Consumidor especializa-se em material de construção

Tendência foi confirmada na 20ª edição da Feicon Batimat, que aconteceu recentemente em São Paulo e reuniu 1.050 expositores

Por: Altair Santos

A 20ª edição da versão brasileira da Feicon Batimat, que aconteceu em São Paulo de 18 a 22 de março de 2014, manteve o foco em um novo modelo de cliente: o consumidor-especialista - aquele que tem se familiarizado cada vez mais com a construção civil e já possui critérios para escolher materiais, produtos, equipamentos e, inclusive, os melhores sistemas para sua construção. Foi ele o centro das atenções para os 1.050 expositores que estiveram na feira.

Versão brasileira da Feicon Batimat mobilizou milhares de pessoas em cinco dias de evento

Diante deste novo consumidor, o desafio é mostrar produtos em conformidade com as novas exigências do mercado, sobretudo depois da entrada em vigor da Norma de Desempenho. Aliás, essa foi a primeira edição da feira desde que a ABNT NBR 15575 passou a definir padrões de qualidade para sistemas construtivos e materiais. "Diferentes métodos ou tecnologias convivem no atual estágio da construção no Brasil, o que dificulta dizer o que é melhor para todos os empreendimentos e projetos. A Feicon Batimat, no entanto, procurou mostrar sistemas confiáveis a projetistas, arquitetos, engenheiros e construtores", diz Liliane Bortoluci, diretora da feira.

Outro objetivo da Feicon 2014 foi apresentar uma tendência que já está consolidada em países da Europa, e também nos Estados Unidos, que é o “faça você mesmo”. "O varejo da construção está atento a isso e, não por acaso, os home centers agora comercializam kits de produtos de fácil aplicação ou instalação. Entre os dois mil lançamentos anunciados na feira, tivemos equipamentos que permitem o trabalho de quem não atua profissionalmente na construção civil, além de produtos que facilitam pequenas reformas e minimizam os custos das construções", afirma Liliane Bortoluci.

Paralelamente à feira, aconteceu a Conferência Feicon Batimat 2014, que teve como tema central a profissionalização da mão de obra. "Os novos processos industriais e construtivos são uma realidade no país, e de extrema importância para acelerar obras, economizar materiais e minimizar desperdícios. Com isso, padronizar processos e qualificar a mão de obra são fundamentais", analisa a diretora da feira.

Crescimento de 5%
A Feicon Batimat, desde a sua 1ª edição, conta com o apoio da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) que representa 144 mil lojas e gera dois milhões de empregos diretos no comércio especializado, abrangendo todos os municípios brasileiros. Por isso, a feira é vista como um termômetro que mostra como será o ano para o setor. "Diria que o evento é também um propulsor de negócios. Ele gerou encomendas para três meses de produção, a partir de negociações que aconteceram dentro da feira", esclarece Liliane Bortoluci. Diante do volume de negócios, a Abramat saiu da Feicon projetando crescimento de 5% para 2014.

Entrevistado
Engenheira civil Liliane Bortoluci, diretora da versão brasileira da Feicon Batimat
Contato: reed@2pro.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Hospitais investem em arquitetura diferenciada

Edifícios requerem cada vez mais peculiaridades em seus processos construtivos. Isso obriga conhecimento específico de quem projeta e constrói

Por: Altair Santos

Edifícios hospitalares requerem cada vez mais peculiaridades em seus processos construtivos. Isso obriga conhecimento específico de quem projeta e constrói. Não é à toa que há um novo segmento na engenharia civil e na arquitetura que tem atraído um bom número de profissionais. Trata-se do setor voltado exclusivamente à construção de hospitais, onde praticamente exige-se que as edificações sejam sustentáveis e com eficiência energética, além de seguras em termos de acessibilidade. "Apesar de ainda não existir uma certificação específica para construções hospitalares, assim como LEED e Aqua, por exemplo, arquitetos e engenheiros que trabalham com o tema procuram cada vez mais seguir estas orientações", afirma o arquiteto Ronald de Goés, especialista em construção hospitalar.

Arquitetura hospitalar passou a ser exigência da Anvisa e do Ministério da Saúde

Também faltam no Brasil disciplinas dentro dos cursos de engenharia civil e de arquitetura que abordem especificamente a construção hospitalar. "Há cursos de especialização em Brasília, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Na graduação, apenas no curso de arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) existe uma disciplina específica sobre o assunto. Também há os cursos da AEA Cursos, que é de São Paulo e oferece carga horária de 20 horas, o que fornece boas informações sobre o tema. Mas essa baixa oferta de especialização não é uma exclusividade do Brasil. Arquitetura hospitalar é um curso difícil de encontrar até mesmo na Europa", cita Ronaldo de Goés, que há quase 40 anos é professor da UFRN.

Recentemente, o poder público, através da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Ministério da Saúde, passou a exigir projetos específicos nas licitações voltadas à construção de unidades da rede pública. Isso, segundo Ronaldo de Góes, melhorou sensivelmente a qualidade da arquitetura hospitalar. Porém, ainda há muito terreno para se avançar, diz o especialista. "Na média, os hospitais brasileiros estão aquém do desejado. Por exemplo, postos de saúde e prontos socorros sofrem com a ausência de arquitetura hospitalar. Sem contar que a grande maioria dos hospitais do país está instalada em prédios antigos, alguns com mais de 50 anos. Caberia uma política de retrofit para eles, mas nem se pensou nisso ainda", critica.

