Quando ocorre o efeito Rüsch, as estruturas gritam

Alerta do professor Paulo Helene foi dado em recente palestra no Clube da Engenharia do Rio de Janeiro, e acontece quando o concreto perde resistência

Por: Altair Santos

O item 8.2.10.1 da ABNT NBR 6118 - Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento – trata do denominado efeito Rüsch. Ele é representado por um coeficiente de segurança (0,85) e que está associado à redução da resistência do concreto devido ao efeito deletério das cargas de longa duração. Como ensina o professor Antonio C.R. Laranjeiras, a grandeza do efeito Rüsch depende da maturidade do concreto onde a carga de longa duração é aplicada. Quanto mais tempo de cura, maior tende a ser o coeficiente e, consequentemente, maior a resistência do material à compressão.

Paulo Helene: estruturas sinalizam que há problema

Foi essa análise técnica que pautou a palestra que o professor Paulo Helene concedeu recentemente no Clube de Engenharia do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Nela, o especialista mostrou como são feitas as avaliações de resistência do concreto em estruturas, com o objetivo de verificação da segurança. Helene selecionou casos em que estruturas exibiram evidências claras de desgaste. “Há relatos de que as estruturas chegam a emitir sons, ou seja, elas literalmente gritam para demonstrar o risco”, afirmou. Por isso, o engenheiro civil ressaltou a importância das leis sobre vistoria de edificações que têm sido aprovadas no Brasil. "Elas precisam melhorar em alguns pontos, mas incentivá-las é o nosso papel", disse.

Paulo Helene recheou sua palestra de exemplos em que o coeficiente de segurança do efeito Rüsch não foi respeitado e resultou em desabamento de estruturas. Para ele, neste caso é preciso preparo dos profissionais envolvidos com a construção de edificações. “Consultores, projetistas, controladores, construtores, fiscais, todos estão sujeitos a falhas, e não só a falhas, mas à omissão e ao despreparo. Isso acontece em todas as profissões, mas no caso da engenharia pode causar danos sérios”, destacou o professor da EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo).

Na palestra, o especialista citou alguns equívocos construtivos que resultaram em desabamentos e em perdas de vidas. Em um deles, a estrutura de um prédio ruiu porque, no lugar de uma laje estrutural, existia uma laje falsa que não aguentou o peso. "Havia sido feita uma vistoria um ano antes, quando ocorreu um desabamento parcial, mas ninguém avisou a vistoria desta falha construtiva”, explicou. Em outro caso, as portas de um edifício passaram a não fechar mais. Motivo: problemas estruturais fizeram com que as paredes mudassem de forma e travassem as portas. “Num caso como esse, o risco é quase iminente. Quando acontece, a recomendação é sair imediatamente do local”, alertou Paulo Helene.

O professor abordou também casos de um problema que tem sido recorrente no Brasil: a queda de marquises. Citou que Rio de Janeiro e Porto Alegre são as cidades com maior número de registros de problemas estruturais neste tipo de obra e lembrou que "salvar" estruturas de concreto nem sempre é possível. “Recuperar estruturas de concreto é muito complicado pela dificuldade de escorá-las. Por isso, em alguns casos, é melhor refazê-las”, concluiu.

Entrevistado
Paulo Roberto do Lago Helene, mestre e doutor em engenharia civil, palestrante especialista em patologias do concreto e professor da EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo)
Contatos
paulo.helene@poli.usp.br
paulo.helene@concretophd.com.br

Crédito Foto:Fernando Alvim/Clube da Engenharia

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Primeiro e segundo imóveis são adquiridos mais cedo

Estudo da Lopes - maior imobiliária do país - mostra que, entre 30 e 50 anos, consumidor é mais ativo para comprar a casa própria e investir no setor

Por: Altair Santos

Em 2013, 55% dos que buscaram empréstimo na Caixa Econômica Federal, com a finalidade de financiar a casa própria, tinham abaixo de 35 anos. Essa informação vai de encontro ao estudo realizado pela Lopes, maior empresa de consultoria e intermediação imobiliária do país, o qual aponta que o brasileiro está comprando seu primeiro imóvel cada vez mais cedo e, consequentemente, o segundo também.

Investimento em imóvel: para 57% dos entrevistados, casa própria chega antes dos 35 anos

Diz a pesquisa que é a partir dos 30 anos que o brasileiro concretiza a compra de uma residência. Hoje, 43% dos donos de imóveis no Brasil têm entre 30 e 39 anos. Na faixa dos 40 e 49 anos são 72% que possuem casa própria, enquanto os com acima de 50 anos chegam a 86%. A diferença entre as faixas etárias é que os com idade entre 30 e 35 anos optam exclusivamente por apartamentos, enquanto os mais velhos fazem a opção por casas e sobrados, sem descartar também a aquisição de um apartamento.

Outro detalhe interessante trazido pelo levantamento da Lopes é que antes dos 30 anos raramente o consumidor, mesmo já bem posicionado no mercado de trabalho, opta por comprar um imóvel. Dos 1.199 entrevistados, 86% não adquiriram nenhuma residência até os 29 anos. Ainda nessa faixa de idade, 65% residem com os pais ou familiares e a maioria (59%) em casas.

Por outro lado, 70% dos que têm idade entre 40 e 50 anos já partem para a compra do segundo imóvel. O motivo de este segmento optar pelo mercado imobiliário como investimento foi detectado pelo estudo da seguinte maneira: 90% avaliam ser um retorno seguro, 88% confiam na valorização de imóvel e 79% buscam aumento do patrimônio.

Entre outras razões que levam ao investimento em imóveis, de acordo com o que foi citado na pesquisa, estão: rentabilidade (78%) proteção contra crises (70%) condições e fluxo de pagamento (69%) aluguel como renda futura (61%) mudança nas condições de crédito (59%) e melhor opção do que investimento financeiro (53%).

