Produtividade passa pela engenharia de gestão
No Brasil, curso ainda é novo e só existe uma graduação no país. No entanto, especialidade é cada vez mais exigida na construção civil
Por: Altair Santos
Consolidada no exterior, a engenharia de gestão só agora começa a se propagar no Brasil. A Universidade Federal do ABC paulista (UFABC) é pioneira na oferta de um curso de graduação, enquanto o Instituto de Engenharia de Gestão (IEG) no Rio de Janeiro oferece a especialidade em formato de MBA e pós-graduação. De acordo com Rodrigo Lang, do IEG, tem crescido a demanda pelo curso, sobretudo por profissionais que empreendem na construção civil - com destaque para engenheiros civis. Ainda segundo o especialista, o que eles procuram é imprimir produtividade aos seus negócios. "A gente precisa propagar a produtividade para todas as engenharias e a gestão é fundamental para isso", diz Lang, que na entrevista a seguir explica os fundamentos que fazem a engenharia de gestão ser imprescindível nos sistemas produtivos do país.
Qual a aplicação da engenharia de gestão na construção civil?
O primeiro passo da engenharia de gestão é um conceito bastante horizontal. Ele passa por tudo o quanto é engenharia. É a engenharia de gestão que traz ferramentas de produtividade às outras engenharias. A grande fronteira do Brasil é realmente a produtividade. Vivemos batendo nesta tecla, de que para crescer sem pressões inflacionárias, crescer de forma sustentável, o país precisa ganhar produtividade. Nos últimos anos tivemos bastante investimento em consumo, pouquíssimo investimento em infraestrutura e nenhum investimento em produtividade. Se compararmos com outros países, o Brasil é um dos últimos colocados em produtividade mundial. Então, tanto na construção civil quanto na engenharia mecânica ou na engenharia naval, é preciso ganhar em produtividade. O modelo a ser seguido é o da agroindústria, que recebeu muito investimento em produtividade - produtividade humana e produtividade tecnológica. É o que precisa ocorrer com a construção civil, para que ela produza mais e reduza seus custos. E boa parte destes custos está relacionada à baixa produtividade. Aí é que entra a engenharia de gestão, que precisa ser aceita como um conceito. Um conceito que deveria nascer dentro das universidades, mas que não se disseminou pelas engenharias, exceto a engenharia de produção e a engenharia industrial. A gente precisa propagar a produtividade para todas as engenharias e a engenharia de gestão é fundamental para isso.
No Brasil, ao que parece, só existe um curso de graduação, que é na UFABC (Universidade Federal do ABC Paulista). Por que há tão poucos cursos de engenharia de gestão?
Infelizmente, nossas escolas de graduação estão muito desconectadas do mercado de trabalho. No Brasil, os cursos de engenharia se tornaram cursos teóricos. A engenharia civil, por exemplo, tem uma base curricular que vem desde 1700, dos tempos do Império. Houve apenas adaptações tecnológicas, mas a ementa curricular é a mesma. Todas as mudanças conceituais envolvendo a engenharia não foram incorporadas à graduação, mas empurradas para cursos de MBA, de pós-graduação, enfim, tornaram-se uma complementação do ensino. Por isso, eu vejo muitos alunos desesperados para cursar MBA, cursar pós-graduação, às vezes num momento errado. E aqui há uma parcela de culpa das universidades federais, que ao exigirem exclusividade de seus professores os desconectaram da realidade de mercado. Com o tempo, isso cria um gap muito grande entre o mercado de trabalho e a universidade. Resultado: os cursos de pós-graduação, hoje, tem cada vez mais demanda. Na média, 20% dos que os procuram são engenheiros civis.
O Instituto de Engenharia de Gestão trabalha de que forma para difundir essas mudanças?
Estamos atuando no mercado. Além de consultoria, temos uma escola de negócios que já existe há cinco anos e que prepara os profissionais graduados para ter o foco em gestão. Formamos engenheiros de gestão.
Entre os que procuram se especializar em gestão, quantos são engenheiros graduados?
A maioria. Os engenheiros que mais procuram são os com formação em civil e mecânica. Por quê? Por que o futuro do engenheiro é a gestão.
No caso de um curso de graduação em engenharia de gestão, ele tem duração de quantos anos?
Como as outras graduações em engenharia, cinco anos. Mas se for um curso complementar, como MBA ou pós-graduação, em um ano se consegue converter um profissional de outra engenharia em um profissional de gestão.
Em termos de produtividade, o quanto a boa gestão permite obter ganhos, sobretudo em projetos relacionados à construção civil?
Atualmente, existe um cálculo estimado de que a boa produtividade eleva os ganhos entre 30% a 40%, só melhorando os fundamentos de gestão. Isso vale para todas as engenharias, para todos os projetos. Grande parte das obras de infraestrutura lançadas no país, por exemplo, não tem gestão de projeto. Isso resulta em falha no preço, estouro no orçamento e prazos não cumpridos.