Referências
Os hospitais brasileiros referência em arquitetura hospitalar são os da rede Sarah Kubistchek, em Brasília, o Sírio-Libanês e o Albert Einstein, em São Paulo, e o Miguel Arraes, em Recife. Recentemente, o escritório de Ronald de Góes foi contratado para projetar hospitais em Angola, na África, que atendessem requisitos de arquitetura hospitalar. Segundo ele, uma obra com esses parâmetros precisa pensar em mobilidade, controle de infecções e humanização dos ambientes. O arquiteto também tem em seu currículo o novo Hospital Naval, em Natal.

Entrevistado
Arquiteto e professor-doutor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Ronald de Goés, especialista em projetos hospitalares e de hotéis e diretor-técnico da Ronald de Góes Arquitetura
Contato: rgoesarq@interjato.com.br

Crédito Foto: Divulgação/Ronald de Goes Arquitetura

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

PR bate recorde com novas empresas da construção civil

Mais de seis mil foram abertas no estado em 2013. Grande maioria das iniciativas está ligada a microempreendedores que atuam em obras de alvenaria

Por: Altair Santos

Em 2013, o Paraná estabeleceu um recorde em número de empresas abertas. Foram 103.825, das quais 52.436 foram de natureza jurídica variada e 51.389 enquadradas na categoria de microempreendedor Individual (MEI). Entre os setores com maior atividade no ano passado, a Junta Comercial do Paraná constatou a liderança da construção civil, responsável pela abertura de mais de seis mil empresas no estado.

Ardisson Naim Akel: alta demanda na construção civil leva microempreendededor a buscar a formalização

Dentro da cadeia produtiva do setor, o ramo de obras de alvenaria liderou, com a abertura de 5.261 empreendimentos. Segundo o presidente da Jucepar, Ardisson Naim Akel, o que pode explicar este volume é a busca da formalização por parte do construtor autônomo - conhecido popularmente como pedreiro. "Percebemos um grande volume de registros de microempreendedores individuais. São aqueles profissionais que pegam um serviço ali, outro aqui, e que estão procurando proteção previdenciária e outros direitos", explica.

Akel avalia que a formalização também passou a ser uma exigência das empresas. "A regularização do microempreendedor individual atende uma série de necessidades, tanto do trabalhador quanto das empresas que contratam mão de obra temporária. Outro motivo é a grande demanda de mão de obra terceirizada para complementar o trabalho das empresas, seja no acabamento, na construção civil ou em pequenas reformas particulares", diz.

Para a Jucepar, o SindusCon-PR tem contribuído com o aumento da formalização da mão de obra que atua nos canteiros de obra no Paraná. "O SindusCon é uma entidade parceira, com quem temos muito diálogo. Da mesma forma temos um relacionamento muito bom com a FIEP (Federação das Indústrias do Estado Paraná) para compartilhamento de informações. Isso, aliada à alta demanda por mão de obra na construção civil, ajuda na formalização do setor", avalia Ardisson Naim Akel.

A opção dos novos empresários pelo formato de microempreendedor individual se dá, segundo a Jucepar, por causa do valor mínimo de capital. "Se ele quer ser simplesmente um prestador de serviços para uma empresa, poderá ter um número de empregados pequenos, não vai ter que investir em equipamento ou em estoque de materiais e não precisará de um capital muito grande. Já, se o projeto dele é ser um pequeno incorporador para construir sobradinhos, por exemplo, ele vai ter que ter equipamento e vai ter que ter um capital maior", comenta o presidente da Jucepar.

Entre as regiões do Paraná com maior número de abertura de empresas, destacam-se Curitiba e região metropolitana. Também há dados significativos nas regiões de Maringá, de Londrina, no oeste do Paraná e na região dos Campos Gerais. Além das 5.261 empresas especializadas em obras de alvenaria, a Jucepar registrou também que foram abertos 960 empreendimentos voltados à construção de edifícios, 477 especializadas em obras de acabamento de construção, 31 voltadas a obras de engenharia civil e 4 de aluguel de andaimes.

Bom sinal
Segundo a Junta Comercial do Paraná, a formalização de microempreendedores da construção civil tende a trazer melhoria nos serviços e dar mais segurança ao contratante. "Quem contrata sabe que trata-se de um profissional que está no mundo legal, que tem endereço fixo, dados de controle social e CNPJ ligado a um CPF e a um RG, ou seja, é mais segurança para o contratante. Já para o empreendedor individual legalizado também há maior segurança. Ele poderá formalizar contratos, cobrar o justo valor, enfim, ter segurança jurídica", conclui Ardisson Naim Akel.