A pesquisa buscou também visualizar tendências, baseada na situação macroeconômica e nas facilidades de financiamento. Dos entrevistados, 66% disseram acreditar que, ao longo de suas vidas, possam adquirir de dois a três imóveis para investir. Mesmo assim, a estimativa é baixa se comparada, por exemplo, ao perfil do consumidor nos Estados Unidos. Lá, um investidor do mercado imobiliário pode adquirir até nove residências ao longo de sua vida.

Confira aqui os detalhes da pesquisa da Lopes.

Entrevistado
Inteligência de Mercado da Lopes, a maior empresa de consultoria e intermediação imobiliária do país.
Contato: www.lopes.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Para cada tipo de solo, um tipo de radier

Para projetar e dimensionar esse tipo de laje, é preciso fazer o equilíbrio entre cálculo estrutural e análise do terreno onde ele será construído

Por: Altair Santos

O engenheiro civil Fábio Albino de Souza é um dos principais estudiosos de radier no Brasil. Recentemente, no 55º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) ele promoveu curso sobre essa tecnologia que, no país, ainda é pouco explorada. Sua preocupação é mostrar que um radier resistente depende de que o projeto saiba fazer o equilíbrio certo entre cálculo estrutural e estudo do solo. O terreno é que irá definir se o radier será estaqueado ou não, que tipo de concreto será usado para fabricar a laje e até se ele poderá ter armação ou não. É sobre esses critérios técnicos que Fábio Albino de Souza concedeu a entrevista a seguir:

Fábio Albino de Souza: falta uma normativa específica para radier no Brasil

Qual seria a melhor definição para radier?
Durante anos pesquisei a origem do termo radier e tenho fundamentado que a origem é romena, onde no passado foi muito utilizada nas fundações dos aquedutos. Uma definição mais atual, própria para nossos dias, é a fornecida pela ACI 360R-10 (2010) que define radier como uma laje sobre solo cuja principal finalidade é suportar as cargas aplicadas através da tensão admissível de suporte do solo (capacidade do solo).

No Brasil, o radier ainda é usado, em sua maioria, para a construção de casas e sobrados ou ele já é aplicado em obras de maior porte?
É muito importante comentar que até o momento o Brasil não possui uma normativa específica para radier. Essa restrição dificulta muito a utilização desse sistema de fundação. De uma maneira geral, no nosso país a maioria dos radiers são para casas de baixo custo, seja térrea ou sobrado, o que no meu ponto de vista é um preconceito com o sistema. Em outros países, a primeira opção a se avaliar é o radier; no Brasil, é a última opção. Isso, independentemente do porte da construção. Felizmente hoje já temos edifícios com 12 andares feitos no Brasil com radier, mas necessitamos divulgar mais essas realizações.

Radier armado, com concreto protendido, gera economia de até 30%

Até que ponto o tipo de solo influencia no tipo de radier que se deve usar?
Gosto de dizer que o projeto e o dimensionamento de um radier é metade cálculo estrutural e metade uma análise de solo. Não adianta conhecer 100% de análise estrutural e 0% de solo e também não adianta conhecer 100% de análise de solo e 0% de análise estrutural. Deve-se ter as duas coisas em 100%, ou seja, você tem que saber muito bem de análise estrutural e muito bem de solos. O tipo de solo influência diretamente na escolha do tipo de radier. Por exemplo: vamos imaginar que tenho solo expansivo e necessito construir uma residência comportada com essas características. Provavelmente o tipo de radier mais adequado vai ser um radier nervurado, com mais rigidez, pois posteriormente, nas verificações de levantamentos devido ao comportamento do solo, se for utilizado um radier de espessura uniforme, estaríamos contra a segurança ou gastando mais que o necessário. Somente a fim de complemento desse tema, muitos casos de insucessos no Brasil com relação a radier foram cometidos por ignorar os tipos de solo e tentar implantar um método de outro país nas condições brasileiras. Um dos meus grandes objetivos é adaptar essa transferência de tecnologia que outros países oferecem para as nossas condições, no intuito de reescrever um novo capítulo de radier no nosso país.

Um radier pode ser estaqueado? Caso sim, em que tipos de construção ele é usado?
Temos muitas situações onde a opção do radier estaqueado é adequada. Vou citar duas: 1) Estive recentemente na Cidade do México, e somente para referendar é um dos piores solos do mundo, se não for o pior. Lá vi muitas construções com radier estaqueado, inclusive com estacas de pedra nas construções mais antigas. Como o solo é muito ruim, e tem baixíssima capacidade de suporte, faz-se uma laje de transferência com estacas. Como o próprio nome diz, a laje transfere a carga para as estacas. Dá para levar em consideração essa capacidade de suporte da laje no solo ou não. Inclusive pode ser considerado isso ao longo da vida útil da estrutura, uma vez que na Cidade do México inicialmente o solo estaria contribuindo muito pouco. Porém, depois de um tempo, o solo descolaria do radier e não estaria contribuindo, fazendo só funcionar as estacas. Mas tudo isso deve ser tratado com muito cuidado e muito critério, pois o comportamento estrutural do radier vai mudar.
2) Existem casos de edifícios altos onde as cargas nas fundações são elevadas, e com isso o diâmetro das estacas é grande. Consequentemente, o tamanho dos blocos também. Assim avalia-se a área total dos blocos pela área de projeção do edifício. Se esse valor for maior que 50%, não é recomendado fazer blocos isolados e sim um radier estaqueado. Esse é o caso do edifício mais alto do mundo, o Burj Khalifa.

