Megaobra na Turquia põe túneis imersos em evidência

Tecnologia do concreto e equipamentos de alta precisão já permitem que construções submersas possam competir com pontes em qualidade de projeto e custo

Por: Altair Santos

Na Europa ainda em crise, as megaobras reduziram sensivelmente. Entre as poucas viabilizadas neste período, a mais emblemática foi inaugurada no final de outubro de 2013, na Turquia. Trata-se do túnel imerso que cruza o estreito de Bósforo - na fronteira entre Europa e Ásia. Em seu ponto mais profundo, o empreendimento está 56 metros abaixo do nível do mar. Por isso, sua construção exigiu tecnologia de ponta, tanto no concreto empregado quanto nos equipamentos usados para viabilizar a obra. Para o presidente do Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) Hugo Cássio Rocha, a quantidade de inovações aplicadas no projeto turco coloca os túneis imersos em evidência em comparação às pontes.

Hugo Cássio Rocha, presidente do CBT: Brasil tem tecnologia do concreto e projetos, mas faltam equipamentos

Aliás, a competitividade dos túneis imersos foi tema recente de um seminário realizado pelo CBT no começo de novembro de 2013, em São Paulo, onde o Marmaray (nome oficial da obra erguida na Turquia) serviu de exemplo para futuros projetos. Hugo Cássio Rocha relaciona as novidades empreendidas na construção:

•    Foi usado um tratamento de solo com coluna de grouting, na área próxima da Ásia, pois o solo tinha potencial de liquefação. Por isso, a solução foi tratar o solo antes de apoiar o túnel.
•    A região também é uma zona sísmica, o que exigiu reforços na estrutura.
•    Outro detalhe é que a doca seca onde foram concretados os módulos, por ser muito rasa, exigiu que essa etapa fosse feita de dois modos. Foram concretadas as lajes de fundo, as tampas e as laterais, mas o teto não. Essa parte foi finalizada à parte e depois encaixada nas peças já submersas.
•    No túnel foi usada a maior escavadeira flutuante do mundo e também um sistema robotizado para o nivelamento da brita no fundo do canal.
•    Além disso, o sistema de junção entre o túnel submerso com o túnel escavado teve que ser projetado para suportar os esforços decorrentes da sismicidade local.

Túnel imerso de Marmaray: cruzando o Estreito de Bósforo, obra atinge profundidade de 56 metros

No Marmaray foi utilizada tecnologia japonesa. Segundo o presidente do CBT, um dos segredos para se fazer uma obra desta envergadura está na tipologia do concreto. "Um túnel submerso estanque precisa de um processo de cura do concreto que seja muito preciso. Para isso, é necessária uma aditivação extremamente bem controlada, para que a cura do material não apresente fissuras e, consequentemente, não deixe entrar água", afirma. Ainda de acordo com Hugo Cássio Rocha, a engenharia de túneis hoje praticada por países como Japão, Holanda e Noruega permite se construir túneis imersos em quaisquer condições.

Para o CBT, a engenharia brasileira já detém algumas tecnologias para construir túneis imersos. "A tecnologia de concreto envolvida é dominada pelo meio técnico brasileiro e os cálculos estruturais necessários para as aduelas também. Os maiores problemas são os executivos, e os detalhes executivos é que vão ditar o sucesso de um empreendimento deste tamanho. A grande dificuldade está no uso de equipamentos de alta precisão, tanto para dragagem como para o posicionamento das aduelas e juntas de selagem dos módulos", explica Hugo Cássio Rocha.

Para se ter noção do aparato tecnológico que hoje serve de apoio à construção de túneis imersos, basta comparar como era feito o encaixe das peças no passado e como esse procedimento é realizado atualmente. "Os primeiros túneis submersos eram posicionados por mergulhadores. Hoje é tudo controlado por GPS, por sistemas digitais e por raio laser", diz o presidente do CBT, cujo comitê, atualmente, está empenhado em contribuir com o projeto do túnel Santos-Guarujá, que seria o primeiro imerso do Brasil.

Saiba sobre o seminário de túneis imersos, realizado pelo Comitê Brasileiro de Túneis.

Entenda sobre a obra do Marmaray: 
CONCRET FOR DURABILITY AT MARMARAY PROJECT

QUALITY ASSURANCE FOR THE DEEPEST IMMERSED TUBE TUNNEL: MARMARAY PROJECT

Entrevistado
Geólogo Hugo Cássio Rocha, chefe do departamento de projeto civil do Metrô de São Paulo e presidente do Comitê Brasileiro de Túneis
Contato: vanda@tuneis.com.br

Créditos fotos: Divulgação/CBT/EPA/Tolga Bozoglu

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Copa e Olimpíadas vão desencadear obras até 2018

Pesquisa sobre mercado da construção civil revela que nos próximos cinco anos infraestrutura esportiva receberá investimento de R$ 7,8 bilhões

Por: Altair Santos

Os eventos Copa do Mundo e Olimpíadas agregaram um novo segmento à construção civil: o de infraestrutura esportiva. É o que revela pesquisa recentemente divulgada pela Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração) onde a área desponta com capacidade de investimento de R$ 7,8 bilhões no período 2013-2018. São recursos já viabilizados para a conclusão de estádios e outros equipamentos esportivos, além de obras de mobilidade urbana previstas tanto para o torneio da Fifa, que acontece em 2014, quanto para os jogos Rio 2016. No entanto, como alguns destes projetos só deverão ser concluídos daqui a cinco anos, o estudo fez uma análise do potencial da infraestrutura esportiva até 2018.

Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema: infraestrutura esportiva tornou-se um segmento da construção civil

Segundo a pesquisa, coordenada pelas empresas Criactive e e8 inteligência, 69,9% do dinheiro destinado ao setor já está empenhado para a conclusão de estádios e outros complexos esportivos. São 5,5 bilhões para essas obras e R$ 2,3 bilhões para finalizar empreendimentos de mobilidade urbana já em andamento ou viabilizar projetos ainda não iniciados. "Na pesquisa, decidimos destacar a infraestrutura esportiva do conjunto infraestrutura porque 78% dos entrevistados disseram que esse segmento os fez lucrar em 2013", cita Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema. O setor, no entanto, pode ser considerado de pequeno investimento se comparado a óleo e gás, que até 2018 deverá receber um volume de R$ 711,7 bilhões.

O estudo da Sobratema revela que somados os oito principais segmentos da economia (óleo e gás, transporte, energia, indústria, saneamento, hotelaria e shoppping centers, habitação e infraestrutura esportiva) o Brasil tem atualmente 4.614 obras em andamento e 3.686 em intenção de construir até 2018. O volume de recursos chega a R$ 1,76 trilhão. A região sudeste concentra 57,29% destes empreendimentos, seguida do nordeste (19,06%). "O investimento poderia ser maior, não fossem os gargalos que detectamos junto aos entrevistados. Entre eles, o mais reclamado é a burocracia. Para 89%, este é o principal obstáculo para que haja mais obras de infraestrutura no país", alerta Eurimilson Daniel.

Além da burocracia, destacam-se como gargalos, segundo apontou a pesquisa, os modelos de licitação. De acordo com 67% dos entrevistados existem falhas de contratação, principalmente nas PPPs (Parcerias Público-Privado) reduzindo assim a atratividade por parte do investidor. Outro problema apontado está no "discurso x realidade". Para 56%, o governo não condiz com a realidade, os projetos não andam e as licitações não acontecem na velocidade que o Brasil necessita. Por fim, a logística também encarece e dificulta as obras, apontam 22% dos ouvidos pela pesquisa Tendências no Mercado da Construção.

Mesmo com as dificuldades, 56% das empresas disseram que, em 2014, esperam passar do patamar de crescimento experimentado em 2013. Entre os otimistas, 22% têm a expectativa de um crescimento na ordem de 10% superior ao alcançado em 2013 e 11% acreditam em um crescimento maior que 10%. Já para os realistas, 11% apontaram que provavelmente algumas obras não devem sair do papel, reduzindo, assim, o valor de investimento e, consequentemente, afetando o faturamento das empresas.

Confira detalhes da pesquisa aqui.

Entrevistado
Eurimilson João Daniel, vice-presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração)
Contato: daniel@escad.com.br

Crédito foto: Divulgação/Sobratema

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Copa une concreto e aço por mercado promissor

Estruturas mistas deram velocidade às obras de alguns estádios, e ganharam visibilidade. Meta do setor, agora, é ampliar projetos para edifícios

Por: Altair Santos

A Copa do Mundo escalou para o jogo da construção civil as chamadas estruturas mistas ou híbridas, onde aço e concreto se unem para dar agilidade à obra. As reformas de estádios como Maracanã, Mineirão e Castelão se beneficiaram deste modelo, que também é aplicado em construções de edifícios com andares múltiplos, predominantemente com mais de 30 pavimentos, assim como em obras de shopping centers, centros de logística e indústrias.

Novas arquibancadas do Maracanã foram concebidas através de estruturas mistas de aço com pré-fabricados de concreto

Segundo o especialista neste tipo de sistema construtivo, o engenheiro civil Alexandre Vasconcellos, os ganhos de produtividade e o retorno sobre o investimento compensam o custo, que é mais caro do que a alvenaria convencional e os pré-fabricados de concreto, independentemente do tipo da obra. "Se compararmos apenas as estruturas de um edifício, sempre uma estrutura mista ou de aço terá um preço maior. Mas o uso assegura diminuição do custo de fundação, diminuição das despesas indiretas, redução dos riscos operacionais e antecipação de prazo. Pode-se afirmar que a cada mês de antecipação de prazo, há um retorno de 2% sobre o custo do edifício", afirma.

Foram essas vantagens, aliadas à necessidade de aliviar a carga sobre as estruturas antigas de concreto, que levaram os engenheiros e projetistas a optar pelo uso de estruturas mistas nas novas arquibancadas do Maracanã. Além disso, o sistema de amortecimento inovador implantado no estádio exigia essa solução. Ocorre que a estrutura metálica se apoia sobre o contraforte que circunda o complexo e sustenta as peças pré-fabricadas de concreto que formam a arquibancada inferior do Maracanã. Assim, o palco da final da Copa do Mundo de 2014 conseguiu ser remodelado internamente sem que a arquitetura externa, que é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) sofresse alteração.

