Manhattan concentra escritórios mais caros do mundo
Metro quadrado em uma das principais regiões de Nova York chega a US$ 12 mil e viés é de alta, principalmente após inauguração do novo World Trade Center
Por: Altair Santos
Os prédios de escritórios mais caros do mundo estão na ilha de Manhattan, famosa por sua posição estratégica em relação a Nova York, nos Estados Unidos. Numa prova de que o mercado imobiliário norte-americano está em franco reaquecimento, recentemente o maior negócio do mundo foi fechado pela imobiliária AVR Realty Co., que vendeu a torre Time Square para um grupo de investidores do fundo Nova York David Werner por US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 3,2 bilhões). O negócio faz o empreendimento liderar o ranking dos dez edifícios corporativos mais valorizados do mundo - todos eles localizados naquela região de Nova York.
O levantamento foi realizado pela Bloomberg - umas das principais agências de dados econômicos do mundo. Desde 2010, os Estados Unidos não realizavam negócios nestes patamares. A valorização se deve também ao interesse de investidores estrangeiros em edifícios de escritórios localizados em pontos nevrálgicos de Nova York, como a Time Square. É o caso de um fundo norueguês, que fez um investimento de US$ 684 milhões (mais de R$ 1,4 bilhão) na compra de 45% de um prédio na famosa avenida nova-iorquina, segundo revela a empresa de pesquisa em real estate Green Street Advisors Inc.
A tendência de valorização imobiliária não deve recuar em Nova York, principalmente depois que o novo World Trade Center (WTC) for inaugurado. O edifício deverá estar totalmente concluído entre o final de 2014 e o começo de 2015. Os escritórios já estão disponíveis para negociação e o metro quadrado pode chegar a US$ 12 mil (perto de R$ 25 mil). Um dos primeiros inquilinos foi a editora Condé Nast, proprietária de revistas como The New Yorker e Vanity Fair, que alugou três andares por um período de 25 anos e pagou US$ 2 bilhões (R$ 4,5 bilhões).
Investidores brasileiros
Os especialistas em mercado imobiliário de Nova York avaliam que ainda há espaço para valorizações. Eles trabalham com um marco na cidade, que é o 11 de setembro de 2011. Antes do atentado que derrubou as Torres Gêmeas, o metro quadrado em Manhattan beirava os US$ 13,5 mil dólares (R$ 28 mil). Os mesmos avaliadores asseguram que investir em imóveis em NY tem retorno garantido. De acordo com a agência Analytic Realty News & Research, em uma década o metro quadrado sofreu valorização média de 106% na região.
No rol de investidores em escritórios em Nova York também encontram-se brasileiros. São empresas de tecnologia, executivos do mercado financeiro, empreiteiras transnacionais e empresas de agronegócios. Segundo a CEO da consultoria Hibou/Zapt, Lígia Mello, o retorno financeiro do investimento na ilha de Manhattan é um atrativo. “O comprador vê na cidade a oportunidade de unir o uso do espaço com a rentabilidade de locação”, analisa. Os brasileiros que investem em NY adquirem imóveis que medem de 40 m² a 140 m².
Entrevistado
Consultoria Hibou/Zapt (via assessoria de imprensa)
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menina@lehibou.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Aos 35 anos, Concresul não para de inovar
Parceira da Cia. de Cimento Itambé, empresa é pioneira em produção de pedra britada, concreto dosado em central e areia de pedra no Rio Grande do Sul
Por: Altair Santos
Em agosto de 2014, a Concresul completa 35 anos. Se uma palavra pode resumir sua trajetória, esta é pioneirismo. No Rio Grande do Sul, onde está concentrado o mercado da empresa, ela é conhecida pela inovação. Foi a primeira a investir na industrialização da pedra britada. Da mesma forma, lançou-se à frente na produção de concreto dosado em central e mais recentemente passou a se dedicar à fabricação de areia de pedra. Sem falar na sua tradição no setor de pavimentação asfáltica. "Por apostarmos no pioneirismo, tivemos uma grande ascensão nestes 35 anos. O balanço é amplamente positivo, principalmente por termos uma equipe coesa, que sempre trabalhou para se afirmar no mercado", avalia Pedro Antônio Reginato, sócio-gerente da Concresul.
