engenheiros e até estudantes, utilizando-se uma linguagem acessível e, ao mesmo tempo, bem completa do sistema, dando a cada um dos segmentos a possibilidade de desenvolvimento, expansão e pesquisa.

Iria Doniak, presidente-executiva da ABCIC: curso dentro da feira atraiu grande interesse.

De acordo com a presidente-executiva da ABCIC, Íria Lícia Olívia Doniak, essa é a primeira vez que essa atividade é realizada como apêndice de um evento como a Construction Expo. Para ela, a expressiva procura pelo curso foi uma grata surpresa, atingindo um número significativo de participantes. A dirigente destacou ainda que a Construction Expo foi também um canal para aproximar fabricantes de pré-fabricadosdos clientes. “A feira proporcionou uma oportunidade para essas companhias aprofundarem o relacionamento entre eles e com seus clientes. Além disso, deixou um legado institucional de conteúdo e informações, que poderão ser trabalhados posteriormente em outras ocasiões para divulgação do sistema construtivo”, avalia.

 

 

Entrevistado
Carlos Franco, projetista de estruturas e consultoria em pré-moldados de concreto.
Currículo
- Carlos Franco graduado em engenharia civil, com especialização em engenharia de estruturas, pela Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie.
- Atuou por mais de 16 anos no Escritório Técnico Julio Kassoy e Mário Franco, atingindo a posição de engenheiro coordenador.
Cursou a extensão em administração industrial da Fundação Vanzolini, no período de 1993 a 1995.
- Atuou como Assessor Técnico na PAVI do BRASIL, pré-fabricação Tecnologia e Serviços, no âmbito da construção industrializada e no emprego do GFRC de 2001 à 2002.
- Foi Gerente de Projetos e Responsável Técnico na STAMP  Painéis Arquitetônicos, onde coordenou diversas obras,além de ter participado em diversos projetos de desenvolvimento tecnológico, no período de 2003 à 2005, Inclusive junto à matriz Canadense, BÉTONS PREFABRIQUÉS DU LAC.
- Atualmente dirige a CAL-FAC, empresa que atua em projeto estruturais convencionais e pré-fabricados.
Contato: www.constructionexpo.com.br / calfac@calfac.com.br / abcic@abcic.org.br
Créditos fotos: Cia. de Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Sistemas construtivos unem universidades

UFSCar, USP, UFRJ e UNESP atuam em parceria para formar especialistas em gestão e tecnologia para edificações

Por: Altair Santos

A demanda das empresas de engenharia por profissionais com capacidade de gestão que ultrapasse os limites do canteiro de obras tem influenciado o modelo de ensino das universidades. Para atender engenheiros que buscam requisitos como dimensionar a concepção do empreendimento, a atividade de projeto, o planejamento da produção e fabricação de materiais e componentes, UFSCar, USP, UFRJ e UNESP uniram esforços para lançar o curso em gestão e tecnologia de sistemas construtivos de edificações.

Guilherme A. Parsekian: coordenador do curso, que vai durar 18 meses.

Segundo o professor-doutor Guilherme Aris Parsekian, a especialização a nível de pós-graduação não pretende atingir apenas engenheiros, mas também arquitetos e tecnólogos. "Houve uma união de esforços entre centros de excelência do ensino da engenharia civil e o curso é para quem busca atualização e complementação de suas atividades profissionais. Sobretudo, aqueles que atuam na área de edificações", diz.

O novo curso, que começa dia 13 de julho e está restrito a 30 vagas, é uma atualização da pós-graduação criada em 1999 (aperfeiçoamento profissional em racionalização de processos e produtos na construção de edifícios). "De lá para cá, várias mudanças foram realizadas a partir desta experiência. Novas disciplinas foram agregadas à grade curricular e novos docentes passaram a abraçar a ideia", afirma Parsekian, lembrando que a modalidade é presencial e terá duração de 372 horas-aula (18 meses no total, sendo 15 de disciplinas).

As inscrições estarão abertas até o dia 28 de julho e as aulas ocorrerão no departamento de engenharia civil da UFSCar, em São Carlos-SP. "Serão oferecidas disciplinas voltadas à tecnologia da construção e ao gerenciamento do projeto e da execução. Uma extensa equipe de especialistas da UFSCar, USP, UFRJ, UNESP e de renomadas empresas atuantes em projetos e gestão de obras de engenharia são responsáveis pela elaboração do conteúdo", completa.

