Corretor imobiliário vence queda de braço contra engenharia

Decisão judicial polêmica contraria norma técnica, código do consumidor e lei federal, que reservam avaliações aos engenheiros e aos arquitetos

Por: Altair Santos

Recentemente, uma disputa judicial que se arrastava por quase sete anos foi finalizada com vitória para os corretores de imóveis. A categoria obteve sentença favorável no Tribunal Regional Federal (TRF) de Brasília, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF) contra uma ação declaratória movida pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape) e pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea-Crea). Nela, questionava-se a resolução do Cofeci (Conselho Federal de Corretores de Imóveis) que autoriza o corretor de imóveis a elaborar parecer técnico de avaliação mercadológica. No entender do Ibape e do sistema Confea, a ABNT NBR14653 - Avaliação de bens, o Código de Defesa do Consumidor e a lei federal nº 5.194/66 definem que somente profissionais cadastrados no Crea podem emitir avaliações.

João Teodoro da Silva, presidente do Cofeci: corretor de imóveis vive nova realidade.

De acordo com o presidente do Cofeci, João Teodoro da Silva, a decisão judicial foi amparada pela nova realidade dos corretores de imóveis, onde, segundo ele, 70% dos profissionais inscritos no sistema já têm curso superior. Aliás, a decisão judicial favorável à categoria deixa claro que a avaliação do corretor só será reconhecida se ele tiver "diploma de curso superior em gestão imobiliária ou equivalente". "O reconhecimento da profissão pela sociedade e pelos poderes de nossa República são fatores muito significativos, que decorrem de sucessivas ações realizadas pelo Cofeci e pelos Crecis, como, por exemplo, a luta permanente pela melhoria dos conhecimentos gerais e profissionais dos corretores de imóveis", disse. No Brasil, a regulamentação da profissão de corretor de imóveis existe desde a lei 4.116, de 27 de agosto de 1962, e que foi substituída pela lei 6.530, de 12 de maio de 1978.

Foi no artigo 3º desta lei de 1978 que a Justiça se amparou para dar parecer favorável à categoria. Ele diz que "compete ao corretor de imóveis exercer a intermediação na compra, venda, permuta e locação de imóveis, podendo, ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária". "Quem opina profere avaliações imobiliárias, uma vez que se trata de emitir um juízo acerca do preço de um bem", afirma trecho da sentença. Para a representante do Ibape, a decisão precisa ser interpretada. "O corretor tem a prática, o corretor tem o dia a dia do imóvel. Só que quando entra cálculo, referência estatística e conhecimento de engenharia, quem tem de fazer a avaliação é o engenheiro ou o arquiteto. Porque o corretor tem a opinião do mercado e o engenheiro e o arquiteto tem a técnica", afirma Vera Lúcia de Campos Corrêa Shebalj, vice-presidente do Ibape nacional e presidente do Ibape-PR.

Vera Lúcia de Campos Corrêa Shebalj, vice-presidente do Ibape: decisão carece de interpretação.

Nem o Ibape nem o sistema Confea pretendem recorrer da decisão judicial, mas destacam que o métier do corretor de imóveis é emitir a opinião do mercado. "O corretor vai fazer vistoria no imóvel para avaliá-lo. Ele não tem condições, caso a edificação tenha alguma patologia, de dizer se a trinca é séria ou só é um problema de argamassa. Ele não tem conhecimento técnico para isso", diz Vera Lúcia de Campos Corrêa Shebalj, completando: "O corretor tem a opinião de mercado e o engenheiro e o arquiteto tem a fundamentação. Este é o diferencial." A representante do Ibape lembrou ainda que a sentença a favor dos corretores poderia, ao menos, regulamentar a comissão da categoria. "Eles brigaram por um nicho de mercado que pode lhes render 6% do valor do imóvel", criticou. O artigo 724 do Código Civil define a remuneração da corretagem da seguinte forma: “A remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei, nem ajustada entre as partes, será arbitrada segundo a natureza do negócio e os usos locais."

Entrevistados
- João Teodoro da Silva, presidente do Cofeci (Conselho Federal de Corretores de Imóveis)
- Vera Lúcia de Campos Corrêa Shebalj, vice-presidente do Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia)
Currículos
- João Teodoro da Silva é graduado em direito pela UniCuritiba. Também tem graduação em física e matemática, pela PUC-PR, e em gestão imobiliária pela Ulbra
- É presidente do sistema Cofeci-Creci
- Vera Lúcia de Campos Corrêa Shebalj é graduada em arquitetura e urbanismo pela USP e em engenharia de segurança do trabalho pelo CEFET-PR
- É vice-presidente do Ibape nacional e presidente do Ibape-PR
- É perita judicial e extrajudicial nas comarcas de São Paulo e Curitiba
Contatos: cofeci@cofeci.gov.br / proojekt@gmail.com
Créditos fotos: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Salário inicial de engenheiro quase duplica em 10 anos

Entre 2000 e 2010, demanda por profissionais foi maior que a oferta e inflacionou remunerações. Desde 2011, mercado tem se adequado à realidade

Por: Altair Santos

O salário médio de alguns profissionais com nível superior no Brasil declinou de R$ 4.317 para R$ 4.060, entre 2000 e 2010, segundo estudo do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). O levantamento baseou-se em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e constatou também que algumas graduações fizeram caminho inverso, ou seja, registraram aumento significativo nos salários durante o período pesquisado. Entre elas, estão as engenharias e a arquitetura, além de medicina, economia e ciências sociais. "Tratam-se de profissões onde a demanda aumentou mais rapidamente do que a oferta, porque a sociedade está precisando mais destes profissionais", cita Naercio Aquino Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do INSPER.

Naercio Aquino Menezes Filho: demanda maior que a oferta elevou salários na década passada.