Com sede em Bento Gonçalves-RS, a empresa amplia cada vez mais sua participação no setor da construção civil gaúcha. Está abrindo uma nova filial em Novo Hamburgo, na região do Vale dos Sinos, e para o ano que vem projeta a instalação de outras unidades. A ampliação vem acompanhada da qualidade e do maciço investimento em equipamentos. Já é norma na Concresul manter intercâmbio com fabricantes europeus que operam na Espanha, na Itália e na França,a fim de atualizar seu maquinário, acompanhar o que é feito fora do Brasil e manter o padrão de seus produtos. Além disso, a empresa não mede esforços para aprimorar seu modelo de gestão. Tanto é que há 10 anos detém a certificação ISO 9001. "Ela nos ajuda a manter um processo de melhoria contínua", diz Reginato.
Concreto é carro-chefe
Neste 35 anos, a Concresul também valorizou suas parcerias. Entre as mais antigas está a com a Cia. de Cimento Itambé. "A Itambé é uma parceira de 30 anos. Costumo dizer que crescemos juntos e trocamos muitas experiências. É uma empresa-modelo para nós", cita Pedro Reginato, que no portfólio de produtos da Concresul destaca a fabricação de concreto dosado em central. "O nosso carro-chefe é o concreto, que responde por 70% de nosso faturamento, seguido de 30% do asfalto a quente", completa Reginato, lembrando de quando começou a fabricar o concreto dosado em central, em 1982. "Tivemos que convencer o mercado, que na época trabalhava com o sistema tradicional (concreto produzido na obra). Aos poucos, mostramos que o produto industrializado tinha qualidade e facilitava a vida no canteiro de obras", rememora.
Aliás, conquistar mercado com qualidade e inovação é outra marca registrada da Concresul. Foi essa combinação que permitiu à empresa avançar com a pedra britada no Rio Grande do Sul. "Quando começamos, os construtores usavam os seixos de rio nas obras. Nossa brita foi conquistando espaço, mostrando sua eficiência em termos de pureza e granulometria, o que qualifica o concreto, e hoje temos um mercado sólido. Também fizemos o mesmo com a areia de pedra, que é um segmento que só tende a crescer. Já há vários países que proíbem a extração da areia de rio, por questões ambientais, e não será diferente aqui no Brasil. A Concresul, por exemplo, detém a tecnologia para extrair areia do basalto, por ter investido em equipamentos franceses. Inovar é nossa tradição", finaliza Pedro Reginato.
Entrevistado
Economista Pedro Antônio Reginato, sócio-gerente da Concresul
Contato
www.concresul.com.br
Créditos Fotos: Divulgação/Concresul
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Santa Catarina vira QG de centros logísticos portuários
Empreendimentos nos municípios de Itapoá e Navegantes colocam estado na posição de vanguarda em termos de instalações para receber e armazenar cargas
Por: Altair Santos
Com portos competitivos e uma posição geográfica estratégica, Santa Catarina começa a se tornar referência para investidores em centros de logística. Na região de Itapoá, no litoral norte do estado, e em Navegantes - município a 20 km de Itajaí - despontam duas obras que simbolizam bem esse novo perfil da economia catarinense. Uma é o CLIF (Centro Logístico Integrado) que iniciou suas operações no dia 7 de maio de 2014, oferecendo uma superestrutura capaz de atender empresas dos mais variados setores; outra é o Navpark, ainda em fase de construção.
Uma característica de alguns centros de logística é que eles operam dentro do sistema Build to Suit - uma modalidade imobiliária que permite adaptar a estrutura física do imóvel às mais variadas necessidades do locatário. Além disso, utilizam em suas construções o que há de mais recomendado para estruturas deste tipo, como peças de concreto pré-moldado e pisos de concreto com revestimento de alto desempenho, além de pavimentação rígida no entorno de suas instalações para receber, principalmente, carregamento de contêineres. Só no CLIF ,em Itapoá, o volume total de concreto utilizado na construção foi de 12.000 m³.
Segundo o sócio-diretor da empresa, Carlos da Rosa, o CLIF é o maior investimento privado já realizado na retroárea do porto. Sua construção está adequada ao perfil do terminal portuário de Itapoá, que já é o segundo em volume de cargas em Santa Catarina e o único apto a receber os maiores navios de contêineres em operação na América do Sul. Só no primeiro semestre de 2014, o porto já havia atracado mais de 1.300 embarcações e movimentado aproximadamente um milhão de TEUS (do inglês Twenty-foot Equivalent Unit - medida padrão para contêineres, equivalente a 20 pés de comprimento, por 8 de largura e 8 de altura).
No Navpark, em Navegantes, o volume de concreto tende a passar de 150 mil m³. Com investimento de R$ 150 milhões, o centro de logística entrará em operação em 2015 e terá mais de 200 mil m² de área, com 85 galpões, escritórios e heliponto. De acordo com o diretor da Torresani, Jorge Alexandre Kuzer, o projeto está na fase final e já há interesse de investidores de todo o Brasil. O empreendimento fica a 4 km da BR-101 e a 20 km do Porto de Itajaí. Seu projeto também prevê uma área expandida de mais 150 mil m².
