Em alta, crédito imobiliário bate recorde de 20 anos

Primeiro bimestre de 2014 fecha com volume de R$ 17 bilhões para aquisição e construção de imóveis e equivale a 36% a mais do que igual período de 2013

Por: Altair Santos

Em fevereiro de 2014, o volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis somou R$ 8,8 bilhões. O total de recursos representa o melhor resultado para o mês em 20 anos. Se comparado a fevereiro de 2013, o crescimento foi de 52%. Somados os desempenhos de janeiro e fevereiro, o primeiro bimestre de 2014 alcançou R$ 17 bilhões em financiamentos - 36% superior a igual período de 2013. No acumulado de 12 meses (março de 2013 a fevereiro de 2014) o total de empréstimos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) alcançou R$ 113,7 bilhões, superando em 35% o apurado nos 12 meses precedentes, o que também é um recorde.

Em fevereiro de 2014, houve liberação de R$ 8,8 bilhões, diz Abecip

Os dados são da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e foram divulgados no dia 31 de março de 2014. Boa parte destes recursos foi empenhada em contratações vinculadas ao programa Minha Casa Minha Vida, que de 2009 para cá já atendeu 1,4 milhão de famílias e tem contratadas mais 1,7 milhão de habitações, entre casas e apartamentos. Esse esforço do governo federal em proporcionar acesso à casa própria contribuiu para que a oferta de financiamento para a compra de imóveis saísse de 1,5% para 8% do PIB, entre 2008 e 2013. De acordo com o Banco Central (BC), o financiamento imobiliário alcançou R$ 146 bilhões no ano passado. Dos quais, R$ 32,3 bilhões oriundos do FGTS e o restante originário do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE).

Efeito colateral
Da mesma forma que incentiva a liberação de recursos para o financiamento da casa própria, o Minha Casa Minha Vida é visto por economistas como o principal propulsor para o encarecimento dos imóveis. A maior oferta de crédito estimulou as famílias a optarem pelo imóvel próprio, pressionando a demanda no mercado imobiliário. O índice FipeZap confirma: de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014, o preços dos imóveis registraram, na média nacional, alta de 13,1%. Mesmo assim, a demanda segue em alta. Segundo o balanço da Abecip,  em fevereiro foram emprestados recursos para aquisições e construções de 46,4 mil imóveis - número 58% maior em relação ao registrado no mesmo mês do ano passado.

Ao todo, em 2014, já foram financiadas 86 mil unidades, o volume é 33% maior que em igual período do ano passado. Já nos últimos 12 meses, ocorreram financiamentos de 551,1 mil imóveis. Questionado sobre o risco de uma bolha, o governo federal nega. Recentemente, em comunicado, o Banco Central atestou a solvência do mercado financeiro em caso de crise no setor imobiliário e negou o risco de bolha imobiliária. "Não há bolha imobiliária no Brasil. Não temos elementos que caracterizem bolha", disse o BC, em nota assinada pelo diretor de fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles.

Entrevistado
Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) (via assessoria de imprensa)
Contato: imprensa@abecip.org.br

Créditos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Arena Amazônia e Beira-Rio dizem "presente" à Copa

Pré-moldado e estruturas mistas de concreto e aço ajudaram estádios a ficar prontos para o mundial, apesar do atraso nas obras e estouro no orçamento

Por: Altair Santos

A Copa do Mundo começa dia 12 de junho de 2014, mas três estádios correm contra o tempo para ficar 100% prontos. Além da Arena Pantanal, no Mato Grosso, estão nesta situação a Arena Corinthians, em São Paulo, e a Arena da Baixada, em Curitiba. Ao todo, nove palcos do mundial estão concluídos. Os entregues recentemente foram a Arena Amazônia e o Beira-Rio, em Porto Alegre. Como as demais obras para o evento, os dois estádios também sofreram atrasos e estouraram o orçamento. No entanto, foram salvos, assim como os outros empreendimentos, pelas estruturas pré-fabricadas, pré-moldadas e mistas (concreto e aço).