No caso da engenharia civil, foi explícito o impacto que a demanda causou nos salários. No final da década passada, entre 2008 e 2010, no auge de programas como PAC e Minha Casa, Minha Vida, além da descoberta do pré-sal, chegou-se a ofertar 755 vagas por semana - numa média nacional - aos engenheiros civis brasileiros. Para os profissionais recém-formados, que costumavam entrar no mercado de trabalho ganhando R$ 2.700,00 (em média) o salário inicial saltou para R$ 4.210,20. Mas o grande avanço se deu no segmento de profissionais com entre dez e quinze anos de experiência. Para eles, o salário médio chegou a R$ 7.588,16. Em algumas cidades, esse valor quase dobrou. Como no Distrito Federal, onde o salário médio do engenheiro civil com dez a quinze anos de experiência chegou a R$ 13,3 mil.

No entanto, a pesquisa do Insper detecta que desde 2011 há uma tendência de acomodação nos salários e de retração para os que foram recentemente contratados. "Pode ser por que começa a ter mais oferta de mão de obra", avalia Naercio Aquino Menezes Filho. Um dado explica essa tendência. Entre 2000 e 2010, a porcentagem de matrículas nos cursos de graduação aumentou mais de 80%. No caso das engenharias, por exemplo - segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) - 1,2 milhão de estudantes se matricularam em cursos de graduação na década passada. Porém, a taxa de evasão chegou a 55,59%. O mesmo levantamento revelou que do 1,2 milhão somente 328 mil novos engenheiros chegaram ao mercado de trabalho.

Especializações e a qualidade da instituição de ensino pesam no salário do engenheiro.

Tanto o estudo do Insper quanto o da CNI constataram que menos de 0,5% dos que concluíram graduações em engenharia na década passada buscaram mestrado e doutorado. Para esses, os salários se mantêm elevados. "As especialidades e a diferença de qualidade entre as instituições de ensino geram desigualdades salariais", detecta a análise coordenada pelo professor Naercio Aquino Menezes Filho. Na média nacional, um engenheiro que tenha aprimorado seus conhecimentos recebe acima de 30% a mais do que aquele que se limitou à graduação. Durante a década passada, os setores que mais valorizaram as especializações - dentro das engenharias - foram os seguintes: petróleo e gás, financeiro, governo, aeronáutica, automobilístico, consultorias e construção civil.

 

Entrevistado
Naercio Aquino Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa)
Currículo
- Naercio Aquino Menezes Filho é graduado em economia pela Universidade de São Paulo (1986), com mestrado em economia pela Universidade de São Paulo (1992) e doutorado em economia pela University College London (1997)
- Atualmente é professor titular (Cátedra IFB) e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) além de professor associado da Universidade de São Paulo e consultor da Fundação Itaú Social
- Tem experiência na área de economia, com ênfase em capital humano e organização industrial, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, mercado de trabalho, distribuição de renda, produtividade, tecnologia e desemprego
Contatos: naerciof@usp.br / naercioamf@insper.edu.br
Créditos fotos: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Para CBIC, construção civil precisa driblar fadiga

Com base em dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) organismo sugere mais produtividade e menos burocracia para o setor

Por: Altair Santos

A mais recente Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) - estudo produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - mostra que o período de 2007 a 2011 pode ser interpretado como a "fase de ouro" da construção civil no país. Impulsionado por crédito intenso, programas governamentais e isenções fiscais, o setor acostumou-se a crescer acima do PIB nacional. Para que esse cenário se perenize, a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) avalia que novos movimentos precisam ser dados. Entre eles, focar na inovação e na industrialização, para elevar a produtividade e reduzir custos, e combater a burocracia. São ações que evitarão que o crescimento da construção civil entre em um processo de fadiga, como avalia o vice-presidente da CBIC, José Carlos Rodrigues Martins, na entrevista a seguir:

José Carlos Rodrigues Martins, vice-presidente da CBIC: período entre 2007 e 2011 foi a fase de ouro da construção civil.

A mais recente edição da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) mostra que o setor teve crescimento pujante de 2007 a 2011. As perspectivas seguem otimistas para o próximo período de 4 anos?
Até 2004, o setor da construção viveu um longo período de baixo crescimento e poucos investimentos, o que produziu um significativo déficit nas áreas habitacional e de infraestrutura. Essa situação foi resultado de um ambiente macroeconômico de instabilidade e dificuldade de planejar em prazos mais longos. Com a estabilidade macroeconômica alcançada a partir do Plano Real e com a melhora do ambiente regulatório, a partir da Lei do Patrimônio de Afetação (lei 10.931, de 2004) a indústria da construção encontrou as condições necessárias para avançar, associado à percepção do governo federal da importância estratégica para estimular os investimentos, a geração de empregos e renda. São exemplos de ações concretas o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) marcos do retorno do setor público como planejador e indutor dos investimentos. Entretanto, este ciclo de crescimento mais pujante começa a demonstrar fadiga e exige novas ações, com foco na inovação e industrialização de produtos e processos que permitam elevar a produtividade, reduzir custos e tornar os negócios (a decisão de investir) mais rápida e segura (redução de burocracias e procedimentos do “antigo modelo”) para todos os agentes econômicos envolvidos. Assim, a construção ainda deverá ser um dos vetores do crescimento brasileiro, pois a sua importância não foi reduzida, ao contrário, a necessidade de elevar os investimentos e manter os avanços sociais leva a concluir que o setor permanecerá se desenvolvendo, entretanto em ritmo mais lento até que se instalem as bases do novo modelo, que deverá elevar novamente a atividade e firmar um patamar mais elevado para o setor.

O período 2007-2011 tende a entrar para a história como a fase de ouro da construção civil brasileira?
Certamente foi um período importante, pois recolocou a construção como protagonista do desenvolvimento econômico. O Brasil voltou a investir e a planejar, sem perder o foco na inclusão social produtiva, que caracteriza a formalização.