Projetado para ter uma arquitetura flexível, o Navpark permite o deslocamento de paredes, além de outras características singulares. Entre elas, o pé direito, que pode chegar a 14 m, a resistência do piso, projetado para suportar 6 tf/m² (toneladas-força por metro quadrado) e a distância de 22,5 m entre os pilares, o que amplia a capacidade de armazenamento. Além disso, o centro de logística não esqueceu da sustentabilidade. Possui máximo aproveitamento da iluminação e da ventilação naturais, reúso da água da chuva e estação de tratamento de efluentes.
Entrevistados
Carlos Roberto da Rosa, CEO e Presidente do Conselho de Administração do CLIF – Centro Logístico Integrado -, em Itapoá (SC).
Jorge Alexandre Kuzer, diretor da Torresani Brasil Administração e Participações Ltda.
Contatos
www.oclif.com.br/pt/contato
www.navpark.com.br/contato
Créditos Fotos: Divulgação/Torresani Brasil/CLIF
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Pavimentação de rodovias vira prioridade nacional
Brasil possui 1.610.081 km de estradas, mas só 196.525 são pavimentados. Destes, apenas 3.929 contam com pavimento de concreto
Por: Altair Santos
Com 1.610.081 km de rodovias, segundo dados da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) o Brasil tem apenas 12,2% de estradas pavimentadas. Isso equivale a 196.425 km não trafegados na terra. Destes, 3.929 km receberam pavimentação de concreto, contando rodovias federais e estaduais. Resumindo: no país, em termos de pavimentação rodoviária, há quase tudo por fazer. A própria ANTT reconhece que o mínimo necessário era que 25% das estradas estivessem pavimentadas e recebendo obras de arte, como pontes, viadutos e túneis. Diante desta escassez, o World Factbook , que dá notas de 1 a 5 para as malhas rodoviárias dos países, avalia o Brasil com nota 1,9.
O World Factbook é um relatório anual elaborado pela CIA (Company Intelligence American) que mapeia a infraestrutura dos países com quem os Estados Unidos mantém relações diplomáticas. A ANTT reconhece o documento e em recentes avaliações disse que espera atingir a nota 2,7 em 2018 e 3,2 em 2022. Isso equivale a dizer que nos próximos oito anos terão de ser pavimentados mais 117.855 km. Diante deste quadro, pavimentar rodovias virou prioridade nacional para o Brasil. "Estamos deficitários em torno de 400 mil km de malha pavimentada. Principalmente nas estradas municipais interligadas às estaduais e estas com os troncos federais", avalia José Pedro dos Santos Vieira Costa, diretor-presidente da Associação Brasileira de Pavimentação (ABPv).
O dirigente alerta que a concessão de rodovias é apenas um paliativo para melhorar a qualidade das rodovias brasileiras. Ele defende que o investimento precisa vir do poder público. "A privatização deveria ser para criação de novas rodovias. A malha que já existe é prerrogativa do governo, que precisa ter planejamento estratégico para recuperá-las", diz, citando o que foi feito na China. O maior país do mundo tem quase 1,9 milhão de km em rodovias, e antes das transformações pelas quais passou tinha apenas 40% delas pavimentadas. Hoje, são 81% - mais de 1,5 milhão de km. Segundo o World Factbook, apenas seis países no mundo têm 100% de suas rodovias pavimentadas: Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Suíça e Holanda.
Nos países em que mais de 60% da malha rodoviária é pavimentada, 25% destas estradas recebem pavimentação em concreto. No Brasil, são 2% apenas. Com o encarecimento do asfalto, a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) retoma a ofensiva para aumentar esse percentual. O organismo reforça as qualidades de seu produto usando os seguintes argumentos: o pavimento de concreto suporta até 20 anos sem manutenção, ajuda na economia de combustível, melhora a frenagem dos veículos e tem melhor luminosidade. Para o presidente da ABPv, as qualidades do pavimento de concreto são irrefutáveis, mas requerem análises geológicas para que ele possa substituir o asfalto. "A topografia do terreno, a hidrografia e a geomorfologia da região são definidores importantes", destaca.
Confira ranking de países com mais quilômetros pavimentados:
Entrevistado
Engenheiro civil José Pedro dos Santos Vieira Costa, diretor-presidente da Associação Brasileira de Pavimentação (ABPv).