 

Estudo do tipo de solo é que vai definir o modelo de radier a ser usado

Existe radier com armação e sem armação? Qual a diferença e para quais obras é possível usar o sem armação?
Primeiramente, é plausível explicar que muitas normativas no mundo proíbem o uso de radier sem armadura, embora seja possível fazer. Basicamente, o cálculo de um radier não armado é limitado ao módulo de ruptura do concreto, que é o quanto o concreto resiste de tração na flexão. De uma maneira grosseira, podemos dizer que essa parcela é 10% da resistência à compressão, ou seja, o concreto não é um material que resiste bem à tração. Como mencionado, é possível fazer um radier não armado com essa técnica, mas digo sempre: será que as condições de projeto são as condições reais no campo?  Esse é o grande xis da questão e posso afirmar categoricamente que esse tipo de radier não aceita um mínimo recalque. Qualquer mínimo recalque, todo aquele cálculo vai por água abaixo e o radier vai fissurar. Outro ponto importante para radier sem armadura é que você deve ter uma excelente equipe de execução, bem como um engenheiro tecnologista do concreto pronto para combater as fissuras de retração plástica e não deixar esse radier fissurar após a concretagem. Sobre o radier armado com aço CA 50 ou CA 60, é uma laje sobre base elástica comum, sem muitos segredos. É o nosso concreto armado de cada dia. Hoje não recomendo o uso de radier sem armadura nenhuma. Talvez o uso de fibras possa ajudar, mas vale lembrar que as fibras não são armaduras. É uma outra técnica com conceitos e critérios diferentes onde o tipo de fibra, tamanho da fibra, relação de aspecto da fibra, entre outros fatores, podem influenciar.

Com relação ao concreto, quais os mais usados para se fabricar radier?
Com relação aos concretos, além das propriedades básicas, como resistência à compressão e módulo de elasticidade, acho muito importante estudar a retração plástica. O problema é que temos um abacaxi para descascar, que é a correlação de tudo isso. Corriqueiramente, se aumento a resistência do concreto consequentemente estarei aumentando a retração plástica por utilizar mais cimento. Embora haja pesquisas avançadas que conseguem aperfeiçoar isso, o processo torna-se mais oneroso. Portanto, aumentar indiscriminadamente a resistência à compressão do concreto não é uma boa alternativa, mesmo porque algumas pesquisas mencionam que se dobrar a resistência à compressão vai-se diminuir a espessura do radier em 15% em determinados casos. Outro ponto que temos que garantir é o módulo de elasticidade do concreto, aspecto que causa muitas discussões e que depende de inúmeros fatores assim como a retração plástica. Já fiz o dimensionamento de alguns radiers utilizando concreto leve estrutural e tive bons resultados. No entanto, o controle para sua fabricação também é rígido. Um outro tipo de concreto que talvez possa contribuir sobremaneira é o concreto de retração compensada. Nos Estados Unidos é largamente utilizado, inclusive com revisão de norma recente. Só para nossos leitores não ficarem sem parâmetros, comecem o dimensionamento dos radiers armados com resistência à compressão do concreto de 25 MPa e radiers de concreto protendido com 30 MPa.

O concreto protendido é o mais recomendado?
Sou suspeito para falar sobre o radier protendido, pois é a técnica que mais gosto de dimensionar. Não seria questão de recomendação, e sim de economia, que está em torno de 30%. Isso depende de alguns fatores que fazem até algumas construtoras optarem pelo radier armado, mesmo sabendo que estão gastando mais. Acontece, em muitos casos, da construtora não se adaptar com o radier protendido e isso acabar refletindo até no organograma da obra. Então, nesses casos, o protendido não é utilizado. Mas que é econômico e seguro não tenho dúvidas.

Para se construir um radier exige-se mão de obra qualificada?

Depende. Se for um radier armado, acho que é muito trivial e as construtoras estão preparadas para fazer. Se for um radier com fibras, depende. O tipo de fibra muda a logística do concreto, pois o controle tecnológico no momento do lançamento é diferente. No caso do radier protendido também, mas neste caso, normalmente, é uma empresa terceirizada que faz a protensão ou a construtora recebe um treinamento para fazer a protensão e tem todos os equipamentos.

Quais são as principais inovações usadas na construção de radier?
O uso de radier já é uma inovação no Brasil, por substituir fundações mais tradicionais. Falando de uma maneira global, digamos radier x radier, acho que o uso da protensão no radier está possibilitando cada vez mais a utilização racional do sistema, bem como a possibilidade de termos placas cada vez maiores sem juntas. Isso também vale para as técnicas de concreto de retração compensada, e em certos casos de radier pré-moldado.

Entrevistado
Engenheiro civil Fábio Albino de Souza, mestre em engenharia de estruturas, professor em uma série de instituições de ensino em São Paulo e com experiência no cálculo de radiers em solos expansivos e solos compressíveis. Atualmente, é Specialist SOG (Slab-on-Ground) da ADAPT Corp. No Brasil e dedica-se à conclusão do livro Radier: Simples, armado e protendido.
Contato: fabio@ebpx.com.br

Créditos Fotos: Divulgação/ Fábio Albino de Souza

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

RioMar, em Recife, é obra do ano eleita pela Abcic

Shopping center consumiu 21.500 m³ de pré-fabricados de concreto e é o maior centro de compras do país executado com esse tipo de sistema construtivo

Por: Altair Santos

Um shopping center cuja estrutura foi totalmente construída com peças pré-fabricadas de concreto é a obra do ano eleita pela Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto). Trata-se do RioMar Shopping, em Recife-PE, que graças à tecnologia da construção foi erguido em tempo recorde: 14 meses. “Isso comprova que nosso sistema pode ser muito bem adaptado em situações que exigem técnica rara, como foi o caso do RioMar Shopping, onde foi necessário um grande esforço de logística para viabilizar uma obra deste porte num grande centro urbano, aliando as necessidades de um cronograma ousado e os requisitos de sustentabilidade”, afirma Íria Doniak, presidente-executiva da Abcic.