Apesar de agregar tecnologia, as estruturas mistas têm sido absorvidas lentamente pelo mercado brasileiro. Dos edifícios construídos no país, menos de 1% utilizam esse sistema construtivo. Para Alexandre Vasconcellos, uma das razões é que existem poucos engenheiros civis que sabem projetar e construir com estruturas em aço e concreto. "Há escassez e, sem dúvida, isso prejudica a evolução das estruturas mistas. Entretanto, como são poucas obras que utilizam esse sistema, poucos se habilitam em estudar o assunto. É um círculo vicioso", diz, afirmando que para a atual demanda há fabricantes suficientes para atendê-la. "Se o market share (participação no mercado) das estruturas mistas e de aço para edificações passar para 2%, não teremos capacidade de atendimento", completa.

Centro Empresarial Senado, no Rio: referência para quem constrói com aço e concreto

Uma possibilidade desse setor se expandir está na nova tendência da construção civil brasileira, de projetar e erguer arranha-céus. "Quanto mais alto o edifício, quanto maiores os vãos, mais indicada tornam-se as estruturas de aço e mistas. O tempo de construção também é um fator determinante. Quanto mais alto o edifício, mais rápido e seguro será construí-lo em estrutura mista ou de aço", explica Alexandre Vasconcellos, citando que, atualmente, os edifícios New Century e Centro Empresarial do Aço, em São Paulo, e o Centro Empresarial Senado, no Rio de Janeiro, são modelos no Brasil para quem constrói com aço e concreto.


Saiba mais
sobre as estruturas mistas de aço e concreto.


Entrevistado

Engenheiro civil Alexandre Luiz Vasconcellos, diretor da Método Engenharia e Construção Ltda. - empresa especializada em estruturas para edifícios de múltiplos andares no Brasil
Contato: alvasconcellos@bol.com.br

Crédito foto: Divulgação/Odebrecht/WTorre

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Pré-fabricado foi decisivo para viabilizar estádios

Sete dos doze palcos da Copa do Mundo utilizaram o sistema construtivo. Para a ABCIC, setor mostrou todo seu potencial e está consolidado no país

Por: Altair Santos

Os estádios brasileiros para a Copa do Mundo de 2014 começaram a entrar em obras no começo de 2010. Seis ficaram prontos no primeiro semestre de 2012. Outros seis devem ser concluídos até dezembro de 2013. Com o cronograma apertado, a utilização de estruturas pré-fabricadas de concreto foram decisivas para que ficassem prontos dentro dos prazos estabelecidos pela Fifa, como explica a presidente-executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) Iria Doniak. "As estruturas pré-fabricadas de concreto, sejam elas pré-fabricadas em indústrias ou pré-moldadas em canteiro, tiveram um papel determinante na viabilização do prazo sem que houvesse detrimento da qualidade destas obras", diz.

Arena Fonte Nova: considerado o estado de arte da construção com pré-fabricados de concreto.

A rigor, todos os 12 estádios se utilizaram, em maior ou menor volume, de peças pré-fabricadas. O sistema construtivo envolveu aproximadamente um milhão de metros cúbicos de concreto. Os que mais utilizaram esse modelo de estrutura foram a Arena Corinthians, em São Paulo, e a Arena Fonte Nova, em Salvador. Em cada um deles houve a utilização de inovações que se tornarão referência para a indústria de pré-fabricados daqui para frente. "No caso da Arena Corinthians, destacam as soluções encontradas para que as peças fossem emendadas. Já a Arena Fonte Nova, que é um estádio em formato circular, a modulação dos elementos pré-fabricados exigiu bastante do fabricante e foi muito bem desenvolvida e aplicada. Lembrando que, no caso da Fonte Nova, 100% das peças foram produzidas dentro da indústria", afirma Iria Doniak.

No caso da Arena Corinthians, a maior parte das peças foi desenvolvida no canteiro de obras. O estádio é o que mais utilizou elementos pré-fabricados, entre os que irão sediar jogos da Copa. Quando totalmente concluída, a obra terá consumido 3.100 estacas e estacas-raiz, 594 pilares, 3.274 vigas e 11.682 lajes. As peças pesadas, como pilares, vigas e vigas-jacaré, foram fabricadas no próprio canteiro. Já as arquibancadas e lajes alveolares, por serem mais leves, tiveram produção em uma indústria localizada em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo. Para os fabricantes do setor envolvidos na construção dos estádios, a ABCIC disponibilizou um vasto volume de informações. "Promovemos um evento em 2009, intitulado Pré-Fabricação e a Copa de 2014, e trouxemos um profissional de fora que já tinha projetado estádios com estrutura de pré-fabricados para fazer uma palestra", revela Iria Doniak.

