Ensino a distância busca sinal verde na engenharia
Para especialistas do setor de educação, redes sociais abrem caminho para que novas ferramentas sejam utilizadas na formação de engenheiros
Por: Altair Santos
A presença das redes sociais já é realidade na maioria dos cursos de engenharia que existem no Brasil. Há instituições que, para estimular os alunos a se dedicarem às disciplinas de cálculo, disponibilizam exercícios comentados no Facebook e no Youtube e colocam professores-assistentes no Twitter para tirar dúvidas. As redes sociais também estão liberadas nas salas de aula, para que os estudantes possam buscar ferramentas auxiliares e acessar material didático para a aprendizagem, além de servir de canal para que as universidades posicionem os matriculados sobre oportunidades no mercado. É um cenário que abre caminho para o próximo passo: a implantação de cursos de EaD (Ensino a Distância) nas engenharias.
Atualmente, o MEC (ministério da Educação) já permite que 20% da carga horária das disciplinas seja em EaD, independentemente do curso. Mas o desafio é adaptar o professor a produzir conteúdo para o ensino das ciências exatas. O grupo Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, tem sido pioneiro no país na busca de metodologias que se adequem ao ensino a distância. Uma das iniciativas foi criar o curso de engenharia de produção no sistema semipresencial. "Desde 2008 estamos num processo de criação de um ensino inovador, mas ainda continuamos no período de aprendizagem. De qualquer forma, sem pressa, estamos evoluindo. Hoje, nossos alunos já conseguem aprender cálculo I, cálculo II e cálculo vetorial pelo sistema de EaD", explica Modesto Guedes Ferreira Júnior, da Estácio de Sá, que recentemente esteve no 20º Fórum Docente, promovido pelo Crea-PR.
Outro exemplo de implantação de EaD dentro das ciências exatas ocorre na Unopar (Universidade do Norte do Paraná) com campus espalhado nas cidades de Londrina, Arapongas e Bandeirantes. Segundo Elisa Maria de Assis, pró-reitora de EAD da Unopar, o curso de matemática da instituição já é uma realidade. "Trata-se de uma graduação já consolidada no mercado, o que mostra que é possível aproximar EaD das exatas. Agora, a pergunta que se faz é: é possível implantar cursos de engenharia em EaD? Sim, desde que se respeitem as condições de oferta necessárias para um curso de qualidade", responde a especialista.
Elisa Maria de Assis afirma que os números de EaD no Brasil animam as instituições a superar o desafio de levar o ensino a distância para a área das engenharias. "Hoje, há 1,2 milhão de alunos cursando universidades em EaD no Brasil. Representa 16% do total de matriculados e com crescimento anual de 3,8%. Não se pode ignorar essas estatísticas", diz a professora da Unopar, afirmando que os seis principais mitos do ensino a distância no país têm sido superados. São eles:
Mito 1
Para aprender é preciso assistir as explicações do professor presencialmente.
O que dizem os defensores do EaD: o modelo ideal é o da transmissão do conhecimento ou da construção do conhecimento. O EaD estimula a aprendizagem autônoma.
Mito2
É impossível prender a atenção do aluno em ambiente virtual.
O que dizem os defensores do EaD: na área de exatas já existem muitos objetos de aprendizagem, como simulares e softwares. O desafio é o professor saber trabalhar essas ferramentas e levar isso ao aluno.
Mito 3
Conteúdos autoinstrutivos contribuem pouco para a aprendizagem.
O que dizem os defensores do EaD: hoje o EaD é dialógico, ou seja, o professor tem vários materiais, como vídeos, materiais virtuais e materiais impressos, para desafiar o aluno.
Mito 4
A internet é ferramenta inacessível à maioria da população.
O que dizem os defensores do EaD: o Brasil já possui 67 milhões de pessoas com acesso à web.
Mito 5
Apenas adolescentes concentram longo tempo na web.
O que dizem os defensores do EaD: a internet já está disseminada entre todas as faixas etárias.
Mito 6
E-learning não pode substituir o presencial.
O que dizem os defensores do EaD: EaD não é e-learning. A nova educação será a aproximação do EaD com o presencial.
