Peru lança maior programa de obras em pontes do mundo

País está reconstruindo 1.400 ligações, das 2.227 existentes em suas rodovias. Recursos vêm de parcerias público-privadas com empresas brasileiras

Por: Altair Santos

Algumas das principais construtoras brasileiras, assim como escritórios de engenharia e de projetos, estão de olho no mercado peruano. O motivo é que o governo do país sul-americano decidiu investir cerca de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 2,4 bilhões) na reconstrução de 1.400 pontes, das 2.227 existentes em suas rodovias. Trata-se do maior programa de modernização de pontes do mundo. As obras começarão em 2014 e devem se estender até 2020. Os projetos estarão a cargo da ProVias - organismo que desempenha função semelhante ao Dnit, no Brasil -, a qual estabeleceu concessões que variam de 5 anos a 25 anos para cada trecho licitado.

Programa para erguer pontes novas terá investimento de R$ 2,4 bilhões

O programa será executado em duas fases, sendo que a primeira contempla trabalhos em 1.000 pontes, a serem executados até 2016. Na segunda fase serão executados os trabalhos nas restantes 400 pontes, no período que vai de 2016 a 2020. "Estamos trocando pontes velhas por novas, instalando pontes novas e substituindo estruturas provisórias por pontes definitivas", disse Raúl Torres Trujillo, diretor-executivo da Provias. A empresa estatal peruana é responsável por 23.072 quilômetros de rodovias que cruzam o país. Além do programa de recuperação e construção de pontes, foram abertas concessões para a exploração de trechos rodoviários, o que também atrai empresas brasileiras.

Já estão operando no Peru os seguintes grupos: Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa, Queiroz Galvão e OAS. Eles não se vincularam apenas a projetos rodoviários, mas também a obras de infraestrutura, como hidrelétricas, portos, canais de irrigação, metrôs e obras de saneamento. A Odebrecht, por exemplo, que está no país desde 1979, atualmente trabalha na expansão do metrô de Lima. A Andrade Gutierrez, que chegou em 1992 no Peru, finaliza a estrada interoceânica IIRSA, ligando-a ao porto de Callao, no Oceano Pacífico. Já a Camargo Correa, instalada desde 1997 em território peruano, atua no projeto de irrigação e hidroenergia de Alto Piura.

Mapa rodoviário do Peru: 23.072 quilômetros com forte atuação das construtoras brasileiras

Outro grupo - o Queiroz Galvão -, que está desde 1998 no país que faz fronteira com o Brasil, tem forte atuação nas obras rodoviárias e de saneamento, assim como a OAS. Essas empresas contam com participação destacada na chamada aliança estratégica Peru-Brasil - um tratado de relações comerciais resgatado há 10 anos, e que entre 2003 e 2013 gerou um fluxo bilateral de US$ 3,6 bilhões (cerca de R$ 8,7 bilhões) entre os dois países. Além das companhias ligadas à construção civil, outras 45 corporações brasileiras estão instaladas em território peruano, fabricando perfumes, remédios, cervejas e joias ou prestando serviços bancários.

O Peru tornou-se estratégico para essas multinacionais brasileiras, pois através de suas subsidiárias instaladas no país conseguem atingir mercados consumidores da região do Pacífico, como China, Japão e a costa oeste dos Estados Unidos. Por isso, promover a modernização do mapa rodoviário peruano é tão relevante para a indústria do Brasil quanto participar de concessões de estradas no próprio território nacional.

Entrevistado
Raúl Torres Trujillo, diretor-executivo da Provias (via email)
Contato: rtorres@proviasnac.gob.pe

Créditos Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Industrialização minimiza déficit habitacional (Podcast)

Novos processos construtivos ajudam a qualificar Minha Casa Minha Vida, avalia coordenadora geral do PBQP-H, Maria Salette de Carvalho Weber

Por: Altair Santos
Maria Salette de Carvalho Weber: alguns setores da cadeia produtiva da construção civil evoluíram mais do que outros

 

Entrevistada
Arquiteta Maria Salete de Carvalho Weber, coordenadora-geral do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades.
Contato
salette.weber@cidades.gov.br

Crédito Foto: Divulgação/Ministério das Cidades

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.