Ampla oferta de financiamento para habitação, liberação de recursos pelo BNDES e desoneração do IPI de insumos da construção são apontados como as principais alavancas para os bons resultados mostrados na PAIC. Esses pilares devem continuar sustentáveis?
Sim, o financiamento habitacional permanece registrando sucessivos recordes, os saldos de poupança crescentes e a aprovação de projetos de construção continuam ocorrendo. Em se tratando das desonerações, são importantes, pois representam recursos que permanecem no setor produtivo e contribuem para manter a atividade econômica. Entretanto, é importante destacar que cada vez mais estas desonerações precisam ser realizadas com cautela, pois o espaço fiscal do governo se mostra cada vez mais limitado. Desta forma, as desonerações sobre o produto final tendem a ser mais efetivas, pois são integralmente repassadas ao consumidor. Um exemplo claro foi a recente redução do RET (Regime Especial de Tributação) de 6% para 4%, na faixa 2 do MCMV, e de 4% para 1% na primeira faixa do programa.

A PAIC revelou também que aumentou a concentração de obras em torno de um grupo de construtoras, tanto as que atuam no setor habitacional quanto as que atuam em infraestrutura. Isso é bom ou ruim para o setor?
É necessário esclarecer bem essa questão, para não gerar dúvidas. Em nenhum momento a PAIC demonstra que a construção é um setor concentrado. Ao contrário. Os índices de concentração da construção são bem menores do que outros segmentos da indústria. O que a PAIC revelou é que, em virtude de crescimento de obras de infraestrutura, o índice de concentração dessas obras passou de 0,26 em 2007 para 0,29 em 2011. O de obras habitacionais, por sua vez, passou de 0,09 para 0,12. Esses aumentos aconteceram em virtude dos programas de incentivos a esses segmentos (PAC e PMCMV). Mas, mesmo assim, são índices baixos, demonstrando que a construção não é um setor que possui concentração industrial. Ela está muito distante disso. Deve-se lembrar que o grau máximo de concentração é 1. Particularmente, em relação à divisão de obras de infraestrutura, que apresentou a maior concentração em todos os índices, isso acontece porque as empresas deste setor geralmente fazem obras de grande porte, necessitando de maiores volumes de investimentos em máquinas e equipamentos, sendo assim, mais intensivas em capital. Outro importante dado que mostra a desconcentração do setor é a indicação feita pela Caixa Econômica Federal de que 13% das obras do Minha Casa, Minha Vida foram feitas pelas grandes construtoras. A maioria dos empreendimentos (87%) foi tocada por pequenas e médias empresas.

Por outro lado, a PAIC revelou que entre 2007 e 2011 o número de empresas ativas do setor quase duplicou. Isso pode mostrar que também aumentou a terceirização no setor?
O que aconteceu neste período, na verdade, foi um significativo aumento da formalização de empresas, empregados e empreendimentos que se tornaram visíveis não apenas pela melhoria das condições de operação, mas também para ter acesso às novas oportunidades que surgiram neste período (crédito, políticas de inovação, compras públicas entre outros).

A pesquisa detectou também um crescimento relevante na construção de edifícios. A verticalização das edificações será uma tendência a partir de agora?
Sem dúvida. A escassez de terras urbanizadas nas regiões metropolitanas tem, naturalmente, impulsionado um movimento de verticalização das cidades. Esse fenômeno não é novo, mas tem sido intensificado nas últimas décadas. Essa é uma saída para oferecer serviços públicos, emprego, moradia a populações cada vez maiores, otimizando a infraestrutura já disponível nas nossas cidades.

Em termos de regiões do país, o sudeste ainda lidera o volume de obras, mas o nordeste teve crescimento acentuado. Essa tendência pode se perenizar?
Muitos economistas avaliam que o Nordeste deve continuar crescendo em um ritmo superior ao do PIB brasileiro. As expectativas de investimento na região comprovam isso. Além disso, as carências de infraestrutura e o déficit habitacional, que ainda é expressivo na região, fazem crer que o setor da construção deve continuar experimentando um ritmo de crescimento significativo nos próximos anos para fazer frente a esses gargalos.

A alta do dólar, que o Brasil experimenta, pode influenciar de que forma o desempenho da construção civil?
O aumento do dólar deve ser avaliado no contexto da conjuntura econômica como um todo, pois essa conjuntura influencia diretamente o desempenho dos setores produtivos. Neste contexto, uma das preocupações com essa alta passa pelo impacto que ela pode proporcionar na taxa de inflação. É justamente a inflação um dos fatores que têm gerado maior preocupação no cenário nacional. A estabilidade dos preços é essencial para o cenário macroeconômico nacional, que tem demonstrado dificuldades de acelerar o seu ritmo de crescimento. É bom lembrar que a estabilidade monetária é indispensável para a confiança empresarial que, por sua vez, reflete positivamente nos investimentos que necessariamente passam pelo setor de construção.

Qual análise geral que a CBIC faz dos dados trazidos pela PAIC?
A Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) revela, de forma mais desagregada, como foi o desempenho do setor da construção civil. A última pesquisa realizada, que traz os resultados do ano 2011, demonstra que, naquele ano, o setor sofreu influência positiva de fatores como a maior oferta de crédito imobiliário, o aumento dos desembolsos para obras de infraestrutura do BNDES, do aumento do emprego e da renda, além, é claro, do incremento do consumo das famílias. Também influenciou o desempenho setorial a desoneração do IPI de vários insumos da construção, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Programa Minha Casa, Minha Vida. É bom lembrar que naquele ano o setor registrou expansão de 3,6% superior ao desempenho do país, que foi 2,7%. A PAIC, sem dúvidas, é mais um instrumento que evidencia a importância da construção para o desenvolvimento da economia nacional.