Iria Doniak, presidente-executiva da ABCIC: Copa deu visibilidade para a indústria de pré-fabricados

Para a ABCIC, a Copa do Mundo trouxe visibilidade para a indústria de pré-fabricados de concreto, mas a expectativa é que o volume de obras que utiliza esse sistema construtivo não sofra impacto com o fim do evento. Pelo contrário, a presidente-executiva do organismo avalia que os projetos de infraestrutura que começam a se viabilizar continuarão a exigir demanda do setor. "Estamos presentes nos aeroportos de Brasília, de Guarulhos e de Viracopos, e há também novas viabilidades em outras obras, como estradas e portos. Além disso, têm os segmentos tradicionais que utilizam pré-moldado, como a indústria, shopping centers, centros de distribuição e de logística", avalia Iria Doniak, na expectativa de que nos próximos anos o setor também mostre o seu potencial no segmento habitacional. "Para isso, os jogos olímpicos de 2016 são uma janela importante. Na vila olímpica em construção no Rio de Janeiro, os edifícios em obras utilizam estruturas pré-moldadas de concreto", completa.

Entrevistada
Engenheira civil Iria Doniak, presidente-executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto)
Contato: abcic@abcic.org.br

Crédito foto: Divulgação/Odebrecht/ABCIC

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Obras da Copa têm menos de 200 dias para ficar prontas

Seis estádios estão em fase de conclusão e dos 108 projetos de mobilidade urbana prometidos somente 40% devem ser entregues até junho de 2014

Por: Altair Santos

No dia 24 de novembro de 2013, a Copa do Mundo no Brasil entrou em contagem regressiva de 200 dias para o início do evento. Já era para o país estar na fase de acabamento para receber o torneio da Fifa, mas em alguns casos há obras que sequer saíram do papel. Entre estádios e projetos de mobilidade urbana, apenas os palcos dos jogos estão com as construções asseguradas - mesmo assim, com o cronograma apertado, como no caso de Curitiba e Cuiabá.

José Roberto Bernasconi: faltou planejamento

Para o Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) isso se resume a falta de planejamento. “A contratação de bons projetos exige planejar bem, incluindo o prazo necessário para o seu desenvolvimento. Em países como Alemanha e Japão, esse prazo exige entre 40% e 50% do tempo a ser despendido com a execução da obra. No Brasil, essa relação chega a ser inferior a 10%", analisa José Roberto Bernasconi, presidente da regional de São Paulo do organismo.

Nas 12 cidades escolhidas para sediar partidas da Copa do Mundo foram lançados 108 projetos voltados a obras de mobilidade urbana. Eles incluem empreendimentos que vão desde a extensão de avenidas até novas linhas de metrô, e tiveram seis anos para serem concluídos. Porém, apenas 20% das construções estão operando. Há ainda 81 projetos em execução, mas, na avaliação do Sinaenco, mais da metade deve ser finalizada depois do mundial, podendo se estender até 2018.

Entre os empreendimentos paralisados, destacam-se portos, aeroportos e obras viárias. "O Brasil foi escolhido para sediar a Copa 2014 em 30 de outubro de 2007. Esses sete anos de antecedência seriam mais do que suficientes para os governos, em todos os níveis, planejar o que precisaria ser feito, desenvolver estudos, contratar bons projetos e executar as obras necessárias, especialmente em mobilidade urbana. Porém, a ineficiência na gestão governamental é registrada pelo atraso nas obras”, critica Bernasconi.

A perspectiva é de que o Brasil receba a Copa do Mundo deixando apenas os 12 estádios como legado, além de muitas obras por fazer. "Em junho de 2009, o Sinaenco lançou um relatório intitulado 'Vitrine ou Vidraça – Desafios do Brasil para a Copa 2014'. Pelo jeito, vamos virar vidraça para o resto do mundo", completa José Roberto Bernasconi, lembrando que não faltaram alertas para evitar o cenário atual. "O setor de projetos de arquitetura e de engenharia está aí para alertar os administradores públicos. Foi o que tentamos fazer", conclui.

Entre as capitais que sediarão a Copa do Mundo, Manaus é a que tem a menor avaliação em um ranking elaborado pelo Sinaenco. A cidade tende a não concluir nenhuma obra de mobilidade. A principal delas, um monotrilho ligando a região norte ao centro da capital amazonense, não será mais executada. Já Belo Horizonte é a que mais concluiu obras, com destaque para o BRT (Bus Rapid Transit) que ligará o aeroporto de Confins ao Mineirão. A expectativa é de que tudo esteja concluído no primeiro trimestre de 2014.

Com relação aos seis estádios ainda em obras, dois preocupam a Fifa: as arenas de Curitiba e de Cuiabá. No caso da Arena da Baixada, na capital paranaense, o modelo de gestão da obra emperrou o repasse do financiamento cedido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) e a projeção mais otimista é que a obra só esteja 100% concluída em abril de 2014. No entanto, em 31 de dezembro de 2013, quatro estádios estarão totalmente prontos para o mundial: Beira-Rio, Arena Corinthians, Arena das Dunas e Arena Amazônia.