Supercasas buscam blindagem contra "fim do mundo"

Condomínios de alto padrão, construídos em regiões sob risco de furacões nos EUA, erguem residências que são verdadeiras fortalezas de concreto

Por: Altair Santos

A intensidade de furacões que atingiram os Estados Unidos há poucos anos causou mudanças no mercado voltado para a construção de residências no país. Agora, não basta apenas morar. É preciso estar bem protegido. Por isso, condomínios de luxo passaram a projetar verdadeiras fortalezas para receber os moradores. Saem as casas em wood frame, com paredes de drywall, entram moradias com estruturas em concreto armado e vedações com bloco de concreto celular autoclavado (CCA).

Supercasas: estruturas espessas de concreto e paredes com blocos autoclavados

Um bom exemplo deste novo tipo de empreendimento está em construção em Miami, nos EUA. As casas de Alys Beach apresentam telhados sustentados por estruturas de concreto armado e paredes projetadas para suportar ventos com velocidade superior a 180 km/h. É o primeiro condomínio do mundo a exigir que todas as habitações construídas no local cumpram uma norma recentemente aprovada no país, sobre segurança residencial, a qual recomenda que obras utilizem reforço estrutural e materiais resistentes a desastres naturais.

Para atender todos os padrões de construção e segurança, cada casa não sai por menos de US$ 1,6 milhão (quase R$ 3,9 milhões). Um exemplo dos materiais reforçados que são empregados na construção das casas está na largura dos blocos de concreto celular autoclavado. Nos Estados Unidos, normalmente eles têm 20 centímetros. Para se construir no condomínio de Miami, a espessura exigida é de 30 centímetros. Até os vidros usados nas residências devem atender requisitos como suportar o arremesso de objetos a uma velocidade mínima de 65 km/h.

As plantas das casas também foram readaptadas para, na hipótese de tsunamis, furacões e tornados, garantirem, além da sobrevivência, maior conforto aos moradores. Em algumas residências de dois andares, aonde cada um dos 60 pilares chega a medir 75 centímetros de diâmetro e ter profundidade de 9 metros, a cozinha, a área para guardar mantimentos e a sala de estar, que normalmente ficam no pavimento inferior, foram remanejadas para o andar de cima, junto com os quartos, a fim de serem poupadas de inundações.

Os projetistas também passaram a usar o conceito de “quarto do pânico” para blindar áreas estratégicas das casas. Através de sistemas eletrônicos abastecidos por baterias, portas de aço envolvem os habitáculos e isolam os moradores. Outro cuidado das supercasas é com a sustentabilidade. Requisitos como reaproveitamento da água da chuva, baixo consumo de energia e “certificações verdes” são exigências dentro dos condomínios que constroem esse modelo de residência.

Entrevistado
Instituto de Segurança Residencial (IBHS, sigla em inglês de Insurance Institute for Business & Home Safety’s ) (por email)
Contatos
info@ibhs.org
www.disastersafety.org

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Construção civil global adere à robótica

Estados Unidos, Japão e Grã-Bretanha são líderes mundiais em desenvolvimento de equipamentos inteligentes para uso em canteiro de obras

Por: Altair Santos

Há 30 anos, a Associação Internacional de Automação e Robótica na Construção (IAARC, sigla em inglês) tem atingido cada vez mais países para propagar o uso de equipamentos inteligentes em canteiros de obras. Estados Unidos, Japão e Grã-Bretanha são os mais avançados no emprego destas tecnologias. Porém, desde 2012, Coreia do Sul, China, Índia e Brasil passaram a consumir máquinas em ritmo acelerado. No caso brasileiro, em menor número do que os demais integrantes do BRICS, por causa da alta carga tributária para importação.

Robô usa scanner a laser para detectar erros na execução de projetos

Nos países em que se instala, a IAARC promove a Feira Internacional Sobre Automação e Robótica na Construção e Mineração. No ano passado, aconteceu em Montreal, no Canadá. Uma das novidades apresentadas no evento foi o robô que demole estruturas de concreto. O equipamento utiliza jatos de água de alta pressão para pulverizar e separar o material do elemento estrutural, bem como um sistema de aspiração para o recolher e armazenar os detritos. Batizada de ERO, a máquina permite que o aço armado fique completamente limpo e possa ser reutilizado.

O robô também possibilita separar o cimento do agregado, através de um processo de decantação faseada. Resultado de parceria entre a desenvolvedora de tecnologia Omer Haciomeroglu e o Instituto Umea de Design - ambos suecos -, a máquina, já em fase experimental de operação, é definida da seguinte forma pelos seus idealizadores: “De forma eficiente, desmonta estruturas de concreto sem deixar qualquer tipo de resíduo e poeira. A separação permite que materiais de construção sejam recuperados e reutilizados em novos edifícios de concreto que utilizam partes pré-fabricadas.”