Confira a íntegra da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC)

Entrevistado
José Carlos Rodrigues Martins, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
Currículo
- José Carlos Rodrigues Martins é graduado em engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1977
- Foi presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) no período de 1998 a 2001 e vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (SindusCon-PR) de 2001 a 2004
- Entre 2010 e 2012 exerceu a presidência do Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação (CTECH) do Ministério das Cidades
- É vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção desde 2001
Contatos: www.cbic.org.br / comunica@cbic.org.br
Créditos foto: Erivelton Viana / CBIC

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Cinza de cana-de-açúcar no CAA se limita à pesquisa

Estudo realizado na Universidade Estadual de Maringá ganha prêmio acadêmico, mas precisa de mais desenvolvimento para chegar ao mercado

Por: Altair Santos

Não é de hoje que as escolas de engenharia e os centros de pesquisa têm buscado alternativas para melhorar a eficiência ambiental do concreto e também reduzir seu custo de produção. A mais recente iniciativa ocorreu na Universidade Estadual de Maringá, no interior do Paraná, onde um grupo conseguiu desenvolver concreto autoadensável (CAA) incorporando cinza do bagaço da cana-de-açúcar em substituição parcial à areia. Após oito meses de estudo, e 280 experimentos, a pesquisa apontou para um produto que conseguiu atender aos requisitos da ABNT NBR 15823 - Concreto autoadensável -, mas que ainda terá de percorrer um longo caminho até que possa chegar ao mercado.

Equipe da UEM que coordenou o estudo: pesquisa usou o Cimento Portland CP II-F-32.

De acordo com o professor-mestre Rafael Germano Dal Molin Filho, que coordenou o projeto junto ao programa de pós-graduação em engenharia urbana da UEM, como a cinza de bagaço de cana-de-açucar é um resíduo e não um subproduto, significa que ela ainda não tem as condições técnicas, como queima controlada, para que seja reproduzida em características comerciais e industriais. "O próximo passo da pesquisa é desenvolver todo o controle tecnológico para que se possa garantir o desenvolvimento de um material confiável ao mercado", diz. O professor da UEM afirma que essa etapa será conseguida através de parcerias com concreteiras de Maringá, que também ajudarão a desenvolver o novo CAA.

A pesquisa realizada na UEM apontou que o concreto autoadensável que utiliza cinza de bagaço de cana-de-açúcar preenche de maneira bem adequada a fôrma, sem precisar de energia adicional. O material também apresentou mais facilidades no transporte. "Isso é um aspecto muito significativo quanto à quantificação de pessoas no canteiro de obra. Envolve diminuição de ruídos, envolve o lançamento mais rápido e uma projeção mais otimizada dos recursos disponíveis para a realização da obra", afirma Rafael Germano Dal Molin Filho, para quem o produto apresentou um custo competitivo, haja vista que a cinza de cana-de-açúcar na região de Maringá tem alta oferta.

Bagaço da cana-de-açúcar passou por vários processos até chegar a um componente que se assemelhasse à areia.

Quanto à resistência, o produto desenvolvido na UEM apresentou características iguais ao CAA convencional. "A melhor comparação está nos traços que realizamos com cinzas e sem cinzas. Os resultados foram os mesmos. Então é possível desenvolver aspectos de resistência estrutural conciliada à perspectiva do uso desta tecnologia", garante Rafael Germano Dal Molin Filho, que na pesquisa utilizou o Cimento Portland CP II-F-32 - um dos recomendados para a produção de concreto autoadensável. O professor também assegurou que o CAA alternativo pode ser aplicado em qualquer obra que necessite do material, ressaltando que os requisitos da ABNT NBR 15823 foram atendidos.

 

 

Concreto autoadensável com cinza de bagaço de cana-de-açúcar: maior fluidez do que o convencional.

Em relação às restrições que outras normas impõem ao uso de agregados alternativos no concreto, Rafael Germano Dal Molin Filho disse que acompanha com atenção a revisão da ABNT NBR 12655 - Concreto - Preparo, Controle e Recebimento. Com seu texto atual, essa norma impede o uso de cinzas de qualquer natureza como aglomerante do concreto, apesar de elas terem atividade pozolânica e serem usadas na fabricação do cimento. "Dependendo do que sair da revisão, ela vai estimular novas pesquisas, podendo dar projeção de novos agregados para a construção civil. Eu vejo isso como uma boa solução, pois tudo o que tem uma recomendação técnica nos ajuda, inclusive, a prospectar como será a utilização do resultado destas pesquisas", analisa. O estudo feito na UEM rendeu à universidade o 1º lugar na 5ª edição do Prêmio Caixa de Projetos Inovadores com Aplicabilidade na Indústria Metalúrgica, Mecânica, Eletrônica, Materiais Elétricos e Construção Civil.

Saiba mais sobre a pesquisa de CAA com cinza de bagaço de cana-de-açúcar

 

Professor Rafael Germano Dal Molin Filho: coordenador do projeto.

Entrevistado
Rafael Germano Dal Molin Filho, professor-colaborador do departamento de engenharia de produção da Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Currículo
- Rafael Germano Dal Molin Filho é graduado em engenharia de produção pela UEM (2005)
- Tem especialização em marketing (Instituto Paranaense de Ensino (2007) e MBA em gestão estratégica de empresas pela UEM (2010)
- É mestre em Engenharia Urbana pela UEM (2012)
- Desde fevereiro de 2012 atua como professor-colaborador no departamento de engenharia de produção da UEM, onde ministra as seguintes disciplinas: eletrotécnica e automação industrial (graduação), engenharia da qualidade I (graduação), planejamento e controle da produção I e II (graduação) e orientações na graduação e pós-graduação
Contatos: rgdmfilho2@uem.br / rafagermano@hotmail.com
Créditos fotos: Divulgação/UEM

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Venda de cimento vai romper 70 milhões de toneladas

SNIC projeta que marca será ultrapassada em 2013, por conta de obras contratadas em anos anteriores. Porém, atual conjuntura econômica deixa setor em alerta

Por: Altair Santos

No acumulado de 12 meses (agosto de 2012 a julho de 2013) a venda de cimento para o mercado nacional atingiu a marca de 69,184 milhões de toneladas. Os dados divulgados pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) são recordes históricos para o setor, o que alimenta a expectativa de que até dezembro a marca de 70 milhões de toneladas seja rompida. "As projeções nos fazem estimar que fecharemos 2013 com algo em torno de 71 milhões de toneladas vendidas", calcula o presidente do SNIC, José Otávio Carneiro de Carvalho.