Beira-Rio: emprego de 26 mil m³ de concreto para as novas estruturas do estádio e de 15 mil m³ de peças pré-moldadas

O Beira-Rio, apesar de ser um estádio reformado, precisou de várias soluções de engenharia para alcançar o padrão exigido pela Fifa. Como boa parte de suas estruturas de concreto tinha mais de 40 anos, havia uma série de patologias que precisaram ser tratadas. Em algumas partes da arquibancada superior foi necessário hidrojetar (remover com potente jato d’ água) o concreto que existia, deixando aparente a armadura de aço, para depois reimplantar uma nova camada de concreto. As obras da reforma do Beira-Rio foram capitaneadas pela construtora Andrade Gutierrez, que explorará comercialmente o estádio por 20 anos.

Entre a troca do material velho pelo novo e a construção de estruturas no entorno do estádio, para sustentar a cobertura, foram consumidos 26 mil m³ de concreto. Outros 15 mil m³ foram aplicados em pré-fabricados para construir a arquibancada inferior. As peças foram feitas em Santa Catarina e viajaram cerca de 250 quilômetros até o estádio. Mesmo com a industrialização de vários processos na reforma do estádio, o Beira-Rio sofreu atraso de quatro meses. O estádio foi inaugurado dia 6 de abril.

Arena da Amazônia: desafio foi produzir concreto longe dos grandes centros urbanos

Arena Amazônia
Do projeto original ao projeto que concebeu a obra, a Arena Amazônia precisou passar por várias adaptações. Uma das consequências foi a elevação do custo final do empreendimento; outra, foi o atraso no cronograma. Um dado relevante é que o estádio, antes previsto para consumir 58.039 m³ de concreto estrutural, acabou exigindo o emprego de 66.226 m³. Este aumento na produção de concreto levou a Andrade Gutierrez a instalar no canteiro de obras uma central de pré-moldados de concreto, uma central de armação e uma central de concreto, a fim de atingir a produção requerida para um cronograma tão apertado.

No auge da produção, a central de pré-moldados chegou a produzir 880 peças por mês, entre degraus de arquibancada, vigas planas, lajes Pi e vigas inclinadas. Na fabricação destas estruturas de concreto, a Andrade Gutierrez utilizou 95% do material demolido do estádio antigo que ocupa a área onde foi erguida a Arena Amazônia. O uso de resíduos foi uma exigência para que a obra obtivesse a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) dada pelo Green Building Council, que atesta a sustentabilidade do empreendimento, desde sua fase de projeto até a sua utilização e manutenção.

O projeto executivo da Arena da Amazônia foi contratado pela Andrade Gutierrez ao escritório alemão GMP (Architekten von Gerkan, Marg und Partner).

Entrevistado
Secretaria da Copa de Porto Alegre (SecopaPoa), Unidade Gestora do Projeto Copa (UGC Manaus) e Construtora Andrade Gutierrez
Contatos
poa2014@secopa.prefpoa.com.br
redacao@agecom.am.gov.br
www.andradegutierrez.com.br

Créditos Fotos: Divulgação/Secopa-AM/Secopa-RS

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Túnel de vento: vital para prédios esbeltos

Engenharia civil brasileira investe em projetos de edificações com mais de 150 metros e demanda por ensaios aumenta em centros de pesquisa

Por: Altair Santos

Projetos de edifícios esbeltos, e com altitudes que podem chegar até 150 metros, têm gerado um novo tipo de demanda para os centros de pesquisa que fazem ensaios em túneis de vento.

Os equipamentos realizam testes com modelos em escala reduzida e são essenciais para esse tipo de edificação, pois aumentam a confiabilidade e a efetividade da construção, além de reduzirem os custos de projetos estruturais.

Túnel de vento do IPT: realizando ensaio para projetos de arranha-céus em todo o Brasil

O Laboratório do Túnel de Vento do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) está entre os mais requisitados do país para esse tipo de ensaio. Segundo o coordenador do centro de pesquisa, Gilder Nader, a expectativa é de que aumente ainda mais a demanda.

O motivo está no fato de as grandes metrópoles brasileiras estarem revendo seus planos diretores, os quais tendem a permitir edificações com mais de 200 metros de altura. O Brasil começa a entrar na era dos arranha-céus e os ensaios em túneis de vento tornam-se essenciais a esse tipo de projeto. É o que o especialista explica na entrevista a seguir. Confira:

Qual a principal característica que uma obra precisa ter para que seja importante que ela passe por ensaios em túnel de vento?
Há vários tipos de construções que necessitam passar por ensaios em túnel de vento, tanto para dar maior segurança ao projeto estrutural quanto economia. As que devem passar por testes em túnel de ventos são: pontes estaiadas e penseis, edifícios altos e esbeltos, edifícios com fachadas ou coberturas curvas e coberturas de estádios de futebol, aeroportos e ginásios olímpicos.