Criado na Suécia, o ERO remove o concreto armado e o recicla para o uso em peças pré-fabricadas

Além do ERO, foi apresentado na feira um equipamento que ajuda a minimizar o erro humano em obras. O dispositivo utiliza a tecnologia laser EDM para escanear paredes, fiscalizar nivelamentos e investigar se o projeto é seguido à risca. Chamada de “robô construtor”, a invenção é uma parceria anglo-nipônica (Inglaterra e Japão) e permite também verificar as instalações elétricas e hidráulicas das edificações. Em formato de carrinho guiado por controle remoto, a máquina é facilmente operável.

Mais novidades
Na mais recente edição da feira sobre robótica na construção civil, os principais temas abordados foram o uso de GPS, GIS, RFID e sensores remotos na construção, além de gestão de recursos na engenharia civil, avaliação não invasiva e não destrutiva de estruturas de engenharia civil, planejamento na construção, simulação e visualização em computador e reabilitação estrutural assistida por softwares. Nenhuma destas tecnologias está ainda disponível no Brasil.

O próximo passo da robótica é utilizar o conceito das “impressoras 3D” para fabricar casas. Pesquisadores da Universidade de Southern California, nos Estados Unidos, estão convictos de que se o processo funciona com objetos pode funcionar para a construção civil. A ideia é utilizar a técnica chamada de “modelagem de contorno”, unido à extrusão de concreto, para levantar edificações em questão de horas. “Ao invés de plástico, a modelagem de contorno usará concreto”, diz Behrokh Khoshnevis, que coordena a pesquisa. A universidade conseguiu recentemente financiamento da gigante Caterpillar - empresa que constrói equipamentos pesados - para avançar nos estudos.

Confira o vídeo sobre a "Casa 3D"

Entrevistado
Associação Internacional de Automação e Robótica na Construção (via email)
Contato: isarc-secretariat@isarc2013.org

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Crédito imobiliário seguirá com oferta elevada em 2014

No ano passado, modelo de financiamento cresceu 32% e alcançou R$ 109,2 bilhões; este ano, expectativa é de que ultrapasse os R$ 170 bilhões

Por: Altair Santos

O crédito imobiliário fechou 2013 com uma ampla recuperação em relação a 2012. A carteira cresceu 32%. Comparado com o que havia registrado no ano passado, quando teve um avanço modestíssimo de 3,12%, foi uma alta de 1.025%. Isso gerou desembolso de R$ 109,2 bilhões, entre negócios com pessoas físicas e jurídicas, estabelecendo um novo recorde histórico desde que a série começou a ser apurada pela ABECIP (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

Octávio de Lazari Junior, presidente da ABECIP: entre janeiro e dezembro de 2013, foram financiados 529,8 mil imóveis

Mesmo assim, o crescimento de 32% manteve-se abaixo da média estabelecida entre os anos de 2005 e 2011, quando o crédito imobiliário avançou 53% a cada ano. Segundo o presidente da ABECIP, Octávio de Lazari Junior, quatro componentes motivaram essa alta: 1) Situação de quase pleno emprego; 2) Renda média dos brasileiros em alta; 3) Juros razoáveis, e 4) Disposição dos bancos em investir em crédito imobiliário. Para 2014, a expectativa é de que o desembolso chegue a R$ 126 bilhões, com avanço estimado de 15,6%.

De Lazari avalia que o Brasil ainda tem muito a crescer em termos de crédito imobiliário. A carteira gera um volume de negócios na ordem de 8% do PIB (Produto Interno Bruto) sendo que em outros países a proporcionalidade é muito maior. No México, chega a 9% do PIB; no Chile, 11%; na China, 14%; em Portugal, 60%, e nos Estados Unidos, 70%. “O Brasil tem capacidade para gerar um volume de negócios superior a R$ 300 bilhões. Estamos falando da carteira mais importante do país”, disse o presidente da ABECIP.