José Otávio Carneiro de Carvalho, do SNIC: gargalos da infraestrutura impedem crescimento maior.

Há uma ressalva, no entanto, nestes números otimistas. O próprio SNIC considera que o atual volume de produção de cimento está muito vinculado às obras contratadas em anos anteriores e que, durante 2013, começaram a sair do papel. Por isso, o sindicato não se atreve a fazer análises sobre como estará o setor em 2014. No máximo, estima que a indústria cimenteira fechará o ciclo de 2013 com crescimento de 4%, mas em viés de baixa. "No momento estamos revendo as projeções, mas a expectativa é de crescer 4%", afirma José Otávio Carneiro de Carvalho.

Para o presidente do SNIC, alguns entraves insistem em impedir a expansão do setor. Entre eles, os gargalos que atrapalham o avanço de programas de infraestrutura e habitacionais. "Se a conjuntura fosse favorável, nossa capacidade instalada já permitiria ultrapassar cem milhões de toneladas por ano", cita.

Por causa do cenário econômico, José Otávio Carneiro de Carvalho revela que algumas novas plantas, que haviam sido anunciadas, tiveram seus projetos revistos. No entanto, elas podem sair do papel caso o governo federal consiga viabilizar as concessões de rodovias e ferrovias. "Esses planos diminuiriam os gargalos de infraestrutura, ao mesmo tempo em que passariam a demandar mais cimento", explica o presidente do SNIC, para quem a entrada de investimentos privados em estradas e linhas de trem é mais significativa do que o evento Copa do Mundo. "Para a indústria de cimento, as construções de estádios e as alegadas obras de mobilidade tiveram um impacto relativamente pequeno na venda total de nosso produto", garante.

Independentemente de projetos não viabilizados, a indústria de cimento do Brasil se mantém na quarta colocação dentro do ranking mundial, levando em conta a produção e o consumo. Segundo estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o SNIC, cerca de 25% do cimento fabricado no país vai para obras de infraestrutura e 75% para edificações. Para José Otávio Carneiro de Carvalho, o importante é que a indústria tem conseguido atender a demanda nacional produzindo um produto cada vez mais ecoeficiente. "Hoje, 10% da energia consumida para produzir cimento no Brasil é oriunda do coprocessamento de resíduos industriais. Porém, ainda há mais espaço para crescimento", diz.

O presidente do SNIC finaliza que os desafios a médio e longo prazo para a indústria cimenteira nacional, além de perseguir os 100 milhões de tonelada/ano, são manter a competitividade, a eficiência e a baixa emissão de CO₂ na produção de cimento. "Além, é claro, de ajudar a construir a infraestrutura que o país precisa", finaliza.

Veja o desempenho da indústria de cimento

Entrevistado
José Otávio Carneiro de Carvalho, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Currículo
- José Otávio Carneiro de Carvalho é graduado em engenharia de produção pela PUC-RJ (1965)
- Em 1969, concluiu pós-graduação em engenharia econômica, na UFRJ
- Nos três primeiros anos de sua carreira, participou da montagem de uma fábrica de cimento no estado do Rio de Janeiro. No início da década de 70, trabalhou, como assessor da diretoria no BNDES
- Entre 1975 e 1978, integrou a equipe de assessoria econômica do então ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen
- Passou a trabalhar como consultor de empresas e, desde 1982, atua no setor de cimento, onde prestou consultoria em diversos projetos
- Em 2001, foi convidado para o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) onde assumiu a função de secretário-executivo e depois tornou-se vice-presidente executivo da entidade
- No início de 2011, assumiu o cargo de presidente do SNIC
Contatos: www.snic.org.br / snic@snic.org.br / secretaria@snic.org.br
Créditos foto: Divulgação / SNIC

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Poder analítico abre "neocarreiras" aos engenheiros

Há uma série de novas profissões que competem com o mercado da construção civil por profissionais especializados em engenharia, porém exige-se qualificação extra

Por: Altair Santos

Gestor de reestruturação, gerente de projetos, gestor de contratos, gerente de operações, desenvolvedor de novos negócios, gerente de planejamento, gestor de infraestrutura,... Quem já não ouviu falar nestas novas nomenclaturas dentro do organograma de uma empresa? Pois em todas elas, o engenheiro se encaixa. Pela capacidade de liderar, de fazer mais com menos, de focar em resultados e de executar tarefas, os profissionais de engenharia, em especial a da civil, não limitam mais o seu campo de atuação ao canteiro de obras.

Leandro Muniz, da Michael Page: para bons profissionais, mercado está sempre aquecido.

Segundo levantamento da consultoria de recursos humanos Michael Page, isso mostra porque a demanda por engenheiros continuará alta no Brasil, independentemente do ritmo das obras. Só que o estudo também faz um alerta: essas novas carreiras exigem novas especializações dos profissionais de engenharia, como pós-graduação, MBA e fluência em outros idiomas. "Os engenheiros que assumem posições em outras áreas precisam buscar outras capacitações, como finanças. Além disso, o conhecimento de, no mínimo, um segundo idioma, é essencial para cargos executivos", afirma Leandro Muniz, headhunter da Michael Page.