Fora do país, a engenharia de gestão já está bem disseminada?
Os engenheiros fora do país têm ciclos muito claros, ciclos extremamente profissionais. Nos primeiros três, quatro anos, a universidade se concentra nos fundamentos da profissão. Nos últimos anos, o foco é na gestão.
Como está o mercado de trabalho para quem se gradua em engenharia de gestão, e em quais áreas o profissional pode atuar?
A grande vantagem do profissional de engenharia de gestão é que ele pode atuar em todas as áreas, seja ela pública ou privada. Mas o setor público, em especial, tem um grande ganho relacionado a isto, pois no longo prazo ocorre a profissionalização. Futuramente, se o Brasil quiser mesmo ter um crescimento sustentável, deverá ter engenheiros de gestão em cargos estratégicos do governo.
No mercado, os empresários já preferem, normalmente, engenheiros para gerir as suas empresas. Por que isto ocorre?
A vantagem do engenheiro é que ele tem um raciocínio quantitativo e uma capacidade de análise muito forte. Então, ao casar a capacidade de análise de dados do engenheiro, o raciocínio quantitativo do engenheiro, com algumas disciplinas tipicamente de economia e de administração, surge o engenheiro de gestão. Geralmente, outras profissões têm dificuldade de análise de dados, uma dificuldade de raciocínio lógico e estruturado, onde um engenheiro tem muita facilidade. Por isso, a preferência por engenheiros.
Entrevistado
Engenheiro de produção Rodrigo Lang, sócio-diretor do Instituto de Engenharia de Gestão, com especialidade em empreendedorismo, vida corporativa e motivação empresarial. Autor de artigos e publicações nas áreas de Logística e Supply Chain.
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rodrigo.lang@institutodegestao.com.br
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Crédito Foto: Divulgação/IEG
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Tecnologia do concreto salva Estrada da Graciosa
Rodovia centenária ganhou uma ponte no lugar do trecho que desmoronou. Solução bem sucedida teve uso inédito pelo DER-PR
Por: Altair Santos
O Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) investiu na tecnologia do concreto para reconstruir o trecho da Estrada da Graciosa que desmoronou em função das chuvas, em março de 2014. Uma ponte substituiu parte da pista danificada. Segundo o engenheiro civil Márcio José Tozo, gerente de obras e serviços do DER-PR, e responsável pela recuperação da rodovia, a opção por uma estrutura de concreto se deu por causa do terreno onde ocorreu o acidente. "Foi uma solução conjunta do DER-PR, que mobilizou engenheiros civis e geólogos para chegar na melhor maneira de se fazer a recuperação. O escorregamento ocasionado não deixou plataforma para a construção de um muro de contenção, nem a execução de um aterro, pois a inclinação é superior a 45 graus", explica.
A Estrada da Graciosa, com seu trajeto original, recoberto por pavimento de paralelepípedo, foi construída em 1873. Atualmente, devido aos recentes danos, a rodovia segue em obras e só será integralmente reaberta em setembro. Por enquanto, ela opera em meia pista. A outra parte será entregue quando for finalizada a pavimentação, seguindo o padrão histórico - com paralelepípedos. Para Márcio José Tozo, o maior desafio nesta etapa de recuperação foi definir a obra a ser executada (tipo de estrutura, fundação e espaço para realizar os serviços) preservando o meio ambiente e as características da estrada, além de levar em conta as questões climáticas, prazos e o transporte de materiais, já que a rodovia centenária tem um limite de carga.
O DER-PR monitora constantemente a Estrada da Graciosa. Na maioria das vezes que a rodovia precisa de manutenção executa-se muros de contenção nos pontos críticos. Para esta obra, que usou uma tecnologia inovadora na estrada, foram utilizados 450 m³ de concreto. A estrutura envolveu 16 pilares, 36 vigas de 10 metros cada, lajotas para sustentar a nova travessia, guarda-corpos, sistemas de drenagens e muros de sustentação. "Quando totalmente liberada, a pista estará apta para receber o tráfego autorizado para a estrada: veículos leves (carros), além de pequenos caminhões e vans", garante o gerente de obras e serviços do DER-PR. Nos dias de semana, a Estrada da Graciosa recebe 50 veículos por hora. Nos finais de semana, este número dobra - 100 veículos por hora.
O tráfego em meia pista na Estrada da Graciosa foi liberado dia 9 de julho. Para organizar o fluxo neste período de transição da obra, foi instalado um semáforo, que permite a circulação e evita acidentes no local. “Foi autorizado o trânsito, antes mesmo da conclusão da ponte, para ajudar a população do litoral e promover o comércio local. Por isso, o motorista deve prestar atenção quando passar pela região”, alerta o superintendente do DER-PR, Gilberto Loyola. A Estrada da Graciosa também é conhecida como PR-410. Levou vinte anos para ser construída e durante quase 80 foi a principal ligação entre Curitiba e o litoral paranaense, tanto para transporte de cargas quanto de pessoas.