RioMar Shopping, da JCPM: 295 mil m² de área construída

A obra do ano, que ocupa uma área construída de 295 mil m², é o maior shopping center da região nordeste do país. Para erguê-lo, foram empregados 21.500 m³ de concreto pré-fabricado, distribuídos em 3.480 vigas, algumas delas chegando a 20 metros de comprimento, além de 12.800 lajes alveolares, e 1.117 pilares de até 35 metros de altura. “O RioMar Shopping é uma obra emblemática, que agrega inovações tecnológicas importantes em termos de conceitos estruturais. Para nós, receber o prêmio da Abcic é o coroamento de um trabalho. A premiação pertence a toda equipe, os engenheiros, a superintendência e todos os funcionários que participaram da construção”, disse José de Almeida, diretor-presidente da T&A Pré-Fabricados, responsável pelo fornecimento da estrutura de pré-fabricados.

A envergadura do empreendimento fez do RioMar o primeiro shopping do Brasil a receber, nas fases de concepção e projeto, a certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental) concedida pela Fundação Vanzolini. A própria localização do shopping exigiu que ele tivesse uma construção limpa, com baixíssima geração de resíduos, o que favoreceu a escolha de sistemas pré-fabricados de concreto para a execução do projeto. O RioMar encontra-se às margens do encontro entre o rio Capibaribe e o mar, na Bacia do Pina, em Recife. O complexo abriga 354 lojas, além de salas de cinema, um teatro com 720 lugares e estacionamento para 6.200 vagas (70% cobertas). Com 40 mil m² de área verde, o prédio aproveita 80% da iluminação natural, 70% dos resíduos destinados à reciclagem e compostagem e com a reutilização da água, economiza 50% do que é consumido pelos seus frequentadores.

Além da obra em Recife, que é o maior centro de compras do país executado com pré-fabricados de concreto, a Abcic conferiu menção honrosa a outros três empreendimentos que se destacaram no uso de pré-fabricados: o Shopping Contagem, em Contagem-MG; um datacenter em Mogi Mirim-SP, e o hotel Linx International Airport Antonio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro-RJ. O prêmio Obra do Ano prestigia as empresas pré-fabricadoras e confere destaque aos arquitetos e engenheiros projetistas que usam o sistema construtivo em seus projetos. Criado em 2011, no ano de comemoração de 10 anos de atividades da Abcic, conta com o apoio institucional da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).

Entrevistado
Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) (via assessoria de imprensa)
Contatos
www.abcic.org.br
meccanica@meccanica.com.br

Crédito: Divulgação/JCPM

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Carga fiscal impacta na qualidade da obra

Informalidade, subcontratação e emprego de materiais em não-conformidade tentam driblar excesso de tributos, mas põem em risco as construções

Por: Altair Santos

A excessiva carga fiscal que afeta os setores produtivos do Brasil, entre eles a construção civil, é um empecilho para o crescimento. Mais do que isso, atrapalha os avanços tecnológicos, a especialização da mão de obra e os métodos que agreguem qualidade e redução de custo. A construção industrializada, por exemplo, sofre bitributação, enquanto informalidade, subcontratação e materiais fora da conformidade seguem encontrando ambiente favorável dentro da cadeia produtiva.

Juliano Okawa: é preciso estímulo para o incremento de qualidade nas construções

A qualidade da obra está no cerne do problema gerado pelo excesso de tributos, quando o assunto é construção civil. Essa é a opinião do advogado Juliano Okawa, do escritório Madrona Hong Mazzuco (MHM) especialista na área de consultoria tributária. Ele palestrou recentemente no Seminário do Mercado Imobiliário e da Construção Civil (SEMICC 2013) e alguns dos temas abordados estão na entrevista a seguir. Confira:

A carga tributária que incide sobre a construção civil é maior que em outros setores da economia?
Se realizado um comparativo entre outros setores, o da construção civil não é o que possui a maior carga tributária no Brasil. Pelo contrário, se considerarmos o Regime Especial de Tributação (RET) voltado especificamente ao setor de incorporação imobiliária, verifica-se uma carga fiscal relativamente baixa se comparada a outros setores da economia que não possuem o mesmo tipo de incentivo.

Dentro da cadeia da construção civil, existem setores que são mais ou menos tributados?
É difícil especificar, mas diria que o que mais traz ônus ao setor de construção civil são os encargos previdenciários (mão de obra) e o ISS.

O setor da construção industrializada sempre fala que um dos empecilhos para crescer está na carga tributária, inclusive com bitributação. Há solução para isso?
Acredito que a mencionada bitributação refere-se, justamente, ao ISS (Imposto Sobre Serviços). É muito comum nesse setor haver a subcontratação, com a tomada de serviços de diversos fornecedores para uma única obra. Nessas circunstâncias, o ISS vira um custo direto e é cobrado tanto do tomador dos serviços quanto do subcontratado, ocorrendo um efeito, digamos, cumulativo do imposto em relação à estrutura do negócio. Há, em alguns municípios, a previsão na legislação de poder deduzir da base de cálculo do imposto o valor da subcontratação de mão de obra para, justamente, evitar esse efeito “cumulativo”. Porém, por se tratar de tributo municipal, nem todos os municípios trazem essa possibilidade, o que acaba gerando um efeito financeiro negativo para o setor. Além disso, a legislação federal, que poderia uniformizar a questão, é deficiente. Isso porque, anteriormente, o decreto-lei n° 406/68 previa a dedução do valor dos materiais e das subempreitadas da base de cálculo do ISS. A redação da lei complementar nº 116/03, contudo, excluiu do preço dos serviços apenas o valor dos materiais empregados, o que fez com que parte dos municípios passasse a cobrar o imposto sobre o valor das subempreitadas. Embora o STF já tenha admitido a exclusão do valor das subempreitadas com base na regra do DL 406/68, considerando que a mesma ainda está em vigor, o fato é que a legislação atual cria tratamento desigual entre contribuintes, o que resulta em um cenário de grande insegurança jurídica. Idealmente, para evitar esse tipo de situação, seria recomendável alteração na legislação federal que trata do ISS para trazer essa disposição de forma específica, o que faria com que os contribuintes não ficassem na dependência de cada município para poder realizar a dedução da mão de obra da base de cálculo do tributo. Outro aspecto que também pode ser considerado como bitributação é a existência de conflitos de competência entre os diversos municípios, quando há a execução de obras no setor de construção civil e as dúvidas sobre a aplicação das regras previstas na LC nº 116 sobre a resolução dos conflitos de competência.