Grande parte das demandas no túnel de vento do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) está relacionada a edificações habitacionais ou obras de infraestrutura também são submetidas a testes em túnel de vento?
O túnel de vento do IPT tem uma grande demanda por todos os tipos de projeto da construção civil e naval. Por exemplo, ensaiam-se desde edifícios residenciais a comerciais, assim como galpões, plataformas oceânicas de petróleo e também se fazem testes de conforto ambiental e dispersão de contaminantes.

Há uma legislação que obrigue os projetos, antes de serem executados, a passarem por teste em túnel de vento?
Não há obrigação. Porém, principalmente em casos como os de pontes estaiadas, coberturas de estádio de futebol e edificações altas e esbeltas, se não é realizado um teste em túnel de vento, a obra pode ser superdimensionada ou ainda os efeitos de vibração induzida pelo vento na estrutura podem trazer grandes danos. Não só na parte estrutural como também no revestimento e nas esquadrias.

A escassez de terrenos tem elevado a altura das edificações, fazendo surgir os chamados edifícios esbeltos. O IPT tem recebido esse tipo de demanda em maior volume?
Nos dois anos recentes (2012 e 2013) a maior demanda por ensaios foram de edificações altas e esbeltas, não só da cidade de São Paulo, como também de cidades como Sorocaba-SP, Campina Grande-PB, Caruaru-PE, entre outras.

Qual ou quais normas devem ser seguidas quando um projeto é testado em túnel de vento?
No Brasil se procura seguir a norma NBR 6123:1988 - Forças Devidas ao Vento em Edificações. Porém, pode-se também seguir outras normas complementares, como a australiana que trata melhor a parte de resposta dinâmica da edificação.

Quando pega um trabalho para teste em túnel de vento, o IPT também constrói a maquete?
O IPT pode tanto construir a maquete quanto terceirizar o serviço. Tudo depende da complexidade do projeto.

Gilder Nader: novos planos diretores das cidades tendem a permitir edifícios cada vez mais altos nas metrópoles brasileiras

Antes do ensaio, os pesquisadores vão ao local em que será construída a edificação e fazem que tipo de coleta de dados?
Na maioria dos casos não há necessidade de visitar o local da obra. As informações fundamentais, que são a topografia do terreno e a cota média vizinha (altura das edificações na vizinhança) são obtidas por meio de softwares como Google Earth. Após essa análise do terreno, utiliza-se as definições da norma quanto ao vento natural daquele tipo de terreno. A NBR 6123 define cinco categorias de terreno e como deve ser, por exemplo, o perfil de velocidades do vento para cada um deles, assim como a cota média.
As categorias são as seguintes:
I - Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de cinco quilômetros de extensão, medida na direção e sentido do vento incidente.
II - Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com poucos obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas.
III - Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes e muros, poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas.
IV - Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada.
V - Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco espaçados.

Se um construtor tem um projeto de um prédio e o submete a ensaio em túnel de vento para construí-lo em uma cidade, mas depois decide erguer a obra semelhante em outra localidade, é necessário que se faça outro ensaio?
O ideal é que se faça um ensaio para cada construção. Porque há fatores que alteram de modo significativo o carregamento do vento na edificação, afetando as ações estáticas do vento na edificação, assim como o comportamento dinâmico da edificação. Esses fatores, como explicado anteriormente, são a topografia do terreno e a vizinhança. Por exemplo, há alterações significativas nos efeitos da ação do vento na edificação se ela é construída em um terreno aberto e plano, ou se ela é construída acima de um talude, isso sem contar a cota média das edificações vizinhas.

O túnel de vento do IPT precisou ser adaptado para testar projetos de prédios cada vez mais altos e esbeltos?
Não houve necessidade, pois o túnel de vento do IPT é um dos maiores do mundo para ensaios de edificações. Sua seção de testes é de três metros de largura por dois metros de altura, e podem ser ensaiados modelos com até 1,40 m de altura.

Há uma tendência de que o Brasil entre no rol dos países que constroem edificações acima de 200 metros de altura?
A tendência atual é a construção de edificações entre 100 metros e 140 metros de altura. Porém, se os planos diretores das cidades permitirem que se construam edifícios na faixa de 200 metros, o desafio será aceito pelos engenheiros estruturais do Brasil, que são altamente qualificados.