Entrevistado
Ardisson Naim Akel é graduado em direito e em administração de empresas. Ocupa o cargo de presidente da Junta Comercial do Paraná e da Associação Nacional de Juntas Comerciais (Anprej)
Contato: presidencia@jucepar.pr.gov.br

Crédito Foto: Hamilton Zambiancki/Jucepar

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Norma de estacas pré-fabricadas de concreto entra em vigor

ABNT NBR 16258 deve levar três anos para ser absorvida integralmente pelo mercado, mas fabricantes já estão adequando suas linhas de produção

Por: Altair Santos

Desde 17 de fevereiro de 2014, está em vigor a ABNT NBR 16258 (Estacas pré-fabricadas de concreto – Requisitos). A nova norma técnica estabelece novos procedimentos para projeto, fabricação, estocagem e manuseio de estacas pré-fabricadas ou pré-moldadas de concreto, destinadas à utilização como elementos de fundação profunda. A normativa foi elaborada pelo Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados da Associação Brasileira de Normas Técnicas (CB-18/ABNT).

Fabricantes de estacas que adotam boas práticas deverão sentir pouco os impactos da nova norma

Segundo o coordenador da Comissão de Estudos de Estacas Pré-Fabricadas de Concreto, Cláudio Gonçalves, o texto aborda os aspectos técnicos que envolvem a padronização desde a produção fabril. "Na verdade, ela formaliza as boas práticas do mercado", diz o engenheiro civil, para quem as empresas que já adotam os parâmetros contidos na ABNT NBR 16258 não deverão enfrentar percalços. Mesmo assim, a expectativa é de que a norma seja totalmente absorvida no prazo de três anos.  Saiba o porquê na entrevista a seguir:

A NBR 16258 entrou em vigor em 17 de fevereiro de 2014. Neste início de implantação da nova norma, como o mercado a tem assimilado?
Muitas empresas participaram ativamente da elaboração desta norma. Durante esse trâmite, fomos tomando decisões em conjunto com as empresas que estavam participando que, em grande maioria, começaram automaticamente a adaptar a sua linha de produção à nova norma. Elas sabiam que isso não se faria de uma hora para outra, e se anteciparam. Já outras ainda não. Mas é normal em se tratando de uma nova norma. No começo, o pessoal vai se adaptar, vai digerir tudo aquilo que muda. As empresas que já fabricam estacas conforme estes parâmetros vão sofrer menos traumas. Aquelas que não tinham padrão nenhum vão sofrer um pouco mais. Acredito que em dois ou três anos vai estar todo mundo adaptado. Na verdade, a norma é bem democrática e abrange 90% do que já é feito por todos. O que ela faz é apenas formalizar todas as práticas. Agora, trata-se de um período de adaptação e vai haver outro período, que é o do mercado consumidor, de quem compra, de quem projeta e de quem indica o produto. Isso fará uma separação do joio e do trigo, ou seja, daquelas empresas que têm um padrão de qualidade definida e aquelas que ainda não se adaptaram à norma técnica.

Claudio Gonçalves: empresas que já fabricam estacas conforme estes parâmetros vão sofrer menos traumas

Hoje, qual a fatia do mercado que as estacas pré-fabricadas ou pré-moldadas ocupam, e qual a expectativa a partir da norma?
Depende do nicho da obra. Na região litorânea, por exemplo, que requer estacas muito profundas, por causa das camadas moles, a adoção de estacas pré-fabricadas passa de um mercado de 6% para mais de 50%. Nos centros urbanos, onde as obras são mais verticalizadas, a pré-moldada encontra resistência por causa do barulho e da infiltração. Mas isso se refere ao mercado imobiliário. Na minha empresa - a SOTEF Engenharia -, existe uma carteira de 250 mil m³ de estacas pré-moldadas em três regiões (São Paulo; Rio de Janeiro e Minas Gerais). Só que o perfil destas obras é outro. São obras industriais, onde o mercado para a estaca pré-fabricada de concreto está bom. Mas teve uma época, em 2013, em que a estaca por hélice contínua estava em melhor posição. Então, depende muito das oscilações do mercado.

A norma NBR 16258 trata especificamente do quê?
A norma trata de requisitos básicos para fabricar, transportar e poder ter um produto de boa qualidade. É o projeto da estaca propriamente dito: fabricação, matérias primas e estocagem.

Destes requisitos, existe um que seja o mais crítico?
As estacas pré-fabricadas de concreto têm características muito interessantes. Quais? Você testa individualmente uma por uma. Não existe nenhuma estaca de nenhum fabricante que não é testada e testada da pior forma: na martelada. Esta metodologia de testar o produto antes de usar acaba separando a boa da má estaca. Outro aspecto é que, por mais leigo que seja o comprador, só de olhar ele já tem sensação se aquilo está bom ou ruim, se tem trincas ou fissuras. A estaca é um produto de interação que permite até ao leigo agir e avaliar modestamente se aquilo está bom ou ruim. É como ir comprar azulejo. Apenas olhando se percebe se está bem ou mal acabado. Isso salta aos olhos. Há interação com o produto. Com a estaca pré-fabricada de concreto é assim também.