Entrevistados
Modesto Guedes Ferreira Júnior, professor do núcleo de EaD do grupo Estácio de Sá, e Elisa Maria de Assis, pró-reitora de EaD da Unopar
Contatos
www.estacio.br
unoparvirtual@unopar.br
Crédito foto: Leandro Taques/Crea-PR
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Para manutenção predial, chame um engenheiro civil
Profissional é o único qualificado para elaborar laudo técnico, o qual irá balizar prioridades entre as reformas e apontar patologias no edifício
Por: Altair Santos
A maioria dos síndicos não se dedica de forma integral ao gerenciamento de seus prédios, pois possuem outras funções para desempenhar no dia a dia. Acaba que a atividade "informal" impede que o edifício receba as manutenções periódicas adequadas. Resultado: abrem-se oportunidades para patologias. Quando isso ocorre, uma manutenção predial requer o acompanhamento de um engenheiro civil. Com a análise do especialista, é possível elaborar um laudo técnico, o qual recomendará as terapias que devem ser adotadas para eliminar as fontes causadoras dos problemas e listará prioridades para que os condôminos tenham subsídios para definir quais resolver primeiro.
O laudo técnico, que só pode ser emitido por um engenheiro civil, é também um meio de se aumentar a produtividade dos síndicos, pois no caso de um novo gestor assumir o prédio o documento servirá de referência para que se executem os serviços ainda não realizados. "O laudo técnico irá descrever precisamente todos os parâmetros prediais, como áreas abertas, fachadas, garagens, casa de máquinas, e, em cada um destes segmentos, é averiguada a sintomatologia e o diagnóstico das patologias. Se bem completo, o laudo técnico deve trazer todas as explicações dos devidos problemas", afirma Renêe Bastos, do departamento de engenharia do Secovi-PR (Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná).
Dados do Secovi-PR revelam que em Curitiba cerca de 40% dos síndicos cadastrados no sistema do sindicato sabem da importância de um laudo técnico. Por isso, boa parte deles procura orientações de um engenheiro civil sempre que os prédios que administram precisam de uma análise mais criteriosa. "Tanto é, que, de imediato, eles procuram logo por um profissional da área, no caso um engenheiro, para lhes orientar de como proceder para a execução dos serviços prioritários em seus respectivos condomínios", diz Renêe Bastos, afirmando que o custo de uma vistoria técnica de um engenheiro depende da situação em que se encontra o edifício. "O viável é solicitar um orçamento sem compromisso e consultar mais de um engenheiro", completa.
Uma recomendação é que nem sempre se deve optar pelo preço mais baixo. "É preciso avaliar o que cada orçamento propõe fazer, analisar os serviços relacionados, os materiais que serão utilizados e como estes materiais serão aplicados", sugere a especialista do Secovi-PR. Na proposta orçamentária devem estar especificados os seguintes itens:
• Registro do responsável técnico, no caso engenheiro civil, no Crea.
• Materiais que serão utilizados na execução dos serviços, com custo e marca do fabricante.
• Prazo para a execução dos serviços.
• Prazo de validade do orçamento entregue.
• Endereço e telefone do contratado para a execução dos serviços.
• Condições de pagamento.
Entrevistado
Renêe Bastos, membro do departamento de engenharia do Secovi-PR, com formação técnica em edificações, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
Contato: departamentodeengenharia@secovipr.com.br
Crédito foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Gestão de pessoas tenta decifrar felicidade no trabalho
Pesquisa com grandes empresas, incluindo as da construção civil, mostra que dinheiro camufla problemas como falta de reconhecimento e assédio moral
Por: Altair Santos
É possível mensurar a felicidade? Independentemente da resposta, esse é o desejo atual do mundo corporativo. Estimuladas, inclusive, por organismos como a ONU (Organizações das Nações Unidas) que tem o seu próprio indicador de Felicidade Interna Bruta (FIB) as companhias buscam novas alternativas para medir o grau de motivação, satisfação e realização de seus colaboradores. "As empresas estão buscando um novo olhar, um novo nome para velhos problemas, já que as pesquisas de clima organizacional e de engajamento não estão mais respondendo como o esperado", avalia a pisicóloga Suzy Cortoni.
A especialista, que dirige o Ateliê de Pesquisa Organizacional e também a ComSenso - Agência de Estudos do Comportamento -, decidiu coordenar uma pesquisa sobre grau de felicidade no ambiente de trabalho e chegou a conclusões relevantes. Uma delas é a de que boa parte dos profissionais entrevistados demonstrou não estar em busca da felicidade no trabalho. "O que eles desejam são os velhos conceitos, como motivação, satisfação, realização e dinheiro. Eles confundem ser feliz com todos os conceitos acima descritos e, a partir do momento em que eles próprios se perguntam se são felizes no trabalho, aí sim se dão conta e tentam entender se são felizes", diz.