Mundialmente já se pensa em edificações de até mil metros de altura.  Fora do Brasil há tuneis de vento com capacidade para atender esse tipo de demanda?
Os túneis de vento do Brasil quanto de outros países são capazes de realizar ensaios de edificações com mil metros de altura. Porém, o ensaio precisaria ser realizado de duas formas. O primeiro ensaio seria realizado com um modelo na escala 1:1.000 para determinação do carregamento estático do vento. Porém, uma edificação desse porte tende a vibrar muito na sua extremidade. Assim, seria necessário realizar o ensaio, por exemplo, só dos 100m finais do topo do edifício, numa escala 1:100, para se determinar os efeitos dinâmicos do vento na edificação. Esse é basicamente o procedimento adotado pelos túneis de vento para se ensaiar edificações com essas dimensões.

Entrevistado
Gilder Nader, físico e engenheiro mecânico, coordenador do Laboratório do Túnel de Vento do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) onde atua nas áreas de engenharia do vento, medição de vazão e velocimetria de fluidos
Contato: cmf@ipt.br

Créditos Fotos: Divulgação/IPT

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Construção civil exige direito com cara de engenharia

Demanda por arbitragens cresceu exponencialmente no Brasil. Especialização pode ser obtida por cursos de pós-graduação recentemente criados no país

Por: Altair Santos

Cada vez mais detalhista em relação a projetos e contratos, a construção civil também tem exigido tratamento diferenciado nas questões jurídicas. Por isso, o advogado vinculado a essa área não deve reter apenas conhecimento do direito comercial, mas caminhar em direção a ramos específicos, como o direito em infraestruturas. É nele que se encontram soluções para conflitos complexos dentro da engenharia. No Brasil, com o aumento da demanda, percebeu-se que havia poucos profissionais especializados para atuar neste modelo de arbitragem. A escassez levou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) a ser pioneira na criação de um curso de pós-graduação voltado ao assunto.

Fernando Marcato: obras de infraestrutura no país geraram demanda por arbitragens

A pós em direito de infraestrutura da FGV já está em seu terceiro ano. Em 2012, especializou 14 alunos; em 2013, 23, e, este ano, conta com 21. O mesmo modelo do curso passou a ser aplicado também para os advogados que atuam na Procuradoria Geral do Estado da Bahia. "A pós aborda todos os aspectos de arbitragem em um projeto de infraestrutura, além de oferecer disciplinas não jurídicas que permitam uma maior compreensão aos alunos. Entre elas, finanças, contabilidade e gerenciamento de projetos. O curso trata tanto de arbitragem entre empresas privadas e governo quanto entre empresas privadas (investidor e construtor)", explica o professor Fernando Marcato, que coordena a pós.

No Brasil, o aumento da arbitragem na construção civil pode ser medido pelo volume de recursos envolvidos nos processos. Em 2005, foram R$ 247 milhões. Em 2009, chegaram a R$ 2,4 bilhões. Desde então, tem crescido em média 20% ao ano. "O aumento de obras de infraestrutura gera mais demanda por arbitragens", diz Marcato, lembrando que, por isso, o curso da FGV não é procurado apenas por advogados. "Embora a pós em infraestrutura seja eminentemente jurídica, o curso poderá ser de muita utilidade para profissionais de outras áreas. Razão pela qual, em 2012 tivemos a participação de um aluno economista. Em 2013, tivemos dois engenheiros civis e um economista matriculados", completa.

Poder público
Entre os litígios mais comuns no país, estão os que envolvem o poder público e as construtoras. Normalmente, estão ligados a inadimplemento contratual ou reequilíbrio financeiro de obras públicas. Segundo o professor Fernando Marcato, o ideal, para se evitar arbitragens judiciais, é que haja gestão contratual. "O recomendável é que se forme um comitê com  representantes de todas as partes envolvidas na obra, a fim de que ele possa solucionar eventuais problemas rapidamente, mitigando os prejuízos", sugere o especialista. Como não há nenhuma lei específica que trate da arbitragem na construção civil, esses casos no setor são tratados pela 9.307/96, que é uma lei genérica para arbitragem.

No caso de arbitragem internacional - obra em país diferente da que está sediada a empreiteira -, o julgamento será feito por uma câmara arbitral definida em contrato. Nesses casos, costuma-se escolher um país neutro para tratar o caso. Quando trata-se do Brasil, a decisão arbitral sempre deve ser homologada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Uma vez homologada, ela passa a ter a mesma força que uma decisão judicial.