O desembolso de 109,2 bilhões para o crédito imobiliário permitiu que fossem financiados 529,8 mil imóveis no Brasil em 2013. Deste volume de recursos, 41% foram para pessoas físicas. Em 2014, a ABECIP avalia que o crédito para as construtoras tende a ser maior do que para o comprador final. “As empresas desovaram seus estoques em 2012 e em 2013 e agora vão precisar recorrer ao crédito imobiliário para iniciar novas construções”, afirma Octávio de Lazari Junior.

O dirigente explica que recursos não faltarão para financiar mais habitações. “Com o aumento da captação líquida da caderneta de poupança, o país tem reservas suficientes para manter o crédito imobiliário aquecido pelo menos até o final de 2015”, afirma o presidente da ABECIP. Além disso, ele estima que os bancos devem ampliar a participação na concessão de empréstimos, por se tratar de um negócio de baixo risco. “A inadimplência nas operações está em 1,8%, para os casos que deixam atrasar mais de três prestações”, completa.

O pequeno volume de inadimplentes, no entender da ABECIP, comprova que o brasileiro compra casa para morar e não para especular no mercado imobiliário. Além disso, dados da associação revelam que ao adquirir seu imóvel próprio o consumidor costuma dar entradas que amortizam, em média, até 35% da dívida. “isso gera prestações menores e o comprometimento médio da renda chega a 22%, inferior ao que determina a lei, que exige 30%”, finaliza Lazari Junior.

Entrevistado
Economista Octávio de Lazari Júnior, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip)
Contato: imprensa@abecip.org.br

Crédito Foto: Divulgação/ABECIP

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Rio inaugura obra póstuma de Oscar Niemeyer

Projeto idealizado há mais de 50 anos pelo arquiteto preserva formas curvilíneas e agrega o que há de mais moderno em termos de construção sustentável

Por: Altair Santos

Projetados há mais de 50 anos por Oscar Niemeyer, os novos edifícios da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, são as primeiras obras inauguradas após a morte do arquiteto - ocorrida em dezembro de 2012. Localizado no bairro de Botafogo, o empreendimento conta com um prédio de 19 andares e um centro cultural que tem a marca registrada de Niemeyer: formas curvilíneas construídas em concreto armado.

Centro Cultural: em concreto e vidro, obra tem a marca registrada de Oscar Niemeyer.

O novo complexo da FGV foi executado pela Carioca Engenharia e a supervisão arquitetônica ficou a cargo de João Niemeyer - sobrinho de Oscar Niemeyer. O destaque da obra é o centro cultural, que conta com três pavimentos divididos em auditórios, biblioteca física e digital, salas de exposição e um grande vão para estudos. Tanto esta edificação, que será aberta ao público em abril de 2014, quanto o prédio de 19 andares, se juntam à antiga sede da Fundação Getúlio Vargas, também projetado por Niemeyer, e que atualmente passa por retrofit.

O investimento total da construção foi de R$ 210 milhões. Entre os dados técnicos, destaca-se o emprego de 6.512 m³ de concreto, em uma área construída de 44.735,64 m². O prédio de 19 andares, que chega a 92,21 m de altura, utilizou 20 mil m² de vidro para recobrir sua fachada. Ao todo, 619 operários atuaram na obra. Além disso, a edificação segue o padrão “triple A”, ou seja, empreendimento comercial de alta qualidade, com recursos tecnológicos de última geração compatíveis com a certificação LEED (Leadership in Energy and Environment Design).

Para obter a certificação de "prédio verde", a obra contou com 12 projetistas e consultores para as seguintes disciplinas: arquitetura, estrutura, fundações, instalações, ar condicionado, instalações prediais, prevenção e combate a incêndio, impermeabilização, acústica, iluminação, vidros e esquadrias, certificação LEED (Green Building) e elevadores. A construção durou três anos e efetuou o tratamento de todos os resíduos.

O complexo conta ainda com dispositivos de detecção de incêndio e dois subsolos de garagens, com cerca de 500 vagas. Os edifícios estão preparados para receber a circulação de 2.500 pessoas por dia. "Os prédios são verdadeiras obras de arte, como não poderia deixar de ser um projeto de Oscar Niemeyer. Além disso, trarão benefícios à população do Rio de Janeiro que extrapolam a área de atuação da FGV”, destaca o presidente da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Ivan Simonsen Leal.