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abpv@abpv.org.br
Crédito Foto: Antônio Cruz/ABr
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Túnel submerso Santos-Guarujá traz nova tecnologia ao Brasil
Obra com 762 m de extensão utilizará sistema conhecido como módulo imerso pré-fabricado e terá 21 m de profundidade, sem atrapalhar navegação
Por: Altair Santos
O primeiro túnel submerso do Brasil sairá do papel ainda em 2014. A obra, com 1.700 m de extensão, terá um trecho de 761 m sob o estuário entre Santos e Guarujá, no litoral paulista. A licença socioambiental já foi emitida e o empreendimento encontra-se em processo de licitação do projeto executivo. Por causa do período eleitoral, o consórcio vencedor só será conhecido em novembro. Há cinco grupos concorrendo para construí-lo, todos formados por empresas brasileiras e estrangeiras. Países detentores da tecnologia, como Espanha, Holanda, Itália e Coreia do Sul, estão na concorrência.
A construção do túnel será feita com o emprego de uma tecnologia ainda não utilizada no país, conhecida como módulo imerso pré-fabricado. Ela consiste na abertura de uma trincheira no fundo do canal, na qual serão assentadas peças construídas separadamente em uma doca seca. Cada compartimento de concreto terá 127 metros de comprimento, 35 m de largura e 10 m de altura. Um a um, eles serão rebocados por flutuação até o local de lançamento, onde serão imersos a 21 m de profundidade e fixados aos demais módulos. Esse método evita grandes volumes de escavações.
Para atender toda a extensão imersa do túnel serão construídos seis módulos pré-fabricados. Cada peça, estima-se, receberá 60 mil m³ de concreto, com resistência de 35 MPa. Após curadas, elas serão rebocadas pelo mar ao longo de 35 km para chegar ao local de execução da obra. A opção por esse método construtivo se dá por três razões: tempo de obra, estimado em 30 meses a partir da implantação do canteiro de obras; custo, avaliado em R$ 2,5 bilhões e menos caro do que a construção de uma ponte estaiada ou de um túnel que usasse a tecnologia NATM - método austríaco de escavação, que utiliza as máquinas conhecidas como tatuzões, e por não precisar interromper o tráfego de navios no estuário.
Quando concluído, o túnel submerso Santos-Guarujá, que terá 762 m de imersão e 950 m de rampas, além de 4,5 km de obras viárias em superfície e em viadutos, poderá ser percorrido em um minuto por um automóvel. Hoje a travessia entre os dois municípios se dá através de balsa ou por um desvio que alonga o percurso em 45 km. A demanda atual de transporte de carga na região é feita por 1.900 caminhões por dia, com 200 atendidos pela travessia por embarcações e 1.700 pela rodovia Cônego Domenico Rangoni.
A tecnologia que agora chega ao Brasil já funciona com sucesso em mais de 150 túneis construídos fora do país. A primeira destas obras foi viabilizada em 1910, para permitir a passagem da Ferrovia Central de Michigan (Michigan Central Railroad), sob o rio Detroit, nos Estados Unidos. Por isso, a perspectiva é de que, a partir do submerso Santos-Guarujá, outros empreendimentos deste tipo sejam construídos. A travessia Vitória-Vila Velha, no Espírito Santo, já é candidata, assim como o trecho Rio Grande-São José do Norte, no Rio Grande do Sul.
Maiores túneis imersos do mundo
San Francisco, nos Estados Unidos (1969) - 5,82 km
Copenhague, na Dinamarca (2000) - 3,5 km
Busan, na Coreia do Sul (2010) - 3,2 km
Roterdã, na Holanda (1966) - 2,85 km
Pulau Seraya, em Cingapura (1988) - 2,6 km
Paraná, na Argentina (1962) - 2,36 km
Boston (Hampton Roads 2), nos Estados Unidos (1976) - 2,22 km
Tuas Bay, em Cingapura (1999) - 2,1 km
Boston (Hampton Roads 1), nos Estados Unidos (1957) - 2,09 km
Blaye, na França (1978) -1,93 km
Confira o vídeo sobre a construção do túnel Santos-Guarujá
Entrevistado
DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S/A) - via assessoria de imprensa
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transportes@transportes.sp.gov.br
Créditos Fotos: Divulgação/Dersa
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Construtoras se especializam em prédios inacabados
Empresas que assumem esses empreendimentos, principalmente em grandes centros urbanos do país, alegam que é possível ter lucratividade maior
Por: Altair Santos
A falência da construtora Encol, em 1999, deixou 720 edifícios inacabados. Grande parte destes empreendimentos estava em áreas valorizadas das principais capitais brasileiras. Para se ter uma ideia, no final dos anos 1990 a empresa detinha 15% do mercado imobiliário da cidade de São Paulo-SP. Com sua quebra, 46 mil clientes ficaram sem receber seus apartamentos e o valor total dos imóveis somavam R$ 6,3 bilhões. Passados 15 anos, boa parte das edificações já foi concluída, graças a construtoras que visualizaram boa lucratividade no mercado de obras inacabadas. Entre elas, nomes como Cyrela, Gafisa e Via Engenharia, que impulsionaram seus negócios a partir das estruturas deixadas pela Encol.