A pesquisa foi bem estratificada. Ouviu 200 profissionais (40% mulheres e 60% homens) com faixa etária entre 28 e 45 anos e tempo de trabalho nas empresas de 8 a 25 anos. As companhias que forneceram entrevistados são de São Paulo e do Rio Janeiro, pertencem aos setores da indústria, comércio e serviços e têm de 500 a mais de 1.000 funcionários. Entre os que responderam a pesquisa, todos possuem formação superior e renda anual variando de R$ 50 mil a R$ 300 mil. "Percebeu-se que o dinheiro tem uma função de forte destaque para o sentimento de felicidade no trabalho. Por isso, ele pode camuflar sentimentos negativos e alguma insatisfação, e se tornar o único fator de sobrevivência", detecta Suzy Cortoni.
Apesar de abranger uma fatia bem específica de profissionais, a pesquisa, no entender da especialista, serve para mostrar tendências que estejam ocorrendo em todo o país, além de os dados coletados valerem também para empresas de médio e de pequeno portes. "Não é o tamanho da empresa que influencia o grau de felicidade, mas a pressão que ela exerce no colaborador", diz, acreditando que os fatores que mais geram infelicidade no ambiente de trabalho são impossibilidade de se expressar, não ser reconhecido, falta de ética, privilégios e assédio moral.
Outra tendência interessante mostrada pela pesquisa é que o colaborador consegue ser produtivo profissionalmente, mesmo enfrentando problemas pessoais, mas não consegue ter uma boa vida pessoal se estiver desequilibrado no trabalho. "As pessoas podem conseguir separar pessoal e profissional por um tempo, mas o indivíduo é único", justifica Suzy Cortoni. Os números da pesquisa comprovam que o desequilíbrio pode, inclusive, adoecer. Entre os entrevistados, 37% apontaram estar sofrendo de dor de cabeça com frequência, 43% de cansaço exagerado e 20% de dor de estômago.
Entrevistada
Suzy Zveibil Cortoni, psicóloga e sócia-diretora do Ateliê de Pesquisa Organizacional e também da ComSenso - Agência de Estudos do Comportamento
Contato: contato@ateliedepesquisa.com.br
Créditos fotos: Divulgação autorizada
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Cursos de engenharia civil no PR destacam-se em ranking
UFPR, PUC-PR e Universidade Positivo estão entre as dez melhores de engenharia civil do Brasil no quesito posicionamento no mercado, segundo jornal Folha de S. Paulo
Por: Altair Santos
Na edição 2013 do Ranking Universitário da Folha, publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, os cursos de engenharia civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e da Universidade Positivo ficaram entre os dez melhores do Brasil no quesito posicionamento no mercado. Significa que os engenheiros formados por essas Instituições têm conseguido ingressar rapidamente no mercado de trabalho, e com significativa valorização.
Os cursos de engenharia civil das três universidades de Curitiba ficaram empatados, com avaliação 98,73 no item mercado de trabalho. Para o coordenador da graduação da UFPR, Alexandre K. Guetter, o bom posicionamento na recente edição do Ranking Universitário da Folha tem a ver com conteúdo pedagógico, oferta de disciplinas básicas e oferta de disciplinas optativas, além de infraestrutura física. "Isso realça a parte profissionalizante do curso, sem contar que o corpo docente, que é majoritariamente formado por doutores, contribui para a formação dos alunos", diz.
Já o coordenador do curso de engenharia civil da PUC-PR, Ricardo José Bertin, afirma que o atual posicionamento motiva a universidade a buscar melhor colocação na próxima edição do ranking. "Estamos firmando parcerias em dupla diplomação com universidades da França e de Portugal, incentivamos nossos alunos a participar do programa Ciência sem Fronteiras e temos projetos em andamento com o CREA-PR, com o sindicato dos engenheiros, com a indústria da construção civil, com a indústria cimenteira e com a indústria concreteira. O objetivo é reduzir o gap entre a vida profissional e a vida acadêmica", explica.