Entrevistado
Fernando Marcato, mestre em direito e coordenador do curso de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas em direito da infraestrutura
Contatos
gvlaw@fgv.br
contato@goassociados.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Kingdom Tower entra na fase de pré-construção

Entre os maiores desafios do futuro maior prédio do mundo está o bombeamento do concreto, que precisa percorrer 1.013 metros sem perder propriedades

Por: Altair Santos

À beira do Mar Vermelho, no lado norte de Jeddah, na Arábia Saudita, será construído o maior edifício do mundo. O projeto original previa uma altura de 1.600 metros, mas as condições geológicas do terreno - predominantemente arenoso - o fizeram reduzir a altitude para 1.013 metros. O prédio terá 200 andares, dos quais 160 habitáveis. Ele reunirá um hotel, uma ala residencial e outra ala comercial. Com custo estimado de US$ 1,23 bilhão (cerca de R$ 3 bilhões) a obra deverá durar 65 meses. Caso tenha seu início ainda em 2014, a torre Kingdom Tower só deverá ficar pronta entre 2020 e 2021.

Kingdom Tower: 1.013 metros de desafio à engenharia

O projeto do futuro edifício mais alto do mundo está consolidado desde 2011. Quando a construção estiver concluída, ultrapassará em 185 metros o atual prédio com a maior altitude: o Burj Khalifa, de Dubai (Emirados Árabes Unidos) com 828 metros. Essa edificação, aliás, emprestará várias soluções de engenharia para o Kingdom Tower. Outras ainda estão sendo desenvolvidas. Entre elas, compensações geológicas para o terreno em que será erguida a torre. Outro desafio está no tipo de concreto a ser empregado na obra. As pesquisas apontam que precisará ser um material inovador, da mesma forma que o aço a ser usado na construção precisará ter características bem particulares.

O empreendimento é de responsabilidade da empreiteira Sadin Bin Laden Group (SBG). Já o escritório de arquitetura que assina o projeto é o Adrian Smith + Gordon Gill Architecture - o mesmo que projetou o Burj Khalifa. Mas o protagonista da obra será o Advanced Construction Technology Services (ACTS). O laboratório, com sede no Líbano, será o responsável por todos os testes de materiais empregados na megaconstrução.

Ensaios do aço para a fundação do Kingdom Tower já começaram a ser feitos pela ACTS

Certificado pelo American Concrete Institute (ACI) o ACTS já construiu uma filial ao lado da área do empreendimento para promover todos os ensaios dentro do canteiro de obras. Um dos testes mais rigorosos será o que irá avaliar as propriedades reológicas do concreto para assegurar que o material, ao ser bombeado para altitudes muito elevadas, não perca suas propriedades.

A sul-coreana Samsung, junto com a empresa alemã Putzmeister, foi contratada para desenvolver equipamentos que permitam o bombeamento do concreto em tempo recorde. A solução será lançar o material autoadensável por meio de um tubo fino e pressurizado, com 15 cm de diâmetro, para que ele percorra 1.013 metros na maior velocidade possível. Outra saída encontrada pelos pesquisadores é que o concreto só poderá ser bombeado à noite, já que as altas temperaturas que fazem em Jeddah, durante o dia, podem levar à desidratação do concreto durante o processo de bombeamento.

Concreto usado na obra só poderá ser lançado à noite, por causa do clima de Jeddah

Calcula-se que a King Tower irá consumir 500 mil m³ de concreto e 80 mil toneladas de aço. A fundação da torre terá 60 metros de profundidade, e tem que resistir à corrosão imposta pela água salgada do mar nas proximidades. "Trata-se da estrutura de engenharia mais desafiadora do mundo e um voto de confiança em nossa vasta experiência para ensaios de materiais. Vamos investir a nossa experiência e conhecimento para fornecer informações precisas, confiáveis e rastreáveis nos testes do maior edifício do mundo", diz o engenheiro Khaled Awad, presidente da ACTS.