A norma deve forçar a industrialização na fabricação de estacas pré-fabricadas ou pré-moldadas ou as fabricadas artesanalmente ainda continuarão existindo?
Não existe estaca fabricada artesanalmente. Existem dois tipos de estaca: as pré-moldadas e as pré-fabricadas. A estaca só é caracterizada como pré-fabricada quando ela obedece certos requisitos normativos que a encaixam com produto pré-fabricado. Tem uma série de condições industriais e de controle laboratorial que praticamente fazem com que o produto pré-fabricado não tenha a mínima condição de ser artesanal. Já o pré-moldado é mais light. O que é um pré-moldado? Eu quero fazer uma estaca no canteiro de obras. Posso fazer? Tenho uma obra grande, uma usina modesta, um laboratório não tão requintado, mas posso fazer. Obviamente, uma estaca feita desta forma apresenta um padrão de excelência, um padrão de qualidade, um pouco inferior do que outra feita dentro de uma usina com controle severo. Isso exige que uma estaca feita desta forma tenha coeficientes maiores, pois o controle será menor. Então, resumindo: uma estaca pré-fabricada só pode ser fabricada artesanalmente se ela for pré-moldada. E se ela for pré-moldada, precisa ter coeficientes mais rigorosos. Enquanto uma estaca pré-fabricada de concreto de 17x17 tem carga estrutural de 35 toneladas, uma pré-moldada de 20x20 terá que ter carga de 28. É o padrão de controle que me obriga a aumentar o coeficiente para uma carga estrutural menor. É o preço que se paga pelo artesanal.

Antes da NBR 16.258, a fabricação de estacas pré-fabricadas ou pré-moldadas era submetida às seguintes normas: ABNT NBR-6118 (Projeto de estruturas de concreto – Procedimento) e a ABNT NBR-9062 (Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado) além da ABNT NBR-6122 (Projeto e execução de fundações). Elas seguirão fazendo parte da fabricação?
A 6122 é uma norma de fundações, ou seja, é da estaca posta no solo. Ela visa saber como será transferida a carga ao solo. Ela não quer saber como será fabricada a estaca, se tem mais ou menos concreto, se tem módulo ou não. Esse não é o caráter dela. É norma de fundação, não de estrutura. Já a 6118 não fala nada sobre estaca. Para fazer alguma coisa de estaca baseado na 6118 você tem que interpretar que a estaca é um elemento estrutural, e que é dimensionado parte como viga e parte como pilar. Por que parte como viga e parte como pilar? Porque para dimensionar e fazer manuseio e transporte é como se fosse uma viga. Para colocar uma carga, é como se fosse um pilar. Quanto à 9062, é uma norma de pré-fabricado e nela só há uma citação sobre estaca, mas não fala sobre anel, não fala sobre cobrimento, nem sobre emenda e nem sobre concreto específico, pois estaca de pré-fabricado requer concreto específico para resistir ao esforço de compressão.

A norma NBR 16.258 especifica uma resistência mínima e máxima do concreto para a fabricação das estacas?
Em 1986, a NBR 6122 colocava que o concreto de estaca pré-fabricada tinha que ter 25 MPa. Em 1996, passou para 35; em 2010, aumentou para 40 MPa. Por que isso? Porque a tecnologia de concreto avançou vertiginosamente. Hoje há tecnologia para fabricar concreto com resistência maior do que 40. Então, a norma sugere que cada empresa fabrique o seu concreto com a melhor qualidade possível e coloque mais carga de acordo com o seu potencial de fabricar concreto.

A norma também sugere o uso de algum tipo de concreto em detrimento de outro?
Na verdade, a norma fixa 40 MPa como máximo e fixa módulo de elasticidade, que é mais importante do que resistência. Módulo de elasticidade está associado à capacidade que a estaca tem de aceitar deformação.

E quanto ao cimento, ela especifica qual o melhor para a fabricação das estacas?
Ela especifica o cimento, mas hoje 99% das empresas utilizam o cimento de alta resistência inicial.

Uma nova norma sempre leva algum tempo para pegar. O comitê (CB-18) estima um tempo para que ela seja totalmente absorvida pelos fabricantes?
Acredito que em três anos esta norma pega, por que a maior parte das empresas que participaram de sua confecção são empresas que fabricam estacas e já foram se adaptando. Quando o mercado começar a cobrar os requisitos da norma quer dizer que ela pegou.

Entrevistado
Engenheiro civil Claudio Gonçalves, diretor-técnico da Sotef Engenharia Ltda (Sociedade Técnica de Engenharia de Fundações Limitada) e coordenador da Comissão de Estudos de Estacas Pré-Fabricadas de Concreto da CB-18/ABNT
Contato: claudiotec@ig.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Livro escrito por Jaime Lerner inspira pós-graduação

Parceria entre Universidade Positivo e arquiteto faz surgir o curso "Acupuntura Urbana", voltado a planejadores de cidades de médio e grande porte

Por: Altair Santos

Dez anos após seu lançamento, o livro Acupuntura Urbana (editora Record) escrito pelo arquiteto e urbanista Jaime Lerner em 2004, está inspirando um curso de pós-graduação na Universidade Positivo (UP) em Curitiba. A especialização é desenvolvida em conjunto com o Instituto Jaime Lerner, sob a supervisão acadêmica do arquiteto. "Todas as ideias que levaram à estruturação do curso foram pensadas com a participação dele. Houve sempre a preocupação de compor um conjunto de módulos afinados com tais ideias", explica a arquiteta Maria da Graça Rodrigues dos Santos, professora da UP e coordenadora do curso.