Entrevistado
Engenheiro civil e advogado José Roberto Bernasconi, presidente da regional de São Paulo do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinanenco) (via assessoria de imprensa)
Contato: sinaenco@sinaenco.com.br

Crédito: Divulgação/Sinaenco/Internacional/Secopa-RN/Edson Rodrigues/Secopa-MT/Sejel/CAP S/A/Odebrecht

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Obra sustentável não pratica "maquiagem verde"

Do inglês greenwashing, termo refere-se ao mau uso dos conceitos de sustentabilidade na construção civil e, por vezes, aceitos por certificações

Por: Altair Santos

É possível acreditar que todo empreendimento que se vende como uma "obra verde" tenha sido mesmo construído de acordo com os conceitos de sustentabilidade? Segundo a professora do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) Andrea Naguissa Yuba, nesta questão é necessário separar o joio do trigo. A especialista alerta que é preciso distinguir o que é, efetivamente, "prédio verde" do que é "maquiagem verde". No 2º seminário nacional de construções sustentáveis, realizado no começo de novembro de 2013, em Passo Fundo-RS, Andrea Naguissa Yuba palestrou sobre o tema e foi didática em explicar quando um projeto se apropria de princípios sustentáveis e quando pratica "maquiagem verde". Confira na entrevista a seguir:

Andrea Naguissa Yuba, da UFMS: maquiagem verde não gera equilíbrio ambiental nem faz bom uso dos recursos naturais

A senhora palestrou recentemente no 2º seminário nacional de construções sustentáveis sobre "maquiagem verde" e "apropriação de princípios sustentáveis". O que vem a ser essas duas definições?
"Maquiagem verde" vem do inglês greenwashing e é um termo pejorativo,que ressalta o mau uso do termo sustentabilidade e cujos fins não se relacionam com os princípios do conceito. A apropriação real é a que deveria ser exercida.

Então, "maquiagem verde" e "apropriação de princípios sustentáveis" são antagônicas?
Sim, são antagônicas.

E quando uma empresa pode ser tachada de praticar "maquiagem verde"?
Uma empresa que faz "maquiagem verde" não está interessada na integridade ambiental, na inclusão social, na distribuição mais equilibrada de recursos, na participação pública e na valorização cultural. Deve, provavelmente, estar interessada no aumento da propaganda e dos lucros.

Hoje há uma enxurrada de certificações verdes e várias obras buscando essas certificações. Quando é possível perceber que uma construção realmente está comprometida com a sustentabilidade é quando trata-se de uma mera estratégia mercadológica?
A "enxurrada" de certificações de fato existe. E alerto que certificações também podem ser maquiagem. É preciso checar se são imparciais de fato e se os critérios utilizados são reconhecidos. Uma empresa comprometida com a sustentabilidade faz mais do que o mínimo necessário - cumprir a legislação, por exemplo. O seu porte determina o quanto ela pode avançar em relação aos princípios de sustentabilidade. Pediria que anexassem a essa entrevista o artigo dos autores Silva e Shimbo, sobre o assunto.

O que a senhora acha dessa profusão de certificações verdes que chegaram ao Brasil nos últimos anos?
A profusão de certificações mostra a necessidade de medir. Mas se não tivermos muitos avanços a medir, do que adiantará? Então, penso que a parte mais difícil, que é modificar os padrões e comportamentos, ainda não está sendo feita a contento.

Os profissionais que atuam na arquitetura e na engenharia civil estão conscientes quanto às práticas sustentáveis ou ainda é uma minoria que se preocupa com esse tema?
Ter ciência e ter consciência são coisas diferentes. Mas o profissional sozinho não faz sustentabilidade. Talvez seja essa a razão de não vermos tanto impacto nas edificações e nas cidades.

E quanto aos cursos de engenharia civil e arquitetura, eles já possuem disciplinas voltadas para a sustentabilidade ou ainda estão tentando se adaptar a esse novo momento?
Há disciplinas e cursos de pós-graduação que tratam do tema. Mas há empecilhos para transformar pesquisa em produto e de transformar ações isoladas em práticas generalizáveis.

O custo ainda é o grande empecilho para a profusão de conceitos sustentáveis nas obras?
Falar em custo de estratégias mais sustentáveis é injusto perante o índice de desperdícios que ainda são comuns nas obras.

Leia aqui artigo Proposição básica para princípios de sustentabilidade

 

Entrevistada
Andrea Naguissa Yuba, professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), graduada em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em engenharia civil pela UFRGS e doutorado em ciências da engenharia ambiental pela USP
Contato: arq.ccet@ufms.br

Créditos fotos: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Segurança empresarial é blindagem contra corrupção

Em fórum da Federação das Indústrias do Paraná, especialistas apontam caminhos para que setores como a construção civil evitem processos ilegais

Por: Altair Santos

A partir de fevereiro de 2014 entra em vigor a lei federal 12.846, mais conhecida como Lei Anticorrupção. No que tange às empresas, a nova legislação impõe a elas uma responsabilidade objetiva. Por um lado, as incentiva a adotar procedimentos de governança corporativa, como compliance (agir de acordo com normas legais e evitar desvios); por outro, as submete a penas pesadas caso fique comprovado que se envolveram em malfeitos com agentes públicos. "Para se ter uma ideia, o teto da multa pode chegar a 20% do faturamento total da empresa", alerta o presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná) Edson Campagnolo, que no começo de novembro de 2013 promoveu  o Fórum Transparência e Competitividade.