Confira o vídeo de como ficará a Kingdom Tower

Entrevistado
Advanced Construction Technology Services (ACTS) (por email)
Contato: www.acts-int.com

Créditos Fotos: Divulgação/ Adrian Smith + Gordon Gill Architecture/ engineersinside.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Ciclo DMAIC ganha espaço na construção civil

Ferramenta propicia aumento de produtividade, através de melhorias de processos gerenciais, e gera resultados principalmente em canteiros de obras

Por: Altair Santos

O ciclo DMAIC (Define - Definir, Measure - Medir, Analyse - Analisar, Improve - Melhorar e Control - Controlar) abrangente para projetos de aumento de produtividade, redução de custo e melhoria em processos gerenciais, começa a desembarcar na construção civil. Restrito ainda às grandes empreiteiras e incorporadoras do país, o modelo de gestão serve também para companhias de qualquer tamanho, avalia Alexandre Andrioli Iwankio, da Iwankio Consulting, especialista neste tipo de ferramenta. "A metodologia pode ser aplicada de forma maciça e profunda na construção civil, mesmo em canteiros de obras mais específicos, que não tenham tantos subprocessos. O ciclo DMAIC ajuda a qualificar processos repetitivos, o que é primordial para esse e qualquer outro segmento da economia", analisa.

Alexandre Andrioli Iwankio: Além das corporações, profissionais que dominam a ferramenta são vistos por outros olhos pelo mercado

Conhecido como Seis Sigma DMAIC, o ciclo foi criado nos Estados Unidos, pela Motorola, em meados dos anos 1980. Tornou-se conhecido mundialmente a partir da experiência da GE (General Electric) no início da década de 1990, em função dos resultados extraordinários em termos de aumento de lucratividade. "A estratégia surgiu como uma abordagem estruturada e quantitativa para a melhoria dos processos de trabalho, voltada à redução da variabilidade, que provoca resultados insatisfatórios na performance destes processos", explica Alexandre Andrioli Iwankio, completando que a ferramenta, criada para o setor industrial, hoje está em todos os setores. "Hoje vemos o DMAIC aplicado a qualquer tipo de organização, como bancos, hospitais e call centers."

Brasil
No Brasil, o ciclo DMAIC é usado desde o final dos anos 1990. No dia a dia das empresas que o utilizam, ele é aplicado normalmente na fase de projetos. Resumidamente, cada etapa da ferramenta busca cumprir os seguintes objetivos:

- Define (Definir): determina com precisão o escopo do projeto.
- Measure (Medir): identifica o foco do problema.
- Analyze (Analisar): determina as causas fundamentais para o problema.
- Improve (melhorar): propõe, avalia e implementa soluções para eliminar as causas do problema.
- Control (Controlar): garante que os resultados alcançados sejam mantidos a longo prazo.

Os relatórios sobre a eficácia do ciclo, tanto dentro como fora do país, mostram que quando bem aplicado ele resulta em eficiência operacional, aumento de produtividade, diminuição de retrabalhos, melhoria da qualidade do produto, mais satisfação dos clientes e, consequentemente, maior lucratividade. Isso, sob o ponto de vista das corporações. No entanto, Alexandre Andrioli Iwankio destaca que o modelo traz também resultados para a evolução individual dos profissionais envolvidos. "Quem domina a metodologia, adquire conhecimento diferenciado em relação ao mercado, que está atento aos profissionais que tem a formação de especialista em Seis Sigma DMAIC", destaca.

Serviço
Nos dias 21 e 22 de maio, em São Paulo-SP, haverá no país o VI Congresso Six Sigma Brasil 2014, que tratará do ciclo DMAIC e tentará popularizar a ferramenta. No evento, empresas e profissionais terão a oportunidade de entrar em contato com quem está na vanguarda da aplicação do DMAIC, conhecendo estratégias, estudos de caso e benefícios proporcionados pelo programa às organizações.

Entrevistado
Alexandre Andrioli Iwankio, mestre em engenharia de produção, professor na UniCuritiba e na PUC-PR, além de diretor da Iwankio Consulting - empresa de consultoria especializada em melhoria de processos
Contato: alexandre@iwankioconsulting.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Podcast com Paulo Helene: Industrialização combina com sustentabilidade

Professor Paulo Helene avalia evolução da construção civil, a partir de obras que utilizam estruturas pré-fabricadas e pré-moldadas de concreto

Por: Altair Santos
Paulo Helene: indústria do pré-fabricado precisa obter avanços no setor da construção habitacional

Entrevistado
Engenheiro civil, educador e pesquisador Paulo Roberto do Lago Helene. Atualmente é presidente da ALCONPAT (Asociación Latino Americana de Contro lde Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción) e diretor da PhD Engenharia.
Contato: paulo.helene@poli.usp.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.