O especialista avalia que as "neocarreiras" se oferecem aos engenheiros porque esses profissionais conseguem raciocinar sobre um problema e muitas vezes antecipar soluções. "Os engenheiros são demandados pela capacidade analítica que possuem. Em posições que exigem reestruturação, projetos e avaliação de contratos esta virtude é fundamental, assim como a experiência prévia", diz Leandro Muniz, completando que a capacidade de o engenheiro produzir mais com menos também é bastante valorizada: "Este é um dos requisitos mais importantes para um executivo que quer exercer essas novas profissões em uma corporação."

Entre as empresas que mais geram "neocarreiras" estão as de logística, consultoria e telecomunicações. Por isso, em função dessa demanda por engenheiros, que extrapola o canteiro de obras ou o chão da fábrica, o mercado para esses profissionais tende a seguir aquecido, avalia o headhunter da Michael Page. "O mercado para bons profissionais, independentemente da formação ou segmento, permanece muito aquecido. Especialmente para aqueles que conseguem melhorar a eficiência das empresas. Neste quesito, os engenheiros estão mais valorizados. Nós mesmos, da Michael Page, recebemos várias consultas de Companhias que carecem de engenheiros para cargos de gestão", afirma Leandro Muniz.

De acordo com levantamento da Michael Page, 37% das empresas brasileiras buscam engenheiros para cargos de gestão contra 25% das que preferem graduados em administração e em outras profissões. O inglês é requisito para 51% delas. As Companhias também exigem que 43% tenham conhecimento de gestão de pessoas, 31% de relações interpessoais, 19% de liderança, 12% de foco em resultados e 9% de capacidade de execução.

Entrevistado
Leandro Muniz, headhunter da Michael Page
Currículo
- Leandro Muniz é graduado em engenharia civil, com MBA em finanças pela Ibmec Business School
- Trabalhou como consultor financeiro e coordenador de projetos na Votorantim Industrial e Votorantim Cimentos por quase 10 anos
- É headhunter da Michael Page desde 2010
Contatos: www.michaelpage.com.br / micheaelpage@michaelpage.com.br
Créditos foto: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Tecnologia agrega qualidade aos tubos de concreto

Equipamentos, ensaios e normalização levam produtos melhores ao mercado, mas ainda há muito espaço para que o setor evolua no Brasil

Por: Altair Santos

A crise europeia, deflagrada em 2008, causou um impulso tecnológico na indústria brasileira de tubos de concreto. Como os mercados na Alemanha, na Espanha e na Itália minguaram, os fabricantes de equipamentos destes países voltaram-se para prospectar clientes na América do Sul. O Brasil foi o alvo preferido, sobretudo por que a época coincidiu com o lançamento de programas como PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e Minha Casa, Minha Vida. O financiamento facilitado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) também ajudou os fabricantes nacionais a modernizarem suas linhas de produtos. "Aquele momento desencadeou parcerias entre fabricantes nacionais e estrangeiros e fez maquinários de qualidade chegarem ao país", revela Jean Royer, ex-diretor de marketing da Associação Brasileira de Tubos de Concreto (ABTC) e diretor da Concrepar-Marco Tubos.

Jean Royer, da Concrepar: crise europeia de 2008 ajudou setor de tubos de concreto a se modernizar.

A entrada de novas tecnologias no Brasil coincidiu com a revisão da ABNT NBR 8890 - Tubo de Concreto, de seção circular, para águas pluviais e esgotos sanitários -, que exigiu evolução nas peças, sobretudo das armaduras de aço. A norma também tornou o mercado mais seletivo e, consequentemente, mais competitivo. "Tubo de concreto tem várias formas de ser feito. Do modo antigo, como há 50 anos, ou de um modo mais moderno. Com a evolução das normas, elas passaram a exigir cada vez mais a padronização dos produtos em itens como resistência, compressão diametral, recobrimento da ferragem e absorção de água. Enfim, o produto pode ser fabricado de vários modos, mas tem de suportar o que exigem as normas. Quando eu adquiro um equipamento, ele me dá a garantia de que eu vou fabricar com uniformidade, de que uma peça será igual a outra, sem deformidades", explica Jean Royer.

O poder público, como principal cliente, também tem ajudado a melhorar a qualidade dos tubos de concreto. Uma evolução visível está relacionada à forma de encaixe das peças. Hoje, no Brasil, são usados o macho-fêmea e o ponta e bolsa. Alguns estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, consomem bastante os tubos com encaixe em ponta e bolsa. Outros, como o Paraná, utilizam o macho-fêmea. Há um debate sobre a padronização. Para isso, é necessário investir em pesquisa para comprovar qual o melhor encaixe. Porém, são poucas as empresas que fazem isso. "Estima-se que no Brasil haja entre cinco mil e seis mil fabricantes de tubos de concreto, mas nem trinta têm laboratórios. No caso do nosso laboratório, ele é aferido pela Tecpar e pelo Inmetro. Tudo isso, para fabricar e saber o que está sendo fabricado", diz o diretor da Concrepar.

Tubos com conexão ponta e bolsa: principais estados consumidores já utilizam tecnologia.

Um problema é que boa parte das companhias de saneamento requer ensaios laboratoriais, mas somente para tubos aplicados em esgoto sanitário. O correto seria seguir o exemplo de países desenvolvidos, onde os ensaios para peças usadas em água pluvial também são exigidas. "Na Europa e nos Estados Unidos percebe-se que o produto é melhor. Por quê? Porque existe investimento em equipamento, pesquisa, normalização e tecnologia. Lá, todos os tubos de esgoto são em ponta e bolsa com anel de borracha. É a preocupação com a questão ambiental. Aqui, essa preocupação existe em algumas empresas de saneamento, cito a Sanepar, e em alguns setores privados", avalia Jean Royer, para quem ainda há um bom espaço para a evolução dos tubos de concreto no Brasil. "Ainda estamos aquém do ideal. Tem espaço para crescer e qualificar cada vez mais os produtos", finaliza.