Jaime Lerner: supervisão acadêmica da pós-graduação, que parte das teses defendidas no livro Acupuntura Urbana

A pós-graduação apresenta temas como “A cidade moderna”, “Alternativas para a cidade no novo século”, “Cidade e meio ambiente”, “Cidade e mobilidade” e “Cidade e Patrimônio”. "Entendemos que, a partir desta base, o aluno pode conhecer e discutir as questões que caracterizam as cidades contemporâneas e assim apresentar propostas para solucionar os problemas urbanos atuais, ou seja, o conjunto de temas abordados no curso resulta num conhecimento necessário para preparar os profissionais que irão intervir nas nossas cidades", diz Maria da Graça Rodrigues dos Santos.

Outro objetivo da pós-graduação é estimular o debate sobre o planejamento de médias e grandes cidades. "O curso tem foco nestas cidades por que o nível de problema e o grau de complexidade delas requerem a adoção de soluções criativas e inovadoras", diz a professora da Universidade Positivo, mostrando por que o livro Acupuntura Urbana foi escolhido como base para a pós-graduação. "O livro traz o que, no entendimento do arquiteto Jaime Lerner, deve ser considerado para pensar e agir sobre a cidade. Nós reconhecemos a importância desta abordagem e por isso queremos compartilhar esta experiência", completa.

Sobre o curso de pós-graduação Acupuntura Urbana

Com início previsto para maio de 2014, o curso é voltado para arquitetos já graduados e também profissionais que atuem no planejamento de cidades. Todas as ideias que levaram à estruturação da pós-graduação foram pensadas com a participação do urbanista. Segundo Lerner, o curso promove uma revisão crítica das teorias e propostas para a cidade moderna, com a intenção de mostrar novas ideias para o século 21. "A cidade é um sonho coletivo. Mas, às vezes, as cidades precisam de algumas agulhadas que criem uma nova energia, que é o princípio da acupuntura", avalia.

De acordo com Maria da Graça Rodrigues dos Santos, Acupuntura Urbana foi escolhido para referendar a pós-graduação por trazer o que, no entendimento do arquiteto Jaime Lerner, deve ser considerado para pensar e agir sobre a cidade. A carga horária do curso é de 420 horas, com aulas aos sábados (8h30 às 12h30 e 13h30 às 17h30), a cada três semanas. O investimento é de 24 parcelas de R$ 890,00. O período de matrícula é de 1º a 4 de abril de 2014.

Entrevistada
Maria da Graça Rodrigues dos Santos, professora do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Positivo e coordenadora da pós-graduação Acupuntura Urbana
Contatos
mrsantos@up.com.br
exatas@up.com.br

Crédito Foto: Divulgação/Daniel Katz

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Copa vai começar com pelo menos 30 obras inacabadas

A menos de 90 dias para o início do mundial, o chamado "legado" está cada vez mais comprometido nas cidades-sedes que receberão os jogos

Por: Altair Santos

Além de quatro estádios ainda correrem contra o tempo para ficar 100% prontos - Arena da Baixada, Arena Pantanal, Arena da Amazônia e Arena Corinthians -, há o risco real de, em 12 de junho de 2014, a Copa do Mundo começar sem que pelo menos 30 obras estejam concluídas. Os projetos ameaçados vão desde reformas em aeroportos até empreendimentos voltados à mobilidade. Neste cenário, estão todas as 12 cidades-sedes do mundial.

Corredor de BRT em Cuiabá: uma das várias obras que só deve ser inaugurada depois do mundial

Em 2010, quando foi lançada a Matriz de Responsabilidade, o que ficou conhecido como o "legado da Copa", os governos federal, estaduais e municipais se comprometeram a viabilizar 51 obras, além dos estádios. Quatro anos depois, apenas cinco foram concluídas. Outras onze tiveram seus projetos abortados e somente mais cinco devem ficar prontas até abril. Sobram 30, cujos cronogramas não dão nenhuma garantia de que devam ser inauguradas até junho.

O atraso levou a um debate recente na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal. No encontro que aconteceu dia 11 de março de 2014 participaram integrantes do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) o qual vem acompanhando a evolução da Copa do Mundo no Brasil desde que o país foi oficialmente escolhido pela Fifa, em 2007.

Para o presidente do Sinaenco, José Roberto Bernasconi, o que comprometeu o "legado" foram projetos mal formulados. "Eles criaram uma falsa expectativa em torno da conclusão de todas as obras até o evento", diz, afirmando que talvez o "legado da Copa" para o Brasil seja o fato de que o país poderá aprender com os erros. "É preciso aprender com os erros, o que significa romper com o ciclo vicioso da falta de planejamento e da execução de obras sem o projeto de engenharia completo. Planejar é pensar antes”, ressalta.

Abandono

Presidente do Sinaenco, José Roberto Bernasconi: planejar é pensar antes

Segundo o presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, senador Cyro Miranda (PSDB-GO) o receio é de que, passada a Copa do Mundo, as obras que ficarem inconclusas sejam abandonadas. "Só tem legado quando ele é entregue. Temos preocupações grandes. Depois que passar a Copa, quanto tempo levaremos para entregar esse legado?", indaga.
A opinião do parlamentar foi reforçada pelo representante do Tribunal de Contas da União (TCU) no debate.