Veja time-lapse da construção da Torre Oscar Niemeyer

Entrevistado
Fundação Getúlio Vargas (via assessoria de imprensa)
Contato: http://portal.fgv.br/contato

Crédito Foto: Américo Vermelho/FGV-RJ

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Bombas de concreto viram rotina nas obras brasileiras

ABESC avalia que mão de obra cara, combinada com a chegada de fabricantes chineses ao país, estimula uso deste tipo de equipamento na construção civil

Por: Altair Santos

A tecnologia de bombeamento de concreto entra em uma nova fase no Brasil. Com as empresas dispostas a construir edifícios cada vez mais altos, equipamentos que atendem essa demanda começam a ser usados com maior frequência no país. Em 2013, entrou em funcionamento uma bomba-lança com mastro de 63 metros de comprimento, que se transformou na maior do gênero na América Latina. A tendência, segundo a ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) é que essas máquinas atinjam alturas cada vez mais significativas e virem rotina na construção civil do país. "O mercado mudou com a entrada de fábricas chinesas no Brasil. Elas estão trazendo equipamentos maiores também para o bombeamento de concreto", revela Jairo Abud, presidente da ABESC.

Jairo Abud, presidente da ABESC: obras que consomem até 15m³ de concreto já utilizam bombas

Além da entrada de fabricantes chineses no Brasil, um outro fator incentiva o mercado de bombas de concreto, explica Abud. "No Brasil, recentemente, ocorreu o seguinte fenômeno: a mão de obra se tornou escassa e, consequentemente, ficou mais cara. Então, as construtoras passaram a explorar mais a produtividade que o bombeamento de concreto oferece. Esse equipamento compete sempre com o custo da mão de obra no Brasil. No passado era relativamente difícil realizar uma obra usando essas máquinas. Hoje, com os projetos dos prédios mais altos, uma combinação de fatores tornou competitivo o uso destas bombas", diz o presidente da ABESC. "Hoje, bombas são equipamentos rotineiros nas obras brasileiras e o custo, na grande maioria dos casos, absorve com facilidade esse serviço", completa o consultor da ABESC, Arcindo Vaquero y Mayor.

Jairo Abud dá um exemplo de como a produtividade das bombas de concreto é eficaz. "Há várias maneiras de colocar o concreto em uma laje. Ele pode ser levado de carrinho, com baldes ou por bomba de concreto. No sistema de carrinho com elevador, em obras com poucos pavimentos, é possível lançar de cinco a seis metros cúbicos por hora. Com o bombeamento é possível lançar sessenta metros cúbicos por hora, ou seja, você consegue colocar o concreto numa velocidade até dez vezes mais rápida do que no sistema convencional. Isso diminui o tempo de construção e, portanto, gera economia, pois a demora na obra encarece os custos", afirma. Segundo Abud, atualmente, para obras que envolvam a partir de 15 m³ de concreto, já é recomendável usar bombas.

Bombas de concreto
Bombas de concreto: equipamentos acrescentam ganho de produtividade

Para ser bem aproveitado por esses equipamentos, o concreto precisa ter boa fluidez. "Tem que ser um concreto mais líquido, mais mole. É preciso prepará-lo com uma quantidade maior de cimento por metro cúbico e também adicionar aditivos especiais que facilitam o bombeamento e reduzem o atrito. Esse concreto, por ter um consumo maior de cimento tem um resultado mais bonito e permite que peças aparentes fiquem melhor acabadas. Normalmente usa-se o concreto autoadensável. É uma tecnologia empregada intensamente no Brasil, inclusive utilizada nas construções do Minha Casa Minha Vida. Isso prova a viabilidade econômica do concreto bombeado", afirma o presidente da ABESC. "Para bombear a grandes alturas é necessário que o concreto seja muito fluído e com viscosidade adequada. Além do mais, a montagem da tubulação deve evitar vazamentos de nata", complementa Vaquero y Mayor.

Entrevistados
- Jairo Abud, engenheiro civil e economista, com atuação no setor concreteiro desde 1979 e atual presidente da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem)
- Arcindo Vaquero y Mayor, engenheiro civil e consultor técnico da ABESC
Contato: abesc@abesc.org.br

Crédito Foto: Divulgação/ABESC

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Projeto obriga vistoria em edifícios de todo o país

Se virar lei, país terá uma política nacional de manutenção predial, com base em normas da ABNT e com engenheiros civis credenciados para inspeções

Por: Altair Santos

Em sua última sessão de 2013, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) da Câmara Federal aprovou o projeto de lei nº 3370/2012, que trata da obrigatoriedade de vistorias periciais e manutenções periódicas nas edificações, sejam elas públicas ou privadas. A iniciativa pretende minimizar os danos causados à segurança e à estabilidade de edificações - problema recorrente no Brasil e que já deflagrou uma série de desabamentos.