Desde então, um bom número de empresas passou a se especializar em assumir a conclusão de prédios inacabados. Em algumas capitais, o poder público dá incentivos a esse modelo de negócio. É o caso de Porto Alegre-RS, onde a lei municipal nº 11.531/2013 instituiu regime urbanístico especial para as obras inconclusas e concede descontos em impostos a quem se propor a retomar a construção de um empreendimento. "É um negócio como outro qualquer, que envolve riscos, mas com chance de ter uma lucratividade maior. Acho que é uma questão de oportunidade, perfil e vocação da empresa", define Carlos Borges, vice-presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo) e presidente executivo da Tarjab - construtora paulistana que tem em seu portfólio a conclusão de prédios inacabados.
Engenheiro civil pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) Borges revela os principais cuidados que uma construtora deve ter ao assumir uma obra inacabada:
1. Avaliação técnica do que foi executado, e se há necessidade de retrabalho, demolição, reforço de fundação. "A responsabilidade técnica de quem continua a obra refere-se à obra toda e não apenas à parte que for executada pela nova empresa. Este processo de avaliação técnica é trabalhoso e exige investimentos e expertise para ser feito", destaca.
2. Avaliação jurídica do projeto, pois normalmente uma obra inacabada está acompanhada de conflitos envolvendo quem contratou e quem executou a obra. "Também há aspectos burocráticos para legalização de alvarás e documentos diversos. É uma questão complexa, e que exige cuidados e conhecimento específico", alerta.
3. Engenharia financeira também é fundamental, pois há risco de não se obter financiamento para este tipo de obra e a precificação é mais complexa. "Se não houver financiamento da produção por um banco, a fonte de recursos deve estar garantida antes do início da obra", explica.
4. Poder de negociação. "Este tipo de obra também exige uma capacidade de articulação maior, pois as negociações são mais longas, tensas e complicadas", ressalta.
Passivo psicológico
O especialista afirma ainda que a construtora que encampa obras inacabadas precisa também ter uma boa dose de psicologia para negociar com os clientes. "O passivo psicológico deve ser levado em consideração, pois geralmente quem foi prejudicado pela obra inacabada fica estressado e desconfiado", diz, lembrando que existe um modelo para aprimorar a relação com os compradores de imóveis não finalizados. "Normalmente os condôminos criam uma associação de moradores do edifício e elegem uma diretoria, que contrata a empresa e submete o seu nome à assembleia para dar continuidade à obra. É pré-requisito para este processo que o grupo faça acordo ou obtenha judicialmente a posse da obra, a fim de poder contratar uma construtora para terminá-la. Quanto mais heterogêneo for o grupo, e mais conflitos judiciais existirem, mais complexa é a busca do consenso", completa.
Definida a construtora, Carlos Borges comenta que o passo seguinte é a realização de uma análise técnica criteriosa do edifício inacabado. "Deve ser feita uma auditoria em todos os projetos, além de inspeções visuais e ensaios estruturais. São eles que vão nortear os cuidados, reparos e as tecnologias utilizadas para continuar a obra", explica, concluindo que os procedimentos finais para que a construção seja retomada passam por aspectos legais de transferência de responsabilidade técnica, revalidação do alvará de execução e saneamento de dívidas existentes. "Todo o conjunto da obra precisa estar desimpedido para que ela recomece", finaliza Carlos Borges.
Entrevistado
Engenheiro civil Carlos Borges, presidente executivo da construtora Tarjab e vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Secovi-SP
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secovi@secovi.com.br
www.tarjab.com.br
Créditos Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Arquitetura do Brasil terá acreditação nos EUA
Acordos permitem que profissionais possam atuar sem barreiras e equalizam disciplinas dos cursos de graduação nos dois países
Por: Altair Santos
No final de junho de 2014, a arquitetura brasileira deu um passo importante para confirmar seu reconhecimento internacional. Ao estabelecer acordos com dois importantes organismos dos Estados Unidos, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR) abriu caminho para que profissionais possam atuar sem barreiras nos dois países. Além disso, foi firmado o compromisso para que se desenvolva um sistema de acreditação de cursos de arquitetura brasileiros e norte-americanos.