O curso é composto pelas seguintes disciplinas:
Tecnologia dos Sistemas Construtivos em Estruturas de Concreto.
Tecnologia dos Sistemas Construtivos Industrializados.
Tecnologia dos Sistemas Construtivos em Alvenaria Estrutural e de Vedação.
Tecnologia de Produção de Revestimentos de Argamassa e Cerâmicos.
Durabilidade dos Materiais e Componentes da Construção Civil.
Tecnologia e Sustentabilidade de Sistemas Hidráulicos e Sanitários.
Tecnologia de Sistemas Prediais de Eletricidade e de Telefonia e Automação Predial.
Gestão do Processo de Projetos.
Ferramentas para Planejamento e Controle de Obras.
Gestão de Custos na Construção Civil.
Gestão de Recursos Físicos nos Canteiros de Obras.
Projeto de Canteiros de Obras.
Sustentabilidade e Certificação Ambiental de Edificações.
Produção Enxuta na Construção Civil.
Metodologia do de Trabalho Técnico.

Dezessete professores ministrarão aulas durante a duração do curso. Destes, onze estão vinculados à UFSCar e outros seis ligados à USP, UFRJ e UNESP. O título de professor-doutor vale para 95% deles. "Estão previstas 15 disciplinas, com número distinto de horas-aula em função das suas especificidades, nas quais serão ministradas aulas expositivas e realizados debates com os alunos, com apresentação de temas e questões para análise, discussões e conclusões, podendo, a critério dos professores, ser determinada a realização de trabalhos e seminários sobre as matérias, com participação individual ou em grupo de alunos", explica Guilherme Aris Parsekian, que ao lado dos professores José Carlos Paliari e Simar Vieira de Amorim é um dos coordenadores da pós-graduação.

Saiba mais sobre o curso

Entrevistado
Guilherme Aris Parsekian, professor do departamento de engenharia civil da UFSCar.
Currículo
- Guilherme Aris Parsekian é graduado em engenheiro civil pela UFSCar (1993) com mestrado em engenharia de estruturas (EESC/USP, 1996) - menção distinção -, doutor em engenharia civil (EPUSP, 2002), pós-doutor em engenharia civil (UFSCar, 2006) e pós-doutor em engenharia civil (University of Calgary - Canadá, 2008).
- Suas áreas de atuação são: alvenaria estrutural, desenvolvimento de sistemas construtivos, racionalização de edificações, projeto de edificações e CAD aplicado ao projeto de edificações.
Contato: parsekian@ufscar.br / parsekian.ufscar@gmail.com
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Combate às patologias mobiliza sete países

Cinpar 2013 reuniu especialistas do Brasil, Espanha, Argentina, Chile, França, República Tcheca e Portugal, com foco nos prédios históricos

Por: Altair Santos

De 3 a 5 junho, em João Pessoa-PB, aconteceu o IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas - Cinpar 2013. O evento reuniu especialistas de sete países (Brasil, Espanha, Argentina, Chile, França, República Tcheca e Portugal ) e atraiu cerca de cinco mil participantes, entre professores, pesquisadores, alunos e profissionais que atuam nas áreas da engenharia civil e arquitetura. Sediado no espaço do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) o evento começou como todos queriam: um palestrante de peso.

Carmen Andrade abriu o Cinpar 2013: referência em estudos sobre patologias do concreto.

Quem abriu os debates foi a pesquisadora espanhola María del Carmen Andrade Perdrix, considerada uma das referências internacionais sobre corrosão e premiada internacionalmente por suas pesquisas nesta área. O título de sua palestra foi “Análise crítica sobre a modelização da vida útil para corrosão de armaduras em ambientes com cloretos”. O tema abordado pela especialista tratou de uma das manifestações patológicas que mais afetam as estruturas de concreto armado no Brasil, como explica o professor da Universidade Positivo e sócio-fundador e diretor de planejamento do Instituto IDD, César Henrique Sato Daher.