Deputado Augusto Coutinho, autor do projeto: série de desabamentos em Recife desencadeou projeto de lei

O projeto baseou-se no direito assegurado pela Constituição Federal (caput do art. 5º) do cidadão transitar em vias públicas e permanecer em locais seguros, sem riscos de desabamentos. Agora, o texto seguirá para análise do Senado. A expectativa do deputado federal Augusto Coutinho (Solidariedade-PE) - autor do projeto - é de que o Congresso aprove a lei. Confira na entrevista a seguir:

No final do ano passado, a CCJ da Câmara aprovou projeto sobre vistoria obrigatória em edifícios. A partir de agora, quais os trâmites e quais as chances dele virar lei?
Após ter passado pela Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara Federal, o projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados em caráter conclusivo. O relator na CCJ, deputado Paes Landim (PTB-PI), votou pela constitucionalidade do substitutivo. O texto seguirá agora para análise do Senado e as chances de se tornar lei são grandes. Precisamos criar a cultura da manutenção no Brasil para evitar tragédias. Os prédios, sejam residenciais ou comerciais, públicos ou privados, deverão passar por inspeção do estado geral de solidez e funcionalidade a cada cinco anos, pelo menos. Já as condições de segurança contra incêndio e do sistema de elevadores deverão ser avaliadas anualmente.

O projeto especifica quem fará a vistoria nos edifícios, ou seja, serão engenheiros civis devidamente registrados no Crea?
Com certeza. As vistorias de que trata esta lei serão realizadas por iniciativa do condomínio ou responsável pela administração da edificação, através de pessoas físicas ou jurídicas, habilitadas na forma da lei, devidamente registradas no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), com base nas normas emanadas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.

Como a comunidade da engenharia civil e da construção civil recebe o projeto?
O projeto foi muito bem recebido pelos dois setores, inclusive promovi uma audiência pública na Câmara sobre o assunto com a participação de especialistas e representantes da engenharia e da construção civil. A questão dos desabamentos não é um problema pontual, exclusivo a determinado estado ou região, mas trata-se de um caos de âmbito nacional. Os responsáveis pelos edifícios precisam se certificar da ausência de riscos para a segurança. Isso porque não há como exigir que o Estado faça-se presente em todas as reformas de cada unidade autônoma do território brasileiro.

Há um limite quanto ao número de pavimentos dos edifícios ou o projeto abrange todos os prédios, independentemente do número de andares?
Não há limites quanto ao número de pavimentos. Todos deverão seguir os conceitos e determinação da legislação.

Tecnicamente, o projeto abrange vistorias de estruturas dos edifícios?

Sim. O proprietário do imóvel fica obrigado a entregar laudo técnico, assinado por engenheiro responsável devidamente inscrito no Crea, ao condomínio ou ao responsável pela administração da edificação no caso de qualquer espécie de reforma que implique modificação arquitetônica interior, atestando que a referida modificação não implicará riscos à segurança e à estabilidade da edificação.

Quanto a obras como pontes e viadutos, o projeto faz alguma referência?
A lei dispõe sobre a obrigatoriedade de vistorias periciais e manutenções periódicas nas edificações constituídas por unidades autônomas, públicas ou privadas, em todo o território nacional. E aplica-se também às edificações públicas, seja ela de natureza  educacional, cultural, de saúde, esportivas (ginásios e estádios),  pontes, viadutos e similares. Se um gestor público é incompetente e não faz com que a legislação seja cumprida, é preciso mudar de gestor. A legislação terá que ser cumprida e a população ser protegida.

O projeto de lei também é um alerta a quem fabrica concreto?
O que nós procuramos oferecer ao Brasil é uma legislação para evitar novos acidentes. O concreto, como tudo na vida, precisa de manutenção. Você precisa  cuidar do seu corpo, de um carro... e também de uma estrutura de concreto. Do contrário, pode ruir e levar ao chão o sonho de muitas famílias, além de ceifar vidas.  A legislação vai identificar o motivo da queda de um prédio.  Foi por falta de manutenção ou teve uma reforma malfeita? Foi defeito construtivo? É preciso criar responsabilidades do gestor público também.  Se um estádio de futebol cai, a culpa é do gestor que não cuidou da manutenção. Se um viaduto cai, a mesma coisa.