Um dos convênios foi assinado com o American Institute of Architects (AIA). “O acordo abre caminho para o diálogo direto entre as duas instituições e formaliza a cooperação nas áreas de regulação e proteção profissional, facilitando a fiscalização dos arquitetos norte-americanos que executam projetos para empreendimentos no Brasil e vice-versa", diz Haroldo Pinheiro, presidente do CAU-BR.
A princípio CAU-BR e AIA atuarão em conjunto por cinco anos, mas o contrato pode ser renovado conforme o interesse dos dois organismos. Os principais itens do acordo preveem:
1. Prover contratos padrões e arcabouço jurídico para disponibilização de serviços de arquitetura, responsabilização, seguro e gestão de riscos, acessíveis aos arquitetos de ambos os países.
2. Afirmar e promover aos membros os princípios básicos do Acordo sobre Padrões Internacionais de Profissionalismo Recomendados na Prática da Arquitetura adotado pela União Internacional dos Arquitetos (UIA), em junho de 1999, em Pequim, China.
3. Apoiar o desenvolvimento de padrões para o projeto e a construção, alcançando a melhor performance da obra e proteção ao público.
4. Estabelecer critérios consistentes de qualificação profissional e diretrizes curriculares nacionais baseadas em padrões internacionais, como a Carta para a Educação dos Arquitetos da Unesco/UIA.
5. Prover palestras de especialistas e material de aprendizagem para expandir as ferramentas e as oportunidades de aprendizagem.
6. Apoiar e desenvolver ações políticas efetivas para influenciar formadores de opinião e formuladores de políticas para criar melhores legislações e ambiente para o desenvolvimento da boa arquitetura.
7. Promover a arquitetura e os arquitetos brasileiros e norte-americanos internacionalmente, por meio de exposições, palestras, premiações, publicações e programas de intercâmbio.
Intercâmbio
Em outro entendimento, desta vez assinado entre o CAU-BR e o National Architectural Accreditation Board (NAAB), criaram-se as bases para um sistema de acreditação dos cursos de arquitetura do Brasil e dos Estados Unidos. Pelos termos do acordo, os dois organismos se propõem a colaborar no desenvolvimento de oficinas, cursos e seminários para promover os princípios de acreditação e para facilitar a formação de avaliadores de programas arquitetônicos brasileiros, além de promover troca de informações sobre procedimentos, normas e as melhores práticas em matérias de cursos de arquitetura e processos de acreditação, incluindo documentos, artigos e pesquisas.
Segundo o conselheiro Fernando Diniz Moreira, a cooperação entre CAU-BR e NAAB trará mais qualidade aos cursos de arquitetura. “A acreditação é um processo de avaliação externa que visa certificar a qualidade acadêmica dos cursos de arquitetura e urbanismo, que aderem de forma voluntária ao processo. Os cursos passam por uma rigorosa avaliação que inclui muitos outros aspectos, além de atenderem os requisitos mínimos estipulados pelo Ministério da Educação”, avalia.
Saiba mais sobre CAU-BR, AIA e NAAB
CAU-BR
Criado em 2010, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil possui a função de orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de arquitetura e urbanismo, zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe em todo o território nacional, bem como pugnar pelo aperfeiçoamento do exercício da arquitetura e urbanismo. O conselho está presente nos 27 estados e foi uma conquista histórica para a categoria, por significar uma maior autonomia e representatividade para a profissão. O Brasil tem hoje 114 mil arquitetos ativos.
AIA
Fundado em 1856, o American Institute of Architects (AIA) é uma organização profissional, composta por arquitetos licenciados, formada para promover a melhoria da arquitetura no país.
NAAB
Fundado em 1940, o National Architectural Accreditation Board (NAAB) é a instituição responsável pela criação e manutenção de um rigoroso sistema de acreditação no ensino profissional de arquitetura. Apenas arquitetos formados por escolas acreditadas pelo NAAB podem se candidatar ao exercício profissional.
Entrevistado
Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR) (via assessoria de imprensa)
Contato
comunicacao@caubr.gov.br
Crédito Foto: Divulgação/CAU-BR
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Em cenário de incertezas, como fica a construção civil?
Pesquisa da consultoria KPMG aponta que setor precisa estar prevenido contra vulnerabilidades geradas por juros altos e crescimento econômico baixo
Por: Altair Santos
Pesquisa coordenada pela KPMG no Brasil ouviu executivos de instituições financeiras, investidores e empresários para diagnosticar o momento econômico do país e seus reflexos na produção industrial. Em um dos questionamentos do estudo, foi perguntado quais os três setores mais vulneráveis a um cenário de incertezas. Dos entrevistados, 28% responderam que será o segmento imobiliário e da construção civil, 24% apontaram as montadoras e as autopeças e 16% o de energia (geração, transmissão e distribuição).