Segundo o coordenador do curso da Universidade Positivo, Cláudio César Ferreira, um dos diferenciais da graduação da UP é que ela investe muito em visitas técnicas e palestras, bem como a aproximação dos alunos com as empresas. "O objetivo é estreitar ainda mais a relação do aluno com o mercado, seja na forma de aplicação prática em projetos, de iniciação científica ou de extensão universitária", afirma, garantindo que a UP procura observar as melhores práticas acadêmicas adotadas pelas mais qualificadas universidades do Brasil e do mundo.
Contraste
Paradoxalmente, o Ranking Universitário da Folha não qualificou tão bem as universidades paranaenses no quesito qualidade do ensino. As melhores colocadas foram UFPR (21º), Unioeste (29º), UEM (34º), UEL (37º), UTFPR (47º) e Universidade Positivo (50º). Para Alexandre K. Guetter, da UFPR, isso se deve à quantidade de alunos no curso. "Ingressam anualmente 176 e há outros que participam de convênios internacionais. Temos, então, um grupo de 200 alunos que são divididos em até quatro turmas, para que seja possível a prática do ensino. Esta situação gera assimetrias com relação à expectativa dos alunos", destaca. Já o coordenador da PUC-PR entende que seja apenas uma questão de critério do ranking. "Eles usam a avaliação do Enade, e o Enade está sujeito a boicote dos alunos", avalia Ricardo José Bertin.
Sobre a posição da UP no ranking da Folha, referente ao quesito qualidade de ensino, o coordenador Cláudio César Ferreira contesta. "Para a Universidade Positivo, as avaliações que levamos em consideração, e que impactam os rumos de nossos cursos, são as avaliações oficiais do MEC- IGC (Índice Geral de Cursos) e CPC (Conceito Preliminar de Curso) - e do Enade, além de conceitos da CAPES para mestrado e doutorado. Nas avaliações oficiais do MEC, feitas em 2011 e divulgadas em 2012, o curso de engenharia civil teve Enade 3 e CPC 4, sendo o melhor curso do Paraná entre as instituições privadas. Portanto, no quesito qualidade de ensino, esses são os dados que atestam que o curso da UP é referência em qualidade e que forma profissionais de excelência", afirma.
Confira a posição das universidades no Ranking Universitário da Folha
Critério avaliação de mercado
http://ruf.folha.uol.com.br/2013/rankingdecursos/engenhariacivil/avaliacao_de_mercado.shtml
Critério avaliação de ensino
http://ruf.folha.uol.com.br/2013/rankingdecursos/engenhariacivil/avaliacao_de_ensino.shtml
Como é feito o ranking
http://ruf.folha.uol.com.br/2013/comoefeitooruf/
Entrevistados
Engenheiro civil Alexandre K. Guetter, coordenador do curso de graduação em engenharia civil da UFPR; engenheiro civil Ricardo José Bertin, coordenador do curso de graduação em engenharia civil da PUC-PR, e engenheiro civil Cláudio César Ferreira, coordenador do curso de graduação em engenharia civil da Universidade Positivo.
Contatos
engcivil@ufpr.br
ricardo.bertin@pucpr.br
claudiof@up.com.br
Créditos fotos: Divulgação autorizada
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Revisão realça NBR 6118 como referência internacional
Norma-mãe do concreto evolui desde 1940, quando foi criada como NB 1, e hoje é considerada uma das mais importantes para a construção civil mundial
Por: Altair Santos
Depois de passar por debates no Enece 2013 (Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural) e no 55º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo Ibracon, o texto revisado da ABNT NBR 6118 - Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento - está pronto para ser publicado. Os eventos serviram para aparar as últimas arestas, mesmo depois de encerrado o período de consulta pública, cujo prazo venceu dia 30 de setembro de 2013. Agora, a expectativa é de que a nova norma entre em vigor em dezembro de 2013, sem nenhum prazo de carência. Entre as novidades, em relação ao texto de 2003, e que aprimorado foi em 2007, está a de que a NBR 6118 passa a abranger classes de concreto com resistência até 90 MPa. A revisão também aprimorou os itens de segurança da norma.
Depois desta etapa, a NBR 6118 fica submetida a um comitê permanente, coordenado pela Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) e voltará a passar por um processo de revisão em 2018. A cada cinco anos, a norma terá que ser modernizada para que preserve seu status de referência internacional, reconhecido pela ISO TC 71 - comitê técnico que avalia mundialmente as normas relacionadas ao concreto. "Essa é uma das poucas normas elaboradas no Brasil e reconhecida como referência internacional. Por isso, na revisão, tivemos todos os cuidados para preservar a herança que ela carrega desde a NB1, editada em 1940. Não é à toa que é considerada a norma-mãe da construção civil no país", comenta Alio Kimura, que secretariou a revisão da NBR 6118.