Industrialização combina com sustentabilidade (Podcast)

Professor Paulo Helene avalia evolução da construção civil, a partir de obras que utilizam estruturas pré-fabricadas e pré-moldadas de concreto

Por: Altair Santos
Paulo Helene: indústria do pré-fabricado precisa obter avanços no setor da construção habitacional

Entrevistado
Engenheiro civil, educador e pesquisador Paulo Roberto do Lago Helene.  Atualmente é presidente da ALCONPAT (Asociación Latino Americana de Contro lde Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción) e diretor da PhD Engenharia.
Contato: paulo.helene@poli.usp.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

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Gerenciamento de betoneira reduz perda de materiais

Equipamento rastreia todo o ciclo do concreto, enquanto ele estiver em transporte, e garante qualidade do produto, além da redução de custo

Por: Altair Santos

O Brasil tem atualmente cerca de nove mil caminhões betoneira circulando diariamente pelo país. Muitos desses equipamentos percorrem mais de uma obra ao longo do dia, o que torna fundamental dar atenção à produtividade. Foi pensando nisso que um grupo de empreendedores desenvolveu um rastreador que, ao mesmo tempo em que planeja a entrega, transmite dados em tempo real dos caminhões.

Sanito de Andrade Cruz Júnior, da Link Monitoramento: rastreador conta até os giros dados pelo balão da betoneira

O aparelho utiliza tecnologias GPS, GPRS e GSM e fornece informações sobre a entrega e a qualidade do concreto, consumo de combustível e prazos de manutenção do veículo. Em média, permite reduzir em até 7% o consumo do diesel e em 10% as horas extras do operador da betoneira."O sistema elimina o telefone para verificar se o motorista já descarregou ou se está voltando para o pátio. O processo dá agilidade e garante um produto com maior qualidade", explica Sanito de Andrade Cruz Júnior, diretor da Link Monitoramento.

O equipamento rastreia todo o ciclo de transporte do concreto, desde a saída do caminhão até o seu retorno. "É possível rastrear os pontos exatos. Desde onde houve o descarregamento, até se o caminhão ficou todo o percurso com o balão girando lentamente, o que garante a qualidade do produto até o momento da entrega", diz Sanito Júnior.

O empreendedor assegura que as empresas que já utilizam o aparelho em suas betoneiras tiveram os seguintes ganhos: aumento de produtividade por caminhão, diminuição no tempo médio da entrega e redução nas taxas de manutenção dos veículos. "Apenas estes três itens já pagam o investimento feito no sistema de rastreamento. Além disso, a empresa ganha também com o aumento do profissionalismo de toda a equipe, desde o encarregado de pátio ao motorista", completa.

A tecnologia do rastreador é mista, pois utiliza componentes importados, mas a concepção do sistema é 100% nacional. "A Link Equipamentos desenvolveu o software e o conceito do serviço. Em conjunto com parcerias, implementa o sistema nos hardwares", afirma Sanito Júnior, para quem o equipamento também traz ganhos no quesito mão de obra, ou seja, ajuda a reduzir a carga horária de quem opera a betoneira. "Ele aumenta a eficiência do processo. Nosso colaborador consegue antecipar de maneira organizada o momento em que a próxima carga deve ficar pronta", revela.

No limite
As betoneiras requerem mais manutenção do que outros veículos. Os motores trabalham quase no limite o tempo todo, sem contar que são veículos que, normalmente, trafegam em perímetro urbano. O rastreador ajuda a minimizar essas condições adversas. "São vários pontos que contribuem para uma menor manutenção. Por exemplo: uma betoneira não pode sair carregada da concreteira e ficar com o balão sem bater. Quando o motorista desliga o caminhão, e para o balão carregado, aguardando sua vez para descarregar em uma obra, no momento em que ele religar a betoneira, e o caminhão voltar a girar, pode ocasionar a quebra do redutor, entre outros desgastes mecânicos do veículo. Além disso, algumas betoneiras têm agregado ao sensor de carga e descarga a função de telemetria, ou seja, com o rastreador sabemos também se o operador trocou a marcha no momento certo e se ele não está excedendo as RPM (rotações por minuto) do veículo", finaliza.