A KPMG também perguntou aos especialistas sobre as expectativas em relação ao cenário econômico do Brasil. A maioria (43%) disse acreditar que as taxas elevadas de juros e o crescimento baixo do PIB devem se manter até 2016. "Ainda segundo o levantamento, 90% dos pesquisados acreditam que a taxa básica de juros deve permanecer no mesmo patamar ou aumentar até o final de 2015. Isso gera uma insegurança econômica que traz como consequências aperto da concessão de crédito e uma tendência de aumento nos pedidos de recuperação judicial", analisa André Schwartzman, um dos sócios da KPMG no Brasil.
O estudo procurou filtrar também como as empresas tendem a blindar seus desempenhos de uma eventual insegurança econômica. Na pesquisa, grande parte respondeu que a solução está na gestão dos negócios. "Isso se reflete diretamente na visão que os executivos têm do que deve ser feito para que as companhias sejam bem-sucedidas. Quarenta e um por cento acreditam que profissionalização da gestão e melhor governança corporativa são fundamentais, seguido por um eficiente sistema de controle, em especial financeiro, citado por 34%", observa Schwartzman.
Fortalecimento das parcerias
Para os especialistas que participaram da pesquisa, há uma possibilidade real de aumento no número de pedidos de recuperação judicial nos setores mais vulneráveis. Por isso, eles reforçam que as empresas devem aprimorar suas gestões. Tudo isso está diagnosticado no estudo, o qual avalia que os problemas gerados internamente no controle da administração (42%) e um desequilíbrio entre fatores internos e externos (43%) são os principais motivos que levam uma empresa a entrar em estágio de crise.
Para evitar esse cenário, a recomendação de André Schwartzman é que as corporações fortaleçam suas parcerias. "Empreendedores, bancos, investidores, dentre outros, devem ter uma parceria integrada, atuar em conjunto e adaptar suas práticas para, dessa forma, utilizar suas competências com o objetivo de evitar crises e manter o valor das empresas", finaliza.
Confira aqui a íntegra da pesquisa
Entrevistado
André Schwartzman, sócio da KPMG no Brasil, graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas e com MBA na Fundação Dom Cabral e na Kelogg-Northwestern (EUA)
Contato
aschwartzman@kpmg.com.br
http://br.linkedin.com/in/andresch
Créditos Fotos: Divulgação/KPMG
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Com Anapre, piso de alto desempenho consolida mercado
Associação comemora 10 anos em 2014 e cria comitê de inovação para aprimorar setor, que aproxima-se dos 50 milhões de m² construídos
Por: Altair Santos
A Anapre (Associação Nacional de Pisos e Revestimento de Alto Desempenho) está comemorando dez anos. Trata-se de um daqueles casos em que a organização do setor impulsionou a conquista de um mercado e balizou a qualidade dos produtos por ele construído. Em 2000, estimava-se que esse segmento abrangia 24 milhões de m² por ano. Hoje, está próximo de atingir 50 milhões de m².
A evolução dos materiais é proporcional a esse avanço. Do cimento queimado que revestia o chão da fábrica, os 65 associados da Anapre produzem atualmente pisos que utilizam desde resinas epoxídicas até uretânicas cimentícias, passando por resinas poliuretânicas e resinas poliaspárticas. São produtos que levaram o revestimento de alto desempenho a marcar presença também em shopping centers e em aeroportos, além de avançar no mercado industrial.
Para o diretor administrativo da Anapre, Júlio Portella Montardo, a evolução não se deu apenas no volume de pisos construídos ou nos materiais empregados. "Houve ainda avanços no detalhamento de projetos, procedimentos executivos, tecnologia de materiais e de equipamentos. Muitos destes foram demandados dos clientes finais que passaram a necessitar de soluções de engenharia cada vez mais sofisticadas", afirma.
A fim de qualificar ainda mais a indústria de pisos de alto desempenho, a Anapre está criando um comitê de inovação. O objetivo é fomentar pesquisa, atrair o meio acadêmico e buscar troca de experiências internacionais através da participação em feiras, congressos e convênios com entidades de pesquisa. "Haverá um grupo pertencente ao comitê de inovação que será responsável pela divulgação destas inovações junto ao associado e ao mercado", diz Júlio Portella Montardo.