Carinhosamente chamada pelos engenheiros estruturais de a "velha senhora", a norma 6118 passou por cinco etapas de evolução. Nasceu como NB1, em 1940, no primeiro passo para que o Brasil criasse tradição na elaboração de normas. Quando concebida, a NB1 foi a primeira do mundo a tratar de cálculos abrangendo concreto e aço. Depois, na revisão de 1960, a norma seguiu inovando e abordou os problemas da resistência à característica do concreto. Em 1980, a NB1 foi registrada no Inmetro e passou a se denominar NBN 1-18. A grande reforma, porém, ocorreu em 2003 - e que foi concluída em 2007. "Naquele ano, a norma foi totalmente remodelada. A sequência de capítulos mudou drasticamente, deu-se prioridade à parte de projetos, houve a unificação de toda a parte de concreto - simples, armado e protendido - e surgiram requisitos de durabilidade e análise estrutural", revela Alio Kimura.
Em 2008, a NBR 6118 foi aceita pela ISO TC 71 e aprovada como norma de parâmetro internacional. "Foi um trabalho que envolveu muita gente, mas hoje o Brasil tem uma norma no rol das gigantes do mundo. A NBR 6118 se alinha às melhores normas sobre estruturas de concreto existentes nos Estados Unidos, na Europa, no Japão, na Arábia Saudita e na Austrália", cita o secretário da norma 6118, lembrando que para que ela atingisse esse estágio foi preciso que a ABNT revisasse também a NBR 15200 - Projeto de Estruturas de Concreto em Situação de Incêndio - e a NBR 15421 - Projeto de estruturas resistentes a sismos - Procedimento. "Foram revisões que precisaram conciliar todas as visões. Do projetista ao fabricante, do certificador ao tecnologista", completa.
Na revisão de 2013, além de abranger classes de concreto com resistência até 90 MPa, a NBR 6118 trata com mais detalhes da resistência à tração do concreto, revalidando vários itens. O controle de qualidade do projeto agora independe do porte da obra e as dimensões mínimas de pilares foram encorpadas, aumentando de 12 centímetros para 14 centímetros. A norma também melhorou a segurança para a produção de pilares altamente esbeltos e estabeleceu novos padrões para o uso de elementos finitos no concreto. Por fim, dá mais liberdade para que as lajes pré-moldadas sejam analisadas a partir das normas específicas para pré-fabricados.
Entrevistado
Engenheiro civil Alio Kimura, secretário da comissão que elaborou a revisão da ABNT NBR 6118
Contato: alio@tqs.com.br
Crédito foto: Divulgação/Abece
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Instituto Brasileiro do Concreto intensifica intercâmbio internacional
Em seu 55º congresso, Ibracon contou com a participação de pesquisadores da Índia, dos EUA, da Noruega, da Espanha e da Itália
Por: Altair Santos
O 55º Congresso Brasileiro do Concreto, que aconteceu em Gramado-RS, de 29 de outubro a 1º novembro de 2013, terminou com uma unanimidade entre os participantes: a de que o Brasil está se aproximando com mais rapidez de países como Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha e França, no que se refere à pesquisa do concreto. Estas nações estão na vanguarda, quanto às novas descobertas que envolvem o material, e um dos motivos de o país estar diminuindo a distância para elas é a intensidade com que promove intercâmbios internacionais.
Neste aspecto, o Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto ) tem sido relevante. O congresso que acaba de terminar é um exemplo. Nomes de peso, como os do indiano Ravindra Gettu, do Instituto Indiano de Tecnologia; do norte-americano Dan Frangopol, da Lehigh University e presidente do IABMAS (Associação Internacional para a Segurança e a Manutenção de Pontes); do italiano Fábio Biondini, do Politecnico di Milano; do norueguês Borge Johannes Wigum, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, e do espanhol Alberto Delgado Quiñones, do Instituto de Ciências da Construção de Madri, estiveram no evento.