"Eventualmente, os empreendimentos atrasaram porque os prazos foram mal dimensionados", afirma Rafael Jardim Cavalcante, citando as reformas nos aeroportos como exemplo. "Quase todos os terminais aéreos vão operar durante a Copa do Mundo com obras provisórias, os chamados ‘puxadinhos’", completa.

As reformas nos aeroportos das cidades-sedes somam R$ 5,469 bilhões. A mais cara está no terminal de Guarulhos, em São Paulo, que envolve R$ 2 bilhões. Em seguida vem o Galeão, no Rio de Janeiro, com custo de R$ 818 milhões. Entre as obras de mobilidade, a com o maior orçamento é o BRT Transcarioca, avaliada em R$ 1,883 bilhão. Nenhum destes empreendimentos têm previsão de ficar pronto até o final de maio.

Clique aqui para ver a situação das 51 obras de mobilidade que representariam o "legado da Copa".

Entrevistados
Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal e Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco)
Contatos
sinaenco@sinaenco.com.br
cyro.miranda@senador.leg.br

Crédito Foto: Portal da Copa/ME/José Medeiros/Geraldo Magela/Agência Senado

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Desafio do MCMV é agregar NBR 15575 sem elevar custo

Ministério das Cidades, através da secretaria nacional de habitação, cria comitê técnico para viabilizar Norma de Desempenho no Minha Casa Minha Vida

Por: Altair Santos

O ministério das Cidades, através da Secretaria Nacional de Habitação, criou um comitê técnico para viabilizar a implementação da Norma de Desempenho (NBR 15575:2013 - Edificações Habitacionais - Desempenho) nas faixas 1, 2 e 3 do Minha Casa Minha Vida. Uma das maiores preocupações é não repassar custos ao preço final das unidades, apesar de os organismos de governo reconhecerem que as obras tendem a encarecer. “Já estamos prevendo um adicional, mas estimamos que não seja um custo alto. Normas técnicas deveriam ser absorvidas naturalmente, mas estamos dispostos a revisar itens de Habitação de Interesse Social (HIS) com o compromisso de não repassar custos para as famílias”, afirma a coordenadora geral do PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat) Maria Salete Weber.

Maria Salete Weber: mesmo que haja aumento de custo, intenção é não repassar às famílias

A representante do governo afirmou que uma das soluções talvez seja regionalizar ainda mais os custos - uma prática que o MCMV já adota. Além disso, o programa já incorpora uma série de subsídios, que vão desde juros a incentivos fiscais, passando por desoneração de impostos e materiais. “Independentemente do custo, nosso desafio é implantar a Norma de Desempenho. Ela vai agregar qualidade e inovação tecnológica ao programa e fazer a gente rever uma premissa, ou seja, não mais priorizar a quantidade, mas a qualidade. Serão valorizados projetos arquitetônicos, materiais e urbanismo, além de soluções que minimizem a manutenção do condomínio e priorizem o produto final. Reconheço, como agente oficial do ministério das Cidades, que temos sistemas de gestão da qualidade, sistemas de apoio tecnológico, mas não temos um sistema de controle do produto final”, diz Weber.

A implementação da ABNT NBR 15575 no Minha Casa Minha Vida se dará através dos 28 Programas Setoriais da Qualidade (PSQs) que já operam dentro do PBQP-H. “Eles serão um elo importante para o cumprimento da norma. Além disso, temos a experiência positiva consolidada pelo Sinat (Sistema Nacional de Avaliação Técnica) que foi criado em 2007 para verificar sistemas construtivos inovadores, e que já cumpre essa função com base no desempenho dos materiais”, explica Maria Salete Weber. Segundo ela, o objetivo é estabelecer um fórum com os gerentes dos PSQs, a fim de que eles constituam uma força tarefa para alterar especificações mínimas do Minha Casa Minha Vida. “Eles irão mapear o programa, para ver onde ele já atende a norma. Feito isso, o objetivo é disponibilizar um catálogo eletrônico no portal do ministério das Cidades, que será retroalimentado a cada atualização de ensaios laboratoriais”, completa a coordenadora geral do PBQP-H.

Maria Salete Weber passou essas informações no seminário “Impactos da Norma de Desempenho”, que aconteceu nos dias 17 e 18 de fevereiro, em São Paulo - evento promovido pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), SindusCon-SP e outros organismos do setor. Durante sua palestra, ela também fez um balanço do Minha Casa Minha Vida. O programa espera fechar 2014 com 3,75 milhões de habitações contratadas, das quais 1,5 milhão já foi entregue. O investimento já alcança R$ 199 bilhões e a maior parte das habitações (cerca de 2/3) está concentrada nas regiões sudeste e nordeste do país.

Entrevistada
Arquiteta Maria Salette de Carvalho Weber, coordenadora geral do PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat)
Contato: salette.weber@cidades.gov.br

Crédito Foto: Divulgação/SindusCon

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Abramat prepara entrada de novos produtos no mercado

Para associação, Norma de Desempenho combate concorrência predatória e permite que indústria coloque materiais inovadores no mercado nacional

Por: Altair Santos

O presidente da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) Walter Cover anuncia que as empresas do setor vão começar a preparar uma série de produtos inovadores para lançar no mercado entre 2014 e 2015. O que motiva o segmento é a Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575:2013 – Edificações Habitacionais – Desempenho).  "A norma tende a banir produtos em não-conformidade, reduzindo a concorrência predatória e permitindo que a indústria coloque no mercado produtos que antes não chegavam ao consumidor, principalmente por que não conseguiam competir em preço", afirma.