O projeto define prazos de três anos a cinco anos para as vistorias, dependendo da idade do edifício. Esse prazo é o ideal?
Sim. O projeto de lei prevê que, para edifícios com até 20 anos, a inspeção deve ocorrer a cada cinco anos. Para prédios mais antigos, o intervalo cai para três anos.

Há regiões do país em que os edifícios estão mais suscetíveis a riscos do que outras?
Pernambuco tem passado por graves problemas. De acordo com a Escola Politécnica da Universidade Federal de Pernambuco, de 1977 até 2004 doze edifícios desabaram, deixando mais de 30 vítimas fatais e dezenas de feridos. O último caso foi o do edifício Areia Branca, em 2004. Atualmente, somente o município de Olinda tem dezenas de prédios interditados por risco de desabamento. Isso é um problema preocupante e apenas com uma legislação em vigor poderás mudar esse quadro.

Entrevistado
Deputado federal Augusto Coutinho. Graduado em engenharia civil, ele já atuou como dirigente do SindusCon-PE e representante da referida entidade junto à Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe)
Contatos
http://www.facebook.com/DeputadoAugustoCoutinho
www.augustocoutinho.com.br
https://twitter.com/augustocmelo

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Criciúma ganha instituto de tecnologia de materiais

Centro de pesquisa em Santa Catarina será credenciado como instituição técnica avaliadora, para desenvolvimento de sistemas construtivos inovadores

Por: Altair Santos

Santa Catarina é o que mais investe em institutos de tecnologia e inovação entre os estados da região sul. Até 2015, serão inaugurados dez novos centros de pesquisa nas cidades de Florianópolis, São José, Jaraguá do Sul, Joinville, Chapecó, Blumenau, Itajaí e Criciúma. Com financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do SENAI (Serviço Nacional da Indústria) chega a R$ 1,9 bilhão o volume de recursos para esses empreendimentos.

Perolizadora: um dos equipamentos já em uso no instituto, que será oficialmente inaugurado em 2015

Uma boa parcela do investimento destina-se às obras do instituto que vai aprimorar a tecnologia de materiais aplicados na construção civil. O centro de pesquisa terá sua sede em Criciúma, cidade localizada ao sul de Santa Catarina, e será voltado para o estudo de cerâmicos, poliméricos e metais ferrosos e não ferrosos, além de desenvolver projetos na área de nanotecnologia. O Instituto SENAI-SC de Tecnologia em Materiais será um dos mais completos do país e terá 14 laboratórios. Entre eles:

Laboratório de caracterização química
Laboratório de caracterização térmica
Laboratório de caracterização física
Laboratório de caracterização reológica
Laboratório de caracterização de microestrutura
Laboratório de intemperismo
Laboratório de caracterização de cerâmica de revestimento
Laboratório de caracterização de blocos e telhas cerâmicas
Laboratório de caracterização de blocos e telhas de concreto
Laboratório de caracterização de copos descartáveis e eletrodutos
Laboratório de caracterização de tubos e forro de PVC
Laboratório de caracterização tintas imobiliárias
Laboratório de caracterização de embalagens rígidas e flexíveis
Laboratório de  caracterização de borracha

Além de aprofundar as pesquisas sobre materiais, o instituto em Criciúma também será credenciado como Instituição Técnica Avaliadora do SINAT (Sistema Nacional de Avaliação Técnica ) vinculado ao ministério das Cidades. "Os serviços de consultoria compreenderão a parte do sistema de controle de qualidade nas obras de construção civil, pela implementação do sistema SiAC PBQP-H para construtoras. Além disso, no campo de pesquisa aplicada, serão realizados trabalhos focando o desenvolvimento de novas formulações para concretos e argamassas, buscando otimizar suas características e a recuperação e valorização de resíduos", explica Steferson Luiz Stares, gerente do Instituto SENAI-SC de Tecnologia em Materiais.

O centro de pesquisa em Criciúma será usado também para a qualificação de profissionais ligados à engenharia. Em parceria com a UNESC (Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina) fornecerá infraestrutura para o curso de pós-graduação em materiais para construção civil. Para atender todas as demandas, inclusive o de consultoria para as indústrias catarinenses, o instituto tem implementado seu sistema da qualidade baseado na ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005 - Requerimentos gerais para Laboratórios de Ensaio e Calibração. "O objetivo é garantir todos os requisitos necessários, atendendo os interesses de todas as partes envolvidas no projeto", afirma Steferson Luiz Stares.