As autoridades internacionais em concreto, junto com importantes nomes da engenharia civil brasileira, debateram temas como reação álcali-agregado (RAA), segurança e manutenção de pontes e aplicação de nanossílica - componente reológico indicado para concretos de alto desempenho e pré-fabricados. O fórum técnico também serviu para a apresentação da nova ABNT NBR 6118 - Projeto de estruturas de concreto - Procedimento, após encerrado o período de consulta pública. "Foram intensos os debates, assim como os cursos. Destaco o que focou o concreto reforçado com fibra", diz o presidente do Ibracon, Túlio Nogueira Bittencourt.
Outro assunto definitivamente incorporado no Congresso Brasileiro do Concreto foi o da sustentabilidade. Para o presidente do Ibracon, não há mais como pensar em produzir concreto sem levar em conta essa questão. "Essa é toda a motivação da indústria de concreto no momento: reduzir a pegada de carbono do concreto. Trata-se de um material que tem potencial enorme para sequestrar CO₂ e ainda tem a possibilidade de ser reciclado. Neste aspecto, diga-se de passagem, o índice de desperdício continua alto. Creio que a indústria do setor, nos próximos anos, tende a se concentrar mais no reaproveitamento de materiais para, daí sim, termos eficiência plena sob o aspecto da sustentabilidade", completa Túlio Nogueira Bittencourt.
A 55ª edição do Congresso Brasileiro do Concreto chamou a atenção também para o fato de proliferarem escolas de engenharia civil sem estar devidamente equipadas. "Infelizmente, têm surgido universidades que não conseguem atender as necessidades tecnológicas e, consequentemente, não possibilitam um ambiente favorável para investigações e inovações. O Brasil avançou sobremaneira no campo da pesquisa do concreto, mas os estudos estão muito concentrados em poucas universidades", alerta o presidente do Ibracon.
Entrevistado
Engenheiro civil Túlio Nogueira Bittencourt, presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e professor-doutor da Universidade de São Paulo (USP)
Contatos
www.ibracon.org.br
tulio.bittencourt@poli.usp.br
Créditos fotos: Divulgação/Ibracon
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Obras de infraestrutura vão puxar economia em 2014
Ao analisar riscos e tendências para a construção civil, economista Fernando Sampaio projeta que eleições farão grandes obras saírem do papel
Por: Altair Santos
Qual será o carro-chefe da economia brasileira em 2014? No entender do economista Fernando Sampaio, diretor da LCA Consultoria, o investimento em obras de infraestrutura irá puxar o país no ano que vem. O especialista, que recentemente palestrou no Enece 2013 (Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural) afirma haver sinais claros de que megaempreendimentos começarão a sair do papel nos próximos meses.
Um dos indícios é a quantidade de recursos já liberados pelo governo federal; o outro, é a proximidade das eleições, que em 2014 irão abranger cargos como presidência da República e governadores. "Dos 26 estados da União, mais o Distrito Federal, 23 já tomaram dinheiro para investir em infraestrutura. São obras de saneamento básico, mobilidade urbana e trechos rodoviários, que, finalmente, tendem a sair do papel. Além disso, crescem os incentivos às PPPs (Parcerias Público-Privadas) e o programa de concessões do governo Dilma, mesmo que atabalhoado, acabará gerando mais obras em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos", avalia Sampaio.
O economista também aposta que o governo federal deverá dar mais injeção ao programa Minha Casa Minha Vida, principalmente para obras destinadas à faixa 1 (até 3 salários mínimos). "Tratam-se de imóveis de baixo padrão, que exigem mais músculo do que tecnologia e, portanto, geram mais emprego à mão de obra com baixa qualificação. Para o governo, o que interessa é que o setor crie cada vez mais vagas formais e o Minha Casa Minha Vida tem sido um bom instrumento para isso. Além disso, o programa estimula o financiamento imobiliário, haja vista que no ano passado o crédito habitacional cresceu 35% e este ano (2013) deve se manter neste patamar", projeta.
Para a cadeia da construção civil, Fernando Sampaio calcula que 2014 tende a ser de crescimento acima do PIB (Produto Interno Bruto), mas estima que, a partir de 2015, possa ocorrer uma "freada" no setor. "Começo de governo, independentemente de quem ganhar, é sempre de ajustes. Por isso, as obras ligadas a gastos públicos deverão ser mais contidas", afirma o economista, para quem o PIB brasileiro poderá crescer 4% em 2014 e talvez ter uma queda em 2015 - ficar em 3% -, para voltar a crescer em 2016. "Daqui a três anos, a expectativa é de que a crise internacional dê um alívio. Mas não veremos mais a euforia de antes de 2009. O mundo seguirá com aversão ao risco e o Brasil terá que ter projetos sólidos para atrair o capital estrangeiro. Por isso, confio que as obras de infraestrutura deverão liderar esse movimento", completa.