Olga Pontes: ideal é que companhias desenvolvam políticas de boa conduta

Olga Pontes, que também esteve no Fórum Transparência e Competitividade, destacou que corporações que atuam constantemente em licitações públicas, e que prestam serviço ao Estado, precisam desenvolver métodos de segurança empresarial. A especialista, que há 16 anos atua em auditoria, compliance, gestão de riscos e governança, afirma que companhias que adotam um conjunto de ações contra procedimentos que desembocam na corrupção conseguem se blindar melhor contra o que é ilegal."Quais são essas políticas internas? São as calçadas em boas práticas, que mantêm foco constante nas áreas de risco, que comunicam a transparência internamente, que conhecem os parceiros, tanto fornecedores quanto clientes, e que possuem um bom nível de informação", revela.

Entrevistada
- Olga Pontes, graduada em Tecnologia da Informação e com ampla experiência em auditoria, compliance, gestão de riscos e governança. Atualmente é Chefe Global de Segurança Empresarial da Braskem S.A.

Contatos
www.braskem.com.br/site.aspx/Governanca-Corporativa

Créditos fotos: Divulgação/Agência Fiep

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Nova NBR 6118 torna obrigatório certificar projetos

Texto que deverá ser publicado em dezembro de 2013 exige que controle de qualidade passe a valer para todas as obras, independentemente de seu porte

Por: Altair Santos

O novo texto da ABNT NBR 6118 - Projeto de estruturas de concreto armado -, previsto para entrar em vigor em dezembro de 2013, passou a exigir certificação para todos os projetos de estruturas de concreto. Na norma que ainda prevalece, o item que trata da avaliação da conformidade diz: "5.3.1 - Dependendo do porte da obra, a avaliação da conformidade do projeto deve ser requerida e contratada pelo contratante a um profissional habilitado, devendo ser registrada em documento específico que acompanha a documentação do projeto citada em 5.2.3". A expressão "dependendo do porte da obra" foi retirada e houve a unificação, ou seja, agora não importa mais o tamanho da construção para que haja controle de qualidade do projeto.

Comissão debateu mudanças na edição do ENECE 2013: recomendação é que seja criada uma norma específica para o tema

Segundo o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) o engenheiro civil José Celso da Cunha - um dos integrantes de uma comissão montada pela ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) especificamente para analisar este caso dentro da norma revisada -, entre as dúvidas que ficaram no novo texto está a que diz respeito à fase em que deve ser feito a CQP (Certificação da Qualidade do Projeto). "O ideal é que a CQP seja feita simultaneamente à fase de projeto, para que seus resultados se tornem efetivos e subsequentes. Além disso, há tempo e espaço para que projetista e verificador debatam termos técnicos e conceituais num ambiente ético e respeitoso", diz, admitindo, porém, que nem sempre é isso o que ocorre. "Infelizmente, na maioria dos projetos no Brasil a CQP, que é um dever normativo, não é contratado em nenhuma situação", completa.

Para o vice-presidente de relacionamento da ABECE, Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, o novo texto faz acender a luz vermelha também no que diz respeito à escassez de certificadores-verificadores no país. "Não há número suficiente de profissionais capacitados para analisar todos os projetos. Isso pode levar a engenheiros estruturais ter que analisar projetos de engenheiros estruturais, o que geraria até um conflito comercial", alerta. Segundo Dácio Carvalho, também membro da ABECE, uma saída seria se pensar numa norma específica para o verificador de projetos. "Deveria haver um documento regulamentador. Mas enquanto isso não ocorre, entendo que a ABECE e o Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) devem redigir um texto-base, que sirva de semente para uma futura norma, e que balize quem pode certificar projetos", recomenda.

Os especialistas citam o modelo canadense como um exemplo a ser seguido pelo Brasil. "No Canadá, o organismo que regulamenta a atividade dos profissionais de engenharia já tem os profissionais certificadores cadastrados. Assim, quando um projeto estrutural é registrado, o organismo mesmo indica quem vai acompanhar aquele projeto. O verificador vai ao escritório do projetista, analisa se ele está apto a desenvolver aquele projeto e tem, inclusive, poder de veto. Caso aprove e aceite o trabalho, ele passa a ser corresponsável pela obra", afirma Dácio Carvalho, posicionando-se favoravelmente ao novo texto da 6118, por ele não exigir mais "porte de obra" para que haja CQP. "Não tem obra pouco importante. Todas são muito importantes. Do prédio alto à guarita", assegura.