Entrevistado
Sanito de Andrade Cruz Júnior, administrador e diretor da franqueadora Link Monitoramento
Contato: contato@linkmonitoramento.com.br

Crédito Foto: Divulgação/Priscilla Fiedler

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Em evolução, pequeno construtor vira gestor de obras

Para não estourar capital de giro, empreendedor da área da construção precisa administrar gargalos e seguir à risco o prazo de entrega

Por: Altair Santos

Dia 26 de março é o Dia do Construtor. Puxado pelas novas exigências do setor, esse profissional evoluiu e se transformou em gestor de obras. Construir, hoje, é saber lidar com os gargalos tão comuns no canteiro de obras e ter capacidade para atrair investidores, tanto para a incorporação quanto para a construção. Além disso, o construtor não pode ficar alheio às novas ferramentas, como o BIM, e à atualização das normas técnicas, principalmente depois da entrada em vigor da Norma de Desempenho.

Luiz Alberto de Araújo Costa, presidente da APeMEC: mão de obra e receber em dia são uns dos desafios de pequenos e médios construtores

No entanto, há um cenário um pouco diferente para aqueles que atuam como pequenos e médios construtores. Para esses, capital de giro e qualidade da mão de obra fazem a diferença na hora de empreender. São empresários que precisam cumprir os prazos de entrega para seguir captando novas obras e mantendo-se no mercado. É uma realidade que Luiz Alberto de Araújo Costa, presidente da APeMEC (Associação das Pequenas e Médias Construtoras do Estado de São Paulo) explica como funciona na entrevista a seguir:

Hoje, para o pequeno e médio construtor, qual o peso da gestão da obra no negócio dele?
Estima-se que o peso gire em torno de 10%, em valores financeiros. A gestão da obra começa a ter grande influência, inclusive para minimizar perdas e aumento de produtividade.

A APeMEC oferece que tipo de ajuda ao construtor que encontra dificuldade neste área de gestão?
Oferecemos palestras, cursos, assessoria jurídica e tributária. Quando existem pleitos ou demanda pelos associados, procuramos atendê-los com cursos para esclarecimentos, como Desoneração da Folha de pagamento no Segmento da Construção Civil e Licitação-RDC (Regime Diferenciado de Contratação).

Dentro da gestão da obra quais são os maiores desafios para o pequeno e médio construtor?
Padrão de obra, prazo de entrega, mão de obra e cumprir com as obrigações trabalhistas.

O pequeno construtor já começa a ter acesso a tecnologias, como o BIM, por exemplo, ou isso está distante deste segmento?
Já começa a ser uma preocupação ter acesso às tecnologias e estar atualizado com o mercado. A APeMEC ajuda as empresas trazendo palestras e fazendo convênios com universidades e fornecedores, como por exemplo a parceria que temos com a Softplan, que distribui um software de gestão para a indústria da construção civil, assim como com as Universidades Anhanguera-Morumbi e a UNINOVE.

Quando o pequeno e médio construtor inicia uma obra, quais são as demandas que mais preocupam ele?
Capital de giro, mão de obra, receber de seus clientes públicos ou privados nos prazos acordados.

Hoje, o negócio mais atrativo para pequenos e médios construtores é estabelecer parcerias com grandes incorporadoras ou ele mesmo tocar sua obra?
O mais atrativo, sem sombra de dúvidas, é tocar a própria obra. As grandes empresas fazem verdadeiros leilões, aviltando os preços em função de seus ganhos e lucros.

A compra e a estocagem do material de construção são estratégicas para o pequeno construtor viabilizar seu negócio?
Atualmente não há necessidade de estocar, pois o mercado atende de forma geral a demanda. Estocar seria um erro.

No Brasil, qual é a fatia que o pequeno e o médio construtor ocupam no mercado?
Para obras públicas, em torno de 10% em valores financeiros. Particular, por volta de 50%. Se for para as pequenas obras, como reforma e manutenção, daí é praticamente 100%. Para a mão de obra, a pequena e a média construtora representam em torno de 80% do volume de emprego gerado.

A Norma de Desempenho também entrou na pauta dos pequenos e médios construtores?
Sim, a APeMEC participa das discussões e seminários, informa seus associados através de comunicados. Mas entendemos que a norma está voltada para grandes empreendimentos.

Entrevistado
Engenheiro civil Luiz Alberto de Araújo Costa. Preside a APeMEC (Associação de Pequenas e Médias Empresas de Construção Civil do Estado de São Paulo) desde 2010
Contatos
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Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330