Fernando Sampaio finaliza apontando que se o Brasil quiser ter parceiros internacionais fortes deve mirar a China e os Estados Unidos. O primeiro, porque, segundo o economista, "salvou" o mundo de 2009 a 2012, e seguirá calibrando a economia mundial; o segundo, porque dá sinais de recuperação. "Os Estados Unidos demonstram retomada da economia, e isso é bom para os exportadores brasileiros, inclusive os fabricantes da cadeia produtiva da construção civil. Na minha avaliação, apenas a zona do euro vai demorar mais para crescer, provavelmente só após 2016", conclui.
Entrevistado
Economista Fernando Sampaio, graduado pela USP e pós-graduado pela Unicamp e diretor da LCA Consultoria
Contatos
contato@lcaconsultores.com.br
www.lcaconsultores.com.br
Crédito foto: Divulgação/Abece
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Best-seller torna concreto armado soberano nas obras (Podcast)
Engenheiro civil Manoel Henrique Campos Botelho, autor de Concreto Armado, eu te amo, explica sucesso de sua obra, que completa 30 anos.
Por: Altair Santos
Entrevistado
Manoel Henrique Campos Botelho, engenheiro civil graduado pela Poli-USP. Trabalhou como engenheiro-projetista nos setores de saneamento e projetos industriais. Escreve e edita livros voltados à construção civil. Hoje desenvolve seminários técnicos para o Instituto de Engenharia.
Contato:
manoelbotelho@terra.com.br
Créditos fotos: Divulgação autorizada
Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330
Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.
CREA-PR teme que "Mais Médicos" inspire "Mais Engenheiros"
Conselho está em alerta, após entrada em vigor do polêmico programa que importa profissionais de medicina e os admite no mercado sem validar diplomas
Por: Altair Santos
Lançado no começo do segundo semestre de 2013, o programa “Mais Médicos” tornou-se uma das ações mais polêmicas do governo federal. Por conta da quebra de regras, criou-se uma disputa entre os conselhos da categoria e o ministério da Saúde, que passou a se responsabilizar pela validação dos profissionais vindos do exterior. Numa primeira leva, vieram 1.232 médicos. A partir de outubro, outros 2.167 desembarcaram no Brasil. O objetivo é, até 2014, importar 7,5 mil estrangeiros - dos quais, 80% serão cubanos. A medida acendeu a luz de alerta entre outras categorias, principalmente a dos engenheiros. Isso ficou claro no 20º Fórum de Docentes, promovido recentemente pelo CREA-PR. O temor é que o “Mais Médicos” inspire um "Mais Engenheiros".
Para o presidente do CREA-PR, Joel Krüger, o principal risco é a ruptura do regramento estabelecido na lei 5.194, de 1966, que regula o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro agrônomo no país e exige que estrangeiros sejam submetidos a exames em uma universidade pública para validar seus diplomas. "Atualmente, o CREA-PR, dentro do que a lei exige, autoriza cerca de 30 engenheiros estrangeiros por ano a trabalhar no Paraná. Agora, se há a predisposição para flexibilizar isso, precisamos saber o limite. No nosso entender, a validação automática pode ser bastante perigosa", diz Krüger, convicto de que esse será um problema que a categoria terá de enfrentar no curto prazo. "Já estamos trabalhando em um grupo de trabalho, cuja prioridade é defender o regramento. Não podemos esquecer que em 2015 o acordo do Mercosul estabelece o livre trânsito de serviços", completa.
Para Joel Krüger, na questão do Mercosul, uma solução é estimular a passagem dos estrangeiros pela Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) com sede em Foz do Iguaçu-PR. "Quem estuda na Unila não terá problema nenhum, já que o registro do diploma de quem se forma na universidade é aceito pelo CREA. Neste caso, o que precisamos é que a graduação na Unila seja reconhecida pelos outros países do bloco (Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai). É necessário que haja a reciprocidade que se dá aqui, pois pode ser que haja problema em relação ao brasileiro formado na Unila, quando ele for trabalhar em outro país", afirma o presidente do Crea-PR. A Unila possui os cursos de graduação em engenharia civil de estruturas, engenharia de energias renováveis e arquitetura e urbanismo.