A desoneração de folha de pagamento destinada à construção civil, que entrou em vigor no dia 1º de novembro de 2013, traz alívio significante ao setor?
Apesar do governo, ao instituir o regime, ter anunciado que a medida voltava-se ao alívio do setor, a verificação de maior eficiência fiscal dependerá de uma análise financeira da empresa e não pode ser afirmada sem tal análise. O recolhimento do INSS sobre o faturamento, ao invés da folha, pode ser mais vantajoso, ou não, a depender do seu custo de folha versus o faturamento, o que pode variar para cada empresa. Por isso, ainda que o governo tenha anunciado tratar-se de uma medida de desoneração, ela deve ser avaliada com cautela. Se considerado esse fator, verifica-se que, na realidade, a medida procura facilitar a fiscalização e o recolhimento da contribuição previdenciária no setor, evitando-se a informalidade nas relações de trabalho, já que o recolhimento será baseado no faturamento e não no valor da folha. Ou seja, mesmo que haja a contratação de empregados na informalidade, isso será irrelevante para determinação da contribuição previdenciária do empregador que dependerá apenas do seu faturamento. Cumpre salientar que esta medida (INSS sobre o faturamento) não se aplica a todas às empresas do ramo de construção. Ficaram de fora, por exemplo, as construções de obras de infraestrutura

Essa desoneração irá até o final de 2014. Medidas pontuais são a melhor solução para enfrentar essa questão tributária sobre o setor produtivo?
Medidas pontuais podem ajudar o setor, mas não são a solução. É preciso fazer um estudo adequado do setor e soltar um pacote de medidas de incentivo permanente, dando maior segurança para o segmento.

Mesmo com todos esses entraves tributários, a construção civil, até 2012, vinha conseguindo crescer acima do PIB nacional. O que seria se a questão tributária ajudasse o setor?
Acho que muito mais importante do que pensar nas margens de lucros e crescimento, precisamos enxergar a qualidade da construção civil no Brasil. A tributação é apenas mais um item dos custos das empresas que atuam no setor. Se em compensação às medidas de desoneração houvesse estímulo para o incremento na qualidade e, mais importante, na eficiência das obras de construção, o país todo se beneficiaria. A falta de qualificação técnica da mão de obra e a ineficiência nos métodos de construção civil empregadas no Brasil, se comparado com outros países, é que deve ser o foco.

A terceirização tornou-se imprescindível à construção civil. Foi a pressão tributária que a empurrou para essa situação ou a legislação trabalhista?
Acredito que uma combinação de ambos. Com a mudança na legislação sobre a contribuição previdenciária acredito que haverá uma diminuição da informalidade nas contratações de mão de obra. Porém, sem uma reforma na legislação trabalhista e, mais importante, uma mudança de pensamento da Justiça do Trabalho não vejo solução de curto prazo para essa situação.

Entre os entraves da construção civil, a questão tributária é o principal deles?
Se não é o principal, é um dos maiores problemas com certeza. Mas isso não é algo limitado ao setor da construção civil. A carga fiscal, em geral, é um problema de todos os setores e um impasse ao crescimento.

Quais seriam as soluções tributárias para que a construção civil pudesse ter um crescimento consistente por longo prazo?
Os problemas de ineficiência fiscal devem ser devidamente debatidos com o setor e as medidas a serem propostas devem estar fundamentadas em estudos sobre os benefícios que tais mudanças trariam ao setor. Não só para incremento de margens de lucros, mas para a sociedade como um todo.

A questão tributária tem qual parcela de culpa pelas obras serem tão caras no Brasil?
O problema da carga fiscal não é restrito ao setor de construção civil. É um problema geral do país e representa um alto custo para o setor empresarial.

Entrevistado
Advogado Juliano Okawa, sócio do escritório Madrona Hong Mazzuco – Sociedade de Advogados (MHM). Especialista em consultoria tributária e, entre outros cargos, conselheiro do CONJUR (Conselho Superior de Assuntos Jurídicos e Legislativos) da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
Contato: juliano.okawa@mhmlaw.com.br

Crédito: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Quantidade de engenheiros na contramão da qualidade

Estudo do Ipea revela que falta tempo para que profissionais adquiram competências específicas. Dados servem de reflexão para o Dia do Engenheiro

Por: Altair Santos

A profissão de engenheiro civil comemora, neste 11 de dezembro de 2013, 80 anos de regulamentação. A data, já consagrada como o Dia do Engenheiro, é propícia para reflexões em torno da capacitação técnica de quem atua nesta área. Recentemente, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) abordou essa temática, através de ampla pesquisa sobre o mercado de trabalho para este profissional no Brasil. Comandado por seis pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) o estudo conclui que não faltam engenheiros no Brasil, mas que o volume de profissionais vai na contramão da qualificação e da experiência.