Entrevistado
Engenheiro civil Márcio José Tozo, gerente de obras e serviços do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR)
Contato
claragao@seil.pr.gov.br
Créditos Fotos: Arnaldo Alves/ANPr
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Japão projeta megaobra para conter tsunamis
Governo planeja construir 440 muralhas nas cidades mais ameaçadas pelo fenômeno sísmico, ao longo de 370 quilômetros e a um custo de US$ 10 bilhões
Por: Altair Santos
Entre 1972 e 1984, o prefeito Kotaku Wamura, da pequena cidade de Fudai, no norte do Japão, empreendeu suas energias em uma obra que ele considerava essencial para a população de três mil habitantes: construir uma muralha com 15,5 metros de altura e 205 metros de comprimento. Sobrevivente de um tsunami que destruiu o vilarejo em 1933, Wamura gastou cerca de US$ 30 milhões no empreendimento, que consumiu 61.500 m³ de concreto armado. Em 2011, a construção cumpriu sua função. No grande tsunami que atingiu várias cidades japonesas, o paredão conteve uma onda com 20 metros de altura e permitiu que Fudai saísse da tragédia com danos mínimos.
Incentivado pela ideia do ex-prefeito, que morreu em 1997, o governo japonês estuda construir 440 muros de concreto ao longo de 370 quilômetros de praia, protegendo as cidades mais propensas a tsunamis, entre as quais Fukushima, Miyagi e Iwate, destruídas pelo fenômeno sísmico do início desta década. O projeto causa polêmica e é repudiado por ambientalistas, que acusam que as megaobras irão acabar com o litoral japonês e prejudicar uma das principais atividades econômicas do país: a pesca. Mesmo assim, o investimento já está reservado e é estimado em US$ 10 bilhões. Cada muralha teria 20 metros de altura e o volume de concreto estimado para construí-las pode chegar a 8 milhões de m³.
O período de construção duraria cinco anos, avaliam os ministérios da Agricultura e de Terras, defensores das obras. Eles se apegam aos cálculos de que dos 35 mil quilômetros de costa que o Japão possui, 14 mil são vulneráveis a tsunamis. No entanto, Christian Dimmer,
professor-assistente no departamento de estudos urbanos na Universidade de Tóquio, afirma que a construção de muros de contenção não é garantia de que eles irão segurar tsunamis. "Paredões têm o potencial para salvar vidas onde quer que sejam construídas, desde que o tsunami não exceda a altura e não exerça pressão maior do que a que os muros podem suportar", diz.
O custo das construções também é reclamado pelos opositores. O governo japonês está disposto a conceder bônus para as empreiteiras do país, a fim de que elas invistam em pesquisa de sistemas construtivos e em tecnologia do concreto, para construir muralhas que resistam a tsunamis ainda mais intensos do que os que atingiram o país em 2011. Com isso, apontam os críticos, as populações das cidades "protegidas" pagariam impostos mais caros ao longo de 25 anos. "O custo é elevado sob todos os aspectos. Não gostaria que o mundo passasse a ver o Japão como um país cercado por uma muralha de concreto", critica o professor Masahito Abe, um dos opositores às megaobras.
Entrevistado
Universidade de Tóquio (via email e site institucional)
Contato
http://www.u-tokyo.ac.jp/public/contact_j.html
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Banco do BRICS abre mercado para transnacionais de obras
Análise da ANEINFRA considera que grandes empreiteiras brasileiras terão oportunidade de entrar na China, na Rússia, na Índia e na África do Sul
Por: Altair Santos
Fundado em 14 de julho de 2014, durante a VI Cúpula de Fortaleza-CE, o Banco do BRICS - bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - nasceu com um aporte de US$ 100 bilhões (quase R$ 250 bilhões). Um dos objetivos da nova instituição financeira é contribuir com crédito de longo prazo para investimentos em infraestrutura nos cinco países emergentes. Para o Brasil, essa vocação do banco pode representar a oportunidade para exportar os serviços das construtoras transnacionais do país. "O avanço na infraestrutura abre espaço também para o Brasil, que tem uma indústria competitiva em equipamentos, tem uma engenharia reconhecida internacionalmente e empresas de construção bastante competentes”, avalia Luciano Coutinho, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Compartilha da mesma opinião a presidente da Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura (ANEINFRA) Martha Martorelli. “A ANEINFRA acredita que os recursos oriundos do Banco do BRICS, com seus respectivos critérios, poderão propiciar a ampliação da atuação das empresas transnacionais em outros países, bem como a oferta de empresas estrangeiras no mercado brasileiro", analisa a dirigente, fazendo uma ressalva: "O aporte neste novo banco representa aproximadamente metade do montante investido no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governo brasileiro. A execução do PAC no Brasil, ainda muito aquém da totalidade dos investimentos, já faz com que o setor de construção trabalhe no limite de sua capacidade de execução. Apesar de ser interessante agregar recurso dos BRICS, não será tão perceptível o incremento resultante às construtoras”.