As corrosões de armadura, na maioria das vezes, são provenientes de más especificações de projeto, emprego de concretos de baixa qualidade ou má execução das estruturas. "São fenômenos que ocorrem quando há a quebra da camada protetora do concreto sobre as armaduras, causadas por agentes agressivos (gás carbônico, cloretos, sulfatos etc) e que permitem a ocorrência das reações eletroquímicas de corrosão da armadura. Essas reações fazem com que uma parte da armadura sofra um aumento de seção, e outra uma redução. O perigo está nas regiões em que o aço da armadura sofre redução da seção transversal com consequente perda da capacidade estrutural, podendo levar a um colapso localizado e a um colapso generalizado, se as devidas medidas terapêuticas não forem aplicadas", diz Daher.

César Henrique Sato Daher: normas incorporam diretrizes de medidas preventivas.

O Cinpar 2013 se dividiu em três áreas temáticas: manifestações patológicas na construção; ensaios não destrutivos e destrutivos para avaliação de estruturas; materiais (materiais de reparo, materiais inovadores e materiais sustentáveis) e patrimônio histórico. Em todas elas, os debatedores se concentraram em mostrar o que está sendo feito no Brasil e no mundo para prevenir manifestações patológicas. No caso das corrosões das armaduras, está se trabalhando na melhoria da qualidade dos projetos de estruturas e dos concretos. Além disso, produtos mais eficazes têm surgido, como os concretos de alto-desempenho, os autoadensáveis e produtos inibidores de corrosão que podem ser adicionados aos concretos no estado fresco.

César Henrique Sato Daher destacou ainda que a conscientização do meio técnico e a troca de experiências, através da divulgação de pesquisas em congressos e em cursos específicos, também ajudam a buscar soluções contra as manifestações patológicas. "No IDD, por exemplo, temos trabalhado fortemente neste sentido, através de cursos de pós-graduação com os maiores especialistas da área, visando a disseminação do conhecimento inclusive com intercâmbios internacionais. A Alconpat (Associação Latino Americana de Controle de Qualidade, Patologia e Recuperação das Construções) tem feito um grande trabalho neste sentido, assim como o Cinpar (no congresso, dos 176 trabalhos apresentados, 102 foram publicados). São eventos que têm sido uma grande fonte de trocas de experiências e aprendizado para quem se interessa pelo assunto. O que felizmente temos observado é um número cada vez maior de adeptos a essa área de suma importância dentro da engenharia", destacou.

Cinpar 2013 teve 102 trabalhos aprovados para publicação.

Normas

Fundamentais para estimular a evolução das construções, as normas brasileiras publicadas pela ABNT também desempenham papel importante na prevenção às patologias, e não deixaram de ser citadas no Cinpar 2013. Entre elas, destacam-se a NBR 6118 - Projeto de estruturas de concreto - Procedimento - e a NBR 12655 - Concreto - Preparo, controle e recebimento -, que regulamentam os projetos de estruturas de concreto armado e as especificações de concretos para estruturas, respectivamente. "Elas incorporam diretrizes de medidas preventivas, principalmente no que tange à corrosão das armaduras", reforça Daher, lembrando ainda da NBR 15577 - Agregados - Reatividade álcali-agregado - e da NBR 15575 - norma de desempenho -, que, segundo ele, vem corroborar para a minimização das manifestações, através do atestado de desempenho. A NBR 15575 entra em vigor no dia 19 de julho de 2013.

Entrevistado
Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas - Cinpar 2013 (via assessoria de imprensa)
Cesar Henrique Sato Daher, professor da Universidade Positivo e sócio-fundador e diretor de planejamento do Instituto IDD

Cinpar 2013 atraiu para estudantes, técnicos, tecnólogos, engenheiros, arquitetos, empresários e pesquisadores.

Currículo
- César Henrique Sato Daher possui master internacional em patologia avançada, pelo Cinvestav-MX.
- Mestre em construção civil (2009) pelo programa de pós-graduação em construção civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
- Possui graduação em Engenharia Civil (1998) pela mesma Universidade e é técnico em edificações pela UTFPR (1995).
- É sócio-fundador e diretor de planejamento do Instituto IDD.
- Sócio-fundador da DAHER Tecnologia em Engenharia Ltda.
- Professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Positivo (UP).
- Diretor técnico do Instituto Brasileiro do Concreto - regional Paraná (IBRACON-PR) desde 2010.
Contato: daher@institutoidd.com.br
Créditos fotos: Adino Bandeira/IFPB

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

CBIC ajuda a popularizar norma de desempenho

Guia orientativo permite melhor compreensão da ABNT NBR 15575, tanto para os mercados imobiliário e da construção civil quanto para o consumidor.