Maior dificuldade do mercado é contratar engenheiros civis experientes para liderar projetos e obras

Na pesquisa liderada por Mário Sergio Salerno, Leonardo Melo Lins, Bruno César Pino Oliveira de Araújo, Leonardo Augusto Vasconcelos Gomes, Demétrio Toledo e Paulo Meyer Nascimento, o Ipea procurou avaliar o mercado da engenharia sob a percepção dos agentes econômicos e concluiu que quem contrata está muito preocupado com a qualidade dos engenheiros civis formados. "A evolução na quantidade não foi acompanhada pela mesma evolução na qualidade. Criou-se um hiato geracional, o que dificulta a contratação de profissionais experientes para liderar projetos e obras. Há déficits em competências específicas e em regiões localizadas", diz o estudo.

Um item apontado na pesquisa, e que pode explicar o distanciamento entre quantidade e qualidade, está ligado à inovação. "A engenharia está profundamente ligada ao desenvolvimento econômico e à inovação. Neste aspecto, o Brasil apresenta baixo índice e é necessário mobilizar o sistema de educação superior, de que o país já dispõe, para que sejam satisfeitas as demandas emergentes, que se expressam no debate cotidiano sob termos como escassez, apagão e semelhantes", diagnostica o Ipea, apontando que as áreas de engenharia da produção, engenharia civil e engenharia da computação mostram ser as mais preocupadas com a qualificação. Por isso, são as que mais diversificaram as habilitações nos cursos e as que mais buscam parcerias com o setor privado.

Para o presidente do sistema Confea/Crea, José Tadeu da Silva, o problema para dar mais impulso à qualificação está no âmbito governamental. Nos três níveis (federal, estadual e municipal) menos de 10% da alta cúpula burocrática é formada por engenheiros, enquanto na China esse percentual chega a 80%. "Isso gera carência de gestão, planejamento e projetos para alavancar o segmento nacional de serviços e obras públicas", escreveu em artigo recentemente publicado, intitulado "Excelência da engenharia brasileira". Para o dirigente, "a luz no final desse túnel" se vislumbra por meio do PLC 13/13 (Projeto de Lei Constitucional) que caracteriza como essenciais e exclusivas de Estado as atividades exercidas por engenheiros, arquitetos e engenheiros agrônomos ocupantes de cargo efetivo no serviço público federal, estadual e municipal.

Mercado de trabalho

Segundo o estudo do Ipea, a expectativa é de que, até 2020, o número de engenheiros requeridos pelo mercado de trabalho formal, dependendo do cenário econômico, atinja entre 600 mil e 1,15 milhão de profissionais. A pesquisa traz também a evolução do salário médio dos engenheiros em relação aos dos demais profissionais com educação de nível superior. “Os engenheiros e profissionais afins recebem salários sistematicamente acima dos demais empregados com escolaridade superior. Entre 2000 e 2009, os setores que mais apresentaram elevação do salário pago a engenheiros foram os de cimento, álcool, artefatos de couro e calçados, serviços imobiliários e aluguel e construção", aponta.

O levantamento ainda aponta que, atualmente, o Brasil tem 18,8 ingressantes em engenharia civil para cada 10 mil habitantes, número acima da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é 15,3. Entretanto, o número total de candidatos aos cursos ainda é a metade da média desses países - 44,5 para cada 10 mil habitantes no Brasil e 78,5 em média para cada 10 mil habitantes nos países da OCDE. "Ainda há muito a fazer, mas estamos no caminho certo", finaliza o estudo do Ipea.

Confira o estudo completo do Ipea

Parte 1 - Evolução da formação de engenheiros e profissionais técnico-científicos no Brasil entre 2000 e 2012
http://www.ipea.gov.br/portal/images/convite/debate_brasil_escassez_gusso.pdf

Parte 2 - Uma proposta de sistematização do debate sobre falta de engenheiros no Brasil
http://www.ipea.gov.br/portal/images/convite/debate_brasil_escassez_td_sal.pdf

Parte 3 - A demanda por engenheiros e profissionais afins no mercado de trabalho formal
http://www.ipea.gov.br/portal/images/convite/debate_brasil_escassez_demanda.pdf

Entrevistado
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) (via assessoria de imprensa)
Sistema Confea/Crea (via assessoria de imprensa)
Contatos
ascom@ipea.gov.br
gco@confea.org.br

Crédito foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Nanotecnologia pode trazer cura à reação álcali-agregado (Podcast)

Haroldo de Mayo Bernardes, que organiza a International Conference on Alkali-Aggregate Reaction, fala por que patologia é a "aids do concreto"

Por: Altair Santos
Haroldo de Mayo Bernardes: clima do Brasil é propício às reações álcali-agregado

Entrevistado
Engenheiro civil Haroldo de Mayo Bernardes, livre docente e professor-adjunto do departamento de engenharia civil da FEIS-UNESP. É o organizador da XV ICAAR (International Conference on Alkali-Aggregate Reaction) que acontecerá em 2016 no Brasil.
Contato

haroldom@dec.feis.unesp.br

Crédito foto: Divulgação autorizada

Jornalista responsável: Altair Santos - MTB 2330

Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.


Churrasqueira pré-fabricada domina mercado

Há cerca de 200 fabricantes deste equipamento no Brasil. Kits à base de concreto utilizam materiais com propriedades isolantes e refratárias

Por: Altair Santos

Churrasqueiras tornaram-se acessórios indispensáveis em projetos de casas e apartamentos. Pela customização e facilidades para a montagem, o equipamento construído em pré-fabricado de concreto ganhou mercado e hoje predomina nas obras. As vantagens sobre as churrasqueiras em alvenaria, segundo explica José Maria Vicente Dobignies, da Dobeton, é que elas são pré-calculadas, pré-dimensionadas e pré-testadas na indústria. "O projeto tem funcionamento garantido pela larga escala de produção. Já uma churrasqueira ou lareira em alvenaria carece de alto grau de conhecimento técnico para sua execução, por parte do artesão. O mínimo erro, a menor variação dimensional ou fuga do projeto original provocará invariavelmente mau funcionamento, tornando o equipamento inutilizável", alerta.