Clientes em potencial
Para a presidente da ANEINFRA, Índia e China são os países com mais potencial para contratar os serviços das construtoras transnacionais brasileiras, mas a Rússia - futuro país-sede da Copa do Mundo de 2018 - tem potencial para estabelecer parcerias, por causa do know-how que o Brasil adquiriu em obras de estádios. "As construtoras brasileiras, sem dúvida, podem se constituir em uma alternativa a mais para a Rússia, mas o mais interessante seria conseguir entrar na China. O ritmo frenético dos investimentos em infraestrutura verificado naquele país, nos anos recentes, ilustra a dimensão do déficit que ele busca reduzir", cita Martha Martorelli, completando que o modelo de desenvolvimento chinês não pode servir de exemplo para o Brasil. "Infelizmente, falta intercâmbio técnico entre os países para considerá-lo como referência”.
A dirigente da ANEINFRA, no entanto, não tem convicção de que o Banco do BRICS ou até mesmo as reedições do PAC e do programa Minha Casa Minha Vida, que estão indo para a terceira geração, possam reaquecer a construção pesada. "A retomada dos investimentos em infraestrutura, a partir de 2008, num primeiro momento deparou-se com o sucateamento do setor, após 25 anos sem aportes relevantes. Por isso, o otimismo do setor dependerá de um plano de investimento governamental de médio e longo prazos, que encoraje o segmento a investir na própria capacidade técnica para atender a demanda planejada", analisa, concluindo que no momento não há como estimar o volume de recursos que o Brasil precisa para recuperar o terreno perdido na área de infraestrutura e nem quais são as obras prioritárias. "A decisão quanto ao investimento carece de planejamento", finaliza.
Entrevistada
Engenheira com especialização em gestão pública, Martha Martorelli, e presidente da Associação Nacional dos Analistas e Especialistas em Infraestrutura (ANEINFRA)
Contatos
martha martorelli@hotmail.com
diretoria@aneinfra.org.br
Créditos Fotos: Divulgação/Agência Brasil
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Construção civil faturou R$ 35 bilhões com a Copa
Por falta de planejamento, 65 obras ficaram inconclusas. Sinaenco estima que lucro do setor poderia ter ultrapassado os R$ 50 bilhões
Por: Altair Santos
A consultoria Eurasia Group fez um balanço dos efeitos da Copa do Mundo sobre a construção civil. Na análise, concluiu-se que o impacto setorial poderia ter sido maior se todos os projetos de mobilidade e infraestrutura urbana prometidos para o mundial tivessem saído do papel. Mesmo assim, as obras ligadas ao evento movimentaram mais de R$ 35 bilhões desde 2007.
Só os investimentos da chamada Matriz de Responsabilidade - documento que reuniu os projetos a cargo do governo federal, governos estaduais e cidades-sede - somaram R$ 26 bilhões. "No final, as construtoras que ganharam mais com o evento foram aquelas envolvidas nas obras dos estádios e no entorno das praças desportivas. Mas o efeito cascata desses investimentos foi mais limitado do que o esperado", opina João Augusto de Castro Neves, analista da Eurasia Group.
O presidente do SINAENCO Regional Paraná (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) Carlos Valério Avais da Rocha Esteio mostra que, de acordo com levantamento do sindicato, se todas as obras previstas para a Copa do Mundo tivessem sido concluídas, o faturamento bruto do setor da construção civil poderia passar de R$ 50 bilhões. "Foram 65 obras não finalizadas. Como continuam fazendo parte do PAC2 (Programa de Aceleração do Crescimento) é possível que sejam entregues", acredita.
O dirigente culpa a falta de planejamento pelo atraso. "Embora todos os alertas feitos por várias entidades de classe, principalmente o SINAENCO, a Copa foi recheada por problemas de falta de planejamento, o que acabou gerando contratações de projetos simplificados e obras sem a maturidade técnica necessária", critica.
Olimpíadas 2016
Outros empecilhos para os atrasos foram a burocracia e os problemas ambientais. Além disso, a tentativa do governo federal de agilizar as obras através do Regime Diferenciado de Contratações (RDC) não geraram os efeitos pretendidos. "O RDC acelera a contratação da obra, mas os prazos de estudos e planejamento não podem ser acelerados. Os ganhos do novo regime se mostraram ineficientes para as obras da Copa", avalia Carlos Valério Avais da Rocha Esteio.