Marcelo Rozenberg, também da ABECE, é igualmente favorável ao novo texto da norma. "Verificação de projeto é uma garantia para diminuir as chances de erro. O projetista deve exigir que seja feito", diz, citando que o custo da verificação no orçamento da obra é pequeno. "Verificação de projeto representa um dos menores percentuais no valor total do empreendimento", diz, concordando com uma proposta apresentada por José Celso da Cunha, para que se criem níveis de verificadores. "Dependendo do porte da obra, uma classe de verificador. Projetos mais corriqueiros, como casas, prédios pequenos e pontes de vão curto, escolhe-se um certificador de um nível. Para grandes projetos, grandes certificadores", recomenda. Já a presidente da ABECE, Suely Bueno, garante que a associação atuará como mediadora até que todas as dúvidas sobre o novo texto da norma 6118, no que se refere ao porte da obra e à exigência de verificação, sejam esclarecidas.

Entrevistados
Engenheiros civis José Celso da Cunha, Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, Dácio Carvalho, Marcelo Rozenberg e Suely Bueno
Contato: abece@abece.com.br

Créditos fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Curitiba revitaliza canaletas, e concreto é plano A

Consagrado sistema de transporte público por vias exclusivas será estendido. ABCP Sul dará assessoria à prefeitura em trechos de pavimento rígido

Por: Altair Santos

Com uma linha de crédito de R$ 5,2 bilhões para investir em mobilidade urbana, Curitiba prepara a maior reforma em seu sistema de transporte público, desde que o ex-prefeito Jaime Lerner saiu de cena. As canaletas exclusivas terão a quilometragem mais que duplicada - passando de 80 para 165 quilômetros - e a cidade ganhará sua primeira linha de metrô. Se prevalecer o modelo já consolidado, o concreto será protagonista entre as obras previstas. "Curitiba tem ampla experiência na utilização do pavimento de concreto e certamente irá considerar a solução para essas novas canaletas a serem implantadas. A eficácia da tecnologia está comprovada e assimilada pelos técnicos da prefeitura", diz Alexsander Maschio, gerente regional da ABCP Sul - braço da Associação Brasileira de Cimento Portland para a região.

Gestão de Obras - Canaleta Curitiba
Pavimento em concreto: modelo será usado em novos projetos de BRT e na extensão da Linha Verde

A prefeitura de Curitiba, através da Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP), anuncia que pelo menos 28 quilômetros dos empreendimentos previstos no novo programa de mobilidade estão garantidos que serão em pavimento de concreto. Incluem-se aí os 8 quilômetros da Linha Verde Norte e mais 20 quilômetros do BRT Leste-Oeste, que permitirá o tráfego de ligeirões. “Sempre que o tráfego de ônibus for intenso e canalizado, o pavimento de concreto é o mais indicado", afirma o secretário da SMOP, Sérgio Antoniasse.  No caso destes projetos, o concreto estará presente também em obras de arte, como as ampliações dos viadutos da Linha Verde sobre as avenidas Afonso Camargo e Victor Ferreira do Amaral e em sete trincheiras.

Quanto aos 37 quilômetros que envolverão canaletas exclusivas para a linha Interbairros 2, o gerente regional da ABCP Sul entende que se o trecho todo não for em concreto, mesmo assim haverá o uso do material em algumas etapas. "Em virtude de algumas condicionantes orçamentárias, não é possível transformar todos os corredores em pavimento rígido de uma única vez. Mas certamente, a longo prazo, essa é a tendência. De qualquer forma, as áreas das estações-tubo serão em concreto. Havendo orçamento, será executada a ligação entre as estações. Aos poucos, a malha dos corredores de ônibus será transformada", avalia  Alexsander Maschio.

Alexsander Maschio, gerente regional da ABCP Sul: eficácia da tecnologia está comprovada em Curitiba

A ABCP tem um termo de cooperação técnica com a prefeitura de Curitiba para todas as obras relacionadas aos sistemas construtivos à base de cimento. "Auxiliamos na conferência e adequação dos projetos, treinamento de empresas executoras e fiscais, e demais situações necessárias. O contato é contínuo e simplificado, possibilitando uma atuação conjunta em prol da qualidade das obras", explica Maschio, para quem a associação estará prestando assessoria também nas obras do metrô curitibano. "Nesse caso, como se trata de um projeto muito específico, e que envolve muito mais tecnologia em escavações e geologia, a atuação da ABCP ficará ligada especificamente à questão do concreto", completa.

Três tecnologias
No trecho de 17,6 quilômetros da primeira linha de metrôda capital paranaense, serão utilizadas três tecnologias para a escavação dos túneis: o Cut and Cover, que consiste em abrir uma vala a céu aberto para depois cobrir; o NATM (New Austrian Tunneling Method) sistema mais artesanal de abertura de túneis, e o Shield (Tatuzão) máquina tuneladora que será usada para escavar toda a parte subterrânea do metrô. A SMOP afirma que o metrô ainda terá dois quilômetros a céu aberto. Refere-se ao trecho que sairá da CIC Sul, onde os trens percorrerão uma linha elevada. Na primeira fase do projeto, a ser concluída até 2020, o metrô irá até o bairro do Cabral.

Metrô de Curitiba: escavações empregarão três tecnologias e ABCP dará assessoria sobre uso do concreto

Clique aqui e conheça as vantagens do pavimento de concreto.