Churrasqueiras pré-fabricadas à base de concreto: mais eficientes do que as feitas em alvenaria

A construção de churrasqueiras pré-fabricadas usa cálculos físicos de mecânica de fluidos e termodinâmica. Os equipamentos também requerem matérias-primas com propriedades isolantes e refratárias, para que o produto resista a temperaturas de até 400 graus Celsius em determinadas regiões de seu corpo. "Por isso, o recomendado é que o equipamento pré-fabricado não seja uma peça única e sim um kit composto por várias peças que, justapostas entre si, formem um conjunto harmônico e tecnicamente concebido para atender as funções às quais foi projetado, ou seja, controlar fogo e brasa dentro de um nicho que tem a função específica de proceder a cocção dos alimentos, enviando toda a fumaça para o interior da chaminé, complemento da churrasqueira", explica José Maria Vicente Dobignies.

Churrasqueiras pré-moldadas também devem atender princípios técnicos no tocante à largura e ao tamanho da área de fogo, apesar de no Brasil não existir uma norma específica para a fabricação destes equipamentos. Por isso, os fabricantes utilizam como referência a DIN 4705-10 - norma internacional que define cálculos para a construção de chaminés, tubos de ventilação e dutos.  "Valem os princípios físicos da geometria do equipamento e as matérias-primas corretamente especificadas e aplicadas para resistir a altas temperaturas", afirma o diretor-geral da Dobeton, assegurando que, para uso contínuo, as churrasqueiras em pré-fabricado são as mais recomendadas. "São produtos que não correm o risco de variações dimensionais ou de utilização de matérias-primas inadequadas ou inconstantes", completa.

Existe no Brasil cerca de 200 fabricantes de churrasqueiras pré-fabricadas em concreto. A maioria é formada por indústrias de artefatos de cimento de pequeno e médio portes. Quanto ao custo, o kit tende a ser mais caro do que o equipamento em alvenaria, mas o fabricante dá a garantia do perfeito funcionamento, além de todas as orientações técnicas de instalação que devem acompanhar o produto. Os mesmos critérios valem para quem adquire uma lareira em pré-fabricado de concreto. "Os princípios de fabricação destes dois produtos (churrasqueira e lareira) são exatamente os mesmos em se tratando de kits pré-fabricados. Já os princípios de funcionamento são razoavelmente diferentes", define José Maria Vicente Dobignies, esclarecendo que equipamentos à base de artefatos de concreto também podem receber revestimentos em pedras ou cerâmicas, seja com tijolos, argamassas e até pintura final.

Entrevistado
José Maria Vicente Dobignies, diretor-geral da Dobeton Lareiras e Churrasqueiras
Contatos
josemaria@dometal.com.br
www.lareirasechurrasqueiras.com.br  

Crédito foto: Divulgação/Dometal

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Obras de mobilidade chegam às rodovias do PR

Estradas sob a jurisdição do DER serão equipadas com calçadas, ciclovias e passarelas, em seus trechos urbanos, para reduzir atropelamentos

Por: Altair Santos

Os trechos urbanos de algumas das principais rodovias do Paraná começam a ganhar obras de mobilidade urbana. O projeto prevê a construção de 200 quilômetros de calçadas em paver e 90 quilômetros de ciclovias, além de passarelas em pré-fabricado de concreto. O primeiro corredor a ser atendido é o que envolve os 31 quilômetros de duplicação da PR-417, mais conhecida como Rodovia da Uva, no município de Colombo-PR. Também já saiu do papel a remodelagem das ligações entre Maringá e Paiçandu (PR-323) e entre Londrina e Cambé (PR-445).

Projeção de como ficará trecho urbano de rodovia após receber calçadas e ciclovias

A expectativa é de que todas as obras de mobilidade previstas no projeto estejam concluídas até o final de 2016, com orçamento estimado de R$ 30 milhões. Além das rodovias estaduais, o DER-PR (Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná) priorizará também os entroncamentos com as estradas federais.   O objetivo é reduzir sensivelmente o número de atropelamentos nos trechos selecionados. "O DER trabalha com a previsão de que poderá cair em até 90% o volume de acidentes por atropelamento, com a implantação deste sistema de mobilidade", afirma a assessoria de imprensa do organismo.

Para o diretor geral do DER-PR, Nelson Leal Junior, o projeto de mobilidade adotado pelo organismo mostra também uma mudança conceitual para as estradas paranaenses.  “A questão da mobilidade passou a integrar as obras rodoviárias, ao contrário do que vinha sendo feito anteriormente. A intenção é proporcionar mais segurança aos demais modais de transporte, permitindo que os pedestres e ciclistas possam conviver em segurança ao longo da malha rodoviária estadual”, diz.

O plano do DER-PR vai atender mais de 20 municípios paranaenses, priorizando as regiões metropolitanas de Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. Outra medida é utilizar as obras para estimular os produtores locais de artefatos de concreto, fazendo com que eles participem das licitações para fornecimento de materiais para calçamento e construções de passarelas. Segundo dados mais recentes da Mineropar (Minerais do Paraná S/A) há cerca de 1.100 indústrias voltadas para esse segmento em todo o Estado. A ideia do DER é contemplar tanto a indústria ligada ao cimento quanto a de asfalto.