Empresário do setor, ele também cita o segmento que mais lucrou, entre os que compõem a cadeia produtiva da construção civil. "O de equipamentos chegou a ter falta de produtos para ofertar ao mercado", revela o dirigente do sindicato, que monitorou a Copa do Mundo desde que o Brasil venceu a eleição para país-sede, em 2007.
Carlos Valério entende que o grau de dificuldade será menor para o Brasil sediar os jogos olímpicos de 2016, que acontecerão na cidade do Rio de Janeiro. "Será menor, pois se trata de um contratante apenas (a Prefeitura e o Governo do Rio de Janeiro). A Copa foi espalhada por doze sedes, o que fazia com que as obras tivessem vários donos e responsáveis. No caso das Olimpíadas será mais fácil, mas ainda temos problemas de planejamento e com a burocracia", conclui.
Entrevistado
Engenheiro civil Carlos Valério Avais da Rocha Esteio, presidente da Esteio Engenharia e Aerolevantamentos S.A., presidente do SINAENCO - Regional Paraná e presidente da APEC (Associação Paranaense de Empresas de Consultoria de Engenharia)
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valerio@esteio.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Conpasul comemora 30 anos, de olho no futuro
Empresa começou como unidade de britagem e hoje conta com portfólio que vai de concreteiras a usinas de asfalto, todo ele instalado no Rio Grande do Sul
Por: Altair Santos
O município de Estrela, no Rio Grande do Sul, viu nascer, em 1984, uma das principais indústrias da cadeia produtiva da construção civil na região sul do país. Há 30 anos era fundada a Conpasul, que nestas três décadas só faz crescer. A empresa surgiu como uma unidade de britagem, mas logo foi descobrindo novos nichos de mercado, passando a atuar na produção de concreto e asfalto para pavimentação.
Hoje, o portfólio da Conpasul engloba, além da matriz, 11 filiais instaladas estrategicamente no estado gaúcho. “São 30 anos de muito trabalho, prospecção, estudos e investimentos. Nossas conquistas são fruto de uma filosofia que prima pela qualidade, garantida pelo empenho dos nossos funcionários e utilização de tecnologia de ponta, que garante a excelência em nossos produtos e serviços", revela Nilto Scapin, sócio-administrativo do grupo Conpasul.
Estratégia é a palavra que move a Conpasul. A empresa atua com conceitos bem enraizados de planejamento e o objetivo é definir metas a partir da perspectiva do cliente, o que gera novos processos internos de desenvolvimento e inovação. Essa filosofia resultou, por exemplo, em um dos mais completos centros tecnológicos do Rio Grande do Sul em pesquisa do concreto. Nele, são desenvolvidas soluções com as características especiais solicitadas pelo cliente, como resistência do concreto e granulometria da brita. Além disso, a Conpasul prioriza a qualidade do material fornecido pelos seus parceiros, entre os quais está a Cia. de Cimento Itambé. “O CT (Centro Tecnológico) oportuniza um crescimento e acúmulo de experiência em tecnologias voltadas à sua área de atuação. Além disso, leva o que há de mais moderno em tecnologia de concreto e asfalto aos clientes", referenda Nilto Scapin.
O concreto representa 37% do faturamento da empresa, enquanto a pavimentação asfáltica tem fatia de 55% e a britagem 8%. No que se refere à produção de concreto, as centrais dosadoras da Conpasul dispõem do que há de mais moderno em termos de automação. São sistemas que fazem um rigoroso controle da fabricação e da entrega do produto. Além disso, há intensa preocupação com a obediência às normas técnicas vigentes e com a fase de concretagem. A companhia dispõe de frota que pode transportar até 10 m³ de concreto por viagem e conta com modernas bombas de concreto para atender a necessidade de todos os tipos de obras. “O desenvolvimento de nossos produtos e serviços proporciona maior durabilidade e resistência dos materiais, redução de custos nos processos produtivos dos clientes e aumento significativo da qualidade", diz Scapin.
Ações socioambientais
Para produzir, a Conpasul tem também a preocupação em cuidar. Por isso, está sempre agregando tecnologias que ajudam a preservar o meio ambiente. A empresa atua em ações de reflorestamento, produção de asfalto ecológico - que utiliza a reciclagem de pneus -, além da instalação de equipamentos em suas unidades que permitem reduzir a emissão de poluentes. A Conpasul também faz o reaproveitamento da água proveniente do processo de lavagem dos equipamentos e instalações industriais, reutilizando-a na produção do concreto. "Atualmente, o reflorestamento das áreas exploradas pela empresa tem recebido atenção especial, mediante a realização de ações como a recomposição de áreas mineradas com o plantio de árvores e gramíneas", completa Nilto Scapin.
Outra prioridade na empresa é com o relacionamento com seus colaboradores, clientes e com a população das cidades onde operam sua matriz e suas filiais. Por isso, a Conpasul patrocina uma série de iniciativas nas áreas de marketing, educação e esporte. Especificamente na gestão de pessoas, a Conpasul foi mais uma vez inovadora, como revela o sócio-administrativo do grupo. "Implementamos um sistema de treinamento que aproveita os dias de chuva, já que nossos negócios são impactados diretamente pelas condições climáticas. Transformamos essa adversidade em oportunidade", finaliza Scapin.