Mão de obra
Há também uma preocupação da Anapre com a qualificação da mão de obra que atua no setor. "Estamos inseridos no mercado da construção civil e padecemos dos mesmos problemas. Parte das atividades do comitê de inovação estará voltada para realização de treinamentos e cursos que busquem elevar a qualificação da mão de obra para execução de pisos de concreto e RAD (Revestimento de Alto Desempenho)", comenta o diretor administrativo da associação.
Nestes dez anos, a Anapre faz o seguinte balanço do mercado de pisos de concreto no Brasil. "A formalidade técnica evoluiu significativamente. A disponibilidade de novos materiais e equipamentos trouxe uma nova perspectiva ao mercado. Procedimentos executivos foram melhorados ou desenvolvidos para proporcionar maior qualidade ao piso. Além disso, a entrada de empresas de atuação mundial no mercado brasileiro acabou por elevar também o nível de exigência técnica dos pisos de concreto", resume documento da associação intitulado "O Mercado de Pisos Industriais no Brasil".
Entrevistado
Engenheiro civil Júlio Portella Montardo, diretor administrativo da Anapre (Associação Nacional de Pisos e Revestimento de Alto Desempenho)
Contato
julio.montardo@neomatex.com.br
www.anapre.org.br
Créditos Fotos: Divulgação/Anapre
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Construção civil gasta R$ 18 bilhões com burocracia
Sobretaxas, trâmites em cartórios e lentidão do poder público elevam valor do imóvel em 12% e chegam a ocupar até 50% do ciclo da obra
Por: Altair Santos
O bom momento da construção civil entre 2008 e 2012 criou um efeito contrário aos negócios do setor: o aumento da burocracia. O custo do excesso de trâmites para viabilizar obras - principalmente nos principais centros urbanos do país - já equivale a R$ 18 bilhões ao ano. Por trás deste cenário que emperra a produtividade das empresas estão as prefeituras, os cartórios e a falta de uma normalização que padronize a burocracia sobre o segmento imobiliário no Brasil. Foi o que constatou estudo da consultoria Booz & Company, contratada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) para avaliar o “custo da burocracia no imóvel”.
O levantamento foi praticamente o primeiro ato do novo presidente da CBIC, o engenheiro civil José Carlos Martins, que tomou posse no dia 1º de julho de 2014. “Somos responsáveis pelo processo de construção do imóvel e, com isso, assumimos a responsabilidade perante nossos clientes da entrega no prazo correto e com a qualidade necessária. No entanto, somos reféns, ao longo do processo, de um sistema arcaico incompatível com o momento em que vivemos. Isto é, as estruturas ficaram paradas no tempo, os conceitos estão envelhecidos e é nossa obrigação mostrar à sociedade como as coisas estão funcionando de forma excessivamente burocrática e ineficiente”, critica.
A pesquisa, que analisa os principais gargalos burocráticos que oneram e atrasam os empreendimentos imobiliários no país, também contou com o apoio da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) e do MBC (Movimento Brasil Competitivo). Nela, que teve abrangência nacional e apurou dados de construtoras que operam em todo o país, além de empresas com atuação regional, observou-se que, não fosse a burocracia, os imóveis no Brasil poderiam ser construídos mais rapidamente e com custo menor.
Lento e caro
Entre as principais constatações feitas pela consultoria, estão:
1) O excesso de burocracia para a construção e aquisição da casa própria no Brasil aumenta em até 12% o valor final do imóvel para o proprietário. Isso equivale a R$ 18 bilhões por ano, considerando-se os financiamentos com recursos do FGTS e da caderneta de poupança, com base na média de unidades novas entregues anualmente.
2) A burocracia também aumenta o prazo de entrega da casa própria. Dos cinco anos que um imóvel financiado pelo FGTS pode levar para sair do papel, ou seja, do projeto à entrega, dois anos são consumidos apenas pelos processos burocráticos.
3) Os principais problemas constatados pelo estudo são: atraso na aprovação dos projetos pelas prefeituras, falta de padronização dos cartórios, falta de clareza nas avaliações das licenças ambientais e mudanças na legislação que atingem obras já iniciadas, como alterações nos planos diretores e de zoneamento, por exemplo.
Para reverter esse quadro, o setor da construção civil propõe a redução destes custos burocráticos por meio de melhores práticas para análise e aprovação dos projetos imobiliários, assim como a padronização e a revisão das legislações municipais, estaduais e federais, além de investimento em informatização de processos que liberam financiamentos aos compradores. A conclusão é que se essas medidas forem implantadas elas poderão não só reduzir os custos como diminuir de 60 para 32 meses o prazo para entrega dos imóveis.
Clique aqui e confira o estudo completo.
Entrevistado
Engenheiro civil José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção
Contato
comunica@cbic.org.br
Crédito Foto: Silvio Simões/CBIC