A implantação do Instituto de Tecnologia em Materiais compõe o programa SENAI de apoio à competitividade da indústria brasileira, cuja meta é auxiliar o desenvolvimento industrial por meio de serviços técnicos e tecnológicos, e de inovação. "O SENAI é o agente escolhido para implantar a iniciativa de inovação e de apoio à competitividade, devido à sua experiência e representatividade nos principais setores industriais brasileiros", completa o gerente do centro de pesquisa.

Entrevistado
Steferson Luiz Stares, gerente do Instituto SENAI-SC de Tecnologia em Materiais. Tem graduação, mestrado e doutorado em engenharia de produção
Contato: imprensa@sc.senai.br

Crédito Foto: Divulgação/Senai-SC

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Planta flexível sem custo é nova tendência

Em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, modalidade abrange cada vez mais os prédios residenciais. No sul, predomina em edifícios comerciais

Por: Altair Santos

Construtoras que oferecerem plantas flexíveis não é mais novidade no mercado imobiliário brasileiro. No entanto, as empresas decidiram dar um passo à frente: passaram a não cobrar mais pelo serviço. O comprador de um apartamento pode dispor, em alguns casos, de até 14 opções de plantas para personalizar sua moradia. Além da flexibilidade gratuita, algumas construtoras também já permitem mexer nas chamadas peças úmidas das unidades (banheiros, cozinhas e áreas de serviço) ampliando, diminuindo ou transformando-os em cômodos alternativos, como home office.

Em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, modalidade abrange cada vez mais os prédios residenciais. No sul, predomina em edifícios comerciais

Outra mudança no mercado é que as plantas flexíveis, antes limitadas a apartamentos padrão A, agora estão disponíveis também para lançamentos de imóveis com área inferior a 70 m². Essa já é uma tendência em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Nos estados do Sul, porém, prevalece a flexibilidade para apartamentos com padrões mais altos. "Em geral, a oferta de mudanças na planta é maior para as classes mais altas e menor para a classe média. Mas observa-se uma grande oferta de plantas flexíveis em imóveis comerciais", diz Marcos Kahtalian, consultor de marketing do SindusCon-PR.

Para o especialista, a oferta de plantas flexíveis tornou-se uma forte estratégia de mercado. Tanto é que, depois da popularização desta modalidade de venda, construtoras e incorporadoras já começam a adotar novas medidas para se diferenciar perante o consumidor. Uma delas é personalizar o apartamento do cliente. Neste caso, a empresa disponibiliza para o comprador uma seleção de kits de material de acabamento, a fim de tornar o imóvel diferente dos demais. Quem adere ao pacote paga uma diferença no valor, mas isso não tem impedido que essa inovação nas vendas traga bons resultados.

O perfil do consumidor também determina o sucesso das plantas flexíveis e da personalização dos imóveis. Em mercados como os de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, quem opta por apartamentos com essas características são jovens profissionais que estão iniciando um novo ciclo de vida - ou seja, saindo da casa dos pais - ou adultos divorciados. Outro fator que tem impulsionado esse segmento é a entrada em vigor da norma de desempenho - ABNT NBR 15575. As exigências termoacústicas para projetos de edifícios têm sido incorporadas pelo mercado imobiliário como diferenciais.

Plantas flexíveis: no sul do país, elas ainda atendem apenas apartamentos de alto padrão

Sistema construtivo

Sob o ponto de vista construtivo, boa parte dos projetos de edifícios que oferecem plantas flexíveis tem seus pavimentos construídos com lajes treliçadas bidirecionais com EPS. Entre as vantagens, elas permitem executar panos de lajes de grandes dimensões, proporcionando a flexibilidade nos pavimentos.

O sistema possibilita alterar as posições das paredes sem a tradicional interferência de vigas. Além disso, facilita embutir tubulações, eliminando rebaixos e forros falsos. "O planejamento de engenharia evoluiu para permitir a flexibilização das plantas", atesta Marcos Kahtalian.


Entrevistado

Marcos Kahtalian, consultor de marketing do SindusCon-PR (Sindicato da Indústria da Construção do Paraná)
Contato: marcosk@swi.com.br

Crédito Foto: Divulgação/SindusCon-PR

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330