Entrevistado
Nilto Scapin, sócio-administrativo do grupo Conpasul
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conpasul@conpasul.com.br
Créditos Fotos: Divulgação/Conpasul
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Emirados Árabes projeta primeiro shopping-cidade
Estrutura tem números superlativos e servirá de moradia para 50 mil pessoas, no mínimo. Área de 4,5 milhões de m² será toda climatizada
Por: Altair Santos
Os Emirados Árabes Unidos transformaram-se no paraíso da engenharia e da arquitetura. Financiados pelo dinheiro dos xeques, projetos que seriam inviáveis em outras nações tornam-se realidade naquela confederação de monarquias árabes localizada no Oriente Médio. O Burj Khalifa, atualmente o prédio mais alto do mundo, com 828 metros de altura, é um exemplo. Construído em Dubai, ele deixará de monopolizar as atenções quando mais uma megaobra for concluída na cidade. Agora, o que está para ser viabilizado é um novo conceito de shopping. Trata-se de um shopping-cidade.
O projeto, lançado no começo de julho de 2014, prevê colocar sob uma cúpula de vidro a estrutura de uma cidade onde não circularão carros, e na qual um shopping center com 8 milhões de m² de área construída irá concentrar todos os serviços necessários para uma população fixa de 50 mil habitantes. Além disso, os idealizadores preveem que uma população flutuante de 180 milhões de pessoas passará anualmente pelo local. Para suportar esse volume de turistas, o complexo terá 20 mil leitos de hotéis e uma série de espaços voltados ao entretenimento.
Assinado pela Dubai Holding, uma incorporadora do xeque Mohammed bin Rashid al-Maktoum, o shopping-cidade terá um aparato tecnológico que o deixa com ares de obra futurista. "Este projeto complementa nossos planos para transformar Dubai em um centro cultural, turístico econômico para os dois bilhões de pessoas que vivem na região do Oriente Médio", explica o financiador da obra, disposto a investir 100 bilhões de dólares no empreendimento. O custo alto levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a emitir uma nota sobre o risco de uma nova bolha imobiliária naquela região do mundo, que poderia ganhar proporções internacionais como a que ocorreu em 2008 nos Estados Unidos.
Cidade climatizada
O Mall of the World - nome oficial da megaobra - tem números superlativos por onde quer que se olhe. Ocupará uma área total de 48 milhões de m², incluindo shopping e cidade, e será totalmente climatizado. Com essa tecnologia, turistas não precisarão se submeter ao calor de 50°C que faz no país durante o verão. "Nossas ambições são maiores do que ter o turismo sazonal. O turismo é fator-chave da nossa economia e nosso objetivo é tornar os Emirados Árabes Unidos um destino atraente durante todo o ano. É por isso que vamos começar a trabalhar na criação de ambientes com temperatura controlada, agradáveis durante os meses de verão. Estamos confiantes da força de nossa economia, otimistas sobre o futuro do nosso país e continuamos a ampliar nossa visão", acrescenta Mohammed bin Rashid al-Maktoum.
Sob o ponto de vista de construção, a obra deve consumir perto de 2 milhões de m³ de concreto e terá uma área construída de 32 milhões de m² - boa parte usará estruturas pré-fabricadas. No complexo ainda haverá um hospital e estacionamento coberto para 50 mil veículos. Quem for visitar o shopping-cidade deverá deixar o carro obrigatoriamente nesta área e só poderá circular a pé. O Mall of the World está previsto para ser inaugurado em 2020. Até lá, o Dubai Mall, também construído em Dubai, segue como o maior shopping center do mundo. Inaugurado em 2008, ele custou 20 bilhões de dólares.
Veja vídeo da Mall of the World
Entrevistado
Dubai Holding
Contato: www.dubaiholding.com
Crédito Foto: Divulgação/Dubai Holding
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Crédito imobiliário precisa de alternativas no Brasil
Diretor-executivo de habitação da Caixa Econômica Federal avalia que dependência de recursos da poupança e do FGTS limita investimentos
Por: Altair Santos
Hoje, o valor contratado para financiar o crédito imobiliário no Brasil é de R$ 150 bilhões. Esses recursos vêm, basicamente, do que é arrecadado, por lei, das cadernetas de poupança e do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Para o diretor-executivo de habitação da Caixa Econômica Federal, Teotônio Costa Rezende, muito mais dinheiro poderia ser injetado no setor habitacional. "Esses 150 bilhões de reais, se comparado com o tamanho do PIB (Produto Interno Bruto) do país, é inexpressivo. Defendo que é preciso discutir o modelo de crédito imobiliário no Brasil", disse o economista.