Segundo o presidente do Conselho Estadual de Educação do Paraná, Oscar Alves, os indícios são de que um "Mais Engenheiros" está a caminho. "Sabemos que há estudos no MEC (ministério da Educação) para que haja a abertura para engenheiros estrangeiros, como houve no "Mais Médicos". Mas o problema não é abrir o mercado. O problema é contratar profissionais sem que seus diplomas sejam validados. Já recebemos denúncias de que empresas têm contratado engenheiros como assistentes técnicos ou tecnólogos, para que eles não passem pela inspeção do CREA", revela Alves. Outra preocupação da categoria é com relação à normalização da construção civil no Brasil. "Os engenheiros estrangeiros não conhecem nossas normas, principalmente as relacionadas às estruturas", alerta o engenheiro civil Alexandre L. Vasconcellos, diretor-geral da Método Estruturas, em recente palestra no Enece 2013 (Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural).
Entrevistados
- Engenheiro civil Joel Krüger, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR)
- Oscar Alves, graduado em medicina e presidente do Conselho Estadual de Educação do Paraná
- Engenheiro civil Alexandre L. Vasconcellos, diretor-geral da Método Estruturas
Contatos:
presidencia@crea-pr.org.br
cee@pr.gov.br
Créditos fotos: Leandro Taques/CREA-PR
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Preço de material de construção não pauta mais a relação fornecedor-cliente
Pesquisa da Anamaco mostra que atendimento, variedade de produtos e logística passaram a definir as boas vendas no setor de material de construção
Por: Altair Santos
Os dados mais recentes divulgados pela Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) revelam que o Brasil tem atualmente 129 mil lojas de material de construção e 10 mil atacadistas espalhados por seus 5.564 municípios. Dependendo do local do país, de um ano para o outro os pontos de venda crescem entre 5% e 11%. "Isso significa concorrência. É mais comum do que se imagina ter duas ou três lojas na mesma rua. Às vezes, uma em frente da outra. Diante deste cenário, a pergunta que se faz é: como ter lucro?", questiona o presidente, Cláudio Elias Conz.
O empresário, que no começo de outubro esteve palestrando na Intercon 2013 (Feira e Congresso da Construção Civil) realizada em Joinville-SC, afirmou que uma loja só pode pensar em ter lucro se priorizar atendimento, variedade e logística. "Os insumos que as lojas de materiais de construção vendem hoje estão com uma inflação praticamente congelada, se comparados com serviços e custos administrativos e operacionais. Isso significa que os produtos, cada vez mais, são commodities. Então, o preço não pauta mais a relação fornecedor-cliente. Ao mesmo tempo, não sobrevive quem não obtiver margem de lucro entre 45% e 50%. Como atingir esse percentual? Só consegue quem investir em atendimento, variedade e logística", afirma o presidente da Anamaco.
Cláudio Elias Conz apresentou pesquisa encomendada pela associação, na qual o preço aparece em quarto lugar entre os atrativos que levam o consumidor a procurar uma loja de material de construção. À frente, estão qualidade no atendimento, variedade de produtos e capacidade da loja em entregar dentro do prazo prometido (logística). "O cliente não entra mais na loja para comprar tinta. Ele quer ver como a casa dele vai ficar com aquela tinta. Ele não entra mais para comprar cerâmica. Ele quer ver como a casa dele vai ficar. Então, tem de haver essa conexão entre produto e consumidor, e quem faz é o lojista. De que forma? Oferecendo treinamento, treinamento e treinamento aos seus atendentes", diz.
Falando para um público formado em sua maioria por donos de lojas de material de construção da região de Joinville, o presidente da Anamaco foi explícito: "Hoje, loja estática não vende. Ela precisa conversar com o consumidor. Está comprovado que quem faz isso melhora as vendas em até 40%". Cláudio Elias Conz relatou que já há comerciantes utilizando a logística reversa como diferencial. "Conheço lojas que recolhem as latas de tinta, e dão destinação. Fazem o mesmo com as embalagens de cimento e de cal. Outras têm parcerias com empresas que reciclam entulhos da construção civil e orientam o consumidor a dar destino aos resíduos, após uma reforma. Essa é a nova loja da material de construção. É nesse ambiente que se cresce", concluiu.
Entrevistado
Cláudio Elias Conz, presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção)
Contato: presidencia@anamaco.com.br
Crédito foto: Divulgação/CIENTEC