Entrevistados
Engenheiros civis Sérgio Luiz Antoniasse, secretário municipal de obras públicas da prefeitura de Curitiba, e Alexsander Maschio, gerente regional da Associação Brasileira de Cimento Portland
Contatos:
alexsander.maschio@abcp.org.br
smop@smop.curitiba.pr.gov.br

Créditos fotos: Divulgação/Prefeitura de Curitiba/ABCP Sul

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Projeto maranhense é nº 1 da arquitetura nacional

Complexo administrativo a ser construído em São Luís superou 1.643 trabalhos, inscritos na 10ª edição do Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa

Por: Altair Santos

O Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa é considerado uma espécie de Oscar para o setor. Dividido em dez categorias, o principal projeto eleito é contemplado com o título de "master da arquitetura". Em 2013, quem obteve esta conquista foi o Complexo Administrativo do Estado do Maranhão. Projetado pelo arquiteto Domingos Brito, de São Luís-MA, a criação propõe um novo centro cívico para a capital maranhense - São Luís. A ideia é articular, por meio de uma praça cívica, uma série de edifícios públicos, interligando-os ao centro histórico da cidade, tombado como patrimônio da humanidade, e à chamada cidade nova.

Complexo administrativo do Maranhão: projeto equilibra obras novas com retrofit.

O complexo maranhense concorreu com outros 1.643 projetos de todo o Brasil e, além da concepção arquitônica, as propostas para sua construção também contribuíram para que ganhasse o prêmio. "O sistema construtivo adotado buscou conciliar necessidades de redução de custos, rapidez de execução e flexibilidade máxima para os planos de trabalho. Para tanto, toda a estrutura concentra-se em peças pré-fabricadas", explica Arthur de Mattos Casas. O uso de concreto aparente nas fachadas dos edifícios também prevalece no layout do projeto vencedor da 10ª edição do Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa.

Outra característica do novo centro cívico a ser construído em São Luís é que ele propõe também o retrofit de edifícios já existentes no local: o atual complexo administrativo e a Fábrica São Luís, que será restaurada para receber a Câmara  Municipal de São Luís. "A necessidade de manter as edificações já construídas pautaram a definição do partido arquitetônico. Propusemos um desenho que, ao mesmo tempo, conectasse o conjunto a ser edificado, gerando vazios em harmonia com o pré-existente. Foi o desafio que teve que ser superado", define o arquiteto Domingos Brito.

O projeto levou em consideração a característica bioclimática da capital maranhense. Por São Luís estar em uma das regiões mais quentes do país, houve uma preocupação especial com a questão térmica. Neste quesito, mais uma vez o projeto de retrofit  manteve  como base à proteção da insolação ambiental para o interior dos edifícios. "Procurou-se encontrar equilíbrio entre transparência e proteção térmica. Propusemos, assim, uma sequência de brises verticais em painéis de alumínio e vidro e placas fotovoltaicas, para aproveitamento da energia solar. A solução não só responde a nossos anseios quanto à auto-sustentabilidade, como unifica e da a plástica arquitetônica necessária para a integração da área externa e interna do complexo administrativo.”

Além do prêmio master, o Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa também elege projetos vencedores nas seguintes categorias: estudantes, que envolve as escolas de arquitetura e urbanismo do país; esportivo, comercial, shopping centers, educação, obras públicas, green building, hotelaria, retrofit e indústria. Em cada uma destas categorias, os vencedores nacionais foram:

Estudante
Edifício Urban, São Paulo-SP - Giovanne Mafra
Esportivo
Centro Pan-americano de Judô, Lauro Freitas-BA - Effect Arquitetura
Comercial
Torre de Broadcasting, Rio de Janeiro-RJ - Daniel Gusmão Arquitetos Associados
Shopping Center
Parque Shopping Maceió, Maceió-AL - AFA-André Sá e Francisco Mota Arquitetos
Educação
Nova Ambiência de Gerência de Pessoas do Banco do Brasil, Brasília-DF - Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Banco do Brasil
Obras públicas
Complexo Administrativo do Estado do Maranhão, São Luís-MA - Domingos Brito Arquitetura
Green Building
CasaE Basf, São Paulo-SP - Athié-Wohnrath
Hotelaria
Parque Mariana Hotel Ponta do Coral, Florianópolis-SC - Doria Lopes Fiuza Arquitetos Associados
Retrofit
Hospital Samaritano, Rio de Janeiro-RJ - Amil Projetos
Indústria
Nova fábrica da Unilever, Aguaí-SP - GCP Arquitetos

Já a Domingos Brito Arquitetura também é vencedora de outras edições do Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa. Em 2005, ganhou com o projeto do hotel predial American Flat Residence; em 2006, com o hospital da Unimed, em São Luís, e o residencial predial Two Tower Residence; em 2007, Franere Hotel Design; em 2008, condomínio Pestana Beach; em 2010, condomínio Quintas das Flores; em 2011, Câmara Municipal de São Luís, e em 2013, complexo administrativo do Estado do Maranhão.

Entrevistado
Arquiteto Domingos Brito,  diretor da Domingos Brito Arquitetura
Contato
dbrito@elo.com.br
www.domingosbritoarquitetura.com

Crédito foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330