Modelo criado em 1964, o crédito imobiliário sustentado por recursos da poupança e do FGTS é quase um dogma, na opinião de Teotônio Costa Rezende. Só que ele vê alguns riscos nessa tradição. "No caso do FGTS, se economia recua, há demissões e seus recursos diminuem. No que se refere à poupança, o fluxo já é mais estável. Óbvio que a crise de 2008, nos Estados Unidos, nos mostrou que o ideal é que haja um regramento. Mas não podemos ficar dependendo só de crédito direcionado. Talvez o ideal é que poupança e FGTS financiem a produção e que budgets do mercado financiem a comercialização", sugere.
O diretor da Caixa Econômica Federal palestrou recentemente no SindusCon-PR (Sindicato da Indústria da Construção do Paraná). Ele citou que só dois países no mundo sustentam seu financiamento imobiliário em cima do crédito direcionado: o Brasil e a Nigéria. "É preciso buscar budgets complementares. A Dinamarca tem um dos sistemas mais liberais e a relação crédito imobiliário/PIB é 146%, o maior do mundo. Talvez o Brasil pudesse pensar em covered bonds (títulos de dívida garantidos por financiamentos imobiliários residenciais ou comerciais ou por empréstimos ao setor público) ou na securitização", avalia.
Bolha imobiliária
Para Teotônio Costa Rezende, mudanças no modelo não implicariam em comprometer a sustentabilidade do sistema de financiamento imobiliário no Brasil, mas poderiam ajudar a combater o déficit habitacional mais rapidamente. "O déficit habitacional brasileiro é fortemente sustentado pela baixa renda. Há muito a fazer em habitação social. Quem desenvolver produtos e processos para este segmento terá muito a ganhar. Por isso, não entendo que adotar budgets complementares alimentariam o risco de uma bolha. Até porque, no Brasil, o Banco Central é muito proativo e conservador em suas ações, e nós muito prudentes na concessão de crédito imobiliário e muito atentos a riscos de bolha", completa.
A Caixa Econômica Federal concede anualmente 1,2 milhão de financiamentos imobiliários. No país a relação crédito imobiliário/PIB é 8,8%. Outro dado passado por Teotônio Costa Rezende é que um mutuário leva, em média, 12 anos para liquidar seu financiamento. "Isso, depois do Plano Real, pois antes o mutuário financiava um valor de 100 mil e ao final devia 3,5 vezes a mais do que o financiamento que havia contraído", recorda, citando que as mudanças econômicas no Brasil permitem que se pense em outras alternativas de financiamento imobiliário. "Mas sem tirar os pés do chão", alerta.
Entrevistado
Economista, administrador e contabilista Teotônio Costa Rezende, diretor-executivo de habitação da Caixa Econômica Federal.
Contato
dehab@caixa.gov.br
Crédito Foto: Divulgação/CEF
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Bloco de concreto ganha manual de normas técnicas
Coordenação do documento está a cargo do arquiteto Carlos Alberto Tauil, consultor técnico da Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto
Por: Altair Santos
Os blocos de concreto para alvenaria têm cada vez mais normas técnicas a seguir. Recentemente, a ABNT NBR 12.118/2007- Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Métodos de ensaio – foi revisada e ganhou critérios mais claros de verificação de conformidade. Também está em processo de revisão a NBR 6.136/2008 – Requisitos para blocos de concreto. Por causa do volume de normas, a BlocoBrasil decidiu criar um manual para orientar seus associados. "Assim, a cadeia produtiva da construção brasileira, incluindo fabricantes, laboratórios, projetistas e construtores, têm a garantia de adquirir blocos de concreto de qualidade, produzidos e ensaiados de acordo com as melhores técnicas em vigor”, avalia Marcelo Kaiuca, presidente da BlocoBrasil.