Confira os trechos que serão contemplados com obras de mobilidade urbana nas rodovias paranaenses:

•    Curitiba-Pinhais-Piraquara (PR-415)
•    Rodovia da Uva (PR-417)
•    Curitiba-Rio Branco do Sul (PR-092)
•    Tijucas do Sul (PR-281)
•    Londrina-Cambé (PR-445)
•    Maringá-Paiçandu (PR-323)
•    Corredor Campos Gerais (PR-151)
•    Entroncamento BR-376 (Ponta Grossa)
•    Entroncamento BR-277 (Palmeira)
•    Entroncamento BR-476 (Três Barras)
•    Corredor Norte Central - Lote 1 (PR-170)
•    Entroncamento BR-369 (Rolândia)
•    Corredor Norte Central - Lote 2 (PR-445)
•    Entroncamento PR-218 (Acesso a Três Marcos - Londrina)
•    Entroncamento PR-272/BR-376 (Mauá da Serra)
•    Corredor Norte Central - Lote 3 - PR-272/PR-466
•    Entroncamento PR-466 (Porto Ubá)
•    Corredor Norte Central - Lote 4 - PR-466
•    Furnas - Entroncamento BR-277 (Guarapuava)
•    Corredor PR-463 - Divisa PR-SP
•    Corredor da Produção Avícola (PR-180)
•    Entroncamento PR-281 (Alto Bela Vista)
•    Rio Santa Rosa (Francisco Beltrão)
•    Corredor da Produção Avícola (PR-281)
•    Entroncamento BR-373
•    Entroncamento PR-493 (Dois Vizinhos)
•    Entroncamento BR-163
•    Corredor Noroeste - Lote 1 - PR-317
•    Ponte sobre Rio Paranapanema (Divisa PR-SP)
•    Corredor Noroeste - Lote 3 - Início pista dupla (Umuarama)
•    Entroncamento PR-272, PR-182 e BR-272 (acesso a Francisco Alves)
•    Corredor Noroeste - Lote 4 - PR-182: Divisa PR/SP (Usina Hidrelétrica de Rosana)
•    Nova Londrina e Corredor do Ivaí (PR-082)

Entrevistado
DER-PR (Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná) (via assessoria de imprensa)
Contato: www.der.pr.gov.br 

Créditos fotos: Divulgação/DER

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Grafeno promete transformar história do concreto

Chamado de a "matéria-prima do século 21", ele começa a ser testado em escala industrial fora do país; no Brasil, universidades intensificam pesquisas

Por: Altair Santos

O grafeno, chamado de "a matéria-prima do século 21", por causa de sua ampla gama de potenciais aplicações, já é realidade nos laboratórios fora do país que se dedicam a estudá-lo como agregado do concreto. Na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, blocos do material foram desenvolvidos com sucesso, apresentando características como leveza, resistência e alto desempenho termoacústico. O próximo passo é viabilizar a produção em escala industrial, o que, no entender dos pesquisadores, pode acontecer a partir de 2015.

Bloco de concreto com grafeno desenvolvido nos EUA: mais leve, mais resistente e alto desempenho termoacústico

Outra aplicação do grafeno vinculado à construção civil está em desenvolvimento na Universidade de Zhejiang, na China. Trata-se do aerogel. Com uma densidade de apenas 0,16 miligramas por cm³, o material tem sido testado como antídoto contra reações álcali-agregados, como revestimento anticorrosivo de estruturas mistas (concreto e aço) e como isolante termoacústico.  Com elevada resistência mecânica e alta capacidade de recuperação elástica, o aerogel de grafeno já é considerado o produto mais leve desenvolvido em laboratório. Superou o aerogel de níquel, cuja densidade é de 0,9 miligramas por cm³.

No Brasil, se comparado com o que tem sido feito em outros países, o estudo do grafeno - e suas aplicações na construção civil - ainda é insipiente. Há poucas universidades dedicadas a investigar o material. Entre elas, destacam-se a USP, a UFRJ, a UFF (Universidade Federal Fluminense), a UFMG, a UFSCar, a UFCE e, mais recentemente, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Esta instituição inovou ao criar o MackGrafe, que é o primeiro laboratório do país exclusivamente voltado para dissecar as propriedades do grafeno.

Segundo a professora-doutora Leila Figueiredo de Miranda, diretora da Escola de Engenharia da Mackenzie, a prioridade do MackGrafe é produzir grafeno, pesquisar suas propriedades nanomateriais e, num primeiro momento, focar  em projetos de pesquisa voltados para a fotônica e a opteletrônica. "Futuramente, o MackGrafe irá se dedicar também ao uso do grafeno na construção civil , haja vista que o material tem características e propriedades físicas excepcionais para serem aplicadas em compósitos como cimento e concreto", diz.

Aerogel de grafeno: usado para corrigir imperfeições termoacústicas de paredes

O grafeno foi descoberto em 2004 e suas aplicações científicas renderam, em 2010, o prêmio Nobel de física ao russo Andre Geim - professor da Universidade Manchester, na Inglaterra. Recentemente, o estudo do material desencadeou uma corrida entre os principais centros de pesquisa do mundo. Um dos mais dedicados a esse tema é o Graphene Research Center, da National University of Singapure, com quem a Mackenzie estabeleceu parceria para instalar o MackGrafe. "Temos convicção de que esse vínculo com a Universidade Nacional de Cingapura trará ao Brasil tecnologia e conhecimento de ponta sobre o grafeno", afirma Leila Figueiredo de Miranda.

Com boas reservas de grafite - só Minas Gerais produz 70 mil toneladas por ano da matéria-prima do grafeno -, o Brasil, através dos esforços de suas universidades, entra na era de produzir o material em laboratório. O MackGrafe espera ser o posto avançado desta produção. Até 2014, o centro de pesquisa terá novas instalações. O investimento para a construção do prédio, aquisição de equipamentos e formação de pesquisadores é de R$ 29,9 milhões. Entre os envolvidos no projeto, há químicos, físicos e engenheiros de materiais, todos liderados pelo professor Eunézio de Souza, que é quem coordena o MackGrafe, e supervisionados por Antonio Hélio de Castro Neto, diretor do Centro de Pesquisa de Grafeno de Cingapura.

Entrevistada
Professora-doutora Leila Figueiredo de Miranda, diretoria dos cursos de engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Contatos
engenharia@mackenzie.br
leila.miranda@mackenzie.br

Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330