Walter Cover: equipamentos que vêm de fora terão que comprovar cumprimento das normas brasileiras

Walter Cover comenta que a NBR 15575 dá maior instrumentalização para que o Código de Defesa do Consumidor possa agir contra produtos internacionais e nacionais não adequados. "Até o rastreamento do problema fica mais fácil com a norma. Os fornecedores internacionais terão que comprovar o desempenho dos produtos baseados nas normas brasileiras ou nas normas internacionais compatíveis com a Norma de Desempenho. Além disso, deverão trazer em suas embalagens tempo de vida útil, cuidados no uso e como fazer a manutenção", completa.

O presidente da Abramat admite, no entanto, que para colocar produtos inovadores e, ao mesmo tempo, com maior qualidade no mercado, será preciso investir em pesquisa. "É necessário intensificar ensaios de comportamento e de uso, através de investimento em laboratórios e também em inovação. Há no Brasil uma escassez de laboratórios que façam teste de segurança do fogo e ensaios de acústica. Além disso, não dispomos de métodos que permitam precisar sistemas formados por diferentes componentes. No caso de uma esquadria, por exemplo, que é feita de aço, vidro e plástico, teremos que aprimorar os ensaios para ver como se comporta a vida útil deste conjunto", diz.

Cover destaca ainda que a Norma de Desempenho obrigará a Abramat a promover uma campanha de orientação junto a seus associados, para que eles capacitem melhor a mão de obra - tanto a que produz quanto a que vende. "A norma vai obrigar o setor a subir a régua. É possível que isso resulte em um repasse de custo, ainda não sabemos, mas o importante é que haverá evolução. Acho que a empresa que souber usar a Norma de Desempenho como instrumento de marketing, para valorizar seus produtos e sua marca, sairá na frente", finaliza.

As declarações de Walter Cover ocorrem durante o seminário Impactos da Norma de Desempenho, que aconteceu dias 17 e 18 de fevereiro de 2014, em São Paulo-SP. O evento foi promovido pelo SindusCon, em conjunto com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e outros organismos ligados à indústria da construção civil.

Clique aqui para conferir a apresentação do presidente da Abramat no seminário Impactos de Norma de Desempenho.

Entrevistado
Walter Cover, presidente da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção)
Contato: abramat@abramat.org.br

Crédito Foto: Divulgação/Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Até 2015, CB-02 quer revisar 120 normas técnicas

Comitê Brasileiro de Normalização para a Construção Civil agiliza processos para que Norma de Desempenho não perca vigor

Por: Altair Santos

Para que a Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575:2013 – Edificações Habitacionais – Desempenho) pudesse vigorar sem entraves, metade das outras normas das quais ela lança mão, e que no total somam 240, tiveram que ser revisadas. Agora, o Comitê Brasileiro de Normalização para Construção Civil da  ABNT, o CB-02, prepara-se para revisar a outra metade das normas que a NBR 15575 cita, ou seja, mais 120.

Paulo Sanchez, do SindusCon-SP: até o final de 2015, 100% das normas devem estar revisadas

O compromisso é de que até o final de 2015 ocorra a atualização de todas elas. "Até o final do ano que vem, teremos que deixar 100% de nossas normas atualizadas. São 240 normas referenciadas na norma de desempenho. Além disso, o CB-02 trabalha em duas novas normas: a de acústica do meio urbano e uma específica para guarda-corpo em ambiente público", diz Paulo Sanchez, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP.

Além de se preocupar com as normas englobadas na NBR 15575, o CB-02 da ABNT - responsável pela elaboração da Norma de Desempenho - preocupa-se também com a manutenção das normas. "Isso requer planejamento. Assim que a Norma de Desempenho foi publicada (em 19 de fevereiro de 2013) fomos pesquisar todas as normas citadas na NBR 15575. Descobrimos que a idade média delas era de dez anos. Existem algumas que são de 1980, e, obviamente, estão desatualizadas. Se elas não foram atualizadas, a Norma de Desempenho não cumprirá sua função", explica Carlos Alberto Borges, vice-presidente do Secovi-SP.

Carlos Alberto Borges: algumas normas têm idade média de dez anos

Borges, assim como Paulo Sanchez, expôs suas opiniões sobre a revisão das normas que são citadas na Norma de Desempenho durante o seminário Impactos da Norma de Desempenho, que aconteceu dias 17 e 18 de fevereiro de 2014, em São Paulo-SP. O evento foi promovido pelo SindusCon, em conjunto com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e outros organismos ligados à indústria da construção civil. "É preciso deixar claro que a Norma de Desempenho não é uma norma, mas sim um instrumento que engloba várias normas, algumas delas já existentes há muito tempo", completa o vice-presidente do Secovi-SP.

Suely Bueno, presidente da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) e também integrante do CB-02, destaca que uma das preocupações do comitê deve ser o de criar um método de revisão sistemática das normas.  "O ideal seria que a cada cinco anos elas fossem colocadas automaticamente em processo de revisão", avalia.