A coordenação do guia de normas está a cargo do arquiteto Carlos Alberto Tauil, consultor técnico da BlocoBrasil (Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto). “O setor de blocos de concreto está atento para as exigências de revisão das normas existentes, visando à sua permanente atualização. Por isso, pedimos permissão à ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para a edição de duas coletâneas das normas relativas aos blocos de concreto para alvenaria e pavimentação, para envio aos associados e a profissionais e construtoras que utilizam os sistemas construtivos com esses componentes de concreto", diz Tauil, citando as normas mais relevantes para o setor, e que estão no manual da BlocoBrasil:
• ABNT NBR 6136 - Bloco de concreto simples para alvenaria estrutural
• ABNT NBR 12118 - Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - Métodos de ensaio
• ABNT NBR 15961(Partes 1 e 2) - Alvenaria estrutural - Blocos de concreto e Execução e controle de obras
• ABNT NBR 8949 - Paredes de alvenaria estrutural - Ensaio a compressão simples
• ABNT NBR 14321 - Paredes de alvenaria estrutural - Determinação da resistência ao cisalhamento
• ABNT NBR 14322 - Paredes de alvenaria estrutural – Verificação da resistência à flexão simples ou à flexocompressão
• ABNT NBR15873 - Coordenação modular para edificações
Pavimentação com peças de concreto
• ABNT NBR 9781 - Peças de concreto para pavimentação
• ABNT NBR 15953 - Pavimento intertravado com peças de concreto
Evolução do mercado
No Brasil, a normalização de blocos de concreto começou nos anos 1970. Hoje, a BlocoBrasil as utiliza como referência para definir a qualidade dos produtos fabricados e entende que elas são fundamentais para a evolução do mercado. "As construtoras passaram a exigir em suas obras produtos em conformidade com as normas brasileiras da ABNT e que possuam certificação (Selo de Qualidade ABCP ou marca de conformidade do Inmetro). Isso também fez com que os programas habitacionais do governo passassem a exigir certificações", explica Tauil, revelando que o setor já se debruça sobre novas normas. "Está em projeto a norma de pavimento permeável com peças de concreto intertravadas e peças de concreto drenante", diz.
Fabricar de acordo com as normas técnicas é uma das exigências que a BlocoBrasil faz para aceitar associados. "Somente fabricantes com produtos certificados com o Selo de Qualidade ABCP podem se associar à BlocoBrasil. É uma garantia que os construtores têm para a compra dos produtos", referenda Carlos Alberto Tauil, lembrando que a BlocoBrasil tem associados que fabricam blocos para alvenaria – estruturais ou de vedação – e para pisos. "As máquinas que produzem blocos de concreto para pavimentação também produzem blocos de concreto para alvenaria. Portanto, os dois produtos são do âmbito dos fabricantes associados à BlocoBrasil", completa.
Entrevistado
Arquiteto e professor Carlos Alberto Tauil, atualmente consultor técnico da Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto (BlocoBrasil)
Contato
blocobrasil@blocobrasil.com.br
www.blocobrasil.com.br
Crédito Foto: Divulgação/BlocoBrasil
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Por que há cimentos que resistem mais aos sulfatos?
Geólogo Arnaldo Forti Battagin mostra quais medidas devem ser tomadas para prevenir patologias, seguindo adequadamente as normas técnicas
Por: Altair Santos
O concreto, quando exposto a determinadas condições, pode ter a vida útil de sua estrutura comprometida caso não sejam tomadas medidas adequadas para prevenir ou reduzir o risco potencial de deterioração. Entre os agentes químicos mais agressivos ao material estão os sulfatos, também conhecidos como óxidos sulfúricos. Normalmente, eles encontram-se diluídos na água, o que torna os concretos destinados a obras marítimas, subterrâneas ou de condução de rejeitos industriais e esgotos os mais vulneráveis a esses ataques.
O mecanismo de ataque consiste em reagir com alguns compostos do cimento, produzindo reações expansivas, podendo ocasionar fissuras e trincas ou até mesmo danos mais sérios nas estruturas a médio e longo prazos.
Como medida preventiva, a fabricação de concretos destinados a obras onde pode haver presença de sulfatos requer duas medidas básicas. Uma é reduzir ao máximo a permeabilidade do material; outra, é utilizar cimentos resistentes a esses agentes químicos agressivos - as chamadas águas sulfatadas. Uma norma técnica orienta quais tipos de cimento são os mais adequados para estruturas submetidas a essas condições: a ABNT NBR 5737:1992 - Cimentos Portland resistentes a sulfatos.
De acordo com o gerente dos laboratórios da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) Arnaldo Forti Battagin, já há consenso no meio técnico em aceitar que o aumento do teor de escória ou pozolana leva a um aumento da resistência aos sulfatos do concreto. A afirmação se deve ao fato de que à medida que as adições são incorporadas no cimento, há uma redução no teor do clínquer Portland na composição e, consequentemente, menor proporção de compostos que favorecem a ação dos sulfatos. “Além disso, as adições emitem pouca ou nenhuma liberação de hidróxido de cálcio durante a hidratação, componente esse imprescindível para reagir com sulfatos", explica Battagin.
Dentre os cimentos Portland existentes no mercado, os mais adequados para obras sujeitas ao ataque de águas sulfatadas são os tipos CP III, CP IV e os RS (resistentes a sulfatos). Outros tipos que tenham antecedentes, com base em ensaios de longa duração ou referências de obras, também podem ser considerados resistentes a sulfatos, de acordo com a NBR 5737. A Cia. de Cimento Itambé fabrica o CP IV-32 e dois tipos de CP V-ARI resistentes a sulfatos.
Entrevistado
Geólogo Arnaldo Forti Battagin, gerente dos laboratórios da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e representante da ABCP nas comissões de estudos de normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
Contato
arnaldo.battagin@abcp.org.br
Crédito Foto: Divulgação