Por: Altair Santos

A norma de desempenho - ABNT NBR 15575 - entra definitivamente em vigor no dia 19 de julho. Desde a sua publicação, em 19 de fevereiro de 2013, a cadeia produtiva da construção civil tem se esforçado para, não só compreendê-la, mas divulgá-la a outros setores. O objetivo é disseminar sua importância, que impõe novos requisitos, critérios e parâmetros a futuros imóveis habitacionais que venham a ser construídos a partir do segundo semestre deste ano. Uma das publicações-referência no sentido de popularizar a norma de desempenho é o guia orientativo lançado recentemente pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Geórgia Grace, assessora técnica da CBIC: download do guia também pode ser feito nos sites dos 36 parceiros da CBIC.

Por meio físico, a publicação teve uma tiragem inicial de 12 mil exemplares, que esgotou-se em pouco tempo. Um segundo lote está sendo providenciado e pode ser adquirido através do e-mail: desempenho@cbic.org.br. Quem preferir, pode fazer o download gratuito diretamente do site da CBIC ou dos 36 parceiros da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Ao final desta reportagem, o Massa Cinzenta também disponibiliza o documento em PDF para quem quiser baixá-lo. "O guia é uma norma comentada e o retorno tem sido altamente positivo", afirma Geórgia Grace, assessora técnica e responsável pela gestão geral dos projetos da CBIC.

No entender do presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, pela primeira vez uma norma vinculada à construção civil estabelece exigências de conforto e segurança em imóveis. "As regras privilegiam benefícios ao consumidor e dividem responsabilidades entre fabricantes, projetistas, construtores e usuários. É uma norma pensada para o morador, que diz o que ele tem que receber em termos de segurança, conforto e qualidade. Facilita inclusive a fiscalização”, afirma o dirigente, que acompanhou de perto a elaboração do guia orientativo, para torná-lo o mais abrangente possível.

Capa do guia elaborado pela CBIC: objetivo é atingir toda a cadeia produtiva da construção civil.

Segundo Geórgia Grace, o manual sobre a norma de desempenho desencadeou uma mobilização pela compreensão e aplicação prática da ABNT NBR 15575. "Estão previstos vários seminários até a entrada em vigor da norma e a CBIC tem recebido uma demanda grande para participar dos eventos", diz a assessora técnica, afirmando haver uma preocupação da cadeia produtiva da construção civil com empecilhos jurídicos que o não cumprimento da norma possa desencadear. "O código de defesa do consumidor, no artigo 39, fala que os produtos e serviços têm que atender as normas técnicas da ABNT. Dentro da NBR 15575, ela remete ao atendimento de 157 normas", explica.

A especialista lembra ainda que, a partir da norma de desempenho, pela primeira vez o Brasil conta com parâmetros que estabelecem a vida útil mínima dos vários sistemas que compõem uma edificação, além de normalizar as relações de responsabilidade entre os vários agentes envolvidos numa habitação. Ela ressalta ainda que a NBR 15575 abre as portas para sistemas construtivos inovadores. "Trata-se de uma oportunidade maravilhosa para a inovação tecnológica, para o desenvolvimento tecnológico, para a competitividade", afirma Geórgia Grace, lembrando que todas as possibilidades da norma estão contempladas no guia orientativo da CBIC.

Baixe o guia orientativo da CBIC sobre a norma de desempenho

Paulo Safady Simão, presidente da CBIC: norma privilegia o consumidor.

Entrevistada 
Geórgia Grace, assessora técnica e responsável pela gestão geral dos projetos da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)
Currículo
- Geórgia Grace  é graduada em engenharia civil, com especialização em gestão ambiental. Tem experiência em gerência de projetos de obras residenciais, industriais e de turismo.
- Ocupa o cargo de assessora técnica da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), responsável pela gestão geral dos projetos da instituição.
Contato: www.cbic.org.br / comunicacao@cbic.org.br / redacao@cbic.org.br
Créditos fotos: Divulgação/CBIC

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330