Veja vídeo de novos equipamentos para a construção de tubos de concreto:
http://youtu.be/nudY_HoVKyA

Máquina que produz estrutura de aço para tubos de concreto: ganho de produtividade e de qualidade.

Entrevistado
Jean Royer, diretor da Concrepar-Marco Tubos Ltda
Currículo
- Jean Royer é engenheiro industrial, diretor da Concrepar-Marco Tubos Ltda. e ex-diretor de marketing da Associação Brasileira de Tubos de Concreto (ABTC).
Contato: www.concrepar.com.br / jean@concrepar.com.br
Créditos fotos: Cia. de Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Engenharia recupera força com frente parlamentar

No Congresso, deputados-engenheiros se unem para, entre outros temas, qualificar projetos e melhorar o planejamento das obras federais

Por: Altair Santos

Na Câmara Federal há 69 parlamentares vinculados às engenharias e ao setor da construção civil. Preocupados com a perda de espaço deste segmento dentro do governo central - hoje dominado por advogados, administradores e economistas -, os deputados se uniram para criar uma frente parlamentar que faça a engenharia reocupar seu espaço no organograma do poder público.

Deputado federal Augusto Coutinho: engenheiros precisam recuperar cargos estratégicos no poder público.

O grupo já coletou a assinatura de outros 170 parlamentares para a instalação da frente, que nasce com cinco pontos fundamentais:
• Criar um mutirão no Congresso Nacional para que projetos vinculados à infraestrutura e outras obras sejam viabilizados.
• Aproximação dos organismos de engenharia das lideranças políticas.
• Acompanhamento pelo sistema Confea-Crea dos projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional de assuntos de interesse da engenharia.
• Formalização de ações contínuas sobre os projetos de lei em tramitação, e pelo impacto desses sobre a atual legislação do exercício e da organização profissional.
• Levar a frente da engenharia também para as assembleias legislativas e câmaras municipais.

Batizada de Frente Parlamentar de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, a organização é liderada pelo deputado federal Augusto Coutinho (DEM-PE), que tem mantido reuniões com presidentes dos Creas para estabelecer uma agenda de trabalho. "Eles estão nos ajudando a levantar projetos relevantes, que estão parados no Congresso, e que estejam direta ou indiretamente ligados ao setor. O papel da frente será servir de ferramenta para que as votações sejam viabilizadas", explica o deputado federal, que é engenheiro civil.

A frente também pretende influenciar nos projetos que ainda não saíram do papel dentro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do Minha Casa, Minha Vida. "Quando conversamos com os governantes estaduais e municipais, a falta de planejamento dos projetos é sempre criticada. O poder público federal tem se mostrado ineficiente nesta etapa preliminar das obras. Se os projetos forem bem feitos, contando com a participação de engenheiros, iremos ver o destravamento de diversas obras que hoje andam a passos muito lentos", cita Augusto Coutinho.

O representante da frente avalia ainda que os parlamentares ligados à construção civil deveriam ser mais ouvidos para melhorar o desempenho do Minha Casa, Minha Vida. "O governo diz que faz muito mais do que na realidade executa. Esse programa poderia realmente estar combatendo o déficit habitacional no Brasil, pois o país ficou muitos anos sem uma política específica para a área. Além disso, ele é relevante para gerar emprego e servir como um importante indutor de crescimento. Avalio que a frente tem muito a contribuir", afirma o deputado federal.

A Frente Parlamentar de Engenharia, Arquitetura e Agronomia deverá ter uma atuação mais relevante a partir de 2014. Depois de montada dentro do Congresso Nacional, ela será formalizada junto ao sistema Confea-Crea e lançada oficialmente dia 11 de dezembro (Dia do Engenheiro) e quando o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) completa 80 anos. "Até lá, também está na pauta debater questões como a grade curricular das escolas de engenharia e a importação de engenheiros. É muito importante para o Brasil ter a profissão de engenharia bem consolidada e bem estruturada", completa Augusto Coutinho.

Entrevistado
Augusto Coutinho
Currículo
- Augusto Rodrigues Coutinho de Melo é graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Fundação de Ensino Superior de Pernambuco (Fesp), hoje Universidade de Pernambuco (UPE), em 1986
- Já atuou com empresário da construção civil e ocupou o cargo de diretor do Sindicato da Construção Civil de Pernambuco (SindusCon-PE). Também representou a categoria na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE)
- Ocupou cargos de secretário municipal e estadual de habitação
- Foi vereador de Recife, deputado estadual e está em seu primeiro mandato como deputado federal (DEM-PE)
Contatos: dep.augustocoutinho@camara.leg.br / pessoal@augustocoutinho.com.br
Créditos foto: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Nova revisão da ABNT NBR 12655 busca consenso

Setor trabalha na elaboração de texto-base para consulta pública, mas alguns pontos ainda precisam ser melhor debatidos pelo meio técnico

Por: Altair Santos

Junto com a ABNT NBR 6118 - Projeto de estruturas de concreto - Procedimento - e a ABNT NBR 14931 - Execução de estruturas de concreto - Procedimento -, a ABNT NBR 12655 - Concreto de cimento Portland - Preparo, controle e recebimento - forma a trilogia das chamadas normas-mães do material produzido no Brasil. Criada em 1992, a NBR 12655 já foi revisada em 1996 e em 2006. Recentemente, entrou em novo processo de revisão.

Cláudio Sbrighi Neto, coordenador da comissão de estudos da revisão da NBR 12655: reuniões sucessivas.

No centro dos debates está a questão sobre a possibilidade de o concreto poder receber adições pozolânicas disponíveis no mercado e que atendam a norma NBR 12653 – Materiais pozolânicos – Requisitos. No universo acadêmico, esses materiais já foram pesquisados, mas o mercado ainda está receoso em aceitá-los. A nova revisão da NBR 12655 dirá se eles afetam a qualidade do concreto e se podem ser usados com segurança na preparação do produto.