Suely Bueno: normas devem ter um método de revisão sistemática

Ela também afirma que a associação que dirige está debruçada na discussão de todas as normas que associam estruturas de concreto com a NBR 15575. "Das relacionadas com a Norma de Desempenho, a ABECE está discutindo norma por norma. Primeiro, analisamos a norma de ações e segurança (NBR 8681 - Ações e segurança nas estruturas - Procedimento); depois, a norma de resistência ao fogo (NBR 14432 - Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações - Procedimento). O objetivo é promover um alinhamento e tornar os documentos harmônicos", assegura.

Entrevistados
Engenheiros civis Paulo Sanches, vice-presidente de tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP; Carlos Alberto Borges, vice-presidente do Secovi-SP, e Suely Bueno, presidente da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural).
Contato: cobracon@cobracon.org.br

Divulgação/SindusCon-SP/Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Déficit habitacional tende a ser zerado em 2024

Caixa Econômica Federal avalia que atual ritmo de financiamentos deve, em dez anos, viabilizar as 5,24 milhões de unidades que faltam no país

Por: Altair Santos

Dados mais recentes divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam que o déficit habitacional no Brasil caiu, em termos absolutos, 6,2% entre 2007 e 2012. Em termos relativos - cálculo que considera a proporção do déficit em relação ao total de domicílios existentes -, a queda foi maior, chegando a 14,7%. Significa que o país, que registrava déficit de 5,59 milhões de habitações em 2007, viu esse número cair para 5,24 milhões de unidades. “Isso quer dizer que, pela primeira vez, a produção de unidades foi maior, inclusive, do que o crescimento vegetativo da população”, avalia o gerente de desenvolvimento urbano e rural da Caixa Econômica Federal, em São Paulo, Luiz Guilherme de Matos Zigmantas.

Luiz Guilherme de Matos Zigmantas: Caixa vive momento de transição em relação à Norma de Desempenho

Por conta dos números, o representante da Caixa estima que o Brasil tem a possibilidade real de zerar o déficit habitacional no prazo de dez anos. “Essa toada de produção do Minha Casa Minha Vida, programa que já completou cinco anos, nos permite ousar dizer que em 2024 poderemos acabar com o déficit habitacional”, afirma Zigmantas. Para ele, porém, o que se impõe agora é impedir que o padrão de qualidade das habitações de um passo atrás. “A Norma de Desempenho é um marco. Ela impede que o padrão de habitação alcançado atualmente regrida. Além disso, também vai possibilitar um salto de qualidade na questão do urbanismo. A partir de agora, poderemos pensar em bairros planejados dentro do Minha Casa Minha Vida”, completa.

Outra mudança que a Norma de Desempenho causou nas ações do maior banco financiador de habitações do país foi no pacote de qualidade da Caixa. “Criamos o Caixa de Olho na Qualidade e uma ouvidoria que, em cinco dias, dá resposta ao comprador. Neste período, um engenheiro é enviado à habitação para averiguar a reclamação. Em seguida, a Caixa responde e encaminha a solução. Isso tudo é feito de forma transparente, já que a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) tem acesso às nossas ouvidorias. Também investimos em treinamento interno dos funcionários do banco. O Guia CBIC sobre a Norma de Desempenho foi adotado pela Caixa como o caderno oficial de treinamento”, explica o gerente de desenvolvimento urbano e rural da Caixa Econômica Federal, em São Paulo.

Déficit habitacional brasileiro fechou 2013 com volume de 5,24 milhões de unidades

Zigmantas comenta que a Caixa Econômica Federal vive um momento de transição em relação à Norma de Desempenho. Hoje, o construtor que busca financiamento no banco se compromete a aplicar a NBR 15575 em seu empreendimento imobiliário. "Acrescentamos uma cláusula em separado no contrato de financiamento da Caixa, em que o construtor se compromete a atender a norma. Gradualmente, a Caixa vai aumentar o nível de conferência e fiscalização da norma. Diria que o momento é de transição", analisa.

Projetos isentos
Para projetos registrados nas prefeituras antes de 19 de julho de 2013, quando a Norma de Desempenho entrou em vigor, a Caixa afirma que esses estão isentos de cumprimento da norma. "Em compensação, desde a entrada em vigor da norma, as exigências aumentaram bastante, sobretudo para quem vai construir mais de 300 unidades com recursos da Caixa. Destes, estamos exigindo, inclusive, unidade-modelo nos estandes de venda", conclui  Zigmantas, cujas declarações foram dadas no seminário Impactos da Norma de Desempenho, que aconteceu de 17 a 18 de fevereiro de 2014, em São Paulo-SP. O evento foi promovido pelo SindusCon, em conjunto com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e outros organismos ligados à indústria da construção civil.

Entrevistado
Engenheiro civil Luiz Guilherme de Matos Zigmantas, gerente de desenvolvimento urbano e rural da Caixa Econômica Federal, em São Paulo
Contatos
gepad10@caixa.gov.br
luiz.zigmantas@caixa.gov.br

Créditos Fotos: Divulgação/SindusCon-SP/Agência Brasil

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330