Segundo o coordenador da comissão de estudos da revisão da NBR 12655, o geólogo Cláudio Sbrighi Neto, que também já foi protagonista nas revisões anteriores da norma, ainda não há consenso sobre os pontos que precisam ser alterados. "Até a consulta pública, não serão divulgadas informações precipitadas, pois o meio técnico ainda não chegou a um consenso sobre alguns pontos. Ainda é preciso elaborar o texto-base para a consulta pública", explica.

É natural a restrição de informações nesta fase da revisão, haja vista que mudanças em normas-mães costumam levar a um amplo espectro de discussões. Para se ter um exemplo, a revisão anterior da NBR 12655 envolveu 120 especialistas. O texto aprovado tratou de estruturas moldadas in loco, estruturas pré-moldadas e peças estruturais pré-fabricadas e levou mais de um ano até que entrasse em vigor.

A expectativa é que os debates em torno da revisão da NBR 12655 só se intensifiquem a partir do 55º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido anualmente pelo Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e que acontecerá de 29 de outubro a 1º de novembro em Gramado-RS. Até lá, é possível que o texto-base da revisão já tenha sido redigido.

Enquanto isso, as reuniões que debatem a norma seguem programadas. O próximo encontro da CE-18:300.01 - Comissão de Estudo de Controle da Qualidade do Concreto - acontece dia 27 de agosto, das 14h às 16h, na sede da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) em São Paulo-SP.

Entrevistado
Cláudio Sbrighi Neto, coordenador da comissão de estudos da revisão da NBR 12655
Currículo
- Cláudio Sbrighi é graduado em geologia pela USP (1970), com mestrado em engenharia civil pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (1975) e doutorado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP (1993)
- É diretor do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e professor-doutor titular da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado)
- Ocupa o cargo de diretor da CPTI (Cooperativa de Serviços e Pesquisas Tecnológicas e Industriais)
Contato: csbrighi@yahoo.com
Créditos foto: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Itambé leva Massa Cinzenta para as redes sociais

Portal de conteúdo da Cia. de Cimento Itambé ganha canais em ferramentas como Facebook, Twitter, Linkedin, Youtube e Google Plus

Por: Altair Santos

O Brasil atingiu em maio de 2013, segundo o mais recente relatório do IBOPE Nielsen Online, a marca de 102,3 milhões de internautas, considerando pessoas com idade acima de 2 anos e que acessam a web de qualquer ambiente (domicílios, trabalho, escolas, lan houses e outros locais). Destes, pelo menos 76,6 milhões estão ativos para o mercado de trabalho e, portanto, podem ser considerados consumidores em potencial. “É a demonstração de que há no país um público relevante consumindo, interagindo e comentando informações sobre as marcas e os produtos nesse novo mundo digital”, afirma Janette Shigenawa, diretora do IBOPE Nielsen Online. Diante desta realidade, a Cia. de Cimento Itambé dá mais um passo para se aproximar deste público: está lançando seu portal de conteúdo, o Massa Cinzenta, nas redes sociais.

Ainda de acordo com o IBOPE Nielsen Online, 90,8% dos internautas brasileiros estão nas redes sociais. Em média, eles dedicam 4 horas e 54 minutos por mês navegando nestas ferramentas. Neste período, 41% gastam seu tempo pesquisando marcas para comprar. Outros dados relevantes são de que 54% seguem empresas no Twitter e 74% o fazem no Facebook. Por isso, o Massa Cinzenta passa a estar nestas duas redes, mas também no Linkedin, no Youtube e no Google Plus. "O Massa Cinzenta estará em todas as redes pertinentes aos negócios da Itambé. Levar a um espaço de troca todo o conhecimento, conteúdo e serviços que a Companhia já oferece é natural à marca e ao seu posicionamento no mercado", explica Rodrigo Turra, CEO da Redirect, responsável pelas ações da Cia. de Cimento Itambé no ambiente digital.

Para Lycio Vellozo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé, a presença do Massa Cinzenta nas redes sociais reforça sua vocação, que é propagar conhecimento. "Para a Itambé, o mais importante desta interatividade é a propagação do conhecimento de forma rápida e conveniente aos usuários. Levar conteúdo de interesse a este público, e promover o estímulo de seu compartilhamento, é o grande foco. Quanto mais pessoas curtirem e compartilharem, mais informação e conhecimento serão divulgados, solidificando ainda mais as relações da empresa e seu compromisso em ir além da produção de cimento", afirma Vellozo. Rodrigo Turra complementa que "manter canais de diálogo e trocas permanentes são elementos fundamentais para as corporações em um mundo conectado".

Ainda de acordo com o CEO da Redirect, a presença do Massa Cinzenta nas redes sociais reforça o relacionamento com o público de interesse da Cia. de Cimento Itambé, que são engenheiros, gestores, empresas do segmento, além de entidades do setor e instituições de ensino. "O conteúdo fala com quem tem interesse em infraestrutura, soluções em sistemas construtivos, inovações na área da construção civil e casos bem sucedidos. Quanto a isso, a presença do portal nas redes sociais só virá a reforçar essas características", afirma. Por fim, Turra avalia que a audiência do Massa Cinzenta dará um salto significativo com a presença nas redes sociais. "Com o investimento contínuo em conteúdo, o Massa Cinzenta vai crescer em seguidores e fãs. Consequentemente, os conteúdos do site terão mais acessos vindos dessas fontes de tráfego", conclui.

 

Confira as páginas do Massa Cinzenta nas redes sociais:

 

Redes sociais: 41% dos internautas estão nelas para pesquisar marcas.

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Entrevistados
- Lycio Vellozo, Diretor Comercial da Cia. de Cimento Itambé
- Rodrigo Turra, CEO (Chief Executive Officer) da Redirect
Contatos: www.massacinzenta.com.br / rodrigo.turra@r3direct.com.br
Créditos fotos: Divulgação / Itambé / Redirect

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330